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112 Unidade III Unidade III 7 GRUPO HEME O que será que citocromos, hemoglobina e mioglobina têm em comum? O grupo heme. Trata-se de um grupo prostético, a porção não peptídica de uma proteína. Algumas proteínas apresentam grupos químicos além da parte formada pela união entre aminoácidos, e esse grupo é denominado grupo prostético. E qual é a sua importância? Ele está presente em proteínas denominadas hemeproteínas. Uma das mais conhecidas é a hemoglobina, que tem a função de transportar o oxigênio no sangue. Milhares de moléculas de hemoglobina estão presentes dentro das hemácias, que são as células mais abundantes do sangue. O grupo heme tem importância biológica, por ser grupo prostético de proteínas, conhecidas como hemeproteínas. Uma das mais conhecidas é a hemoglobina, que é responsável por carrear O2 no sangue e pela sua coloração vermelha. Além da hemoglobina, o grupo heme está presente na mioglobina, nos citocromos, nas catalases e nas peroxidases. Já a mioglobina é uma proteína de baixo peso molecular, que está presente nos músculos e tem como função o armazenamento de oxigênio. Figura 94 – Molécula de hemoglobina formada por quatro cadeias globínicas e quatro grupos heme 113 BIOQUÍMICA METABÓLICA Figura 95 – Hemácias 7.1 Estrutura química do grupo heme Em relação à estrutura química, o grupo heme é constituído de um grande anel orgânico heterocíclico que contém um átomo de ferro (Fe+2) no centro (figura a seguir). Seus principais locais de produção são medula óssea e fígado. Na medula óssea, ocorre o processo de produção das hemácias. As hemácias humanas não possuem núcleo. Mas as células precursoras de hemácias, que ficam alojadas na medula óssea, possuem núcleo e por isso ocorre a síntese de hemoglobina. Esse processo é denominado eritropoese. Nela, as células precursoras de hemácias apresentam núcleo e sintetizam hemoglobina até a fase de reticulócitos, os quais não apresentam núcleo, mas apresentam RNA mensageiro. Nessa etapa, a célula produz a máxima quantidade de hemoglobina e, portanto, de grupo heme. Depois disso, os reticulócitos deixam a medula óssea e seguem para o sangue periférico, onde amadurecem e se transformam em hemácias, em um período de 12 a 36 horas. 114 Unidade III Molécula de oxigênio CH CH2 H3C H3C Heme CH3 CH3 N N N N CH CH2 Fe O O CH2 CH2 COOH CH2 CH2 COOH Figura 96 – Esquema da parte não proteica da hemoglobina: o grupo heme 7.2 Síntese do grupo heme A síntese do heme ocorre a partir de um conjunto de reações catalisadas por várias enzimas diferentes. Então vamos estudar suas etapas de síntese. Observe que cada reação é catalisada por uma enzima e que o ferro é incorporado na última reação. A síntese do grupo heme é constituída por oito reações que ocorrem no citoplasma (a primeira e as três últimas reações) e na mitocôndria das células. A síntese do grupo heme depende da participação de oito enzimas: • ALA-sintetase. • ALA-deidratase. • Porfobilinogênio-deaminase. • Urobilinogênio-sintetase. 115 BIOQUÍMICA METABÓLICA • Uroporfirinogênio-decarboxilase. • Coproporfirinogênio-oxidase. • Protoporfirinogênio-oxidase. • Ferroquelatase. Inicialmente, ocorre a condensação do aminoácido glicina com a molécula de succinil-CoA (intermediário do ciclo de Krebs) para a formação do ácido delta levulínico ou Δ-ALA. Em seguida, ocorre a condensação de duas moléculas de ALA para a formação de um anel pirrólico. Depois disso, quatro anéis pirrólicos reagem e forma-se um anel tetrapirrólico. Na reação final, a protoporfirina combina-se com o ferro (Fe+2) para formar o grupo heme. A produção do heme é regulada por um mecanismo de retroalimentação, ou seja, a produção das enzimas, especialmente a da ALA-sintetase, pode aumentar sempre que houver aumento da produção de hemácias. Lembrete O succinil-CoA é um intermediário do ciclo de Krebs. A biossíntese de heme tem início quando uma molécula de succinil-CoA em conjunto com uma glicina, sob ação da enzima ALA sintase, dão origem ao ácido aminolevulínico (ALA). Duas moléculas de ácido aminolevulínico, no citosol, são condensadas pela enzima ALA desidratase, dando origem ao porfobilinogênio (PBG). Quatro moléculas de PBG são convertidas a hidroxometilbilano pela enzima PBG desaminase. O hidroximetilbilano pode ser convertido a uroporfirinogênio III, através da uroporfirinogênio sintase, ou a uroporfirinogênio I, através de via não enzimática. O uroporfirinogênio III é descarboxilado a coproporfirinogênio III através da uroporfirinogênio descarboxilase, e a uroporfirinogênio I é, por sua vez, convertida a coproporfirinogênio I, o qual não é intermediário para a biossíntese do heme. O corpoporfirinogênio III, através da coproporfirinogênio oxidade, é transformada em protoporfirinogênio IX, a qual é convertida a protoporfirina IX pela protoporfirinogênio oxidase. Finalmente, o ferro é inserido na molécula de protoporfirina IX, através da ação da ferroquelatase, dando origem ao heme. 116 Unidade III Heme Mitocôndria Citoplasma Glicina + succinil-CoA 2 x ALA 4 × porfobilinogênio (PBG) Hidroximetilbilano (HMB) Uroporfirinogênio III (URO III) Coproporfirinogênio III Protoporfirina IX Protoporfirinogênio IX Ácido aminolevulínico (ALA) ALA sintase ALA desidratase PBG desaminase Uroporfirinogênio III sintase Uroporfirinogênio descarboxilase Coproporfirinogênio oxidase Ferroquelatase Protoporfirinogênio oxidase Fe+2 Figura 97 – Reações da síntese do grupo heme 7.3 Porfirias Caso o indivíduo apresente mutação genética em uma dessas enzimas, haverá acúmulo de determinados intermediários da síntese do grupo heme na medula óssea ou no fígado. Um fato importante é que esses intermediários são potencialmente tóxicos, consequentemente, o seu acúmulo em pele ou vísceras pode desencadear a sintomatologia das doenças que são denominadas porfirias. As principais porfirias podem ser classificadas de várias formas: de acordo com a deficiência da enzima específica, de acordo com os sintomas do paciente (aguda ou crônica) ou baseado no local de origem dos precursores em excesso (eritropoéticas ou hepáticas). As porfirias hepáticas agudas são caracterizadas por episódios neuroviscerais, sendo a porfiria aguda intermitente a mais comum. 117 BIOQUÍMICA METABÓLICA Glicina Succinil-CoA ALA PBG Hidroximetilbilano Uroporfirinogênio III Coproporfirinogênio IX Protoporfirinogênio IX Protoporfirina Heme ALA-sintetase ALA-desidratase PBG-desaminase Uroporfirinogênio sintase URO descarboxilase Copro-oxidase Protogene oxidase Ferroquelatase Ferro Porfiria dominante ligada ao X Porfiria por deficiência de ALA-desidratase Porfiria intermitente aguda Porfiria eritropoiética congênita Porfiria hepatoeritropoiética Porfiria cutânea tarda Coproporfiria hereditária Porfiria variegata Protoporfirina eritropoiética Deficiência enzimática Doença Figura 98 – Classificação das porfirias de acordo com a deficiência enzimática O quadro a seguir resume a classificação das porfirias em crônicas e agudas. Quadro 6 Porfirias crônicas Porfirias eritropoiéticas Porfiria eritropoiética congênita Protoporfiria eritropoiética Porfirias hepáticas crônicas Porfiria cutânea tarda Porfiria hepatoeritropoiética Porfirias agudas Porfirias hepáticas agudas Porfiria por deficiência de ALA-desidratase Porfiria aguda intermitente Coproporfiria hereditária Porfiria variegata Fonte: Dinardo et al. (2010, p. 108). Os pacientes portadores de porfiria aguda apresentam crises intermitentes de dores abdominais, sintomas mentais e neurológicos, como depressão, convulsões e que podem levar ao suicídio. Essas crises ocorrem geralmente em virtude de medicamentos, álcool ou ainda por estresse, infecções e jejum. 118 Unidade III Já os portadores de porfirias cutâneas, apresentam erupções bolhosas na pele, vermelhidão ou inchaço após exposição solar. Nesses pacientes, certas porfirinas ficam depositadas na pele. Apósexposição à luz e ao oxigênio, essas porfirinas podem gerar uma forma carregada e instável de oxigênio capaz de danificar a pele. O diagnóstico das porfirias é feito a partir da dosagem das porfirinas nas fezes e na urina e por testes de biologia molecular. A solubilidade na água desses intermediários determina sua forma de excreção: produtos solúveis em água são excretados na urina, produtos insolúveis em água são excretados nas fezes e produtos com solubilidade intermediária são excretados tanto na urina quanto nas fezes. As porfirias são doenças de difícil diagnóstico, e as crises se manifestam na presença de alguns fatores, tais como: medicamentos, jejum, tabagismo, álcool, substâncias ilícitas (maconha, ecstasy, anfetaminas e cocaína), infecções, estresse físico e emocional e ciclos menstruais. O tratamento apresenta quatro pilares principais: estudo da genética familiar, retirada ou controle dos fatores precipitantes, condutas gerais e uso de derivados do grupo heme. Para finalizar, vale a pena ressaltar que em diversas doenças, não relacionadas à mutação dos genes que regulam a síntese de enzimas, pode ocorrer aumento da quantidade de porfirinas na urina. Esse fenômeno é descrito como porfirinúria secundária e pode estar associado à exposição ao chumbo, por exemplo. Saiba mais O assunto porfiria é abordado em vários livros, seriados e filmes. No livro indicado, a escritora Isabel Allende relata a história da própria filha, Paula, portadora de porfiria, que ficou em coma durante um ano e faleceu na casa da mãe e do padrasto, em 1992, com apenas 29 anos de idade. ALLENDE, I. Paula. 16. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2017. 