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TREINAMENTO APLICADO

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TREINAMENTO APLICADO 
AOS ESPORTES COLETIVOS
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Antônio José Muller
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Profa. Cláudia Regina Pinto Michelli
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli
 Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa
 Prof. Ivan Tesck
Revisão de Conteúdo: Márcio Moisés Selhorst
Revisão Gramatical: Iara de Oliveira
Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2016
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
796.4077
M958t Muller, Antônio José
Treinamento aplicado aos esportes coletivos / Antônio 
José Muller. Indaial : UNIASSELVI, 2016.
 
182 p. : il.
ISBN 978-85-69910-23-7
1. Esportes Ensinamentos.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
Antônio José Muller
Professor de Pós-graduação do Mestrado 
em Educação e na Graduação e de nas áreas 
da Educação Física e Educação. Experiência 
como jogador e treinador de voleibol no Brasil, 
EUA e Arábia Saudita. Doutor em Educação pela 
University of Texas at El Paso, Especialista em 
Treinamento Desportivo - Voleibol pela UNIG 
(Universidade de Nova Iguaçu - RJ) e graduado 
em Educação Física pela FURB (Universidade 
Regional de Blumenau).
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTULO 1
Esportes Coletivos: Conceitos e
Princípios Aplicados ..............................................................9
CAPÍTULO 2
O Funcionamento do Treinamento
dos Esportes Coletivos ......................................................43
CAPÍTULO 3
A Preparação Física, Técnica, Tática e
Psicológica dos Esportes Coletivos .................................77
CAPÍTULO 4
Modelos de Organização e Treinamento das
Modalidades Coletivas: Basquetebol, Futebol,
Futsal, Handebol e Voleibol..............................................113
APRESENTAÇÃO
Caros Pós-Graduando(as),
O esporte talvez seja a maior das invenções humanas. Em nenhuma outra 
atividade homens e mulheres, de qualquer nível social, raça, credo ou localização 
geográfica, podem desfrutar dos benefícios físicos, lúdicos ou sociais que o esporte 
proporciona. Pelo menos em sua essência o esporte é puro, no qual todos os 
praticantes devem respeitar as mesmas normas e regras e têm o direito e a condição 
de participar, até mesmo os considerados especiais. O esporte promove a inclusão, 
desenvolve o espírito de equipe, a superação dos limites, além da condição de 
ascensão social de pessoas desprivilegiadas ou com pouca oportunidade em outras 
áreas humanas. 
 O esporte movimenta um trilhão de dólares por ano no mundo todo. Os 
grandes atletas são respeitados, admirados pelo público e explorados pela mídia. 
Dentro desse contexto, crianças de todo o mundo procuram o esporte como um meio 
de vida, uma condição de ascensão econômica e social, e almejam atingir o mesmo 
nível de excelência de seus ídolos. Contudo, o esporte de alto nível demanda anos 
de prática, esforço físico sobre-humano, inúmeras repetições de gestos técnicos 
específicos, além da pressão de obter resultados efetivos em uma carreira curta e 
extremamente cansativa.
 Veremos, aqui, como o treinamento deve respeitar vários princípios para que 
o resultado seja efetivo. Assim, devemos conceituar e diferenciar esses princípios. 
Viajaremos aqui nas modalidades coletivas mais populares no Brasil (Basquetebol, 
Futsal, Futebol, Handebol e Voleibol), observaremos como estas são apresentadas 
e as características com as quais poderemos distinguir, classificar e especificar cada 
uma das modalidades e suas particularidades relacionadas ao treinamento. Iremos 
discutir, ainda, as competências de um jogador em seus quatro aspectos: 1) físico; 2) 
técnico; 3) tático; e 4) psicológico, para uma formação completa e o alto rendimento.
Assim, no primeiro capítulo exibimos alguns significados da nomenclatura 
relacionada aos esportes coletivos, além de tópicos ligados ao treinamento 
desportivo. No segundo capítulo, apresentamos a importância e o funcionamento 
teórico e prático do treinamento das modalidades esportivas, bem como seus 
métodos e modelos. No terceiro capítulo, expomos as competências do jogador nos 
quatro aspectos fundamentais para a formação completa de um jogador para os 
esportes coletivos. No quarto e último capítulo, damos sugestões de treinamento para 
cada modalidade, observando suas características e particularidades, para que você 
tenha um embasamento científico na utilização e aplicação prática de sua função de 
treinador, respeitando as características de sua equipe e do esporte. 
