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LOGÍSTICA REVERSA AULA 2 Prof. Luiz Felipe Cougo 2 CONVERSA INICIAL Caro aluno, seja bem-vindo! Estamos iniciando a segunda aula da disciplina de Logística Reversa! Agora que passamos por um bom conteúdo inicial de Logística Reversa (LR), que inclui a evolução, os conceitos e importantes fatores para o uso desse processo, veremos a importante característica da LR, incluindo os tipos de fluxos logísticos, as diferenças que trazem essa atividade e os aspectos estratégicos para a correta adoção dessa ferramenta. Além disso, conheceremos os canais de distribuição da logística reversa e também os tipos existentes. Um ótimo estudo! CONTEXTUALIZANDO Existem diversos tipos de sistemas logísticos reversos implantados nas empresas. Compreender os métodos para implantação a partir da compreensão do que é gerenciar canais reversos, como se classificam os bens e o que seja a logística reversa de pós-consumo e de pós-vendas é importante para compreendermos como cada tipo de canal reverso pode ser aplicado a uma organização em particular. Você deve estar se perguntando: de que forma os produtos voltam? Quais são os importantes métodos conhecidos até hoje para que a logística reversa seja aplicável? Vamos aos estudos para que juntos possamos entender alguns importantes pontos da logística reversa. TEMA 1 - CONCEITOS E DEFINIÇÕES Relembrando os conceitos, os autores Rogers e Tibben-Lembke (1998) conceituam a logística reversa ou inversa como: "o processo de planejamento, implementação e controle da eficiência e eficácia e dos custos, dos fluxos de matérias-primas, produtos em curso, produtos acabados e informação relacionada, desde o ponto de consumo até ao ponto de origem, com o objetivo de recapturar valor ou realizar a deposição adequada". Leite (2000) reforça também sobre os resíduos como um agente importante da logística reversa: 3 A Logística Reversa, uma nova área da Logística Empresarial, preocupa-se em equacionar a multiplicidade de aspectos logísticos do retorno ao ciclo produtivo destes diferentes tipos de bens industriais, dos materiais constituintes dos mesmos, bem como dos resíduos industriais, através de reutilização controlada do bem e de seus componentes ou da reciclagem dos materiais constituintes, dando origem a matérias-primas secundárias que se reintroduzirão ao processo produtivo. Após anos até os dias de hoje, a evolução desse conceito é complementada considerando o aumento da economia, do crescimento da variedade de produtos para atender a todos os consumidores, incluindo gêneros, idades, costumes, culturas – as mais variadas possíveis, entre outros. Exige das organizações sistemas logísticos de distribuição e controle, assim como o aumento do retorno de produtos de pós-consumo, tornando esse aspecto de extrema importância ao meio ambiente. Depois o conceito de Logística Reversa ter sido relembrado, sabe-se que existem dentro do processo evolutivo da LR diversos elementos que fizeram parte da força motriz dessa atividade. O desenvolvimento e progresso da logística inversa tem sido impulsionado, em grande parte, pelas questões ambientais, relacionado com o problema da deposição das embalagens dos produtos, da recuperação dos produtos, partes de produtos ou materiais, das devoluções de produtos em fim de vida, de produtos com defeito (WIKIPÉDIA, 2015). Quando as condições naturais do mercado não propiciam eficiente equilíbrio entre os fluxos reversos e os fluxos diretos, faz-se necessária a intervenção governamental por meio da legislação, de modo que sejam alteradas as condições e seja permitido melhor equacionamento do retorno dos bens de pós-consumo e de seus materiais constituintes (LEITE, 2012). Tem existido um forte crescimento dessa área da logística, não só pela legislação ambiental, a qual impõe leis mais exigentes, mas também pela consciencialização ambiental das empresas, organizações e organismos públicos. Em termos econômicos e financeiros, a logística inversa já representa cerca de 0,5% do Produto Interno Bruto dos Estados Unidos. 