7.4 Degradação do grupo heme Observamos que em algumas patologias os pacientes apresentam uma coloração amarelada em pele, esclera ou língua. Essa coloração é consequência da degradação do grupo heme que acabamos de estudar. Vejamos por que isso ocorre. Esse sinal clínico denomina-se icterícia e ocorre pelo aumento da concentração plasmática do produto de degradação do grupo heme, a bilirrubina. A coloração amarelada da pele torna-se evidente quando a bilirrubinemia (concentração plasmática de bilirrubina) está acima de 2,0 a 3,0 mg/dL. A produção da bilirrubina é decorrente, majoritariamente (cerca de 80%) da degradação do grupo heme das hemácias senescentes, 15% é proveniente da destruição de células eritroides imaturas, e 1% a 5% formadas a partir da renovação das hemeproteínas (mioglobina, catalase e citocromos). 119 BIOQUÍMICA METABÓLICA As hemácias circulam no sangue por cerca de 120 dias e depois se autodestroem no sistema mononuclear fagocitário do baço (alguns livros podem trazer a denominação mais antiga; sistema retículo-endotelial). Nessa etapa, a hemoglobina é liberada e o grupo heme é transformado pela enzima heme oxigenase em biliverdina, ferro e monóxido de carbono. Em seguida, a biliverdina, pela ação da biliverdina redutase, é convertida em bilirrubina livre (figura a seguir). A bilirrubina pode atravessar a barreira hematoencefálica e provocar danos ao sistema nervoso, por isso a preocupação clínica no tratamento da icterícia. Grupo heme Biliverdina Bilirrubina Heme-oxigenase Biliverdina redutase Fe+2 Figura 99 – Degradação do grupo heme Vamos dividir o metabolismo da bilirrubina em três fases: captação, conjugação e secreção hepática. Vejamos os principais eventos de cada fase. • Captação: a bilirrubina é lipossolúvel e apolar, ligando-se à albumina para ser transportada até o fígado. Essa fração é denominada bilirrubina indireta ou não conjugada. Aqui ocorre a captação da bilirrubina pelos hepatócitos, por meio de proteínas de membrana. Apenas a bilirrubina é captada, a albumina é reutilizada no plasma. • Conjugação: a bilirrubina é conjugada a moléculas de ácido glicurônico por ação da uridina-difosfato-glicuroniltransferase (UDP-glicuroniltrasnferase), o que resulta na bilirrubina conjugada ou direta. Isso permite a formação de um composto mais polar e hidrossolúvel. Parte dessa bilirrubina se liga à ligandina (proteína citoplasmática) que impede a saída dessa substância do hepatócito para o plasma. • Secreção: a bilirrubina conjugada é secretada para os canalíbulos biliares que estão em íntimo contato com os hepatócitos, fica armazenada na vesícula biliar e em seguida participa da digestão dos lipídios no intestino. No cólon, por ação das glicuronidases bacterianas, a bilirrubina é desconjugada e forma o estercolbilinogênio (pigmento marrom), que é excretado nas fezes. Parte desse pigmento é reabsorvido na mucosa intestinal e retorna ao sangue, sendo filtrado nos rins. Esse pigmento na urina é denominado urobilinogênio e tem coloração amarelada. 120 Unidade III Fase pré-hepática Captação Fase hepática Conjugação Fase pós-hepática Secreção Bilirrubina não conjugada Albumina Bilirrubina não conjugada Glicuronil transferase Bilirrubina conjugada Vesícula biliar (bile) Intestino Sangue Rins Urina (Urobilinogênio) Fezes (Estercobilinogênio) Figura 100 – Fases do metabolismo da bilirrubina Quando o metabolismo da bilirrubina está alterado, ocorre a hiperbilirrubinemia, que pode ter origem no aumento da destruição das hemácias, por comprometimento hepático ou ainda por obstrução nos canalículos biliares, o que compromete a secreção da bilirrubina. Vejamos algumas situações. Uma condição relativamente comum é a icterícia fisiológica do recém-nascido, que aparece no terceiro dia após o nascimento, pela imaturidade do fígado em metabolizar a bilirrubina. A fração não conjugada está aumentada e é tóxica para o sistema nervoso, podendo causar danos irreversíveis, daí a importância do banho de sol e da fototerapia, que provoca a degradação da bilirrubina. O aumento da fração não conjugada ou indireta também ocorre na síndrome de Gilbert, uma condição hereditária em que o indivíduo apesenta baixos níveis enzimáticos, necessários para a conjugação da bilirrubina. Nessas condições, a velocidade de produção de bilirrubina está aumentada. Em outros casos, a velocidade de remoção do pigmento está diminuída, com aumento da fração direta na urina. Essa condição pode ser observada nas hepatites (provocadas por álcool, vírus ou medicamentos) ou ainda na cirrose (condição mais grave caracterizada pela fibrose do tecido hepático), o que reflete a perda de integridade e funcionalidade dos hepatócitos. Outras vezes, a presença de cálculos ou tumores obstruindo os canalículos do fígado ou vesícula biliar dificultam a secreção da bilirrubina, ocasionando aumento da fração direta ou conjugada. Para o diagnóstico dessas patologias, além da bilirrubina total e frações, o médico deverá solicitar outros exames, como hemograma, exames para avaliação da coagulação, enzimas hepáticas (AST, ALT, gama-GT e fosfatase alcalina), albumina, proteína totais, exames de imagem, entre outros. 121 BIOQUÍMICA METABÓLICA 8 VITAMINAS E SAIS MINERAIS O assunto vitaminas e sais minerais está sempre presente nas mídias, pois o bom funcionamento do organismo também depende desses dois micronutrientes. Mas o que eles têm de diferente dos nutrientes estudados até agora? Vitaminas e sais minerais são micronutrientes, ou seja, são necessários em quantidades reduzidas e devem ser obtidos por meio da alimentação. Embora as vitaminas e sais minerais estejam amplamente distribuídos em frutas, verduras, hortaliças, ovos e carnes, infelizmente os estudos apontam inúmeros casos de hipovitaminose em algumas regiões do Brasil. A deficiência de micronutrientes é um importante problema de saúde pública que afeta o bem-estar da população e representa um sério obstáculo para o desenvolvimento socioeconômico na maioria dos países em desenvolvimento. As principais causas de hipovitaminose estão associadas à deficiência alimentar e à má absorção dos nutrientes, por causas diversas. As vitaminas e os sais minerais recebem o nome de micronutrientes. São essenciais para o bom funcionamentodo corpo e para a manutenção da saúde. Diferentemente dos macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) são necessários em quantidade reduzida, obtidos por meio da alimentação. Vale a pena citar que o consumo alimentar é influenciado por fatores culturais, entre eles os hábitos alimentares, as preferências individuais e familiares, e por fatores socioeconômicos que influenciam a escolha e compra desses alimentos. 8.1 Vitaminas As vitaminas ocorrem na natureza como tal ou sob a forma de precursores, que são ingeridos através dos alimentos. Diferentemente dos macronutrientes, as vitaminas não produzem energia, portanto não geram calorias. E por que são importantes? Porque atuam como coenzimas, ou seja, facilitam a ação das enzimas que transformam os substratos através das reações metabólicas. Observação As enzimas são constituídas por uma parte proteica, chamada apoenzima; e outra parte não proteica, chamada cofator. Quando o cofator é uma molécula orgânica, recebe a denominação de coenzima. Muitas vitaminas atuam como coenzimas. Mas será que todos os indivíduos necessitam da mesma quantidade de vitaminas? As necessidades diárias variam de acordo com idade, gênero, estado fisiológico e atividade física do indivíduo. Em algumas situações, a necessidade é aumentada, por exemplo, na fase de crescimento, gestação, lactação ou na presença de doenças. Quanto à classificação, as vitaminas podem ser lipossolúveis ou hidrossolúveis. Essa informação é importante para entendermos a importância dos lipídios para a adequada absorção das vitaminas lipossolúveis que são representadas pelas vitaminas A, D, E, e K. Já as hidrossolúveis necessitam de água, e esse grupo compreende as vitaminas do complexo B e da vitamina C. Vejamos a classificação das vitaminas a seguir: 122 Unidade III Vitamina C Hidrossolúveis Lipossolúveis: A D E K Complexo B: B1 (tiamina) B2 (riboflavina) B3 (niacina) B5 (ácido pantotênico) B6 (piridoxina, pirodoxal e piridoxamina) B7 (biotina) B9 (ácido fólico) B12 (cianocobalamina) Vitaminas Figura 101 – Esquema de classificação das vitaminas quanto à solubilidade 8.1.1 Vitamina A Em tecidos animais, a vitamina A é encontrada predominantemente sob a forma de retinol ou de seus ésteres, de retinal e, em menor quantidade, como ácido retinoico. O retinol é um álcool primário que apresenta um anel β-ionona com cadeia lateral insaturada (figura a seguir), é encontrado em tecidos animais como éster retinila com ácidos graxos de cadeia longa. Já o retinal é o aldeído derivado da oxidação do retinol. O retinal e o retinol podem ser facilmente interconvertidos. O ácido retinoico é o ácido derivado da oxidação do retinal. Esse ácido não pode ser reduzido no organismo e, assim, não pode originar retinal ou retinol. Anel de β-ionona Cadeia poliênica Anel de β-ionona β-caroteno β-caroteno H3C CH3 H3C H3C CH3 CH3CH3CH3CH3 H3C H3C CH3CH3CH3 CH3 β-Caroteno H3C CH3 CH3 CH3 CH3 OH Retinol Figura 102 – Estrutura química e clivagem do β-caroteno 123 BIOQUÍMICA METABÓLICA O termo retinoide refere-se à classe de compostos com quatro unidades isoprenoides e inclui retinol e seus derivados químicos. A indústria de alimentos utiliza o acetato de retinil e o palmitato de retinil para a fortificação de alimentos. Mas você já ouviu falar que cenoura é rica em vitamina A e é excelente para a visão? Então vamos entender bioquimicamente essa conversa. Os carotenoides contribuem significativamente para a atividade da vitamina A em alimentos tanto de origem vegetal como animal. Os carotenoides (figura a seguir) são geralmente tetraterpenoides de 40 átomos de carbono e apresentam-se na natureza com coloração amarela, laranja ou vermelha. São encontrados em vegetais e classificam-se em carotenos ou xantofilas. Os alimentos de origem vegetal contêm β-caroteno, que pode ser quebrado no intestino em duas moléculas de retinal (aldeído). Entre os carotenoides, o β-caroteno apresenta maior atividade pró-vitamina A. Na maioria dos animais, a absorção da vitamina A varia de 70% a 90%, mas a eficiência na absorção de carotenoides adicionados à dieta é de 40% a 60%, dependendo do carotenoide. Figura 103 – Estrutura química de alguns carotenoides Na dieta, estão presentes os ésteres de retinol que são hidrolisados na mucosa intestinal e originam retinol e ácidos graxos livres. O retinol é novamente esterificado a ácidos graxos de cadeia longa na mucosa do intestino e secretado como componente dos quilomícrons que são transportados para o sistema linfático. 