Buscar

Procedimentos - Transfusão sanguínea em cães e gatos (02 09 20)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Componentes do sangue 
O sangue é composto por duas partes: 
• Parte celular: 
Composta pelas hemácias, leucócitos e plaquetas; 
• Parte líquida: 
Plasma, água, proteínas, sais, cristaloides, íons, fibrinogênio e 
soro. 
 
Transfusão sanguínea 
A transfusão sanguínea é considerada como transplante, pois o 
sangue é considerado um órgão do corpo. 
Pode ser feita de duas formas: 
• Sangue total: 
O sangue total fresco contém hemácias, plaquetas, fatores de 
coagulação e proteínas séricas, e após 2 a 4 horas de refrigeração, 
as plaquetas não estão mais viáveis. O sangue total fresco ou 
estocado tem como principal indicação a hemorragia aguda, com a 
finalidade de repor as hemácias e restabelecer a volemia. Porém 
pode-se usar sangue total fresco ou estocado em animais anêmicos 
e trombocitopênicos. Já em pacientes trombocitopênicos não 
anêmicos, o sangue total é contraindicado, devendo-se utilizar neste 
caso o concentrado de plaquetas. 
• Hemocomponentes: 
Subdividido em: 
o Concentrado de hemácias: 
Está indicado para pacientes com hemorragia crônica, 
eritropoiese ineficiente e hemólise, ou seja, são pacientes 
anêmicos normovolêmicos. O concentrado de hemácias tem uma 
vantagem em relação ao sangue total fresco ou estocado, pois 
repõem a mesma quantidade de hemácias contida na bolsa, 
porém com menor volume, beneficiando os pacientes 
cardiopatas e nefropatas; 
o Concentrado de plaquetas: 
A indicação primária do concentrado de plaquetas é para 
pacientes trombocitopênicos. Por ser de menor volume, quando 
comparada com o sangue total e papas de hemácias, permite a 
transfusão de grandes quantidades de plaquetas sem a 
transfusão simultânea de eritrócitos ou plasma, diminuindo os 
riscos de reações transfusionais. Se a perda ou disfunção 
plaquetária está provocando sangramento contínuo indica-se 
transfusão de concentrado de plaquetas.; 
o Plasma fresco congelado: 
Défice de proteínas plasmáticas, nomeadamente, fatores de 
coagulação termoestáveis e termolábeis, albumina e 
imunoglobulinas (imunidade passiva). 
Contém: Albumina, globulinas e todos os fatores de 
coagulação, incluindo os termolábeis (V e VIII); poderá conter uma 
pequena quantidade de fragmentos de eritrócitos responsáveis 
por pigmentação do plasma, no entanto a sua administração não 
confere nenhum risco para o paciente dada a pequena 
quantidade de hemoglobina livre. 
A utilização do transplante sanguíneo é apenas algo que vai 
funcionar na hora do ocorrido, não é considerado um tratamento, 
apenas um auxílio para manutenção temporária da vida do paciente. Por 
isso é necessário encontrar a causa daquele problema, normalmente 
em pequenos animais, é mais comum as anemias, em pacientes 
oncológicos (hemangiomas e hemangiossarcomas) e pacientes com 
injúria renal ou hepática (insuficiência renal ou hepática). 
 
Seleção do doador 
Para a seleção do doador, é necessário seguir alguns parâmetros: 
• Idade: entre 2 a 8 anos; 
• Peso: acima de 25 kg; 
• Ultima doação de sangue: mais de 2 meses; 
• Livre de doenças e ectoparasitas; 
• Hemograma dentro dos parâmetros de normalidade; 
• Perfil renal (uréia e creatinina) e perfil hepático (Albumina, 
Fosfatase alcalina e ALT) em padrões normais; 
• Teste de aglutinação (crossmatching); 
• Poderá doar de 18 a 22ml/kg. 
 
Coleta do sangue 
A bolsa de coleta é a mesma utilizada em humanos com 
anticoagulante. É feita a coleta por gravidade, com o animal posicionado 
mais acima da bolsa e o volume máximo de 15 ml/kg, não ultrapassando 
os 22 ml/kg. Após a coleta deve-se homogeneizar o sangue e pesar a 
bolsa. Em casos de doadores estressados, agitados ou agressivos, a 
indicação é a sedação do animal. 
Transfusão sanguínea e desequilíbrios 
hidroeletrolíticos em cães e gatos 
 
 
Tipos sanguíneos – cães 
Os tipos sanguíneos em cães são definidos pelo sistema DEA (dog 
erythrocyte antigen), onde são 7 tipos aceitos: DEA 1, DEA 3, DEA 4, 
DEA 5, DEA 6, DEA 7 e DEA 8. 
Os DEA’s têm quatro genes alelos: .1, .2, .3 e nulo. O alelo mais 
dominante é o 1.1, onde 40% dos cães tem essa tipagem sanguínea. 
 
