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Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Furto é a subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem, portanto com o fim de assenhoramento definitivo. O CP protege o patrimônio pela forma mais elementar que é o furto, crime contra o patrimônio mobiliário. Normalmente crime cometido pelo necessitado, daquele indivíduo destituído de audácia e temibilidade para o roubo ou para a extorsão, desprovido de inteligência para o estelionato e desprovido de meios para a usurpação. Objetividade jurídica Existem divergências quanto a exata objetividade jurídica deste tipo penal. Alguns, entre eles Noronha, Fragoso e Damásio entendem que é protegida primeiramente a posse, e depois o direito de propriedade. Esta é o complexo dos direitos de usar, gozar e dispor dos bens. Aquela é a visibilidade desta, ou melhor, no conceito de Ihering, a relação de fato estabelecida entre o indivíduo e a coisa, pelo fim de sua utilização econômica. Óbvio que a lei penal protege também o direito de propriedade. Ninguém negará que o possuidor de coisa dada em usufruto e que é furtada sofre violação patrimonial, acarretada pela subtração. Mas também, neste caso, existe a ofensa ao direito de propriedade, pois é inegável sofrer o proprietário dano patrimonial com o desaparecimento da coisa, sobre a qual ele tinha a posse indireta, e poderia mais tarde ter o domínio pleno. Outros, entre eles Hungria, entendem que a incriminação na espécie visa principalmente a tutela da propriedade e não da posse. Sujeitos do delito Ativo → Qualquer pessoa pode praticar o crime em estudo, não exigindo a lei qualquer condição especial do sujeito ativo. Não é portanto um crime próprio e sim comum. Obs.: se o agente já estava na posse ou na detenção da coisa, objeto do crime, responde pelo delito de apropriação indébita (art. 168). A posse vigiada enseja a subtração. Ex.: O empregado da fábrica que furta as ferramentas; o comerciário que furta as mercadorias; o doméstico que furta os bens do empregador. A posse desvigiada enseja a apropriação indébita. Passivo → É o possuidor ou o proprietário, ou ambos. Quem em regra sofre o dano patrimonial. Elementos objetivos do crime • O objeto material do crime é uma coisa. Portanto, necessário se torna conceituarmos o que é coisa: coisa é toda substância corpórea material, suscetível de apreensão e que tem um valor qualquer. Ainda se refere o tipo à coisa alheia, isto é, que se acha na posse de outrem, em geral na do proprietário. • A coisa também tem de ser móvel: Tudo quanto é suscetível de remoção , ou por ser dotado de movimento próprio, ou por ação do homem: os semoventes e o que pode ser removido por ação humana. • Claro se torna que por coisa material e corpórea devemos entender tudo aquilo que pode ser objeto da ação física do delito, isto é, tudo aquilo que pode ser subtraído, ou melhor, suscetível de remoção, deslocamento ou apreensão. Fixados os conceitos de coisa alheia móvel, é necessário nos determos na conceituação do seu valor: alguns autores afirmam que para ser objeto de furto a coisa tem de ter valor econômico, ou seja, valor de troca, sendo de todo excluído o valor de afeição, como requisito da coisa furtada. Outros sustentam opinião diversa: “O conceito de valor patrimonial não corresponde necessariamente ao conceito de valor econômico, e o de dano patrimonial não se identifica com o de dano econômico”. Considerando que o patrimônio é um complexo de bens através dos quais o homem satisfaz suas necessidades, não há porque não incluir as coisas que possuem um valor afetivo, pela sua utilização. O valor é dado principalmente pelo espírito humano e não pela natureza do objeto. A ausência ou pouquidade do valor econômico será circunstância condizente à graduação da pena, como se verá no parágrafo segundo do artigo em estudo. O que poderá ocorrer é utilizar-se do princípio da insignificância quando for ínfimo o valor do bem. Ex.: furtar um alfinete; um palito de fósforo. Elementos subjetivos do tipo • Não existe furto se existe o consentimento as vítima, pois o patrimônio é um bem disponível. • Não haverá furto sem dolo (vontade livre e consciente de subtrair coisa móvel), é