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APS DE CRIMES EM ESPÉCIE

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FACULDADE METROPOLITANA-UNIDAS 
 
FMU 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APS- CRIMES EM ESPÉCIE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JACIENE LOURO DE OLIVEIRA SILVA 
R.A-Nº8538971 
PROFESSOR( A) FERNANDA SALLES FISHER 
 
 
 
 
 
 
 Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas - UniFUM 
Rua Taguá, 150 - Liberdade - São Paulo-SP - Brasil - CEP 01508-010 
- Tel.: (011) 3346-6200 R.193 Fax: (011) 3346-6200 R. 177 - E-mail: 
secuni_direito@fmu.br - INTERNET: http://www.fmu.com.br 
mailto:secuni_direito@fmu.br
http://www.fmu.com.br/
1. INTRODUÇÃO 
Cesare Beccaria, quando escreveu o livro Dos delitos e das penas, se tornou o 
principal humanizador das ciências penais. Ele fundamentou suas pesquisas na crítica 
às leis penais vigentes, que representavam a arbitrariedade praticada pelo sistema 
judiciário da época, vivenciada por ele ao ser preso aos 26 anos de idade e conhecer 
a realidade do sistema carcerário. 
Beccaria se tornou sujeito passivo de um período histórico sustentado pela religião e 
pelo poder do soberano. Nesse sentido, a pena de morte, a legitimação da tortura, a 
aplicação das penas vinculada a hierarquia gregária, a falta de paralelismo entre os 
delitos e as penas, e a interferência da justiça divina na justiça humana – 
manifestada, por exemplo, nos juramentos – são alguns aspectos da tradição 
clássica, criticados e protestados pelo autor. 
Percebe-se então, a analogia entre as discussões do século XVIII e os alaridos dos 
tempos coevos. Esse contexto, revela-se ora a modernidade do pensamento de 
Beccaria no contexto iluminista, ora o atraso dos dispositivos legais atualmente 
vigentes. 
Portanto, através deste, permite-nos estabelecer comparações entre as teorias do 
pensador e o sistema judiciário do século XXI. 
2. DA SEPARAÇÃO DE PODERES 
Beccaria no inicio logo justifica, através das teorias contratualistas de Jean-Jacques 
Rousseau e de John Locke, a origem das leis e o advento do conceito de soberania 
estabelecido pela renúncia das liberdades individuais em prol do coletivo, visando, 
assim, o bem público. 
De acordo com essa teoria, a necessidade de um soberano que represente e 
administre as liberdades individuais de forma legítima. Para Beccaria, esse soberano 
é representado pelo legislador. Porém, numa República Federativa igual o Brasil, o 
soberano é figurado pelo chefe do Poder Executivo, o Presidente, e tem seus deveres 
estabelecidos pela Constituição Federal, nos artigos 76 a 91. O Presidente da 
República também tem atribuições de caráter legislativo, como enunciado no 
Artigo 84, III, IV, V da Constituição Federal. 
Beccaria em seu discurso cita Montesquieu, e estabelece, a divisão e as limitações 
entre as funções de cada Poder. Então somente a lei pode determinar as penas dos 
crimes, pois está estabelecido somente pelo soberano – entende-se legislador - a 
garantia da punição dos delitos em defesa das usurpações particulares no ambiente 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10630075/artigo-76-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10626751/artigo-91-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10628446/artigo-84-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10695612/inciso-iii-do-artigo-84-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10695563/inciso-iv-do-artigo-84-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10695518/inciso-v-do-artigo-84-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
gregário. Nesse sentido, o magistrado não tem poder de aumentar a pena 
estabelecida para um cidadão delinquente, sendo o julgamento da verdade factual 
sua real função. Este princípio da separação dos Poderes está estabelecido no 
Artigo 2º da Constituição Federal, tornando os poderes Executivo, Legislativo e 
Judiciário independentes e harmônicos. 
Assim segue a polêmica perspectiva de quem é o real e legítimo intérprete das leis. 
Remete-nos outra vez a Montesquieu e seu princípio da Separação dos Poderes. 
Assim, Cesare retira das mãos do magistrado a função de intérprete, uma vez que os 
juízes não recebem as leis como obrigações, mas como um juramento tácito ou 
expresso. Dessa forma, quando um código fixo de leis é observado literalmente, 
deixando ao juiz a incumbência de examinar e julgar as atitudes dos cidadãos, o 
despotismo de muitos, somente é retificado pelo despotismo de um só, e nesse 
sentido, os súditos não ficam sujeitos as pequenas tiranias do mundo. 
Em cada crime o juiz deverá estruturar um silogismo perfeito: a premissa maior deve 
ser a lei geral; a menor, a ação, conforme ou não à lei, e a consequência, a liberdade 
ou a pena. Agindo assim, afasta-se o perigo de se aplicar a lei conforme os valores de 
cada um, a lei é geral e, assim, igual para todos. 
3- DA OBSCURIDADE DAS LEIS 
Segundo ele sobre a obscuridade da lei, seu argumento é baseando-se na 
importância da lei escrita para a legitimação de uma forma fixa de governo. Sobre 
essa perspectiva, todos tem obrigação de conhecer a lei e ninguém pode se apoiar no 
fato de ser leigo quanto a da legislação para deixar de cumpri-la. No Brasil, esse 
fundamento está estabelecido no artigo 3º da Lei de Introdução às Normas do 
Direito Brasileiro (Decreto-lei nº 4657): 
"Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece" (grifo nosso) 
No Código Penal, o mesmo pressuposto é admitido pelo artigo 21: 
"O desconhecimento da lei é inescusável". 
Assim essa adversidade advém da falta de conhecimento da linguagem jurídica pelo 
leigo, uma vez que o saber jurídico está contaminado com um linguajar obsoleto. 
Nesse sentido, o cidadão conhece a lei, mas não a compreende, o que causa, diante 
disso, sua omissão. 
Verifica-se a necessidade de simplificação da linguagem jurídica, sem prejudicar a 
inteligibilidade do discurso forense. 
4- DA PROPORCIONALIDADE 
 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641831/artigo-2-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103258/lei-de-introdu%C3%A7%C3%A3o-ao-c%C3%B3digo-civil-decreto-lei-4657-42
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637584/artigo-21-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
Toda ação não compreendida entre dois extremos não pode ser chamada de delito, e 
nem punida como tal. No entanto, se pena igual for cominada a dois delitos que 
desigualmente ofendem a sociedade, os homens não encontrarão nenhuma objeção 
para cometer o delito maior, se disso resultar maior vantagem. Para tanto, Beccaria 
defende a necessidade de uma escala paralela de penas, descendo da mais forte para 
a mais fraca. Estabelecendo-se, assim, um escala precisa e universal de pena e delitos 
proporcionais. 
 
