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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Direito internacional
Prof.ª Caroline Bresolin Maia Cadore
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Caroline Bresolin Maia Cadore
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
C125d
 Cadore, Caroline Bresolin Maia
 Direito internacional. / Caroline Bresolin Maia Cadore. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2020.
 162 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-205-6
 ISBN Digital 978-65-5663-200-1
1. Direito internacional. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 341
apresentação
Olá, acadêmico! Para auxiliar na construção do seu conhecimento 
vamos iniciar nossos estudos sobre Direito Internacional. O conteúdo deste 
Livro Didático, bem como as orientações apresentadas durante o curso, 
contribuirá positivamente no direcionamento adequado do processo de 
ensino e aprendizagem.
A elaboração deste livro tem como finalidade direcionar você a 
organizar e facilitar a compreensão dos conteúdos que serão apresentados 
no decorrer da disciplina. Com certeza surgirão novos assuntos que não 
serão completamente esgotados aqui, e é exatamente nesse momento que 
será importante sua dedicação e esforço, ao buscar novas informações para 
acrescentar no seu conhecimento.
Na Unidade 1 você compreenderá a evolução histórica do Direito 
Internacional, as principais diferenças entre Direito Internacional e Direito 
Interno, conhecerá também os princípios do Direito e do Direito Internacional 
Público e suas especificidades.
Na Unidade 2 iremos falar sobre soberania e a responsabilidade 
internacional do Estado, bem como dos organismos internacionais (ONU 
– Organização das Nações Unidas, OIT – Organização Internacional do 
Trabalho e OMC – Organização Mundial do Comércio). Dessa evolução 
teórica, partiremos para a relação entre Direito Internacional e Direitos 
Humanos.
Na Unidade 3 falaremos sobre o Direito Internacional Privado – 
conceito, seus conflitos e suas fontes, para finalmente conectarmos o Direito 
Internacional com o Direito Brasileiro.
Assim, compilamos os temas mais relevantes para sua aprendizagem 
dentro do Direito Internacional e temos certeza que seu interesse será o fator 
decisivo para que esse livro seja muito bem utilizado!
Bons estudos!
Prof.ª Caroline Bresolin Maia Cadore
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumário
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL ...................................... 1
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL ............................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 QUESTÕES HISTÓRICAS DO DIREITO INTERNACIONAL ................................................. 4
2.1 DIREITO INTERNACIONAL X DIREITO INTERNO ............................................................ 10
3 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO ............................................................................................ 13
3.1 ÁREAS DE APLICABILIDADE DOS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO ........................ 17
3.2 FUNÇÕES DOS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO ............................................................ 18
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 20
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 21
TÓPICO 2 — DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO ............................................................... 23
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 23
2 CONCEITO ......................................................................................................................................... 23
2.1 PRINCÍPIOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO ................................................... 26
3 SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO .......................................................... 27
3.1 ESTADO ......................................................................................................................................... 28
3.2 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS ................................................................................... 29
3.3 ORGANISMOS NÃO ESTATAIS OU OUTRAS COLETIVIDADES .................................... 30
3.4 INDIVÍDUOS ................................................................................................................................ 32
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 36
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 37
TÓPICO 3 — FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO ...................................... 39
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 39
2 COSTUME INTERNACIONAL ...................................................................................................... 39
2.1 FUNDAMENTOS DOS COSTUMES .........................................................................................42
2.2 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DOS COSTUMES ............................................................... 42
2.3 O PAPEL DOS COSTUMES ........................................................................................................ 43
3 DOCUMENTOS INTERNACIONAIS .......................................................................................... 44
3.1 TRATADOS .................................................................................................................................... 44
3.2 DECISÕES DOS ORGANISMOS INTERNACIONAIS ........................................................... 48
3.3 ATOS UNILATERAIS ................................................................................................................... 49
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 51
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 53
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 54
UNIDADE 2 —AGENTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO ................................ 55
TÓPICO 1 — ESTADOS ...................................................................................................................... 57
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 57
2 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCEITO DE ESTADO ....................................... 57
3 SOBERANIA ....................................................................................................................................... 61
4 RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DO ESTADO ...................................................... 66
5 RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS ....................................................................................................... 68
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 70
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 71
TÓPICO 2 — ORGANISMOS INTERNACIONAIS ..................................................................... 73
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 73
2 COMPOSIÇÃO E FORMA DE FUNCIONAMENTO DAS ORGANIZAÇÕES .................. 73
3 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU ................................................................... 75
3.1 CONSELHO DE SEGURANÇA ................................................................................................ 79
3.2 ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES ...................................................................................... 81
3.3 SECRETARIADO .......................................................................................................................... 82
3.4 CONSELHO ECONÔMICO E SOCIAL .................................................................................... 83
3.5 CONSELHO DE TUTELA ........................................................................................................... 84
4 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO — OIT ............................................ 84
5 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO – OMC ........................................................... 86
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 88
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 89
TÓPICO 3 — DIREITO INTERNACIONAL E DIREITOS HUMANOS .................................. 91
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 91
2 DIREITOS HUMANOS NA PERSPECTIVA DA ONU ............................................................. 92
3 DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS .................................................. 96
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 104
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 109
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 110
UNIDADE 3 — NOÇÕES DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO ............................... 111
TÓPICO 1 — DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO ............................................................ 113
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 113
2 CONCEITO E OBJETIVOS ............................................................................................................ 114
2.1 QUESTÕES HISTÓRICAS DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO ......................... 116
2.1.1 O direito internacional privado e sua conexão com os direitos humanos ................ 122
3 CONFLITOS ..................................................................................................................................... 125
3.1 CONFLITOS INTERESPACIAIS ............................................................................................... 126
3.2 CONFLITOS INTERPESSOAIS ................................................................................................ 126
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 128
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 129
TÓPICO 2 — FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO ................................... 131
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 131
2 COSTUMES ...................................................................................................................................... 132
3 LEIS ..................................................................................................................................................... 133
3.1 JURISPRUDÊNCIA..................................................................................................................... 133
3.2 TRATADO INTERNACIONAL ................................................................................................ 134
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 140
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 141
TÓPICO 3 — DIREITO INTERNACIONAL E DIREITO BRASILEIRO ................................ 143
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 143
2 LEI DE INTRODUÇÃO AO DIREITO BRASILEIRO .............................................................. 143
2.1 RECEPÇÃO NO BRASIL ........................................................................................................... 145
2.1.1 Estatuto do estrangeiro ..................................................................................................... 146
3 HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA............................................................. 148
4 ARBITRAGEM INTERNACIONAL ............................................................................................149
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 151
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 155
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 156
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 157
1
UNIDADE 1 — 
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO 
INTERNACIONAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• analisar historicamente a evolução do Direito Internacional até os dias 
atuais;
• diferenciar Direito Internacional de Direito Interno;
• elencar os princípios gerais do Direito;
• realizar uma leitura crítica sobre a aplicabilidade interna e externa desses 
princípios;
• determinar as funções de tais princípios;
• Relacionar os princípios do Direito Internacional Público;
• Identificar os sujeitos do Direito Internacional Público;
• Especificar as fontes do DIP.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL
TÓPICO 2 – DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
TÓPICO 3 – FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO AO DIREITO 
INTERNACIONAL
1 INTRODUÇÃO
Para definir o Direito Internacional Público é necessário compreender o 
que é a sociedade internacional. Podemos afirmar que Direito Internacional é um 
conjunto de regras que regula a sociedade internacional e suas peculiaridades, 
tal sociedade é formada pelos Estados, pelas organizações internacionais e pelos 
indivíduos (HUSEK, 2006). 
A sociedade internacional funciona de maneira bem diferente da sociedade 
interna, por isso iniciaremos nosso estudo traçando uma linha histórica da 
evolução do Direito Internacional (HUSEK, 2006). Para facilitar sua compreensão, 
inserimos quadros exemplificativos, que trarão resumos sobre essa evolução, 
estruturados a fim de delimitar características específicas de cada momento. 
O tópico abordará as noções gerais de Direito Internacional, passando 
pelas questões históricas, pelo comparativo entre Direito Internacional e Direito 
Interno e os princípios gerais do Direito.
FIGURA 1 – UM MUNDO, VÁRIOS DIREITOS
FONTE: <https://www.direitoprofissional.com/direito-internacional/>. Acesso em: 16 out. 2019.
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL
4
2 QUESTÕES HISTÓRICAS DO DIREITO INTERNACIONAL
Existem muitas discussões sobre a concepção e definição do direito 
internacional, uma delas é de que ele seria derivado da cultura ocidental cristã, 
originando-se no século XVI, no início da era moderna. O seu objetivo seria o 
de regular as relações entre Estados através de normas escritas e não escritas. 