4 Essa vertente da logística encontra-se em franco desenvolvimento, e é um grande potencial de negócio emergente para as empresas e organizações, pois as políticas ambientais tendem a ser cada vez mais exigentes. Outro fator de grande importância, e que está diretamente relacionado com o grande aumento da logística inversa é a compra de produtos através da internet, o chamado e-commerce (CARVALHO, 2003, p. 71-72). Com o crescimento exponencial das vendas on-line, por exemplo, os sistemas de logística reversa, no que diz respeito à questão da gestão das devoluções, tem crescido de uma forma abrupta. Leva à necessidade de ação de logística reversa. Podemos mesmo afirmar que a grande maioria dos sistemas de logística reversa aparecem devido à questão das devoluções. Os clientes, quando os produtos não corresponderem a seus requisitos de qualidade, podem acionar o processo de devolução, que é disponibilizado por cada vez mais empresas, de modo a prestarem um serviço de pós-venda de qualidade cada vez melhor, tentando atingir ou mesmo ultrapassar as expectativas dos clientes. Desse modo, é possível fidelizar o cliente, pois estes preferem, na maioria dos casos, ter poucos fornecedores, em detrimento de vários, mas que correspondam ou mesmo superem as suas expectativas. Para definirmos exemplificando, o quadro abaixo expõe as principais diferenças entre a logística tradicional e a reversa: 5 TEMA 2 - ABORDAGENS EMPRESARIAIS RELACIONADAS À LOGÍSTICA REVERSA Você já parou para pensar que a grande maioria das organizações em que conhece, que trabalha ou que já trabalhou apresenta um processo produtivo que é essencialmente baseada na fabricação de produtos específicos? E que deste produto temos apenas o valor agregado que o empreendedor vislumbra como fator de sucesso para sua empresa? Existe uma triste afirmativa nesta resposta, contudo, nos dias de hoje, sob o ponto de vista estratégico e operacional, existem algumas questões básicas a serem respondidas para que a LR seja aplicável e que deve ser considerada para todos os processos produtivos, a saber: 1. Quais alternativas estão disponíveis para recuperar produtos, partes de produtos e materiais? 2. Quem deve realizar as diversas atividades de recuperação? 3. Como essas atividades devem ser realizadas? 4. É possível integrar as atividades típicas da logística reversa com sistemas de distribuição e produção clássicos? 5. Quais são os custos e benefícios da logística reversa, do ponto de vista econômico e ambiental? Há processos em que a LR apresenta maneiras diferentes de aplicação, todavia, a abordagem estratégica se faz necessária nos negócios e refere-se às decisões de logística reversa no macroambiente empresarial constituído pela sociedade e comunidades locais, governos e ambiente concorrencial. Portanto, levará em consideração as características que garantirão competitividade e sustentabilidade às empresas nos eixos econômico e ambiental por meio de diversificados objetivos empresariais como: Recuperação de valor financeiro (Retorno do investimento) Seguimento de legislações Prestação de serviços aos clientes Mitigação dos riscos ou reforço da imagem de marca ou corporativa e demonstração de responsabilidade social Fatores como esses devem necessariamente fazer parte da pauta de análise crítica da direção das organizações para que as decisões sejam tomadas e a operacionalização adequada ao uso do processo. 6 O quadro ao lado demonstra diversos inputs que são considerados estrategicamente para o negócio, incluindo a logística reversa. Sob os aspectos operacionais, alguns relevantes a considerar: Envolvem o uso das principais ferramentas de logística aplicadas à logística reversa Localização de instalações Roteirização Gestão de estoques Gestão de transporte e armazenagem etc. Leia este interessante texto: “As oportunidades na economia circular”, de Ana Ester Rossetto, sócia da KCA Consulting, que aborda questões relacionadas à logística reversa à luz da ideia de Economia Circular. Link: https://endeavor.org.br/as-oportunidades-na-economia-circular/ O vídeo que é mencionado pela autora do