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E-BOOK THIAGO GARCIA 2 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com APRESENTAÇÃO Olá amigo(a), Neste e-book eu vou te fornecer conhecimentos que ainda não vi ninguém comentando. Com certeza vão despencar nas provas e nos concursos. Antes, porém, quero me apresentar a você. O meu nome é Thiago Garcia. Sou Delegado de Polícia, Professor, Escritor e Palestrante. O meu último livro (Tudo o que você precisa saber sobre: Delegado de Polícia, Lei Maria da Penha e Princípio da Insignificância – Editora Rideel) tem quase 1000 folhas de conteúdo e o prefácio foi escrito pelos maiores juristas do Brasil: Rogério Greco, Cleber Masson, Pedro Lenza, Pedro Barretto, Norberto Avena, Paulo Gustavo Guedes Fontes, Márcio André Lopes Cavalcante, entre outros. Nas redes sociais sou conhecido como “Delta Thiago”, sendo o mais seguido da minha área, com um milhão de seguidores. Divulgo diversos conteúdos para evolução nos estudos, nos concursos e na vida. Participe do meu curso gratuito (Lei dos Crimes Hediondos, atualizada com o Pacote Anticrime) pelo Telegram. Baixe esse aplicativo no seu celular e entre no meu canal (serve para todos os concursos e provas): Delta Thiago. Também tenho um canal de dicas exclusivo para a carreira de Delegado de Polícia: Futuro Delegado. Siga-me no Instagram, no You Tube e no Twitter: Delta Thiago. No Facebook estou como Delegado Thiago. Site: deltathiago.com. Thiago Garcia. 3 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com A APROVAÇÃO NA OAB E NOS CONCURSOS NÃO COMEÇA PELO DIREITO! UM EVENTO QUE PODE MUDAR SUA VIDA! (100% ONLINE E GRATUITO) Você sente que as suas partes mental e sentimental estão ruins? Sente que o seu estudo não está rendendo? Sente que a matéria não fica armazenada no seu cérebro? Já cansou de perder tempo e dinheiro? Quer passar na prova logo para realizar seu sonho e ser feliz? Então tenho algo que vai te auxiliar muito! Abra a mente, tenha humildade para mudar e reflita comigo. Eu também já senti a dor que você está sentindo. Quase passei fome, não tinha livros para estudar, sentia que estava perdido, parecia que a aprovação nunca chegaria. Meu cansaço físico e mental era imenso! O jogo só virou para mim quando descobri o caminho extraordinário. Tive que descobrir tudo isso sozinho, após inúmeras quedas, lágrimas e sangramentos no campo de batalhas. Hoje sou a pessoa que eu queria ter encontrado no meu caminho na época do inferno. Teria sofrido muito menos. Fico estarrecido quando vejo tantas pessoas sofrendo na área das provas e concursos. Por isso tenho contribuído com a minha experiência para a transformação de inúmeras vidas. Você também pode ser resgatado(a) desse buraco! Posso te ajudar a percorrer o caminho que já percorri, topa? Ou quer continuar sofrendo? Vamos lá então! A verdade é que a grande maioria dos estudantes começa o estudo de forma errada. Quase todo mundo foca apenas no jurídico. Não se sinta culpado(a). Isso acontece porque nunca mostraram para você o caminho que reputo ser o mais extraordinário. E não estou falando de métodos fraudulentos que prometem mágicas. Esse caminho que encontrei exige muita ralação, mas essa ralação é com técnica e eficiência. Ralar por ralar não resolve nada! Pare um pouco e pense comigo. Muitos falam por aí: “é só criar vergonha na cara, sentar a bunda na cadeira e estudar. Acredite em você, leia a lei seca etc.”. Esse discurso é raso e simplista! O buraco é bem mais embaixo. Se fosse tão fácil assim, não teríamos tanto sofrimento e reprovações nas provas e nos concursos. 