Dessa forma, se estabeleceu a divisão entre direito internacional e direito interno 
(CARREAU; BICHARA, 2015).
Essa configuração é denominada como clássica, teve início no século XVI e 
seu enceramento culminando com o pós Segunda Guerra, sem uma data definida 
(CARREAU; BICHARA, 2015). O período clássico retratou a organização das 
comunidades internacionais da época. Mas antes disso, é importante que voltemos 
no tempo para que você, acadêmico, possa visualizar as maiores influências do 
direito internacional que surgiram mesmo antes da era moderna.
Influências cristãs e bíblicas 
Em razão da influência cristã ocidental, é possível encontrar seguimentos 
da Bíblia no direito internacional, a ideia de que todo ser humano é igual perante 
Deus, e o pluralismo das nações, sendo iguais entre si (CANEZIN; TROMBETTI, 
2013). Trazendo isso para a contemporaneidade, e também para a prática, esses 
pontos podem ser visualizados na Carta das Nações Unidas em seu preâmbulo e 
também em seu Capítulo I.
NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS a preservar 
as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no 
espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e 
a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade 
e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das 
mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer 
condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes 
de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser 
mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de 
vida dentro de uma liberdade ampla (ONU, 1945, p. 3).
 É possível verificar, também nas passagens bíblicas, questões que 
impõem regras morais e jurídicas a toda humanidade, mais uma vez é possível 
fazer analogia, ou seja, comparação com um conceito do direito internacional. O 
jus conges (direito cogente), instituído pela Convenção de Viena sobre o Direito 
dos Tratados em 1969. Esse conceito diz respeito à norma de direito internacional 
geral peremptória, imperativa e irrevogável que não pode ser derrogada e que só 
pode ser alterada por norma da mesma natureza.
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL
5
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT) é um tratado 
do direito internacional que estabelece as regras comuns para a assinatura de tratados entre 
Estados-nações. Elaborada em 1969 pela Comissão de Direito Internacional (CDI), uma 
instituição das Nações Unidas, após quase duas décadas de planejamento, a Convenção 
foi efetivada em 1980. A necessidade de um conjunto comum de normas para tratados 
internacionais foi primeiro discutida pela CDI logo em sua sessão inaugural, em 1949, 
quando o mundo ainda se recuperava do caos da Segunda Guerra Mundial.
FONTE: <https://www.infoescola.com/direito/convencao-de-viena-sobre-o-direito-dos-
tratados/>. Acesso em: 21 fev. 2020.
NOTA
Influências Gregas
Além das influências cristãs, também há de se mencionar que o direito 
internacional herdou muitas características das sociedades gregas. Os gregos 
foram os primeiros a criarem a noção de “nós” e os “outros”, no início a 
aplicabilidade do direito e justiça só correria com aqueles considerados civilizados, 
ou seja, as próprias comunidades gregas que possuíam pontos em comum como a 
cultura, religião e civilização (CARREAU; BICHARA, 2015). Depois, em razão de 
interesses entre comunidades gregas e Estados, houve a criação e a aplicabilidade 
de técnicas utilizadas pelo direito internacional, como a arbitragem. 
Nesse sentido, a arbitragem surge como meio de resolução de conflitos 
que ainda hoje é utilizado em diversas áreas do direito internacional, por exemplo, 
casos de conflitos econômicos entre Estados. As sociedades gregas também 
contribuíram com a criação preceitos de humanização com prisioneiros de guerra 
e com a inviolabilidade de determinados espaços como templos religiosos. Na 
prática, essa influência pode ser observada na perspectiva dos Direitos Humanos 
no direito internacional (TEXEIRA, 2013).
A Grécia Antiga corresponde ao momento histórico considerado entre os anos 
1.000 a 776 a.C. até a morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C., seguido do helenismo, 
que marcou a transição para o domínio e apogeu de Roma. Em regra, os historiadores 
citam como o primeiro legislador grego Drácon (660 a 600 a.C.) de Atenas, cujo Código, 
que recebeu o seu nome, foi escrito provavelmente do ano 621 a.C. em diante. A 
insatisfação com as leis de Drácon era generalizada, porque fazia demarcação profunda 
das classes superior e inferior e se mostrava extremamente dura em relação à classe 
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL
6
menos favorecida. Tanto assim que depois de trintaanos de sua existência a classe inferior 
veio a reclamar nova legislação. Surge assim, o Código de Sólon, totalmente diferente do 
anterior, correspondendo uma verdadeira revolução social porque se aplica igualmente a 
todas as pessoas, independentemente da classe que ocupe. O destaque para o Código e 
Sólon está na façanha de ter conseguido limitar a autoridade do pai de família, dentro de 
sua casa. O direito antigo de Atenas permitia até a venda ou a morte do filho pelo pai. Sólon 
limitou significativamente esta regra, embora ainda admitisse venda ou morte em caso de 
falta muito grave. 
FONTE:<https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/34507/a-evolucao-dos-
direitos-humanos>. Acesso em: 21 fev. 2020.
FIGURA 2 - PANTEÃO GREGO
FONTE: <https://jus.com.br/artigos/53321/um-estudo-sobre-a-obra-historia-da-cultura-juridica-
-o-direito-na-grecia>. Acesso em: 15 out. 2019.
Influências romanas 
O direito romano possivelmente foi o que mais influenciou diretamente 
no direito internacional, pois foram os romanos que criaram os tratados de 
amizade, hospitalidade e aliança com outros Estados. Os romanos também 
iniciaram a prática de enviar e receber embaixadores de outros Estados, prática 
importantíssima dentro do direito internacional ainda nos dias de hoje.
Além disso, o direito romano instituiu e regulamentou o jus gentium 
(direito das gentes), o qual tratava a relação de cidadãos romanos com cidadãos 
estrangeiros. Na época o jus gentium era utilizado como sinônimo de direito 
internacional.
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL
7
Ius civile: direito romano aplicado aos cidadãos, ou seja, homens livres 
residentes na república, o que exclui escravos e estrangeiros. É elaborado; vai tornando-
se cada vez mais complexo e incluía o processo, que foi gradualmente adotado depois 
da concilia plebis e da criação da Lei das XII Tábuas, com as cinco revoltas plebeias durante 
o período republicano. O cidadão romano era considerado cidadão em todo território, 
seja ele na própria república, na península itálica, nos territórios aliados, nos protetorados 
e províncias. Qualquer delito cometido pelo cidadão, onde quer que fosse, acarretaria um 
processo a ser julgado pelo Direito do cidadão.
 Ius gentium: o conquistador romano não impunha a Lei das XII Tábuas nem o 
ius civile aos povos conquistados, isso seria desgastante demais, inclusive em tempo. Para 
eles, valeria o Direito costumeiro, aplicado a todos os não cidadãos e estrangeiros. Não 
possuía o processo completo. Isso também interessava a Roma na questão da organização 
do governo, ou seja, na verdade o que decidia qual dos dois direitos a ser aplicado seriam a 
conveniência e o momento. Ius gentium: Direito “das gentes”, Direito comum, de todos (os 
outros).
FONTE: <http://notasdeaula.org/dir1/ied_31-03-08.html>. Acesso em: 21 fev. 2020.
NOTA
Estado moderno 
O direito internacional teve uma nova concepção já no início do século 
XVI, a partir do desenvolvimento do conceito de soberania do Estado. A soberania 
consistiria na essência do Estado, que era definida como poder supremo de criar 
leis que regeriam pessoas e posses. Uma das reformas ocorridas nessa época, foi 
o rompimento do Estado com a Igreja em boa parte da Europa. Dessa forma, 
reafirmando a soberania do Estado sobre os territórios, tornando-o mais forte no 
que diz respeito a sua autoridade civil.
A soberania se constitui na supremacia do poder dentro da ordem interna e 
no fato de, perante a ordem externa, só encontrar Estados de igual poder. Esta situação é a 
consagração, na ordem interna, do princípio da subordinação, com o Estado no ápice da 
pirâmide, e, na ordem internacional, do princípio da coordenação. Ter, portanto, a soberania 
como fundamento do Estado brasileiro significa que dentro do nosso território não se 
admitirá força outra que não a dos poderes juridicamente constituídos, não podendo 
qualquer agente estranho à Nação intervir nos seus negócios.
FONTE: BASTOS, C. R. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 1994. Disponível 
em:https://www.academia.edu/28121681/Celso_Ribeiro_Bastos_-_Curso_de_Direito_
Constitucional. Acesso em: 14 out. 2019. p. 136.