Tipos sanguíneos – Gatos 
Em gatos existem apenas os tipos A, B e AB. 
 
Teste de compatibilidade – aglutinação 
Ideal sempre fazer esse teste nos pacientes que obtiveram 
transfusões anteriores e também naqueles sem nenhum histórico 
(mais importante ainda). Se utiliza uma lâmina com hemácia do doador e 
plasma do receptor misturados (prova maior) ou hemácia do receptor e 
plasma do doador (prova menor). 
Esse teste não demanda grande estrutura e pode ser aprendido 
pelos clínicos. 
 
Cálculo para transfusão 
 
Tempo de transfusão 
Durando os 30 primeiros minutos de transfusão devemos infundir 
apenas 1 gota a cada 4 segundo, se não houver reação transfusional, 
pode-se aumentar para 1 gota a cada 2 segundos. Uma transfusão 
deve durar, no máximo, 4 horas. 
Em caso do animal estar desidratado, pode-se fazer uma 
fluidoterapia pós-transfusão, mas tem que retirar do valor total diário 
de um cão a quantidade de sangue que foi transfundido. Durante a 
transfusão, o animal deve ser monitorado a cada 5 minutos (frequência 
respiratória, frequência cardíaca, TPC, temperatura e mucosas). 
 
 
 
Reação transfusional 
Caso ocorra qualquer reação durante a transfusão sanguínea, ela 
deverá ser interrompida imediatamente, deve-se fazer terapia com 
anti-inflamatórios e corticóides (Dexametasona – 0,2 a 0,5 
ml/kg/Intravenoso e Prometazina – 0,2 a 0,4mg/kg/Intramuscular) e 
o animal deve ser mantido em observação e monitoração por até cinco 
horas pós-transfusão, com ou sem intercorrências durante o 
procedimento. 
 
Desequilíbrios hidroeletrolíticos 
Os animais adultos tem em média 60% do peso corporal de agua, os 
neonatos e jovens tem 70 a 80% e os obesos tem 50%. Cerca de 
2/3 (40%) da agua esta localizado intracelular(LIC) e 1/3 (20%) esta 
extracelular(LEC). Subdividindo o LEC, 5% está nos vasos e 15% no 
interstício. 
 
Necessidades diárias de H2O 
 As necessidades de agua dependem muito de algumas situações 
como: espécie. idade, estado fisiológico e individualidade metabólica. 
Normalmente, um cão adulto consome de 35 a 60 ml/kg/dia, um 
jovem consome de 50 a 70 ml/kg/dia e os neonatos/lactentes 
consomem 150 ml/kg/dia. 
 
Perda de água corporal 
É obrigatório que o animal perca líquidos durante o dia por meio da 
regulação térmica. A eliminação de catabólicos acontece por meio dos 
pulmões, rins, pele e TGI (trato gastrointestinal). O pulmão elimina de 
500 a 700 ml/dia mas em casos de taquipneia, ele pode chegar a 
eliminar de 1 a 2 litros/dia. Os rins eliminam de 1 a 2 ml/dia e o trato 
gastrointestinal de 200 a 300 ml/dia. 
 Também existem as perdas aditivas, onde a agua não é utilizada 
como metabolismo basal, alguns dos exemplos são em casos de: êmese 
(vômitos), diarréias, poliúria/polaciúria (micção excessiva/micção 
frequênte), sialorreia (produção excessiva de saliva), sudorese intensa e 
hipertermia. 
A sudorese intensa pode chegar a eliminar 2 litro/ dia e a 
hipertermia de 800 a 1000 ml/dia a cada grau ºC acima do normal. 
 
Desidratação 
A desidratação ocorre em casos que há um balanço hídrico 
negativo, onde o paciente ingere pouco líquido e elimina muito. Quando o 
paciente apresenta baixa ingestão de líquido, é chamado de oligodipsia, 
causada pela diminuição do acesso, doenças sistêmicas, alterações 
neurológicas e pela diminuição da ingestão de alimentos. 
O aumento das perdas de líquidos é chamado de poliúria, que pode 
ocorrer por conta de vômitos, diarréias, febre, sudorese e 
queimaduras extensas. 
Os sinais clínicos da desidratação são: perda da elasticidade da pele, 
mucosas ressecadas, aprofundamento do globo ocular nas órbitas e 
prolongamento do TPC. 
 