texto anterior é muito interessante para compreender a economia circular. Vale a pena assistir! Link:https://www.youtube.com/watch?v=zhFhgXb4hO4&context=C47e1f 50ADvjVQa1PpcFMU9oMqKAaePWLibRcaXKUo0ZterO6hX4o TEMA 3 - CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO Como visto em aula, o estudo dos canais de distribuição reversos interessa às empresas pela oportunidade de recuperação de custos envolvidos https://endeavor.org.br/as-oportunidades-na-economia-circular/ https://www.youtube.com/watch?v=zhFhgXb4hO4&context=C47e1f50ADvjVQa1PpcFMU9oMqKAaePWLibRcaXKUo0ZterO6hX4o https://www.youtube.com/watch?v=zhFhgXb4hO4&context=C47e1f50ADvjVQa1PpcFMU9oMqKAaePWLibRcaXKUo0ZterO6hX4o 7 e pela diferenciação dos níveis de serviços oferecidos em mercados globalizados e extremamente competitivos da atualidade. Assim, o gerenciamento dos canais reversos de distribuição pode ser definido como: “[...] as atividades logísticas em que uma organização se ocupa da coleta de seus produtos usados, danificados ou ultrapassados, embalagens e/ou outros resíduos finais gerados pelos seus produtos e subprodutos”. Fonte: RAZZOLINI FILHO, 2004. Adaptado. Por meio dos canais reversos são retornados produtos industriais já usados e que, através de análises de viabilidade, define-se os possíveis destinos para este fim. O quadro ao lado demonstra alguns exemplos aplicáveis na cadeia produtiva industrial. Como característica complementar ao fluxo direto, a figura a seguir mostra o fluxo reverso necessário, sob o aspecto operacional, que deve ser mapeado na logística dos materiais e informações. 8 Ou ainda, os chamados canais reversos devem ser criados da maneira que inclua todas as hipóteses e cenários considerando a viabilidade do negócio. As opções são inúmeras, como mostra o exemplo da figura seguinte que vimos na última rota, porém, aplicável nesse contexto também: Essa classificação da figura anterior quanto ao destino dos produtos retornados pode ser demonstrada da seguinte forma: Reciclado: é reduzido à forma primária, uso como matéria-prima/ aproveitamento de componentes Recondicionado: bom estado, limpeza/ revisão Renovado: igual ao recondicionado, envolve mais tempo de reparo Remanufaturado: igual ao renovado, envolve desmontagem e recuperação Revenda: pode ser vendido como novo Existe ainda uma importante definição para os canais reversos e que influenciam para a formação desses chamados canais. Resumidamente, existem três grandes categorias de bens produzidos: os bens descartáveis, os bens duráveis e os bens semiduráveis classificados de acordo com a sua vida útil. 9 Essas definições são fundamentais para um melhor entendimento das atividades dos canais de distribuição reversos. Bens descartáveis: são bens que apresentam duração de vida útil média de algumas semanas, raramente superior a seis meses. São exemplos de bens descartáveis os produtos de embalagens, brinquedos, materiais para escritório, suprimentos para computadores, artigos cirúrgicos, pilhas de equipamentos eletrônicos, fraldas, jornais, revistas etc. Bens duráveis: são os bens que apresentam duração de vida útil variando de alguns anos a algumas décadas. Exemplos: automóveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, as máquinas e os equipamentos industriais, edifícios, aviões, navios etc. Bens semiduráveis: são os bens que apresentam duração média de vida útil de alguns meses, raramente superior a dois anos. Sob o enfoque dos canais de distribuição reversos dos materiais, apresentam características ora de bens duráveis, ora de bens descartáveis. Exemplos: baterias de veículos, óleos lubrificantes, baterias de celulares, computadores e seus periféricos, revistas especializadas etc. O acelerado desenvolvimento tecnológico vivenciado pela sociedade nas últimas décadas, a introdução de novos materiais que têm substituído outros com melhoria de desempenho técnico do produto e de sua embalagem e redução de custos dos produtos – associados ao acirramento da competitividade, como consequência da globalização e da própria tecnologia – têm feito que empresas passem a se