ATENCAO
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL
8
Outros elementos importantes para o direito internacional também foram 
desenvolvidos nessa época (CARREAU; BICHARA, 2015):
• Percepção do território do Estado: o território e seus limites passam a ser bem 
demarcados nessa época, essas demarcações se tornaram importantes para que 
fossem estabelecidos os limites dos exercícios das jurisdições de cada Estado.
• Nação: a ideia de nação e nacionalidade surgem nessa época como forma 
de proteção e pertencimento de seus indivíduos e em contrapartida esses 
indivíduos devem lealdade a está nação.
• Administração: ocorre a partir na instituição dos exércitos e das administrações 
privadas.
• Tratados: em 1648, por meio dos Tratados de Vestfália, se instituíram as primeiras 
relações entre Estados soberanos sendo intituladas como direito internacional. 
A partir dos tratados diversas relações entre Estados se consolidaram, as 
relações, nessa época, só ocorriam quando havia homogeneidade política.
As configurações do direito internacional clássico eram mais simples. 
É importante ressaltar para você, acadêmico, que o período entre a primeira e 
segunda guerra modificou bastante o cenário da sociedade internacional, e as 
regulamentações de direito aplicadas por eles. O pós-1945 tornou ultrapassado 
muitos fundamentos do direito internacional clássico.
Sociedade Internacional é o conjunto de sujeitos internacionais em continua 
convivência global, relacionando-se e compartilhando interesses comuns e recíprocos 
através da cooperação, o que demanda certa regulamentação. É baseada na vontade 
legítima de seus integrantes (Sujeitos de Direito Internacional Público), que se associaram 
diplomaticamente para atingir certos interesses em comum, é um conjunto de vínculos 
estabelecidos por motivos políticos, econômicos, sociais e culturais. É formada por Estados, 
pelos Organismos Internacionais e, Pelas Organizações não Governamentais (ONGs), e até 
mesmo empresas num rol exemplificativo, pois atualmente existem vários atores no Direito 
Internacional Público que são significativamente atuantes, e sobretudo pelos homens, 
como membros atuantes dentro de cada organização. 
FONTE:<https://felipebast0s.jusbrasil.com.br/artigos/336916824/direito-internacional-
publico-e-a-sociedade-internacional>. Acesso em: 21 fev. 2020.
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL
9
FIGURA 3 - CAPTAINS OF INDUSTRY, DE ROBBER BARONS
FONTE: <https://sites.google.com/site/educationforumofnalanieh/industrial-age/rise-of-industry>. 
Acesso em: 16 out. 2019.
Foi na Antiguidade que surgiram as primeiras instituições do direito 
internacional, já no século XV algumas normas e princípios sobrepõem-se às 
normas da monarquia da época. A sociedade internacional começa a instituir 
de forma expressa tratados e convenções internacionais nos séculos XVI, XVII e 
XVIII, ao passo que no século XIX os Estados delegaram poderes aos organismos 
internacionais. Finalmente, no século XX, os Estados se firmaram perante a 
sociedade internacional, para culminar no século XXI com o estabelecimento do 
Direito Internacional.
Vejamos o quadro ilustrativo com o resumo de cada período histórico e 
sua influência no direito internacional para sua melhor compreensão:
QUADRO 1 - FASES DO DIREITO INTERNACIONAL
Fase histórica Acontecimentos históricos de cada fase 
Antiguidade 
É nessa fase que se podem encontrar as primeiras 
instituições do direito internacional. Arbitragem como 
forma de solução de conflitos; inviolabilidade de alguns 
ambientes; direito asilo e a humanização de prisioneiros.
Século XV
Algumas normas e princípios se tornam superiores 
hierarquicamente em relação a normas instruídas por 
monarcas da época.
Séculos XVI, XVII e XVIII
A sociedade internacional começaa instituir de 
forma expressa tratados e convenções internacionais 
também denominados de forma implícita de costumes 
internacionais. 
Século XIX
É delegado pelos Estados aos organismos internacionais 
a função de analisar o reconhecimento dos direitos 
fundamentais dos indivíduos.
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL
10
Século XX
Os Estados são reconhecidos como membros de 
sociedade internacional, formando assim uma ordem 
jurídica internacional. Dessa forma, surgiram os 
organismos internacionais, com personalidade jurídica 
e independentes dos Estados.
Século XXI
Firma-se perante a doutrina a definição de direito 
internacional público, como um conjunto de normas e 
princípios que abarca o coletivo internacional: Estados, 
organismos internacionais e indivíduos.
FONTE: A autora
Também conhecida como Paz de Vestfália ou Tratados de Vestfália. 
Consistiu num conjunto de 11 tratados assinados ao longo de 1648, que colocaram fim na 
chamada Guerra dos Trinta Anos, uma das séries de conflitos mais destrutivas e sangrentas 
da história europeia. 
FONTE: <https://www.infoescola.com/historia/paz-de-vestfalia/>. Acesso em: 15 out. 2019).
NOTA
2.1 DIREITO INTERNACIONAL X DIREITO INTERNO
A relação entre direito interno e direito internacional é considerado 
um dos temas mais controvertidos pela doutrina (VEDOVATO 2015), pois os 
fundamentos e regras instituídos pelo direito internacional implicam diretamente 
o direito interno dos Estados.
Um dos maiores impasses nesse sentido é sobre a subordinação do 
direito interno em relação ao direito internacional. Dessa forma, vamos colocar 
aqui algumas correntes doutrinárias importantes para que possamos visualizar 
melhor essa questão:
Teoria dualista: essa teoria defende que o direito internacional e o direito 
interno são independentes e distintos e que não se confundem. Nesse caso, a 
validade jurídica das normas internas não é vinculada a ordem internacional. 
O direito internacional trataria apenas das relações entre os Estados, enquanto 
que o direito interno regulamentaria as relações entre os indivíduos (CARREAU; 
BICHARA, 2015).
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL
11
Os dualistas enfatizam a diversidade das fontes de produção de 
normas jurídicas, lembrando sempre os limites de validade de todos o 
direito nacional, e observando que a norma do direito das gentes não 
opera no interior de qualquer Estado senão quando este, havendo-a 
aceito, promove-lhe a introdução no plano doméstico (TEXEIRA, 2013, 
p. 42-43).
Em conclusão, nesse caso, o direito internacional não criaria nenhum tipo 
de obrigação em relação aos indivíduos, com exceção em casos em que as normas 
de direito internacional são transformadas e ou incorporadas no direito interno.
Uma ordem mundial diz respeito às configurações gerais das hierarquias de 
poder existentes entre os países do mundo. Dessa forma, as ordens mundiais modificam-se 
a cada oscilação em seu contexto histórico. 
FONTE:<https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/nova-ordem-mundial.htm>. 
Acesso em: 21 fev. 2020.
ATENCAO
Teoria monista com supremacia internacional: um dos grandes 
formuladores dessa teoria é Hans Kelsen, que se contrapunha à ideia de existência 
de independência dos ordenamentos jurídicos interno e internacional. Nesse 
caso, só existiria um único ordenamento jurídico, no qual o direito internacional 
é superior ao direito interno. Essa teoria teve bastante relevância na França e 
na Alemanha durante a década de 1980. Hans Kelsen defendia essa teoria com 
argumento de que ela traria uma maior praticidade (TEXEIRA, 2013). 
Teoria monista com supremacia do direito interno: essa doutrina defende 
uma única ordem jurídica, a do direito nacional de cada Estado soberano. Dessa 
forma, as normas do direito internacional devem se adaptar ao direito interno, 
sendo uma continuação deste.
Os monistas da linha nacionalista dão relevo especial para à soberania 
de cada Estado e à soberania de cada Estado e à descentralização da 
sociedade internacional. Propendem, destarte, ao culto da constituição, 
estimando que no seu texto, no qual nenhum outro pode sobrepor-se 
na hora presente, há de encontrar-se notícia do exato grau de prestigio 
a ser atribuído às normas internacionais escritas e costumeiras 
(TEXEIRA, 2013, p. 43). 
Em conclusão, o fundamento das três teorias é a de desautorizar as demais. 
Mas cada uma delas deve ser valorizada, uma vez que a partir delas podemos 
visualizar o mesmo impasse jurídico de três pontos diferentes.
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL
12
FIGURA 4 - ORDEM JURÍDICA
FONTE: <https://luanmesan.jusbrasil.com.br/artigos/483592281/sujeitos-e-atores-internacionais>. 
Acesso em: 15 out. 2019).
