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Direito Penal - Crimes contra o casamento

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Direito Penal - Crimes contra o casamento 
Geraldo M. Batista 
Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 
 
 
 
1 
1. Introdução 
 
Crimes contra o Casamento estão assentados na Bigamia, Induzimento a Erro Essencial e 
Ocultação de Impedimento, Conhecimento Prévio de Impedimento, Simulação de Autoridade para 
Celebração de Casamento e Simulação de Casamento e seus pormenores a luz das mais 
variadas posições dogmáticas. 
 
2. Bigamia 
 
A ideia está centrada na criminalização daquele que dolosamente casa-se com mais de 
uma pessoa no mesmo intervalo temporal. Esta esculpido no artigo 235 do Código Penal que 
prediz: 
 
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 
(seis) anos. 
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo 
essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a 
bigamia, considera-se inexistente o crime. 
 
Observações. 
 
 A tipificação visa proteger o princípio monogâmico erigido pelo Estado. 
 
 Sujeito ativo do crime será aquele que, já sendo casado, contrai novo casamento no 
mesmo intervalo temporal ou ainda aquele que contrai casamento com quem sabe ser 
casado. 
 
 Trata-se de crime bilateral, em vistas de serem necessárias duas pessoas para sua 
prática, mesmo que uma delas esteja de boa-fé. 
 
 Sujeitos passivos são a família, o Estado, o consorte anterior e aquele que contrai o novo 
matrimônio, se de boa-fé. 
 
 Elemento subjetivo do crime é claramente o dolo, sendo sua consumação com a 
celebração efetiva do matrimônio, admitindo-se ainda a tentativa. 
 
 Caso sejam praticados apenas atos preparatórios ao casamento, como a falsificação 
documental, haverá o crime de falsidade documental. Ao consumar-se, porém, o novo 
casamento o crime de falsidade documental estará absorvido pelo crime da bigamia. 
 
 Caso a pessoa casada contraia mais de um casamento na vigência de outro, haverá 
concurso material de crimes, em vistas de a já presente bigamia não afastar a 
criminalidade da posterior. 
 
Atenção 
 
 Para a decisão proferida pelo Conselho Nacional de Justiça que consiste na extensão do 
crime de bigamia a uniões matrimoniais de pessoas do mesmo sexo. 
 
3. Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento 
 
A ideia está centrada na criminalização do ato de enganar o outro contraente para se 
casar, ocultando fatos que possam inviabilizar a vida conjugal, ou omitir situações que são 
impedimentos ao casamento. Esta esculpido no artigo 236 do Código Penal que prediz: 
 
Direito Penal - Crimes contra o casamento 
Geraldo M. Batista 
Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 
 
 
 
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Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou 
ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de 6 (seis) 
meses a 2 (dois) anos. 
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser 
intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou 
impedimento, anule o casamento. 
 
Há criminalização de duas condutas em que a união é realizada com a devida enganação alheia. 
Na primeira é incriminado o ato de casar com outrem mediante a indução de erro essencial 
constante no artigo 1.521 do Código Civil que prediz: 
 
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: 
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu 
conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; 
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável 
a vida conjugal; 
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave 
e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge 
ou de sua descendência; 
IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, 
torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado. 
 
Na segunda é incriminado consiste em casar-se mediante a ocultação de impedimentos, desde 
que não seja casamento anterior em vistas de se tratar de bigamia. Tais impedimentos 
encontram-se esculpido no artigo 1.521 do Código Civil que prediz: 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio 
contra o seu consorte. 
 
Observações. 
 
 A tipificação visa proteger o bem da constituição regular da família mediante o matrimônio. 
 
 Sujeito ativo poderá se qualquer pessoa de qualquer dos gêneros, sendo ainda possível a 
enganação recíproca entre os dois contraentes. 
 
 Sujeito passivo é a pessoa induzida a erro. O elemento subjetivo do crime é claramente o 
dolo, sendo a consumação com a celebração matrimonial. 
 
4. Conhecimento Prévio de Impedimento. 
 
A ideia está centrada na criminalização do agente que contrai casamento, mesmo 
conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta. Este crime é 
diferente do previsto no artigo do art. 236 do CP, pois não se exige da fraude, apenas o modo de 
agir omissivo do sujeito ativo, se houver impedimento que cause a nulidade absoluta do 
casamento. Consta no artigo 237 do Código Penal que prediz: 
 
Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a 
nulidade absoluta: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
 
 
Direito Penal - Crimes contra o casamento 
Geraldo M. Batista 
Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 
 
 
 
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Observações. 
 
 A tipificação visa proteger o bem da regularidade formal do matrimônio. 
 
 Sujeitos ativos qualquer pessoa de qualquer dos gêneros. 
 
 O sujeito passivo é cônjuge iludido. Trata-se de crime doloso que se consuma com a 
efetivação do casamento, sendo a tentativa plenamente admitida. 
 
5. Simulação de Autoridade para Celebração de Casamento 
 
A ideia está centrada na criminalização do agente que se intitula ser uma autoridade 
competente para a celebração de consórcio matrimonial sem ter a atribuição legal para a 
realização do ritual (falsa autoridade). Trata-se de delito subsidiário e também especial ao delito 
de usurpação de função pública. Consta no artigo 238 do Código Penal que prediz: 
 
Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
Observações. 
 
 A tipificação visa a criminalização da conduta de atribuir a si mesmo autoridade para a 
celebração matrimonial, mediante mentira ou fingimento. 
 
 O casamento assim realizado é maculado pela anulabilidade, que será sanada caso 
não seja alegada durante dois anos, sem prejuízo a configuração do delito em apreço. 
 
 Sujeitos ativos podem qualquer pessoa de qualquer dos gêneros. 
 
 Sujeitos passivos os cônjuges enganados. 
 
 Trata-se de crime doloso, com consumação com a prática de ato da autoridade 
falsamente alegada. 
 
6. Simulação de Casamento 
 
A ideia está centrada na criminalização da conduta de simulação de um casamente a 
ponto do outro nubente acreditar estar se casando, mas na realidade não está. É necessário que 
um dos nubentes esteja empregando meio enganoso levando o outro a creditar estar diante de um 
ato legal. Consta no artigo 239 do Código Penal que prediz: 
 
Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra pessoa: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos,se o fato não constitui elemento de crime mais 
grave. 
 
Observações. 
 
 Trata-se de crime doloso, em que se consuma com a efetiva simulação e sua tentativa é 
plenamente admitida. 
 
 A simulação, portanto, acaba por macular um dos atos mais importantes na vida de uma 
pessoa sendo então acertadíssima a posição de punir todos aqueles que o ajudam a 
macular através da simulação. 
 
FIM

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