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Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal

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METODOLOGIA DO 
FUTEBOL E DO 
FUTSAL
Patrick da Silveira Gonçalves
Métodos de ensino 
aplicados ao futebol 
e ao futsal
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Distinguir etapas do processo de ensino-aprendizagem dos funda-
mentos do futebol e do futsal.
 � Identificar elementos importantes da formação e da estruturação do 
processo de ensino-aprendizagem do futebol e do futsal.
 � Desenvolver métodos para o processo de ensino-aprendizagem do 
futebol e do futsal aplicados a diferentes grupos.
Introdução
O ensino de esportes requer que o profissional de Educação Física ela-
bore um planejamento didático com rigor e pautado em pressupostos 
científicos. Em geral, os esportes são ensinados sem uma elaboração 
condizente com as características e necessidades dos indivíduos que 
estão aprendendo. Por isso, neste capítulo, buscaremos elencar as etapas 
que devem mediar o processo de ensino-aprendizagem, apresentar os 
elementos importantes quando da elaboração dos planos de ensino 
e as principais diferenças que precisam ser consideradas no ensino do 
futebol e do futsal no ambiente da educação formal e no ambiente das 
escolinhas esportivas. 
Etapas do processo de ensino-aprendizagem 
dos fundamentos do futebol e do futsal
Ainda que muito presentes no cotidiano de crianças e adolescentes brasileiros, 
o futebol e o futsal, assim como diversas outras modalidades esportivas, 
necessitam de uma melhor estruturação em relação aos seus processos de 
ensino-aprendizagem. Hoje, a trajetória esportiva e a aprendizagem das moda-
lidades de muitos atletas se deram de maneira bastante prática, isto é, jogando 
em parques, praças e ginásios, sem uma estrutura que pudesse vislumbrar o 
rigor científico para a melhor aprendizagem. 
Se, por um lado, os praticantes de esportes atuais são formados, muitas 
vezes, sem alguém que possa direcionar os processos de ensino-aprendizagem, 
aqueles que contam com um professor ou técnico também enfrentam essa de-
fasagem. Muitos clubes e escolinhas esportivas do Brasil, voltados ao processo 
de ensino-aprendizagem do futebol ou do futsal, são regidos por indivíduos 
sem a devida formação técnica. Instituições como os Conselhos Regionais 
de Educação Física e o Conselho Nacional de Educação Física têm buscado 
garantir que tais espaços sejam de responsabilidade de profissionais habilitados 
(SANTINI; VOSER, 2008). 
Ainda assim, mesmo considerando os profissionais que tiveram habilitação 
específica para o ensino do esporte, como o caso dos profissionais de Educa-
ção Física, é comum encontrarmos profissionais que abordam os processos 
de ensino-aprendizagem de modo bastante idiossincrásico, pautados muitas 
vezes pela experiência que tiveram quando crianças e adolescentes e pouco 
considerando os aspectos teóricos e científicos da Pedagogia, da Didática e 
da Psicologia no esporte.
Nesse sentido, o ensino das técnicas e das abordagens táticas esportivas 
deve obedecer a normas e diretrizes que direcionem os profissionais que tra-
balharão com os processos de ensino-aprendizagem para um constante estudo 
e a práticas condizentes com as amplas investigações que têm se desenvolvido 
sobre a pedagogia do esporte. Dadas essas considerações iniciais, é preciso 
fundamentar, como apontamos anteriormente, que o ensino esportivo se apoia 
em métodos didáticos. 
A didática é um dos ramos da Pedagogia que busca investigar como os 
conteúdos, independentemente de quais forem, devem ser ensinados e como 
são aprendidos, estabelecendo, portanto, métodos de ensino aprendizagem. 
Segundo Mutti (2003, p. 5), podemos definir a Pedagogia como o “[...] estudo 
intencional, sistemático e científico da educação; é a ciência da educação. 
Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal2
Também pode ser definida como o conjunto e normas princípios e leis que 
regem a ação educativa [...]”. Essa grande área da ciência, como dissemos, 
aborda a didática, que, segundo o mesmo autor, “[...] é a parte da pedagogia que 
se preocupa com o ensino e com a aprendizagem, tendo como meta transmitir 
conhecimentos adquiridos através de métodos lógicos de investigação [...]” 
(MUTTI, 2003, p. 5). 
Assim, é possível pensar que o processo de ensino-aprendizagem não deve 
se basear apenas em experiências anteriores dos sujeitos, mas também ao 
estabelecer estratégias sobre as aquisições futuras que se deseja desenvolver, 
ampliando as possibilidades de aprendizagem e tornando o ensino das práticas 
esportivas eficaz (GRECO, 2001). Nessa direção, podemos concluir que o mé-
todo didático para o ensino dos esportes contém algumas etapas fundamentais. 
De modo geral, podemos enumerar essas etapas como o planejamento didático, 
os objetivos, o conteúdo, as estratégias e a avaliação. 
Planejamento didático
O planejamento, de maneira mais ampla, consiste na previsão metódica e 
precisa em que, por meio de ações intencionais, se busca identificar os meios 
e fins para desenvolver determinada habilidade ou competência do futebol 
ou do futsal. Ele representa, portanto, as diferentes etapas que o profissional 
de Educação Física deverá desenvolver para que uma ou mais aprendizagens 
se efetive. 
Ao iniciar o planejamento, o professor deve basear as suas ações nas seguintes 
perguntas:
 � O que é necessário ensinar?
 � Por que se deve ensinar?
 � A quem será ensinado?
 � Como se deve ensinar?
3Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal
O planejamento inclui, então, as etapas do processo de ensino-aprendiza-
gem. Outro equívoco bastante comum dos profissionais de Educação Física 
refere-se à elaboração de atividades ou plano de aulas que não dialogam entre 
si e que não são pensados em um conjunto com outras ações, ou outros planos 
de aula, que busquem um objetivo mais amplo. Nesse sentido, o planejamento 
deve ser elaborado sequencialmente, de modo a ordenar os planos para uma 
aprendizagem efetiva. Para tanto, o planejamento didático precisa ser dividido 
em três etapas, descritas a seguir (MUTTI, 2003).
1. Plano de curso — consiste na previsão ampla de todo o trabalho que 
será desenvolvido. Por exemplo, ao trabalhar em uma escolinha es-
portiva, o professor deverá elaborar o plano de curso baseando todas 
as ações que serão desenvolvidas com seus alunos ao término de um 
período (geralmente em 1 ano ou 1 semestre). Nesse plano, que pode 
sofrer modificações durante a execução, todas as outras etapas do 
planejamento didático devem estar previstas.