Ordem jurídica: são as normas impostas pelos Estados com o objetivo de 
harmonizar o convívio em sociedade. Dessa organização harmônica, advém o 
Estado de Direito. Como forma de compreendermos mais sobre as relações entre 
o direito internacional e o direito interno apresentamos um quadro comparativo 
sobre dinâmicas de ordem jurídica de cada um.
QUADRO 2 - DIFERENÇAS ENTRE O DIREITO INTERNO E O DIREITO INTERNACIONAL
Direito Interno Direito Internacional
Existe uma autoridade suprema do 
Estado que atribui validade a todos os 
atos jurídicos.
Aqui não existe autoridade superior, e 
também não há sobreposição entre os 
Estados. Todos os Estados se organizam 
de forma igual perante a norma jurídica 
internacional.
Aqui há hierarquia entre as normas. 
Podemos citar a pirâmide de Kelsen onde 
a lei fundamental se estabelece no topo.
Nesse caso, não há hierarquia entre as 
normas. O que prevalece é uma análise 
política e a aplicação dos princípios que 
ordenam as relações entre os Estados 
soberanos. 
Existe um arcabouço de sanções de forma 
estruturada.
Não há um sistema de sanções em que 
os Estados incorram devido à falta de 
uma autoridade central que possa exercer 
fiscalização. 
FONTE: A autora
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL
13
FIGURA 5 - PIRÂMIDE DE KELSEN
FONTE: <https://equilibrecursos.com.br/2015/09/relembrando-a-piramide-de-kelsen-parte-01/>. 
Acesso em: 21 fev. 2020.
Hans Kelsen é o pai da Teoria Pura do Direito, que busca analisar de forma 
estrutural e hierárquica o Direito. Assim, é fácil de entender o motivo de defender a 
Teoria Monista com supremacia internacional. A Pirâmide de Kelsen é um sistema de 
escalonamento de normas jurídicas, elaborado pelo jurista Europe, há cerca de um século. 
A teoria promove um esquema de hierarquia entre as diversas espécies de normas jurídicas, 
escalonando-as de maneira a retratá-las como superiores/ inferiores entre si.
FONTE:<https://equilibrecursos.com.br/2015/09/relembrando-a-piramide-de-kelsen-
parte-01/>. Acesso em: 21 fev. 3030.
IMPORTANT
E
3 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
Em 1920 através do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, em seu 
artigo 38, foi instituído os princípios gerais do direito, que se tornaram fontes 
do direito internacional. Podemos entendê-los como regras que norteiam as 
relações internacionais. Na contemporaneidade também podemos visualizar 
esses princípios incorporados no Estatuto da Corte Penal Internacional em seu 
artigo 21.
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL
14
A Corte Internacional de Justiça, com sede em Haia (Holanda), é o principal 
órgão judiciário das Nações Unidas. Todos os países que fazem parte do Estatuto da 
Corte – que é parte da Carta das Nações Unidas – podem recorrer a ela. Somente países, 
nunca indivíduos, podem pedir pareceres à Corte Internacional de Justiça. Além disso, 
a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança podem solicitar à Corte pareceres sobre 
quaisquer questões jurídicas, assim como os outros órgãos das Nações Unidas. A Corte 
Internacional de Justiça se compõe de quinze juízes chamados “membros” da Corte. São 
eleitos pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança em escrutíniosseparados.
FONTE: <https://nacoesunidas.org/conheca/como-funciona/cij/>. Acesso em: 21 fev. 2020.
ATENCAO
Com a assinatura do Tratado de Roma, em 17/07/1998, criou-se o Tribunal 
Penal Internacional (TPI), o qual entrou em vigor em 01/07/2002, com a 60ª ratificação, 
e veio para complementar as jurisdições penais nacionais. O Brasil assinou o Tratado em 
07/02/2000, ratificado pelo Decreto nº 4.388, de 25/09/2002. Os principais princípios que 
regem o TPI são: responsabilidade criminal individual (artigo 25, do Estatuto de Roma), 
imunidade de chefes de Estado e Ministros não os beneficiará se envolvidos em crimes 
internacionais e ne bis in idem (artigo 20, do Estatuto de Roma). Uma das características 
do TPI é que somente pode legislar com posterioridade a sua criação, sua competência 
não é retroativa. Ademais, o objetivo do TPI é promover a justiça, julgando e condenando 
indivíduos suspeitos de cometer crimes contra os Direitos Humanos.
FONTE:<https://jus.com.br/artigos/72929/o-tribunal-penal-internacional-e-os-crimes-
tipificados-no-estatuto-de-roma>. Acesso em: 21 fev. 2020.
IMPORTANT
E
Qualificação dos princípios gerais do direito: existem alguns preceitos 
para que uma regra seja considerada um princípio geral do direito. 
• Inicialmente é necessário que esta regra tenha sido incorporada pelos sistemas 
jurídicos de diversos Estados (TEXEIRA, 2013). 
• É necessário que essas regras sejam transferidas a ordem internacional em 
virtude da sua generalidade, e também devem receber força obrigatória 
(TEXEIRA, 2013).
Controvérsia dos princípios gerais do direito:
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL
15
• A primeira controvérsia diz respeito à própria existência de princípios gerais 
do direito. Parte da doutrina defende que não existem princípios gerais do 
direito com autonomia, mas o que existiria seriam costumes gerais (TEXEIRA, 
2013). 
• Já outra corrente doutrinaria reafirma a existência dos princípios gerais 
do direito afirmando que eles derivam no direito interno dos Estados e a 
posteriormente são transferidos a ordem internacional (TEXEIRA, 2013).
Principais princípios gerais do direito reconhecidos pela ordem 
internacional (ONU, 1970):
a) proibição do uso ou ameaça de força: os Estados devem se abster da ameaça 
ou uso da força contra a integridade territorial ou a independência política de 
qualquer Estado, ou de qualquer outra maneira inconsistente com os propósitos 
das Nações Unidas;
b) solução pacífica das controvérsias: o princípio de que os Estados resolverão 
suas disputas internacionais por meios pacíficos, de maneira que a paz, a 
segurança e a justiça internacionais não sejam ameaçadas;
c) não intervenção nos assuntos internos dos Estados: nenhum Estado ou 
grupo de Estados tem o direito de intervir, direta ou indiretamente, por 
qualquer motivo, nos assuntos internos ou externos de qualquer outro 
Estado. Consequentemente, a intervenção armada e todas as outras formas 
de interferência ou tentativa de ameaça contra a personalidade do Estado ou 
contra seus elementos políticos, econômicos e culturais estão violando o direito 
internacional;
d) dever de cooperação internacional: os Estados têm o dever de cooperar entre 
si, independentemente das diferenças em seus sistemas político, econômico e 
social, nas diversas esferas das relações internacionais, a fim de manter a paz e 
a segurança internacionais e promover a estabilidade e o progresso econômico 
internacional, o bem-estar geral das nações e a cooperação internacional livre 
de discriminação com base nessas diferenças.
e) igualdade de direitos e autodeterminação dos povos: todos os povos têm o 
direito de determinar livremente, sem interferência externa, seu status político 
e buscar seu desenvolvimento econômico, social e cultural, e todo Estado tem 
o dever de respeitar esse direito;
f) igualdade soberana do Estado: todos os Estados gozam de igualdade soberana. 
Eles têm direitos e deveres iguais e são membros iguais da comunidade 
internacional, apesar das diferenças de natureza econômica, social, política ou 
outra;
g) boa fé no cumprimento das obrigações internacionais: todo Estado tem o dever 
de cumprir de boa-fé suas obrigações sob os princípios e regras geralmente 
reconhecidos do direito internacional.