“Esse é o cerne do princípio da proporcionalidade. Uma conduta que atente contra 
um valor mais importante deve ensejar uma pena maior; um comportamento que 
afete valores menos expressivos deve resultar em penas mais baixas; e uma prática 
que não prejudique valor relevante para a sociedade não deve ser criminalizada. A 
vida e a liberdade são os bens mais preciosos para o ser humano. Crimes como os 
de sequestro ou cárcere privado (pena de 1 a 3 anos de prisão) e homicídio (6 a 20 
anos) deveriam figurar no ápice da hierarquia penal. Mas o código reserva penas 
exorbitantes a alguns crimes banais, como soltar balões (1 a 3 anos) ou molestar 
cetáceos de modo intencional (1 a 5 anos). (…)Um Código Penal reformado à luz do 
princípio de proporcionalidade entres os delitos criaria uma base sólida para tornar 
a política criminal mais eficiente. As prisões não ficariam superlotadas com 
criminosos de pequena periculosidade e se destinariam àqueles que realmente 
violaram os valores mais preciosos da sociedade.”[7] 
 
O Princípio da Proporcionalidade, no Brasil, insere-se na estrutura normativa 
da Constituição Federal junto aos demais princípios gerais. Denomina-se 
tradicionalmente o Princípio da Proporcionalidade como um “princípio penal 
constitucional”, porque é oriundo da Constituição Federal, mas tem como seu maior 
operador o Direito Penal. Assim, a garantia da individualização da pena pelo 
artigo 5º, V e XLVI da Constituição Federal assegura a sua proporcionalidade ao delito 
cometido. 
 
“Art 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem; 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as 
seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos;” 
5- DA DETERMINAÇÃO DAS PENAS 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10730887/inciso-v-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10729020/inciso-xlvi-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
Para Beccaria, impedir que novos danos possam ser causados pelo réu, e garantir 
que seu delito não influencie outros a agir como tal. 
A lei de execução penal brasileira (LEP) aponta para a real função das penas: 
“Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou 
decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do 
condenado e do internado.” 
 “Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e 
prepará-los para o retorno à liberdade.” 
“Art. 25. A assistência ao egresso consiste: 
I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade; 
II - na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento 
adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses. 
 
Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II poderá ser prorrogado uma única 
vez, comprovado, por declaração do assistente social, o empenho na obtenção de 
emprego.” 
Para efetivar a função penal, é necessário apurar quais penas e de que maneira elas 
devem ser aplicadas. 
6- DA TORTURA 
 
Nesse contexto de determinação das penas, Beccaria sustenta uma teoria moderna a 
respeito da tortura. 
“ Um homem não pode ser chamado culpado antes da sentença do juiz, e a 
sociedade só lhe pode retirar a proteção pública após ter decidido que ele violou os 
pactos por meio dos quais ela lhe foi outorgada. (...) é querer subverter a ordem 
das coisas exigir que um homem seja ao mesmo tempo acusador e acusado, que a 
dor se torne o cadinho da verdade, como se o critério dessa verdade residisse nos 
músculos ou nas fibras de um infeliz. Este é o meio seguro de absolver os robustos 
criminosos e de condenar os fracos inocentes.” [9] 
Para Beccaria, a tortura é espúria tanto como pena, quanto como instrumento do 
método investigativo, uma vez que a realidade fatual penal não está condicionada à 
sensibilidade ou vigor de um homem. 
“ Estranha consequência que, necessariamente, decorre do uso da tortura, é que o 
inocente é posto em pior condição que o culpado. Realmente, se ambos são 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109222/lei-de-execu%C3%A7%C3%A3o-penal-lei-7210-84
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109222/lei-de-execu%C3%A7%C3%A3o-penal-lei-7210-84
submetidos ao suplício, o primeiro tem tudo contra si, uma vez que ou confessa o 
delito e é condenado, ou é declarado inocente, mas sofreu pena indevida; ao passo 
que um caso é favorável ao culpado quando, resistindo à tortura com firmeza, 
deverá ser absolvido como inocente, trocando a pena maior pela menor. O 
inocente, portanto, só tem a perder e o culpado só a ganhar.” [10] 
O Brasil adotou, em 1997, a Lei Contra Tortura (Lei 9.455/97). Essa lei, ao se 
aproximar da filosofia de Cesare Beccaria, significou a redemocratização do Brasil. 
 
“Art. 1º Constitui crime de tortura: 
 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe 
sofrimento físico ou mental: 
 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira 
pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de 
violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de 
aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de 
segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não 
previsto em lei ou não resultante de medida legal. 
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-
las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. 
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de 
reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis 
anos. 
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: 
I - se o crime é cometido por agente público; 
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, 
adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
III - se o crime é cometido mediante sequestro. 
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a 
interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. 
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. 
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o 
cumprimento da pena em regime fechado.” 
A Constituição Federal no Artigo 5º, III a intolerância à tortura: 
 
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103484/lei-de-tortura-lei-9455-97
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10730955/inciso-iii-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou 
degradante;” 
 
Em 16 de novembro de 2010, João Pereira Coutinho, colunista da Folha de S. Paulo, 
abordou a tortura sob uma perspectiva interessante: 
7- DO INTERROGATÓRIO DO RÉU 
 
Beccaria, propõe a eficiência do interrogatório, contrapondo-o ao método da 
tortura: 
“Os interrogatórios, segundo os penalistas, devem, por assim dizer, envolver umfato como uma espiral, sem jamais alcançá-lo por via direta. Os motivos desse 
método são ou não sugerir ao réu, réplica que o ponha a salvo da acusação, ou 
porque parece contrário à própria natureza que o réu se acuse imediatamente por 
si só. (…) E, com efeito, que interrogatório pode ser mais sugestivo que a dor? O 
primeiro motivo ocorre na tortura, pois a dor sugerirá, ao forte, obstinado silêncio 
para a troca da pena maior pela mena menor, e o fraco sugerirá a confissão, para 
livrar-se do tormento presente, mais eficaz, nesse momento, do que a futura dor. O 
segundo motivo é evidentemente o mesmo, pois se o interrogatório especial leva, 
contra o direito natural, o réu à confissão, as dores o conseguirão mais facilmente 
ainda, mas os homens se conduzem mais pela diferença dos nomes do que pela das 
coisas.”[12] 
A prática do interrogatório, no Brasil, está estabelecido pelo artigo 187 do Código de 
processo penal: 
 
“Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do 
acusado e sobre os fatos. 
§ 1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios 
de vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida 
pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso 
afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional ou 
condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais. 
§ 2o Na segunda parte será perguntado sobre: 
I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; 
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-
la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e 
quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois dela; 
III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta; 
IV - as provas já apuradas; 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10663951/artigo-187-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde 
quando, e se tem o que alegar contra elas; 
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto 
que com esta se relacione e tenha sido apreendido; 
VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos 
antecedentes e circunstâncias da infração; 
VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa.” 
 
