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Direito das Coisas

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01/07/2021
Direito Civil 
Coisas
Prof. Me. Cláudio César Machado 
Moreno
Contextualizando
Unidade de Ensino: 04
Competência da Unidade de Ensino: Direitos reais sobre coisas 
alheias e aquisição
Resumo: Direitos reais de garantia, Penhor, Hipoteca
Anticrese, Propriedade fiduciária.
Palavras-chave: Penhor, Hipoteca, Anticrese, Propriedade fiduciária
Título da tele aula: Direitos reais sobre 
coisas alheias e aquisição
Tele aula nº 04
Caro aluno, chegamos à última etapa da nossa jornada de estudos!
Na unidade anterior, concluímos o estudo do condomínio, 
conhecendo as regras atinentes ao condomínio edilício, e iniciamos 
a matéria de Direito real sobre coisas alheias, por meio do estudo 
de uma de suas espécies, a dos direitos reais de fruição e de 
aquisição. Agora, chegou o momento explorar os direitos reais de 
garantia, outra espécie dos direitos reais sobre coisas 
alheias.
Garantias reais x 
pessoais
GARANTIAS PESSOAIS – Tem natureza obrigacional e nada mais 
são do que a garantia fornecida por terceiro. Ex.: Fiança e aval.
GARANTIAS DE DIREITOS REAIS – Diferentemente, as garantias 
reais recaem sobre um bem que irá garantir o cumprimento da 
obrigação. Ex: Hipoteca
• São instituídos somente por lei – Tipicidade
• São espécies: Hipoteca, penhor,
anticrese e a propriedade 
fiduciária.
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CLÁUSULAS OBRIGATÓRIAS:
• a) O valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo.
• b) O prazo fixado para pagamento.
• c) A taxa dos juros, se houver.
• d) O bem dado em garantia, com as suas especificações.
CARACTERÍSTICAS
• PREFERÊNCIA – O credor hipotecário e pignoratício tem 
preferência no recebimento
dos valores devidos. Exceções: Previstas 
em lei – trabalhistas e tributárias. 
• INDIVISIBILIDADE – Em regra, mesmo com o pagamento 
parcial da dívida, a garantia permanece inteira, salvo ajuste 
diferente das partes.
• SEQUELA – Mesmo que o bem seja alienado, a garantia 
continua a existir, gravada no bem.
• EXCUSSÃO – O credor hipotecário e o pignoratício podem 
executar judicialmente o crédito. O anticrético somente 
pode reter o bem e por no máximo 15 anos.
Requisitos das 
garantias reais 
e alienação 
fiduciária
REQUISITOS:
• SUBJETIVOS: Capacidade das partes. Pessoa natural deve 
ter capacidade civil. Pessoa Jurídica deve ser realizada por 
quem detém a representação através do contrato social ou 
estatuto.
• OBJETIVOS: Possibilidade material e licitude do bem 
apresentado, devendo ser passível de alienação.
• FORMAIS: Existência de um contrato expresso 
devidamente registrado. 
CRI – Imóveis / DETRAN – veículos. 
Garantia do direito de sequela.
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA:
• Por ela o credor fiduciário adquire a propriedade resolúvel e 
a posse indireta do bem. Móveis ou imóveis.
• Forma de garantir o pagamento do financiamento 
contratado pelo devedor fiduciante.
• Desdobramento da posse: Indireta com o credor fiduciário e 
direta com o devedor fiduciário (depositário).
• Credor é imitido na posse indireta do bem pela 
cláusula constituti.
• Propriedade resolúvel - Tem duração enquanto durar a 
obrigação.
• Patrimônio de afetação - Propriedade do bem registrada 
em nome do credor. Nas demais garantias reais o credor 
detém o ônus real sobre a coisa.
NÃO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO – A propriedade é 
consolidada em nome do credor, não necessitando de ação 
judicial para tanto. Devendo alienar o bem e entregar 
ao devedor o valor que exceder ao crédito.
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Penhor I
PENHOR - é constituído pela transferência do devedor pignoratício 
ao credor pignoratício a posse direta de uma coisa móvel, 
suscetível de alienação, como garantia da obrigação firmada entre 
as partes
• BENS MÓVEIS – Regra geral
• BENS IMÓVEIS – Por acessão. Penhor agrícola e o penhor 
sobre máquinas
• TRANSFERÊNCIA DA POSSE DO BEM AO CREDOR
• EXCEÇÃO: Penhor rural, industrial, 
mercantil e de veículos, bem continua 
na posse do devedor.
