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Victoria K. L. Cardoso Emergências hipertensivas ……..Introdução…….. Crise hipertensiva: descompensações agudas da pressão arterial, gerando situações clínicas sintomáticas com elevação da PA e com PAD necessariamente > 120 mmHg. Divisões: ● Urgência hipertensiva: situação clínica sintomática com elevação da PA, SEM lesão aguda de órgãos alvo. ● Emergência hipertensiva: situação clínica sintomática com elevação da PA E lesão de órgãos alvo →mais grave. ○ Apresenta maior risco de óbito e requer rápida redução da PA com medicamentos parenterais. ○ Níveis pressóricos > 180/120 mmHg. ○ Pode haver lesões em órgãos-alvo com valores menores, especialmente em pacientes que não eram previamente hipertensos, como na eclâmpsia ou em paciente jovem com glomerulonefrite aguda. ○ Muitas vezes, a variação súbita da PA é mais importante que o valor isolado. ● Pseudocrise hipertensiva: elevação acentuada da PA, por conta de dor, desconforto, ansiedade e/ou abandono do tratamento. ○ Não há sintomas importantes ou lesões agudas em órgãos alvo. ● HAS crônica mal controlada: pctes hipertensos que procuram o PS por elevação da PA sem sintomas associados. Victoria K. L. Cardoso Tipos de emergências hipertensivas: Avaliação inicial nos casos suspeitos de emergência ou urgência hipertensiva História clínica: ● Verificar se o pcte faz tratamento prévio para HAS. ● Verificar se houve uso de drogas hipertensoras, como cocaína, anfetamina e outras drogas simpatomiméticas. ● Avaliar a presença de sinais de disfunções cardíacas, cerebrais e/ou visuais. ○ Ex: cefaléia, alterações do nível de consciência, angina, dispneia, ortopneia, edema pulmonar e déficits focais. Exame físico: ● Aferir PA nos quatro membros. ● Fazer exame de fundo de olho. ● Avaliar o estado neurológico (confuso, agitado, deficitário…). ● Realizar ausculta cardiopulmonar e carotídea. ● Palpar pulsos periféricos. ● Avaliar abdome, em busca de massa palpável e/ou sopro abdominal. Exames complementares: ● Além dos da imagem: hemograma e eletrólitos. ● Na suspeita de causas secundárias: ecocardiograma transtorácico para avaliação de HVE e função ventricular e TC de crânio, se houver alteração do nível de consciência ou déficit focal. ……..Tratamento…….. Tratamento da PA no pronto socorro: ● Emergências hipertensivas: (mais grave) ○ Internação. ○ Administração de anti-hipertensivos IV. ○ Redução imediata da PA < 23% na primeira hora - para impedir a Victoria K. L. Cardoso progressão da lesão de órgãos alvo. ■ PA 160/100-110 mmHg em 2-6h. ■ PA 134/85 mmHg em 24-48h. ○ Caso seja dissecção de aorta, pré-eclâmpsia severa ou eclâmpsia e crise hipertensiva de feocromocitoma: abaixar a PAS para < 140 mmHg na primeira hora. ● Urgência hipertensiva: ○ Reduzir a PA em 24-48h com uso de anti-hipertensivos por VO. ○ Acompanhamento ambulatorial precoce. ● Pseudocrise: ○ Deve-se controlar os fatores desencadeantes com sintomáticos, como analgésicos, ansiolíticos e outros. Cuidado: a redução excessiva da PA, em alguns contextos clínicos, pode contribuir para dano real, cerebral e coronariano. Medicações parenterais: ● Nitroprussiato de sódio: ○ Nome comercial: nipride ou nitroprus. ○ Recomendações: bomba de infusão em acesso central ou periférico. ○ Mecanismo de ação: vasodilatador direto arterial e venoso → reduz a resistência vascular periférica sem aumentar o retorno venoso + reduz a pré e a pós carga, melhorando a função do VE em pacientes com ICC e com baixo débito cardíaco. ○ Cuidados: casos de AVC, pois a diminuição da PAM reduz a perfusão cerebral e pode piorar a isquemia. ■ Na necessidade do uso deve-se ter maior supervisão e realizar em bomba de infusão contínua na UTI. ○ Efeitos colaterais: náuseas, vômitos, espasmos musculares e intoxicação (podendo causar alteração neurológica