2. Plano de unidade didática — compreende um planejamento de apren-
dizagens a curto prazo, sendo mediado pelo plano de curso. Nele, os 
objetivos devem se consolidar com determinado número de aulas. Por 
exemplo, considerando o exemplo da escolinha esportiva, um professor, 
para trabalhar a condução da bola com as diferentes partes do pé, deve 
propor diferentes aulas, ampliando as possibilidades de aprendizagem 
de seus alunos. 
3. Plano de aula — plano individual de cada aula realizada, no qual 
constam os objetivos que as atividades propostas devem alcançar.
Objetivos
Consistem na demonstração das aprendizagens que devem ser alcançadas 
ao final das atividades. Aqui, encontram-se os conteúdos conceituais, pro-
cedimentais e atitudinais. Em outras palavras, ao elaborar os objetivos de 
um planejamento didático, o professor não pode se centrar apenas no “saber 
fazer” (outro equívoco comum entre os profissionais de Educação Física), 
mas também buscar trabalhar os conceitos, os valores, as atitudes e s regras 
inerentes à prática do futebol e do futsal (MUTTI, 2003).
Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal4
Os objetivos direcionam as ações do professor, pois, por meio deles, são 
desenvolvidos o conteúdo, as estratégias e a avaliação. Importante destacar que 
os objetivos não são estáticos. Assim como as outras partes do planejamento, é 
possível reelaborar os objetivos traçados. Por exemplo, imagine que o objetivo 
inicial de um profissional de Educação Físicaseja “realizar o cabeceio em 
suspensão”. Ao identificar que seus alunos não obtêm o domínio do cabeceio, 
a ação de saltar e cabecear pode ser bastante complexa. Para atingir melhor 
as aprendizagens, o objetivo pode ser readequado para “realizar o cabeceio”. 
Outra atitude a se considerar ao elaborar os objetivos é expô-los aos alunos. 
Ao estabelecer metas em colaboração com os alunos, os praticantes podem 
direcionar suas ações, com enfoque na busca do objetivo e conseguindo manter 
uma constante autoavaliação. 
Conteúdos
Fazem referência a todas as atividades que serão necessárias para atingir os 
objetivos propostos. A seleção dos conteúdos deve ser criteriosa, de acordo 
com as metas traçadas. De acordo com os objetivos, é possível escolher os 
conteúdos, os quais, por sua vez, podem ser revistos, atualizados e modificados 
para que tais objetivos sejam alcançados (LOPES, 2004). 
Como exemplos de conteúdos para o futebol e o futsal, podemos citar 
atividades como: 
 � jogos lúdicos (p. ex., bobinho); 
 � jogos cooperativos (p. ex., cruzamentos com cabeceio, nos quais o 
objetivo comum consiste em realizar um gol); 
 � jogos competitivos (p. ex., jogos situacionais 1 × 1, como na Figura 1, 
ou 2 × 2); 
 � atividades de estafeta (p. ex., a condução da bola até um colega que, 
por sua vez, deverá conduzir a outro colega);
 � outras possibilidades, com a função de atingir objetivos específicos 
das modalidades (aprender a efetuar o passe, aperfeiçoar o cabeceio, 
melhorar a condução de bola, etc.). 
Os conteúdos também não devem estar “soltos” no planejamento, mas fazer 
parte dele, de modo que compreendam uma etapa para atingir os objetivos 
(BAYER, 1994). 
5Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal
Figura 1. Jogo situacional 1 × 1.
Fonte: Jacob Lund/Shutterstock.com.
Estratégias
Referem-se aos meios utilizados pelo professor para facilitar a aprendizagem 
e possibilitar que seus alunos atinjam os objetivos propostos. Incluem todas 
as atividades do professor e a seleção de materiais, momentos e espaços que 
serão necessários para o processo de aprendizagem (LOPES, 2004).
As estratégias do professor têm um papel muito importante, principal-
mente quando os alunos são iniciantes no futebol ou futsal. Imagine que um 
professor, ao trabalhar com alunos iniciantes de futebol ou futsal, tenha como 
principal estratégia de ensino a vivência em jogos disputados com equipes 
mais experientes. Certamente, o fracasso recorrente dos praticantes os fará ter 
uma experiência negativa nessas modalidades; por consequência, o desânimo 
culmina no abandono do esporte. 
Do mesmo modo, imagine que a estratégia de um professor nessas mo-
dalidades consista em uma rotina, com as mesmas atividades a cada aula. 
As tarefas monótonas também se demonstram alheias ao engajamento dos 
praticantes. Portanto, o professor deve ter o cuidado de construir estratégias 
condizentes com os objetivos propostos, o nível de experiência, as necessidades 
e as capacidades do seu aluno, proporcionando-lhes uma experiência positiva 
no futebol ou no futsal.
Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal6
Avaliação
Embora muitas vezes negligenciada pelos profissionais de Educação Física, a 
avaliação consiste em um momento importante, pois a partir dele o professor 
consegue identificar se os objetivos foram alcançados pelos seus alunos ou 
se as aprendizagens não se efetivaram. A avaliação também possibilita que o 
professor vislumbre se as próprias técnicas empregadas no processo de ensino-
-aprendizagem foram eficientes, conduzindo o seu planejamento didático de 
maneira científica.
Muitas vezes, os profissionais buscam estabelecer critérios de avaliação 
durante os jogos que compõem torneios de futebol ou futsal, isto é, “a prova 
de fogo” pela qual as aprendizagens se mostram consolidadas ou não se de-
monstram em partidas oficiais. Esse não é o melhor momento para avaliar os 
avanços dos alunos. Em primeiro lugar, pois todo o planejamento não pode 
se reduzir ao que se mostra em apenas um jogo. Em segundo lugar, porque os 
jogos contêm diversos elementos internos (nervosismo, expectativa, ansiedade) 
e externos ao indivíduo (qualidade dos adversários, condições climáticas, con-
dições do local do jogo, expectativa dos pais, tempo de participação na partida) 
que podem não apresentar fielmente os avanços no processo de aprendizagem 
obtidos (LOPES, 2004). 
A avaliação, portanto, integra o planejamento didático, fazendo parte de 
toda a sua extensão. Durante as atividades e os jogos, o professor deve avaliar 
o aproveitamento técnico de seus alunos, observando a realização de gestos 
técnicos, como a posição dos braços e das pernas, a inclinação do tronco e a 
parte do pé que se utiliza ao efetuar um chute. No plano tático, deve observar 
o deslocamento, a participação em jogadas com ou sem a bola, a interação 
com os companheiros e os adversários. 
Aqui, podemos perceber que a observação constitui uma importante ferra-
menta para a avaliação. Contudo, o professor não deve se basear apenas no ato 
de observar seus alunos, e sim também em outras ferramentas, como cadernos 
de anotações, planilhas ou até mesmo filmagens, para que as informações não 
se percam na memória e seja possível realizar comparações entre as ações 
dos próprios indivíduos. 