O autor.
CAPÍTULO 1
Esportes Coletivos: Conceitos 
e Princípios Aplicados
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Compreender os conceitos e princípios aplicados aos esportes coletivos.
 Distinguir conceitos como aptidão esportiva, iniciação esportiva, fases do 
desenvolvimento para os esportes, especialização precoce e jogos e esportes 
coletivos.
10
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
11
Esportes Coletivos: Conceitos e
Princípios Aplicados Capítulo 1 
ConteXtualização
O esporte talvez seja a maior das invenções humanas. Em nenhuma outra 
atividade homens e mulheres, de qualquer nível social, raça, credo ou localização 
geográfi ca, podem desfrutar dos benefícios físicos, lúdicos ou sociais que o es-
porte proporciona. Pelo menos em sua essência o esporte é puro, no qual todos 
os praticantes devem respeitar as mesmas normas e regras e têm o direito e a 
condição de participar, até mesmo os considerados especiais. O esporte promove 
a inclusão, desenvolve o espírito de equipe, a superação dos limites, além da 
condição de ascensão social de pessoas desprivilegiadas ou com pouca oportuni-
dade em outras áreas humanas. 
O esporte movimenta um trilhão de dólares por ano no mundo todo. 
Os grandes atletas são respeitados, admirados pelo público e explo-
rados pela mídia. Dentro desses contexto, crianças de todo o mundo 
procuram o esporte como um meio de vida, uma condição de ascensão 
econômica e social e almejam atingir o mesmo nível de excelência de 
seus ídolos. Contudo, o esporte de alto nível demanda anos de prática, 
esforço físico sobre-humano, inúmeras repetições de gestos técnicos 
específi cos, além da pressão de obter resultados efetivos em uma car-
reira curta e extremamente cansativa. Devido à diversidade de opções 
de práticas esportivas, pais e seus fi lhos podem fi car indecisos sobre 
o que praticar, quando iniciar e quando competir. Existem pessoas as 
quais acreditam que quanto mais cedo iniciar-se no esporte, melhor. 
Este princípio não se aplica a todos, pois, ao contrário do que se imagina, o es-
porte precoce pode limitar a evolução e rendimento do atleta em categorias futu-
ras. Veremos, aqui, como o treinamento deve respeitar vários princípios para que 
o resultado seja efetivo. Assim, devemos conceituar e diferenciar estes princípios. 
Viajaremos aqui nas modalidades coletivas, como estas são apresentadas e as 
características com as quais poderemos distinguir, classifi car e especifi car cada 
uma dessas modalidades e as especifi cidades do treinamento.
Existe pessoas as quais acreditam que quanto mais cedo iniciar-
se no esporte, melhor. Porém, isso não é consenso para todos. Qual 
a sua opinião a respeito?
Nesta primeira parte do Caderno de estudos, apresentaremos algumas 
defi nições da terminologia relacionada ao treinamento e aos esportes. Conceitos 
que devem ser aprendidos para, então,seguirmos rumo ao processo posterior, 
mais complexo, no qual estes conceitos estarão aplicados aos esportes coletivos.
O esporte de alto 
nível demanda 
anos de prática, 
esforço físico sobre-
humano, inúmeras 
repetições de gestos 
técnicos específi cos, 
além da pressão 
de obter resultados 
efetivos em uma 
carreira curta e 
extremamente 
cansativa.
12
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Aptidão Esportiva Geral
Todos os anos inúmeras crianças participam dos esportes 
em caráter recreativo em praças, praias, ruas e terrenos baldios 
ou em caráter competitivo em escolas, clubes e times ao redor do 
mundo, contudo, apenas algumas atingirão alto nível ou um nível de 
competição internacional. Não raramente atletas que se destacavam 
pelo seu talento quando crianças ou adolescentes não conseguem 
na idade adulta o mesmo nível de performance que demonstrava 
nas categorias menores (BOJIKIAN, 2002). Essas contradição não é 
de fácil explicação, mas alguns fatores auxiliam no entendimento do 
fenômeno, pois interferem profundamente no processo evolutivo, como 
segue.