diferenciar pela constante inovação, reduzindo drasticamente o ciclo de vida dos produtos, causando um alto grau de obsolescência e, assim sendo, uma alta tendência à descartabilidade. Essa tendência tem causado modificações nos hábitos mercadológicos e logísticos das empresas modernas, exigindo alta velocidade no fluxo de distribuição física dos produtos. Uma das consequências é a redução do ciclo de compra, observando-se um aumento das quantidades de produtos devolvidos nas cadeias reversas de pós-venda, exigindo um sistema de logística reversa mais eficiente. Por outro lado, com os ciclos de vida cada vez menores, os produtos ditos duráveis serão descartados mais rapidamente, transformando-se em semiduráveis. Da mesma forma, os produtos semiduráveis se tornarão descartáveis. Assim sendo, os produtos de pós-consumo aumentam e exaurem 10 os meios de disposição final, tornando-se necessário equacionar o problema de retorno dos bens de pós-consumo. Consulte o livro-base desta disciplina, “O Reverso da Logística e as Questões Ambientais no Brasil”, da Editora Intersaberes e de autoria de Edelvino Filho RAZZOLIN e Rodrigo BERTÉ. TEMA 4 - TIPOS DE CANAIS REVERSOS Basicamente os canais reversos são divididos em dois grandes grupos: os canais reversos do tipo de pós-vendas e os de pós-consumo. Como o nome já diz, são separados de forma distinta para que a identificação e todo o mapeamento dos processos relacionados à logística reversa sejam bem definidos. Os canais de distribuição reversos de pós-consumo são constituídos pelo fluxo reverso de uma parcela de produtos e de materiais constituintes originados no descarte dos produtos após a sua utilização pelo usuário original e retornando ao ciclo produtivo. Os canais reversos de pós-venda são constituídos pelas diferentes formas e possibilidades de retorno de uma parcela de produtos, com pouco e nenhum uso, que fluem no sentido inverso, do consumidor ao varejista ou ao fabricante, do varejista ao fabricante, entre as empresas, motivado em geral por problemas 11 de qualidade, garantia, processos comerciais entre empresas e retornando ao ciclo de negócios de alguma forma. Distinção entre os canais reversos: Fonte: LEITE (2009) Existem dois recentes artigos que podem ser utilizados como modelos de estudo para os casos de logística reversa de bens de pós-consumo e outro artigo para LR de pós-vendas, respectivamente. É de grande aprendizado, confira! Links: http://periodicos.unb.br/index.php/sust/article/view/15522 http://abcustos.emnuvens.com.br/abcustos/article/view/118 Leia de forma complementar excelente artigo sobre os canais reversos aplicados a um estudo de caso em uma instituição de ensino, disponível no botão a seguir. Link: http://siaibib01.univali.br/pdf/Pamela%20dos%20Santos.pdf TEMA 5 - CANAIS REVERSOS DE PÓS-CONSUMO (CR-PC) A logística reversa de pós-consumo deverá planejar, operar e controlar o fluxo de retorno dos produtos de pós-consumo ou de seus materiais constituintes, classificados em função de seu estado de vida e origem: “Em condições de uso”; “Fim de vida útil”; e “Resíduos industriais”.Logística Reversa de Pós-Venda Equacionamento do retorno de produtos não consumidos. Produtos voltam pelos mesmos canais reversos que os levaram ao mercado. Logística Reversa de Pós-Consumo Equacionamento do retorno de produtos consumidos. Produtos voltam por canais reversos distintos daqueles que os levaram ao mercado. http://periodicos.unb.br/index.php/sust/article/view/15522 http://abcustos.emnuvens.com.br/abcustos/article/view/118 http://siaibib01.univali.br/pdf/Pamela%20dos%20Santos.pdf 12 A classificação “Em condições de uso” refere-se às atividades em que o bem durável ou semidurável apresenta interesse de reutilização, sendo sua vida útil estendida adentrando no canal reverso de “Reuso” em mercado de segunda mão até atingir o “fim de vida útil” do produto. Nas atividades da classificação “Fim de vida útil”, a logística reversa poderá atuar em duas áreas não destacadas no esquema: dos bens duráveis ou descartáveis. Na área de atuação de duráveis ou semiduráveis, os produtos