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Processos pedagógicos nos esportes coletivos

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PEDAGOGIA 
DO ESPORTE 
Juliano Vieira da Silva
Processos pedagógicos 
nos esportes coletivos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Discutir a natureza dos esportes coletivos.
 � Descrever a metodologia do ensino-aprendizagem nos esportes 
coletivos.
 � Reconhecer o papel dos esportes coletivos na investigação da cultura 
corporal do movimento.
Introdução
Fenômeno que faz parte do cotidiano de várias civilizações, o esporte é 
um dos conteúdos básicos das aulas de educação física. Nesta disciplina, 
ele é um dos temas favoritos, com destaque para as modalidades coletivas, 
que envolvem grandes grupos, trazendo o benefício do exercício físico 
e promovendo ensinamentos que vão além dos campos e das quadras.
Assim, os esportes coletivos exercem um papel importante como 
expressão cultural para os praticantes. Entretanto, para que isso ocorra, 
são necessárias metodologias adequadas que valorizem todo o potencial 
que essas modalidades esportivas desenvolvem nas pessoas que estão 
envolvidas em sua prática.
Neste capítulo, você conhecerá a natureza dos esportes coletivos, bem 
como a metodologia de ensino-aprendizagem utilizada nesses esportes. 
Além disso, conhecerá o papel dos esportes coletivos na investigação da 
cultura corporal do movimento.
Natureza dos esportes coletivos 
Ao falar em esporte, naturalmente, pensa-se em diversão, bem-estar, intera-
ção, alegria ou disputa entre atletas ou praticantes. Os esportes que possuem 
equipes disputando entre si são chamados de esportes coletivos. Teodorescu 
conceitua esporte coletivo da seguinte forma:
O jogo desportivo coletivo representa uma forma de atividade social or-
ganizada, uma forma específica de manifestação e de prática, com caráter 
lúdico e processual, do exercício físico, na qual os participantes (jogadores) 
estão agrupados em duas equipes numa relação de adversidade típica não 
hostil (rivalidade desportiva), relação determinada pela disputa através da 
luta com vista à obtenção da vitória desportiva, com a ajuda da bola (ou de 
outro objeto de jogo), manobrada de acordo com regras pré-estabelecidas 
(TEODORESCU, 1984, p. 23).
Em consonância com essas palavras, Garganta (1998) aponta que, além 
do duelo entre duas equipes que realizam a disputam, estas se movimentam 
de forma muito particular, alternando-se em situações ora de ataque, ora de 
defesa, sendo essas movimentações vitais na busca para atingir o objetivo 
da vitória.
Bayer (1986 apud OLIVEIRA, 2015) sublinha que as modalidades es-
portivas coletivas apresentam características bastante próprias, tais como: 
um objeto esférico (geralmente a bola), que é lançado pelos jogadores do 
mesmo time em busca do objetivo, que é marcar o gol ou o ponto; um terreno 
delimitado (onde ocorre o jogo); uma meta, em que se ataca ou se defende 
(p. ex., uma baliza ou uma cesta); companheiros de equipe, que impulsio-
nam o jogo de ataque; adversários que há de se vencer; e regras que devem 
ser respeitadas. A Figura 1 apresenta um exemplo de esporte coletivo que 
abrange essas características. 
Processos pedagógicos nos esportes coletivos2
Figura 1. Polo aquático é uma das modalidades coletivas. 
Fonte: luca85/Shutterstock.com.
Além das características citadas, Greco (1995 apud CASAGRANDE, 2012) 
destaca que os esportes coletivos também apresentam como elementos de sua 
natureza a imprevisibilidade das ações, a presença do público, as situações — 
pois as ações dos atletas se modificam conforme a situação/ambiente em que 
está ocorrendo a disputa — e a cooperação, que deve ocorrer entre membros 
de uma equipe para que se obtenha sucesso.
Como exemplos de esportes coletivos, destacam-se: futebol, futsal, voleibol, basque-
tebol, handebol, corridas de revezamento, provas por equipes das ginásticas artística 
e rítmica e da natação, futebol americano e polo aquático.
3Processos pedagógicos nos esportes coletivos
Existem três elementos importantes para o sucesso de uma equipe de 
esporte coletivo: estratégia, técnica e tática. Por estratégia, entende-se o plano 
teórico de uma equipe, que pode ser a curto, médio ou longo prazo, definido 
conforme os campeonatos disputados, os adversários e os recursos disponíveis. 
Em suma, a estratégia seria o planejamento do todo de uma equipe. Além 
disso, pode ser pensada para uma partida, conforme o adversário (SILVA; 
ROSE JUNIOR, 2005).
