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AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Hudson Goto CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Cristiane Lisandra Danna Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. G684a Goto, Hudson Avaliação de imóveis. / Hudson Goto. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 226 p.; il. ISBN 978-85-7141-346-7 ISBN Digital 978-85-7141-347-4 1. Bens imóveis - Avaliação. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 333.32 Impresso por: Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação ...............................7 CAPÍTULO 2 Avaliação de Imóveis Urbanos e Rurais: Residencial, Comercial e Industrial ...............................................................63 CAPÍTULO 3 Métodos Para Avaliação de Imóveis Urbanos (Residencial, Comercial e Industrial) e Rurais ....................125 APRESENTAÇÃO O mercado imobiliário é um setor bastante complexo, que envolve conhecimentos técnicos e econômicos. Quando tratamos de imóveis, estes possuem características únicas e bastante distintas dos demais bens que normalmente consumimos, que são, na maioria das vezes, produzidos em escala industrial. Em geral, pode-se afirmar que não há um imóvel igual a outro, pois sempre haverá diferenças significativas entre dois ou mais imóveis. Portanto, entender o comportamento deste mercado, desde o seu surgimento, passando por conceitos básicos e de métodos de avaliação normatizados, chegando até o produto, ou seja, a elaboração do Laudo de Avaliação Imobiliária, conforme solicitado por cada órgão de classe, é essencial para o profissional atuar com segurança e qualidade. Diante disso, no Capítulo 1, nossos estudos iniciam-se com um breve histórico do surgimento do ramo imobiliário avaliatório, onde veremos os principais motivadores para a sua origem e finalidade. Adicionalmente estudaremos os conceitos preliminares de vistoria de imóveis, atividade essencial para a avaliação imobiliária. Avançando nesta conceituação, veremos os fundamentos da perícia de imóveis, considerada uma atividade mais especializada, mas que muitas vezes é tratada de forma similar à avaliação imobiliária. Ainda neste capítulo serão apresentadas as normas e legislações referentes ao assunto e que fundamentam os trabalhos. E por fim, o foco será o profissional e suas formas de atuação, dissertando-se sobre a legislação e normas vigentes, que direcionam os trabalhos de engenheiros, arquitetos, corretores de imóveis e demais profissionais habilitados neste campo. Aprofundando o conhecimento, no Capítulo 2 começaremos com alguns conceitos fundamentais para os processos de avaliação de imóveis urbanos e rurais, como aqueles de bens tangíveis e intangíveis, de valor e suas variantes, bem como outros conceitos obtidos do campo econômico, como capitalização, depreciação, investimento etc., que serão utilizados ao longo deste livro. Veremos ainda as importantes diferenças entre custo e preço e a dinâmica do mercado imobiliário, com o objetivo de entender a formação do produto imobiliário, ou o imóvel propriamente dito. Como etapa essencial, veremos neste momento as diversas particularidades da vistoria de imóveis, chegando aos fundamentos de engenharia diagnóstica. Fechando este capítulo, veremos as formas de apresentação do Laudo de Avaliações de Imóveis e sua composição mínima, conforme cada caso e conselho de classe. Sendo um assunto mais extenso, e considerado a “espinha dorsal” da avaliação imobiliária, dedicaremos o Capítulo 3 aos estudos dos métodos de quantificação de valor dos imóveis sob avaliação. A norma referente ao assunto estabelece que sejam, preferencialmente, adotados os seguintes métodos: método comparativo direto de dados de mercado, método de capitalização de renda, métodos involutivo e evolutivo, bem como o comparativo direto de custo e de quantificação de custo. Ainda segundo a norma, qualquer outro método utilizado deverá ser devidamente justificado pelo profissional. Assim, dentre estes métodos, a própria norma recomenda a utilização do método comparativo direto de dados de mercado, devido à característica do setor imobiliário, bastante dinâmico e atuante. Cada um destes métodos possui suas particularidades e técnicas apropriadas de execução, que serão tratadas com maiores detalhes neste capítulo. Portanto, como você pode perceber, efetuar a avaliação de um bem no dinâmico e complexo mercado imobiliário não é uma tarefa simples, pois existem diversas variáveis atuantes sobre os imóveis, que podem ser devidamente compreendidas. Assim, este livro tem como principal objetivo apresentar os fundamentos, tanto conceituais como normativos e legislativos, desta área de atuação, válidos para imóveis urbanos e rurais. Ao longo destes capítulos também serão apresentadas algumas dicas complementares que podem ajudar na sua formação, como atividades de estudo, indicação de bibliografias, notícias atuais, entre outras. O conteúdo disponibilizado neste livro deve ser o marco inicial do seu contínuo crescimento profissional. Por isso, não deixe de se atualizar constantemente. Bons estudos! Hudson Goto CAPÍTULO 1 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Saber: � Conhecer as atividades de avaliação, vistoria e perícia de imóveis. � Conhecer as normas brasileiras referentes à avaliação de bens imóveis (NBR 14.653 partes 1 a 4). � Conhecer as leis e resoluções do Confea referentes às atividades de avaliações, vistorias e perícias. � Conhecer as leis e resoluções do Cofeci referentes à competência do corretor de imóveis para elaboração de pareceres técnicos de avaliação imobiliária e outras providências. � Entender as atribuições profissionais para o exercício das atividades de avaliações de imóveis. Fazer: � Distinguir as diferentes áreas de atuação na avaliação de imóveis. � Avaliar as diretrizes estabelecidas em normas e legislação vigentes. � Analisar e diferenciar as atribuições profissionais para as atividades de avaliação de imóveis. 8 Avaliação de Imóveis 9 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO A atividade de avaliação imobiliária é um campo vasto onde o profissional pode atuar. Portanto, é necessário estudarmos as características que diferenciam as atividades de avaliação propriamente dita, a vistoria e a perícia de imóveis, pois cada área possui suas particularidades, podendo ser esclarecidas a partir da legislação vigente. Assim, o presente capítulo está dividido em três seções, abai- xo descritas. Na primeira seção, iniciaremos com um breve histórico do surgimento do ramo imobiliário, que nos auxiliará no entendimento do mercado atual. As primei- ras atividades no campo da engenharia de avaliações iniciaram já no século XIX. Por volta da década de 20, os primeiros trabalhos na área foram publicados, dis- seminando o conhecimento adquirido, principalmente nos maiores centros em de- senvolvimento, como São Paulo e Rio de Janeiro. Na sequência, estudaremos a definição de avaliação de imóveis, principalmente com base nasnormas brasilei- ras vigentes, entendendo alguns conceitos preliminares que norteiam este campo. Os conceitos de vistoria de imóveis, atividade essencial da avaliação imobiliária, também serão abordados, sendo citados os pontos principais a serem seguidos nesta etapa. Fechando esta seção, estudaremos sobre a perícia de imóveis, uma atividade mais especializada em relação à avaliação de imóveis, que demanda um maior conhecimento e comprometimento do profissional. Na segunda seção, veremos as normas brasileiras (NBRs), publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que fundamentam os traba- lhos dos avaliadores de imóveis e responsáveis técnicos. Serão apresentadas as partes 1 a 4 da NBR 14.653 referentes à avaliação de bens definidos como imó- veis urbanos, rurais e os empreendimentos. Utilizada como referência em meto- dologias de cálculo, a NBR 12.721 que estabelece a avaliação de custos unitários e preparo de orçamentos de construção também será apresentada. Ao fim, ainda será discutida a importância prática e judicial destas normas, esclarecendo dúvi- das sobre o assunto. Na terceira seção, trataremos das diferentes formas de atuação do profissio- nal, bem como a legislação e normativas que regem suas atividades, que também acabam norteando os trabalhos produzidos. Veremos o campo de atuação dos profissionais que podem exercer estas atividades, como os engenheiros, arquite- tos e corretores de imóveis, buscando ainda explicar as competências específicas de cada profissional, seja no âmbito judicial ou não. Assim, espera-se com este capítulo proporcionar os conhecimentos iniciais sobre a avaliação de imóveis, que serão utilizados e complementados nos capítu- los seguintes, formando conceitos essenciais para a futura atuação profissional. 