Outra consideração importante sobre a avaliação é que ela nunca representa 
um ponto de chegada, mas um ponto de contínuo recomeço, ou seja, as ações 
do professor não devem se basear na avaliação que fará, mas, ao contrário, 
a avaliação deve estar a serviço do planejamento desde o seu início, direcio-
nando as ações do professor. Mesmo que a avaliação mostre que os objetivos 
7Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal
foram alcançados, serve de guia para apontar que o aluno está pronto para a 
aquisição de novas aprendizagens. 
Evidentemente, o plano didático por si só não garante que o processo de 
ensino-aprendizagem se concretize. A aprendizagem é um processo muito 
mais complexo, envolvendo outros fatores além do planejamento. No entanto, 
devemos destacar novamente que uma aprendizagem efetiva e significativa 
depende da elaboração criteriosa de um plano didático. A seguir, vamos abor-
dar outros elementos importantes para o processo de ensino-aprendizagem. 
Elementos importantes da formação e 
da estruturação do processo de ensino-
aprendizagem do futebol e do futsal
Como vimos anteriormente, o plano didático e suas etapas são importantes 
elementos para que se efetive o processo de ensino aprendizagem. No entanto, 
ao considerarmos as amplas e complexas relações implicadas nesse processo, 
o melhor dos projetos não é suficiente para que a aprendizagem se efetive. De-
vemos levar em consideração que o plano didático compreende o instrumento 
que relaciona as diferentes abordagens do processo de ensino-aprendizagem, 
isto é, trata-se da ferramenta pela qual o aluno, o professor e a matéria (neste 
caso, o futebol ou o futsal) se unem, dando origem a relações entre eles. 
O aluno é o agente principal dos processos de ensino-aprendizagem, já 
que é ele quem vai aprender um novo conteúdo, reformulá-lo e repassá-lo às 
outras pessoas. Portanto, é ele quem aprenderá, adquirirá, construirá novas 
condutas ou modificará condutas anteriores. Ao professor, cabem instruir, 
comunicar, transmitir, dirigir e guiar os processos de aprendizagem. Por 
último, a matéria consiste no elemento que constitui um acevo cultural e 
social, o qual deverá ser transmitido. A ação educativa se baseia nesses três 
pilares, os quais enfatizaremos a seguir. 
Aluno
Para elaborar melhor o processo de ensino-aprendizagem, é essencial que o 
profissional de Educação Física com a tarefa de ensinar a prática esportiva 
conheça as características de seus alunos. Além de conseguir identificar a 
realidade social em que vive, o contexto familiar e outras variáveis, pelo fato 
Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal8
de o futebol e o futsal compreenderempráticas corporais, torna-se impres-
cindível conhecer as características físicas e psicológicas, as necessidades de 
atividades físicas e o interesse em relação às práticas dos alunos. 
Ao trabalhar com o processo de ensino-aprendizagem, é bastante comum 
que a abordagem esportiva se dê na infância, a partir dos 6 anos, e se estenda 
até o fim da adolescência. Antes dessa idade, espera-se que as crianças te-
nham experiências diversas, capazes de ampliar o seu repertório motor, se o 
desejo é de que a especificidade esportiva se consolide. Após a adolescência, 
na vida adulta, a expectativa é de que os domínios dos esportes já estejam 
consolidados, permitindo aos praticantes realizá-los de maneira recreativa, 
competitiva ou participativa. Por isso, adotaremos o intervalo entre o início da 
terceira infância e o final da vida adulta para apresentar algumas considerações 
gerais sobre o desenvolvimento. 
A partir dos 6 anos de idade, as crianças já conseguem dominar muitas 
das habilidades psicomotoras, o que faz com que tenham um grande desejo 
de saber, experimentando corporalmente várias situações. Nessa fase, as 
aprendizagens se dão de forma concreta, isto é, a partir de situações que a 
criança possa praticar concretamente. Fomentar raciocínios mais complexos, a 
partir de hipóteses, não se mostra efetivo, já que tudo parte do mundo material. 
A principal característica da infância refere-se à capacidade e à neces-
sidade de brincar. Quando não estão comendo, dormindo ou obedecendo a 
ordens de adultos, as crianças estão brincando. As brincadeiras, assim como o 
trabalho para os adultos, ocupam a maior parte do tempo delas. Por meio das 
brincadeiras, os seres humanos, em sua infância, conscientizam-se sobre seus 
corpos e desenvolvem suas capacidades motoras (GALLAHUE; DONELLY, 
2008). O brincar ainda serve como facilitador cognitivo e afetivo da criança, 
tornando-a capaz de analisar e compreender o mundo que a cerca.
Partindo desse pressuposto, o ensino do futebol e do futsal deve opor-
tunizar uma aquisição maior de movimentos, explorando ao máximo os 
corpos das crianças nas mais diversas situações que existem sem que sejam 
reprimidas, oportunizando que as ações sejam praticadas por todos, para 
que haja uma aquisição ampla de movimentos (não havendo movimento 
ou ação considerada errada) e o respeito às regras, como de jogos simples, 
consolidando a sua autoafirmação e a capacidade de conviver harmonica-
mente em grupo. Quanto aos exercícios, a aprendizagem ocorre por meio 
de repetições sistemáticas e numerosas de tudo o que é ensinado, podendo 
fixar a execução dos movimentos. 
9Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal
Além de representa uma possibilidade de atividade, o 
esporte é um elemento essencial para a formação da 
criança e do adolescente. No link a seguir ou no código 
ao lado, você conhecerá alguns dos benefícios da inclusão 
de programas esportivos para esse público.
https://goo.gl/bLGW7F
Entre os 9 e 12 anos de idade, as crianças já têm um conhecimento sobre 
os jogos com regras e a importância delas nesse contexto, podendo sugerir 
alterações ou até mesmo criar regras e jogos novos, o que desenvolve certa 
autonomia e democratização. Nessa fase, há uma intensa necessidade de realizar 
movimentos, tornando-se um dos principais momentos para iniciar a especiali-
zação esportiva. O poder de concentração e atenção melhora consideravelmente 
e, junto ao domínio de muitas habilidades motoras, pode-se estabelecer a ênfase 
em posições e ações táticas. Essa fase é ideal para corrigir os gestos motores 
realizados de maneira equivocada, para que não se automatizem. 
Ainda, nessa fase, inicia-se a puberdade, que se apresenta de maneira 
desigual em indivíduos diferentes. Por isso, é bastante comum que algumas 
crianças e adolescentes de mesma idade se desenvolvam rapidamente, ganhando 
estatura e massa muscular, enquanto em outras essas modificações demorem 
um pouco mais para acontecer. O professor deve buscar conhecer o estágio 
puberal de seus alunos, de modo a compreender que nem todas crianças e 
adolescentes que se apresentem altos e fortes em relação aos demais manterão 
essas diferenças em relação à estatura e à massa muscular. Nesse sentido, 
ao não prever qual será a forma física que cada aluno terá na vida adulta, o 
professor deve procurar que todos se desenvolvam em todas as funções das 
modalidades. 