entrarão no canal reverso de Desmontagem e Reciclagem Industrial; sendo desmontados na etapa de “desmanche”, seus componentes poderão ser aproveitados ou remanufaturados, retornando ao mercado secundário ou à própria indústria que o reutilizará, sendo uma parcela destinada ao canal reverso de “Reciclagem”. Já nas áreas de logísticas, tecnológicas e econômicas, os produtos são retornados por meio do canal reverso de “Reciclagem Industrial”, onde os materiais constituintes são reaproveitados e se constituirão em matérias-primas secundárias, que retornam ao ciclo produtivo pelo mercado correspondente, ou no caso de não haver as condições mencionadas, serão destinadas ao “Destino Final”, aos aterros sanitários, lixões e incineração com recuperação energética. Observe o fluxograma na tela a seguir. 13 Uma parcela dos bens de pós-consumo será reintegrada ao ciclo produtivo e irá fluir pelos canais reversos de reciclagem. Com a revalorização dos seus materiais constituintes, estes podem ser reintegrados ao ciclo produtivo na fabricação de um produto similar ao que lhe deu origem ou de um produto distinto. Em função dessa diferença, há a distinção de duas categorias de ciclos reversos de retorno ao ciclo produtivo: Canais de distribuição reversos de ciclo aberto: são constituídos pelas diversas etapas de retorno dos materiais constituintes dos produtos de pós-consumo, tais como plásticos, papéis, vidros, metais etc., que são reintegrados ao ciclo produtivo e substituem as matérias-primas virgens necessárias para a fabricação de itens diversos. Pode-se citar como exemplo os eletrodomésticos descartados, de onde são extraídos diversos componentes, sendo um deles o material ferroso, que será reintegrado como matéria-prima secundária na fabricação de chapas de aço, barras de ferro e vigas, entre outros. Canais de distribuição reversos de ciclo fechado: são constituídos por bens de pós-consumo em que os materiais constituintes de determinado produto descartado são extraídos seletivamente e aproveitados na fabricação de um produto similar ao de origem. Das baterias de veículos descartadas, por exemplo, podem ser extraídas a liga de chumbo e a carcaça de plástico, materiais que são reutilizados na fabricação de uma nova bateria. É importante ressaltar que no canal de ciclo aberto a matéria-prima extraída será utilizada na elaboração de produtos diferentes daqueles dos quais os materiais foram extraídos, pois nessa categoria o material é primeiramente reprocessado para depois se tornar uma nova matéria-prima. Já no caso do canal de ciclo fechado, após seleção, o material classificado como aproveitável é separado e colocado em um novo produto similar, que poderá ser novamente disponibilizado no mercado. Classificação e destino dos canais reversos pós-consumo (CR-PC): 1. Reúso São os canais em que se tem a extensão do uso de um produto de pós- consumo ou de seu componente, com a mesma função para a qual foi originalmente concebido, ou seja, sem nenhum tipo de remanufatura. Pós- consumo, neste caso, é adotado como sinônimo de bem-usado. Por exemplo: veículos, eletrodomésticos, produtos de informática, vestuário etc. 14 Em todas as regiões do planeta possuem mercado de segunda mão. Após os bens atingirem seu fim de vida útil efetivo, os mesmos passam um por um fluxo reverso por meio de dois grandes sistemas de canais reversos de revalorização: “remanufatura” e o de “reciclagem”. Na impossibilidade dessas revalorizações, os bens de pós-consumo encontram a “disposição final” em aterros sanitários ou são incinerados. 2. Desmanche É um processo industrial no qual um produto durável de pós-consumo é desmontado em seus componentes. Os componentes em condições de uso ou de remanufatura são separados e destinados à remanufatura industrial e os materiais para os quais não existem condições de revalorização são enviados para a reciclagem industrial. Os componentes em condições de uso são enviados, diretamente ou após a remanufatura, ao mercado de peças usadas, enquanto os materiais inservíveis são destinados a aterros sanitários ou são incinerados. 