124 Unidade III β-caroteno Emulsão Micelas Lúmen intestinal Linfa Sangue Lipases pancreáticas e sais biliares Figura 104 – Digestão e absorção da vitamina A Os ésteres de retinol presentes nos quilomícrons remanescentes são captados pelo fígado e nele armazenados como ésteres de retinil. Quando as células precisam de retinol, este é liberado do fígado e transportado para os tecidos extra-hepáticos pela proteína ligadora de retinol (PLR). O complexo PLR-retinol liga-se a receptores específicos na superfície das células dos tecidos periféricos, permitindo a entrada do retinol. A partir daí, ocorre a transcrição de genes que originarão proteínas importantes para o nosso organismo. E quais são essas proteínas? Quais são as principais funções da vitamina A no organismo? Lembrete Quilomícrons são lipoproteínas formadas no intestino delgado. A vitamina A desempenha papel imprescindível no ciclo visual, na diferenciação e manutenção celular epitelial, na promoção do crescimento, na atividade do sistema imunológico e na reprodução. No entanto, merece especial atenção a participação na manutenção da integridade epitelial do globo ocular, pois a consequência das lesões oculares decorrentes de sua carência é a cegueira noturna, em virtude da dificuldade de visão em ambientes com pouca luminosidade. 125 BIOQUÍMICA METABÓLICA No processo da visão, a vitamina A é importante componente dos pigmentos visuais das células cones e bastonetes. Os bastonetes da retina contêm um pigmento denominado rodopsina que consiste em 11-cis-retinal ligado especificamente à proteína opsina. Quando a rodopsina é exposta à luz, ocorre uma série de reações denominadas isomerizações fotoquímicas, as quais resultam no desbotamento do pigmento visual e a liberação de trans-retinal e opsina. Esse processo origina um impulso nervoso, que é transmitido pelo nervo óptico para o encéfalo. A regeneração da rodopsina necessita da isomerização do trans-retinal, formando novamente o 11-cis-retinal. O trans-retinal, após ser liberado da rodopsina, é isomerizado a 11-cis-retinal, que se combina espontaneamente com a opsina, para formar a rodopsina, completando o ciclo. A deficiência prolongada de vitamina A leva à perda irreversível do número de células visuais. A deficiência grave leva à xeroftalmia, o ressecamento patológico da conjuntiva e da córnea. Se não for tratada, resulta em ulceração da córnea e, por fim, cegueira, devido à formação de tecido de cicatrização opaco. A vitamina A, administrada como retinol ou ésteres de retinila, é utilizada para o tratamento de pacientes deficientes dessa vitamina. E quais alimentos são ricos em vitamina A? O fígado e o rim de boi, manteiga e ovos também são boas fontes de vitamina A. Os vegetais amarelos e verde-escuros e as frutas são boas fontes dietéticas de carotenos. Alimentos de origem vegetal contêm precursores de vitamina A, que são os retinoides, particularmente o β-caroteno, com atividade pró-vitamina A de 100%. Vamos verificar a quantidade de vitamina A em alguns frutos brasileiros? Observe o quadro a seguir. Quadro 7 – Conteúdo de vitamina A em frutos brasileiros Alimento Vitamina A (ER/100 g) Abacate 1,2 Caqui 250,0 Damasco seco 724,0 Manga 289,0 Polpa de acerola 720,0 Pupunha 1.500,0 Suco de laranja com cenoura 1.081,6 Pajurá 255,0 Piquiá 305,0 Tucumã 1.450,0 Umari 1.470,0 Nota: ER: equivalentes de retinol Adaptadode: Marinho; Castro (2002). E a ingestão excessiva? Será que pode provocar danos ao organismo? A resposta é sim, por conta da hipervitaminose A. Verifica-se pele seca e pruriginosa, aumento do fígado, podendo evoluir para cirrose. E nas gestantes, a hipervitaminose A pode provocar malformações congênitas no feto em desenvolvimento. 126 Unidade III 8.1.2 Vitamina D A vitamina D possui diversas formas químicas (figura a seguir), entretanto, as formas principais são a vitamina D2 (ergocalciferol) e a vitamina D3 (colecalciferol). A vitamina D2 é obtida de fontes vegetais da alimentação, e suplementos orais. A vitamina D3 é obtida da irradiação ultravioleta B (RUVB) presente na luz solar do percursor do colesterol, 7-dihidrocolesterol, e pela ingestão de alimentos, tais como leite e derivados, cereais e soja, suplementos orais e óleos de peixe. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 19 A B H H H C D 10 11 12 13 14 15 20 21 22 23 24 25 26 27 17 16 18 (a) 5-a-colestano A B H H HO C D (b) 7-deidrocolesterol H HO (c) Colecalciferol-D3 H HO (d) Ergosterol-D2 H H OH HO (e) 25(OH)-Vitamina D3 H H OH HO OH (f) 1a, 25(OH)2-Vitamina D3 Figura 105 – Fórmulas esterioquímicas da vitamina D: (a) 5a-colestano, com a respectiva numeração dos carbonos e a denominação dos anéis do ciclo pentanoperidrofenantreno; (b) 7-deidrocolesterol; (c) colecalciferol (Vitamina D3 ); (d) ergosterol (Vitamina D2 ); (e) 25-hidroxivitamina D [25(OH)D ou calcidiol]; (f) 1a,25-di-hidroxivitamina D [1a,25(OH)2D ou calcitriol]; a: o 5-a-colestano é um dos esteroides utilizados como referência para numeração dos carbonos, segundo orientações da IUPAC (16); b: as estruturas apresentadas para a 25(OH)D e 1a,25(OH)2D são aquelas derivadas do colecalciferol 127 BIOQUÍMICA METABÓLICA As vitaminas D2 e D3 não são biologicamente ativas, mas são convertidas in vivo na forma ativa da vitamina D por uma série de reações de hidroxilação. A primeira reação ocorre no fígado, e é formada a 25-hidroxicolecalciferol (25-OH-D3), que é a forma predominante da vitamina D no plasma e o principal modo de armazenamento da vitamina, que é posteriormente hidroxilada nos rins, resultando na formação de 1,25-diOH-D3 (vitamina D3 ou calcitriol). Observe a figura a seguir: Sol Pele Fígado Rim 25(OH)D 1,25(OH)2D Alimentação Vitamina D2 Vitamina D3 UVB ProD3 PreD3 Vitamina D3 Figura 106 – Hidroxilação da vitamina D É possível que você tenha obtido a informação de que a vitamina D é um hormônio. Apesar de não ser produzida por uma glândula endócrina, estudos recentes demonstraram que a vitamina D participa de inúmeras funções regulatórias vitais, ou seja, regula a expressão de mais de mil genes e, por isso, é considerada um hormônio. Os valores séricos da vitamina D considerados satisfatórios vão de 20 a 100 ng/mL. Valores abaixo de 20 ng/mL resultam em hipovitaminose. Para se atingir valores adequados, é necessária a exposição solar com duração média de 15 minutos por dia no momento da emissão de RUVB. Entretanto, vários fatores influenciam os níveis séricos de vitamina D, tais como o uso de protetor solar ou não, pigmentação da pele, estado nutricional do indivíduo etc. A forma biologicamente ativa da vitamina D está associada na regulação do crescimento das células, prevenção do diabetes, prevenção da progressão do câncer a partir da redução da angiogênese, aumento 128 Unidade III da diferenciação celular e apoptose das células cancerígenas, além de reduzir a proliferação de células e as metástases. Caso você tenha algum resultado de exame de dosagem de vitamina D, verifique no laudo qual foi a forma de vitamina D dosada. Apesar da forma ativa da vitamina D ser a 1,25OH2D3, ela não é utilizada para avaliar sua concentração sérica, pois sua meia-vida é de apenas quatro horas e sua concentração é mil vezes menor do que a de 25(OH)D. Além disso, em caso de hipovitaminose D, ocorre aumento compensatório na secreção do paratormônio (PTH), o que estimula o rim a produzir mais a 1,25OH2D3. Desse modo, quando ocorre deficiência de vitamina D e queda dos níveis de 25(OH)D, as concentrações de 1,25OH2D3 se mantêm dentro dos níveis normais e, em alguns casos, até mesmo mais elevadas. Isso justifica a dosagem da forma 25(OH)D, que representa sua forma circulante em maior quantidade, com meia-vida de cerca de duas semanas. Verifique no quadro a seguir algumas fontes da vitamina D. Quadro 8 – Fontes de vitamina D Alimento (100 g) Quantidade de vitamina D (VD) Salmão selvagem 600 a 1.000 UI de VD3 Salmão de cativeiro 100 a 250 UI de VD2 OU VD3 Sardinha em lata 300 UI de VD3 Cavala em lata 250 UI de VD3 Atum em lata 230 UI de VD3 Cogumelo tipo shitake fresco 100 UI de VD2 Cogumelo tipo shitake ao sol 1.600 UI de VD2 Gema de ovo 20 UI de VD3 Adaptado de: Holick (2007). Classicamente, a vitamina D é necessária para a mineralização óssea. Receptores de vitamina D presentes nos osteoblastos controlam a síntese de proteínas como o colágeno, osteopontina, osteocalcina e osteonectina, que constituem a fração proteica do osso sobre o qual será depositada a matriz mineral. A vitamina D também participa da absorção e utilização de cálcio e fósforo pelo organismo. Esse mecanismo será estudado logo adiante na seção de sais minerais, no metabolismo do cálcio. A deficiência de vitamina D é uma das principais causas de raquitismo e osteomalácia. 