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@eu.lusantos | 1 MDB - @eu.lusantos Distúrbios do Sódio • O sódio é um íon predominantemente extracelular e a manutenção do liquido para o intra e extracelular depende do gradiente de Na+. • Na dosagem do número sério do Na+ os números são altos, entre 135 a 145 mEq/L, esse valor é alto devido sua predominância no espaço extracelular, diferente de íons como o potássio e o magnésio. • As alterações no equilíbrio do Na+ podem gerar hipernatremia ou hiponatremia, estas geram manifestações clínicas. O sódio e a água estão relacionados, dessa forma distúrbios desses elementos não podem ser tratados de maneira independente. Assim, quando o Na+ está baixo pode ser por uma causa associada a desidratação, bem como a hiponatremia pode ser causada por um aumento do volume de água, devido a retenção hídrica. Hiponatremia • Quando a concentração de Na+ no sangue é inferior a 135 mEq/L. • É um distúrbio muito comum, principalmente em pacientes hospitalizados, esta muito associada a retenção hídrica, ou seja, uma hiponatremia dilucional, frequentemente, está associada a uma falha na secreção de ADH (hormônio antidiurético). • O sódio determina a tonicidade do sangue, assim pode ser normal, hipotônico ou hipertônico. Quadro clínico: • Assintomático, na maioria das vezes os casos são de hiponatremia leve. Então, um paciente com centração de 130-132 mEq/L com frequência estará assintomático e a hiponatremia será um achado. • Os sinais e sintomas aparecem nos casos de uma hiponatremia importante (<120 mEq/L). • Quanto menor o nível do sódio e quanto maior a velocidade de rebaixamento do nível do sódio maior será a gravidade dos sintomas. Obs.: Sintoma patognomônico: um sintoma que é determinante para fechar o diagnóstico, isso não existe, o que ocorre é um conjunto de sintomas que nos levam a desconfiar de um diagnóstico. Sintomas: • Letargia (lento, apático, paciente bradipsiquico, torporoso) • Desorientação • Náuseas e anorexia • Câimbras musculares • Agitação psicomotora (quadro de delírio) Sinais: • Sensório anormal (queda no Glasgow) • Reflexo profundos alterados • Ritmo respiratório irregular (respiração de Cheyne Stokes) • Hipotermia • Reflexos patológicos (exemplo: Babinski) • Paralisia muscular e convulsões. Classificação da Hiponatremia Pseudo-hiponatremia: a primeira conduta é excluir esta possibilidade. Esse quadro ocorre, pois há moléculas que quando se acumulam deslocam a água e, isso pode reduzir a fração de Na+. Logo, nesses casos o tratamento foca em reduzir as moléculas aumentadas, podem ser triglicerídeos, colesterol e paraproteinemias (mieloma múltiplo – câncer que afeta o sistema hematopoiético). Hipernatremia hipertônica: ocorre devido ao acúmulo de solutos osmoticamente ativos, como a glicose e o manitol. Nesse caso a tonicidade do sangue está aumentada. É comum na cetoacidose diabética, pois temos um aumento importante da glicose sanguínea, assim a glicose vai puxar água para dentro do vaso, o que vai diluir o sódio, causando a hiponatremia hipertônica, pois apesar da água que diluir, a glicose vai aumentar a tonicidade do sangue. Uma obstrução da uretra vai causa uma insuficiência renal pós-renal, por não permitir a eliminação da urina, como consequência haverá um aumento da concentração da ureia. A ureia também é osmoticamente ativa, quando ocorre a desobstrução rapidamente o paciente irá urinar e regularizar os níveis séricos. É uma hiponatremia verdadeira e quando há redução dos solutos o nível da água vai se regularizar e os níveis de sódio irão subir, ou seja, o tratamento é da causa de base. Hiponatremia hipotônica: nesse caso o nível sérico de sódio estará baixo e o tratamento será sobre o sódio, sendo que a quantidade de íons Na+ pode estar alta, normal ou baixa. Quando o paciente chega com um quadro neurológico é preciso dosar o sódio, caso o sódio venha baixo e não há outra justificativa para o quadro do paciente, trabalha-se com a hipótese da hiponatremia. Primeira conduta: excluir a possibilidade de hiponatremia hipertonia e de pseudo-hiponatremia, ou seja, solicitar a dosagem de glicose, lipídeos e eletroforese de proteínas. Se estiverem alteradas o tratamento será sobre a causa de base. Conduta seguinte: caso as dosagens estejam adequadas a questão será o sódio, propriamente, podendo ser um caso de hiponatremia hipotônica hipervolêmica, hipovolêmica ou normovolêmica. @eu.lusantos | 2 Hiponatremia Hipotônica Hipervolêmica: Paciente com insuficiência cardíaca possui fração de ejeção reduzida e um debito cardíaco reduzido e, com isso o volume circulante fica maior. Esse paciente possui o sistema renina-angiotensina ativado e possui retenção hídrica, ou