10 Avaliação de Imóveis 2 A AVALIAÇÃO, A VISTORIA E A PERÍCIA DE IMÓVEIS: CARACTERÍSTICAS E DIFERENÇAS A avaliação de imóveis é uma atividade profissional composta por uma gama de conhecimentos, necessários para uma atuação mais consistente e fundamentada. Assim, nas próximas seções serão apresentadas as bases históricas deste setor, no âmbito social, econômico e legal, que podem servir de base comparativa com outras situações ao longo do tempo. Ainda serão apresentados alguns conceitos técnicos e legais sobre a atividade de avaliação imobiliária propriamente dita, sobre a vistoria, uma atividade imprescindível para qualquer avaliação, e por fim, sobre a perícia de imóveis, que pode ser considerada como a atividade relacionada de maior responsabilidade legal dentro deste campo técnico. 2.1 BREVE HISTÓRICO Antes de iniciarmos nossos estudos sobre a avaliação de imóveis, você sabe como surgiu esta área do ramo imobiliário? Conhecer alguns fatos que ocorreram ao longo dos anos, ordenando-os em uma linha cronológica, é importante para compreendermos a situação atual desta área de conhecimento. Os primeiros sinais de atividade da Engenharia de Avaliações no Brasil ocor- reram em 18 de setembro de 1850, com a promulgação da Lei nº 601, também conhecida como Lei das Terras, pois extinguia o Sistema de Concessões de Ter- ras, instituído pelo governo português desde 1375 (SÁ, 2013). Através desta lei, foi criada a figura da propriedade particular, originando os proprietários imobiliá- rios, que registravam seus imóveis nos Assentamentos Paroquiais (SOUZA et al., 2007 apud SÁ, 2013). Sá (2013) ainda cita que no início do século XIX, devido aos movimentos abolicionistas, os escravos que até este momento eram o principal capital dos fa- zendeiros, passaram a ser substituídos pelas terras, consideradas, a partir deste momento, como reservas e apropriação de capitais. Assim como nos dias atuais, as terras naquela época passaram a ter maior valor devido às expectativas de ganhos financeiros, como em aluguéis, arrenda- mentos, produção agrícola e vendas. Além disso, também eram utilizadas como garantia para empréstimos bancários. Esta migração de investimentos para o mercado imobiliário também foi influenciada pelas políticas governamentais da época, dando início à especulação imobiliária (SÁ, 2013). 11 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 Você quer saber um pouco mais sobre os fatores que interferem no comportamento da especulação imobiliária, como os limites à regulação pelo mercado, o crescimento das aglomerações urbanas e a especulação da terra urbana? Então acesse o site http://www.fau. usp.br/docentes/depprojeto/c_deak/CD/3publ/855spec/index.html e faça a leitura deste artigo sobre o assunto. Os primeiros trabalhos a serem publicados sobre o tema avaliação de imóveis ou avaliação racional de terrenos datam de 1918, seguindo ao longo das décadas de 20 e 30 (AZAMBUJA; JÚNIOR, 2013). Neste período foram publicados artigos nos Boletins do Instituto de Engenharia da Revista Politécnica e da Revista Engenharia Mackenzie, além de Boletins de Engenharia da Revista do Arquivo Municipal e da Revista Engenharia Municipal, de São Paulo (SÁ, 2013). Azambuja e Júnior (2013) comentam que os primeiros profissionais a se interessarem pelo assunto foram engenheiros do Rio de Janeiro e São Paulo, principalmente devido ao fato destas cidades serem polos econômicos e as mais desenvolvidas do país. Em 1923, na prefeitura paulistana, o engenheiro professor Victor da Silva Freire, diretor de Obras e Aviação, começou a utilizar novos métodos de avaliação de terrenos, baseando-se na curva de profundidade Lindsay-Bernard (FIKER, 1997). A partir de 1929, ainda na Prefeitura de São Paulo, a Divisão de Taxa de Melhoria e Avaliações passou a ter uso sistematizado deste procedimento. Em 1937, o professor Lysandro Pereira da Silva publicou o trabalho denominado Avaliação de Terrenos, na edição nº 129 da Revista Engenharia Municipal, abordando noções fundamentais sobre avaliação de terrenos, enfatizando a característica de que eles apresentam capacidade de produzir renda (SÁ, 2013). Em 1941, Luiz Carlos Berrini publica o livro denominado Avaliações de Terrenos e, em 1949, publica Avaliações de Imóveis, onde foram desenvolvidos teses e conceitos, despertando grande interesse no meio técnico. Este livro foi o primeiro e maior obra do gênero em língua portuguesa, sendo considerado referência de consultas no campo da Engenharia de Avaliações. 12 Avaliação de Imóveis Berrini destacou enfaticamente a fórmula de Harper para a avaliação de lotes de terrenos, que admite a distribuição parabólica de valores, decrescentemente, em função da profundidade, que antes era utilizada para a avaliação de terrenos retangulares. Berrini ainda apresentou uma adaptação dessa fórmula para ser utilizada em terrenos irregulares, sendo amplamente aceita no meio avaliatório, passando a ser denominada de fórmula “Harper-Berrini” (Figura 1). FIGURA 1 – VARIAÇÃO DO VALOR COM A PROFUNDIDADE – HIPÓTESE DE HARPER FONTE: Lima (2013, p. 59) Ainda no mesmo período, podemos destacar os trabalhos desenvolvidos por Ernani Ferraz Nogueira, na época engenheiro-chefe na Subdivisão de Taxa de Melhoria e Avaliação da Prefeitura Municipal de São Paulo. O engenheiro Ernani propôs a base para três métodos de avaliação: método comparativo, método de capitalização e método do custo de reprodução (SÁ, 2013). Estes métodos são utilizados até hoje e são descritos nas NBRs 14.653. Na época compreendida entre 1938 e 1945, no governo do prefeito de São Paulo Francisco Prestes Maia, em virtude da realização de grandes obras pela cidade, várias desapropriações precisaram ser feitas, momento no qual muitos trabalhos técnicos foram realizados e divulgados na revista Arquivo Municipal. Em 1939, foi publicado o laudo elaborado em função de uma ação de desapropriação pelo engenheiro Abel Nazaré Nogueira da Gama e Plínio Penteado Withaker, sob o título Avaliação Científica de Imóveis (SÁ, 2013). 13 A Avaliação, a Vistoria e aPerícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 Assim, com esta gama de trabalhos publicados, em função do desenvolvi- mento urbano e a necessidade de desapropriações, São Paulo teve papel rele- vante no campo da Engenharia de Avaliações. A partir da década de 50 começaram a surgir os primeiros institutos brasileiros dedicados à engenharia de avaliações, sendo que o mais antigo é o Instituto de Engenharia Legal, em 1953, no Rio de Janeiro (AZAMBUJA; JÚNIOR, 2013). Em 1957 é criado o IBAPE – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo, por iniciativa do engenheiro Hélio de Caires. Para conhecer um pouco mais sobre o IBAPE-SP, seu código de ética, estatuto, cursos, banco de artigos, normas e estudos, acesse o site http://www.ibape-sp.org.br. Entrando na década de 60, novamente muitas desapropriações ocorreram em São Paulo para a abertura de grandes avenidas, principalmente nos governos dos prefeitos Francisco Prestes Maia e José Vicente Faria Lima. Ao longo da década de 70 foram ainda criados os seguintes institutos: • 1972: Instituto Pernambucano de Engenharia de Avaliações e Perícias de En- genharia. • 1977: IBA – Instituto Brasileiro de Avaliações no Rio Grande do Sul. • 1978: Instituto de Avaliações e Perícias do Paraná. • 1978: ICAPE – Instituto Catarinense de Engenharia de Avaliações e Perícias. Ao final deste período, foram criadas entidades federativas e associações que uniam todos os institutos de avaliações e perícias dos estados. O fator relacionado ao crescimento urbano no Brasil, que ocorreu nos grandes centros, conduziu o poder público a efetuar um maior número de desapropriações, demandando a implementação de estudos e avaliações de campo mais elaborados. Desta forma, em 1978, com o avanço no setor imobiliário, a avaliação de imóveis permitiu aos engenheiros participarem das Em 1957 é criado o IBAPE – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo, por iniciativa do engenheiro Hélio de Caires. 14 Avaliação de Imóveis desapropriações, acompanhando a evolução do mercado, principalmente em assuntos referentes às transações e locações (AZAMBUJA; JÚNIOR, 2013). Em 1980 é realizado em São Paulo o 1º Congresso Mundial de Engenharia de Avaliações. Em 1989 a antiga NB 502/77 é revisada e registrada no INMETRO como NBR 5676 – Avaliação de Imóveis Urbanos, na qual foi mantida a diferenciação entre avaliação de nível normal e rigoroso, em função do emprego da estatística descritiva ou inferencial. Em 2004 é publicada a NBR 14653-2 – Avaliação de Bens – Parte 2: Imóveis Urbanos, distinguindo e classificando as avaliações pelo grau de precisão e de fundamentação. Em 2011 é revisada a NBR 14653-2 quanto aos requisitos para o grau de fundamentação e precisão. 