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Dislexia: um transtorno de aprendizagem

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DISLEXIA: UM PROCESSO A SER INVESTIGADO
 Meiriely Fagundes de Oliveira [footnoteRef:2] Francisco Jonaci dos Santos Lima [footnoteRef:3] [2: Meiriely Fagundes de Oliveira. Graduada em História. AESA -CESA Meiry-fagundes@hotmail.com
] [3: Francisco Jonaci dos Santos Lima. Especialista em educação no campo.AESA-CESA.franklima2010@gmail.com
] 
RESUMO	
Este artigo trata-se de um transtorno de aprendizagem bem comum em nossas escolas: a dislexia. Este distúrbio de aprendizagem envolve profissionais de diversas áreas do conhecimento no sentido de descobrir precocemente seus sintomas e características, e oferecer ao aluno um ensino proporcional. Porém, nem sempre é possível, pois o que mais se encontra, são crianças com sérias dificuldades em leitura e escrita, na maioria das vezes, são rotuladas de “burras” e preguiçosas, na verdade, essas características apresentadas necessitam de um ensino de maneira diferenciada. Com este trabalho objetivamos conhecer minuciosamente esse processo, de modo que possamos esclarecer seus sintomas mais freqüente e, assim procurar ajudar de todas as formas possíveis, os alunos portadores deste distúrbio a superarem de forma positiva e prazerosa. Esta pesquisa é de cunho bibliográfico, e através dela esperamos conhecer melhor a dislexia, saber como ela se apresenta na vida escolar, como diagnosticar, qual o papel da família entre outros. 
Palavras-chave: dislexia, dificuldade de aprendizagem, ensino diferenciado.
DYSLEXIA: A PROCESS TO BE INVESTIGATED
ABSTRACT
	This articles this is a pretty common learning disability in our schools: dislexia. This disorder involves leaming professionals fron various fields of knowledge in order to discover its early symptoms and characteristics, and offer the student a proportional education. But it is not alwys possible, because what is more, are children with seriasdeis difficulties in reading and writing, in most cases, are labeled “dumb” and lazy, in fact, these characteristics presented require a teaching differently. With this work we aim to thoroughly understand this process, so that we can clarify your most frequent symptoms and thus seek help in every possible way, the bearers of this disorder to excel in a positive and pleasurable way. Through this research we hope to better understand dyslexia, knowing how it is presented in scool life how to diagnose what the role of the family and others.
Key words: dyslexia, learning, disabilities, differentiated instruction.
1 Introdução
Sempre que tratamos de conhecimento e seu processo de aquisição pode perceber uma variante complexa que é a dislexia. No intuito de compreender e descrever tais acontecimentos, há mais de 130 anos, estudiosos vem tentando desvendar esse misterioso problema que envolve a relação de conhecimento e aprendizagem.
 Desde o nascimento, a criança passa por uma série de fazes que fazem parte do seu amadurecimento neurológico e cognitivo, tornado-a apta a receber sempre mais estímulos e informações oriundos do meio ambiente em que a mesma está inserida.
 Definida como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, em linguagem expressiva ou receptiva, em razão a cálculos matemáticos, como na linguagem corporal e social, a dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Pesquisas realizadas em vários países mostram que entre 05% e 17% da população mundial é disléxica, de acordo com a associação brasileira de dislexia (ABD; 2010). 
 	Ainda ao contrario do que muitos pensam a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. Ela é um fator hereditário com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.
 	Para Freitas (2002), “a psicopedagogia entende a dislexia do desenvolvimento ou evolutiva, como um distúrbio do processo de aprendizagem, já que deficiência ocorre na dificuldade do individuo durante a aquisição da leitura e da escrita”. Neste contexto a dislexia não tem como causa a falta de interesse, de motivação ou de esforço. Dificuldade no aprendizado da leitura, em diferentes graus, é característica evidenciada em cerca de 80% dos disléxicos. .