Os componentes da motricidade humana auxiliam os treinadores a 
perceberem a importância do desenvolvimento das habilidades motoras. 
Mas, antes, precisamos defi nir o que são capacidades/qualidades e o que são 
habilidades. Vejamos:
• Capacidades/Qualidades Físicas ou Motoras - são características 
congênitas, as quais possuímos naturalmente em maior ou menor condição 
e que são aprimoradas com o treinamento. As capacidades/qualidades 
são: ritmo, equilíbrio, coordenação motora, força, resistência, fl exibilidade, 
velocidade, agilidade e descontração.
• Habilidades Motoras - as habilidades motoras fundamentais, como: andar, 
correr, saltar, equilibrar, vitais para o nosso desenvolvimento, são adquiridas 
por meio das relações dos indivíduos com o entorno em que vivem e com as 
tarefas da vida diária. Cada movimento requer uma habilidade ou um conjunto 
de habilidades específi cas. 
Devemos perceber que existem dois tipos de habilidades motoras, relacio-
nadas com a fi nalidade do movimento. Observe quais são elas:
• Habilidades Fechadas – são determinadas essencialmente pela qualidade e 
efi ciência da execução do movimento (fi nalidade motora). Habilidade usada 
quando o movimento é realizado de forma repetida e pouco variada como 
uma corrida de 100 metros.
• Habilidades Abertas – têm fi nalidades tanto motoras quanto cognitivas, 
pois consideram a seleção de habilidades motoras em situações específi cas 
durante uma competição e, assim, podem existir várias opções para a mesma 
Não raramente 
atletas que se 
destacavam 
pelo seu talento 
quando crianças 
ou adolescentes 
não conseguem 
na idade adulta o 
mesmo nível de 
performance que 
demonstrava nas 
categorias menores 
(BOJIKIAN, 2002).
13
Esportes Coletivos: Conceitos e
Princípios Aplicados Capítulo 1 
habilidade, como, por exemplo, um saque no voleibol, realizado de diversas 
formas e habilidades. Essas habilidades estão presentes nos esportes 
coletivos nos quais existem várias técnicas de um mesmo fundamento e que 
variam ainda pela condição de momento ou ambiente. 
Atividades de Estudos:
 1) Quais são as principais diferenças entre Capacidades e 
Habilidades Motoras?
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 2) Apresente as principais diferenças entre Habilidades Fechadas 
e Habilidades Abertas?
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
É fundamental entender que cada iniciante tem um histórico que expõe 
as suas características motoras e que deve ser respeitado. A sugestão de 
equiparação entre os modelos de aprendizagem teóricos deve coincidir com 
uma prática ideal, visto que, de acordo com Freire (1994), cada conduta motora 
tem uma história a ser considerada, e o conhecimento corporal, assim como o 
intelectual, deve ser signifi cativo, ter correspondência na experiência concreta da 
criança.
A história motora proporciona, então, a formação da aptidão física geral, que, 
por sua vez, é infl uenciada por fatores biológicos e psicossociais. Esses fatores 
estão relacionados na fi gura a seguir:
14
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Figura 1 – Fatores que infl uenciam na aptidão física geral
Fonte: Baseado em Dantas (1998).
Se você quiser conhecer mais sobre aptidão física, consulte 
alguns destes livros que são referência no assunto.
DANTAS, Estelio. A prática da preparação física. 6. ed. Rio de 
Janeiro: Rocca,, 2014.
GALLAHUE, D.; OZMUN, D. L. Compreendendo o 
desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 
São Paulo: Phorte Editora, 2001.
Antes de aprender a jogar, a criança deve trabalhar as habilidades 
motoras e capacidades físicas gerais. É unânime a opinião de autores 
e bons treinadores sobre promover a iniciação desportiva por meio 
do desenvolvimento das capacidades físicas gerais para, então, focar 
em técnicas específi cas do jogo. A universalidade desportiva é atingida quando o 
trabalho é orientado para o desenvolvimento da sensomotricidade, da motricidade 
geral, e pode servir de base para um posterior treinamento das habilidades 
esportivas específi cas (técnicas) (KRÖGER, 2006). 