4 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com Entenda que o problema não é jurídico. Com certeza você já teve contato com vários cursos, livros, PDfs, vídeo aulas, certo? Não é por falta de material. Aí mandam você ler centenas de artigos por dia, informativos, socam conteúdo jurídico goela abaixo como se você fosse um robô. Resultado: você começa a se sentir incapaz, pois não consegue absorver tudo isso. O desânimo uma hora chega e a pessoa desiste, já que as dificuldades do estudante são árduas e incomensuráveis (gastos de tempo, de energia mental, de força física, de dinheiro, privações, viagens, materiais de estudo etc.). Quantas vezes te falaram que a aprovação começa antes de abrir o livro/ver a vídeo aula? Como uma cabeça desequilibrada consegue aprender? Como alguém desmotivado consegue entender a matéria? A ansiedade, a falta de vontade, a procrastinação, a autoestima baixa, a ausência de confiança, a impaciência, o desânimo, o medo, enfim, esses e outros obstáculos têm uma causa em comum: a falta de construção de base (intangível). As pessoas começam direto no Direito. Está errado! O Direito é o terceiro passo. O primeiro passo é o intangível (fé, inteligência emocional, crenças, reprogramação mental etc.). O pessoal pula o primeiro passo e depois não sabe o motivo de o estudo não prosperar. O segundo passo são as técnicas de estudo (como fazer resumo, revisão, exercícios, planejamento, memorizar etc.). Quantas vezes até hoje alguém te ensinou a estudar antes de te dar o material jurídico? Ler não é estudar! Ver vídeo aula não é estudar! Estudar é aprender. Estudar é saber armazenar a matéria na sua memória para resgatá-la na hora da prova. É por isso que você sente que o estudo não rende. Quer saber mais sobre tudo isso? Eu farei uma série de transmissões (100% online e 100% gratuito) para falar sobre os três passos desse caminho extraordinário (intangível, técnicas de estudo e Direito). Quero contar como fui aprovado, na primeira tentativa e sem cursinho, na OAB, para Delegado de Polícia, no TRF1, no MPF, no MPSP e em outras provas, mesmo sem livros e carregando o mundo nas costas. Só consegui mudar a minha vida e superar o insuperável porque usei esse caminho extraordinário. Não sou gênio. Apenas fiz o que quase ninguém faz. Esse evento pode mudar a sua vida! Ele já mudou as vidas de vários alunos/seguidores. Já estou há quase uma década tirando a venda dos olhos dos estudantes. Veja alguns depoimentos (recebi inúmeros) sobre o último evento que fiz: 5 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com “Estou com 38 anos. Mas depois da live de ontem mudei a minha visão" (Instagram: @msbarros973). “Muito obrigada, professor!! Foi muito emocionante e inspirador, chorei muito com tanta energia boa" (Instagram: @mariana_machado.mm). "Levam-se anos para aprender na prática algo que nos ensinou em 3 lives" (Instagram: @yanoliveira01). “Quebrando paradigmas e nos ensinando algo que nunca foi dito" (Instagram: @getuliom7). "Sabe quantas reprovações na OAB? Quanto dinheiro e cursos sem resultados? Precisava ouvir vc para a libertação que estou sentindo agora (...) Cara vc é surreal. Muito grata, suas palavras foram libertadoras. Hoje estou até respirando melhor. Muito feliz. Vc é um anjo enviado por Deus" (Instagram: @elizangelateodosio). “Tenho certeza que você resgatou muitas pessoas, assim como eu, que estava sem esperança e expectativa para continuar caminhando" (Instagram: @thaiiscarrijo). "Suas palavras mexeram com o meu interior, venho passando por muitasprovações. Você é um ser humano fantástico. Já está tatuado no meu coração. Muito obrigada por vc existir" (Instagram: @luninaepulga). "Obrigado pelo conteúdo exclusivo de ensinamentos e dicas. Sem sombra de dúvidas, suas palavras e dicas vividas nunca nos foi passadas ou ensinadas" (Instagram: @r2periciass). "Meu Deus. Impactada com sua dedicação. Que amor é esse? Mudando a minha vida" (Instagram: @michelle_nogueira__). "Parabéns, professor. A live de hoje foi extraordinária. Obrigado pela disposição em ajudar a tirar a venda dos concurseiros e concurseiras do Brasil!" (Instagram: @eric.rds). Você receberá as datas das transmissões, os horários e os links de acesso por e- mail. Faça sua inscrição agora, pois falta pouco para o evento começar. É só enviar um e-mail para: contato@deltathiago.com Bora passar o trator, fique com Deus e te vejo no nosso evento! Abraço, Thiago Garcia. mailto:contato@deltathiago.com 6 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com Inicialmente, averbe-se que a Lei nº 