seja, é um paciente hipervolêmico. Ao reter liquido reduz a concentração de sódio, pois o aumento do volume de água dilui o sódio. O tratamento é um diurético. Insuficiência renal, o paciente que não dialisa fica hipervolêmico, tanto que é um paciente que incha e que pode desenvolver falta de ar, devido a congestão pulmonar. Então, ele não urina e, por isso retem sódio e água. O tratamento é com dialise ou diurético. Assim, nesses casos o paciente possui hiponatremia devido o aumento do volume circulante, ou seja, hipervolemia. Cirrose hepática também é uma causa comum de hiponatremia hipotônica hipervolêmica. Nesse caso trata-se a causa base e não, necessariamente, administração de sódio. Hiponatremia Hipotônica Hipovolêmica: Acontecem situações que levam o paciente a perder água e sódio, porém com maior perda de Na+. Um exemplo é o uso de diurético, mesmo diuréticos leves, pois o objetivo desse medicamento é fazer uma natriurese para reduzir o volume circulante. Nesses casos, a conduta é suspender o diurético e hidratar o paciente com soro fisiológico. Quadro clinico que fala a favor: uso de diurético, nefropatia perdedora de sal, sudorese excessiva, diarreia e vômitos, perde liquido para o terceiro espaço (ascite, sangramento, derrame pleural), exercício físico extenuante. Dosar Na+ urinário: • Na+ maior do que 20: perda pela urina (via renal), como uso de diurético. • Na+ normal: então a perda ocorre por outra via, como sudorese ou diarreia. Hiponatremia Hipotônica Normovolêmica: É o mais difícil de descobrir o que está causando a hiponatremia. Nessa condição a primeira coisa a ser feita é avaliar se existe alguma medicação, hipotireoidismo, insuficiência suprarrenal, polidipsia psicogênica, pós-operatório renal (sonda vesical para hidratar, a fim de não formar coágulo, mas a parede do órgão absorve e pode fazer uma hiponatremia dilucional) ou síndrome da secreção inapropriada do ADH. Dosar osmolaridade da urina (EAS), se a osmolaridade e densidade estiverem baixas é porque o paciente está ingerindo muita água. Mas, se estiverem normais pode ser a síndrome da secreção inapropriada do ADH (SISHAD), o paciente urina menos e retem liquido, o que causa uma hiponatremia dilucional. Essa síndrome ocorre principalmente em neoplasias, traumatismo craniano, DPOC e outros tipos de câncer. Tratamento: • Hipervolêmica: restrição hídrica e diurético. • Hipovolêmico: hidratar o paciente. • Euvolêmico: se o paciente possuir uma hiponatremia grave (<120 mEq/L) é preciso repor Na+. Caso, não seja uma hiponatremia importante é preciso tratar de acordo com a causa identificada. Casos graves (independentemente do tipo) é quando há comprometimento do SNC, o que fazer: • Repor Na+, mas não podemos elevar o Na+ de forma rápida. • Subir 0,5 mEq/L por hora, em 24 h = 12 mEq/L. • Caso o paciente estiver muito grave pode-se subir mais nas primeiras horas e depois lentificar. Sabe- se que com Na+ acima de 120 mEq/L as manifestações neurológicas graves são resolvidas. Fórmulas para correção: Caso clínico: Paciente, masculino, 39 anos, com história de atropelamento por moto há 9 dias, apósconsumo de bebida alcoólica, tendo ficado internado devido a TCE moderado e recebido alta ontem. Retorna à emergência trazido por familiar com relato de 3 episódios de crises convulsivas nas últimas 3 horas, com duração de cerca de 2 minutos, sem liberação esfincteriana, que cederam espontaneamente, com recuperação total da consciência entre as crises. Última @eu.lusantos | 3 crise a caminho do hospital. Nega episódios anteriores de crises convulsivas. Nega outras doenças e uso de medicamentos. Nega alergias. Etilista e tabagista. Nega consumo de drogas ilícitas. Ao exame físico: Sonolento, normocorado, hidratado, eupneico, afebril, bem perfundido. Glasgow 14 (O3;V5;M6), pupilas isocóricas e fotorreagentes, sem rigidez de nuca e déficits focais. RCR2T, BNF, sem sopros, estabilidade hemodinâmica. MV +, ARA, eupneico, SaTO2=98% em ar ambiente. Após a avaliação inicial do paciente, foram solicitados exames laboratoriais e uma nova TC de crânio para identificar possível causa metabólica ou estrutural das crises. Resultados dos exames: Glicose: 100 mg/dL Ureia: 20 mg/dL (Ref: 15 a 38 mg/dL) Sódio: 117 mEq/L (Ref: 135 a 145mEq/L) TC de crânio realizada há 7 dias: Hematoma Subdural Agudo Frontal Esquerdo. TC de crânio atual (imagem não disponível): Melhora das contusões. Sem evidência de novas lesões nem sangramento recente. • Crises convulsivas podem ser consequências do traumatismo crânio encefálico (TCE), então isso pode levar a uma síndrome da secreção inadequada de ADH. Além disso, podemos suspeitar de hipoglicemia, então tem que entrar nas minhas hipóteses