1) Até aqui você estudou os principais acontecimentos no campo da avaliação de imóveis, então, que tal elaborar uma sequência cronológica, resumindo os fatos mais importantes para entendermos as próximas etapas de nossos estudos? Pesquise em outros livros e sites informações que possam complementar suas respostas! Década Acontecimentos 1850 1910 1920 1941 1950 1970 1980 2000 2010 15 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 2.2 A AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS A NBR 14.653-1/2001 cita que a avaliação de bens é a: Análise técnica, realizada por engenheiro de avaliações, para identificar o valor de um bem, de seus custos, frutos e direitos, assim como determinar indicadores de viabilidade de sua utilização econômica, para uma determinada finalidade, situação e data (ABNT, 2001, p. 3). Ainda de acordo com esta norma, o imóvel é um bem constituído de terreno e eventuais benfeitorias a ele incorporadas, podendo ser classificado como urbano ou rural, em função da sua localização, uso ou vocação. A Lei 4.504, de 30 de novembro de 1964, no art. 4º traz a seguinte definição de imóvel rural: Art. 4.º Para os efeitos desta Lei, definem-se: I - “Imóvel Rural”, o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada (BRASIL, 1964). De forma complementar, a Lei 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, no art. 4º traz a seguinte definição: Art. 4º Para os efeitos desta lei, conceituam-se: I- Imóvel Rural - o prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agroindustrial (BRASIL, 1993). O imóvel deve ser considerado urbano quando estiver localizado na zona urbana municipal, que, por sua vez, é definida conforme o parágrafo 1º do art. 32 da Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966, abaixo descrito: § 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. § 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de 16 Avaliação de Imóveis loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior (BRASIL, 1966). Portanto, por definição, os imóveis são bens, podendo-se aplicar, então, a metodologia de avaliação de bens aos imóveis. O termo avaliação pode ser então definido como o conjunto de atividades realizadas sobre um determinado bem, que somadas, pode-se efetuar juízo sobre ele. No caso específico dos imóveis, considerado um tipo de bem, pode-se efetuar juízo sobre o valor de uma propriedade ou de um direito a ela referida. Portanto, a avaliação de imóveis constitui (LIMA, 2013): • A definição do montante em dinheiro que se pode atribuir ao imóvel, em um determinado momento, de acordo com um escopo predefinido. • A apreciação do valor que o bem inteiro ou parte dele possui, em uma determi- nada data. • A técnica ou metodologia para estimar, comercialmente ou para fins legais, o valor dos imóveis e de outros bens. • O trabalho técnico composto por uma série de raciocínios, inspeções e cálcu- los, com o objetivo de determinar o valor do bem avaliado. Mesmo com a existência de técnicas e cálculos matemáticos para a valoração de bens, Michelini (2016) cita que a avaliação de imóveis não é uma ciência exata, mas que tem como princípio estimular os valores das propriedades, máquinas e equipamentos, onde o conhecimento profissional especializado e o bom julgamento são premissas essenciais. Adicionalmente, o avaliador deverá verificar o objetivo principal a que se destina o laudo de avaliação, fazendo adaptações, se julgar necessário. De forma geral, pode-se dizer que o bom senso e a cautela são fundamentais para efetuar as análises das amostragens e informações contidas na oferta e procura no momento da busca pela média ponderada do mercado. Como veremos adiante, existem vários métodos disponíveis, porém, aquele a ser utilizado deverá ser escolhido de acordo com o objeto de avaliação. Assim como em qualquer outra atividade, a credibilidade é importante na avaliação de imóveis, sendo pautada pela idoneidade, integridade e demais virtudes morais do profissional que decide trabalhar como avaliador ou do responsável técnico de empresas que elaboram trabalhos avaliatórios (LIMA, 2013).Michelini (2016) cita que a avaliação de imóveis não é uma ciência exata, mas que tem como princípio estimular os valores das propriedades, máquinas e equipamentos, onde o conhecimento profissional especializado e o bom julgamento são premissas essenciais. 17 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 A postura do profissional avaliador também contribui para o resultado da avaliação, especialmente frente às pressões de grupos, aos interesses de partes, às sugestões e insinuações de terceiros ou sempre que estes e outros tipos de assédios tiverem o objetivo de distorcer os resultados. Neste momento deve-se manter uma atitude independente e absolutamente neutra. A ética na avaliação imobiliária pode diferenciar o profissional “O corretor (de imóveis) é escolhido pela confiança que transmite ao cliente. Isso advém de vários aspectos relacionados a todo o processo de prestação de serviços. Transparência na consultoria, na avaliação imobiliária, respeitar o código de ética profissional e tabela de honorários estabelecida pelos CRECIs é fundamental para passar credibilidade aos proprietários dos imóveis que desejam comercializar suas propriedades”, alerta o palestrante Rodrigo Barreto. Disponível em: https://publicidadeimobiliaria.com/etica-na-avaliacao-imobiliaria/. Buscando sempre base técnica ao invés do empirismo, a avaliação deve ter como referência as definições e recomendações constantes nas normas brasileiras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que auxiliam para evitar erros no processo. Portanto, a avaliação deve ter parâmetros objetivos, referenciados com dados coletados no mercado, com a aplicação de metodologia apropriada, e cálculos matemáticos e estatísticos de acordo à necessidade de cada caso. O subjetivismo, quando possível, deve ser eliminado, ou reduzido a um mínimo indispensável, sendo devidamente justificado (LIMA, 2013). De forma a demonstrar que avaliar ou valorar um imóvel não é uma tarefa simples, necessitando a aplicação de conhecimentos detalhados e científicos, outros pontos influenciadores devem ser destacados (LIMA, 2013): • O mercado imobiliário é segmentado: pode-se classificar este mercado em alguns segmentos, como o de apartamentos, casas, lojas, escritórios, terrenos, glebas (urbanas e rurais), armazéns, vagas de garagem, entre outros. Ou ain- da, em mercado de compra, venda ou locação. Buscando sempre base técnica ao invés do empirismo, a avaliação deve ter como referência as definições e recomendações constantes nas normas brasileiras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que auxiliam para evitar erros no processo. 18 Avaliação de Imóveis • Comportamento diferente de outros bens: o mercado de imóveis apresenta diferenças em relação a outros mercados, como o de automóveis, eletrodo- mésticos e outros da mesma natureza. Isto deve-se às suas características de elevada vida útil, singularidade, localização e a interferência de leis municipais, estaduais e federais. • Vida útil elevada: devido à sua elevada vida útil, os imóveis passam por manu- tenções preventivas ou corretivas durante a sua utilização. Assim, imóveis com a mesma idade real poderão estar em diferentes estados de conservação, de- vido às manutenções prediais efetuadas ao longo do tempo. Isto pode dificultar a mensuração do seu valor. • Singularidade dos imóveis: por mais que dois ou mais imóveis possam ter ca- racterísticas coincidentes, pelo menos a sua localização geográfica será diferen- te, ratificando o conceito de que não há no mercado imóveis exatamente iguais. Você sabe qual é a definição de vida útil (VU)? E de vida útil de projeto (VUP)? A NBR 15.575 – Parte 1 – Requisitos Gerais, 2010, traz as seguintes definições: • Vida útil (VU) é o “período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas, elementos e componentes se prestam às atividades para as quais foram projetados e construídos, considerando: 1 - o atendimento dos níveis de desempenho previstos na NBR 15.575, e 2 - a periodicidade e a correta execução dos processos de ma- nutenção especificados no respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção”. • Vida útil de projeto (VUP) é o “período de tempo estimado para o qual um edifício e/ou seus sistemas, elementos e componentes são projetados a fim de atender às atividades para as quais fo- ram projetados e construídos, considerando: 1- o atendimento dos níveis de desempenho previstos na NBR 15.575, e 2- a periodici- dade e a correta execução dos processos de manutenção especi- ficados no respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção”. Portanto, em geral, a VUP é definida pelo incorporador, e norteará todo o trabalho do projeto a ser desenvolvido. De acordo com Kuhn, Pereira e Nerbas (2012), alguns conhecimentos básicos são necessários para a boa fundamentação de trabalhos avaliatórios, como aqueles das áreas de: 19 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 • Direito imobiliário. • Matemática financeira. • Engenharia. • Arquitetura. • Topografia. • Informática. Estes conhecimentos auxiliam o gestor imobiliário ou responsável técnico a prestar uma assessoria de qualidade a seus clientes nas atividades imobiliárias. Em relação à sua utilidade, as avaliações imobiliárias podem subsidiar as seguintes operações (KUHN; PEREIRA; NERBAS, 2012, p. 12): • Vendas em leilões. • Partilhas amigáveis ou judiciais. • Determinação do valor de imóveis para atualização de ativos. • Definição do valor de mercado de bens em processos judiciais. • Extinção de condomínios. • Determinação do valor justo do imóvel para fins de desapropriação. • Composição da planta de valores municipais. Na maioria das situações, a averiguação da situação documental não faz parte do escopo da avaliação de imóveis, porém, IBAPE-SP (2011) recomenda que o profissional responsável pelas atividades solicite ao contratante o fornecimento da documentação disponível relativa ao bem. Caso haja a constatação de eventuais incoerências ou insuficiências, é prudente informar ao contratante e explicar os apontamentos do laudo técnico, bem como os pressupostos assumidos em função dessas condições. A averiguação da situação documental não faz parte do escopo da avaliação de imóveis, porém, IBAPE-SP (2011) recomenda que o profissional responsável pelas atividades solicite ao contratante o fornecimento da documentação disponível relativa ao bem. 2) Qual a definição de avaliação de bens, segundo a NBR 14.653- /2001? Um imóvel pode ser considerado um bem? 3) Sobre a forma de trabalho do profissional de avaliação de imóveis, quais são as características éticas e comportamentais que estes profissionais devem apresentar? 