 Este trabalho é de cunho bibliográfico, para realizá-lo foram feitas observações em livros, revistas e internet, essas observações foram feitas por partes. Buscou-se olhar a dislexia em seu contexto histórico, posteriormente conhecer a dislexia e seus sintomas, refletindo sobre os sinais da dislexia na idade escolar. Avaliar e diagnosticar, bem como tratar a dislexia não é algo fácil, sendo que o papel e a ajuda da família são de fundamental importância para o tratamento da criança disléxica.
2 Investigações sobre a dislexia
O processo de investigação sobre dislexia surgiu a partir do século XIX, quando se percebeu que algumas crianças mostravam ter dificuldades tanto na leitura quanto na escrita, porém em outras disciplinas escolares apresentavam resultados satisfatórios, demonstrando dessa forma que não havia outro tipo de problema que oferecesse tanto fracasso na parte da leitura e da escrita. Esse tipo de distúrbio foi descrito pela primeira vez por James Kerr em 1896. Os primeiros estudos sobre o caso foram feitos por Hinshelwood e Morgane, oftalmologistas ingleses que categorizaram esse problema como cegueira verbal.
 	 Existem ocasiões em que essas crianças são rotuladas de “emocionalmente perturbados”.
A criança disléxica não tem uma coisa nem outras. Tipicamente ela é de inteligência normal e deseja muito aprender a ler. Para se compreender porque ela não é importante se familiarizar com os meios pelos quais a criança normal adquire essa habilidade. (Jonhson e Myklebeist 1991, p. 175)
Geralmente, a dificuldade encontrada por estas crianças em forma de limitação em relação à aprendizagem, faz com que elas se sintam um tanto quanto tímidas e problemáticas, com mais dificuldades de relacionamento, de aprendizagem entre outros.
 	 Segundo Morais (2003) o nome dislexia em principio era designado por outras nomenclaturas, pois os estudiosos imaginavam diferentes causas para sua manifestação. Essas representações são as seguintes:
· Cegueira verbal congênita: representava pessoas que não conseguiram aprender a ler e escrever mesmo possuindo visão normal.
· Strephosymbolia: designava crianças que invertiam letras ou números durante a leitura ou escrita.
· Dislexia genética: neste caso o problema era decorrente de um fator genético.
· Distúrbio psiconeurológico: a criança teria dificuldade para ler a partir de uma disfunção cerebral ao nível de sistema nervoso.
· Dislexia especifica de evolução: caracterizava crianças com serias dificuldades para ler e escrever. 
Diante das divergências de diversos pesquisadores com vários pontos de vista relacionados a esse conceito há um detalhe em comum, a dislexia é um processo que se refere ás crianças que possuem dificuldade de leitura e escrita, mesmo apresentando outros níveis de inteligência normal.
 	Ajuriaguerra (1984, p. 116) afirma que para uma criança ser considerada disléxica não basta apenas que leia mal, pois muitas crianças chegam a ler convenientemente aos nove ou dez anos, mesmo ainda tendo grandes dificuldades de escrita, por tanto deve ser verificado seriamente se os sintomas ou características apresentados são compatíveis a dislexia.
 	Barros (1995, p. 141) define a dislexia como um termo proposto em 1917, por Hinschelwood, refere-se à dificuldade para aprender a ler encontradas em indivíduos saldáveis, de inteligência normal ou superior e sem deficiências sensoriais.
 Os autores acima esclarecem que nem sempre que uma criança apresentar dificuldades de leitura e de escrita deve ser considerado disléxico, pois, existem outros fatores que também podem desenvolver fracassos no desenvolvimento escolar da criança. 
2.1 Conhecendo a Dislexia
Para Bergamo (2005, p. 104) a dislexia não temcura, mas é possível controlar os sintomas associados a ela. 
Os referidos sintomas significam dizer que esse distúrbio não se manifesta de forma individual, ou seja, está sempre ligado a outros fatores. Morais (2003) explica que esses sintomas se apresentam das seguintes formas:
· Distúrbio de memórias: a criança pode apresentar dificuldades em se recordar de fatos e sons que aconteceram a curto e longo prazo.