diagnosticas. • Por meio do exame físico não há sinal de hiper ou hipovolemia, pois ele está hidratado, não toma remédio, sem causas evidentes (insuficiência renal, cirrose), diarreia. Então, pode ser: hipoglicemia, agravamento do TCE ou hiponatremia. • Os exames mostram, que ureia e glicose estão normalizadas, o TCE está sem agravamento. Nesse caso, o diagnostico é fechado como síndrome secreção inadequada do ADH (SIHAD), devido um comprometimento do SNC, em razão do TCE. Tratamento: 117 para 129 mEq/L. Sobe 6 mEq/L nas primeiras 6 horas e 6 mEq/L nas outras 18 horas. Exame de urina: osmolaridade e densidade altas, mostra que o caso não é polidipsia. Assim, o paciente apresenta hiponatremia hipotônica normovolêmica, visto que no seu exame físico não havia sinais de edema ou congestão e nem sinais de desidratação ou choque. Correção da hiponatremia da SIHAD: • Restrição hídrica 800 ml – 1 L de água • Soro fisiológico a 9% Fórmula: • (Na desejado – Na paciente) x água corporal • (Na desejado – Na paciente) x peso x 0,6 • (129 – 117) x 70 x 0,6 = 504 mEq de Na+. • Como 1 L de NaCl 3% possui 510 mEq de Na+, são necessários 988 ml para repor. • Infusão: 494 ml nas primeiras 6 horas (82 ml/h0), 494 nas outras 18 horas (27 ml/h). Mielinólise pontinha: ocorre a desmielinização osmótica dos neurônios da ponte e extrapontinos de um a vários dias após o tratamento mais agressivo de hiponatremia. Esse quadro desencadeia disfunção neurológica como quadriplegia, paralisia pseudobulbar, convulsões, coma e até óbito. Resumo do diagnóstico de hiponatremia: Hipernatremia • É um menos frequente, pois quando o sódio sobre você sente sede, toma água e o sódio retorna aos níveis normais. Então, isso ocorre em pacientes que não possuem acesso a água, ex.: crianças, idosos, acamados, quadro demencial. • Evolui com hiperosmolaridade hipertônica e provoca desidratação celular. • Ocorre em pacientes hospitalizados de forma iatrogênica. Quadro clinico: • Assintomático, os sintomas ocorrem nos casos graves. • Os casos agudos geram sintomas mais graves, os casos crônicos a água também começam a acumular algumas moléculas para evitar a sua desidratação Sintomas: desidratação celular, contração das células cerebrais o que pode levar a laceração, hemorragia @eu.lusantos | 4 subaracnóideo e subcortical e trombose dos seios venosos. Sinais: agitação, letargia e irritação. Esses sintomas podem ser seguidos de espasmos musculares, hiperreflexia, tremores e ataxia. Causas mais frequentes: Diagnostico: Como agir quando: Osmolaridade baixa: o paciente está perdendo água pela urina, pode ser um caso de Diabetes Insipidus (DI). Tratamento é Ddavp® (medicação antidiurética que resolve a DI de origem central), caso a medicação não solucione é porque a causa é nefrogênica. Osmolaridade alta: então esse doente está tomando sódio de alguma forma exógena ou está perdendo Na+ por outra via (sudorese). Tratamento: • O tratamento se inicia com o diagnóstico da causa do processo e corrigindo a hipertonicidade. • Uma correção mais prudente torna-se necessária nos pacientes com hipernatremia de longa duração ou de duração desconhecida. • Nesses casos, deve-se reduzir a diminuição da concentração de sódio sérico a 0,5 mEq/ h o que evita o aparecimento de edema e convulsões. • Recomenda-se que a queda do sódio plasmático não exceda a 10 mEq/l nas 24 h. O objetivo do tratamento é levar os níveis do sódio sérico a 140 mEq/l. • A via preferencial para correção, quando possível, é a oral através de sondas nasogástricas ou enterais. • Se não for possível, administrar, por via endovenosa, soluções hipotônicas, como glicose a 5% (Na = 0) e salina a 0,45% (Na = 77 mEq/L). • Quanto mais hipotônico o líquido de infusão, mais lenta deve ser a administração. • Cálculo do déficit de água: Caso clínico: Paciente de 82 anos, 70 kg, com história de tabagismo e hipertensão arterial. Ele relata ter iniciado há três dias com intolerância digestiva, vômitos e diarréia aquosa. Nas últimas 24 horas, defecou seis vezes e, de acordo com sua família, apresentou uma tendência a dormir e desorientado no tempo e espaço. No momento da admissão, o paciente apresenta-se sonolento, oligúrico (30 ml / 2 horas), obedece às ordens e tem secura das mucosas. Exames complementares: • Glicose: 100 mg/dL • Ureia: 20 mg/dL (Ref: 15 a 38 mg/dL) • Sódio: 155 mEq/L (Ref: 135 a 145mEq/L) • A osmolaridade plasmática calculada é de 337 mOsm / kg; neste caso, é possível diagnosticar o paciente com uma síndrome hiperosmolar devido a hipernatremia. • Déficit de água livre = 0,6 x 70 x ( 155-140 ÷ 140) = 42 x 0,1 = 4,2 litros. • Reposição de água livre por SNE 175 ml/h.
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