129 BIOQUÍMICA METABÓLICA Ossos normais Raquitismo Figura 107 – Ossos normais e raquitismo O raquitismo é um distúrbio da mineralização da matriz óssea ainda em crescimento. Já a osteomalácia também é um defeito de mineralização óssea, entretanto ocorre após o término do crescimento e, portanto, só atinge a porção corticoendosteal do osso. A hipovitaminose D também está associada a casos de osteoporose, que é a mais comum das doenças osteometabólicas. É uma doença que se caracteriza pela diminuição de massa óssea, tornando o osso menos resistente e mais sujeitos a fraturas. É importante ressaltar que os receptores de vitamina D estão presentes em muitas células do organismo e, assim, verificou-se a importância dessa vitamina para o bom funcionamento do sistema imunológico. A quantidade ideal de vitamina D necessária não está completamente elucidada e é alvo de muitas controvérsias clínicas. Saiba mais As pesquisas já comprovaram clinicamente que pacientes acometidos por doenças autoimunes, em sua maioria, apresentam baixos níveis de vitamina D. Vale a pena a leitura do artigo científico indicado. MARQUES, C. D. L. et al. A importância dos níveis de vitamina D nas doenças autoimunes. Revista Brasileira de Reumatologia, São Paulo, v. 50, n. 1, jan./fev. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0482-50042010000100007. Acesso em: 31 jul. 2020. 130 Unidade III Os casos de hipervitaminose D geralmente ocorrem em situações de excesso de suplementação. Especial atenção deve-se ao fato de que os suplementos de vitamina D podem ser facilmente adquiridos sem prescrição médica, em apresentações e dosagens variadas. Como a vitamina D é lipossolúvel e pode ser armazenada no organismo, não raramente casos de intoxicação podem ocorrer. Não se sabe qual é o limite superior de ingestão diária de vitamina D necessária para causar toxicidade, entretanto, até 10.000 UI por dia foi considerado seguro em uma população saudável. Doses acima de 100.000 UI por semana ou meses podem causar perda de apetite, náuseas, sede e estupor. 8.1.3 Vitamina E Vitamina E é o termo genérico para dois grupos de compostos que apresentam atividade vitamínica semelhante: os tocóis e os tocotrienois. Os tocóis apresentam uma cadeia lateral saturada contendo 16 átomos de carbono. Esse grupo inclui quatro dos oito compostos, sendo eles o a-tocoferol, β-tocoferol, γ-tocoferol e o δ-tocoferol. A diferença entre essas moléculas reside na quantidade de grupos metil, que substituem o anel aromático do tocol, (figura a seguir).Já os tocotrieóis incluem: a-tocotrienol, β-tocotrienol, γ-tocotrienol e δ-tocotrienol. A diferença entre essas moléculas e as suas homólogas anteriores é o fato de estas possuírem uma cadeia lateral insaturada contendo 16 átomos de carbono. Todas essas moléculas homólogas possuem atividade biológica. HO HO O O R RR R a β γ δ 6 5 7 8 1 4 3 2 2 4’ 3’8’ 7’ 11’ R2 R2 R1 R1 Tocoferóis Tocotrienóis R1 R2 CH3 CH3 CH3 H H CH3 H H Figura 108 – Estrutura química dos tocoferóis e tocotrienóis Os tocoferóis estão na forma de óleo viscoso amarelo-pálido quando estão à temperatura ambiente. São muito solúveis em óleos e solventes orgânicos, e pouco sensíveis ao calor e à luz. São constituintes naturais de todas as membranas biológicas e contribuem para a estabilidade da membrana devido a sua atividade antioxidante. Os tocoferóis e os tocotrienóis de ocorrência natural também contribuem para a estabilidade de óleos vegetais. Dessa forma, os tocoferóis são os únicos, entre as vitaminas, que agem primariamente como antioxidantes, ou seja, diferentemente das demais vitaminas eles não atuam como cofatores. Primariamente, essa vitamina protege os ácidos graxos insaturados da camada fosfolipídica da membrana celular e, também, protege a partícula LDL da oxidação. A LDL oxidada é um importante mediador de aterosclerose. A vitamina E também está associada com melhora da resposta imune e estudos apontam que a associação dessa vitamina ao selênio mostrou-se benéfica. 8.1.4 Vitamina K A descoberta da vitamina K tem um aspecto curioso, foi em 1929 que o bioquímico dinamarquês Henrik Dam observou a presença de hemorragia em galinhas, como sinal característico de uma dieta livre de gorduras. Posteriormente, em 1935, Dam reportou que o sintoma era aliviado pela ingestão de uma substância solúvel em gordura, a qual denominou vitamina K ou vitamina da coagulação. 131 BIOQUÍMICA METABÓLICA A designação vitamina K deriva da primeira letra da palavra dinamarquesa koagulation. As formas da vitamina K são: filoquinona, di-hidrofiloquinona, menaquinona e menadiona. O quadro a seguir resume as características das formas de vitamina K. Quadro 9 – Diferentes formas de vitamina K Vitamina K Fontes K1 (Filoquinona) Presente nos vegetais, óleos vegetais e hortaliças K2 (Menaquinona) Sintetizada por bactérias, presente em produtos animais e alimentos fermentados K3 (Menadiona) Composto sintético utilizado para terapia, a ser convertido em K2 no intestino A família das menaquinonas é composta por uma série de vitaminas designadas MK-n, onde o n indica o número de resíduos isoprenoides na cadeia lateral. A menadiona (2-metil-1,4 naftoquinona) é um composto sintético normalmente utilizado como fonte da vitamina para a alimentação animal. A figura a seguir indica a estrutura química das formas biologicamente ativas da vitamina K. O 3 * Filoquinona O 6 * Menaquinona-7 O Menadiona O O [ ] * Número de resíduos isoprenoides das cadeias Figura 109 – Estruturas das formas biologicamente ativas da vitamina K O principal papel da vitamina K é a participação na coagulação sanguínea. E de que forma isso acontece? A vitamina K é necessária para a síntese hepática de protrombina e dos fatores de coagulação sanguínea II, VII, IX e X. Essas proteínas são sintetizadas como moléculas precursoras inativas. A formação dos fatores de coagulação requer carboxilação de resíduos de ácido glutâmico, que é dependente de vitamina K. Deve-se ter atenção quanto ao uso de varfarina (anticoagulante cumarínico) e o consumo de alimentos ricos em vitamina K. A varfarina é utilizada para tratar pacientes em risco por coagulação excessiva, como pacientes cirúrgicos e trombose. Atua como um antagonista da vitamina K, inibindo redutases envolvidas na síntese de hidroquinona a partir do epóxido, particularmente a epóxido-redutase. Assim, a ação da varfarina e da vitamina K é antagônica. 132 Unidade III OH O CH3 CH3 OH O O CH3 O R R O Pró-zimógeno inativo Vitamina KH2 (hidroquinona) Vitamina K quinona-redutase Vitamina K epóxido-redutase Inibição pelo varfarina Vitamina K CO2 O2 Pró-zimógeno carboxilado Vitamina K epóxido Figura 110 – Ação da varfarina na síntese dos fatores da cascata de coagulação As principais fontes de vitamina K são os vegetais e óleos, sendo esses os responsáveis pelo aumento da absorção da filoquinona. Boas fontes de vitamina K são: brócolis, couve-flor, agrião, rúcula, repolho, alface, espinafre e outros vegetais verdes. Os óleos vegetais, como o azeite, também contam com o nutriente. As oleaginosas e o abacate também possuem vitamina K. Quadro 10 – Conteúdo de filoquinona nos alimentos Faixa de concentração (µg de filoquinina por 100 g de alimento) 0,1-1,0 1-10 10-100 100-1000 Abacate (1,0) Maçã (6) Repolho roxo (19) Brócolis (179) Bananas (0,1) Farelo de trigo (10) Couve-flor (31) Repolho (339) Carne, bife (0,8) Manteiga (7) Ervilhas (34) Alface (129) Leite de vaca (0,6) Cenoura (6) Óleo de oliva (80) Óleo de canola (123) Arroz branco (0,1) Óleo de milho (3) Óleo de soja (173) Batata (0,5) Aveia (10) Espinafre (380) Iogurte (0,8) Gema de ovo (2) Agrião (315) Adaptado de: Dôres; Paiva; Campana (2001). Agora vamos resumir as funções e fontes das vitaminas estudadas até o momento. 133 BIOQUÍMICA METABÓLICA Quadro 11 – Vitaminas lipossolúveis Vitaminas lipossolúveis Funções Fontes Vitamina A Mecanismo da visão Fígado, rins, ovos, laticínios, cenoura, espinafre e mamão Vitamina D Manutenção óssea Fígado, gema de ovo, laticínios, gérmen de trigo Vitamina E Antioxidante Previne peroxidação lipídica das membranas celulares Azeites, fígado, abacate e vegetais de folhas verdes Vitamina K Previne sangramentos Síntese de fatores da cascata da coagulação Vegetais verdes folhosos 8.1.5 Complexo B O complexo B envolve um conjunto de vitaminas, são elas: vitamina B1 (tiamina), B2 (riboflavina), B3 (niacina), B5 (ácido pantotênico), B6 (piridoxina), B7 (biotina), B9 (ácido fólico) e B12 (cianocobalamina). De um modo geral, as vitaminas do complexo B participam como cofatores de inúmeras reações bioquímicas do metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas. A seguir iremos estudar individualmente as vitaminas do complexo B. Vitamina B1 (tiamina) A forma ativa da tiamina é o pirofosfato de tiamina (TPP), formada pela transferência do grupo pirofosfato do ATP para a tiamina. O pirofosfato de tiamina atua como coenzima na formação ou degradação de a-cetóis pela transcetolase e na descarboxilação oxidativa dos a-cetoácidos. Também atua como coenzima na descarboxilação-oxidação do piruvato, com sua conversão em acetil-CoA, e do a-cetoglutarato no ciclo de Krebs, formando succinil-CoA; e nas reações das transcetolases, na via das pentoses-fosfato. Desempenha papel importante na maioria das células, mas especialmente no tecido nervoso, na descarboxilação oxidativa do piruvato e do a-cetoglutarato. A TTP é importante na transmissão do impulso nervoso: a coenzima se localiza nas membranas periféricas dos neurônios e é necessária para a biossíntese de acetillcolina e nas reações de translocação de íons na estimulação nervosa. A deficiência de tiamina resulta em perda do apetite, constipação, enjoo, depressão, neuropatia periférica, irritabilidade e fadiga. Em casos de deficiência moderada, verifica-se confusão mental, ataxia (andar cambaleante e disfunção motora) e oftalmoplegia (perda da coordenação ocular). E na deficiência severa ocorre o beribéri em humanos, caracterizada pelo edema no sistema neuromuscular, dor, atrofia e debilidade muscular, paralisia e que podem levar ao óbito. A tiamina está presente no fígado e outras vísceras, gérmen de trigo, carnes magras, feijões, peixes, gema de ovo e amendoim. A absorção da vitamina B1 é diminuída com o consumo de álcool. 