Um erro bastante comum cometido por profissionais de Educação Física 
consiste em determinar as posições no esporte, no início da puberdade, pela 
forma física dos alunos. Ao atribuir que o jogador mais alto ocupará a posição 
de goleiro ou de zagueiro, por ser mais alto, acaba retirando a possibilidade 
de construir aprendizagens em outras funções táticas. 
Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal10
Já os adolescentes conseguem deduzir e formular hipóteses abstratas a 
partir de processos de raciocínio mais complexos (GALLAHUE; OZMUN; 
GOODWAY, 2013). A dedução nessa fase parte de esquemas metódicos e 
sistematizados, o que se denomina solução sistemática de problemas, sendo 
ideal para a solução de problemas táticos apresentados durante o jogo. 
Somado à criação de hipóteses, desenvolvem o idealismo ingênuo, que se 
trata da capacidade adolescente de imaginar um mundo ideal (no campo das 
ideias) e, com isso, compará-lo ao mundo real. Em grande parte das vezes, o 
mundo real se apresenta muito aquém do mundo idealizado pelos adolescentes, 
culminando em ações no campo concreto. Por exemplo, ao se deparar com 
um mundo que não atende às expectativas idealizadas, um adolescente pode 
resolver fugir de casa, como um modo de, no mundo concreto, buscar o seu 
mundo ideal. Isso faz com que adquiram um comportamento desafiador, 
em busca de sua autoafirmação. Nesse sentido, os adolescentes necessitam 
ser protagonistas das tomadas de decisão, tanto na formação dos objetivos 
quanto na tomada de decisões. O professor, nesse caso, tem o desafio de ser 
um mediador, fomentando a capacidade crítica dos alunos quanto às apren-
dizagens necessárias. 
Professor
Independentemente da idade dos sujeitos expostos aos processos de ensino-
-aprendizagem do futebol e do futsal, o professor tem um papel de destaque, já 
que, através dele, ocorre a mediação entre o que cada sujeito precisa aprender 
e como serão possibilitadas essas aprendizagens. Embora haja defensores de 
que o esporte possa ser ensinado por qualquer pessoa que tenha experiência 
em determinada prática esportiva, essa tarefa deve ser entregue somente ao 
profissional de Educação Física, pois é quem, a priori, dispõe dos conhecimen-
tos técnicos e científicos necessários às abordagens pedagógicas relacionadas 
às práticas corporais para cada fase da vida. 
No entanto, somente a formação acadêmica inicial, por vezes, não é sufi-
ciente para que o professor obtenha total domínio de sua função. Imagine um 
professor que se formou em meados do século passado com a tarefa de ensinar 
conforme os modelos existentes à época. Provavelmente, esses modelos e 
pressupostos teóricos já foram superados tecnológica e cientificamente. Nessa 
direção, é importante que o professor se mantenha sempre atualizado quanto 
aos métodos e modelos de treinamento mais eficientes. Não é por acaso que 
muitos treinadores de equipes de alto rendimento, ainda que estejam no auge 
11Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal
de suas carreiras, busquem dedicar alguns meses do ano para aperfeiçoar 
seus conhecimentos. 
Além do conhecimento, o professor deve atuar com valores inerentes à ação 
pedagógica. Portanto, precisa gostar de realizar a sua função, ser um indivíduo 
dedicado e comprometido com as práticas pedagógicas, atuar sempre com o 
sentido de transformar seus atletas em cidadãos melhores e atuar de acordo 
com os pressupostos morais dos sujeitos com quem convive. De modo geral, 
existem dois momentos em que o professor desenvolve suas funções: um está 
ligado aos momentos de treinamentosou à aula; e o outro, aos momentos em 
que dirige sua equipe em jogos competitivos. 
Durante os treinamentos, a ação pedagógica está enfatizada na construção 
ou modificação de novas formas de conduta, aprendendo tarefas novas que 
componham uma nova gama de hábitos a serem desenvolvidos. Ao dirigir 
treinamentos e aulas, o professor deve prezar por sua autoridade, mas sem que 
isso represente que os alunos sejam corpos a serem doutrinados. Pelo contrário, 
deve ser o exemplo de sujeito em que espera que seus alunos se formem. Para 
tanto, as suas ações devem sempre se basear na disciplina, na tomada de ações 
conscientes, em sua convicção e nos sensos de justiça e bom senso.
Ao se colocar como o líder, o professor, por suas atitudes, postura e voz, 
determina como os sujeitos se comportarão. Não há uma fórmula que conduza 
as ações do professor ao melhor aprendizado. No entanto, ele deve buscar sem-
pre o equilíbrio entre a bondade e a severidade, a afabilidade e a austeridade, 
a brandura e a rigidez. Os comandos para o desenvolvimento das aulas devem 
sempre ser alegres, cativantes e motivadores aos seus alunos. 
Já na condução de seus atletas durante os jogos competitivos, que também 
forma o processo de ensino-aprendizagem, o professor precisa conhecer as 
regras do jogo e fazer com que seus alunos também as conheçam. Deve sempre 
propor ações positivamente, respeitando e considerando as opiniões dos atletas. 
Durante o jogo, os alunos enxergam o professor como um guia. Nesse 
sentido, esse profissional deve ancorar suas ações como uma maneira de 
transmitir o ânimo que requer de seus alunos, apresentando-se calmo, pronto 
para compreender e auxiliar os atletas na tomada de decisões. As derrotas 
também devem ser encaradas como parte do processo de ensino-aprendizagem, 
transmitindo às crianças e aos adolescentes que se trata de um momento de 
reavaliar os equívocos cometidos e buscar a melhoria das aptidões e com-
petências. As ações dos alunos frente às inúmeras decisões que envolvem a 
partida sempre serão mediadas pela imagem transmitida pelo professor. Nesse 
sentido, o Quadro 1 apresenta as principais imagens do professor e o possível 
comportamento de sua equipe durante um jogo competitivo. 
Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal12
Fonte: Adaptado de Mutti (2003, p. 20).
Imagem do professor Comportamento da equipe
Técnico medroso Equipe sem confiança
Técnico desanimado Equipe sem vibração
Técnico nervoso Equipe sem equilíbrio emocional
Técnico indefinido ou confuso Equipe sem definição e sem padrão de jogo
Técnico sem autoridade Equipe indisciplinada
Técnico pessimista Equipe perdedora
Técnico seguro Equipe confiante
Técnico tranquilo Equipe calma
Técnico esclarecido Equipe consciente
Técnico determinado Equipe aplicada
Técnico coeso Equipe unida
Técnico otimista Equipe vencedora
Quadro 1. Imagem do professor e comportamento da equipe
Matéria
A matéria compreende o conteúdo educativo, ou seja, o que se pretende en-
sinar. No caso em questão, diz respeito aos fundamentos do futebol ou do 
futsal, técnicos ou táticos, em nível conceitual, procedimental ou atitudinal. 