O autor, ainda no que concerne ao interrogatório, condena o silêncio do réu: 
No Brasil, no entanto, a garantia a não autoincriminação do réu e o direito ao silêncio 
tem amparo legal tanto pelo artigo 5º, LXIII da Constituição Federal, quanto 
pelo Código de Processo Penal, respectivamente: 
 
“LXIII: O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer 
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado” 
“Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor 
da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, 
do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem 
formuladas. 
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser 
interpretado em prejuízo da defesa.” 
Nesse sentido, Beccaria, discorre sobre os juramentos do réu diante do juiz: 
“Contradição entre as leis e os sentimentos naturais do homem nasce dos juramentos 
que se exigem do réu, para que seja um verdadeiro homem, quando tem o máximo 
interesse em ser falso. Como se o homem pudesse jurar sinceridade, quando contribui 
para a própria destruição. (…) As questões do céu são regidas por leis totalmente 
diversas das que regem os negócios humanos. E por que razão colocar o homem na 
terrível condição de falhar em relação a Deus, ou e concorrer para a própria ruína? 
(…) O juramento torna-se pouco a pouco, mera formalidade, destruindo assim a força 
dos sentimentos religiosos, único penhor da honestidade de maior parte dos homens. 
Quanto são inúteis os juramentos, a experiência já o demonstrou, e qualquer juiz 
poderá ser testemunha que juramento algum jamais fez o réu dizer a verdade.” [14] 
8- DOS CÚMPLICES 
 
Beccaria, defende que a pena deva ser igual para todos os participantes do delito. 
O Código Penal Brasileiro, no entanto, estabelece, de acordo com o artigo 29, que 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10728008/inciso-lxiii-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
cada um dos participantes tem sua punição determinada de acordo com o seu grau 
de envolvimento no crime. 
 
“Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
§ 1º- Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um 
sexto a um terço 
§ 2º- Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á 
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter 
sido previsível o resultado mais grave.” 
A punição dos cúmplices,pode ser diminuída através da delação. O autor admite, 
então, vantagens e desvantagens sobre desse dispositivo: 
"Alguns tribunais oferecem a impunidade ao cúmplice de grave delito que 
delatasse os companheiros. Tal expediente tem inconveniente e vantagens. Os 
inconvenientes são que a nação estaria autorizando a delação, detestável mesmo 
entre criminosos, porque não menos fatais a uma nação delitos de coragem que os 
de vilania: porque o primeiro não é frequente, já que só espera uma força benéfica 
e motriz que o faça conspirar contra o bem público, enquanto que a segunda é mais 
comum e contagiosa, e sempre se concentra mais em si mesma. Além disso, o 
tribunal mostra a própria incerteza, a fraqueza da lei, que implora ajuda de quem a 
infringe. As vantagens consistem na prevenção dos delitos relevantes, que, por 
terem efeitos evidentes e autores ocultos, atemorizam o povo. (...) Parece-me que 
lei geral, que prometesse impunidade ao cúmplice delator de qualquer delito, seria 
preferível a uma declaração especial em caso particular, porque assim preveniria as 
uniões pelo temor recíproco que cada cúmplice teria de expor-se e o tribunal não 
tornaria audaciosos os criminosos chamados a prestar socorro num caso 
particular." [15] 
Esse princípio fundamenta-se na “Delação premiada”, que consiste numa 
prerrogativa legal que extingue ou atenua a punição do chamado "réu colaborador" 
– participante do delito – que colaborar com a Justiça através de informações 
importantes à explanação do crime e identificação de coautores. 
A Delação Premiada está condicionada pelo artigo 159 do Código Penal, e nos 
artigos 13 e 14 da lei 9.807/99, que estabeleceu o Programa Federal de Assistência a 
Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas: 
 
“Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer 
vantagem, como condição ou preço do resgate: 
§ “4º- Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à 
autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um 
a dois terços.” 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10618841/artigo-159-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11702877/artigo-13-da-lei-n-9807-de-13-de-julho-de-1999
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11702733/artigo-14-da-lei-n-9807-de-13-de-julho-de-1999http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109647/lei-9807-99
DA PROTEÇÃO AOS RÉUS ACESSIVÉIS: 
 
“Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão 
judicial e a consequente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário, 
tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo 
criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado: 
I - a identificação dos demais coautores ou partícipes da ação criminosa; 
II - a localização da vítima com a sua integridade física preservada; 
III - a recuperação total ou parcial do produto do crime. 
Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a personalidade 
do beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato 
criminoso.” 
 
“Art. 14. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação 
policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes 
do crime, na localização da vítima com vida e na recuperação total ou parcial do 
produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um a dois terços.” 
O Artigo 13 e 14 ,estão arrolados na Lei de Proteção às testemunhas e dessa forma, 
a Lei demonstra o próprio reconhecimento do Estado diante da sua incompetência 
para investigar e punir a criminalidade, necessitando, assim, da colaboração dos 
próprios criminosos para efetivar a justiça brasileira. 
9-DA TENTATIVA DO CRIME 
 
Beccaria admite, ainda, os crimes não concretizados, aqueles que são considerados 
tentativas: 
“Não é porque as leis não castiguem a intenção, que o crime deixe de merecer 
pena, delito que comece com ação que revele o ânimo de cometê-lo, ainda que a 
pena seja menor do que a aplicável à própria prática do delito. (...) mas reservar 
pena maior ao delito consumado pode ocasionar arrependimento. (...) Quando 
vários homens se unem num risco, quanto maior for esse risco tanto mais eles 
procuram tornar igual para todos. Será, pois, mais difícil achar quem se contente 
com o papel de executor do delito, correndo maior risco do que os outros cúmplices. 
A única exceção seria a hipótese em que fosse prometido prêmio ao executor, caso 
em que, tendo ele, então, recompensa pelo risco maior, a pena deveria ser 
igual” [16] 
 
O artigo 14, II do Código Penal Brasileiro refiram os elementos do crime tentado, em 
que a consumação do crime não é executada, por circunstâncias alheias à vontade do 
agente e sua punibilidade é determinada pelo mesmo artigo. 
 
Art. 14. Diz-se o crime: 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10638135/artigo-14-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10638075/inciso-ii-do-artigo-14-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
Crime consumado 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
Tentativa 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias 
alheias à vontade do agente. 
 
Pena de tentativa:Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a 
tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois 
terços.” 
 
Como Beccaria, o artigo 14 do CP estabelece que no caso da tentativa, por não ter sido 
consumado o crime, seu eventual autor deverá receber pena mais branda. A punição 
do crime tentado, então, é a mesma pena atribuída ao crime consumado, porém 
diminuída de um a dois terços. Esta diminuição é designada à gravidade do fato 
constitutivo dessa tentativa, sendo menor a redução da pena quanto mais próximo 
estiver o agente da execução do crime. 
 
 
10- DAS TESTEMUNHAS 
 
Para Beccaria, é relevante para a determinação da inocência ou culpabilidade do réu. 
Entretanto, essa credibilidade deve diminuir proporcionalmente ao ódio, amizade, ou 
às estreitas relações entre a testemunha e o acusado. Nesse sentido, o Código de 
Processo Penal adotou os fundamentos de Beccaria: 
 
FERNANDA SALLES FISHERO CPP, diferente do CPC, não contém um rol taxativo de 
causas de suspeição. 
Dispõe o artigo 214 do CPP, as testemunhas suspeitas, consideradas inidôneas, terão 
seus depoimentos tomados pelo juiz, e serão posteriormente analisados: 
 
“Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a 
testemunha ou arguir circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita de 
parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará consignar a contradita ou arguição e a 
resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha ou não Ihe deferirá 
compromisso nos casos previstos nos arts. 207 e 208.” 
No Código de Processo Civil, a suspeição da testemunha está expressa no artigo 405: 
“Art. 405. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, 
impedidas ou suspeitas. 
 