134 Unidade III Vitamina B2 (riboflavina) As duas formas biologicamente ativas são flavina mononucleotídeo (FMN) e flavina-adenina dinucleotídeo(FAD), formadas pela transferência de um AMP do ATP para o FMN. O FMN e o FAD podem aceitar reversivelmente dois átomos de hidrogênio, formando FMNH2 ou FADH2. A deficiência de riboflavina provoca dermatite, glossite (língua lisa e púrpura) e queilose (fissuras nos cantos da boca). O FMN e o FAD provenientes dos alimentos são hidrolisados no intestino e liberam a riboflavina. Esta, por sua vez, é absorvida e transportada pela corrente sanguínea para os tecidos alvos em associação com a albumina. A riboflavina está presente em laticínios, fígado, rins, cereais, carnes magras, peixes, ovos, brócolis e folhas verdes. Vitamina B3 (niacina) Também conhecida como ácido nicotínico. As formas biologicamente ativas da coenzima são nicotinamida-adenina-dinucleotídeo (NAD+) e a nicotinamida-adenina-dinucleotídeo-fosfato (NADP+). A nicotinamida é derivada do ácido nicotínico, que contém uma amida substituindo um grupo carboxila e, também, ocorre na alimentação. A nicotinamida é desaminada no organismo e é nutricionalmente equivalente ao ácido nicotínico. O NAD+ e o NADP+ são coenzimas que podem se transformar nas formas reduzidas NADH e NADPH, respectivamente. Essas coenzimas também já foram estudadas anteriormente e originam muitos ATP quando reoxidadas na cadeia respiratória. A niacina está presente em cereais, levedura, amendoim, leite e carnes, principalmente no fígado. A carência de niacina está associada à pelagra, cujos sintomas compreendem: dermatite, diarreia e demência. O não tratamento da pelagra pode levar ao óbito. Vitamina B5 (ácido pantotênico) É um componente da coenzima A, a qual participa da transferência de grupos acila. A coenzima A contém um grupo tiol que transporta compostos acila como ésteres do tiol ativados. Essas estruturas foram estudadas na forma de succinil-CoA, acil-CoA e a acetil-CoA na unidade de carboidratos, e, também, na unidade de lipídios, pois o ácido pantotênico é também um componente da sintetase dos ácidos graxos. A vitamina B5 é encontrada principalmente em fígado, coração, abacate, cogumelos, brócolis, gema de ovo, leveduras, cereais integrais e legumes. A deficiência dessa vitamina é rara, geralmente associada à desnutrição grave. Vitamina B6 É uma denominação que engloba a piridoxina, o piridoxal e a piridoxamina, todos derivados da piridina. A diferença entre essas estruturas reside na natureza do grupo funcional ligado ao anel. A piridoxina ocorre principalmente nas plantas, enquanto o piridoxal e a piridoxamina são de origem animal. As três formas de vitamina B6 podem ser precursoras da coenzima biologicamente 135 BIOQUÍMICA METABÓLICA ativa, o piridoxal-fosfato. A vitamina B6 atua como coenzima nas reações de transaminação e descarboxilação de aminoácidos e, também, participa do metabolismo da glicose e lipídios. A piridoxina 5-fosfato (PLP) participa da síntese de neurotransmissores (GABA, serotonina, epinefrina, noraepinefrina e GABA). Além disso, a PLP também é necessária para a reação de conversão do triptofano em niacina (vitamina B3), que por sua vez é utilizada como coenzima pela enzima glicogênio fosforilase, importante para via de glicogenólise e gliconeogênese. A vitamina B6 pode ser encontrada em carnes, batata, grão-de-bico, cerais e banana. Os casos graves de hipovitaminose B6 são as neuropatias e a anemia sideroblástica (deficiência na síntese de hemoglobina). Vitamina B7 (biotina) É o grupo prostético de várias enzimas que participam em reações de carboxilação (atua como carregador do CO2 ativado). As mais importantes dessas enzimas são a piruvato carboxilase (catalisa a conversão do piruvato em oxalacetato), que participa da gliconeogênese; e a acetil-CoA carboxilase, que catalisa a conversão do acetil-CoA em malonil-CoA e participa da biossíntese de ácidos graxos. A deficiência de biotina é rara, pois essa vitamina está amplamente distribuída nos alimentos. Além disso, as bactérias intestinais também produzem a biotina. Alimentos ricos em biotina incluem amendoim, avelã, amêndoa, farelo de aveia, ovos e leite. Vitamina B9 (ácido fólico) A deficiência de ácido fólico pode ser causada por aumento na demanda (por exemplo, durante a gestação e a lactação), absorção deficiente (causada por patologia do intestino delgado), alcoolismo ou tratamento com drogas que são inibidoras da di-hidrofolato-redutase, como, por exemplo, o metotrexato. A principal consequência da deficiência de ácido fólico é a anemia megaloblástica, causada pela diminuição na síntese de bases nitrogenadas, o que leva a uma incapacidade da célula em produzir DNA, o que consequentemente impede as células de se dividirem. A deficiência de ácido fólico também pode causar defeitos do tubo neural ao nascimento, como espinha bífida e anencefalia. Portanto é extremamente importante que as gestantes façam suplementação de ácido fólico na dieta. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil (MS) recomendam a dose de 400 µg (0,4 mg), diariamente, por pelo menos 30 dias antes da concepção até o primeiro trimestre de gestação, para prevenir os defeitos do tubo neural, e durante toda a gestação para prevenção da anemia. Em casos de antecedentes de malformações congênitas, a gestante deve tomar a dose de 5 mg/dia a fim de reduzir o risco de recorrência de malformação. Vitamina B12 (cianocobalamina) É sintetizada somente por microrganismos. O termo vitamina B12 compreende uma família de substâncias que apresentam um anel tetrapirrólico, que circunda um átomo central de cobalto, 136 Unidade III um grupo nucleotídico que consiste na base 5,6-dimetilbenzimidazol, e numa ribose fosforilada esterificada com 1-amino e 2-propanol, como esquematizado: CH3 CH3 R H3C H3C H3C H3C H2N H2N H2N OH HO CH3 CH3 CH3 NH2 NH2 NH2 O O O O O O O O O O O CH3 N NP O N N NN CH3 Co Figura 111 – Estrutura da vitamina B12 Os animais podem obter a vitamina B12 a partir da microbiota ou pela ingestão de alimentos de origem animal. Essa vitamina não está presente nos vegetais. Os alimentos ricos em vitamina B12 são fígado, leite e ovos. Quadro 12 – Fontes de vitamina B12 Alimentos Peso (g) Vitamina B12 (µg) Bife de fígado cozido 100 112 Mariscos no vapor 100 99 Ostras cozidas 100 27 Fígado de frango cozido 100 19 Coração cozido 100 14 Caranguejo cozido 100 9 Leite desnatado 245 0,93 Ovo cozido 50 0,49 Adaptado de: Cozzolino; Cominetti (2013). 137 BIOQUÍMICA METABÓLICA A vitamina B12 é liberada das proteínas de origem animal e atravessa o estômago ligada ao fator intrínseco gástrico (FI) produzido pelas células parietais gástricas. Essa ligação também protege a vitamina B12 da ação das enzimas proteolíticas da luz intestinal. Posteriormente, a vitamina B12 se adere a receptores específicos das células epiteliais do íleo terminal, onde é absorvida e ligada a um transportador plasmático e lançada na circulação (figura a seguir). A vitamina B12, absorvida no íleo terminal, é então ligada à transcobalamina (Tc II), adentra a circulação portal e é distribuída para as células que expressam receptores específicos, os quais internalizam a vitamina na forma de complexo Tc-vitamina B12. A presença de anticorpos bloqueadores de FI ou de anticorpos anticélulas parietais pode levar à anemia perniciosa. Dieta Para o íleo Célula da mucosa no íleo Estômago Proteína ligadora de B12 B12 B12 Fl B12 Fl B12 Fl B12 B1 2 Figura 112 – Transporte da vitamina B12 ao longo do sistema digestório A vitamina B12 participa da síntese da metionina e da isomerização da metilmalonil-CoA, que é produzida na degradação de alguns aminoácidos e de ácidos graxos com número ímpar de carbono. Na carência da vitamina B12, ácidos graxos anormais acumulam-se e são incorporados nas membranas celulares, incluindo as do sistema nervoso. Isso pode contribuir para algumas manifestações neurológicas da deficiência da vitamina B12. 138 Unidade III A principal consequência dahipovitaminose B12 é a anemia megaloblástica. Isso ocorre porque, durante a eritropoiese (processo de produção de hemácias), as células se dividem rapidamente e necessitam de vitamina B12 para a síntese de nucleotídeos. Durante a formação das hemácias, as formas N5-N10-metileno e N10-formil do tetraidrofolato são necessárias para a síntese de nucleotídeos, utilizados na replicação do DNA. Ácido fólico Anel de purina Anel de purinaHCOOH N5, N10-formil H4folato N5, N10-metileno H4folato N5-metil H4folato dTMP Ser Gly N10-formil H4folato Metionina Homocisteína H2folato H4folato H4folato His Figura 113 – Interconversões metabólicas de ácido fólico e vitamina B12; a importante reação, que depende de vitamina B12 e converte N5-metil tetra-hidrofloato (H4folato) de volta em H4folato (indicada pela seta tracejada), desoxitimidina 5’ monofosfato (dTMP), serina (Ser) e glicina (Gly) Especial atenção deve ser dada aos indivíduos que tenham sofrido gastrectomia total ou parcial, os quais tornam-se deficientes ao fator intrínseco e não conseguem mais absorver a vitamina B12. Vamos entender esse processo: a deficiência de vitamina B12 ocorre devido à retirada da mucosa gástrica que produz o fator intrínseco. Esse fator liga-se à vitamina B12 para que ocorra sua absorção no intestino. Essa falta de absorção pode gerar uma anemia carencial, podendo ser por deficiência de vitamina B12 (anemia megaloblástica). Por isso é importante a suplementação com vitamina B12 após a cirurgia bariátrica. Observação Quem precisa suplementar a alimentação com vitamina B12? O vegetarianismo tem criado adeptos no Brasil e é importante saber que há diferentes modalidades dentro dessa prática. O vegetariano é aquele 139 BIOQUÍMICA METABÓLICA que não come nenhum tipo de carne. O vegano, não consome nenhum produto proveniente de origem animal. Já os lactovegetarianos consomem leite e laticínios e os ovolactovegetarianos também incluem os ovos na sua alimentação. Vale lembrar que ovos, leite e queijos são de origem animal e contêm essa vitamina. Assim, quem consome esses alimentos regularmente, talvez não precise de complementação. Vegetarianos estritos (que não utilizam alimentos fortificados) e vegetarianos que utilizam ovos e laticínios com pouca frequência, talvez não obtenham a quantidade diária recomendada de vitamina B12. 