13.984, de 3 de abril de 2020, alterou o art. 22 da Lei Maria da Penha (nº 11.340/2006) para criar duas medidas protetivas de urgência novas (incs. VI e VII). Eis a nova redação do art. 22: Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ; II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios; VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio. (grifos nossos) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm 7 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com Qual a natureza jurídica das medidas analisadas no ponto anterior? As medidas protetivas de urgência são consideradas medidas cautelares. Vejamos o seguinte julgado do STJ1: “Diante de sua natureza jurídica penal, para que as medidas protetivas sejam concedidas, deve haver ao menos indícios de autoria e materialidade de delito praticado com violência doméstica e familiar contra a mulher (fumus boni juris) e o perigo da demora (periculum in mora), consubstanciado na urgência da medida, a fim de proteger a mulher de eventual reiteração criminosa.” (grifos nossos) 1 STJ, RHC 33.259/PI, Relator(a): Min. RIBEIRO DANTAS, Quinta Turma, julgado em 17/10/2017. 8 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com Antes do advento da Lei nº 13.984/2020, qual era a posição do Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher2 (FONAVID)? Mesmo sem previsão específica na Lei Maria da Penha, o FONAVID tinha elaborado a seguinte orientação: “ENUNCIADO 26: O juiz, a título de medida protetiva de urgência, poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor para atendimento psicossocial e pedagógico, como prática de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher.” (grifos nossos) 2 “O Fórum Nacional de Juízas e Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Fonavid) foi criado em 31 de março de 2009, durante a III Jornada da Lei Maria da Penha realizada em parceria entre o Ministério da Justiça, SPM e Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O objetivo do programa é manter um espaço permanente de discussões sobre o tema onde os participantes compartilham experiências, definem a uniformização dos procedimentos, decisões dos juizados e varas especializadas em violência doméstica e familiar contra a mulher sob a perspectiva da efetividade jurídica e o aperfeiçoamento dos magistrados e equipes multidisciplinares. Desde 2009, os Tribunais de Justiça Estaduais vêm assumindo o compromisso de organizar e realizar o Fonavid”. Fonte: https://www.cnj.jus.br. 9 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com O rol de medidas protetivas de urgência da Lei Maria da Penha é exemplificativo? Em outros termos, o Juiz pode decretar uma protetiva que não está prevista na referida lista? Uma boa parte da doutrina diz que sim, o rol é exemplificativo! Nas palavras de Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto3: “O disposto no § 1.º do art. 22 da Lei Maria da Penha, deixa claro que o rol de medidas protetivas contidos na lei é meramente exemplificativo, admitindo, pois, ampliação para outras hipóteses além daquelas listadas na Lei Maria da Penha.” Concordamos com os referidos autores. Por outro lado, é necessário fazer uma reflexão mais profunda para o aprimoramento dos estudos. Não temos dúvidas! O rol de medidas protetivas da Lei nº 11.340/2006 não é exaustivo. Isso quer dizer que, ao analisar um caso de violência doméstica, o Juiz pode aplicar uma medida cautelar do Código de Processo Penal para proteger a mulher, por exemplo. Todavia, pensamos que o Juiz não pode adotar uma medida protetiva que não tem previsão legal. Se ela não está na Lei Maria da Penha, no Código de Processo Penal nem na Legislação Extravagante, a decretação é inviável. Aliás, o art. 22, § 1º, da LMP, deixa isso bem claro ao mencionar que “as medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor”. Professor Thiago Garcia, o STJ já analisou esse tema? Sim! Você não tinha essa informação, certo? 3 CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Violência doméstica: Lei Maria da Penha: comentada artigo por artigo. 6. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2015, p. 179. 10 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com No meu livro fiz o seguinte apontamento4: “O STJ decidiu que o Juiz criminal não é dotado de poder geral de cautela para fins restritivos, tendo em vista os estritos limites da legalidade penal e o princípio da presunção de não culpabilidade. A Corte sublinhou que as medidas protetivas de urgência, quando afetarem o status libertatis, obrigatoriamente devem observar o preceito da legalidade. Sob o argumento de fixar medida protetiva, não pode o Magistrado determinar que o agente fica “proibido de sair de casa, exceto para trabalhar”, já que se trata de restrição sem previsão no ordenamentojurídico.” 4 GARCIA, Thiago. Tudo o que você precisa saber sobre: Delegado de Polícia, Lei Maria da Penha e Princípio da Insignificância. São Paulo: Rideel, 2019, p. 182. Julgado comentado: STJ, HC 222.298/SE, Relator(a): Min. JORGE MUSSI, Quinta Turma, julgado em 17/10/2013. 11 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com Qual autoridade pode decretar as novas medidas protetivas? Apenas a autoridade judicial. O Delegado de Polícia só pode decretar a medida protetiva de afastamento do agressor do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida e desde que sejam preenchidos os requisitos do art. 12-C da Lei Maria da Penha (Município não ser sede de comarca etc.). Aproveito a oportunidade para informar que tenho um projeto revolucionário para que o Delegado de Polícia conceda medidas protetivas para todas as mulheres do Brasil, seja ou não o Município sede de comarca. Esse projeto pode ser implementado imediatamente, pois não depende de alteração na lei nem de recursos financeiros. Ele só precisa de união e boa vontade. Quer ler mais sobre isso? Faça o download no meu site: www.deltathiago.com. 12 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com Caso o agressor descumpra as novas medidas protetivas de urgência, quais as consequências para ele? Eis as principais: a) Responsabilização pelo crime do art. 24-A da LMP; b) Possibilidade de decretação de prisão preventiva (art. 20 da LMP e art. 313, inc. III, do CPP); c) Execução de multa, caso o juiz tenha aplicado (art. 22, § 4º, da LMP); d) Requisição de força policial (art. 22, § 3º, da LMP). 13 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com Qual a pegadinha que vai cair na minha prova? O examinador tentará confundir a sua cabeça. Isso porque ninguém presta atenção no final da Lei Maria da Penha (art. 45). Esse dispositivo inseriu o parágrafo único no art. 152 da Lei de Execução Penal. Vejamos: Art. 45. O art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 152. ................................................... Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.” (NR) Destaque-se que, na LEP, esse dispositivo integra a seção “Da Limitação de Fim de Semana”, que está no capítulo “Das Penas Restritivas de Direitos”. Em suma, na sua REDAÇÃO ORIGINAL, a Lei Maria da Penha “criou” um tipo de PENA RESTRITIVA DE DIREITOS relacionada à LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA. Além de estar prevista na LEP, a pena em tela (limitação de fim de semana) conta com previsão no Código Penal (art. 43, inc. VI e art. 48). Os requisitos de conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos estão elencados no art. 44 do citado codex: Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; II – o réu não for reincidente em crime doloso; III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. § 1o (VETADO) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/Mensagem_Veto/1998/Mv1447-98.htm 14 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com § 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. § 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. § 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. § 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá- la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. Sendo assim, agora, após a Lei nº 13.984/2020, o comparecimento do agressor a