A tática, por sua vez, é um elemento essencial, pois é ela que definirá como 
uma equipe irá se portar durante o jogo ou parte dele. Assim, envolve os siste-
mas e o que os jogadores terão de fazer para suplantar os pontos fortes e tirar 
proveito dos pontos fracos do adversário. Em suma, sua função é colocar em 
prática a estratégia para aquela partida. A tática é um instrumento importante, 
e, durante um jogo, a equipe pode ter várias posturas táticas, conforme as 
situações ocorridas. Pode ser dividida em: tática individual, grupal ou coletiva 
(SILVA; ROSE JUNIOR, 2005).
A tática individual envolve apenas um jogador e as tarefas que ele deve realizar. 
Embora seja individual, em um esporte coletivo, toda e qualquer ação de um colega 
ou adversário traz consequências para os demais. A tática grupal, por sua vez, envolve 
mais de um jogador, não sendo feita pelo todo. Como exemplo, pense em um jogo de 
basquete em que, dos cinco jogadores, três ficam incumbidos de marcar sob pressão, 
e dois, mais recuados. São táticas grupais diferentes. Por fim, tática coletiva é aquela 
que envolve todos os atletas, ou seja, todos têm de cumprir a mesma função, como, 
por exemplo, marcar por zona.
Outro elemento importante no esporte coletivo é a técnica, que envolve a 
execução de movimentos que visam a dar sequência aos jogos. É considerada 
como os fundamentos de um jogo, como, por exemplo, o saque e o bloqueio no 
voleibol, ou o chute e o drible no futebol. Sem a técnica correta, uma equipe 
não consegue evoluir no seu objetivo: atingir a meta adversária (SILVA; ROSE 
JUNIOR, 2005).
Processos pedagógicos nos esportes coletivos4
Konzag (1991 apud SILVA; ROSE JUNIOR, 2005) sublinha que, nas 
modalidades coletivas, a técnica possui algumas particularidades, como: 
diversidade de elementos técnicos existentes, técnica individual, rápida atu-
ação dos programas de ação, de acordo com as necessidades do jogo, grande 
diferença entre velocidade de execução, execuções motoras sob a pressão 
direta e indireta do adversário, entre outras.
Cabe ressaltar, ainda, que apenas ter uma boa técnica não implica sucesso, 
pois ela não garante, necessariamente, o acesso a um jogar inteligente, uma 
vez que jogar bem implica compreender a lógica estrutural do esporte coletivo, 
que envolve outros elementos, como a tática e a estratégia, todos envoltos nas 
ações grupais (DAOLIO, 2002).
Metodologia de ensino-aprendizagem 
dos esportes coletivos
Como visto, os esportes coletivos possuem características únicas, e, com isso, 
pode-se afirmar que toda metodologia empregada para o seu ensino deve ser 
baseada nas etapas já descritas. Desse modo, Oliveira (2015, p. 11) afirma 
que “as atividades a serem realizadas devem ser adaptadas aos alunos e as 
situações que podem ocorrer, assim fortalecendo a aprendizagem construtiva 
na percepção esportiva dos alunos, mas adequando a metodologia de ensino 
e aprendizagem”.
Casagrande (2012) aponta que um dos primeiros passos para o ensino desses 
esportes é o reconhecimento das bagagens sociais e culturais, ou seja, das 
experiências que os alunos já detêm sobre determinado esporte, o que facilita 
a troca de informações, além de aumentar a motivação para a prática. Além 
disso, o conhecimento prévio do aluno permite que o professor não precise 
começar do “zero”, podendo utilizar situações que o aluno já compreende.
Contudo, esse conhecimento não necessita, obrigatoriamente, ser sobre o 
esporte que o professor irá ensinar em questão, pois muitos alunos realizam 
a chamada “transferência de aprendizagem”. Por exemplo,um praticante de 
handebol, ao entrar em contato com o basquete, utilizará elementos do pri-
meiro esporte no segundo, pois há estruturas semelhantes em ambos, como 
cooperação entre a equipe e fundamentos técnicos e táticos.
5Processos pedagógicos nos esportes coletivos
Sobre a iniciação esportiva, Bompa cita que o professor deve começar 
pelas chamadas atividades de base:
O professor ou treinador deve elaborar atividades que desenvolvam habilidades 
multilaterais, como corrida, saltos, movimentos de arremessar, chutar, rebater 
e rolar, pois, essas habilidades motoras fundamentais servirão de alicerce para 
que as crianças tenham sucesso na aprendizagem de habilidades específicas 
ou esportivas. Assim executando o jogo com uma melhor performance. É 
importante ressaltar que um bom desenvolvimento das habilidades motoras 
fundamentais se torna importante para que a criança adquira um repertório 
motor satisfatório e adequado para facilitar o aprendizado futuro de apren-
dizagens mais complexas (BOMPA, 2002 apud OLIVEIRA, 2015, p. 11).