· Distúrbios de memórias para sequências: a criança com esses sintomas poderão apresentar dificuldades em recordar-se das sequência espaciais e temporais para construir palavras ou frases com significado e sentido.
· Orientação esquerda- direita: a criança não entenderia aos comandos que indicassem a posição para a direita ou para a esquerda. Isso, aliado ás dificuldades com a litura e escrita, causaria serias dificuldades para a criança.
· Orientação temporal: a criança com esses sintomas poderá apresentar dificldades par dizer horaa, identificar os meses, etc.
· Imagem corporal: crianças que apresentam essa característica não conseguem desenhar com facilidade um corpo humano, pois, não apresentam organização na construção do mesmo, com membros e partes fora dos espaços determinados.
· Escrita e soletração: neste caso a criança não consegue transpor o símbolo das letras e relacioná-los aos seus respectivos sons.
· Distúrbios topográficos: neste caso a criança disléxica não consegue ler e se localizar no espaço geográfico. Mapas, globos, gráficos são itens, que essas crianças não conseguem interpretar.
· Distúrbio no padrão motor: com esse distúrbio a criança terá dificuldades em desenvolver atividades motoras, como, correr, saltar etc.
Ainda de acordo com Bergamo (2005 ) esse distúrbio é de ordem genética, mais comum em meninos. A hipótese mais aceita para sua origem é a de que o distúrbio começa a se estabelecer ainda durante o processo de formação cerebral. Entre a vigésima e vigésima quinta semana de gestação, neurônios mudam migram do núcleo para a periferia do cérebro do feto. Nos disléxicos, alguns neurônios se perderiam no caminho comprometendo as áreas cerebrais envolvidas no processamento da linguagem. Por isso o cérebro dos disléxicos é menos especializado para decifrar e ordenar letras e números, para a orientação espacial, e para as capacidades motoras finas e grossas, como desenhar e chutar uma bola.
 A dislexia pode ser classificada de várias formas, pois é estudada por diferentes autores, assim sendo cada autor a classifica de acordo com os critérios utilizados para sua classificação.
Para Ianhez (2002) a dislexia classifica-se em:
· Dislexia disfonética: dificuldades de percepção auditiva na análise e síntese de fonemas, dificuldades temporais, e nas percepções de sucessão e da duração (troca de fonemas-sons, grafemas – diferentes dificuldades no reconhecimento e na leitura de palavras que não tem significado, alterações na ordem das letras e sílabas, omissões e acréscimos, maior dificuldade na escrita do que na leitura, substituição de palavras por sinônimos.
· Dislexia diseidética: dificuldade na percepção visual, na percepção gestáltica, na analis na análise e síntese de fonemas (leitura silábica, sem conseguir a síntese das palavras, aglutinações e fragmentos de palavras, troca por equivalentes fonéticos, maior dificuldade para a leitura do que para a escrita );
· Dislexia visual: deficiência na percepção visual; na coordenação viso motora (não visualiza cognitivamente o fonema);
· Dislexia auditiva: deficiência na percepção auditiva, na memória auditiva (não audiabiliza cognitivamente o fonema).
· Dislexia mista: que seria a combinação de mais de um tipo de dislexia.
Conforme Oliver ( 2008) é possível classificar a dislexia em:
· Dislexia cognitiva ou inata: nasce com o individuo. Uma das causas pode ser a comprovada alteração hemisférica cerebral, onde o hemisfério encontra-se com tamanhos invertidos ou em tamanhos exatamente iguais, quando o considerado normal é que o esquerdo seja maior que o direito. No caso do individuo ter essa dislexia, terá pouca ou nenhuma habilidade para aquisição da leitura/escrita, geralmente não chega a ser alfabetizado, e quando chega tem vários problemas de compreensão textual. Este tipo de dislexia, geralmente é incurável e deve ser tratada para amenizar os sintomas.