necessário ainda que a vontade abranja o elemento normativo alheia, pois poderá agir em erro de tipo, excludente do dolo e, portanto, atípico. • Além desse dolo genérico, exige-se um elemento subjetivo específico que é a finalidade do agente expressa no tipo para si ou para outrem que indica o fim de assenhoramento definitivo. • Não se confundir esse elemento subjetivo do injusto com o motivo determinante do crime. Ex.: vingança, lucro, capricho, etc. Consumação e tentativa CONTRECTATIO: dizia consumado o furto pelo fato de o agente haver pousado a mão sobre o objeto, para dele se apossar. AMOTIO: a consumação do furto se dava pela deslocação do objeto. ABLATIO: para a consumação era necessário a apreensão e deslocação do objeto. ILACTIO: a consumação exigia que o agente levasse o objeto para o lugar que era destinado. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, superando a controvérsia em torno do tema, consolidou a adoção da teoria da apprehensio (ou amotio), segundo a qual se considera consumado o delito de furto quando, cessada a clandestinidade, o agente detenha a posse de fato sobre o bem, ainda que seja possível à vitima retomá-lo, por ato seu ou de terceiro, em virtude de perseguição imediata. Desde então, o tema encontra- se pacificado na jurisprudência dos Tribunais Superiores. 3. Delimitada a tese jurídica para os fins do art. 543-C do CPC, nos seguintes termos: Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. STJ: “A orientação jurisprudencial é no sentido de que se considera consumado o crime de furto, assim como o de roubo, no momento em que, cessada a clandestinidade ou a violência, o agente se torna possuidor da res furtiva, ainda que por curto espaço de tempo, sendo desnecessário que o bem saia da esfera de vigilância da vítima, incluindo-se, portanto, as hipóteses em que é possível a retomada do bem por meio de perseguição imediata” Alguns autores defendem a teoria da inversão da posse. Além de inverter a posse se exigiria um certo lapso temporal, isto é, um período de tempo em que o agente tem a coisa para si sem ser molestado por ninguém (posse mansa e pacífica). É admissível a forma tentada, pois o furto é um crime material no qual a lei exige ação subtrair e um resultado lesão patrimonial para que se diga consumado. A tentativa ocorrerá sempre que o agente não conseguir consumar o crime por circunstâncias alheias a sua vontade. FURTO NOTURNO § 1º -A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. • O fundamento para esta majorante reside no fato de o bem jurídico estar mais desprotegido devido a precariedade de vigilância, facilita a fuga e diminui os meios de defesa. • Usou o legislador a expressão repouso noturno considerando um critério psicossociológico e não físico-astronômico. Essa expressão significa o espaço de tempo que a cidade dorme nada tendo a ver com o nascer e o por do sol. • Portanto deve sempre o juiz analisar o caso concreto dentro daquela comunidade. Ex.: São Paulo e Piratini. • Os tribunais superiores tem aceito que seja aplicada ao furto simples e ao qualificado. FURTO PRIVILEGIADO § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. • Exige a lei dois requisitos:A) PRIMARIEDADE DO AGENTE: É mister que o réu seja primário, isto é, não reincidente, isto é, não tenha sofrido em razão de outro crime condenação anterior transitada em julgado (CP, art. 63). B) COISA DE PEQUENO VALOR: Tem entendido a jurisprudência que reconhece-se o furto privilegiado quando a coisa não alcançar o valor correspondente a um salário mínimo vigente à época do fato. Conforme a Súmula 511 do STJ pode o furto ser privilegiado e qualificado. “É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva”. FURTO DE ENERGIA § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. • Aqui também será furto se a energia for solar, térmica, sonora, atômica, mecânica, toda que tiver valor econômico. • Se equipara a um bem móvel. FURTO QUALIFICADO § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I-DESTRUIÇÃO OU ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO À SUBTRAÇÃO DA COISA: • Destruição: destruir, demolir, desfazer, desmanchar. • Rompimento: romper, partir, despedaçar, separar, rasgar, abrir etc. • Para qualificar