Após o desenvolvimento dessas ações, Garganta (2000, p. 55) enfatiza que é 
preciso que as competências ensinadas transcendam “a execução propriamente 
dita e se centrem na assimilação de ações e princípios do jogo”. Logo, o profes-
sor deve dar ênfase à ação de jogar, criando atividades que sejam fidedignas 
ao jogo, as quais criarão e automatizarão uma série de situações e vivências 
motoras, facilitando e agilizando a tomada de decisões e as ações motoras.
Com isso, observa-se que a abordagem tradicional de ensino envolve as 
simples ações mecânicas de repetir os fundamentos técnicos de determinando 
esporte (geralmente divididas em fragmentos por meio do método analítico-
-parcial). No entanto, essas ações estão distantes da realidade do jogo, pois 
não permitem uma leitura da dinâmica do esporte, tampouco uma reflexão 
crítica sobre suas ações, dificultando que o aluno crie situações e as resolva 
durante uma jogada na partida.
Os métodos tradicionais de ensino para esportes coletivos possuem três grandes 
vertentes: o método analítico-parcial (que ensina por meio da repetição do exercício; 
ou seja, o esporte é ensinado em partes), o método global-funcional (que ensina por 
meio do jogo com pouca fundamentação técnica) e o método misto (uma unificação 
dos dois métodos anteriores).
Processos pedagógicos nos esportes coletivos6
Casagrande (2012) aponta que não há um método melhor, mas sim aquele 
mais apropriado para a faixa etária e as características do grupo. Os métodos 
atuais têm buscado elucidar o papel do aluno no processo de ensino-aprendi-
zagem e como ele ocorre dentro de um contexto de jogo. Esses métodos são 
chamados de ativos, pois levam em consideração o interesse do aluno. Saad 
esclarece a diferença entre esses métodos:
De uma parte, os métodos tradicionais ou métodos didáticos baseiam-se nos 
princípios da simplicidade, da análise e da progressividade (decompõe-se 
em elementos a matéria a ensinar). Há dois processos fundamentais que 
participam a toda aquisição: a memorização e a repetição que permitem 
aplicar sobre a criança o rigor do adulto. De outra parte, há os métodos ati-
vos, que levam em conta os interesses presentes da criança e que solicitam 
a partir de situações vividas, a iniciativa, a imaginação e a reflexão pessoal 
para favorecer a aquisição de um saber adaptado (SAAD, 2002, p. 29 apud 
CASAGRANDE, 2012, p. 42).
Greco (1998) aponta como exemplo de metodologia ativa os métodos 
situacionais, nos quais se utiliza jogos que representam situações reais, com 
problemas táticos próximos ou iguais aos que podem ocorrer durante uma 
partida. Como exemplo de metodologia ativa, pode-se citar três exemplos: os 
jogos táticos, o método pendular e os jogos condicionados.
Os jogos táticos envolvem o uso de habilidades motoras e de aprendizagem 
tática no contexto de um jogo, junto a um problema tático associado (CASA-
GRANDE, 2012). Nesse modelo, os exercícios são realizados junto ao jogo, 
para que o aluno contextualize a aplicação prática às habilidades motoras 
treinadas. Já nos jogos táticos, o professor dá um problema tático ao aluno 
(p. ex., como um atleta ajudaria o colega sem a posse da bola), seguido da 
vivência (jogo), dos questionamentos (reflexões acerca do problema tático, 
se foi solucionado e feedback para a resolução) e, por fim, da volta ao jogo 
para correções e continuidade. Por fim, os jogos condicionados (Figura 2) 
buscam enfatizar o aprendizado da tática e da técnica concomitantemente ao 
princípio de jogar para aprender, focando no processo de tomada de decisões 
(CASAGRANDE, 2012). Esse método também é chamado de jogos reduzidos, 
pois diminui o número de atletas praticantes e o espaço da prática, além de 
ter maior flexibilidade das regras para que o jogo ocorra. 
7Processos pedagógicos nos esportes coletivos
No entanto, os professores devem preocupar-se em manter os objetivos 
do jogo e os elementos estruturais essenciais do esporte formal. Além disso, 
esses jogos devem ser diversificados, propiciando situações diferentes, com 
tomada de decisões constantes.