· Dislexia adquirida: aparece por conseqüência de algum acidente, por exemplo, anóxias (faltas de oxigenação no cérebro), acidente vascular cerebral (derrame) e outros que podem afetar o cérebro. Neste caso o individuo que antes lia e escrevia normalmente, passa a ter períodos e fases de dislexia. Nestes períodos a dificuldade para ler e escrever serão nítidas, bem como problemas de lateralidades e falha de memória. Este tipo de dislexia requer um acompanhamento e habilidade dês de adaptação, tem grandes possibilidades de cura ou boa melhora, já que esta dislexia não envolve alterações hemisféricas.
· Dislexia ocasional: como o próprio nome diz, essa dislexia aparece em ocasiões e é causada por fatores externos. Alguns fatores apontados são o estresse, excesso de atividades e raramente por TPM (tensão pré- menstrual) e hipertensão. Neste caso não é preciso grandes tratamentos. O individuo deverá detectar o fator que causa sua dislexia e se necessário e possível, mudar seus hábitos, e tudo voltará ao normal. Psicoterapia é uma boa indicação.
 2.3 Os sinais da dislexia na idade escolar
Moura, O. (2015) apresenta alguns sinais de alerta da dislexia na infância e em idade escolar.
Durante a infância:
· Atraso no desenvolvimento da linguagem. Começou a dizer as primeiras palavras mais tarde do que o habitual e a construir frases mais tardiamente.
· Apresentou alguns problemas na linguagem durante o seu desenvolvimento, nomeadamente dificuldades em pronunciar determinados sons/fonemas, linguagem ‘abebezads’ para alem do tempo normal, etc.
· Apresentou dificuldade para apresentar em memorizar e acompanhar canções infantis e lengalengas revelou dificuldades nas tarefas de rimas.
· Apresentou dificuldades em tarefas de consciência fonológica ( rimas, segmentação silábicas, etc.).
· Entre vários outros sinais (...).
Na idade escolar:
· Dificuldades de leitura e escrita: lentidão na aprendizagem e na memorização das letras, e na automatização dos processos de leitura e escrita.
· Dificuldades em compreender que as palavras se podem segmentar em sílabas e fonemas.
· Dificuldades na consciência fonológica (segmentação fonêmica e manipulação fonológica, etc.).
· A velocidade da leitura encontra-se significativamente abaixo do esperado para a idade. Muitas vezes a sua leitura é silabada ocorre uma enorme lentidão na conversão grafema-fonema.
· Bastantes dificuldades na descodificação das palavras, com a presença de inúmeras alterações. Revela dificuldades nos processos de descodificação grafema/ou na leitura automáticas de palavras.
· Dificuldades na compreensão/interpretação dos textos lidos devido ao baixo desempenho na leitura. Normal compreensão quando os textos lhe são lidos pelo adulto.
· Na escrita surgem muitos erros ortográficos (trocas fonológicas e ou lexicais) em todo o tipo de palavras (quando há regularidade é frequêcia).
· Na escrita surgem lacunas acentuadas na organização/estruturação das idéias no texto e na construção frásica.
· Entre vários outros sinais
2.4 avaliações e diagnóstico
O processo de avaliação e diagnóstico em relação a dislexia deve ser realizado através de uma triagem entre várias crianças ou de forma individual, caso a criança já apresente possíveis sinais. A triagem em inicio deve ser feita por uma equipe de fonoaudiólogos. A função dessa triagem é determinar quais crianças podem está ou não preparada para a leitura. Também é importante que se faça uma investigação no histórico familiar para saber se já existe caso de dislexia ou algum outro tipo de dificuldade de aprendizagem, pois em alguns casos esse distúrbio está associado a um fator hereditário.
Quanto ao diagnóstico, este só deve ser dado depois de uma investigação profunda e minuciosa noscasos individuais. Essa investigação deve ser feita por uma equipe multidisciplinar formada por profissionais de diversas áreas, como: psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogo clinico entre outros. Esses profissionais vão realizar não só a avaliação multidisciplinar como também de inclusão, no intuito de verificar criteriosamente todas as possibilidades antes de confirmar ou não a dislexia.
A avaliação de inclusão objetiva descartar outros fatores como: déficit intelectual, disfunções ou deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais (congênitas e/ou adquirida). Essa avaliação é importante não só para identificar as causas de dificuldades apresentada, mas também para encaminhamento individual por meio de relatório escrito.