é necessário que a conduta atinja o objeto que impede a apreensão ou remoção da res furtiva, não contra ela. • É necessário que a violência ocorra antes, durante ou depois da retirada do objeto, mas sempre antes de consumado o crime. • O obstáculo pode existir naturalmente ou ser posto com a finalidade de impedir o furto. Exs.: Abrir trincos, portas, janelas, fechaduras, fios de alarme, etc. • Não é arrombar para furtar o carro e sim as coisas de seu interior. • A simples remoção de obstáculos não qualifica o crime. Ex.: tirar parafusos. O obstáculo pode ser: 1) De natureza ativa: Armadilhas, alarmes, etc. 2) De natureza passiva: muro, paredes, cofres, etc. É indispensável exame pericial para o reconhecimento da qualificadora, efetuado por peritos da polícia. É circunstância objetiva e comunicável em caso de concurso de agentes, desde que passe pela sua esfera de conhecimento. II - COM ABUSO DE CONFIANÇA, OU MEDIANTE FRAUDE, ESCALADA OU DESTREZA • Exige dois requisitos: 1) Que o sujeito abuse da confiança depositada; 2) Que a coisa esteja com o sujeito ativo em face desta confiança. • Trata-se de indivíduo mais perigoso pois além de furtar, viola a confiança nele depositada, uma vez que, aproveitando-se desta confiança, comete o crime. A confiança pode existir ao tempo do fato ou ter sido captada de propósito para o furto. Algumas atividades já pressupõem uma relação de confiança, portanto inúmeras jurisprudências consideram qualificado o furto do guarda, vigia, ronda, pois incita na atividade a confiança. Estão no mesmo caso os domésticos. Damásio argumenta que o empregado que subtrai objetos do seu local de trabalho não comete furto qualificado, mas sim furto simples com a agravante (art. 61, II, f). Justifica que a qualificadora exige um vínculo especial entre empregado e patrão, sendo irrelevante por si só, a relação empregatícia. A diferença entre a apropriação indébita e o furto qualificado pelo abuso de confiança é que naquela o agente toma por sua a coisa da qual detém a posse; neste, o agente subtrai a coisa. Ex.: livro. Fraude: fraude é o embuste, o ardil, o artifício, isto é, meio enganoso capaz de iludir a vigilância do ofendido, permitindo maior facilidade na subtração da coisa. Vários são os exemplos de fraude: Exs.: o agente pede para ver o objeto e foge; um agente distrai a vítima enquanto o outro subtrai; pseudo-comprador de imóveis que percorre a casa. A diferença entre a qualificadora do furto e a fraude que constitui elementar do estelionato é que no furto a vítima é iludida na sua vigilância que por isso não tem conhecimento de que o objeto está saindo de sua disponibilidade. No estelionato a fraude visa permitir que a vítima incida em erro, e por isso entregue voluntariamente o bem, sabendo que o mesmo está saindo de sua esfera de disponibilidade. Escalada: É circunstância objetiva, pois se refere a ação física do crime. É a utilização de via anormal para penetrar na casa ou local onde vai haver a subtração. O reconhecimento desta qualificadora exige que o agente se utilize de instrumentos (escadas, cordas) ou atue com esforço incomum para vencer o obstáculo. Exigia Carrara para o reconhecimento que o recinto tivesse certa altura. Hoje a jurisprudência considera furto qualificado pela escalada não só quem pula um muro alto como quem usa um túnel para chegar ao objeto furtado. Não desqualifica o crime o fato da vítima ter deixado escadas ou cordas no local, pois sua negligência não faz desaparecer a pertinácia do criminoso na escolha de uma via anormal. Destreza: É circunstância subjetiva que consiste na habilidade física ou manual empregada pelo agente na subtração. É comumente denominada de punga dos batedores de carteira. O flagrante não desnatura a qualificadora. Porém, não ocorrerá se o agente se deixar pressentir pela vítima. Neste caso responderá por furto simples, pois demonstra a inabilidade. Ocorrerá a qualificadora se o agente for visto por um terceiro. Não ocorre a qualificadora se a vítima está dormindo ou embriagada. A destreza nada tem a ver com o arrebatamento de inopino. OBS.: 1) Se há violência contra a pessoa trata-se de roubo; 2) Se há violência contra a coisa trata-se de furto qualificado pelo inc. I; 3) Se