Os fundamentos são ensinados em três momentos distintos: a iniciação do 
futebol e do futsal, a fixação da aprendizagem e a especialização técnica e 
tática (MUTTI, 2003). 
A iniciação ao futebol e ao futsal, assim como a outros diversos esportes 
coletivos, requer o domínio de habilidades motoras que possibilitem a exe-
cução de gestos e movimentos que compõem os padrões motores técnicos da 
modalidade. Esse momento consiste, portanto, na ampliação do repertório 
motor que possibilitarão, no futuro, a execução de movimentos complexos, 
como realizar um drible ou chutar a bola com precisão. 
13Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal
Ao analisarmos o desenvolvimento motor de crianças, podemos reconhecer 
que as habilidades vão progredindo gradualmente. Primeiro, ela aprende a 
dominar ações voluntárias enquanto bebê. Em seguida, consegue controlar o 
tronco, para sentar-se, ficar em pé, marchar, correr, e assim sucessivamente. 
O desenvolvimento motor, ainda que atravessado por características here-
ditárias e ambientais, está bastante relacionado às experiências vivenciadas 
pelas crianças. Nesse sentido, a iniciação ao futsal ou ao futebol, que ge-
ralmente ocorre a partir dos 6 anos de idade — momento em que a criança 
tem um domínio motor maior —, deve promover o máximo de experiências 
motoras, ampliando o repertório motor. Essa iniciação representa, portanto, 
uma continuidade às experiências motoras que a criança já tem, incorporando 
gradativamente os gestos motores inerentes à modalidade. 
Durante a iniciação ao futsal e ao futebol, o professor deve prever mo-
mentos de demonstração e descrição de movimentos, execução pelos alunos 
dos movimentos em sua totalidade ou por partes e as correções, visando à 
execução adequada. 
A fixação da aprendizagem consiste na segunda etapa do processo de 
aprendizagem, ocorrendo ao final da infância, quando os gestos técnicos 
mais elementares são realizados com facilidade. Nessa fase, a ênfase se dá na 
repetição de movimentos, para automatizá-los e tornar sua execução a mais 
fácil possível (GRECO, 2001). 
A especialização deve acontecer com o início da adolescência com foco 
no desempenho, ou seja, não basta apenas a realização repetida e com certa 
facilidade, mas também que os fundamentos técnicos do futebol e do futsal 
sejam realizados corretamente. Esse processo, que se inicia quando os mo-
vimentos básicos do esporte estão consolidados, não apresenta um término 
específico, já que, no alto rendimento, ele se mantém ou se amplia, visando 
ao maior rendimento do atleta. A perspectiva de alto rendimento é justamente 
a máxima exploração das capacidades dos atletas, tendo em vista a conquista 
de resultados positivos pela equipe. 
Ambiente social
Embora não esteja presente em primeiro plano no processo como os alunos, 
diante da matéria, desenvolvem a aprendizagem dos conteúdos mediados pelo 
professor, o ambiente social no qual cada sujeito está inserido merece destaque, 
pois influencia nos processos de ensino-aprendizagem. As relações sociais que 
cada aluno estabelece com outros sujeitos, e o modo como estes projetam a sua 
aprendizagem no futebol ou no futsal, transmitindo valores, modos de agir, 
Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal14
de ser e de pensar, ditam como o aprendizado em determinadas modalidades 
evolui. Nesse cenário, a forma como as relações sociais se estabelecem com 
amigos e com familiares é bastante evidente. 
Um dos fatores que leva os indivíduos a aderirem e permanecerem em 
determinados programas de atividades físicas são os vínculos sociais com os 
outros participantes e com os próprios profissionais. Por isso, as atividades 
físicas devem, sempre que possível, ser desenvolvidas em grupos, fortalecendo 
nas crianças e nos adolescentes a construção de vínculos afetivos entre os 
participantes, para que permaneçam motivados nas atividades voltadas ao 
futebol e ao futsal, tornando possível o estabelecimento da motivação para 
a aprendizagem. Ryan e Deci (2000) afirmam que a motivação intrínseca é 
essencial para os processos de adesão à atividade física. Os mesmos autores 
informam que os vínculos sociais e a percepção de pertencimento a um grupo 
são essenciais para que a adesão se mantenha. 
No mesmo sentido, o primeiro ambiente social que a criança frequenta é a 
família, na qual construirá os seus valores, os seus interesses e desinteresses. 
Os vínculos afetivos são motivadores relevantes na adesão de crianças e 
adolescentes às diferentes práticas corporais, nas quais o futebol e o futsal se 
destacam. A família exerce papel fundamental na adesão de práticas corporais 
saudáveis, ou seja, além de possibilitarem e auxiliarem os profissionais das 
escolas na promoção de atividades físicas, os pais devem servir como modelos 
a serem seguidos pelos filhos. 
No entanto,no âmbito do futebol e do futsal, é bastante comum vermos a 
intensa participação dos pais, mas de modo nem sempre positivo. A espeta-
cularização que acontece principalmente no futebol, os altos salários que os 
jogadores das principais equipes brasileiras recebem e a paixão que permeia 
esse esporte fazem com que muitos pais almejem que seus filhos se tornem 
futuros jogadores profissionais. Segundo Morin (2002), os valores, as atitudes, 
os hábitos e os significados marcam cada sujeito desde o início da vida. Pri-
meiro, com a participação em família e, depois, em outros ambientes sociais. 
O incentivo dos pais, de maneira moderada e respeitando os interesses e 
o desenvolvimento das crianças, é plenamente saudável. Contudo, a cobrança 
intensa e desproporcional quanto ao rendimento e as exposições públicas como 
um modo de envergonhar os filhos podem ser extremamente prejudiciais, tanto 
à prática esportiva quanto ao desenvolvimento integral dos indivíduos, afetando 
a aprendizagem. Da mesma forma, a falta de incentivo nas práticas esportivas 
pode fazer com que as crianças acabem não aderindo a uma vida saudável.
No futebol e no futsal, são bastante comuns as cenas em que os pais, ao 
assistirem aos jogos de seus filhos, desferem ofensas aos adversários e árbitros. 
15Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal
Nesse sentido, o trabalho do profissional de Educação Física também se estende 
ao núcleo familiar, buscando proporcionar orientações aos pais/responsáveis 
quanto à postura adequada para incentivar os filhos à prática esportiva, tanto 
nas situações do cotidiano quanto nos momentos em que estão participando 
de jogos. Além disso, a orientação se dá para que os pais consigam respeitar 
outros pais, outras crianças, os árbitros e os treinadores em jogos e competições, 
já que seus filhos enxergam neles o exemplo a ser seguido. 
De modo geral, essas três etapas da matéria, assim como as características dos 
alunos, as considerações sobre o professor e o ambiente social saudável, pilares 
que constituem o processo de ensino-aprendizagem, devem ser atendidas nos mais 
diversos espaços de prática do futebol e do futsal. Essas modalidades, atualmente, 
estão muito relacionadas às práticas em clubes e em escolinhas esportivas. Ainda 
que os objetivos se diferenciem, a ação pedagógica tem muitos pontos em comum. 
A seguir, debateremos duas propostas de abordagem do futebol e do futsal. 
Métodos para o processo de ensino- 
-aprendizagem do futebol e do futsal aplicados 
a diferentes grupos
Pelo fato de serem esportes bastante populares no Brasil, o futebol e o futsal 
são praticados em diferentes ambientes sociais. Não são raras as vezes que 
passeamos pela beira da praia, por uma praça ou até mesmo em uma rua e 
nos deparamos com crianças, adolescentes ou adultos praticando essas mo-
dalidades. Independentemente do espaço em que é desenvolvido, para tornar 
essa prática corporal m elemento que possa ser transmitido e sistematizado 
com o rigor científico e pautado por princípios pedagógicos, a figura do pro-
fissional de Educação Física é essencial. Mais do que mediar os jogos, esse 
profissional consegue fazer com que a prática do futsal e futebol seja positiva 
aos jogadores, garantindo que a participação deles ocorra de forma saudável, 
buscando o pleno desenvolvimento. 
Ainda que os processos de ensino-aprendizagem possam ocorrer em qual-
quer ambiente social, é mais comum encontrá-los em instituições destinadas aos 
objetivos pedagógicos. Nesse sentido, o futebol e o futsal são mais facilmente 
encontrados nas instituições escolares, voltados aos princípios pedagógicos 
que regem a educação formal, e nos clubes e nas escolinhas esportivas, desti-
nados ao ensino como proposta de participação ou busca de alto rendimento. 
A seguir, vamos discutir as principais características do futebol e do futsal, 
quando inseridos nos objetivos dessas duas instituições. 
Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal16
Futebol e futsal na escola
Nas instituições de ensino, a Educação Física escolar procura que os alunos 
obtenham experiências e conhecimentos somente acessíveis por meio do 
movimento. Aliada aos princípios pedagógicos, ela deve fornecer ao estudante 
o acesso aos saberes acumulados pela sociedade, garantindo a sua formação 
cidadã, atuando no mundo de maneira crítica e em busca de uma sociedade 
justa e livre de desigualdades. 
A Educação Física escolar, como um dos componentes curriculares que 
integram o percurso formativo dos alunos, não deve se ater somente a um 
esporte, mas garantir que as vivências aconteçam em diferentes práticas 
corporais produzidas social e culturalmente. Nesse sentido, deve atender 
a objetivos mais amplos do que o domínio das técnicas ou táticas de uma 
modalidade exclusiva. Seus objetivos são expressos em documentos oficiais, 
que, entre outras orientações, estabelecem dez competências específicas:
1. Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos 
com a organização da vida coletiva e individual.
2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as 
possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver 
no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
3. Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização das práticas 
corporais e os processos de saúde/doença, inclusive no contexto das ati-
vidades laborais.
4. Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza 
e estética corporal, analisando, criticamente, os modelos disseminados na 
mídia e discutir posturas consumistas e preconceituosas.
5. Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus 
efeitos e combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas 
corporais e aos seus participantes.
6. Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos 
às diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam.
7. Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da 
identidade cultural dos povos e grupos.
8. Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para potencializar 
o envolvimento em contextos de lazer, ampliar as redes de sociabilidade e a 
promoção da saúde.
9. Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, pro-
pondo e produzindo alternativas para sua realização no contexto comunitário.
10. Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, 
danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando 
o trabalho coletivo e o protagonismo (BRASIL, 2017, p. 221, grifo nosso).
17Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal
É importante destacar que o futebol e o futsal não representam uma obri-
gatoriedade de ensino. Como conteúdo, os direitos de aprendizagem dos estu-
dantes são os esportes, as danças, as práticas corporais de aventura, as lutas, 
as ginásticas, os jogos e as brincadeiras, sem que isso delimite qual esporte 
(ou qual dança, luta, etc.) fará parte do acervo de objetos de conhecimento 
a serem desenvolvidos. No entanto, a seleção de conteúdos deve obedecer à 
cultura vivida pelos estudantes. O futebol e o futsal, por integrarem a cultura 
de grande parte dos brasileiros, tornam-se objetos de conhecimentos a serem 
ensinados na maioria das instituições de ensino (BETTI, 2007). 
Os esportes de invasão, categoria de modalidades na qual se incluem o futebol e 
o futsal, são um direito de aprendizagem de todo estudante. A abordagem desse 
objeto de conhecimento está prevista entre o 3º e o 9º ano do Ensino Fundamental 
e consta na Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017), documento normativo 
que determina o currículo de todas as instituições de ensino brasileiras. 
Nas perspectivas da Educação Física escolar, podemos reconhecer que 
as práticas corporais devem oportunizar diferentes possibilidades de experi-
mentar, fruir e expressar as diferentes culturas, das quais o futebol e o futsal 
são exemplos,isto é, as inclusões desses dois esportes tornam possíveis não 
somente a sua prática, mas também o acesso aos conhecimentos inerentes a 
eles, seja como prática corporal, seja como esporte espetacularizado no século 
XX, seja como influência europeia em nosso território ou, ainda, como forma 
de ressignificação de práticas corporais (o futsal é um exemplo clássico).
Em relação aos processos de ensino-aprendizagem do futebol e do futsal, os 
gestos motores, os fundamentos técnicos e táticos específicos das modalidades 
devem ser experimentados pelos estudantes. Da mesma forma, a vivência em 
jogos competitivos ou campeonatos estudantis pode fazer parte do acervo de 
experiências. No entanto, a ênfase da abordagem esportivista dessas duas 
modalidades não se fundamenta em produzir indivíduos capazes de executar 
a técnica com perfeição. 
A perspectiva do futebol e do futsal no ambiente escolar é a de criar 
possibilidades para que todos os alunos experimentem o jogo de futebol e de 
futsal, assim como seus elementos, respeitando as formas de desenvolvimento 
Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal18
e o desempenho individual e valorizando os aspectos coletivos que o esporte 
pode proporcionar. Além disso, ser desenvolvido de modo que o conhecimento 
a ser ensinado seja contextualizado com as expectativas que os alunos trazem 
consigo e que foram constituídas historicamente. Quer dizer, o futebol e o 
futsal, além das perspectivas procedimentais (saber fazer), deve relacionar os 
conteúdos conceituais (saber) e os atitudinais (saber ser). 