Segundo Shaywitz (2006) as habilidades fonológicas estão associadas ao sucesso na leitura. “a sensibilidade fonológica refere-se à capacidade de se concentrar mais nos sons do que no significado da palavra falada. A criança sabe dizer qual palavra rima com “gato” em vez de simplesmente dizer que se trata de algum tipo de animal. Durante os testes de avaliação é necessário que sejam aplicadas as seguintes atividades.
· Comparação- pede-se para a criança dizer qual palavra começa com o mesmo som da palavra rato: mão, gato ou rua.
· Segmentação- nesta atividade divide-se a palavra nos sons que a compõe, pede-se que ela diga quantos sons ouve na palavra
· Combinação sonora- (juntar os sons para formar uma palavra) que palavra os sons /s/,/e/,/l/,/o/ formam ( selo)[...] é importante que as habilidades sonoras estejam bem desenvolvidas durante os primeiros anos de escola. Ao final da primeira série, a maior parte das crianças terá acabado de dominar suas habilidades fonológicas básicas. A partir da segunda série, o desenvolvimento das competências é mais uma questão de aperfeiçoar e obter maior eficiência nas habilidades fonológicas previamente adquiridas. ( Shayuwitz, 2006, p. 119).
Ainda segundo a autora, é importante também, que seja realizado teste de memórias fonológicas, pois esse tipo de teste avalia a capacidade de uma criança armazenar temporariamente, uma serie de números ou palavras, que são apresentadas oralmente por ela.
Os testes fonológicos esclarecem como a criança adquire informações verbais ( fonéticas) guardadas na memória a longo prazo.
Shaywitz (2006) recomenda que para reconhecerem-se os problemas de leitura seja feito os seguintes testes:
1. Fonologia (consciência, memória, e acesso;
2. Letras (nomes e sons);
3. Vocabulários (receptivo e expressivo) a criança aponta para o desenho que ilustra a palavra que lhe é dita;
4. Convenções da palavra impressa-ler da esquerda para a direita e de cima para baixo; 
5. Leitura (palavras reais, palavras sem sentidos, e compreensão)
O objetivo do teste de leitura é analisar até onde a criança compreende o que lê, e se está identificando as palavras de forma adequada. Para a realização deste teste são utilizados tanto o teste de decodificação de palavras quanto os de compreensão. 
Nos testes de decodificação de palavras analisa-se seu desempenho no que dis respeito a palavras normais ou sem sentidos, essas palavras sem sentidos são aplicadas com a intenção de testar a capacidade de a criança pronunciá-la em voz alta, ou seja, juntar letras e sons.
A capacidade de ler palavras sem sentido é a melhor medida da presença da decodificação fonológica nas crianças. Os testes de leitura em geral, se referem a essa capacidade como “processamento de palavras”, isto é a maneira como o leitor analisa e produz as palavras. (Shaywitz, 2006, p. 110)
Nos testes de compreensão de leitura deve-se analisar com cautela, tanto a leitura silenciosa quanto a leitura oral, pois esses dois momentos vão mostrar de fato como está o desenvolvimento da criança em relação à leitura. A leitura silenciosa depende da capacidade da criança depende da capacidade da criança em perceber o sentido das palavras no contexto geral. Diferentemente dos testes que exigem a decodificação de palavras isoladas, isso vai ajudar a criança a conseguir um melhor desempenho em relação aos textos de compreensão. Na leitura oral, a criança necessita identificar cada palavra do texto. Dessa forma facilita a produção de pronúncias, palavras misturadas ou inventadas. Também é possível perceber se há ou não a presença da fluência, entretanto podemos identificar se o leitor passa por dificuldades e ainda e/ou ainda não tem o domino de relacionar letras e sons.