20 Avaliação de Imóveis Outra prática recomendável pelo IBAPE-SP (2011) é consultar as legislações municipais, estaduais e federais, bem como examinar outras restrições ou regulamentos aplicáveis, como aqueles resultantes de eventuais passivos ambientais, incentivos ou outros que possam influenciar no valor final do imóvel. As metodologias aplicáveis à avaliação de bens (imóveis), seus frutos e direitos dependem, de modo geral (IBAPE-SP, 2011): • Da natureza do bem avaliado. • Da finalidade da avaliação, descrita no laudo técnico, junto com o valor encon- trado. • Da disponibilidade, qualidade e quantidade de informações colhidas no mer- cado. • Do prazo para sua execução. A avaliação de imóveis, para a determinação do seu valor de mercado, considera ainda uma análise geral de outras características, por exemplo: • Região e tipo de relevo onde se encontra o imóvel. • Finalidade, se residencial, comercial, industrial, para agricultura ou outros. • Extensão da área. • Tipos e formas dos acessos. • Vizinhança. • Características da construção. • Serviços públicos e comunitáriosexistentes no entorno e em potencial na re- gião. • Benfeitorias. • Especificamente para apartamentos, verificar localização em relação ao nascer e pôr do Sol, bem como a existência e tipos de ruídos externos. Sobre a influência que a posição do Sol tem no momento da compra do imóvel, leia a notícia publicada pelo Secovi-SP (Sindicato das empresas de compra, venda, locação e administração de imóveis residenciais e comerciais de São Paulo): Posição do Sol influencia a decisão de compra do imóvel, disponível em: http://www.secovi. com.br/noticias/posicao-do-sol-influencia-a-decisao-de-compra-do- imovel/2698. 21 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 2.3 A VISTORIA DE IMÓVEIS De acordo com Gomide, Neto e Gullo (2009), a vistoria em edificações pode ser definida como a constatação técnica de um determinado fato, condição ou direito relativo a uma edificação, mediante a verificação in loco. De forma complementar, a inspeção em uma edificação é a análise técnica do fato, condição ou direito relativo a uma edificação, baseando-se em informações genéricas e na experiência do gestor imobiliário ou engenheiro diagnóstico. A NBR 14.653-1/2001 cita ainda que “nenhuma avaliação poderá prescindir da vistoria. Em casos excepcionais, quando for impossível o acesso ao bem avaliado, admite-se a adoção de uma situação paradigma, desde que acordada entre as partes e explicitada no laudo” (ABNT, 2001, p. 7). O objetivo da vistoria é conhecer e caracterizar o bem que está sendo avaliado e sua adequação ao seu respectivo segmento de mercado, proporcionando condições para a orientação da coleta de dados. As vistorias devem sempre ser realizadas pelo próprio avaliador (LIMA, 2013). FIGURA 2 – EXEMPLO VISUAL DE CHECK-UP PREDIAL PARA VISTORIA FONTE: https://goo.gl/aSnMVx. Acesso em: 4 out. 2018. “nenhuma avaliação poderá prescindir da vistoria. Em casos excepcionais, quando for impossível o acesso ao bem avaliado, admite-se a adoção de uma situação paradigma, desde que acordada entre as partes e explicitada no laudo” (ABNT, 2001, p. 7). 22 Avaliação de Imóveis A compra de imóveis em leilões judiciais ou extrajudiciais pode ser um bom negócio, resultando em uma boa economia no momento do arremate. Porém, em muitos casos, os futuros interessados pelos imóveis subestimam a necessidade de acompanhamento de um profissional durante a vistoria preliminar ou simplesmente não a fazem. Isto pode resultar em muitos problemas futuros, conforme descrito abaixo: • Subestimar a reforma necessária: Imóveis que vão a leilão po- dem estar em péssimo estado de conservação, dependendo dos imbróglios pelos quais passaram até chegar à situação extrema de serem leiloados. Ainda que o investidor visite a propriedade antes do leilão – o que é fundamental –, ele pode não ter noção da extensão da reforma necessária. É preciso pelo menos contar com a ajuda de alguém com experiência no assunto para estimar o custo da obra. • Não visitar o imóvel e comprar um produto de má qualidade: Este é um dos piores erros que o participante de um leilão pode cometer. A visita deve ser minuciosa e acompanhada por profissionais que possam detectar problemas não aparentes. Se o imóvel for resi- dencial, e o morador se recusar a abrir a porta para os visitantes, é preciso no mínimo ver a localização da propriedade e tentar apurar com funcionários do condomínio e vizinhos sobre suas condições. Quem não visita o imóvel corre o risco de comprar o pior apartamento do prédio ou um imóvel com uma localização aparentemente boa, mas cheia de problemas – com vista para uma favela, numa rua de feira ou extremamente barulhenta por causa da vida noturna, entre outros problemas difíceis de detectar apenas com o Google Maps. A polêmica se agrava ainda mais nos casos de leilões eletrônicos ou “leilões virtuais”, pois a probabilidade de não ocorrer a visita é maior. Segundo Passos Filho (2007), neste momento o consumidor pode valer-se do direito de arrependimento previsto no Código de Defesa do Consumidor (CDC), garantindo a ele a possibilidade de desistir do contrato celebrado fora do estabelecimento comercial do fornecedor no prazo de sete dias. Esta prática surge para proteger o consumidor de práticas como o marketing direto, que se aproveita do comportamento impulsivo por parte do consumidor. A questão torna-se tormentosa quando avaliada se sua aplicação é ou não 23 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 direito de arrependimento para as compras realizadas via internet. Os questionamentos acerca do tema giram em torno do art. 49 do CDC, abaixo transcrito: Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de sete dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio (BRASIL, 1990). FONTE: https://casa.abril.com.br/casas-apartamentos/por-que-comprar-imovel- em-leilao-e-uma-cilada-para-amadores/. Acesso em: 10 out. 2018. É sempre recomendável registrar as características físicas do imóvel e sua forma de utilização, além de outros aspectos relevantes que contribuem para a formação do valor, que podem ser feitos por meio de fotos, filmes, gravações, levantamentos in loco, entre outros recursos. Quando disponível, deve-se analisar documentos complementares, como estudos, projetos ou perspectivas tecnológicas que possam influenciar no valor do bem avaliado. Mesmo assim, caso o imóvel apresente “vícios” ou problemas preexistentes, que sejam de conhecimento do alienante (aquele que está transferindo para outro a sua propriedade), o comprador pode desfazer-se do bem, caso haja desproporção em relação ao valor avaliado e efetivamente pago. O comprador pode, ainda, ingressar com ação visando o abatimento do valor, ou até mesmo a rescisão do contrato, conforme os arts. 441 a 443 da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, abaixo transcrita: Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço. Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato (BRASIL, 2002). O IBAPE-SP (2011) ratifica a recomendação da NBR 14.653-1/2001 de que a vistoria é imprescindível para avaliação do bem, registrando suas características físicas e outros aspectos relevantes à formação do seu valor. Caso não seja possível o acesso ao interior do imóvel, o motivo deve ser justificado no laudo de avaliação. Para estes casos, a avaliação pode ter continuidade com base em uma situação presumida, utilizando outros elementos possíveis de obter, como: 24 Avaliação de Imóveis • Descrição interna do imóvel. • Vistoria externa das áreas comuns, em outras unidades correlatas do mesmo edifício, quando for o caso de apartamentos, escritórios ou conjuntos habitacionais. • Vistoria externa, no caso de unidades isoladas. A fim de obter uma maior quantidade de dados, a vistoria deve ser complementada com a investigação da vizinhança e da adequação do bem ao segmento de mercado em avaliação, com identificação de fatos atípicos, sejam eles para valorização ou desvalorização. O IBAPE-SP (2011) também estabelece alguns critérios a serem observados para a caracterização de terrenos, como: • Localização: posicionamento no contexto urbano e via pública, com indicaçãode limites e divisas, definidas de acordo com o posicionamento do observador, devendo ser obrigatoriamente explicitada. • Aspectos físicos: dimensões, forma, topografia, consistência do solo. • Equipamento comunitário e infraestrutura urbana disponível. • Utilização atual e vocação, confrontando com as restrições físicas e legais quanto à ocupação e ao aproveitamento. • Outras situações que podem ser consideradas relevantes. Para compreender melhor as informações que podem ser utilizadas para compor um laudo de avaliação de terrenos, você pode visitar o site https://www.rymerleiloes.com.br/principal/pub/ Image/20170523023332LAUDO_-_LOTES_07_e_09_-_S_O_ PEDRO_DA_ALDEIA_-_RJ_-_FEV_2017.pdf, que apresenta um laudo elaborado para a avaliação de dois lotes localizados na cidade de São Pedro da Aldeia, no Estado do Rio de Janeiro. Em relação à caracterização de edificações e benfeitorias existentes, pode- se citar (IBAPE-SP, 2011, p. 9): • Aspectos físicos: construtivos, qualitativos, quantitativos e tecnológicos. • Aspectos funcionais: arquitetônicos, de projetos, paisagísticos e funcionais. • Aspectos relacionados com o estado de conservação: eventuais desgastes ou danos de qualquer origem. A fim de obter uma maior quantidade de dados, a vistoria deve ser complementada com a investigação da vizinhança e da adequação do bem ao segmento de mercado em avaliação, com identificação de fatos atípicos, sejam eles para valorização ou desvalorização. 25 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 • Pesquisar a idade real da edificação: descrever a existência de edificações e benfeitorias que não constem na documentação. Sobre a caracterização da região, esta pode ser efetuada conforme os seguintes critérios (IBAPE-SP, 2011, p. 9): • Aspectos econômicos: analisar as condições socioeconômicas quando forem relevantes para o mercado. • Aspectos físicos: analisar tipo de relevo e consistência do solo. • Localização: situação no contexto urbano, com indicação das principais vias e polos de influência na região. • Uso e ocupação do solo: vocação existente e indicação da lei de zoneamento que rege o uso e ocupação do solo. • Infraestrutura urbana: pavimentação, redes de água fria, de esgoto, de energia elétrica, de gás canalizado, de telefone e iluminação pública, sistema de trans- porte coletivo, coleta de lixo, águas pluviais etc. • Tipo de atividades desenvolvidas no entorno: comércio, indústria e serviços. • Equipamento comunitário e de serviços: segurança, educação, saúde, cultura, lazer, templos religiosos etc. Outra situação que pode ocorrer é a vistoria por amostragem. Quando existir uma situação de avaliação de um conjunto de unidades autônomas padronizadas, é permitida a vistoria interna por amostragem aleatória de uma quantidade predefinida pelas partes, ou se houver omissão no contrato, de um percentual mínimo de 10% do total das unidades de cada bloco ou conjunto de unidades do mesmo tipo (IBAPE-SP, 2011). 2.4 A PERÍCIA DE IMÓVEIS A perícia de uma edificação pode ser definida como a determinação da origem, causa e mecanismo de ação de um fato, condição ou direito relativo a uma edificação (GOMIDE; NETO; GULLO, 2009). A NBR 14.653- 1/2001 define a perícia como “atividade técnica realizada por profissional com qualificação específica, para averiguar e esclarecer fatos, verificar o estado de um bem, apurar as causas que motivaram determinado evento, avaliar bens, seus custos, frutos ou direitos” (ABNT, 2001, p. 5). Portanto, a perícia é uma atividade técnica, que, conforme a situação ou decisão judicial, poderá ser ou não um trabalho desenvolvido pelo gestor imobiliário. A NBR 14.653- 1/2001 define a perícia como “atividade técnica realizada por profissional com qualificação específica, para averiguar e esclarecer fatos, verificar o estado de um bem, apurar as causas que motivaram determinado evento, avaliar bens, seus custos, frutos ou direitos” (ABNT, 2001, p. 5). 26 Avaliação de Imóveis Com base em pesquisas na literatura disponível, Presotto et al. (2017) apresentam uma explanação sobre algumas perícias nos seus diversos tipos de ações: • Ordinária: de forma abrangente e complexa, a indenização é motivada por vícios de construção ou danos provocados a terceiros e demais envolvidos na atuação pecuniária que implique em apuração e parecer técnico. Também incluem as ações de complementação de área, cabíveis nas vendas tipo “ad mensuram”, definidas por metragem exata de área vendida, onde o autor re- quer a diferença entre a área adquirida e a existente, e aquela constante do título equivocado ou planta de aquisição, sendo definidas pelo Código Civil, nos arts. 500 e 501 conforme abaixo: Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço. § 1º Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio. § 2º Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso. § 3º Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus. Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título (BRASIL, 2002). • Vistoria cautelar: é aquela onde se realiza uma fiscalização prévia em imóveis vizinhos, antes da instalação de um canteiro de obras, quando há suspeita de riscos iminentes ou algum cenário que possa ter como causa a desatenção, vício ou mau uso do bem. • Renovatória e revisional: visam estabelecer um valor justo de locação para um imóvel. Nas ações renovatórias, relativas a imóveis comerciais, entre um ano e seis meses antes do final do contrato de aluguel com prazo mínimo de cinco anos, o inquilino solicita em juízo sua renovação por igual período, dispo- nibilizando o pagamento inferior ao de mercado na maioria dos casos. Para as ações revisionais, o bem pode ser um imóvel comercial ou residencial, sendo que nestes casos a perícia estabelece um novo valor para o aluguel, conside- 27 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 rando o atual como defasado. Estas ações são previstas na Lei 8.245, sobre as locações de imóveis urbanos (BRASIL, 1991). • Demarcatória: refere-se a assuntos de terras (lotes, terrenos, entre outros), exigindo os trabalhos de um perito que tenha conhecimento de topografia e agrimensura, que efetuará os trabalhos de demarcações, levantamento das dimensões e áreas definidas, podendo estar acompanhado ou não de peritos arbitradores que comprovem ou não as medidas encontradas. • Reintegração de posse e reivindicatória: situação onde ocorre a invasão ou expropriação, sendo da competência do perito levantar dados topográficos que confirmem que as divisas reais coincidem com aquelas descritas nos docu- mentos. A reintegração de posse é definida como a ação possessória utilizada para reintegrar o proprietário na posse perdida do imóvel, nos casos de “esbu- lho” (posse perdida) e manutenção de posse para mantê-lo no caso de posse ainda nãoperdida, mas que está sendo ameaçada em virtude de perturbação. A reivindicatória é a ação que não discute o direito de posse, mas o direito de propriedade, que foi perdida e que se busca retomar. • Usucapião: é quando a posse do imóvel ocorre por um determinado tempo, sendo responsabilidade do perito a definição do que é, de fato, usufruído pelo requerente. A configuração de usucapião é dada conforme a Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, conforme abaixo: Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir- se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e 28 Avaliação de Imóveis cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex- cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011) § 1º O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida, mediante usucapião, a propriedade imóvel. Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo constituirá título hábil para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé. Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião (BRASIL, 2002). • Nunciação de obra nova e embargo: quando há o risco iminente a terceiros, por exemplo, as escavações que podem resultar em desmoronamentos de áreas vizinhas, ou a execução de fundações que, por excesso de vibração, pode pro- vocar fissuras nas estruturas e vedações de edificações vizinhas. O perito deve fundamentar seu parecer de modo a distanciar a responsabilidade por prejuízos por lucros cessantes, resultando de um embargo ou nunciação de obra. No caso específico de perícia judicial para desapropriações, por exemplo, a legislação referente ao assunto dá margem para o início de muitos casos de avaliações de propriedades, quer seja o poder expropriante de algum governo (municipal, estadual ou federal) ou empresa concessionária de serviços públicos. As indenizações pagas pelos bens expropriados têm como base as avaliações técnicas, e negociadas de forma amigável ou litigiosa perante os tribunais. Neste caso a perícia tem como finalidade exclusiva a determinação do real valor venal do imóvel ou objeto da ação, sendo característica legal destas ações a garantia de indenização prévia e justa, em dinheiro (exceto nas ocorrências previstas em lei) (PRESOTTO et al., 2017). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12424.htm#art9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1207 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1242 29 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 A perícia judicial também pode ser contratada para a determinação do valor de locação de propriedades, que interessa tanto aos donos de imóveis (locadores), como aos inquilinos (locatários). Quando não há acordo no caso de locações comerciais, define-se pela execução de uma avaliação judicial, gerando ações de renovação de contrato e de revisão de aluguel (LIMA, 2013). Outra modalidade é a perícia extrajudicial que, em função de suas características principais, tem sua contratação efetuada entre as partes envolvidas no problema que se quer resolver, sendo de forma espontânea e livre. Cardoso (2018, p. 330) cita alguns exemplos: • perícia para determinação de valor correto de bens, direitos e haveres patrimo- niais para empresas, inclusive para os fins de incorporação de valores decor- rentes de reavaliação do ativo e patrimônio empresarial; • perícias para avaliação de negócios e contratos imobiliários, incluindo os rela- cionados ao fundo de comércio; • pericias para avaliação patrimonial de empresas visando cisão, fusão, incorpo- ração, negociação ou transformação de empresas; • perícia para avaliação de valores, haveres e bens com fim de pagamento de indenizações ou ressarcimentos de valores parcialmente cumpridos e que de- mandem complementação de pagamentos. Este tipo de perícia é conhecido como “perícia amigável” ou “perícia contábil”. As perícias extrajudiciais, assim como as perícias judiciais, visam esclarecer dúvidas e fundamentar decisões sobre fatos que envolvem a relação entre as partes interessadas, demandando a análise, interpretação e opinião de profissionais e técnicos com competências e capacidades reconhecidas para auxiliar na tomada de decisão sobre fatos controversos. As perícias extrajudiciais não dependem da tramitação e requisição judicial para que sejam realizadas. Porém, caso a controvérsia entre as partes tenha continuidade, chegando ao ponto de determinar a instauração de processo judicial para resolvê-la, há a possibilidade, a critério do juiz, de que seus documentos e resultados sejam absorvidos como meio de provas (CARDOSO, 2018). Ainda na modalidade extrajudicial, Presotto et al. (2017) citam as perícias para análises de patologias das edificações. Na área dos danos (patologias) às edificações, são necessários laudos e pareceres de vistorias para entrega das chaves, vistoria de entorno, patologias variadas, entre outros. Ou seja, desde problemas estruturais até problemas com revestimentos, desplacamento de fachadas, anomalias nas esquadrias, irregularidades na impermeabilização, infiltrações tanto em tubulações, quanto pela falta de conservação dos imóveis. Outra situação ainda são os casos de herança, onde há vários interessados 30 Avaliação de Imóveis na avaliação precisa de seus bens. Normalmente, em primeiro lugar, os herdeiros, interessados nos valores atualizadospara utilização como base na partilha de bens. Em segundo lugar, os órgãos governamentais (federais e estaduais), interessados em receber os impostos devidos (LIMA, 2013). Portanto, como pode-se perceber, existem ainda diversas formas de realização de perícias, proporcionando um vasto campo de atuação, seja na esfera judicial ou extrajudicial, pública ou privada. 4) Até aqui você aprendeu as definições e características sobre avaliação de imóveis, vistoria e perícia. Vamos praticar e recapitular estes conceitos? De acordo com as afirmativas abaixo, assinale V para verdadeiro e F para falso. ( ) Diferente da perícia, a avaliação de imóveis é baseada em critérios subjetivos para valorar um determinado imóvel. ( ) Em situações de desapropriação de imóveis, pode-se contratar tanto a avaliação como a perícia de imóveis. ( ) A vistoria tem como finalidade única identificar o valor de um bem imóvel. ( ) A avaliação de um imóvel pode ser feita por amostragem, tomando como fundamento que dois imóveis iguais localizados em regiões próximas possuem o mesmo valor. ( ) Ao vistoriar dois imóveis com a mesma área construída e as mesmas características, porém administrados por dois proprietários diferentes, deve-se sempre considerar o histórico de manutenções corretivas para a sua valoração. ( ) Em caso de leilões extrajudiciais, o trabalho de avaliações imobiliárias pode auxiliar na composição do preço de edital. ( ) A avaliação de imóveis tem como finalidade principal determinar as causas de um fato ocorrido. ( ) Caso não seja possível acessar o interior do imóvel, outras informações, por exemplo, os projetos arquitetônicos, estruturais, de instalações hidrossanitárias e elétricos, podem ser utilizadas como base para o laudo de avaliação. ( ) Em sinistros de imóveis, como nas situações de incêndio prolongado, o trabalho técnico a ser contratado para efetuar juízo sobre o imóvel é a avaliação. 31 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 3 NORMAS BRASILEIRAS PARA A AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS As normas técnicas, principalmente aquelas elaboradas pela ABNT, estabelecem regras e procedimentos para todas as categorias que envolvem as diversas atividades produtivas, como os processos construtivos, industriais e mercantis. Gomide, Neto e Gullo (2009) ressalta que as normas técnicas são consideradas documentos com teor científico, devendo ser utilizadas como prescrições técnicas para serviços e produtos executados em suas respectivas áreas. Portanto, as normas técnicas podem ser consideradas como a consolidação da tecnologia em uma determinada área de conhecimento técnico, ou seja, o estado da arte no momento de sua publicação, passando pelo crivo da comunidade técnica. Sob este ponto de vista, a função principal das normas é criar regras uniformizadas, orientando, padronizando, balizando e depurando o mercado, ou seja, permitindo o registro do aprendizado através da sua reprodução, obtendo os resultados esperados. Este conjunto de regras resguarda e protege quem produz (produtores em geral) e quem utiliza o produto ou serviço (consumidores). Além disso, a aplicação das normas técnicas também acaba excluindo do mercado, a priori, aqueles que se afastam das boas práticas ou das premissas estabelecidas nas normas. 3.1 A EVOLUÇÃO DAS NORMAS DE AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS NO BRASIL Conforme citado na seção anterior, os primeiros trabalhos ou artigos sobre avaliação de imóveis no Brasil foram publicados no início do século XX, por volta de 1918, em revistas técnicas de engenharia do Estado de São Paulo. Porém, foi na década de 50 que foram elaboradas as primeiras normas de avaliação de imóveis, organizadas por entidades públicas e institutos voltados para a engenharia de avaliações. O primeiro anteprojeto de norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) foi lançado em 1957, sucedido por outros, de grande importância, elaborados por institutos do ramo (ABNT, 2001). 32 Avaliação de Imóveis Relembre que nesta mesma década também surgiram os primeiros institutos brasileiros de engenharia de avaliações, como o Instituto de Engenharia Legal no Rio de Janeiro e o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo. Em paralelo com a época da grande demanda por desapropriações na década de 60, a área de avaliação de imóveis ganha relevância, quando foram realizados estudos por comissões de profissionais dedicados a perícias e avaliações judiciais (ABNT, 2001). Em 1977 surge a primeira norma brasileira específica para a avaliação de imóveis urbanos, a NBR 5.676 (NB-502) da ABNT. A principal novidade foi o estabelecimento de níveis de precisão para as avaliações. Nesta mesma época a ABNT passa a produzir outras normas de avaliações, envolvendo imóveis rurais, unidades padronizadas, máquinas, equipamentos e complexos industriais, bem como glebas urbanizáveis (ABNT, 2001). Já no final da década de 80, em 1989, a norma brasileira para avaliação de imóveis urbanos é revista, sendo registrada no INMETRO como NBR 5.676 (ABNT, 2001). Segundo Kuhn, Pereira e Nerbas (2012), os estudos na área de avaliações evoluíram e, em 2001, foi publicada a primeira parte da norma para Avaliações de Bens, a NBR 14.653. Essa norma e suas partes substituíram a NBR 5.676/90 (Avaliação de Imóveis Urbanos), a NBR 8.799/85 (Avaliações de Imóveis Rurais), a NBR 8.951/1985 (Avaliação de Glebas Urbanizáveis) e outras normas não específicas para bens imóveis. Em 2004 é publicada a NBR 14653-2 – Avaliação de Bens – Parte 2: Imóveis Urbanos, que passou a distinguir e classificar as avaliações pelo grau de fundamentação e pelo grau de precisão, além de novos fatores, os quais foram computados de forma somatória ao invés de multiplicativa. Recentemente, em 2011, foi efetuada a revisão da NBR 14653-2, em especial quanto aos requisitos para o grau de fundamentação e precisão, estando em vigor até hoje. 33 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 1) Em linhas gerais, o aumento pela demanda de certos produtos ou serviços normalmente acarreta em avanços nas normativas ou diretrizes que norteiam as atividades técnicas, como a de avaliação de imóveis. Assim, com base nisto, explique qual o(s) ponto(s) principal(is) que conduziram à criação e evolução das normas que utilizamos hoje em dia. Pesquise sobre o assunto em sites e livros para ampliar sua resposta e seus conhecimentos. 