Os Jogos Condicionados utilizados como forma de treinamento, através de 
conceitos, princípios teórico-práticos e processos pedagógicos da estratégia, 
visam desenvolver uma consciência nos atletas de todos os aspectos de en-
tendimento do jogo. Na busca desta conscientização, as ações táticas devem 
ser realizadas de formas variadas, dentro de uma situação real de jogo, para 
que os atletas entendam e conheçam o jogo, obtendo uma melhor leitura do 
mesmo (OLIVEIRA; NOGUEIRA; GONZALEZ, 2010, p. 7 apud CASA-
GRANDE, 2012, p. 58).
Figura 2. Jogos condicionados durante treino da seleção brasileira masculina de futebol. 
Fonte: Seleção... (2016, documento on-line).
O modelo pendular, proposto por Daolio (2002), possui três elementos 
fundamentais: os princípios operacionais (de ataque e defesa), as regras de ação 
(necessárias para alcançar os princípios operacionais, como ações individuais 
e coletivas) e, na base do pêndulo, os gestos técnicos, que são o “modo de 
fazer” o jogo. 
Processos pedagógicos nos esportes coletivos8
Para conhecer um pouco mais sobre o modelo pendular e a sua importância para o 
ensino dos esportes coletivos, leia o artigo “Jogos esportivos coletivos: dos princípios 
operacionais aos gestos técnicos — modelo pendular a partir das idéias de Claude 
Bayer”, disponível no link a seguir.
https://qrgo.page.link/azoWq
Freire e Scaglia (2003) apontam que essa metodologia ajuda o professor a 
criar condições favoráveis e facilitadoras para aprendizagens significativas. 
Para isso, no entanto, é preciso ter objetivos previamente definidos, aliados 
ao ambiente do jogo, satisfazendo às necessidades do jogador com situações 
que o absorvam inteiramente. 
Sendo assim, o jogo aplicado, no ensino das modalidades coletivas, deve 
estar associado ao planejamento de ensino e a um objetivo pedagógico, caracte-
rizando, assim, o que se denomina um ambiente de aprendizagem significativo 
(SCAGLIA; REVERDITO; GALATTI, 2013). Todavia, a metodologia, para 
ser eficaz, precisa manter as características do jogo, como imprevisibilidade 
e desafios para as soluções de problemas.
Esportes coletivos e a cultura corporal de 
movimento
Antes de abordar a cultura corporal de movimento, faz-se necessário atentar 
para o fato de que o conceito de cultura é vasto e, na visão abordada neste 
capítulo, se refere à forma de hábitos e práticas, o que Geertz (1989) define 
como algo significativo transmitido historicamente que atua como símbolo 
para as mais variadas gerações. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) 
definem cultura da seguinte forma:
A cultura é o conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis pelo grupo: neles 
o indivíduo é formado desde o momento da sua concepção; nesses mesmos 
códigos, durante a sua infância, aprende os valores do grupo; por eles é mais 
tarde introduzido nas obrigações da vida adulta, da maneiracomo cada grupo 
social as concebe (BRASIL, 1998, p. 23).
9Processos pedagógicos nos esportes coletivos
Nesse contexto, tem-se o conceito de cultura corporal do movimento, que, 
segundo os PCNs, fez o ser humano buscar movimentos mais eficazes tanto para 
a sua sobrevivência quanto para questões lúdicas. Dentre esses movimentos, 
alguns foram incorporadas pela educação física para as práticas da cultura 
corporal, tais como: ginástica, lutas, dança, jogo e esporte. Alexandre, Kofahl 
e Santana (2009, documento on-line) sublinham que:
A cultura corporal enquanto fenômeno educativo vai relacionar os valores 
e finalidades que se visualizam na Educação Física, onde os objetivos dela 
se orientarão não diretamente para o corpo, mas indiretamente, por meio 
da ação sobre a personalidade (os motivos, as atitudes, o comportamento, 
intelecto, vontade e emoção). Assim formaremos cidadãos mais críticos que 
vão usufruir, partilhar, produzir, reproduzir e transformar as formas culturais 
da atividade física.
Portanto, percebe-se que o esporte é um fenômeno sociocultural que está 
presente na vida do homem, manifestando-se nas mais variadas formas, sendo 
uma delas a partir dos esportes coletivos, como prática, lazer, entretenimento 
e diversão. 
Entre os conteúdos trabalhados nas aulas de educação física, os esportes 
(principalmente os coletivos) são os mais desenvolvidos. No entanto, faz-se 
necessário que esse conteúdo não fique distante da realidade, mas sim que 
ajude o aluno a compreendê-la, de modo que essa abordagem deve ser crítica, 
contextualizada e com significado. 