Princípios gerais do direito no Brasil: no Brasil, os princípios fundamentais 
relativos à ordem internacional estão presentes no artigo 4º da Constituição 
Federal de 1988:
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL
16
a) independência nacional: “ligado à ideia de soberania. A palavra soberania é 
oriunda do latim super omnia ou de superanus ou supremitas (caráter dos 
domínios que não dependem senão de Deus), e significa, grosso modo, o poder 
supremo” (LOPES, 2009, p. 3);
b) prevalência dos direitos humanos: “a ordem internacional consagra a tutela 
dos direitos dos indivíduos, independentemente de sua nacionalidade, 
atingindo inclusive os apátridas” (LOPES, 2009, p. 5);
c) autodeterminação dos povos: “liberdade de um determinado grupo de definir 
a forma de se organizar politicamente. Vincula-se à soberania, uma vez que 
também se refere ao poder de se autogovernar. Busca estabelecer uma posição 
anticolonialista e antirracista” (LOPES, 2009, p. 6); 
d) não intervenção: “em assuntos exclusivamente domésticos dos demais Estados, 
respeitando-se a sua soberania. Depois, o de rechaçar qualquer ameaça à 
ingerência interna, que ponha em risco o desenvolvimento político, econômico, 
social e cultural do Estado (LOPES, 2009, p. 7); 
e) igualdade entre os Estados: “reafirma os ideais de soberania e autodeterminação 
dos povos, reiterando que a comunidade de Estados deve se respeitar 
mutuamente e levar em conta que todos são igualmente soberanos nas relações 
internacionais” (LOPES, 2009, p. 9); 
f) defesa da paz: “elevação desse princípio à ordem constitucional pauta o Brasil 
pela paz universal e perpétua” (LOPES, 2009, p. 10); 
g) solução pacífica dos conflitos: “estabelece que a política externa brasileira deve 
resolver seus conflitos por meios pacíficos, banindo o uso da força nas relações 
internacionais” (LOPES, 2009, p. 11); 
h) repúdio ao terrorismo e ao racismo: “diz respeito a promover a eliminação de 
todas as formas de discriminação racial nas relações internacionais” (LOPES, 
2009, p. 11);
i) cooperação entre os povos para o progresso da humanidade: “não se trata de 
qualquer cooperação, mas a que tenha por escopo o progresso da humanidade, 
o que exigirá dos que tomam decisões em nome da comunidade nacional” 
(MAGALHÃES, 2000 apud LOPES, 2009, p. 13);
j) concessão de asilo político: “É um instrumento de proteção da pessoa na qual 
o indivíduo solicita ao Estado o seu acolhimento por motivos de perseguições 
políticas, religiosas e decorrentes do exercício da livre manifestação do 
pensamento” (LOPES, 2009, p. 14). 
Segue um exemplo de ementa de decisão do Tribunal Penal Internacional, 
para você compreender melhor a aplicação dos princípios gerias do Direito no 
Brasil, em uma lide internacional: 
Estatuto de Roma - Tribunal Penal Internacional – prisão de chefe de 
estado estrangeiro (transcrições) pet 4625/república do Sudão*.
Ementa: estatuto de Roma. Incorporação dessa convenção multilateral 
ao ordenamento jurídico interno brasileiro (Decreto nº 4.388/2002). 
Instituição do Tribunal Penal Internacional. Caráter supraestatal desse 
organismo judiciário. Incidência do princípio da complementaridade 
(ou da subsidiariedade) sobre o exercício, pelo Tribunal Penal 
Internacional, de sua jurisdição. Cooperação internacional e auxílio 
judiciário: obrigação geral que se impõe aos estados partes do 
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL
17
estatuto de Roma (artigo 86). Pedido de detenção de chefe de estado 
estrangeiro e de sua ulterior entrega ao tribunal penal internacional, 
para ser julgado pela suposta prática de crimes contra a humanidade 
e de guerra. Solicitação formalmente dirigida, pelo tribunal penal 
internacional,ao governo brasileiro. Distinção entre os institutos da 
entrega (“surrender”) e da extradição. Questão prejudicial pertinente 
ao reconhecimento, ou não, da competência originária do supremo 
tribunal federal para examinar este pedido de cooperação internacional. 
Controvérsias jurídicas em torno da compatibilidade de determinadas 
cláusulas do estatuto de Roma em face da constituição do Brasil. O § 
4º do art. 5º da constituição, introduzido pela Ec nº 45/2004: cláusula 
constitucional aberta destinada a legitimar, integralmente, o estatuto 
de Roma? A experiência do direito comparado na busca da superação 
dos conflitos entre o estatuto de Roma e as constituições nacionais. 
A questão da imunidade de jurisdição do chefe de estado em face do 
tribunal penal internacional: irrelevância da qualidade oficial, segundo 
o estatuto de Roma (artigo 27). Magistério da doutrina. Alta relevância 
jurídico-constitucional de diversas questões suscitadas pela aplicação 
doméstica do estatuto de Roma. Necessidade de prévia audiência da 
douta procuradoria-geral da república. Despacho do senhor Ministro 
Celso de Mello (STF, 2009, s.p.)
3.1 ÁREAS DE APLICABILIDADE DOS PRINCÍPIOS GERAIS DO 
DIREITO
 Quando se fala da aplicabilidade dos princípios gerais do direito temos 
três campos considerados clássicos que são: interpretação dos atos jurídicos; 
responsabilidade internacional e administração da justiça. E o campo considerado 
novo dividido em: relações de Organizações internacionais e Estados e relações 
de Organizações Internacionais e Estados e pessoas privadas e estrangeiras.
Campos clássicos:
1) Interpretação dos atos jurídicos: trata da aplicabilidade dos princípios 
gerais do direito por meio dos tratados internacionais e suas interpretações. 
Acabam se estendendo a todos os atos internacionais em razão da natureza de 
obrigatoriedade desses princípios.
2) Responsabilidade internacional: esse caso trata das responsabilidades e da 
obrigatoriedade de reparo pelos danos causados pelos seus agentes. E essa 
responsabilidade se dá tanto na ordem interna quanto na ordem internacional, 
“o prejuízo sofrido deve ser indenizado em suas duas componentes: a 
perda sofrida (dannum energens) e ganho futuro frustrado (lacrum cessans)” 
(CARREAU; BICHARA, 2015, p. 88).
3) Administração da justiça: trata dos casos de sentenças e julgamentos proferidas 
por juízes e ou árbitros internacionais. Os juízes e árbitros podem decidir o 
que é ou não de sua competência, e também podem julgar em causa própria. 
Porém, não podem julgar ultra petita, ou seja, conceder algo que vai além do 
pedido. A sentença internacional forma coisa julgada em relação as partes. Em 
relação às provas, essas cabem ser comprovadas pelos litigantes. Os juízes e 
árbitros devem ser autônomos em relação as partes. 
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL
18
Campos novos:
1) Relações de organizações internacionais e Estados: nesses casos todas 
organizações internacionais que prejudicarem algum Estado membro ou os 
seus indivíduos acaba por gerar responsabilidade internacional sobre a causa.
2) Relações de organizações internacionais e Estados e pessoas privadas e 
estrangeiras: essas relações tratam de direito transnacional e geralmente 
ocorrem por meio de contratos de concessão. Na maioria das vezes, os árbitros 
responsáveis por esses contratos sempre fazem relação a vários dos princípios 
gerais do direito como, por exemplo, a boa fé no cumprimento das obrigações 
internacionais.
3.2 FUNÇÕES DOS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
Os princípios gerais do direito juntamente com os costumes possuem 
papel primordial dentro da sociedade internacional. Os princípios acabam 
suprindo diversas complexidades não atendidas pelos tratados.
O costume internacional é uma prática geral aceita como sendo o direito. 
Possui elemento material e subjetivo. O elemento material é a própria prática, ou seja, 
a repetição, ao longo do tempo, de um determinado modo de proceder, atuar, diante 
de um determinado fato. Traduz-se pela repetição de atos, comportamentos e opiniões, 
na administração de suas relações externas ou da organização interna, pelos sujeitos de 
Direito Internacional. 
FONTE: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/o-que-e-costume-
internacional/32999>. Acesso em: 21 fev. 2020.
IMPORTANT
E
• Função de objeto central na sociedade internacional e suas relações: os 
princípios gerais do direito como forma central da sociedade internacional 
acabam exercendo uma função de reserva ou até mesmo de “coringa”. 
Geralmente, se recorre a eles quando existe algum empasse ou controvérsia em 
que tratados não dão conta. Também são utilizados quando um novo campo 
do direito internacional surge, e em casos de impasses de estatutos jurídicos 
diferentes. Um grande exemplo de função central dos princípios gerais do 
direito é em matérias de Direitos Humanos, animais, meio ambiente e o planeta 
Terra de modo geral.
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL
19
• Função subjetiva: esse caso trata subjetividade dos princípios gerais do direito 
quanto a sua interpretação e avaliação pelos juízes e árbitros.
• Função de desenvolvimento: essa função ocorre porque a partir dos princípios 
gerais do direito se desenvolvem as novas regras convencionais que são bem 
estabelecidas. Dessa forma, permite que a partir deles se possa adaptar novas 
situações e lacunas.
20
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Direito Internacional foi influenciado de diversas formas, tanto através da 
religião, quanto das sociedades gregas, das sociedades romanas e finalmente 
da concepção de Estado Moderno. É o período pós Revolução Industrial o de 
maior incidência.