Depois que a criança passar por essa bateria de testes avaliativos, podemos buscar a classificação nos resultados dos testes para diagnosticar a dislexia: 
1. Dificuldades de ler palavras isoladas;
2. Dificuldade especial em decodificar palavras sem sentidos ou desconhecidas;
3. Compreensão de leitura em geral superior a identificação das palavras isoladas;
4. Leitura oral imprecisa e trabalhosa;
5. Problemas em ler palavras funcionais;
6. Leitura lenta;
7. Ortografia deficiente;
8. Falta de fluência verbal;
Os resultados vão surgir de forma progressiva e com firmeza, pois o disléxico pode contornar suas dificuldades seguindo seu caminho. É importante que haja uma boa sintonia entre profissional e paciente. Também é fundamental, haver uma troca de informações e, experiências dos procedimentos realizados entre profissional, escola e família.
2.5 O papel da família
A criança disléxica necessita muito de atenção e colaboração dos seus pais para que possam se sentir segura e confiante diante de si própria. É importante que a família conheça bem a escola que receberá o seu filho, e esteja sempre a par de todos os métodos de recuperação eficiente que possa abrangi as necessidades que ela possui e quais os procedimentos aplicados a esse distúrbio lingüístico, e também se está preparada para alfabetizá-lo de forma que ele não se sinta diferente dos outros.
A criança com dislexia precisa de uma pessoa persistente e encorajadora, alguém que lhe dê apoio e a defenda inflexionavelmente ; que atue como um incentivador quando as coisas não estão indo bem; que seja seu amigo e confidente quando lhe façam chacota e a deixem envergonhado; um defensor que, por ações e comentários expresse otimismo para o futuro. Tal vez o mais importante de tudo seja o fato de o leitor precisar de alguém que não apenas acredite nele, mas que traduza tal sentimento em ações positivas, compreendendo a natureza do problema e que, depois, trabalhe de maneira incansável para garantir que o leitor receba o auxílio e o apoio que precisa. A experiência me tem demonstrado que se uma criança recebe esse auxílio, terá sucesso. ( Shaywitz 2006, p. 139)
Frank, (2003, p. 33) afirma que os aspectos emocionais e cognitivos de um disléxico estão sempre entrelaçados. Os pais podem ser grande aliados dos filhos quando ajudam o filho a dar o melhor de si, sem ficarem se comprando a outras pessoas. “Encorajar o filho a alcançar seu próprio potencial vai ajudá-lo a se concentrar mais em suas forças e menos em sua comparação com os outros.
É importante convencer a criança que as pessoas têm dificuldades de compreensão em algumas coisas e facilidades em outras, que sempre somos capazes de atingir nossas metas no tempo certo.
Algumas vezes a criança pode sentir-se triste, sozinha, fracassada, nestas ocasiões não é conveniente dizer-lhe que não precisa sentir-se assim. Ela precisa passar por todas as fases da vida, mesmo sendo negativa, dessa forma ela vai amadurecer a idéia que na vida é preciso passar por dificuldades para alcançar sucessos. O que cabe aos pais é permanecer sempre ao lado e tentar buscar de alguma forma a solução para os entraves que forem surgindo durante a jornada. Assistência, carinho e apoio emocional são fundamentais na formação de uma pessoa...
Não é necessário que haja divulgação do problema para toda a sociedade, mas que seja anunciado aos demais parentes e as pessoas mais próximas de uma maneira delicada para que eles compreendam e se possível se empenhe nas formas de ajudar.
Ter um filho portador de um problema por toda a vida não é desejo de ninguém.Depois de algum tempo os pais também podem se sentir impaciente, pois a lentidão do processo pode os deixar frustrados, e mais e mais ainda se o diagnóstico demorou a ser realizado e a criança começou o tratamento tardio. Isso pode causar ainda mais dificuldades no desenvolvimento como também pode provocar desgastes tanto a criança quanto a família. No entanto, cada evolução pode ser fundamental para a criança aprender a conviver bem com o problema, e o apoio da família é incondicional da família é indispensável.