programas de recuperação/reeducação pode ter duas naturezas jurídicas distintas: 1) de medida protetiva de urgência (art. 22, inc. VI, da LMP); 2) de pena restritiva de direitos (art. 152, parágrafo único, da LEP). A definição da natureza jurídica depende do momento de aplicação. Se for durante o inquérito policial/ação penal, teremos a primeira hipótese; caso seja após a condenação, segunda hipótese. Anote-se que a providência em tela pode ser decretada também antes do inquérito policial/ação penal, hipótese em que será considerada, por óbvio, medida protetiva de urgência (medida cautelar). Sem divergir5: “As medidas protetivas previstas na Lei n. 11.340/2006, observados os requisitos específicos para a concessão de cada uma, podem ser pleiteadas de forma autônoma para fins de cessação ou de acautelamento de violência doméstica contra a mulher, independentemente da existência, presente ou potencial, de processo-crime ou ação principal contra o suposto agressor.” (grifos nossos) 5 STJ, REsp 1419421/GO, Relator(a): Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, Quarta Turma, julgado em 11/02/2014. 15 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com Quer verticalizar ainda mais? Bora pisar fundo no acelerador do trator para os seus concorrentes não alcançarem você? Então vem comigo que te conduzo na guerra! Acabei de falar que a medida protetiva pode ser concedida antes do inquérito policial/ação penal, certo? Pois bem, mas há uma questão importante nesse contexto. Se essa medida protetiva vigorar durante muito tempo, inexistindo um instrumento de persecutio criminis em relação a ela, desaparecendo o motivo que embasou a concessão, esse conjunto de fatores pode gerar a revogação da providência em tela. Sob a ótica do Tribunal da Cidadania6: “In casu, o d. Juízo da Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher impôs contra o recorrente as medidas protetivas elencadas no art. 22, II e III, alíneas "a" e "b" , da Lei n. 11.340/06 (afastamento do lar e proibição de aproximação e de contato com a ofendida e familiares), ante a notícia de suposta prática dos crimes de ameaça e injúria. Mantidas as medidas protetivas há mais de 2 (dois) anos, não consta, entretanto, tenhasido instaurada ação penal referente ao delito de injúria, sendo certo que o MP oficiou pelo arquivamento do inquérito no que dizia respeito ao crime de ameaça. A imposição das restrições de liberdade ao recorrente, por medida de caráter cautelar, de modo indefinido e desatrelado de inquérito policial ou processo penal em andamento, significa, na prática, infligir-lhe verdadeira pena sem o devido processo legal, resultando em constrangimento ilegal. Recurso ordinário em habeas corpus a que se dá provimento para cassar o v. acórdão recorrido e revogar as medidas protetivas de urgência impostas em desfavor do recorrente.” (grifos nossos) 6 STJ, RHC 94.320/BA, Relator(a): Min. FELIX FISCHER, Quinta Turma, julgado em 09/10/2018. 16 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com Vale lembrar que, em regra, a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos é proibida nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. Professor Thiago, quais são os principais fundamentos dessa vedação? São estes: a) Art. 17 da LMP: “É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa”. b) Art. 44, inc. I, do CP: “As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo”. c) Súmula 588 do STJ: “A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos”. Em igual direção, o STF7 já se manifestou: “A execução do crime mediante o emprego de violência é circunstância impeditiva da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito, nos termos do art. 44 , I, do CP. Interpretação que pretenda equipar os crimes praticados com violência doméstica contra a mulher aos delitos submetidos ao regramento previsto na Lei dos Juizados Especiais, a fim de permitir a conversão da pena, não encontra amparo no art. 41 da Lei 11.340/2006. Ordem denegada.” (grifos nossos) 7 STF, HC 129446, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 20/10/2015. 