3.2 A NBR 14.653 – AVALIAÇÃO DE BENS Nos processos de avaliações imobiliárias, para que as informações possam ser transmitidas de forma correta, os conceitos e definições utilizados nos documentos gerados devem ser uniformizados, de modo que outros profissionais da área possam compreender e aplicar estas informações. Utilizando-se a linguagem adequada, conflitos podem ser minimizados, evitando demoras e retrabalhos nas atividades. Assim, visando contemplar estes conceitos, bem como os métodos e procedimentos de avaliação, foram elaboradas as Normas Brasileiras para Avaliação de Bens, também aplicáveis aos imóveis, conforme definido anteriormente. A ABNT, fundada em 1940, é o órgão responsável pela normatização técnica no Brasil, fornecendo a base necessária para o desenvolvimento tecnológico nacional. Esta associação é uma entidade privada, sem fins lucrativos, sendo a única entidade brasileira responsável por normatizações, conforme determina a Resolução 7 do Conmetro de 24 de agosto de 1992. O trecho desta resolução é abaixo descrito: [...] considerando a conveniência de descentralizar a atividade de normalização na direção dos setores produtivos e, como consequência, a necessidade de homogeneizar a atuação e integrar as diversas entidades que atuarão na atividade de normalização; resolve: [...] 2 - Designar a Associação Brasileira de Normas Técnicas — ABNT comoo Foro Nacional de Normalização. [...] 34 Avaliação de Imóveis 3 - Delegar à Entidade Foro de Normalização - ABNT a execução do credenciamento de Organismos de Normalização Setorial — ONS (BRASIL, 1992, p. 1). A responsabilidade e elaboração do conteúdo das normas técnicas fica a cargo dos Comitês Brasileiros (ABNT/CB) e dos Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS). São elaborados por Comissões de Estudo (CE), compostas por representantes dos setores envolvidos, como os produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios, entre outros). Os projetos de Norma Brasileira, elaborados no âmbito dos CB e NOS, circulam para Votação Nacional entre os associados da ABNT e demais interessados (KUHN; PEREIRA; NERBAS, 2012; LIMA, 2013). Você sabia que o envolvimento no processo de normalização é aberto para qualquer parte interessada? Participar das decisões destes documentos é uma atividade importante do profissional, pois as decisões tomadas e registradas balizarão o comportamento do mercado, bem como eventuais decisões judiciais! A ABNT cita as seguintes formas de participação: • Solicitando a elaboração de um Documento Técnico ABNT – Qualquer pessoa pode demandar a elaboração de um Documento Técnico ABNT, para problemas existentes ou potenciais, que sejam recorrentes em diversas empresas. Para isto, deve encaminhar uma solicitação à Gerência de Planejamento e Projetos, preenchendo o Formulário de Demanda (https://goo.gl/ PbqaB6). Destaca-se que os Documentos Técnicos ABNT ficam disponíveis para que qualquer interessado possa desenvolver o mesmo produto, sistema ou processo. Dessa forma, não é possível elaborar Documentos Técnicos ABNT para produtos patenteados. • Participando da elaboração de uma Norma Brasileira – Os representantes das partes interessadas no assunto em questão podem participar das reuniões das Comissões de Estudo (CE) responsáveis pela elaboração ou revisão da Norma. Basta solicitar sua participação na Comissão de Estudo pelo link https://www.abntcatalogo.com. br/ssl/login.aspx. Os trabalhos das Comissões de Estudo podem ser acompanhados pelo ABNT Livelink https://isolutions.iso.org. É possível entrar em contato direto com os Comitês Técnicos de seu interesse pelos e-mails e telefones disponíveis na listagem presente em http://www.abnt.org.br/normalizacao/comites-tecnicos. https://goo.gl/PbqaB6 https://goo.gl/PbqaB6 https://www.abntcatalogo.com.br/ssl/login.aspx https://www.abntcatalogo.com.br/ssl/login.aspx 35 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 • Fazendo recomendações aos Projetos de Norma – Quando a CE aprova o texto-base, este é adequado e editorado como Projeto de Norma e é disponibilizado em Consulta Nacional. Nesta fase, qualquer pessoa pode recomendar a aprovação ou desaprovação do texto, ou sugerir modificações. A Consulta Nacional pode ser acessada pelo site www.abnt.org.br/consultanacional. • Revisitando o conteúdo das Normas Brasileiras – Todos os anos, as Normas Brasileiras que completaram cinco anos de publicação têm seu conteúdo analisado em um processo chamado Análise Sistemática. Neste momento é feita uma Consulta Nacional específica à sociedade, para avaliar a necessidade de tais normas serem revisadas, mantidas ou canceladas, pelo site www.abnt. org.br/consultanacional. FONTE: http://www.abnt.org.br/normalizacao/elaboracao-e- participacao/como-participar. Acesso em: 4 out. 2018. A série de normas da ABNT NBR 14.653 é formada por sete partes, com o título geral de Avaliação de Bens, desempenhando seu papel de referência, indicando procedimentos gerais, definindo conceitos, métodos e diretrizes para os serviços técnicos de avaliação de bens (ou imóveis), conforme abaixo (KUHN; PEREIRA; NERBAS, 2012; LIMA, 2013): • NBR 14.653-1/2001 (Parte 1) – Procedimentos Gerais: apresenta os procedi- mentos gerais, aplicados a todos os tipos de imóveis e empreendimentos que demandam a elaboração de documentos técnicos escritos no campo da enge- nharia de avaliações. • NBR 14.653-2/2004 (Parte 2) – Imóveis Urbanos: define critérios a serem se- guidos na avaliação de bens imóveis urbanos, descritos como “imóvel situado dentro do perímetro urbano definido por lei” (ABNT, 2004, p. 3). • NBR 14.653-3/2004 (Parte 3) – Imóveis Rurais: define os procedimentos uti- lizados para a avaliação de imóveis rurais, definidos como “imóvel com voca- ção para a exploração animal ou vegetal, qualquer que seja a sua localização” (ABNT, 2004, p. 2). • NBR 14.653-4/2002 (Parte 4) – Empreendimentos: dispõe sobre os procedi- mentos técnicos para a avaliação de empreendimentos, definidos como o “con- junto de bens capaz de produzir receitas por meio de comercialização ou ex- ploração econômica. Pode[m] ser imobiliário[s] ou de base imobiliária” (ABNT, 2002, p. 2). • NBR 14.653-5/2006 (Parte 5) – Máquinas, equipamentos, instalações e bens industriais em geral. http://www.abnt.org.br/consultanacional http://www.abnt.org.br/normalizacao/consulta-nacional/analise-sistemica http://www.abntonline.com.br/consultanacional/ http://www.abntonline.com.br/consultanacional/ 36 Avaliação de Imóveis • NBR 14.653-6/2008 (Parte 6) – Recursos naturais e ambientais. • NBR 14.653-7/2009 (Parte 7) – Bens de patrimônios históricos. O nosso foco de estudo serão as partes 1 a 4 da NBR 14.653, que tratam especificamente da avaliação de bens imóveis e suas respectivas etapas. O objetivo da NBR 14.653 é estabelecer diretrizes para a avaliação de bens, quanto a (ABNT, 2004): • Classificação da sua natureza. • Instituição de terminologia, definições, símbolos e abreviaturas. • Descrição das atividades básicas. • Definição da metodologia básica. • Especificação das avaliações. • Requisitos básicos de laudos e pareceres técnicos de avaliação. 