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Historia 1 - Exercícios

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Universidade Federal do Amazonas – UFAM
Curso de História
História da Amazônia I
Cleocimara Costa
Eliseu Marques
Lena Sinara Sousa de Oliveira
Rafael Vieira Amorim
Atividade em grupo: Estabeleça, a partir da leitura dos textos solicitados, a correlação entre esses acontecimentos para compreensão da história da Amazônia na segunda metade do século XVIII.
A primeira metade do século XVIII é marcada pela exploração das riquezas da Amazônia. Uma parte da história de Portugal está significativamente marcada pelo comércio colonial. O Brasil e suas matérias-primas têm grande representação econômica no comércio português. No entanto, pode-se afirmar que a maior beneficiada pelas riquezas conquistadas nas colônias portuguesas era a Inglaterra que usou dessas riquezas para estimular sua agricultura e indústria manufatureira.
Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras e futuramente marquês de Pombal, percebia que Portugal representava a garantia de lucros para produtos manufaturados dos ingleses. Ao mesmo tempo, a Inglaterra via com bons olhos essa relação, por assim dizer, de desequilíbrio na relação comercial entre os países, ou seja, a relação de dependência de Portugal não somente era desejada como também incentivada pelos ingleses. Pombal exerceu seu poder como representante do governo português de 1750 a 1777, período este que abarca grandes acontecimentos de relevância para a colônia brasileira: Tratado de Madri, terremoto em Lisboa, lei de liberdade dos índios, diretório pombalino, criação da Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e expulsão dos jesuítas.
Com D. José I no trono português, já na segunda metade do século XVIII, ocorreram inúmeras transformações políticas e socioeconômicas em Portugal no que diz respeito as relações coloniais. Marquês de Pombal “representava” o pensamento iluminista do reinado de D. José, com o intuito de promover a recuperação nacional, entre outras medidas, ele incentivou o desenvolvimento manufatureiro lusitano; visando anular a dependência de Portugal com os ingleses. A política administrativa implantada por Pombal nas décadas iniciais da segunda metade do século XVIII foi marcante em Portugal e nas suas respectivas colônias. Essa administração teve reflexos específicos na relação colonial com o Brasil. A Amazônia a partir dessas mudanças se configura efetivamente como um espaço de relevância política e financeira para o Reino Português, logo, a metrópole passa a exercer uma intervenção direta na região. A proibição do recrutamento de mão-de-obra nativa; instalação de uma companhia de comércio para introduzir escravos africanos, dinamizar a agricultura, incentivar o comércio e estimular o povoamento; redistribuição das propriedades confiscadas pelos jesuítas e reformulação da máquina administrativa foram algumas das medidas de maior relevância para a Amazônia adotadas por Pombal nessa época. É importante destacar que Pombal foi responsável pela expulsão dos jesuítas, pois os jesuítas representavam uma ameaça, devido ao seu poder, para a nova política instalada na colônia brasileira. Os jesuítas eram acusados de praticar comércio ilegal e também de não apoiar os colonos português.
1) O que estaria por trás da criação dessa nova legislação – a de 1757?
O Diretório Pombalino (1757) era uma das três grandes leis que regiam a administração indígena da época, juntamente com a carta regia de 1798 que tinha como ordenadora dos mecanismos de aldeamento dos grupos indígenas, as cartas regias de 1808 e 1809 que decretavam Guerra justa a povos que estavam localizados em áreas de fronteira.
Porem nem todos os proprietários de terras concordavam com as diretrizes de algumas dessas cartas, pois para eles a garantia de direitos de posse das terras, por exemplo, era inaceitável, outros acreditavam que deveriam ampliar seus domínios sobre os grupos ampliando assim as determinações da carta regia.
Torna-se claro que o Diretório buscava garantir a existência de pessoas que pudessem trabalhar nas atividades que os colonos desenvolviam. Assim como também buscavam “civilizar” os indígenas, também está ligada as leis de “liberdade” dos povos indígenas. Podemos acrescentar também ao fato de que o diretório buscava o aumento da arrecadação de posses para a fazenda real. 
A legislação pretendia assentar a administração e o governo dos índios. A jurisdição foi estabelecida para todo o Brasil no ano de 1755 com o estabelecimento de diretórios em outras capitanias. A instituição do Diretório dos Índios acabava com as missões e instituía um diretor para ordenar as aldeias. Os índios passariam por um processo de ser tornarem civilização portuguesa, mudanças no costume de vestimentas, a mudança de nomes e sobrenomes de origem portuguesa, o ensino da língua portuguesa e a construção de casas a partir do ideal europeu. 
A necessidade da organização da produção do mercado e acelerar o povoamento das terras que foram ocupadas, fez com que Portugal transformassem os habitantes nativos como mão de obra livre para o cultivo da terra e para a defesa dos ataques e tentativas de invasão de outros países europeus. No papel não eram escravos, mas não deixaram de ser a força de trabalho, a exploração seguia.