Cabe destacar, ainda, que se deve desenvolver o currículo escolar com todos 
os alunos. Frequentemente, nas escolas, alguns estudantes não têm interesse 
em desenvolver determinados objetos de conhecimento. No caso do futebol e 
do futsal, é comum que estejam bastante relacionados aos meninos e restritos 
às meninas. Quanto a isso, o papel do professor passa a ser tematizar tais 
relações, problematizando a influência de determinados esportes na cultura 
que os alunos partilham e motivar os estudantes a se engajarem em uma prá-
tica que pode ser desconhecida, permitindo que a experienciem e a recriem.
Futebol e futsal nos clube e nas escolinhas esportivas
Se, por um lado, as instituições de ensino formal são um espaço em que todas 
as crianças e adolescentes passam (ou deveriam passar), nos clubes e nas 
escolinhas esportivas o acesso é mais restrito. E, a partir dessa diferenciação 
de acesso à prática, podemos elencar que os objetivos dos praticantes não 
são os mesmos. 
Nas escolas, o interesse de cada indivíduo é bastante geral, ou seja, to-
dos os alunos devem estar na escola, independentemente de seus interesses 
particulares. Por exemplo, em uma aula sobre futebol, podemos encontrar 
adolescentes que não gostem dessa prática e prefiram uma aula de Biologia. 
Nos clubes, a diferenciação entre os interesses se minimiza. A princípio, 
todos os indivíduos matriculados nas modalidades de futsal ou de futebol 
têm certa familiaridade e interesse em praticar esses esportes. A exceção, 
talvez, fica por conta de quando a matrícula em tais modalidades resulta do 
interesse dos pais, que, movidos pela espetacularização do esporte, projetam 
seus filhos como futuros atletas, fatos bastante comuns no futebol e no futsal. 
A diferenciação de abordagem do futebol e do futsal nas escolinhas espor-
tivas, quando comparadas às instituições escolares, nos leva a elaborar que a 
última se baseia no desenvolvimento de atletas que, no futuro, se especializarão 
no esporte, isto é, o treinamento técnico, tático e físico visa a uma melhoria 
das competências dos jovens atletas para que consigam desfrutar do êxito 
durante algum jogo ou uma competição. 
19Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal
Seguindo esses preceitos, muitos professores acabam, de maneira exacer-
bada, enfatizando a competição para além de níveis adequados ao desenvolvi-
mento de crianças e adolescentes. Nesse sentido, Ramos e Neves (2008, p. 5) 
apontam alguns erros comuns praticados por profissionais de Educação Física 
que atuam com a iniciação esportiva:
a) investem no desenvolvimento das capacidades físicas e no controle destas 
e das variáveis antropométricas; 
b) investem no aprimoramento, em geral precoce, das habilidades técnicas 
e táticas; 
c) elegem um modelo de atleta ideal a ser perseguido; 
d) investem na seleção de crianças que atendam às exigências de um modelo 
de atleta ideal e que componham as equipes menores de competição; 
e) participam de campeonatos nos quais se reproduzem estruturas de com-
petição do esporte profissional; 
f) elegem a competição como o principal referencial para avaliar as crianças.
Ainda que o futebol ou o futsal sejam desenvolvidos nos clubes, nos quais a 
ênfase compreende a prática esportiva visando à competitividade, o professor 
deve se pautar pelo fato de estar lidando com sujeitos em formação. Com 
base nesse aspecto, a prática do clube se aproxima daquela oportunizada em 
instituições escolares. Para tanto, o professor deve superar a visão de que 
o esporte trata apenas de métodos corporais para autossuperação ou para a 
superação de adversários. Mais do que isso, além do movimento humano, os 
processos de ensino-aprendizagem devem se basear nos aspectos psicológicos, 
nos princípios filosóficos e na relevância da aprendizagem social (PAES; 
BALBINO, 2005). 
No futebol e no futsal praticados em clubes, o movimento é o principal 
meio de expressão, o que evidencia a necessidade do desenvolvimento de 
competências físicas e motoras. Portanto, o profissional de Educação Física 
deve buscar oportunizar aos seus alunos experiências motoras diversas, pos-
sibilitando o desenvolvimento das capacidades físicas, como agilidade, força, 
coordenação e resistência. 
O aspecto psicológico faz referência ao estabelecimento de um ambiente 
capaz de contribuir para o reconhecimento da identidade e o estímulo do mundo 
interno de cada indivíduo. A autoestima e a liderança se tornam mais evidentes 
nesses processos, uma vez que o jogo deve proporcionar o reconhecimento de 
suas próprias habilidades e o estímulo mútuo. O professor deve sempre valorizar 
o empenho dos indivíduos na tentativa de realizar as atividades propostas. No 
clube, são recorrentes as situações de insucesso durante os jogos e torneios. 
Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal20
O professor precisa buscar que seus alunos compreendam que os resultados 
negativos também fazem parte do processo de formação esportiva. 
O professor também deve pautar a construção de princípios filosóficos 
com seus alunos. Em qualquer espaço formativo, o futebol e o futsal buscam o 
desenvolvimento integral dos sujeitos que os pratica, e não somente os aspec-
tos físicos e motores. O objetivo da prática deve sempre ser a aprendizagem, 
com base no respeito pelos demais companheiros e adversários, ainda que as 
diferenças entre desempenho sejam significativas (GRECO, 2005). 
O esporte é uma representação da vida, na qual os valores, os costumes e o 
comportamento se mostram com maior evidência. Nesse sentido, a aprendiza-
gem social dos esportes deve promover momentos de expressão e convivência 
diversas, mediadas pelo profissional de Educação Física, capaz de apresentar 
os modos adequados de expressá-las. 
Métodos de ensino do futebol e do futsal
Como discutimos, tanto na escola quanto em clubes e escolinhas esportivas, o 
ensino da técnica e da tática é essencial à prática das modalidades do futebol 
e do futsal. Existem diferentes modelos de ensino-aprendizagem aplicados à 
modalidade esportiva, os quais, de maneira ampla, buscam adequar a matéria 
às necessidades e características de cada aluno. Entre as formas de abordar o 
ensino do esporte, estão o formato analítico-sintético, o modelo situacional e 
o modelo misto (GRECO, 2001; SANTINI; VOSER, 2008). 