8.1.6 Vitamina C (ácido ascórbico) Os seres humanos e outros primatas, bem como a cobaia, são os únicos mamíferos que não podem sintetizar a vitamina C. Esse fato se deve à deficiência genética da enzima gulonolactona oxidase, que impede a síntese do ácido L-ascórbico a partir da glicose. A forma ativa da vitamina C é o ácido ascórbico. A principal função do ascorbato é como agente redutor em diversas reações diferentes. Veja o potencial redutor da vitamina C: HO HO HO O O O HO HO HO O O O OH O O–O O O AscH– Ascorbato Asc.– Radical ascorbila DHA Ácido desidroascórbico – e–, – H+ – e– + e–, + H+ + e– .– Figura 114 – A oxidação do ácido ascórbico por um elétron (e−) forma o radical ascorbila que, ao ser oxidado novamente, gera ácido desidroascórbico; os elétrons são recebidos por compostos oxidantes A vitamina C tem um papel essencial nas reações de hidroxilação da prolina para formar hidroxiprolina, necessária para a síntese de colágeno. A deficiência de ácido ascórbico resulta no escorbuto, uma doença caracterizada por sangramento gengival, dentes frouxos, fragilidade dos vasos sanguíneos, edemas nas articulações e anemia. Esses sintomas foram verificados na época das grandes navegações, quando a tripulação permanecia meses no mar. O médico escocês James Lind foi o primeiro a correlacionar a alta morbidade e a mortalidade dos marinheiros ingleses com a deficiência da vitamina C. Outro papel importante da vitamina C é também facilitar a absorção do ferro da dieta no intestino. Talvez você já tenha escutado que tomar suco de laranja favorece a absorção do ferro do feijão, e isso é verdade. 140 Unidade III Quadro 13 – Teor de vitamina C em alimentos Alimentos Vitamina C mg/100 g Acerola 1.700 Caju 252 Couve 105 Goiaba 273 Quiuí 71 Laranja 48,3 Mamão papaia 61,4 Tangerina poncã 48,8 Adaptado de: Cozzolino; Cominetti (2013). O quadro a seguir resume as funções e as fontes das vitaminas hidrossolúveis estudadas anteriormente. Quadro 14 – Vitaminas hidrossolúveis Vitaminas hidrossolúveis Funções Fontes B1 (tiamina) Biossíntese da acetilcolina; participa no funcionamento do sistema nervoso Carnes, gema de ovo, leveduras, cereais integrais e frutas secas B2 (riboflavina) Flavina mononucleotídeo (FMN) e flavina adenina dinucleotídeo (FAD); respiração celular; integridade da pele, mucosas e sistema ocular Carnes e laticínios, cereais, leveduras e vegetais verdes B3 (niacina) Nicotinamida-adenina-dinucleotídeo (NAD +) e a nicotinamida-adenina-dinucleotídeo-fosfato NADP+ Carnes, fígado e rins, laticínios, ovos, cereais integrais, levedura e legumes B5 (ácido pantotênico) Componente da coenzima A, utilizada na síntese de ácidos graxos Fígado, coração, abacate, cogumelos, brócolis, gema de ovo, leveduras, cereais integrais e legumes B6 (piridoxina, piridoxal e piridoxamina) Reações de transaminação e descarboxilação de aminoácidos; síntese de neurotransmissores (GABA, serotonina, epinefrina, noraepinefrina e GABA); conversão do triptofano em niacina (vitamina B3) Carnes, batata, grão-de-bico, cerais e banana B7 (biotina) Participam de reações de carboxilação (atua como carregador do CO2 ativado) Amendoim, avelã, amêndoa, farelo de aveia, ovo e leite B9 (ácido fólico) Divisão celular, formação das hemácias, fechamento do tubo neural Carnes, fígado, verduras verde-escuras e cereais integrais B12 (cianocobalamina) Elaboração de células, síntese de hemoglobina, atua no sistema nervoso Sintetizada pelo organismo; carnes e laticínios C (ácido ascórbico) Formação do colágeno, antioxidante, favorece a absorção do ferro Vegetais verdes e frutas cítricas Exemplo de aplicação Estudos mostram que algumas vitaminas podem ser utilizadas no tratamento da dor neuropática. Pesquise qual das vitaminas estudadas podem ser utilizadas em monoterapia ou combinada a outros fármacos como os anti-inflamatórios. 141 BIOQUÍMICA METABÓLICA 8.2 Sais minerais Os sais minerais são micronutrientes essenciais para as reações metabólicas e atuam como cofatores. Também participam da regulação dos impulsos nervosos, da atividade muscular e do equilíbrio ácido-base. Fazem parte desse grupo cálcio, sódio, iodo, fósforo, entre outros. E onde estão presentes os minerais? Nos alimentos de origem animal e vegetal. Os minerais podem ser classificados de acordo com sua necessidade diária em: macrominerais, microminerais e elementos-traço. Os macrominerais são aqueles cuja necessidade diária é maior que 100 mg. As principais funções estão associadas à estrutura e formação óssea, regulação dos fluidos corporais e secreções digestivas. Fazem parte desse grupo: cálcio, fósforo, magnésio, cloreto, sódio e potássio. Já os microminerais são aqueles que possuem necessidade inferior a 50 mg por dia, como é o caso de ferro, zinco, selênio, cobre, iodo e manganês. As funções desses minerais estão relacionadas às reações bioquímicas, ao sistema imunológico e à ação antioxidante. A seguir iremos discorrer sobre as funções e fontes dos principais minerais. 8.2.1 Cálcio A maior parte do cálcio no corpo humano (99%) está sob a forma de fosfato de cálcio na matriz óssea de ossos e dentes. O restante do cálcio (1%) localiza-se nos meios intra e extracelular. O cálcio participa de formação óssea, coagulação, transmissão nervosa e, também, contração muscular. A absorção desse mineral ocorre na borda em escova do enterócito onde se liga a calbindina, de modo a manter o cálcio em solução, já que é pouco solúvel em meio aquoso. Esse processo é regulado pela vitamina D, que interage na membrana plasmática da borda em escova, abrindocanais de cálcio. A vitamina D também atua facilitando a absorção de cálcio nos rins, aumentando a calcificação e a mineralização óssea. Quando o equilíbrio homeostático do cálcio é rompido, podem ocorrer quadros de hipercalcemia ou hipocalcemia. E como manter a homeostasia do cálcio? Esse equilíbrio é realizado pelo paratormônio (PTH) e pela vitamina 1,25(OH)2D. Quando os níveis de cálcio no plasma diminuem, ocorre aumento da produção de PTH, que age em várias células, entre elas os osteoclastos, e isso favorece a atividade dessas células, que aumentam a reabsorção óssea e, consequentemente, ocorre elevação da calcemia. Além disso, o PTH favorece a expressão gênica de vitamina D, que, na sua forma ativa, intensifica a absorção intestinal do cálcio, por aumentar a concentração das bombas de cálcio nas células intestinais. Desse modo, PTH e vitamina D estão relacionados na manutenção da calcemia. 142 Unidade III UVB Alimentos Vitamina D3 Vitamina D2 7-deidrocolesterol Fígado 25-Hidroxilase 1,25-Hidroxilase + + – + + Paratireoides Osso Intestino Absorção/Excreção Túbulos renais de cálcio e fósforo Homeostase do cálcio e fósforo – 1,25(OH)D2PTH 25(OH)D Rim Pele Figura 115 – Fontes e metabolismo da vitamina D: UVB (ultravioleta B); vitamina D3: colecalciferol; vitamina D2: ergocalciferol; 25(OH)D: 25 hidroxivitamina D; 1,25(OH)2 D: 1,25 di-hidroxivitamina D (calcitriol); PTH: hormônio paratireoidiano Esse mineral está presente nos alimentos de origem animal e vegetal, no entanto, o cálcio de fontes vegetais sofre a ação de substâncias, como o oxalato e o fitato, que reduzem sua absorção, sendo o cálcio de fontes animais mais prontamente disponível. A hipocalcemia está associada à osteoporose, a fraturas e à fraqueza muscular. Já o excesso de cálcio plasmático está associado à presença de cálculo renal e insuficiência renal. As principais fontes são: leites e derivados, cereais integrais, castanhas, soja e derivados, vegetais verde-escuros. 143 BIOQUÍMICA METABÓLICA 8.2.2 Fósforo Assim como o cálcio, participa da estrutura de ossos e dentes. É essencial na composição das moléculas de DNA, RNA e ATP. A carência de fósforo é rara, uma vez que está presente na maioria dos alimentos, mas em casos isolados pode causar fraturas e atrofia muscular. Os alimentos ricos em fósforo são: leites e derivados, cereais integrais, leguminosas e carnes. 8.2.3 Magnésio É o segundo cátion em maior concentração no organismo. Participa como cofator de várias reações, modula a função de canais iônicos e atua em associação ao ATP na ativação ou desativação de vias de transdução de sinal, por exemplo, na sinalização da insulina. Cerca de 60% do magnésio no organismo encontra-se nos tecidos mineralizados (ossos e dentes), e o restante distribuído no musculoesquelético e outros tecidos. Observa-se um crescente interesse na elucidação dos processos bioquímicos regulados pelo magnésio. A carência de magnésio acarreta fraqueza e hipertensão. Já o excesso causa diarreia. E as principais fontes são: leite e derivados, castanhas, vegetais verde-escuros, frutas cítricas e chocolate amargo. 