§ 1oSão incapazes: 
I - o interdito por demência; 
II - o que, acometido por enfermidade, ou debilidade mental, ao tempo em que 
ocorreram os fatos, não podia discerni-los; ou, ao tempo em que deve depor, não 
está habilitado a transmitir as percepções; 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10638135/artigo-14-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10661564/artigo-214-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10697620/artigo-405-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973
III - o menor de 16 (dezesseis) anos; 
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que Ihes 
faltam. 
§ 2oSão impedidos: 
I - o cônjuge, bem como o ascendente e o descendente em qualquer grau, ou 
colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou 
afinidade, salvo se o exigir o interesse público, ou, tratando-se de causa relativa ao 
estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova, que o juiz repute 
necessária ao julgamento do mérito; 
II - o que é parte na causa; 
III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor na causa do menor, o 
representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros, que assistam ou 
tenham assistido as partes. 
§ 3oSão suspeitos: 
I - o condenado por crime de falso testemunho, havendo transitado em julgado a 
sentença; 
II - o que, por seus costumes, não for digno de fé; 
III - o inimigo capital da parte, ou o seu amigo íntimo; 
IV - o que tiver interesse no litígio. 
§ 4oSendo estritamente necessário, o juiz ouvirá testemunhas impedidas ou 
suspeitas; mas os seus depoimentos serão prestados independentemente de 
compromisso (art. 415) e o Juiz atribuirá o valor que possam merecer.” 
Além da prova testemunhal para comprovar um fato, o autor define a existência de 
indícios de um crime. Para tal, exige-se certeza para determinar a culpabilidade do 
réu, uma vez que uma acusação é uma das operações mais importantes na vida de 
uma pessoa. Beccaria divide, então, as provas de um crime em perfeitas e 
imperfeitas. Perfeitas seriam as provas que excluem a possibilidade de alguém não 
ser culpado, só sendo necessária uma prova para a condenação, e imperfeitas são as 
que não excluem. 
A Constituição Federal garante no artigo 5º, LV a ampla defesa: 
 
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nostermos 
seguintes: 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral 
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes;” 
 
O Código de Processo Penal especifica vários meios de prova nos artigos 158 a 250 os 
chamados meios legais de prova, não sendo taxativa. Outras fontes são admitidas, 
mas desde que compatíveis com os princípios de respeito ao direito de defesa e à 
dignidade da pessoa humana. 
 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10728312/inciso-lv-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666685/artigo-158-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10658566/artigo-250-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
“Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos 
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, 
não repetíveis e antecipadas. 
 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as 
restrições estabelecidas na lei civil.” 
 
“ Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado 
ao juiz de ofício 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de 
provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação 
e proporcionalidade da medida 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização 
de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante” 
“Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas 
ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou 
legais. 
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não 
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas 
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras 
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites 
típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de 
conduzir ao fato objeto da prova 
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, 
esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o 
incidente 
§ 4o (VETADO)” 
11- DA TERRITORIALIDADE 
“Alguns crêem igualmente que uma ação cruel, praticada, por exemplo, em 
Constantinopla, possa ser punida em Paris, pela abstrata razão de que quem ofende 
a humanidade merece ter toda a humanidade como inimiga, bem como a execração 
pública (…) O lugar da pena é o lugar do delito, porque aí somente e não em outro 
lugar, os homens são obrigados a ofender um particular para prevenir a ofensa 
pública. O criminoso que não tenha infringido os pactos de uma sociedade da qual 
não era membro, pode ser temido e, por isso, exilado e excluído pela força superior 
da sociedade, mas não punido com as formalidades das leis asseguradoras dos 
pactos desse país, nem por causa da malícia intrínseca de suas ações.”[17] 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Msg/VEP-350-08.htm
Esse trecho indica o que corresponde ao Princípio da Territorialidade no Brasil. 
Assim, fica exposto, de acordo com o Código Penal Brasileiro: 
“Territorialidade 
 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de 
direito internacional, ao crime cometido no território nacional: 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo 
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, 
no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de 
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se 
aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo 
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
 
Lugar do crime 
 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, 
no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o 
resultado. 
Extraterritorialidade 
 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de 
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, 
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que 
absolvido ou condenado no estrangeiro 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das 
seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar 
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra 
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça.” 
12- DA PENA DE MORTE 
 