irreversível e morte). ■ Antídoto: hidroxicobalamina. ■ Prevenção da intoxicação: uso de tiossulfato de sódio. ● Nitroglicerina: ○ Nome comercial: tridil. ○ Mec. de ação: potente dilatador, reduz a pré-carga e causa vasodilatação coronária, mas não é muito potente em baixar a PA como o nitroprussiato. ○ Indicações: insuficiência coronária. Victoria K. L. Cardoso ○ Recomendação: bomba de infusão em acesso central ou periférico. ○ Efeitos colaterais: cefaléia, taquifilaxia, tontura e xerostomia. ■ Pode causar metemoglobinemia. ● Hidralazina: ○ Nome comercial: nepresol. ○ Mec. de ação: vasodilatador arterial direto. ○ Indicação: eclâmpsia e pré-eclâmpsia. ● Metoprolol: (betabloq.) ○ Nome comercial: seloken. ○ Indicação: dissecção de aorta e insuficiência cardíaca. ○ Contraindicação: insuficiência cardíaca descompensada, BAV de segundo ou terceiro grau, hipotensão, bradicardia, asma e DPOC. ○ Pode causar: bradicardia, BAVT e broncoespasmos. ● Esmolol: (betabloq.) ○ Nome comercial: brevibloc. ○ Contraindicação: IC descompensada, BAV de segundo ou terceiro grau, hipotensão, bradicardia, asma e DPOC. ○ Pode causar: bradicardia, BAVT e broncoespasmos. ● Furosemida: (diurético de alça) ○ Nome comercial: basix. ○ Indicação: insuficiência ventricular esquerda, situações de hipervolemia e EAP. ○ Pode causar: hipocalemia. Medicações orais: ● Captopril: IECA. ○ Efeitos adversos: piora da função renal. ● Clonidina: alfa-agonista central. ○ Efeitos adversos: tontura, boca seca, sonolência e efeito rebote em suspensão abrupta. ● Minoxidil: vasodilatador direto. ○ Efeitos adversos: taquicardia e retenção hídrica. Obs: captopril (25 a 50 mg) e clonidina (0,1 a 0,2 mg) são as 2 opções de medicamentos VO para redução da PA no PS; a clonidina tem um leve efeito sedativo, com bom uso em pacientes jovens e ansiosos. Obs: anlodipino e enalapril costumam demorar algumas horas para atingir um efeito considerável, então não são medicações de primeira linha a serem usadas na unidade de emergência. Victoria K. L. Cardoso Tipos emergências hipertensivas Encefalopatia hipertensiva: falência da autorregulação do fluxo cerebral com hiperperfusão cerebral, disfunção endotelial, quebra da barreira hematoencefálica, edema cerebral e micro-hemorragias → reversíveis com tratamento. ● Tríade sintomática: elevação da PA + alteração do nível de consciência + edema de papila. ● Quadro clínico: ○ Alterações visuais. ○ Alterações do nível de consciência. ■ Cefaléia. ■ Confusão mental. ■ Letargia de início agudo ou subagudo. ■ Papiledema (fundo de olho) → edema de papila, hemorragias e exsudato. ○ Náuseas. ○ Vômitos. ○ Adinamia. ○ Sinais focais. ○ Desorientação. ○ Convulsões. ○ PA elevada. ● Diagnósticos diferenciais: HAS, tumores, vasculites e encefalopatias. ● Exames complementares: TC de crânio. ● Tratamento: ○ Monitorização, acesso venoso e uso de O2 apenas se houver hipoemia. ○ Administração de nitroprussiato de sódio → cuidado com reduções rápidas e exageradas. ○ Uso de anticonvulsivantes → diazepam durante e após as crises, com dose de ataque de fenitoína. ● Fundoscopia - classificação de Keith-Wagener: ○ Grau I: estreitamento arteriolar. ○ Grau II: estreitamento arteriolar e cruzamento AV patológico. ○ Grau III: hemorragias e exsudatos. ○ Grau IV: edema de papila. Acidente vascular cerebral: déficit neurológico focal súbito, com alteração do nível de consciência, convulsões e cefaléia. ● AVCI: ○ PAS > 220 mmHg e ou PAD > 120 mmHg → deve-se reduzir de 10 a 15% a PAM nas primeiras 24h. ○ Se os sintomas foram iniciados a < 4h30min, verificar se há contraindicações para trombólise Victoria K. L. Cardoso com ativador de plasminogênio tecidual. ■ Pctes candidatos à trombólise, deve-se reduzir a PA se PAS > 185 mmHg e ou PAS > 110 mmHg. ○ Uso de AAS após 24h do evento. ○ Manter o pcte