3. Remanufatura São bens usados que passam pelo o processo industrial da remanufatura. Em geral, algumas condições devem ser cumpridas para que um bem seja considerado remanufaturado, são elas: os componentes primários deverão ser provindos de um produto usado; o produto usado deverá ser desmontado na extensão necessária a se determinar as condições de seus componentes; os componentes do produto usado deverão ser completamente limpos e livres de ferrugem e corrosão; todas as peças faltantes, defeituosas, quebradas ou desgastadas deverão ser restauradas ou substituídas por novas ou usadas de forma que apresentem boas condições de funcionamento; o produto deverá passar por operações como usinagem, rebobinagem, acabamento, entre outras, para chegar em plenas condições de funcionamento e o produto deverá ser remontado e operar com a mesma segurança e eficiência de um produto novo. Atualmente, há diversos termos correlatos aos bens remanufaturados, dentre eles: Bem reconstruído (rebuilt): é sinônimo de remanufaturado quando aplicado a peças de motores e sistemas automotivos, mas não ao veículo todo. 15 Bem recarregado (recharged): também é sinônimo de remanufaturado, geralmente aplicado a produtos de imagem, como cartuchos de tinta. Bem recondicionado (refurbished): esse termo se refere, sobretudo, àqueles produtos que apresentaram defeito ainda dentro da fábrica e são ali mesmo reparados. Tal termo é utilizado principalmente para artigos eletrônicos. 4. Reciclagem A reciclagem é o reaproveitamento dos materiais como matéria-prima para um novo produto. Muitos materiais podem ser reciclados e os exemplos mais comuns são o papel, o vidro, o metal e o plástico. A palavra reciclagem difundiu-se na mídia a partir do final da década de 1980, quando foi constatado que as fontes de petróleo e de outras matérias-primas não renováveis estavam se esgotando rapidamente, bem como havia falta de espaço para a disposição de lixo e de outros dejetos na natureza. A expressão vem do inglês recycle (re = repetir; cycle = ciclo). Os resultados da reciclagem são expressivos tanto no campo ambiental, como nos campos econômico e social. No aspecto econômico, a reciclagem contribui para a utilização mais racional dos recursos naturais e a reposição daqueles recursos que são passíveis de reaproveitamento. No meio ambiente, a reciclagem pode reduzir a acumulação progressiva de resíduos à produção de novos materiais, como exemplo o papel – que exigiria o corte de mais árvores; as emissões de gases como metano e gás carbônico; as agressões ao solo, ar e água; entre outros tantos fatores negativos. No âmbito social,a reciclagem não só proporciona melhor qualidade de vida para as pessoas – através das melhorias ambientais – como também tem gerado muitos postos de trabalho e rendimento para pessoas que vivem nas camadas mais pobres. A seguir, veremos uma introdução sobre exemplos de materiais que podem ser reciclados quando ocorre o processo da logística reversa. Aço Reciclado A reciclagem de aço é o reaproveitamento do aço utilizado em objetos que já não estão funcionando para produzir novos objetos. O aço é utilizado em diversos materiais, desde latas até carros. Sua reciclagem é tão antiga quanto a própria história de sua utilização. O aço pode ser reciclado infinitas vezes, com custos menores e menos dispêndio de energia do que na sua criação inicial. Ele 16 pode ser separado de outros resíduos por diversos processos químico- industriais e voltar a ser utilizado sem perder suas características iniciais. A lata de aço é uma das embalagens mais utilizadas em todo mundo para acondicionar alimentos e produtos diversos. A embalagem pode ser biodegradada pelo próprio ambiente, através do processo de ferrugem, num prazo médio de três anos. Porém, se aproveitado, o aço pode gerar economias e menos agressão ao meio ambiente. Reciclagem de papel A reciclagem do papel consiste no reaproveitamento das fibras celulósicas de papéis usados para produção de um novo artefato de papel. O papel reciclado pode ser aplicado em caixas de papelão, sacolas, embalagens para