não há violência trata- se de furto simples. III- EMPREGO DE CHAVE FALSA É uma circunstância objetiva. Sob a denominação de chave falsa compreende-se todo e qualquer instrumento apto a abrir fechaduras. Inclui-se aqui não só imitação da verdadeira como qualquer outro objeto com este fim. Ex.: gazuas, grampos, pregos, arames, tesouras, etc. Alguns autores consideram falsa a chave verdadeira, dizendo que o legislador se preocupou em punir o modo pelo qual o crime é praticado e não em estabelecer quais os objetos e portanto também são falsas as chaves verdadeiras furtadas ou perdidas. Se a lei veda a abertura ilícita, maior razão há quando a chave for furtada ou achada. A maioria da doutrina entende que nesse caso a qualificadora é a do emprego de fraude, pois não há de se ler verdadeiro onde está escrito falso, pelo princípio da Tipicidade. IV- CONCURSO DE DUAS OU MAIS PESSOAS Circunstância objetiva. Com ela quer a lei coibir a coligação de esforços para a prática de crimes, pois isso enfraquece a defesa privada a facilita a impunidade. Exige-se no mínimo duas pessoas, sendo irrelevante que um deles seja inimputável. Exige presença in loco dos agentes, e assim decide o STF. Não há necessidade de acordo prévio entre os autores, mas é indispensável o liame subjetivo estabelecido pelo menos antes da consumação, caso contrário haveria autoria colateral. No furto qualificado pelo concurso de agentes praticado por Associação criminosa há bis in idem com o art. 288, CP. § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. • Qualificadora incluída em 2018 para abranger uso de explosivos, que tinham mais gravidade que a qualificadora da destruição e rompimento de obstáculo. • Explosivo “são substâncias ou compostos que, por ação de uma causa externa (calor, choque, descarga elétrica ) são capazes de gerar explosão, uma reação química caracterizada pela liberação, em breve espaço de tempo e de forma violenta, de calor, gás, e energia mecânica. São usados como carga em bombas, granadas e minas; como propelentes para projéteis de armas leves e artilharia; e em engenharia, terraplanagem, mineração e demoliçãode construções e outras estruturas. • Causar situação de perigo comum • Crime hediondo § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. § 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso: I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional; II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. § 5º -A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. • O objeto material do crime são os veículos automotores (automóveis, caminhões, lanchas, motocicletas etc.) • Momentos consumativos distintos • Fronteira do Estado ou do País § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. • Finalidade de dar um tratamento mais severo à subtração dos semoventes. • Responsável por 20% dos abates clandestinos de animais no RS • Riscos a economia do produtor rural e a saúde pública • Semovente domesticável de produção entende-se animal não selvagem destinado a produção pecuária de alimentos, bovinos, ovinos, suínos, equinos, bufalinos, caprinos e asininos. • Os de estimação estariam fora dessa proteção. • Também estariam fora os animais criados para consumo próprio • Concurso de qualificadoras- melhor teria sido a criação de uma majorante § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. • Ao contrário do § 4-A onde o explosivo é utilizado para a prática da subtração, aqui seriam o objeto material do crime. • Intuito de coibir o emprego futuro na prática de infrações penais, como outro furto. QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA • Material • Instantâneo • Comum • Comissivo • Simples • De dano • Unissubjetivo • Plurissubisitente PENA • Furto Simples: reclusão de 1 a 4 anos e multa • Admite a suspensão condicional do processo – art. 89 da lei 9.099/95. • Repouso noturno: aumenta-se de 1/3 (um terço). • Minorante: substitui reclusão pela detenção, diminui de 1/3 (um terço) para 2/3 (dois terços) ou só multa. • Qualificado: § 4ºreclusão de 2 a 8 e multa • §4º- A reclusão de 4 a 10 e multa • §5º- reclusão de 3 a 8 • §6º- reclusão de 2 a 5 • §7º-reclusão de 4 a 10 e multa
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