• A dicotomia existente entre o Direito Internacional e o Direito Interno, 
enfrentando o debate entre as teorias Dualista – que defendem que o direito 
internacional e o direito interno são independentes e distintos e que não se 
confundem, a Monista com supremacia do Direito Internacional – segundo a 
qual, só existiria um único ordenamento jurídico em que o direito internacional 
é superior ao direito interno e Monista com supremacia do Direito Interno – 
defende uma única ordem jurídica, sendo a do direito nacional de cada Estado 
soberano.
• As questões que envolvem os princípios gerais do direito são reconhecidas 
pela ordem internacional, bem como os princípios que regem o Brasil nas suas 
relações internacionais.
RESUMO DO TÓPICO 1
21
1 Em relação à evolução histórica do Direito Internacional no período do 
Estado moderno, pode-se afirmar que:
a) ( ) O território e seus limites passam a ser bem demarcados nessa 
época, essas demarcações se tornaram importantes para que fossem 
estabelecidos os limites dos exercícios das jurisdições de cada Estado.
b) ( ) A ideia de nação e nacionalidade surgem, nessa época, como forma de 
proteção e pertencimento de seus indivíduos.
c) ( ) Os Estados da Europa continuavam muito próximos da igreja católica, 
permanecendo sob forte influência religiosa.
d) ( ) Os Estados iniciaram a prática de enviar e receber embaixadores 
de outros Estados, prática que é importantíssima dentro do direito 
internacional ainda nos dias de hoje.
2 A relação entre direito interno e direito internacional é considerado um 
dos temas mais controvertidos pela doutrina (VEDOVATO 2015), pois 
os fundamentos e regras instituídos pelo direito internacional implicam 
diretamente o direito interno dos Estados. Sobre esse tema, quais são as 
principais correntes doutrinárias:
a) ( ) Teoria Dualista, Teoria Monista e Teoria Pura do Direito.
b) ( ) Teoria Monista com supremacia Internacional, Teoria Pura do Direito 
e Teoria Dualista.
c) ( ) Teoria Dualista, Teoria Monista com supremacia do Direito 
Internacional, Teoria Monista com supremacia do Direito interno. 
d) ( ) Teoria Pura do Direito, Teoria das Normas hierárquicas e Teoria 
Dualista.
3 Ao analisar os Princípios Gerais do Direito, surgem duas controvérsias. 
Quaissão elas e como se constituem? 
AUTOATIVIDADE
22
23
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
1 INTRODUÇÃO
As relações internacionais estão muito presentes no nosso cotidiano. Os 
encontros de líderes mundiais, por exemplo, que antes eram tratados somente 
pela mídia especializada e aconteciam em portas fechadas, passaram a ser assunto 
entre diferentes públicos na internet e nas mídias alternativas. A informação 
está mais acessível, o que aumenta também o interesse das pessoas por temas 
relacionados às relações internacionais.
Conforme já mencionado no tópico anterior, distinguem-se direito 
interno e direito internacional, no qual o primeiro orienta as relações jurídicas no 
âmbito nacional e o segundo trata das relações jurídicas de diferentes sistemas de 
Estados. Nesse seguimento, temos as seguintes subdivisões: direito internacional 
público e direito internacional privado.
Para organizar melhor nossos estudos, trataremos primeiramente do 
direito internacional público. Vamos aos estudos?
2 CONCEITO
Não existe um consenso na doutrina jurídica sobre o conceito do direito 
internacional público, em razão de suas diversas influências históricas, conforme 
estudamos no Tópico 1. Contemporaneamente podemos conceituar o direito 
internacional público como uma área do direito que busca regulamentar e tutelar 
as relações internacionais e os temas de interesse da sociedade internacional e 
consecutivamente seus membros.
Sociedade internacional
 
Muitos foram as sequelas deixadas pela Segunda Guerra Mundial, a 
utilização de bombas atômicas, armas de grande alcance, genocídios, massacres, 
armas biológicas e químicas. A sociedade internacional daquele contexto teve 
a inciativa de providenciar algumas alterações na ordem jurídica internacional 
como forma de prevenção:
1) Fortalecimento dos organismos internacionais providos de personalidade 
jurídica.
2) Propagação dos princípios de direito internacional entre todos países do globo.
24
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL
Incorporação na sociedade internacional dos Estados que legitimaram os 
princípios de direito internacional em suas comunidades nacionais (CARREAU; 
BICHARA, 2015).
Essas iniciativas foram as formas de chegar a um bem comum de paz 
internacional, abarcando países capitalistas e socialistas e suas diferenças 
culturais. Além disso, era necessário que todos tomassem consciência do valor 
humano e da primordialidade da luta para manter esses valores.
Depois das mudanças pós-1945, outros elementos foram responsáveis 
pela evolução da sociedade internacional, como, por exemplo, o desenvolvimento 
de novos meios de comunicação e tecnologias que possibilitaram ainda mais a 
aproximação entre os Estados e o fenômeno da globalização.
• Estado: é a pessoa jurídica formada por uma sociedade que vive num determinado 
território e subordinada a uma autoridade soberana. Trata-se do conjunto de poderes 
políticos e administrativos de uma nação.
• Nação: agrupamento humano, cujos membros, fixados em um território, são ligados por 
laços históricos, culturais, econômicos e linguísticos.
• País: “é um conceito muito amplo, que abrange tudo o que se encontra em um 
determinado território administrado por um Estado.
 Assim, enquanto o Estado relaciona população, território e governo, 
um País abrange características físicas, sociais, culturais, econômicas, ou seja, todas as 
características presentes no território. Seguindo o nosso exemplo, o Brasil é o nosso País, 
enquanto a República Federativa do Brasil é o nosso Estado. 
FONTE:<https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/196302/qual-a-diferenca-entre-estado-e-
nacao-michele-melo>;<https://www.infoenem.com.br/entenda-a-diferenca-entre-
territorio-estado-nacao-e-pais/>. Acesso em: 21 fev. 2020.
NOTA
Ainda, nesse sentido, outros elementos da sociedade internacional 
contemporânea começaram a aparecer:
a) Maior troca de informações entre os Estados.
b) Instantaneidade na troca das informações.
c) Velocidade e um maior volume das comunicações e também na locomoção dos 
indivíduos.
d) A criação de uma grande rede de organizações de internacionais e uma 
participação em massa pelos Estados, tanto de forma universal quanto regional.
TÓPICO 2 — DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
25
Especificamente, no Direito Internacional Público, o foco é o relacionamento 
entre os sujeitos do Direito Internacional. Estes, por sua vez, podem ser os Estados, as 
Organizações Internacionais e, em certa medida, os indivíduos, sobretudo, em matéria 
penal e humanitária. Disso decorrem questões ligadas à manutenção da paz, à proteção 
dos Direitos Humanos, à constituição de um regime criminal internacional etc.
ATENCAO
É importante saber que essas novas estruturas da sociedade internacional 
de modo geral formam o conceito do direito internacional contemporâneo, pois 
visa garantir que esse direito esteja sempre apto para manutenção dos preceitos 
internacionais.
Atributos do direito internacional público
É importante que estudemos algumas características do direito 
internacional para que você possa compreender melhor o seu funcionamento 
(CARRAPOZ, 2012):
QUADRO 3 - CARACTERÍSTICAS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Inexistência de órgãos centrais
No direito internacional público não existe um poder 
legislativo capaz de criar normas supranacionais e 
aplicáveis a todos os Estados. Além disso, não há 
tribunais de jurisdição absoluta e obrigatória.
Baixo nível de codificação
Há menos tratados do que leis internas, e o direito 
internacional tem regras abertas à interpretação, como 
acontece no caso de costumes, que necessitam ser 
reconhecidas pelos Estados
Escassez de sujeitos Os únicos que possuem personalidade jurídica são os Estados soberanos e as Organizações internacionais.
Responsabilidade coletiva
Quando preciso as sanções podem ser aplicadas de 
forma coletiva, um exemplo são as resoluções do 
Conselho de Segurança das Nações Unidas
Boa-fé
Aqui temos a influência do princípio do pacta sunt 
servanda e boa fé em relação a transparência das relações 
internacionais. 
Igualdade soberana
Existe igualdade entre todos os Estados que possuem 
o mesmo nível nas responsabilidades e compromissos 
de direito internacional
Proteção aos direitos humanos
 Além de regular as relações entre os sujeitos de direito 
internacional como os Estados e Organizações, o maior 
fundamento do Direito internacional público é tutelar 
os direitos fundamentais dos indivíduos 
FONTE: Adaptado de Carrapoz (2012)
26
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL
Os atributos do Direito Internacional Público servem de pressupostos 
para compreendermos quais são os princípios que irão reger essa área. 