DIFERE DE PENHORA – Ato judicial de origem processual, que 
recai sobre bens (penhorados) do devedor/executado que podem 
ser expropriados para garantia do pagamento de dívida.
INSTRUMENTO ESCRITO – Efeitos entre as partes, contra terceiros 
somente se for registrado em Cartório de Títulos e Documentos.
VEDAÇÃO DE CLÁUSULA COMISSÓRIA – O credor não pode ficar 
com o bem para si em caso de não cumprimento. O 
bem deve ser leiloado.
VALOR ALCANÇADO NO LEILÃO - Destinado ao credor. Caso ultrapasse 
a dívida restitui-se ao devedor a diferença. Caso seja menor o devedor 
continua obrigado pessoalmente.
SEGUNDO PENHOR – Em regra não se admite, contudo admitisse a 
possibilidade do credor emitido na posse oferecer em garantia a 
terceiro.
DEVOLUÇÃO DA COISA – Somente após a quitação da dívida. 
Possibilidade de autorização judicial de venda para quitação 
da dívida, desde que vencida a obrigação sem 
quitação.
Situação Problema
Léo e Bia se casaram e foram para a lua-de-mel sendo que durante 
a viagem Léo gasta todas as reserva na compra de uma joia para 
Bia e fica sem dinheiro para pagar a pousada, tenta negociar com 
o proprietário o pagamento posterior, mas este somente aceita tal 
condição se a bagagem e as joias de Bia ficarem na pousada em 
garantia.
O pedido do proprietário da pousada tem fundamentação legal ou 
deve ser negado?
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Como vimos o dono da pousada pode constituir o penhor e reter 
as bagagens e joias.
Não há necessidade de autorização judicial.
O dono da pousada deve fornecer comprovante dos bens que iram 
ficar em penhor.
O penhor deve ocorrer sobre os bens que correspondam ao valor 
da dívida.
Leo deve conferir o valor da conta e dos bens.
Após o pagamento os bens devem ser restituídos à Leo.
Interação
- Vimos que na alienação fiduciária o credor fiduciário adquire 
a propriedade resolúvel e a posse indireta do bem. (CARRO)
- Vimos que a penhora é um ato judicial de origem processual, 
que recai sobre bens (penhorados) do devedor/executado 
que podem ser expropriados para garantia do pagamento de 
dívida.
- Neste contexto, você compra um carro através de alienação 
fiduciária. Passados 5 meses, você fica devendo 
e um credor entra na justiça cobrando o que 
você deve. O carro pode ser penhorado?
Penhor II
DEMAIS ESPÉCIES DE PENHOR - Bem fica com o devedor
• PENHOR RURAL – Registrado no CRI
• AGRÍCOLA – Recaí sobre colheitas pendentes, madeira de 
extração, lenha, máquinas, etc.
• PECUNIÁRIO – Recaí sobre animais 
• PENHOR INDUSTRIAL E MERCANTIL – Recai sobre máquinas, 
aparelhos e animais utilizados na indústria. 
Registro no CRI.
• PENHOR DE DIREITOS – Recai sobre direitos que podem 
ser objeto de cessão. Registro do Cartório de Títulos e 
Documentos. Instrumento Público 
ou privado
• PENHOR SOBRE TÍTULOS DE CRÉDITO – Constituído por 
documento público ou particular (Cartório de Títulos e 
Documentos) ou endosso pignoratício no 
próprio título.
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• PENHOR DE VEÍCULOS – Constituído por documento público 
ou particular registrado no Cartório de Títulos e Documentos, 
com anotação no certificado do veículo junto ao DETRAN.
• PENHOR LEGAL – Recai sobre bagagens, móveis, joias ou 
dinheiro dos consumidores ou fregueses em favor de 
hospedeiros, fornecedores 
de pousada ou alimento.
Hipoteca I
HIPOTECA CONVENCIONAL
• Espécie de garantia real, regida dentre os direitos reais sobre 
coisas alheias
• Em regra sobre bens imóveis
• Não implica na transmissão da posse do bem hipotecado ao 
credor.
• Credor hipotecário e devedor hipotecário
• Para garantia do cumprimento da obrigação, o 
devedor oferece um bem seu ou de 3.º.
• Cumprida a obrigação o bem fica desonerado. 
• O não cumprimento acarreta o direito de executar o seu 
crédito.
• Hipoteca x Penhor
• Hipoteca – Bens imóveis – Posse não é transferida
• Penhor – Bens móveis – Posse é transferida
• Algumas características:
• a) acessória - depende de uma obrigação 
principal 
• b) tem por objeto bens imóveis e bens móveis. 