No mais, por trás do “fim” da escravidão desses índios, Portugal buscava com essas medidas fixar os indígenas nas terras mostrando assim que era uma terra ocupada e com isso não era passiva de invasão. Tirando a escravidão, porém, forçando os índios a se classificarem no modelo de trabalho europeu tornando-os “civilizados”. Os problemas com o diretório surgiram com a evidente exploração em que os indígenas começaram a ser expostos. Jornadas de trabalho rigorosas provocaram mortes e as fugas se tornaram necessárias para voltarem a viver em liberdade longe do trabalho forçado.
2) Qual o papel do Ministro Sebastião José de Carvalho e Melo para a mudança política e legislativa que aconteceu a partir de 1750 na Amazônia?
O ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, com suas ações diplomáticas realizou uma política de recuperação nacional com o objetivo de liberar Portugal da dependência inglesa e promover amola modernização nas instituições sociais, políticas e econômicas. Primeiramente combateu o poder da igreja, especialmente da Companhia de Jesus; aumentou o poder do rei, e diminuiu o poder da nobreza (burguesia), que tinham interesses ultramarinos, fez reformas nas finanças, no comércio, na agricultura e na educação, estabelecendo o controle estatal provocando fortes reações. Nesse novo contexto de política mercantilista introduzida por Sebastião José de Carvalho e Melo, a Amazônia antes em situação de exploração, passa a integrar no espaço político-econômico português recebendo intervenções diretas da metrópole.
Entre as medidas adotadas pelo ministro, então marquês de Pombal mais significativas para a Amazônia foram: 
• A drástica modificação ocorrida na política relativa à mão - de - obra indígena, proibindo o recrutamento da mão - de - obra nativa pelas tropas de resgate: os índios passaram a ser considerados livres e assalariados;
• A instituição de uma Companhia de Comércio, que funcionou durante mais de vinte e dois anos (1755 - 1778), com finalidade de introduzir escravos africanos, dinamizar a agricultura, incrementar o comércio na região e promover o povoamento através da imigração;
• A redistribuição de terras (entre militares e particulares), das propriedades confiscadas dos jesuítas, por doação ou venda;
• A reformulação e ampliação da máquina administrativa, e a transformação das antigas missões em Vilas e lugares com novas denominações lusitanas. Criou- se o Estado do Grão Pará e Maranhão (1751), com sede em Belém e a Capitania de São José do Rio Negro (1755), com sede em Barcelos, na antiga Aldeia de Mariuá, e o Estado do Grão - Pará e Rio Negro (1772).
3) Qual o seu papel e do irmão dele Francisco Xavier de Mendonça Furtado na expulsão dos jesuítas em 1759?
A companhia de Jesus de um modo geral, estava atrelada aos conflitos entre os padres e os colonos. Os padres dacompanhia de Jesus exerciam grande influencias nos índios e também usavam a mão de obra indígena para gerar riqueza. Ao contrário dos padres, os colonos portugueses dispunham de forma limitada da mão de obra indígena, isso potencializava as condições precárias que os colonos se encontravam financeiramente diante da riqueza e poder dos padres da Companhia de Jesus. Logo, colonos e jesuítas tinham relações econômicas e culturais distintas quando se tratava da utilização da mão de obra indígena, já que os jesuítas não “aceitavam” a escravidão dos indígenas por parte dos colonos bem como os maus tratos praticados por esses. 
Francisco Xavier de Mendonça Furtado, por meio do diretório dos índios, fez com que os aldeamentos indígenas, que tinham influências dos missionários, fossem transformados em vilas ou aldeias. A influência religiosa era combatida por meio de decretos nesse período com a justificativa de tornar o indígena livre. O que Pombal e seu irmão Francisco Xavier de Mendonça Furtado realmente fizeram foi criar todas as condições para que, a partir desses decretos, os colonos portugueses também explorassem a mão de obra indígena nas aldeias e vilas. Os índios respondiam a um diretor de cada povoado, eram impedidos de usar sua língua materna e obrigados a usar a língua portuguesa, também eram obrigados a fazer roças de mandiocas para os moradores das vilas e outras cidades, bem como pagar dízimos de todos os produtos que cultivassem. 
As medidas estabelecidas pelo diretório não representaram melhorias reais para condições de trabalho ou de vida dos indígenas nesse período colonial. O diretório pombalino era uma nova roupa de exploração dada aos indígenas pelos colonos portugueses. A ideias de Pombal e Mendonça Furtado eram incompatíveis com a liberdade e “civilização” indígena, já que o que se almeja era a liberdade econômica de Portugal e a prosperidade dos colonos portugueses na Amazônia. Como citado no texto, o diretório dos índios da Amazônia pode ser comparado à nobreza feudal europeia, uma vida de servidão regada a exploração e condições de vida precária. Durante o Diretório dos índios a população nativa foi amplamente usada e explorada enquanto mão de obra, visto que os colonos dependiam do trabalho indígena para inúmeras atividades. 
Os nativos eram tratados, conforme decretos no período de Mendonça Furtado, como miseráveis e rústicos ignorantes; mesmo tendo sendo trabalho reconhecido como merecedor de pagamento em dinheiro, suas remunerações era calculada, pelos colonos, em metragem de tecidos de algodão por exemplo.

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