ovos, bandejas para frutas, papel higiênico, cadernos e livros, material de escritório, envelopes, papel para impressão, entre outros usos. Para a reciclagem, o papel é classificado em papel branco, papel jornal, papel misto, papelão e longa vida. Os papéis brancos são os papéis de carta, folhetos, papéis de copiadoras e impressoras. O papel jornal é produzido com menos celulose e mais fibras de madeira, obtidas na primeira etapa da fabricação do papel e, por isso, apresenta menor qualidade. Os papéis mistos apresentam diferentes fibras e cores, por exemplo, aqueles que encontramos em revistas. É importante lembrar que os papéis para fins sanitários (toalhas e higiênicos) não são encaminhados para reciclagem, assim como papéis vegetais, parafinados, carbono, plastificados e metalizados. 17 Figura: A reciclagem do papel (alpambiental, 2015) Reciclagem do vidro A reciclagem possui papel de destaque na indústria vidreira. Com um quilo de vidro se faz outro quilo de vidro, com perda zero e sem poluição para o meio ambiente. Além da vantagem do reaproveitamento de 100% do caco, a reciclagem permite poupar matérias-primas naturais como areia, barrilha e calcário (Fonte: site ABIVIDRO – Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro). Como normalmente os vidros de embalagem são do tipo sodo-cálcico, apenas as sucatas de vidro com essa natureza química são aceitas para reciclagem, como garrafas, potes e frascos. Os vidros de janelas, espelhos, cristais, pirex e similares podem ser reciclados, porém não devem ser incluídos junto com os vidros de embalagem. Reciclagem do alumínio A reciclagem de alumínio é o processo pelo qual o alumínio pode ser reutilizado em determinados produtos, após ter sido inicialmente produzido. O processo resume-se no derretimento do metal, o que é muito menos dispendioso e consome muito menos energia do que produzir o alumínio através da 18 mineração de bauxita. A mineração e o refino deste requerem enormes gastos de eletricidade, enquanto que a reciclagem requer apenas 5% da energia para produzi-lo. Por isso, a reciclagem tornou-se uma atividade importante para essa indústria. O alumínio pode ser reciclado tanto a partir de sucatas geradas por produtos de vida útil esgotada, como de sobras do processo produtivo. O alumínio reciclado pode ser obtido a partir de esquadrias de janelas, componentes automotivos, eletrodomésticos, latas de bebidas, entre outros. A reciclagem não danifica a estrutura do metal, que pode ainda ser reciclado infinitamente e reutilizado na produção de qualquer produto com o mesmo nível de qualidade de um alumínio recém-produzido por mineração. Reciclagem de plástico Existem três tipos de reciclagem do plástico: 1. Reciclagem primária ou pré-consumo - é feita com os materiais termoplásticos provenientes de resíduos industriais, que são limpos e fáceis de identificar. Tecnologias convencionais de processamento transformam esses resíduos em produtos com características de desempenho equivalentes aos fabricados a partir de resinas virgens. 2. Reciclagem secundária ou pós-consumo - acontece com os resíduos plásticos recolhidos em lixões, sistemas de coleta seletiva, sucatas etc. É feita com os mais diversos tipos de materiais e resinas que são separados e passam por um processo ou por uma combinação de operações para serem transformados em outros produtos. 3. Reciclagem terciária - é a conversão de resíduos plásticos em produtos químicos e combustíveis, por processos termoquímicos. Esses plásticos são convertidos em matérias-primas que podem originar novamente as resinas virgens ou outras substâncias interessantes para a indústria, como gases e óleos combustíveis. Para se reciclar o plástico, é preciso separar, moer e lavar o material, secar com batedores e sopradores (que farão uma secagem parcial) e depois com aglutinadores (que farão a secagem definitiva). Depois esse material será fundido, resfriado, granulado e transformado, enfim, em matéria- prima e que poderá ser utilizada na fabricação de inúmeros produtos, como garrafas, frascos, baldes, cabides, pentes, “madeira plástica”, cerdas, vassouras, sacolas, filmes, painéis para a construção civil e outra infinidade de opções. 