Partindo-se desse princípio, o aluno não deve só aprender os movimentos 
do esporte enquanto um sujeito histórico, mas sim compreendê-lo em múltiplas 
formas, como a mídia e a cultura. Como exemplos, destaca-se o futebol ameri-
cano, que está em alta como conteúdo midiático devido à espetacularização do 
jogo, principalmente no “Super Bowl”. Ao utilizar esse esporte coletivo como 
elemento da cultura corporal, o professor trabalhará suas regras, o fundamento, 
o jogo pré-desportivo, mas também proporá uma discussão sobre o esporte 
como forma de espetáculo, podendo indagar se os alunos o conhecem e, se 
sim, por qual meio midiático. Para associá-lo à realidade, basta buscar alguma 
prática vivenciada pelos alunos que seja parecida com essa modalidade (por 
ser um esporte considerado de invasão, pode-se associá-lo com o handebol ou 
o basquete, que também se jogam com as mãos e têm a mesma característica 
progressiva de tentar ocupar o lado de defesa adversária) e apontar quais seriam 
as diferenças entre ambas. Além disso, o professor pode permitir que o aluno 
desenvolva sobre o jogo, criando novas regras adequadas à sua realidade.
Processos pedagógicos nos esportes coletivos10
Assim como o exemplo dado, outras modalidades esportivas coletivas 
também podem ser utilizadas como ponto de partida para a análise cultural, 
como o futebol, o vôlei e o basquete, bem como suas transformações ao longo 
do tempo, desde regras, equipamentos até a forma de jogar, o espaçamento na 
mídia e as influências nas comunidades.
Outro importante papel que os esportes coletivos trazem são benfeitorias 
sociais, motoras, afetivas, psicológicas e possibilidades de expressão a partir 
de sua prática. Daolio (2002) aponta que o ensino dos esportes coletivos 
só traz benefícios aos que os praticam. Além de bem-estar, socialização, 
companheirismo e respeito aos adversários, o esporte coletivo colabora com 
a formação de alunos inteligentes, cooperativos e autônomos, capazes de 
escolher a modalidade esportiva que irão praticar em seus momentos de lazer 
durante a vida e aptos a participar de diferentes modalidades esportivas, uma 
vez que possuem os princípios básicos do esporte coletivo (PAES, 2001 apud 
OLIVEIRA, 2015). Desse modo,
Os esportes coletivos são um excelente meio para formação de cidadãos, um 
grande elemento da cultura de nosso país, visto os excelentes benefícios que 
essa prática desenvolve, gerando uma vida mais sadia e provida de objetivos 
claros. Na maioria dos locais onde a prática esportiva se faz constantes, 
principalmente nas escolas, o ensino está baseado em uma prática desprovida 
de diferenças, ou seja, uma atividade com um fim voltada para coletividade 
(PAES, 2001 apud OLIVEIRA, 2015, p. 13).
Corroborando essa afirmação, Coutinho e Silva (2009) afirmam que os 
esportes coletivos exercitam o corpo e a mente, auxiliando o aluno de forma 
integral, inclusive nos meios acadêmicos e nas questões disciplinares, por 
meio de uma maior interação com os colegas.
Valendo-se das ideias de Galatti e Paes (2006), Oliveira (2015) aponta que 
os esportes coletivos desenvolvem a parte afetiva do praticante, proporcionando 
ao aluno noções de coletividade, companheirismo, relacionamento com joga-
dores da equipe e com adversários e, principalmente, habilidade individual 
mais útil, quando aplicada em benefício do coletivo. Uma prática constante 
dessas modalidades também trará melhorias nos aspectos motores, tornando 
os movimentos mais eficientes e padronizados. Além disso, as questões táticas 
desenvolvem o lado cognitivo do praticante, devido à tomada de decisões 
inerente ao jogo, uma vez que os esportes coletivos trabalham a partir da ideia 
de resoluções de problemas ao longo da partida.
11Processos pedagógicos nos esportes coletivos
ALEXANDRE, A.; KOFAHL, A.; SANTANA, B. Esportes coletivos na perspectiva da cultura 
corporal: uma proposta pedagógica. Lecturas: Educación Física y Deportes, Buenos Aires, 
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2012. Disponível em: http://bdtd.uftm.edu.br/handle/tede/93. Acesso em: 5 jan. 2020.
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Processospedagógicos nos esportes coletivos12
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
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Leitura recomendada
TUBINO, M. J. G. Dimensões sociais do esporte. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2011. 96 p. (Ques-
tões da nossa época, 25).
13Processos pedagógicos nos esportes coletivos

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