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Fichamento 02 Os índios cristões no cotidiano das colônias do norte (séculos XVII e XVIII)

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Universidade Federal do Amazonas – UFAM
Departamento de História
História da Amazonia I
Profº Almir Diniz de Carvalho Júnior
Cleocimara Barroso da Costa
Fichamento 02
Os índios cristões no cotidiano das colônias do norte (séculos XVII e XVIII)
O artigo do Professor Dr. Almir Diniz de Carvalho Júnior, nos traz os estudos que ele realizou a respeito da vivencias dos povos indígenas no período da colônia no Brasil, especificamente no estado do Grão-Pará, nome dado aos estados do Amazonas e Pará na época da colônia. Os indígenas que aqui habitavam, despois da intervenção dos jesuítas, receberam o nome de “índios cristãos”. Os jesuítas documentavam o processo de intervenção que eles realizavam nos grupos indígenas e o Professor nos traz o nome de dois desses jesuítas, um se chamava João Felipe Bettendorff e o outro Joao Daniel.
Fica evidente e o professor nos mostra que a viação do termo índios cristões é derivado de índio colonial que de acordo com a historiadora americana Karen Spalding era uma forma de retratar os grupos indígenas que conviviam com os grupos de colonos que aqui estavam, eram batizados, conheciam as doutrinas da igreja e as respeitavam. O artigo do professor, porém não se limita somente a essas analises, mas tem com objetivo nos apresentar a analise feita por ele a respeito de como essa população indígena vivia nesse período no Brasil. Em como eles interagiam como a cultura dos portugueses e as absorviam para si. Tais analises só puderam surgir a partir dos documentos oficiais que viajantes, missionários e funcionários da coroa registraram. Porem devemos estar atentos as narrativas construídas pelos jesuítas, pois eles seguiam regras especificas para preparar tal relato e sabe-se que eles construíam essas narrativas com propósitos bem específicos.
Ao nos depararmos com a historiografia tradicional, ela nos revela a posição a qual líderes indígenas como sendo aliado e colaboradores, mostrando seu protagonismo visando o cuidado com os espaços deles. Em uma passagem no artigo do professor ele cita, “O domínio de determinada atividade ou ofício permitia a esses índios “comuns” um destaque e alguma vantagem que, na maioria das vezes, significava evitar os trabalhos pesados, como destinados a quem não teve a sorte de desenvolver determinado talento; [...] dentre as atividades de prestígio, as de piloto e guias experientes eram mais comuns, por sua habilidade na mata e através de uma técnica que envolvia entre outras coisas, um olfato mais apurado do que os do branco e o uso de sinalização imperceptível a quem não compartilhasse de sua capacidade de enxergar nos matos, eram senhores das florestas; [...] s índios, nos rios e mares, eram incomparáveis e conheciam todas as ilhas e furos. Chamados de práticos eles eram imprescindíveis para as viagens fluviais. Os navios não se aventuravam naquelas águas sem levar consigo algum daqueles tapuias como prático. O conhecimento dos rios e das técnicas de navegação era questão de honra para os índios e chegavam arriscar a própria vida para não perderem as embarcações. Era para eles honra e glória saber livrá-las do perigo e, por oposto, grande desonra caso fracassassem. Muitos eram chamados de “jacumaíbas”- nome originário das pás que alguns deles usavam no lugar do leme, chamadas jacumá.”(pág.78).
Esses registros foram feitos pelo entao jesuíta Bettendorff, que marcou como sendo importante a interação dos pilotos para as jornadas exploratórias. Na aldeia do Maracanã estavam, os que eram considerados, os melhores pilotos para navegação pela costa do Pará e Maranhão, pois eles conseguiam enfrentar aqueles mares perigosos, pois eram treinados desde muitos pequenos para técnicas de remo e deveriam obedecer a hierarquia existente dentre eles. Em outro ponto temos as informações registradas or João Daniel que mostra que haviam conflitos entre os cabos (geralmente brancos) com os Indígenas (pilotos e remeiros) referentes ao tratamento que os cabos abordavam por eles que era considerado desumano. Durante seu retorno os cabos deixavam os indígenas pelas missões. 
No entanto percebemos que os cabos sempre precisavam dos indígenas, para mão de obra ou manutenção e navegação das canoas, então era comum que alguns grupos ficassem com eles em seus sítios/acampamento. Esses indígenas que normalmente os acompanhavam eram os então denominados índios cristões, eles por sua vez recebiam “treinamento” para assim desenvolverem habilidades que favorecessem os brancos, aprendiam alguns ofícios que imitavam os oficiais, entre eles vieram a existir ferreiros, pintores e escultores. Os povos indígenas foram fundamentais para o aperfeiçoamento das técnicas de guerras dos europeus, pois as dos indígenas eram muito mais eficazes, sem eles o povo europeu não teria conseguido se fixar na Amazônia. Os povos indígenas utilizavam como armas, flechas, zarabatanas e setas envenenadas, muito mais praticas que as armas dos inimigos, pois os manuseavam com maestria. Além de ensina-los a como se camuflarem.
Tendo como uma das praticas para a doutrinação de indígenas, havia o rapto de crianças, porém, como cita Daniel, não era uma pratica muito segura, já que haviam tido como exemplo o caso de um padre jesuíta que havia raptado uma criança e foi comido pelos pais antes do retorno das crianças. Mas dentre as muitas praticas que utilizavam, se houvesse resultado e conseguissem converter as crianças, eles seriam uma ponte entre os que não deixavam se converter pelos jesuítas. Tinham como função o cuidado da igreja, ajudavam nas missas e os sacristãos, ajudavam no processo de doutrinação dos adultos, assim como cantavam os hinos, porem sua função fundamental era a catequização.
As meninas por outro lado tinham como função os serviços domésticos, eram as responsáveis pelas atividades de produção de algodão para tecidos, artesanatos e algumas trabalhavam na roça. As mulheres que tinham leite, poderiam também trabalhar como amas de leite dando o seu leite para os filhos dos brancos. Havia também os casos das meninas que eram enviadas as casas das senhoras brancas para serem doutrinadas, porem era mais uma desculpa para faze-las de criadas, suas vidas não eram de modo algum fácil, muitas vezes eram impostas a se casarem contra sua vontade e outras a servirem aos desejos dos senhores brancos. 
Percebemos como as narrativas dos jesuítas de certo modo foi importante para que tenhamos ideia do coo foi a realidade dos povos indígenas, sabemos que muito se foi ocultado das suas vivencias, sendo que os jesuítas só documentavam aquilo que se era importante para eles. Mas podemos perceber como esses povos acabaram por introduzir em seus costumes muito do costume europeu.

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