19 Os plásticos recicláveis são: garrafas, tampas, embalagens de higiene e limpeza, garrafas PET, CD e DVD, tubos vazios de creme dental, utensílios plásticos, como canetas e escovas de dente, potes de todos os tipos, sacos de supermercado, embalagens para alimentos, vasilhas, recipientes e tubulações. Há um interessante artigo sobre a aplicação empreendedora em micro e pequenas empresas com bom exemplo de aplicabilidade de um canal reverso muito utilizado que é a reciclagem e que pode ser útil como exemplo de implantação. Veja um estudo de caso com um bom e animado exemplo de fator de sucesso aliado à logística reversa e os aspectos de reciclagem. Link: https://www.youtube.com/watch?v=j22M5rfVacI TROCANDO IDEIAS Chegou o momento de trocar ideias com os seus amigos! Dentre os estudos apresentados acerca dos canais reversos, sob o ponto de vista econômico e ambiental, qual seria a melhor opção? De que forma a logística reversa pode gerar ganhos através dos canais reversos? Sua empresa utiliza algum tipo de canal reverso, qual? Enriqueça esse debate e participe no fórum! SÍNTESE Nesta aula, aprendemos os conceitos e definições da logística reversa e qual a relação dela com as organizações nos dias de hoje, vimos que o fluxo reverso é representado por canais e que são conhecidos como canais reversos de pós-consumo e de pós-vendas. O gerenciamento desses canais é dado por um conjunto de atividades desenvolvidas pelas empresas para que os produtos http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/372.pdf https://www.youtube.com/watch?v=j22M5rfVacI http://www.uniesp.edu.br/finan/pitagoras/downloads/numero4/a-logistica-reversa-como-gestao.pdf http://www.uniesp.edu.br/finan/pitagoras/downloads/numero4/a-logistica-reversa-como-gestao.pdf 20 retornem a sua utilização ou sejam direcionados aos multicanais apresentados para as áreas de pós-consumo. Aprendemos também que a classificação desses materiais em bens com variados ciclos de vida determina, nos dias de hoje, as tecnologias a serem utilizadas quando da necessidade da utilização de um ou maiscanais reversos. Compreendemos também a relação direta que a logística reversa tem com a reciclagem, bem como a importância da reciclagem, não só no aspecto reverso, mas também para a preservação dos recursos naturais. Além disso, vale destacar que aprendemos que a logística reversa de pós- consumo, dita por Barbieri e Dias (2002) “logística reversa sustentável”, também resulta em benefícios econômicos, como a geração de lucro, e é qualificada como um negócio inteligente (CALDWELL, 1999), já que o crescimento econômico de longo prazo depende de atitudes sustentáveis. Tachizawa (2002, p.24) comenta ainda que as práticas sociais e sustentáveis subsidiam as organizações a manterem-se competitivas no mercado, seja qual for o setor. Tais benefícios se fazem por intermédio do reaproveitamento ou revenda dos componentes retornados no mercado secundário, economia de insumos, geração de empregos pela atividade, reconhecimento da imagem corporativa pela credibilidade atribuída pela sociedade, entre outros (LEITE, 2009; MIGUEZ, 2010). REFERÊNCIAS RAZZOLINI, Edelvino Filho; BERTÉ, Rodrigo. O Reverso da Logística e as Questões Ambientais no Brasil. Curitiba: INTERSABERES, 2013. DE BRITO, M P, FLAPPER, S D P e DEKKER, R, 2002, Reverse Logistics: a review of case studies, Econometric Institute Report. EI 2002-21, Maio. DONATO, Vitório. Logística Verde: uma abordagem socioambiental. São Paulo: Ciência Moderna, 2009. FLEURY, P F. et. al. 2000, Logística Empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas. LACERDA, L. 2002, Logística Reversa - uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais. Disponível em: http://www.coppead.ufrj.br/pesquisa/cel/new/fr-rev.htm. http://www.coppead.ufrj.br/pesquisa/cel/new/fr-rev.htm 21 LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa. 2 ed. São Paulo: Pearson / Prentice Hall, 2009.
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