17 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com Por outro lado, ausente a violência/grave ameaça e afastados os institutos da prestação pecuniária e do pagamento isolado de multa, em tese, a substituição é permitida nos casos regidos pela Lei Maria da Penha (ex.: crime de difamação – art. 139 do CP). Nessa linha, o TJRJ decidiu8: “A Lei n. 11.340/2006 não veda a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, restringindo apenas a aplicação de pena de prestação pecuniária e o pagamento isolado de multa. Por sua vez, o inciso I do art. 44 do Código Penal é claro ao proibir a substituição quando o crime for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa. Todavia, nem todo crime abrangido pela lei de proteção à mulher é praticado com violência ou grave ameaça, embora em situação denominada de "violência doméstica contra a mulher". O crime imputado é de difamação, que não contém, nem em suas elementares, nem na descrição operada na denúncia, qualquer traço de violência ou de grave ameaça. Quer seja pela total falta de fundamentação, quer pela incoerência lógica entre a sentença e o fato imputado, deve ser provido o pleito para deferir a substituição.” (grifos nossos) 8 TJRJ, ACR 0368285-81.2011.8.19.0001, Relator(a): DES. JOAQUIM DOMINGOS DE ALMEIDA NETO, Sétima Câmara Criminal, julgado em 30/06/2015. 18 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com Professor Thiago, se o art. 44, inc. I, do CP, proíbe a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos quando há violência, sendo o crime de difamação um tipo de violência (moral) contra a mulher (art. 7º, inc. V, da LMP)9, ainda assim, é possível sustentar que ele comporta a substituição (conforme afirmado no ponto nº 9)? Inicialmente, é importante ressaltar que os Tribunais Superiores ainda não se manifestaram sobre essa questão específica. De qualquer forma, no âmbito das Cortes Regionais, por exemplo, encontramos o seguinte precedente do TJRJ10: “O crime imputado é de difamação, que não contém, nem em suas elementares, nem na descrição operada na denúncia, qualquer traço de violência ou de grave ameaça. (...) O crime de difamação não é praticado mediante violência ou grave ameaça, sendo certo que a alegada violência moral contra a vítima é fórmula genérica apenas para caracterizar a incidência da Lei Maria da Penha. Muito embora a pena final seja inferior a seis meses, descabe substituição por multa por vedação expressa do art. 17 da Lei 11340/06. Assim, passa-se à análise das outras substituições prescritas em lei. Há no caso presente a necessidade de eleição de penas restritiva de direitos que possibilite ao apelante a necessária reflexão sobre o fato imputado e suas repercussões sobre a vítima, o que se amolde à figura do grupo reflexivo, imposto na sentença, embora pela via inadequada. É que, como se observou acima, na forma do art. 45 da Lei Maria da Penha, que acrescentou o parágrafo ao art. 152 da Lei de Execuções Penais, a frequência a programas de recuperação e reeducação é medida típica da limitação de final de semana. Bem por isso, substitui-se a pena privativa da liberdade imposta por limitação de final de semana (art. 48 do Código Penal c/c 152 da Lei nº 7210/84) pelo prazo de 1 (hum) mês, cinco horas diárias, por 4 (quatro) sábados e domingos, período durante o qual deverá frequentar grupo reflexivo tendo em vista a necessidade decorrente da natureza do crime praticado, que envolveu situação de gênero, com grave repercussão para a vítima, pela forma de divulgação da ofensa, denotando acentuado desrespeito à mulher. PARCIAL PROVIMENTO DO RECURSO.” Como se vê, o conceito de violência moral albergado pela Lei Maria da Penha não impediu a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos no crime de difamação. 9 “Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: (...) V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria” (grifos nossos). 10 TJRJ, ACR 0368285-81.2011.8.19.0001, Relator(a): DES. JOAQUIM DOMINGOS DE ALMEIDA NETO, Sétima Câmara Criminal, julgado em 30/06/2015. 