O Conselho de Segurança é o órgão da ONU responsável pela paz e segurança 
internacionais. Ele é formado por 15 membros: cinco permanentes, que possuem o direito 
a veto – Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e China – e dez membros não 
permanentes, eleitos pela Assembleia Geral por dois anos. Este é o único órgão da ONU 
que tem poder decisório, isto é, todos os membros das Nações Unidas devem aceitar e 
cumprir as decisões do Conselho. 
FONTE:<https://nacoesunidas.org/conheca/como-funciona/conselho-de-seguranca/>. 
Acesso em: 26 fev. 2020.
NOTA
2.1 PRINCÍPIOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Os princípios do Direito Internacional Público têm como papel a instituição 
de uma norma jurídica internacional, que atinja a soberania dos Estados, os 
indivíduos e as suas especificidades. Em razão disso, várias convenções e tratados 
são feitos, tais princípios servem como fundamento das relações entre os sujeitos 
de direito internacional público:
• Princípio do consentimento: em regra, todos os Estados não se submetem a 
regras que não tenham sido criadas e reconhecidas pelo seu legislativo. Dessa 
forma, é preciso que os Estados tenham reconhecido determinada regra de 
direito internacional para que se submetam a ela e que se necessário sofram 
futura sanção pordesobedecê-la (CASELLA; ACCIOLY; SILVA, 2012).
• Princípio pacta sunt servanda: esse princípio quer dizer que o que foi 
estabelecido e pactuado deve ser cumprido (CASELLA; ACCIOLY; SILVA, 
2012). Esse princípio foi estabelecido na Convenção de Viena em 1969 em seu 
artigo 26: “Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas 
de boa fé”.
• Princípio jus cogens internacional: o conceito deste princípio diz respeito à 
norma de direito internacional geral peremptória, imperativa e irrevogável 
que não pode ser derrogada e que só pode ser alterada por norma da mesma 
natureza (CASELLA; ACCIOLY; SILVA, 2012). Esse princípio também foi 
instituído pela Convenção de Viena em 1969 em seu artigo 53.
• Princípio da boa-fé: princípio também instituído pela instituído pela 
Convenção de Viena em 1969 no artigo18:
TÓPICO 2 — DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
27
Obrigação de não frustrar o objeto e finalidade de um tratado 
antes de sua entrada em vigor um Estado é obrigado a abster-se da 
prática de atos que frustrariam o objeto e a finalidade de um tratado, 
quando: a)tiver assinado ou trocado instrumentos constitutivos do 
tratado, sob reserva de ratificação, aceitação ou aprovação, enquanto 
não tiver manifestado sua intenção de não se tornar parte no tratado; 
ou b)tiver expressado seu consentimento em obrigar-se pelo tratado 
no período que precede a entrada em vigor do tratado e com a 
condição de esta não ser indevidamente retardada (CONVENÇÃO 
DE VIENA, 1969, p. 6).
• Princípio da responsabilização por atos ilícitos: todo Estado que cometer ato 
considerado ilícito de acordo com as regras de direito internacional e causar 
dano algum outro Estado, terá o dever de reparação proporcional. Atualmente 
esse princípio tem se estendido também as organizações internacionais 
(CASELLA; ACCIOLY; SILVA, 2012).
O fato de o "jus cogens" ser constituído exclusivamente por normas de direito 
internacional geral realça seu caráter universal. O "jus cogens" exprime valores éticos, que 
só se podem impor com força imperativa se forem absolutos e universais. Um a norma 
de "jus cogens" pode ser modificada por outra de mesma natureza, pois ele evolui e m 
função das transformações da situação sócio-histórica da sociedade internacional e das 
modificações das concepções políticas, éticas, filosóficas e ideológicas. 
FONTE:<file:///Users/caroline/Downloads/66736-Texto%20do%20artigo-88124-1-10-201311
25%20(1).pdf>. Acesso em: 8 nov. 2019.
IMPORTANT
E
3 SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Quando falamos sobre os sujeitos do direito internacional público, 
estamos tratando dos destinatários das regras jurídicas internacionais, as 
quais regem e delimitam as competências desses sujeitos. Os sujeitos são a 
comprovação da existência de uma sociedade internacional e das regras que a 
regem (HUSEK, 2006).
 
Depois dessa pequena introdução sobre os sujeitos iniciaremos um Estudo 
de direito internacional em específico, vamos lá?
28
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL
FIGURA 6 - BANDEIRAS
FONTE: <https://alunosonline.uol.com.br/geografia/estado-nacao-governo.html>. Acesso em: 
26 fev. 2020.
3.1 ESTADO
Os Estados também são nomeados de coletividades estatais e constituem 
o rol de sujeitos internacionais, sendo eles sujeitos primários constituídos de 
soberania:
Os Estados, à unanimidade das opiniões, são sujeitos de Direito 
Internacional, inexistindo dúvida quanto ao seu papel no mundo, com 
a comprovação fática e histórica de sua participação em vários eventos, 
proporcionando-lhes os diversos autores quase que exclusividade de 
existência como ser jurídico internacional (HUSEK, 2006, p. 38).
As coletividades estatais se iniciaram em 1919 quando foi criada a Liga 
das Nações a partir do Tratado de Versalhes, que culminou com o término da 
Primeira Guerra Mundial e foi anterior à criação da ONU — Organização das 
Nações Unidas. Esse tratado foi uma grande inovação da diplomacia da época, 
porém o término dessa liga das nações ocorreu por falta de cumprimento das 
suas próprias determinações (FERNANDES; SILVEIRA, 2018).
 
De forma bem conceitual, os Estados também podem ser denominados 
como sujeitos compostos de territórios e comunidades de indivíduos humanos, 
que são administrados pelo Estado soberano. Além disso, o surgimento e a 
manutenção da sociedade internacional dependem de cada Estado soberano e 
sua consolidação. As coletividades estatais são responsáveis pela criação de boa 
parte das normas internacionais, geralmente, a criação dessas normas ocorre por 
meio dos tratados internacionais (PORTELA, 2017). 
As coletividades estatais também são responsáveis pela criação das 
organizações internacionais, as quais dependem das decisões dos Estados para 
o seu funcionamento. Dessa forma, os Estados soberanos compõem uma parte 
muito importante do direito internacional e seus desdobramentos (HUSEK, 2006).
TÓPICO 2 — DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
29
A organização que podemos chamar de predecessora da ONU é a Liga das 
Nações, uma instituição criada após o fim da I Guerra Mundial, em 1919, sob o Tratado de 
Versalhes. Em 1946, a Liga das Nações deixou de existir, devido à impossibilidade de cumprir 
seu papel de evitar a II Guerra Mundial.
FONTE: <https://nacoesunidas.org/conheca/historia/>. Acesso em: 26 fev. 2020.
ATENCAO
O Tratado de Versalhes foi um documento assinado pelos governantes das 
nações neoimperialistas no dia 28 de junho de 1919. O contexto histórico em que ocorreu 
o Tratado de Versalhes foi logo após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e o objetivo em 
registrar o momento em um ato oficial foi para deixar registrado o acordo de paz entre as 
nações envolvidas no conflito. Entretanto, a ideia de “paz” ficou bem longe do tratado. Isso 
porque a Alemanha, que foi duramente vencida na guerra, foi considerada culpada pelos 
danos causados.
FONTE:<https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/tratado-de-versalhes>. 
Acesso em: 26 fev. 2020.
NOTA
3.2 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
As organizações internacionais também podem ser chamadas de 
organismos internacionais ou de organizações interestatais. Em razão de existirem 
diversos interessem em comum entre os Estados soberanos, foram criados projetos 
e estruturas de colaboração. Nesse sentido, os Estados optaram pela criação de 
entidades que pudessem auxiliar nos esforços para alcançar os objetivos estatais. 
No século XX esses sujeitos se consolidaram na sociedade internacional, 
se tornado característico do direito internacional.
 
As organizações internacionais são entidades criadas e compostas 
por Estados por meio de tratado, com arcabouço institucional 
permanente e personalidade jurídica própria, com vistas a alcançar 
propósitos comuns. Contam com ampla capacidade de ação no 
cenário internacional e, por isso, são reconhecidas como sujeitos de 
Direito Internacional, podendo, por exemplo, celebrar tratados e 
recorrer a mecanismos internacionais de solução de controvérsias. 
Como são estabelecidas pelos Estados, sujeitos que têm personalidade 
internacional originária, a doutrina entende que sua personalidade 
internacional é derivada (PORTELA, 2017, p. 172).
30
UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL
No século XIX foram criadas as primeiras organizações, porém, o 
reconhecimento como sujeitos de direito ocorreu apenas no século XX. O marco 
desse reconhecimento foi o parecer da Corte Internacional de Justiça.