3.3 NBR 12.721 – AVALIAÇÃO DE CUSTOS UNITÁRIOS E PREPARO DE ORÇAMENTOS DE CONSTRUÇÃO PARA INCORPORAÇÃO DE EDIFÍCIO EM CONDOMÍNIO Outra norma brasileira utilizada para a avaliação imobiliária é a NBR 12.721/1999, sob o título “Avaliação de custos unitários e preparo de orçamento de construção para incorporação de edifício em condomínio”. Esta norma trata da classificação das edificações de acordo com o padrão de construção que, quanto ao sistema construtivo, podem ser classificados em padrão normal, baixo e alto. Entender a classificação do padrão da construção de uma edificação é essencial para definir um projeto padrão, utilizado na avaliação imobiliária. Conhecer esta classificação auxilia na identificação do sistema construtivo adotado para o bem (KUHN; PEREIRA; NERBAS, 2012). A NBR 12.721/1999 é utilizada para a determinação de orçamentos nos métodos de avaliação que serão estudados posteriormente. Quanto à obtenção destes documentos, as leis federais podem ser encontradas no site do Governo Federal www.planalto.gov.br>, de forma gratuita, 37 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 enquanto as normas da ABNT podem ser adquiridas nos locais de atendimento, nos postos de intermediação de produtos ABNT ou pelo endereço eletrônico www. abnt.org.br. Quer saber qual comitê efetua os trabalhos referentes às NBRs 14.653 e 12.721? A ABNT/CB – 002 – Comitê Brasileiro de Construção Civil é o responsável por esta coordenação, atuando no seguinte âmbito: Normalização no campo da construção civil, no que concerne a edificações, compreendendo: terminologia; projeto de estruturas, independente do material da construção; organização de informações de projeto e construção; requisitos geométricos gerais para construção e elementos construtivos, incluindo coordenação modular e seus princípios básicos; regras gerais para juntas, limites e tolerâncias; regras gerais para outros requisitos de desempenho de construção e sistemas construtivos incluindo a coordenação destes com os requisitosde desempenho; projeto de ambiente interno de novos edifícios e modernização de existentes visando a sustentabilidade (incluindo conservação de energia e eficiência energética). Ambiente interno inclui fatores térmicos, acústicos e visuais e qualidade de ar; projeto e execução de obras e serviços da construção, visando a segurança de trabalhadores; gerenciamento e custos da construção, incluindo estudos de viabilidade, orçamentos, organização do empreendimento, contratação, recebimento de obras e serviços; manutenção de edificações incluindo elaboração de manuais de uso e avaliação pós-ocupação. FONTE: http://www.abnt.org.br/cb-02. Acesso em: 4 out. 2018. 38 Avaliação de Imóveis 3.4 A OBRIGATORIEDADE NO ATENDIMENTO ÀS NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRAS O objetivo principal das normas técnicas é o benefício da sociedade, sendo, portanto, instrumentos de meio para se obter um determinado fim. Gomide, Neto e Gullo (2009, p. 32) cita o seguinte sobre a obrigatoriedade no atendimento às normas técnicas: Independentemente das questões da obrigatoriedade, as normas devem ser consideradas como instruções técnicas para que determinados resultados, classificados como satisfatórios naquele instante (temporal), possam ser atendidos. Nesse sentido, as mesmas podem não assumir caráter imperativo, em certas condições. Pondera-se que os procedimentos e produtos sofrem inovações ao longo do tempo e os resultados a serem atingidos, os requisitos podem ser alcançados, através de meios, processos ou procedimentos ainda não contemplados em normas, sem representar perda da qualidade. Além disso, muitas normas, em função da necessidade de atualização, ainda precisam ser revisadas. Portanto, a obrigatoriedade ao atendimento não é um absoluto incondicional, porém, ao mesmo tempo, destaca-se que o não atendimento às normas pressupõe que o fabricante ou produtor tem a capacidade de provar, sempre que necessário, o atendimento às condições e requisitos mínimos de qualidade e segurança exigidos pelo consumidor. Da mesma forma, o produto disponibilizado no mercado deve ser reconhecido pela comunidade técnica, mesmo que este seja inovador e não haja norma apropriada (GOMIDE; NETO; GULLO, 2009). Gomide, Neto e Gullo (2009) ainda cita o ponto de vista do jurista Carlos Pinto Dei Mar no 3º Seminário de Normas Técnicas - Secovi/ Sinduscon realizado em dezembro de 2008, comentando que “o atendimento às normas é uma presunção de regularidade”, ou seja: • se as normas tiverem sido obedecidas, há presunção de regularidade; • se as normas não tiverem sido obedecidas, há presunção de irregularidade; • essa presunção admite prova em contrário; • cabe a quem deixou de cumprir a norma o “ônus da prova” ou provar o contrá- rio. 39 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 2) A atividade do avaliador de imóveis deve ser devidamente fundamentada em documentos técnicos conforme o tipo específico de imóvel que está sendo avaliado. Assim, considere que você precisa efetuar uma avaliação imobiliária para o proprietário de uma galeria de lojas comerciais, que obtém renda mensal a partir dos aluguéis recebidos. Nesta situação, qual documento técnico você utilizaria como base para seus trabalhos? Em caso de questionamento judicial sobre seus trabalhos, qual fundamentação você apresentaria? 4 AS DIFERENTES ATUAÇÕES DO AVALIADOR DE IMÓVEIS E A LEGISLAÇÃO A avaliação e a perícia de imóveis são atividades essencialmente técnicas, que demandam qualificações específicas. Portanto, é importante entender a legislação vigente e as competências profissionais envolvidas nesses processos. Devido à própria atividade e dinâmica do mercado, os bens imóveis necessitam de avaliações para definir o seu valor de mercado, baseado na compra e venda, praticada pelo gestor imobiliário (KUHN; PEREIRA; NERBAS, 2012). Em diversas profissões verifica-se a prática da reserva de mercado, ou seja, a regulamentação do seu exercício por meio de leis federais. Os seguintes órgãos de classe podem ser relacionados, de acordo com as respectivas profissões (KUHN; PEREIRA; NERBAS, 2012): • Cofeci (Confederação Nacional de Corretores de Imóveis): corretores de imó- veis e gestores imobiliários. • Confea (Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura): engenheiros e agrô- nomos. • CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil): arquitetos e urbanistas. • OAB (Ordem dos Advogados do Brasil): advogados. Portanto, no desenvolvimento de alguns trabalhos específicos, conflitos de competência entre diferentes profissionais podem ocorrer. Por exemplo, entre advogados e corretores de imóveis, um ponto de sobreposição de atividades é a 40 Avaliação de Imóveis assessoria imobiliária que, de acordo com o Estatuto da OAB, é ato privativo do advogado. Porém, em situações práticas, quem elabora contratos de compra e venda e outros instrumentos relacionados ao negócio jurídico é o corretor de imóveis (KUHN; PEREIRA; NERBAS, 2012). O avaliador imobiliário ou responsável técnico, conforme cada tipo de trabalho a ser desenvolvido, deve conhecer a legislação e as normas específicas, como as leis municipais, estaduais e federais, além das normas técnicas vigentes e regulamentos dos órgãos responsáveis. O exercício profissional deve ser o primeiro ponto a ser analisado, com base na premissa de qual deve ser a qualificação profissional necessária para elaborar um parecer técnico de estudo de mercado. O gestor imobiliário é habilitado para avaliar o valor de mercado de um imóvel, porém, quando houver a necessidade de avaliar técnicas e sistemas construtivos, bem como suas implicações nas edificações, esta atividade deverá ser preferencialmente desenvolvida por um profissional habilitado, inscrito no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) (KUHN; PEREIRA; NERBAS, 2012). Segundo Cardoso (2018, p. 259), os principais clientes dos profissionais da área de avaliação podem ser: • Bancos, como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, bancos privados, que solicitam aos institutos profissionais, a elaboração de laudos para que possam negociar melhor seus títulos, ativos, cobranças, hipotecas, adjudicações etc. • Poder Judiciário, pois quando há necessidade de arbitramento de valor de um bem em um imbróglio, cabe ao perito avaliador, através de métodos rigorosos (como as NBRs), desenvolver seus trabalhos e atribuir-lhe o valor preciso. • Empresas diversas, para que possam saber o valor real de mercado de seus investimentos ou patrimônios, as empresas costumam contratar peritos avalia- dores para endossar suas pretensões financeiras e patrimoniais futuras. • Os consumidores, em geral, pelas mesmas razões acima, deveriam sempre consultar estes profissionais antes de qualquer negociação. O avaliador imobiliário ou responsável técnico, conforme cada tipo de trabalho a ser desenvolvido, deve conhecer a legislação e as normas específicas, como as leis municipais, estaduais e federais, além das normas técnicas vigentes e regulamentos dos órgãos responsáveis. Você sabe como é o trabalho de um avaliador de imóveis e quais os desafios diários a serem superados? Então confira na matéria abaixo elaborada sobre o avaliador de imóveis Roberto Nicastro Capuano ao Estadão em 18 de junho de 2012: De fazenda a edifício-garagem, em São Paulo ou em qualquer lugar do país, Roberto Nicastro Capuano já esteve em todo tipo 41 A Avaliação, a Vistoria e a Perícia de Imóveis: Características, Diferenças E Legislação Capítulo 1 de terreno. Ele é um avaliador de imóveis e, por semana, visita no mínimo duas propriedades para calcular seu valor de mercado. O serviço pode ser requisitado por diversos motivos, mas é comum que avaliadores sejam contratados em caso de divisão de heranças. “Na hora de repartir diversos imóveis familiares, todos querem uma avaliação
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