19 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com A nosso ver, essa posição é coerente com o sistema jurídico, pois o art. 17 da LMP não estabeleceu uma proibição absoluta no que se refere à substituição em discussão, consoante exposto no ponto nº 9. Quanto às formas de violência estipuladas na Lei Maria da Penha (art. 7º), registre-se que o STJ já decidiu que o conceito de violência patrimonial não afetou o Código Penal para os fins do seu art. 183 (inaplicabilidadedas escusas absolutórias, art. 181; e imunidades relativas, art. 182). Vejamos o dispositivo legal citado e os que têm relação com ele: Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II - ao estranho que participa do crime; III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Em outras palavras, se o marido pratica um furto contra a sua esposa na constância da sociedade conjugal, por exemplo, ele é isento de pena (art. 181, inc. I, do CP). Há crime (fato típico, antijurídico e culpável), no entanto, por questões de política criminal, o legislador afastou a punibilidade nessa situação. Nesse quadro hipotético, o marido só poderia ser punido, caso restasse caracterizada alguma das excludentes do art. 183 do CP. Uma dessas excludentes é o emprego de “violência à pessoa”. 20 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com Ora, dirão alguns, mas se o marido for enquadrado na Lei Maria da Penha, no caso de furto (art. 155 do CP), ainda que seja um crime sem violência e grave ameaça, o fato é que a subtração é considerada uma forma de violência (patrimonial) na Lei Maria da Penha (art. 7º, inc. IV)11. Logo, presente essa espécie de “violência”, ele deveria ser punido pelo furto, nos termos do art. 183, inc. I, do CP. Ocorre que, conforme já explicamos, o STJ entendeu que o conceito de violência patrimonial da Lei Maria da Penha não irradiou efeitos sobre o Código Penal, de modo que o marido não seria punido na situação aqui narrada. Confira-se12: “O artigo 181, inciso I, do Código Penal estabelece imunidade penal absoluta ao cônjuge que pratica crime patrimonial na constância do casamento. (...) O advento da Lei 11.340/2006 não é capaz de alterar tal entendimento, pois embora tenha previsto a violência patrimonial como uma das que pode ser cometida no âmbito doméstico e familiar contra a mulher, não revogou quer expressa, quer tacitamente, o artigo 181 do Código Penal. A se admitir que a Lei Maria da Penha derrogou a referida imunidade, se estaria diante de flagrante hipótese de violação ao princípio da isonomia, já que os crimes patrimoniais praticados pelo marido contra a mulher no âmbito doméstico e familiar poderiam ser processados e julgados, ao passo que a mulher que venha cometer o mesmo tipo de delito contra o marido estaria isenta de pena. Não há falar em ineficácia ou inutilidade da Lei 11.340/2006 ante a persistência da imunidade prevista no artigo 181, inciso I, do Código Penal quando se tratar de violência praticada contra a mulher no âmbito doméstico e familiar, uma vez que na própria legislação vigente existe a previsão de medidas cautelares específicas para a proteção do patrimônio da ofendida.” (grifos nossos) Destarte, seguindo esse raciocínio, acreditamos que ele pode ser usado para a análise do crime de difamação sob o prisma da violência moral, não irradiando o art. 7º da Lei nº 11.340/2006 efeitos sobre o Estatuto Penal. 11 “Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: (...) IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades” (grifos nossos). 12 STJ, RHC 42.918/RS, Relator(a): Min. JORGE MUSSI, Quinta Turma, julgado em 05/08/2014. 21 ATENÇÃO: O conteúdo deste e-book é protegido pelas leis que cuidam dos direitos autorais. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor, sob pena de sanções criminais e cíveis. www.deltathiago.com Foi uma honra acompanhar você até aqui! Mande um feedback pra mim por e-mail (contato@deltathiago.com) ou pelo direct do Instagram (@deltathiago). Até mais! Professor Thiago Garcia. mailto:contato@deltathiago.com
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