Também é importante mencionar que as organizações internacionais não 
possuem soberania, pois a soberania só é característica constitutiva dos Estados, 
pois como vimos anteriormente a soberania está relacionada à manifestação 
do poder de um país, quando este consegue preservar a paz nas fronteiras e o 
território interno longe de conflitos.
3.3 ORGANISMOS NÃO ESTATAIS OU OUTRAS 
COLETIVIDADES 
Esses sujeitos se caracterizam como entes, não são organismos 
internacionais. Alguns exemplos mais conhecidos de organismos não estatais 
são (PORTELA,2017):
1) Santa Sé: este é um ente que possui fundamentos e vínculos ligados à igreja 
católica, mas se distingue do Vaticano. Além disso, existem divergências em 
relação a sua personalidade jurídica. Este ente é responsável por gerenciar a 
igreja católica apostólica romana, sendo o seu líder maior o Papa. O objetivo 
desse ente é o de administrar os fiéis da igreja católica em suas demandas 
espirituais. Santa Fé é constituída com órgãos de acessória (Cúria Romana) 
do Sumo Pontífice. A sua sede se encontra na Cidade do Vaticano, e seu 
poder não pode ser restringido pelos Estados. Santa Sé um sujeito do direito 
internacional muito bem consolidado em razão de sua história e influência, 
pois durante muito tempo o Papado possuiu amplo poder inclusive para 
poder resolver problemas de cunho internacional. Na contemporaneidade 
ainda possui certas prerrogativas e importância no cenário internacional 
tendo em vista as várias influências em assuntos internacionais. É importante 
salientar que a Santa Sé tem voz na Assembleia das Nações Unidas, contudo 
não é um membro votante.
2) Cidade do Vaticano: este ente possui a característica de Estado, portanto, possui 
personalidade jurídica de direito internacional reconhecida. É possuidor de um 
vasto território, sendo o papa a sua autoridade maior. O maior objetivo desse 
ente é dar amparo de cunho material à Santa Sé, para que possa cumprir com 
as suas funções. É importante mencionar que parte da doutrina não considera 
a Cidade do Vaticano como Estado, a justificativa dessa corrente é de que os 
objetivos do ente são incompatíveis para com os requisitos básicos de um ente 
estatal. Porém, a doutrina que defende o ente como Estado soberano considera 
que os requisitos básicos são preenchidos, que são: território, povo e governo. 
De qualquer forma a cidade do Vaticano possui a capacidade necessária para 
atuar nas relações internacionais, participando de tratados e também das 
organizações internacionais.
TÓPICO 2 — DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
31
3) Soberana Ordem da Cruz de Malta: é importante iniciar mencionando que 
a Soberana Ordem da Cruz de Malta é um ente que está ligado à assistência 
médica e humanitária sediada em Roma na Itália. Por isso, é considerada como 
uma organização humanitária internacional, possui diversos profissionais da 
saúde incluindo voluntários, médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem 
e paramédicos. O público alvo deste ente são pessoas vulneráveis, como 
refugiadas, idosas, crianças e de rua. Este ente possui personalidade jurídica 
de direito internacional e cumpre missões diplomáticas em diversos lugares do 
mundo. Parte da doutrina defende que a Soberana Ordem da Cruz de Malta 
não possui personalidade jurídica internacional em razão de possuir ligação 
com a Santa Sé.
É importante mencionar que outros organismos e coletividade podem 
se originar no cenário internacional e se estabelecer como sujeitos de direito 
internacional. As necessidades da sociedade podem mudar e os entes podem 
variar através do tempo.
Além disso, vale ressaltar que na contemporaneidade parte da doutrina 
tem considerado que empresas transnacionais e multinacionais como entes 
de personalidade jurídica internacional. “As empresas, também referidas 
frequentemente como “pessoas jurídicas”, beneficiam-se diretamente de normas 
internacionais, a exemplo daquelas que facilitam o comércio internacional e os 
fluxos de investimentos” (PORTELA, 2017, p. 161). Essa parte da doutrina leva em 
consideração o direito internacional de comércio como justificativa para atribuir 
personalidade a esses entes, contudo ainda é um tema controverso. 
A ONU — Organização das Nações Unidas, há algum tempo, tem tentado 
instituir um regramento internacional para empresas transnacionais. Por meio da 
Resolução nº 1.721, procura criar e aplicar um código de conduta internacional, 
porém muitos são os obstáculos. De qualquer forma é inegável a contribuição das 
empresas para o direito internacional (TEXEIRA, 2013).
Com relação às ONGs, apesar do reconhecimento de sua importância como 
órgãos de organização e representação das sociedades civis, podem apenas ser admitidas 
como órgãos consultivos da ONU pelo ECOSOC (Conselho Econômico e Social), sem 
direito a voto (Carta).
FONTE: <https://ortegagiovanna.jusbrasil.com.br/artigos/375831429/os-sujeitos-do-direito-
internacional-publico>. Acesso em: 8 nov. 2019).
ATENCAO
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UNIDADE 1 — NOÇÕES GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL
3.4 INDIVÍDUOS 
Por muitos anos a doutrina não considerou os indivíduos como sujeitos de 
direito internacional, pois partiam da justificativa de que o direito internacional 
era constituído apenas por sujeitos interestatais. Nesse caso, apenas, os Estados 
soberanos poderiam instituir normas de direito internacional, ficando a pessoa 
natural, ou seja, os indivíduos em um segundo plano, no qual apenas receberiam 
normas internacionais (PORTELA, 2017).
 
Porém, contemporaneamente com as evidências de atuações dos indivíduos 
na sociedade internacional, a doutrina tem reconhecido o caráter de sujeito de 
direito internacional dos indivíduos. Em muitos casos esse reconhecimento tem 
ocorrido até mesmo de forma independente e de algum Estado.
Apesar da personalidade jurídica da pessoa natural ainda ser contestada, 
não se pode mais negar as diversas regras de direito internacional que instituem 
deveres e obrigações aos indivíduos. Um grande exemplo de regras que abarcam 
indivíduos são os tratados de direitos humanos que têm por objetivo efetivar a 
dignidade da pessoa humana (TEXEIRA, 2013).
Outro grande exemplo é quando os indivíduos têm a possibilidade de 
recorrer internacionalmente a direitos que lhe foram concedidos pela ordem 
jurídica internacional, e que são, independentes do aval dos Estados onde esse 
indivíduo se encontra, ou de sua nação de origem. Os indivíduos podem fazer 
reclamações na Comissão Interamericana de Direitos Humanos sobre qualquer 
desrespeito a direitos previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, 
nesse caso o país pode ser responsabilizado internacionalmente pelo dano 
causado (TEXEIRA, 2013).
Importa destacar aqui que as Organizações Não Governamentais são entidades 
(associações civis), sem fins lucrativos, de direito privado e interesse público, que atuam em 
áreas variadas, por exemplo: saúde, educação e meio ambiente. Sua atuação pode ser em 
nível local, estadual, nacional e internacional. São caracterizadas pela reunião de indivíduos 
ao redor de objetivos em comum, que atuam através de práticas solidárias e filantrópicas, 
tendo como pressuposto a autonomia, a livre adesão e a participação voluntária de seus 
membros. Apesar de fazerem parte da iniciativa privada não visam ao lucro e suas ações 
são voltadas para a esfera pública em que o Estado falha no provimento de serviços e 
assistência. Alguns exemplos de ONGs são:
• Médicos Sem Fronteiras (MSF): é uma organização humanitária internacional que leva 
cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias. Também é missão 
da MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos pacientes atendidos em 
seus projetos. Disponível em: https://www.msf.org.br/quem-somos.
DICAS
TÓPICO 2 — DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
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• WWF-Brasil é uma organização da sociedade civil brasileira, apartidária e sem fins 
lucrativos que trabalha em defesa da vida, e para isso nosso propósito é mudar a atual 
trajetória de degradação socioambiental. Criada em 1996, atua em todo Brasil e integra a 
Rede WWF (Fundo Mundial para a Natureza), presente em mais de 100 países. Disponível 
em: https://www.wwf.org.br/wwf_brasil/.
• Projeto Saúde e Alegria (PSA) atua na Amazônia com o objetivo de promover e apoiar 
processos participativos de desenvolvimento comunitário integrado e sustentável, que 
contribuam de maneira demonstrativa no aprimoramento das políticas públicas, na 
qualidade de vida e no exercício da cidadania. Disponível em: http://www.saudeealegria.
org.br/?page_id=48.

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