Ex. Loja, navios e aeronaves.• c) é considerada um bem imóvel em si.
• d) o bem hipotecado pode ser de propriedade do devedor ou 
de terceiro.
• e) a posse não é transferida 
• f) é indivisível, enquanto a obrigação não for integralmente 
cumprida, a garantia prevalece sobre todo o bem hipotecado
• g) é temporária, considerando o prazo máximo de duração de 
30 anos.
• Constituída por instrumento público ou particular. 
Acima de 30 salários mínimos – Inst. Público
• Em caso de bens imóveis: Registro CRI
Hipoteca II
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• Hipoteca do terreno
• Constituição de hipoteca para construção
• Venda das unidades realizada antes do cumprimento 
da obrigação
• STJ – Essa hipoteca não tem eficácia frente aos 
adquirentes dos imóveis.
HIPOTECA LEGAL
• Imposta por lei, sem convenção das partes
• Casos previstos no art. 1489 do CC.
• O Credor pode requerer judicialmente a substituição da hipoteca, 
cabendo a decisão ao juiz.
• 30 anos – Não se aplica – O juiz deve analisar se persistem as 
causas que deram origem.
HIPOTECA JUDICIÁRIA
• Aplicável a decisão judicial que condenar o réu:
• Pagamento em dinheiro
• Converter prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa 
em prestação pecuniária.
• Apresentação de cópia da sentença ao CRI
• Sem necessidade de ofício ou pedido 
judicial
Situação problema
O negócio de marmitas de Léo e Bia decolou e eles precisam de 
uma nova sede e encontraram uma sala no centro de Pelotas, de 
propriedade de Vicente, pelo valor de R$ 250.000,00. Quando a 
documentação e analisada, você verifica a existência de uma 
hipoteca sobre o terreno, em decorrência de financiamento para 
construção do prédio. 
Vicente lhe informa que existem 10 (dez) parcelas vencidas e 
não pagas, cuja cobrança judicial está sendo realizada.
Vicente lhe explica que a garantia somente foi registrada após a 
abertura das matrículas, razão pela qual incidiu sobre todas as 
unidades. Além disso, também informa que tem outras duas salas 
avaliadas em R$ 220.000,00 cada uma, suficientes para suportar a 
negociação por ele firmada.
É possível o cancelamento da hipoteca? 
Em caso positivo qual a forma indicada para que todos
os custos sejam suportados por Vicente?
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Como a hipoteca foi levada a registro após a abertura de matrícula 
das unidades do prédio, o ônus recaiu sobre todas as matrículas das 
unidades.
Artigo 1488, CC - é permitido o desmembramento da hipoteca sobre 
unidades de um condomínio, devendo-se observar o valor de cada 
uma destas e o crédito.
Mesmo com pagamentos parciais a hipoteca continua
sobre todo o bem. (INDIVISIBILIDADE)
Pode-se solicitar ao juiz que a hipoteca recai sobre os imóveis de 
propriedade Vicente, que tem valor superior ao do débito.
Junto ao pedido judicial devem ser apresentadas três avaliações dos 
imóveis para substituição.
Os custos devem ser suportados por quem faz o pedido.
Por isso necessário que se estipule que Vicente irá fazer o pagamento.
Pode ser acordado que Leo e Bia façam o pagamento e deduzam do 
importe a ser pago pela sala.
Interação
Você adquiriu uma casa, contudo, por não ter condições financeiras 
ainda não realizou a transferência do imóvel, mas tirou todas as 
informações necessárias. Passados 30 dias você efetua o registro do 
imóvel em seu nome. Decorridos alguns dias do registro você recebe 
uma notificação de um agente financeiro informando que existia 
uma hipoteca sobre o imóvel e que o imóvel está indo a leilão pelo 
não pagamento das parcelas. 
Isso é possível? O que irá acontecer agora? 
Você terá que pagar a hipoteca firmada pelo 
proprietário anterior?
Recapitulando
DIREITOS REAIS DE GARANTIA
- GARANTIAS PESSOAIS X GARANTIAS REAIS
- CARACTERÍSTICAS
- PREFERÊNCIA
- INDIVISIBILIDADE
- SEQUELA
- EXCUSSÃO
- REQUISITOS
- ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA 
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- PENHOR
- ESPÉCIES DE PENHOR
- HIPOTECA
- CONVENCIONAL
- HIPOTECA DO TERRENO
- HIPOTECA LEGAL
- HIPOTECA JUDICIÁRIA
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