 
Graus de desidratação 
 
Tipos de fluídos 
• Cristalóides 
É uma solução com íons inorgânicos e pequenas moléculas 
orgânica, com baixo peso molecular – permeável a membrana 
capilar, entrando em todos os compartimentos corpóreos 
isotônicos. Podem serisotônicos (mesma osmolalidade do 
sangue), hipotônicos (osmolalidade mais baixa no vaso, onde o 
líquido vai ser puxado do vaso para o interstício) ou hipertônicas 
(osmolalidade maior do que a do sangue, puxando líquido do 
interstício para dentro do vaso). 
• Outras soluções: 
o Solução de Glicose 5% em água 
É uma solução quase isotônica, não contém eletrólitos e 
utilizada em volumes muito grandes; 
o Solução hipotônica de NaCl a 0,45% 
Concentração menor no interstício, com pH 5,0 e utilizado 
em casos de desidratações hipernatrêmicas; 
o Solução hidratante oral 
Faz-se com meia colher de chá de sal (3,5g) e oito de 
açúcar (40g) + 1 litro de água, pode ser ingerido frio ou gelado 
e o paciente não deve ter êmese 
o Água de coco 
Rico em glicose, proteínas, vitaminas e potássio, com pouco 
Na e Cl. Coloca-se meia colher de chá de sal (3,5g) par cada 1 
litro. 
 
Vias de administração 
Intravenosa 
Subcutânea 
Oral 
Intra-óssea 
 
Volume a ser administrado (dentro de 24 horas) 
• Para suprir as necessidades de manutenção basal: peso X 
necessidade basal de líquidos 
• Corrigir a desidratação inicial: peso X % de desidratação X 10 
(resultado em ml) 
• Compensar as perdas aditivas: peso X perdas hídricas contínuas 
Velocidade de administração 
• Equipos 
Existem dois equipos usados normalmente: os de 
micrométrico é utilizado em animais de até 10Kg e os de 
macrométrico é utilizado em animais acima de 10KG. 
• Bombas de infusão: 
São equipamentos utilizados para fazer a administração de 
fluidos em animais. 
• Na ausência da bomba de infusão: 
o 1º passo: transformar o valor de 24 horas por hora (Ex: 720 
litro a cada 24 horas = 30 ml/hora; 
o 2º passo: transformar o valor de 1 hora em minutos (EX: 30 
ml/hora = 0,5ml/min; 
o 3º passo: escolher o equipo – Macro: 20gotas/ml (animal 
maior que 10 Kg) – Micro: 60gotas/ml (menor que 10 Kg) 
(resultado será de gotas/minuto) 
(Ex: Se o paciente necessita de 0,5ml/min, ele vai necessitar 
de 10 gotas/min (macro) e 30 gotas/min (micro)); 
o 4º passo: Dividir o resultado para segundos. (Obs: o paciente 
tem menos que 10Kg, portanto vamos utilizar o equipo 
micrométrico) (Ex: para contar corretamente, deve-se 
transformar o valor encontrado por segundos, ou seja, 30 / 
60 = 0,5 gotas/segundo – após isso, devemos transformar 
 
 
 
 
 
em um valor cheio para encontrar uma formar de contar 
visualmente, 0,5 gota/segundo = 1 gota a cada 2 segundos. 
 
Caso clínico 
Cão, SRD, 4 anos de idade, pesando 8,5Kg. 
Apresenta quadro de gastroenterite hemorrágica com 
presença de vômito e diarréia. Na avaliação clínica considerou-se um 
grau de desidratação de 6%. 
1º passo: necessidade de manutenção – 8,5 X 50 = 
425ml/24horas; 
2º passo: grau de desidratação – 8,5 X 6 X 10 = 510ml/24horas; 
Como existe a perda aditiva (vômito e diarréia) deve-se fazer o 
3º passo 
3º passo: 8,5 X 60 = 510ml/24horas 
Volume total: 425 + 510 + 510 = 1445ml/24hrs 
Velocidade de infusão: 1445/24 = 60ml/hora = 1ml/min 
- Macro = 20 gotas/min = 0,3gotas/segundo = 6 gotas a cada 5 
segundos 
- Micro = 60 gotas/min = 0,5gotas/segundo = 1 gota a cada 2 
segundos 
Se der mais do que isso: 
Em outra veia, devemos dar solução hipertônica + cristalóide 
isotônico ou solução colóide + cristalóide isotônico 
 
Complicações na fluidoterapia 
Pode ocorrer extravasamento subcutâneo, hiper-hidratação e 
desequilíbrio eletrolítico (potássio, cloro, fosfato).

Outros materiais