Frank (2003) recomenda algumas dicas para os pais:
· Palavras fazem a diferença: palavras de encorajamento e de confiança são essenciais para as crianças. No entanto, elogios vazios não adiantam. O esforço também deve ser elogiado e não só o resultado;
· A importância das ações: a atitude dos pais é muito importante para moldar a auto-estima do filho, sendo que as ações falam mais alto do que as palavras. É importante dizer que ele é um bom jogador de futebol, mas é necessário, também, acompanhá-lo aos jogos;
· Estilo eficiente de cuidados: determinar regras e limites claros e consistentes permite que o filho saiba o que é esperado dele;
· Aplicação de habilidade: o disléxico precisa de auxílio nas questões, principalmente de leitura e escrita. Tudo que ele puder e saber fazer sozinho deverão fazer sem ajuda de outros. Ele tem muitas habilidades pessoais que precisam de espaços para ser desenvolvidas;
· Tomada de decisões: oferecer ao filho a oportunidade de fazer escolhas é uma maneira de ajudá-lo a sentir-se melhor;
Shaywitz, (2006, p. 212) ressalta que durante o ano todas as atividades escolares são bastante intensas para uma criança disléxica. As crianças disléxicas estão em situação de alto risco perda de suas habilidades de leitura quando não são praticadas continuadamente. Elas estabelecem modelos neurais permanentes de palavras e, sim, tais modelos são frágeis e instáveis, podendo dissipar-se durante as férias. É importante que as crianças tenham um acompanhamento de um profissional particular durante as férias ou que leiam em voz alta para os pais. “mas não se esqueça de deixar seu filho divertir-se durante as férias. não faça da escola uma experiência sem fim, que dura o ano inteiro, divertir-se e passar algum tempo fazendo o que gosta é também bom e essencial”.
3 Considerações finais
No atual contexto educacional a criança ou o jovem que apresentam dificuldades de aprendizagem, rapidamente são rotulados como preguiçosos retardados etc. Assim muito freqüentemente são desconsiderados alguns problemas que podem estar efetivamente relacionados a esse déficit de aprendizagem. Dentre tantos podemos citar sem medo de cometer engano à dislexia, problema comum no meio escolar.
 Para se chegar à conclusão de que a dislexia é um dos fatores que estão elevando o número de alunos com dificuldades de aprendizagem é necessária uma avaliação criteriosa em que os profissionais envolvidos identifiquem, registrem e tratem do problema de forma a inserir este aluno no convívio escolar e social.
Considerando as capacidades que disléxico apresenta é importante conhecê-lo como uma pessoa capaz, inteligente, apenas um pouco diferente no sentido de desenvolver habilidades com a leitura e a escrita, por exemplo. Assim o psicopedagogo é dentre os profissionais a pessoa que está mais próxima destes educando, contudo o trabalho é fundamental para o diagnóstico de um disléxico, além de desenvolver junto com os professores metodologias diferenciadas que favoreçam o ensino/aprendizagem.
REFERÊNCIAS
AJURIAGUERRA, J. De. A dislexia em questão: dificuldades e fracassos na aprendizagem da língua escrita. Porto alegre: Artes médicas, 1984.
Associação brasileira de dislexia. Disponível em: HTTP://www.dislexia.org.br
BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos de psicologia escolar. 4. Ed. São Paulo: Ática, 1995.
BERGAMO, Giuliana. Neurônios à deriva. Veja. São Paulo, p. 104-105 jun.2005.
FRANK, Robert. A vida secreta da criança com dislexia. São Paulo: M. books do Brasil Ed.LTDA 2003.
JOHNSON, Doris J & MYKLEBUST, Helmeer K. Distúrbios de aprendizagem. 3. Ed. São Paulo: pioneira, 1991.
Moura, O. (2015) portal dislexia. Acessado em [10/07/2020] HTTP://dislexia.p.t.
OLIVER, Lau de. Distúrbio de aprendizagem e comportamento. Rio de janeiro Wak Ed. 2008.
SHAYWITZ, Sally. Entendendo a dislexia: um novo e completo programa para todos os níveis de leitura. Porto Alegre: Artmed, 2006. IANHEZ, Maria Eugênia e NICO, Maria Ângela. Nem sempre é o que parece: como enfrentar a dislexia.
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