O modelo analítico-sintético busca estabelecer a aprendizagem a partir do 
domínio de cada um dos elementosque integram o jogo. As atividades nesse 
modelo se baseiam na decomposição de gestos motores, como realizar uma 
atividade voltada ao chute ou uma atividade voltada à condução. A ideia prin-
cipal é de que o domínio motor se efetive e evolua em nível de complexidade 
gradual, até a experiência que demanda as inúmeras exigências técnicas que 
formam o jogo. Assim, diversas habilidades motoras e gestos técnicos podem 
estar presentes em uma mesma atividade. No entanto, o foco da aprendizagem 
se torna o domínio técnico a partir da repetição, até que se automatizem os 
movimentos. 
Frequentemente, tal modelo de aprendizagem é empregado com os indiví-
duos iniciantes no esporte e cujo domínio técnico ainda não é eficiente para 
enfrentar as situações de um jogo. Dessa forma, as atividades específicas para 
a aprendizagem de técnicas individuais, como o passe, o chute, o cabeceio, a 
condução, o drible e os lançamentos, requerem esse modelo de aprendizagem. 
Como principal benefício desse método, enfatiza-se a repetição dos movi-
21Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal
mentos e isola-se um gesto técnico isolado, possibilitando que o profissional 
identifique de maneira mais eficaz os erros cometidos em cada um dos gestos 
técnicos de seus alunos. No entanto, por não enfatizar as situações de jogo, 
as aprendizagens táticas, como movimentar-se conforme a posição dos co-
legas, os contatos físicos com outros jogadores e as trajetórias imprevisíveis 
de colegas adversários e a bola, podem atrasar (MENEZES; MARQUES; 
NUNOMURA, 2014). 
O modelo situacional se baseia na vivência dos gestos técnicos em mi-
nijogos, com elementos que se aproximam do jogo formal. Por exemplo, ao 
fomentar a aprendizagem do passe, é possível estabelecer jogos entre duas 
equipes cujo objetivo é realizar determinados números de passes entre as 
equipes. Nesse formato, além do gesto técnico do passe, podemos perceber 
que outros elementos estão presentes, como o deslocamento com a bola, o 
deslocamento sem a bola, a marcação, entre outros jogos que simulam as 
situações de um jogo em sua estrutura formal. 
Por sua maior complexidade, esse modelo acaba sendo voltado para indi-
víduos que já apresentam movimentos básicos automatizados, já que aqueles 
que ainda não o dominam têm maiores dificuldades em participar de jogadas 
mais complexas. Como principal benefício, baseia-se nas situações do jogo, 
fomentando os aspectos táticos. Contudo, por requerer grandes movimenta-
ções e pela imprevisibilidade do número de vezes que cada jogador executará 
determinado gesso motor, as aprendizagens dos elementos técnicos podem 
ficar prejudicadas. Além disso, o profissional necessita de maior atenção para 
identificar aqueles jogadores que apresentam defasagem em seu rendimento, 
já que a aprendizagem é mais dinâmica, na qual os jogadores executam inde-
terminados números e tipos de gestos técnicos das modalidades (MENEZES; 
MARQUES; NUNOMURA, 2014). 
Um terceiro modelo, como apontado por Xavier (1986), consiste em 
uma metodologia mista, na qual os aspectos técnicos são desenvolvidos 
com a aprendizagem tática buscando, em uma mesma aula, atividades e 
exercícios que enfatizem a aprendizagem técnica e atividades e exercícios 
com foco nos aprendizados táticos. Evidentemente, este formato apresenta 
o benefício de desenvolver aspectos técnicos e táticos. No entanto, ao 
pensarmos que as sessões semanais se reduzem a poucas horas, o tempo 
limitado pode não fomentar o aprendizado tal como ocorreria com outra 
ênfase metodológica. 
Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal22
Grande parte da literatura sugere que as modalidades esportivas sejam ensinadas 
a partir dos 9 anos de idade, quando as habilidades motoras e cognitivas já estão 
bastante desenvolvidas, possibilitando a sua prática. No entanto, os elementos que 
constituem as atividades competitivas podem ser inseridos antes na vida de crianças, 
sendo avançados gradualmente. A estrutura de desenvolvimento a seguir mostra um 
exemplo de desenvolvimento que pode orientar o profissional de Educação Física.
6 a 8 anos — nessa fase, deve ser abordada a aprendizagem esportiva global, 
como arremessar, lançar, correr, pular, saltar e andar, ações presentes em diferentes 
modalidades esportivas. Nessa faixa etária, as atividades não devem ter um rigor de 
treinamento, mas partir de vivências lúdicas e situações em que as crianças demonstrem 
o prazer em realizar. Assim, pode-se enfatizar um método com abordagem global, já 
que atividades repetitivas podem se tornar monótonas. 
9 a 11 anos — essa fase é considerada a de desenvolvimento e fixação dos aspectos 
técnicos do futebol e do futsal. O professor deve buscar melhorar o desempenho 
de gestos motores elementares do futebol e do futsal, como passes, lançamentos, 
chutes, condução e dribles. Nessa fase, é importante a vivência de posições em campo, 
buscando oportunizar a experiência em diferentes funções. Como a competitividade 
aumenta, o nível de exigência técnica tende a ser maior, exigindo a perfeição na 
execução dos fundamentos técnicos. Assim, o modelo analítico sintético pode ser 
eficiente para automatizar os movimentos. 
Após os 11 anos de idade — nessa fase, os gestos técnicos são exigidos com maior 
intensidade e as situações de competição podem ser enfatizadas com elementos mais 
complexos, reestruturando os processos cognitivos, ampliando gradativamente a 
exigência das funções em campo. Nesse sentido, uma abordagem situacional, sem que 
se despreze a ênfase nos aspectos técnicos, que devem continuar se desenvolvendo, 
pode ser a mais indicada na metodologia dos treinamentos. 
Dessa forma, o esporte no clube e nas instituições escolares têm caracterís-
ticas em comum, ou seja, ambas as propostas devem buscar o desenvolvimento 
dos sujeitos em suas diversas dimensões — físicas, sociais, afetivas, motoras 
ou cognitivas. As duas devem procurar não somente a prática em si, mas 
também o desenvolvimento de valores e comportamentos que formarão a 
bagagem necessária para a vida em sociedade, lançando mão de métodos de 
ensino condizentes com o desenvolvimento e a fase da vida dos estudantes. 
Apesar disso, o objetivo do ensino do futsal e do futebol nas instituições 
escolares é o de contextualizar tais práticas como manifestações construídas 
social e culturalmente. Já nos clubes e nas escolinhas esportivas, o objetivo 
centra-se na prática das modalidades esportivas e nos aspectos produzidos 
nas relações entre o sucesso e o insucesso que tanto o futebol quanto o futsal 
23Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal
proporcionam. Independentemente da proposta de abordagem, o profissional 
de Educação Física deve agir criteriosamente, elaborando planejamentos 
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25Métodos de ensino aplicados ao futebol e ao futsal

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