euvolêmico, normotérmico e com glicemia adequada. ● AVCH: ○ Controle pressórico com alvo na PAS < 220 mmHg, com uso de agentes parenterais (nitroprussiato ou labetalol). ■ Se PAS 150-220 mmHg, deve-se reduzir para < 140 mmHg. ○ Fazer avaliação cirúrgica. ○ Administrar anticonvulsivantes, se necessário. Obs:no AVC isquêmico, principalmente nas primeiras 24h em pctes não trombolisados, a redução de PA deve ser feita de forma menos agressiva, então se tolera maiores níveis de PA para auxiliar na manutenção da perfusão na área isquêmica. Edema agudo de pulmão: causado por disfunção diastólica do VE ou por isquemia miocárdica; ocorrendo inundação dos espaços alveolares. ● Exames complementares: marcadores de lesão miocárdica (podem vir positivos), radiografia de tórax (com alargamento do hilo pulmonar, edema peri-hilar e padrão intersticial difuso) e ecocardiograma transtorácico. ● Tratamento: nitroprussiato de sódio ou nitroglicerina (se houver insuficiência coronariana) e ventilação não invasiva com pressão positiva, diureticoterapia e morfina. HAS maligna/acelerada: complicação grave de HAS não tratada, mais prevalente nos homens; ocorre grave lesão endotelial com vasculopatia e comprometimento rapidamente progressivo de órgãos alvo por isquemia. ● Quadro clínico: elevação da PA + alteração do exame de fundo de olho (grau III ou IV de Keith-Wagener). ○ Pode ser assintomática em 10% dos casos. ○ Pode haver: astenia, mal-estar, fadiga, perda de peso, cefaleia, náuseas, vômitos, borramento visual e noctúria. ○ Pode haver envolvimento renal com proteinúria. ● Exames complementares: hemograma, eletrólitos, função renal, glicemia, urina tipo 1, ECG e radiografia de tórax. ● Tratamento: nitroprussiato de sódio. ○ Se hipertensão maligna não complicada (urgência hipertensiva): reduzir a PA em 24-48h com anti-hipertensivos VO. ○ Se casos mais graves ou emergência hipertensiva: uso de benzodiazepínicos com nitroprussiato de sódio ou nitroglicerina. Victoria K. L. Cardoso Cocaína e catecolaminérgicos: uso de estimulantes. ● Quadro clínico: ○ Ansiedade. ○ Tremores. ○ Pupilas midriáticas. ○ Convulsões. ○ Dor precordial. ○ Palpitações. ● Exames complementares: exame toxicológico, ECG, radiografia de tórax e TC de crânio. ● Tratamento: benzodiazepínicos com nitroprussiato de sódio ou nitroglicerina. Feocromocitoma: tumores de células argentafins na medula adrenal ou em regiões extra-adrenais, que produzem catecolaminas. ● Quadro clínico: HAS persistente ou paroxística + tríade clássica: ○ Tríade: paroxismos de cefaléia + sudorese + palpitações. ● Diagnóstico: dosagem de catecolaminas e metabólitos no sangue e na urina. ○ Exames: TC ou ressonância magnética. ● Tratamento: cirurgia + medicamentos. ○ Nitroprussiato de sódio ou fentolamina (bloqueador alfa-adrenérgico), alfabloqueadores e alfametiltirosina. Pré-eclâmpsia e eclâmpsia: ● Pré-eclâmpsia: HAS e proteinúria > 300 mg em 24h, após 20 semanas de gestação em mulheres previamente normotensas. ● Eclâmpsia: pré-eclâmpsia complicada por convulsões sem outras causas. ● Pré-eclâmpsia superposta à HAS crônica: pré-eclâmpsia em gestantes hipertensas crônicas com mais de 20 semanas de gestação. ● Quadro clínico: edema, cefaléia, epigastralgia e convulsões. ● Achados laboratoriais: proteinúria, trombocitopenia, anormalidades da função hepática, anemia hemoĺitica microangiopática e elevação de DHL. ● Tratamento: ○ Interrupção da gestação. ○ Prevenção e tratamento → sulfato de magnésio (e uso de gluconato de cálcio em caso de intoxicação). ○ Manter PA < 160x110 e > 135x85 mmHg. ○ Tratamento agudo: nifedipina VO, ou hidralazina IV em casos graves. Obs: no edema agudo de pulmão e na dissecção aguda de aorta do tipo A, a redução de PA deve ser mais agressiva e rápida. Victoria K. L. Cardoso
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