“Qual poderá ser o direito que o homem tem de matar seu semelhante? Certamente 
não é o mesmo direito do qual resultam a soberania e as leis. Estas nada mais são do 
que a soma de pequeninas porções da liberdade particular de cada um, 
representando a vontade geral, soma das vontades individuais. Que homem, porém, 
outorgará a outro homem o arbítrio de matá-lo? Como poderá haver, no menor 
sacrifício da liberdade de cada um, o sacrifício do bem maior de todos os bens, que é 
a vida? (…) A pena de morte não é, portanto, um direito, já que demonstrei que isso 
não ocorre, mas é a guerra da nação contra o cidadão, que ela julga útil ou 
necessário matar.(...) Não é o grau intenso da pena que produz maior impressão 
sobre o espírito humano, mas sim sua extensão, pois a sensibilidade humana é mais 
facilmente e mais constantemente afetada por impressões mínimas, porém 
renovadas, do que por abalo intenso, mas efêmero. (…) Atrás das gaiolas de ferro, o 
desesperado não põe fim a seus males, mas apenas os começa. Nosso espírito resiste 
mais à violência e às dores extremas, mas passageiras, do que ao tempo e ao 
incessante tédio, porque, concentrado em si mesmo, por um instante, o espírito pode 
repelir as primeiras, mas sua vigorosa elasticidade não basta para resistir à longa e 
repetida ação dos últimos.” [18] 
A Constituição Federal Brasileira atualmente, atua de acordo com o pensamento de 
Beccaria do século XVIII. 
No Brasil, a pena máxima para todo e qualquerdelito é de 30 anos de reclusão, 
conforme prevê a nossa legislação, não havendo permissão para implantação da 
pena de morte. Fica estabelecido, nesse sentido, de acordo com o artigo 5º, XLVII: 
Artigo 5º XLVII - não haverá penas: 
 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis;” 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
No entanto, há exceção à proibição da pena de morte, estatuída pelo 
artigo 84, XIX da Constituição Federal, em caso de guerra declarada: 
“Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
 
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso 
Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões 
legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a 
mobilização nacional;” 
 
13- DO PORTE DE ARMAS 
 
Beccaria, diz que a proibição ao porte de arma é uma “falsa ideia de utilidade”, uma 
vez que coibe o uso do armamento pelos inocentes, impedindo, por exemplo, sua 
legítima defesa, e, em contrapartida, não reprime os criminosos do uso desse 
instrumento. 
“Uma fonte de erros e injustiças são as falsas idéias de utilidade que os legisladores 
formulam. Falsa idéia de utilidade é a que antepõe os inconvenientes particulares ao 
inconveniente ge ral; aquela que ordena aos sentimentos, no lugar de estimulá-los; 
aquela que diz à lógica: -serve. Falsa idéia de utilidade é a que sacrifica mil vantagens 
reais por uma inconveniente, ou imaginária, ou de poucas conseqüências. (…) 
 
As leis que proíbem porte de armas são leis dessa natureza. Sendo essas leis que só 
desarmam os que não têm vocação nem determinação para os crimes, enquanto 
aqueles que têm audácia de violar as leis mais sagradas da humanidade e os 
dispositivos mais importantes do Código, respeitarão as leis menores e puramente 
arbitrárias, tão fácil e impunemente passíveis de transgressão e cuja exata execução 
suprime a liberdade pessoal.”[20] 
No Brasil, a legislação que determina o porte de armas está empregado no Estatuto 
do Desarmamento – LEI 10.826: 
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido: 
 
“Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, 
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda 
ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização 
e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma 
de fogo estiver registrada em nome do agente” 
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito: 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10628446/artigo-84-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10694827/inciso-xix-do-artigo-84-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/110025/estatuto-do-desarmamento-lei-10826-03
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/110025/estatuto-do-desarmamento-lei-10826-03
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/110025/estatuto-do-desarmamento-lei-10826-03
“Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, 
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, 
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso 
proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: 
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de 
arma de fogo ou artefato; 
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a 
arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer 
modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; 
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;” 
14- CONCLUSÃO 
Conclui-se, que Cesare Beccaria, ainda no século XVIII, antecede a realidade gregária 
atual. Diante da criminalidade, de uma legislação rígida e coercitiva, o autor já 
preconizava a importância da educação e das políticas públicas como forma de 
prevenção do crime e consolidação de cidadãos menos suscetíveis à corruptela. No 
que tange o pensamento de Cesare a criminologia moderna assegura a importância 
do combate ao crime, direcionando-o para outros âmbitos que não somente o 
infrator. Para tanto, o combate viabiliza-se através de suas causas e não de suas 
consequências.

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