8.2.4 Sódio, cloreto e potássio Vamos abordar em conjunto esses três eletrólitos juntos, pois são componentes essenciais de fluidos corporais, como sangue e urina, e regulam a distribuição de água ao longo do organismo, além de desempenhar papel importante no equilíbrio ácido-básico. Considerando os fluídos corporais, o sódio (Na+) é o principal cátion extracelular, o potássio (K+) é o principal cátion intracelular, e o cloro (Cl-) é o principal ânion extracelular. A bomba de Na-K ATPase das membranas celulares tem a propriedade de manter as concentrações de Na+ e K+ constantes. Essa bomba transporta de forma ativa o Na+ para o exterior das células e K+ para o interior. O sódio também é essencial para as contrações musculares e transmissão de impulsos nervosos. A regulação da concentração de sódio no organismo é controlada pela aldosterona, um hormônio secretado pelo córtex adrenal que estimula a reabsorção de sódio nos túbulos renais ao mesmo tempo em que facilita e excreção de potássio. A carência de sódio provoca câimbras, desidratação, tonturas e hipotensão arterial. E o excesso leva a pressão alta, ataque cardíaco e aumento da perda de cálcio. As principais fontes de sódio são: sal de cozinha, alimentos processados e carnes defumadas. A importância do potássio no equilíbrio ácido-básico deve-se à competição entre os íons potássio e prótons (H+). Na acidose, para cada potássio retido, ocorre eliminação de um hidrogênio, enquanto que na alcalose ocorre o contrário, ou seja, no caso de uma acidose, na tentativa de manter o pH do sangue, o potássio sai da célula com a entrada do próton, enquanto que na alcalose o potássio entra na célula com a saída do próton. A carência de potássio reduz a atividade muscular, inclusive do miocárdio. Algumas fontes de potássio são frutas, verduras, leite e derivados. O cloro, além de participar do equilíbrio ácido-básico, também tem importância na produção do ácido clorídrico. O cloreto das secreções gástricas é proveniente do cloreto do sangue, que é reabsorvido 144 Unidade III durante os últimos estágios da digestão no intestino. O cloreto está presente principalmente no sal de cozinha e nos alimentos processados. 8.2.5 Ferro Apresenta a propriedade de aceitar e doar elétrons, o que o torna essencial em várias reações biológicas. Estudamos anteriormente que o ferro está presente na molécula heme e em diversas proteínas. O ferro utilizado pelo organismo é proveniente da alimentação e da reciclagem de hemácias senescentes. O ferro da dieta é encontrado sob duas formas: heme e não heme. A aquisição da forma heme corresponde a 1/3 do total e é proveniente da degradação da hemoglobina e da mioglobina presentes na carne vermelha. Os ovos e laticínios fornecem menor quantidade de ferro heme, que é mais bem absorvido do que a forma não heme. O ferro inorgânico está presente em grãos e vegetais, principalmente na forma férrica (Fe+3). A absorção do ferro férrico é melhor na presença de vitamina C. A carência de ferro provoca a anemia ferropriva, o que acarreta fornecimento diminuído de oxigênio para os tecidos e fadiga, entre outros sintomas. Já o excesso de ferro é tóxico e pode ter origem hereditária ou secundária, sendo a causa mais comum aquela determinada por condições genéticas. Na hemocromatose hereditária verifica-se alteração no controle de absorção de ferro pelo intestino que, além de inapropriada, resulta em acúmulo e toxicidade de diferentes tecidos (coração, fígado e pâncreas.) prejudicando o seu funcionamento. Além disso, o acúmulo de ferro pode estar relacionado às anemias hereditárias. As fontes alimentares de ferro são carnes, miúdos, gema de ovo, leguminosas e cereais integrais. Observação O estoque de ferro no organismo fica nas células reticuloendoteliais do fígado, baço e medula óssea, nas formas de ferritina e hemossiderina. 8.2.6 Zinco É cofator de várias enzimas, entre elas fosfatase alcalina, anidrase carbônica, carboxipeptidase e desidrogenase alcoólica. Também é ativador das enzimas DNA e RNA polimerases, estudadas na temática de ácidos nucleicos. Em caso de deficiência, observa-se diminuição na velocidade de crescimento, perda do paladar e do olfato. As principais fontes de zinco são as carnes, frutos do mar, ovos, leguminosas e castanhas. 8.2.7 Selênio Atua em conjunto à vitamina E na proteção das membranas celulares prevenindo a ação dos radicais livres. O selênio é cofator de várias enzimas e um componente essencial da enzima glutationa peroxidase (GSH-Px), que está presente em grande quantidade nas hemácias. Essa 145 BIOQUÍMICA METABÓLICA enzima converte o H2O2 em O2 e H2O, com a conversão de glutationa reduzida (GSH) para glutationa oxidada (GSSG). Essa reação permite a eliminação de espécies reativas de oxigênio das células e, portanto, protege as célulasde agentes oxidantes. O excesso de selênio é tóxico e a ingestão de altas doses promove a perda de cabelo, unhas e dentes. Essa informação é importante, pois o selênio está presente em grandes quantidades nas castanhas, sobretudo na castanha-do-pará. E qual é a quantidade de castanhas que podemos ingerir de forma segura? Será que já realizaram estudos científicos a respeito? Saiba mais Para saber mais sobre a castanha-do-pará, sugerimos a leitura do seguinte artigo científico: DONADIO, J. et al. Influence of genetic variations in selenoprotein genes on the pattern of gene expression after supplementation with Brazil nuts. Nutrients, v. 9, n. 7, p. 739, 11 jul. 2017. Disponível em: https://www.ncbi. nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5537853/. Acesso em: 14 ago. 2020. 8.2.8 Cobre É cofator de várias enzimas, entre elas a citocromo oxidase, as transaminases e a superóxido dismutase. A carência de cobre resulta em falha na produção de colágeno e de elastina, fraturas ósseas, osteoporose, anemia e diminuição do número de leucócitos (leucopenia). O transporte e o armazenamento do cobre são realizados pela ceruloplasmina, e a dosagem dessa proteína plasmática pode indicar estados carenciais. Observação Alguns casos de intoxicação pelo cobre foram descritos em agricultores de Portugal que utilizavam na produção do vinho misturas à base de cobre, conhecidas como misturas de Bordeaux. Esses agricultores apresentaram febre, diminuição de apetite, fraqueza muscular e complicações hepáticas e pulmonares. As principais fontes de cobre são os miúdos, frutos do mar, cereais integrais e vegetais verde-escuros. 8.2.9 Iodo É essencial para a produção dos hormônios tireoidianos: tirosina (T4) e tri-iodotironina (T3) que controlam o metabolismo da água, das proteínas, dos carboidratos, dos lipídeos e de outros minerais. A carência do iodo pode resultar em uma patologia denominada bócio, e o excesso resulta no 146 Unidade III aumento da concentração do hormônio estimulante da tireoide (TSH). Desde 1957 é obrigatória a iodação do sal no Brasil e essa é a maneira mais eficiente para controlar os distúrbios por deficiência de iodo, pois não afeta as propriedades organolépticas do sal. Além do sal, o iodo está presente nos alimentos marinhos. Observação A síntese dos hormônios tireoidianos são a tiroxina e a tri-iodotironina, que contém, respectivamente, quatro e três átomos de iodo, e depende do aminoácido tirosina. Resumo O grupo heme tem importância biológica por ser grupo prostético de proteínas, as hemeproteínas. Uma das mais conhecidas é a hemoglobina, responsável por carrear O2 no sangue e pela sua coloração vermelha. Além da hemoglobina, o grupo heme está presente na mioglobina, nos citocromos, nas catalases e nas peroxidases. Assim, estudamos a síntese e a degradação do grupo heme. A síntese do grupo heme é constituída por oito reações que ocorrem no citoplasma e na mitocôndria das células. Caso o indivíduo apresente mutação genética em uma dessas enzimas, haverá acúmulo de determinados intermediários da síntese do grupo heme na medula óssea ou no fígado. Um fato importante é que esses intermediários são potencialmente tóxicos, consequentemente, o seu acúmulo na pele ou nas vísceras pode desencadear a sintomatologia das doenças que são denominadas porfirias. Já na degradação do grupo heme estudamos as icterícias. Esse sinal clínico, denominado icterícia, ocorre pelo aumento da concentração plasmática do produto de degradação do grupo heme, a bilirrubina. A sua produção está dividida em três fases: captação, conjugação e secreção hepática. E as patologias que levam ao aparecimento da icterícia podem afetar uma das fases citadas. Vitaminas são moléculas orgânicas necessárias ao correto funcionamento do metabolismo e devem ser obtidas através da alimentação. Grande parte das vitaminas funciona como coenzimas ou cofatores enzimáticos, mas algumas funcionam como hormônios (vitamina D). As vitaminas são classificadas como hidrossolúveis (complexo B e vitamina C) ou lipossolúveis (A, D, E e K) de acordo com a sua solubilidade em água. A carência de vitaminas provoca estados clínicos bem estabelecidos. Em muitos casos, a ingestão excessiva desses micronutrientes também pode provocar doenças. 147 BIOQUÍMICA METABÓLICA Já os sais minerais, assim como as vitaminas, não fornecem calorias, mas se encontram no organismo desempenhando diversas funções, como a regulação do metabolismo ácido-base; participando do equilíbrio hidro-osmótico, facilitam a transferência de compostos pelas membranas celulares, entre outras funções. As quantidades a serem ingeridas de cada mineral variam de microgramas a gramas por dia. E as necessidades nutricionais são atingidas quando o indivíduo realiza uma alimentação diversificada, com o fornecimento adequado de alimentos, tanto de origem animal quanto vegetal. O consumo adequado de vitaminas e minerais é importante para a manutenção de diversas funções celulares. Assim, a ingestão inadequada desses micronutrientes pode potencialmente levar a estados de carência nutricional, sendo conhecidas diversas manifestações patológicas por elas produzidas. Exercícios Questão 1. (IBFC 2016) A bilirrubina é o produto catabólico do heme. Cerca de 75% de toda a bilirrubina é derivada da hemoglobina das hemácias senescentes, que são fagocitadas pelas células mononucleares do baço, medula óssea e fígado. As concentrações aumentadas de bilirrubina são rapidamente reconhecidas clinicamente, porque a bilirrubina dá a cor amarela à pele (icterícia). Anormalidades no metabolismo da bilirrubina são importantes indicadores no diagnóstico da doença hepática. Sobre o metabolismo, dosagem e significados clínicos da bilirrubina, assinale a alternativa incorreta: A) No paciente ictérico, sempre há o predomínio no aumento da bilirrubina indireta. B) Níveis elevados de bilirrubina total e direta podem ser encontrados em doença hepatocelular ou biliar. C) Aumento isolado de bilirrubina indireta pode ocorrer quando a taxa de produção excede à de conjugação. D) Na cirrose, ocorre uma piora na excreção biliar, resultando em hiperbilirrubinemia direta. E) A bilirrubina total é formada pela soma da bilirrubina indireta (não conjugada) e da bilirrubina direta (conjugada). Resposta correta: alternativa A. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. 148 Unidade III Justificativa: no paciente ictérico, sempre há o predomínio no aumento da bilirrubina direta ou conjugada, que corresponde a alguma lesão hepática ou obstrução biliar. B) Alternativa correta. Justificativa: o aumento da bilirrubina direta é problema relacionado ao fígado ou às vias biliares, incluindo nas causas hepatite viral, pedra nas vias biliares, tumor no fígado ou bile e cirrose. C) Alternativa correta. Justificativa: os níveis de bilirrubina indireta (não conjugada) ocorrem por alteração no sangue, cuja substância se forma quando os glóbulos vermelhos são destruídos e depois transportados para o fígado (causas: anemia hemolítica, anemia perniciosa, transfusões de sangue, hemoglobinopatias), e sua taxa fica maior que a bilirrubina direta. D) Alternativa correta. Justificativa: os pacientes cirróticos parecem ter depleção de glicogênio hepático e muscular por apresentarem alteração na sua síntese. Desse modo, a oxidação de glicose está diminuída, o que aumenta a dependência à gordura como substrato energético e, portanto, ocorre a piora na excreção da bile, produzida pelo fígado. E) Alternativa correta. Justificativa: a bilirrubina total e os níveis de bilirrubina direta são medidos no sangue, enquanto os níveis de bilirrubina indireta são derivados a partir das medições de bilirrubina total e direta. Questão 2. (UDESC-SC 2014) As vitaminas são compostos orgânicos presentes nos mais variados tipos de alimentos, e são essenciais ao bom funcionamento do metabolismo humano. Associe os tipos de vitaminas e as suas funções noorganismo. (1) Vitamina A (2) Vitamina D (3) Vitamina E (4) Vitamina B6 (5) Vitamina B12 I – Imprescindível à produção de insulina e à manutenção do sistema imunológico. Regulação do cálcio no sangue e nos ossos. Reduz o risco de doenças renais. É sintetizada com ajuda de raios solares. 149 BIOQUÍMICA METABÓLICA II – Importante oxidante que protege a membrana das células da ação de radicais livres. Está relacionada à formação dos ossos e proteção da pele. Desempenha função vital no ciclo visual. III – Participa da multiplicação de todas as células e da produção de hemácias e das células do sistema imunológico. Influencia o sistema nervoso e é responsável pela produção de hormônios. IV – Responsável pela formação de hemácias e multiplicação celular. Evita a anemia, auxilia na coagulação do sangue e acelera o crescimento. V – É antioxidante e previne abortos. Alivia cãibras, distensões musculares e acelera a cura de lesões na pele. Assinale a alternativa que apresenta a associação correta. A) I-3, II-4, III-5, IV-2, V-1. B) I-2, II-1, III-5, IV-3, V-4. C) I-3, II-1, III-5, IV-4, V-2. D) I-2, II-4, III-1, IV-5, V-3. E) I-2, II-1, III-4, IV-5, V-3. Resposta correta: alternativa E. Análise da questão I – (2) Vitamina D: necessária para a manutenção do tecido ósseo, também influencia o sistema imunológico. É produzida na exposição à luz solar. II – (1) Vitamina A: essencial para a visão e o crescimento. Pode ser encontrada nos alimentos de origem animal, na forma de retinoides, e naqueles de origem vegetal, em forma de grupos de carotenoides, que inclui o betacaroteno. III – (4) Vitamina B6: também chamada de piridoxina, está presente em alimentos como peixes, fígado, batata e frutas. Mantém o metabolismo e a produção de energia adequados, protege os neurônios e produz neurotransmissores, substâncias importantes para o bom funcionamento do sistema nervoso. IV – (5) Vitamina B12: também chamada cobalamina ou cianocobalamina, pertence às vitaminas do complexo B, é biodisponível e sua absorção ocorre no íleo (intestino delgado). Metabolizado no fígado e excretado pelos rins. É importante para a saúde dos sistemas nervoso e cardiovascular. V – (3) Vitamina E: é um poderoso antioxidante, que age combatendo os radicais livres e reduzindo os riscos de doenças cardiovasculares e cerebrais degenerativas. 150 Unidade III FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 MARZZOCO, A.; TORRES, B. B. Bioquímica básica. 3. ed. São Paulo: Guanabara-Koogan, 2011. p. 8. Figura 2 PG120_03.PNG. Disponível em: http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/conteudo_9755/ pg120_03.png. Acesso em: 10 set. 2020. Adaptada. Figura 10 ALBINISMO_EN_LA_RAZA_NEGRA.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/4/44/Albinismo_en_la_raza_negra.jpg. Acesso em: 29 jun. 2020. Adaptada. Figura 11 CONTEUDO_9320/A_55_1.JPG. Disponível em: https://conteudoonline.objetivo.br/imagens/ conteudo_9320/A_55_1.jpg. Acesso em: 29 jun. 2020. Figura 18 1088F1.GIF. Disponível em: http://www.scielo.br/img/fbpe/qn/v22n3/1088f1.gif. Acesso em: 29 jun. 2020. Adaptado. Figura 19 PRODUCTION/B7DAB7692E1881902DFF6249322DA49E1293A468-3792X1556.PNG. Disponível em: https://cdn.sanity.io/images/ziron7ww/production/b7dab7692e1881902dff6249322da49e1293a468- 3792x1556.png. Acesso em: 11 ago. 2020. Figura 33 AULA_14971/01.PNG. Disponível em: https://conteudoonline.objetivo.br/imagens/aula_14971/01.png. Acesso em: 29 jun. 2020. Adaptada. Figura 34 AULA_14971/02.PNG. Disponível em: https://conteudoonline.objetivo.br/imagens/aula_14971/02.png. Acesso em: 29 jun. 2020. Adaptada. 151 Figura 35 AULA_1307/01.20.PNG. Disponível em: https://conteudoonline.objetivo.br/imagens/Aula_1307/01.20. png. Acesso em: 11 ago. 2020. Figura 37 KREBS-13091-CONTENT-PORTRAIT-MOBILE-TINY.JPG. Disponível em: https://www.nobelprize.org/ images/krebs-13091-content-portrait-mobile-tiny.jpg. Acesso em: 29 jun. 2020. Figura 50 IMAGENS/2020/01/25/E591C4D5-BFD5-4D7C-973F-015B6443D0EE.PNG. Disponível em: https:// conteudoonline.objetivo.br/Imagens/2020/01/25/e591c4d5-bfd5-4d7c-973f-015b6443d0ee.png Acesso em: 29 jun. 2020. Figura 56 FERREIRA, C. P.; JARROUGE, M. G.; MARTIN, N. F. Bioquímica básica. 10 ed. São Paulo: Luana, 2003. p. 101. Adaptado. Figura 58 CORI-GT-13052-CONTENT-PORTRAIT-MOBILE-TINY.JPG. Disponível em: https://www.nobelprize.org/ images/cori-gt-13052-content-portrait-mobile-tiny.jpg. Acesso em: 29 jun. 2020. Figura 64 MANTZOURANIS, L. Bioquímica. São Paulo: Sol, 2018. p. 89. Figura 65 MANTZOURANIS, L. Bioquímica. São Paulo: Sol, 2018. p. 88. Figura 66 MANTZOURANIS, L. Bioquímica. São Paulo: Sol, 2018. p. 94. Figura 67 MANTZOURANIS, L. Bioquímica. São Paulo: Sol, 2018. p. 99. 152 Figura 68 AULAS2D/FOSFATIDATO.GIF. Disponível em: http://www.lbqp.unb.br/bioq/images/aulas2D/fosfatidato. gif. Acesso em: 11 ago. 2020. Figura 69 MANTZOURANIS, L. Bioquímica. São Paulo: Sol, 2018. p. 97. Figura 70 TRAMONTANO, L. A fixação e a transitoriedade do gênero molecular. Horizontes Antropológicos, a. 23, n. 47, p. 163-189, abr. 2017. p. 175. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ha/v23n47/0104-7183- ha-23-47-0163.pdf. Acesso em: 17 ago. 2020. Figura 72 IMAGENS/CONTEUDO_9643/131_0.GIF. Disponível em: http://www.objetivo.br/conteudoonline/ imagens/conteudo_9643/131_0.gif. Acesso em: 29 jul. 2020. Figura 73 A) CONTEUDO_9643/IMAGEM133.JPG. Disponível em: http://www.objetivo.br/conteudoonline/ imagens/conteudo_9643/imagem133.jpg. B) CONTEUDO_9643/IMAGEM139.JPG. Disponível em: http://www.objetivo.br/conteudoonline/ imagens/conteudo_9643/imagem139.jpg. Acesso em: 11 ago. 2020. Adaptadas. Figura 74 A) CONTEUDO_6859/149.GIF. Disponível em: http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/ conteudo_6859/149.gif. Acesso em: 29 jul. 2020. Adaptada. B) CONTEUDO_6859/148.GIF. Disponível em: http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/ conteudo_6859/148.gif. Acesso em: 29 jul. 2020. Adaptada. Figura 75 CONTEUDO_9643/139_0.GIF. Disponível em: http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/ conteudo_9643/139_0.gif. Acesso em: 29 jul. 2020. Figura 76 CELL_CYCLE-ES.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/45/Cell_Cycle- es.jpg. Acesso em: 29 jul. 2020. 153 Figura 77 AULA_9550/13.JPG. Disponível em: https://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/Aula_9550/13.jpg. Acesso em: 29 jul. 2020. Figura 78 CONTEUDO_9643/138_0.GIF. Disponível em: http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/ conteudo_9643/138_0.gif. Acesso em: 29 jul. 2020. Adaptada. Figura 80 EXON-INTRON_2.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fd/Exon- intron_2.jpg. Acesso em: 29 jul. 2020. Figura 82 COMMONS/5/5D/2_K%C3%B6SZV%C3%A9NY.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/ wikipedia/commons/5/5d/2_k%C3%B6szv%C3%A9ny.JPG. Acesso em: 30 jul. 2020. Adaptada. Figura 83 CONTEUDO_9643/150_0.GIF. Disponível em: http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/ conteudo_9643/150_0.gif. Acesso em: 30 jul. 2020. Figura 84 CODONES-ARN.PNG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5a/Codones- ARN.png. Acesso em: 30 jul. 2020. Figura 85 CONTEUDO_9643/143_0.GIF. Disponível em: http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/ conteudo_9643/143_0.gif. Acesso em: 11 ago. 2020. Adaptada. Figura 86 IMAGEM180_MENOR.JPG. Disponível em: http://www.objetivo.br/conteudoonline/imagens/ conteudo_9694/imagem180_menor.jpg. Acesso em: 30 jul. 2020. Figura 87 MARZZOCO, A.; TORRES, B. B. Bioquímica básica. 3. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2011. p. 146. 154 Figura 88 MARZZOCO, A.; TORRES, B. B. Bioquímica básica. 3. ed. São Paulo: Guanabara-Koogan, 2011. p. 259. Figura 89 MANTZOURANIS, L. Bioquímica. São Paulo: Sol, 2018. p. 149. Figura 90 MANTZOURANIS, L. Bioquímica. São Paulo: Sol, 2018. p. 150. Figura 91 MANTZOURANIS, L. Bioquímica. São Paulo: Sol, 2018. p. 150. Figura 92 MANTZOURANIS, L. Bioquímica. São Paulo: Sol, 2018. p. 152. Figura 93 MANTZOURANIS,
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