É unânime a opinião 
de autores e bons 
treinadores sobre 
promover a iniciação 
desportiva por meio 
do desenvolvimento 
das capacidades 
físicas gerais para, 
então, focar em 
técnicas específi cas 
do jogo.
15
Esportes Coletivos: Conceitos e
Princípios Aplicados Capítulo 1 
Como qualquer atividade humana, alguns indivíduos têm maior capacidade 
do que outros em aprender ou de apresentar rendimentos elevados. Esse fator 
podem ser explicados por meio do potencial talento ou da herança genética que 
a criança possui. É importante destacar, nesses contexto, que as capacidades 
coordenativas provavelmente não são independentes do talento e da herança, 
porém são altamente treináveis (KRÖGER, 2006). Agora que discutimos os 
conceitos da aptidão física geral, vamos continuar a discussão sobre a iniciação 
para o esporte, para a qual você deve transportar os conceitos de aptidão física, 
visando a um melhor ensinamento e evolução para as modalidades. 
A Iniciação para o Esporte 
O aprendizado dos esportes, genericamente, deve apoiar-se nos princípios 
básicos da formação do movimento e no desenvolvimento das capacidades 
físicas gerais de forma gradual e planejada. Em seu livro “Escola da Bola”, 
Kröger (2006) explica que, assim como o ABC, aprendido na escola básica para 
que posteriormente a criança seja alfabetizada, ou melhor, letrada, para o futuro 
acadêmico, acontece também no esporte, seguindo, da mesma forma, princípios 
educativos. Kröger questiona “Como deve ser a creche esportiva dos iniciantes?”; 
“Qual deve ser a forma de iniciação?” ou “Qual o caminho correto para poder 
jogar e possivelmente ter uma carreira no esporte de alto nível?”. Você consegue 
responder a estas questões? Elas são de difícil resposta, mas o próprio autor 
sugere que, na busca por tais respostas, todo o iniciante deve seguir princípios 
básicos, apoiados em três pilares, sendo eles:
A. Jogos orientados para a situação;
B. Orientação para as capacidades coordenativas;
C. Orientação para as habilidades.
Resumidamente, podemos descrever que o item A se constitui na utilização 
das experiências que os iniciantes já trazem em sua “bagagem” dos jogos e 
brincadeiras de rua, para um patamar elevado, de formarica e variada, de novas 
experiências orientadas e de movimentos diferentes, em que jogar se aprende 
jogando. No item B, o desenvolvimento das capacidades coordenativas se torna 
aspecto fundamental na universalidade esportiva e deve-se explorar possibilidades 
de incremento da sensomotricidade e da motricidade geral, que servem de base 
para o treinamento posterior das técnicas exigidas em cada esporte. No item 
C, a promoção de várias técnicas é, possivelmente, onde todas as habilidades 
esportivas passam a ser incorporadas, sem que se busque um único esporte, e 
que serve de construção de diversos movimentos (KRÖGER, 2006).
16
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Atividade de Estudo:
 1) Levando em conta o parágrafo acima, como você descreve o 
ABC da bola?
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
O treinamento e desenvolvimento exigem estratégias em longo prazo, 
objetivando a formação completa na busca do potencial máximo de performance, 
quando exigidos, especialmente em alto rendimento. Para isso, Ehret et al. 
(2002) sugerem que pontos cruciais devem ser respeitados em uma sequência 
pedagógica e fortalecidos na iniciação para o esporte, conforme você verá a 
seguir:
• Introdução de várias modalidades esportivas – O iniciante deve participar 
diariamente de atividades esportivas, organizadas ou não, em clubes, escolas 
ou mesmo em ambientes de lazer.
• Desenvolvimento das capacidades coordenativas – Exercícios de 
aprimoramento das capacidades coordenativas essenciais ao rendimento.
• Oferta de um ensino-aprendizagem multidisciplinar e variado – Utilizar 
competições de modalidades variadas, individuais e coletivas, com ou sem 
bola. Posteriormente, utilizar um amplo repertório de técnicas específi cas, 
exigidas pelo esporte em questão, deixando a criança experimentar o 
movimento de várias formas.
• Promoção do jogo livre e criativo – Utilizar pequenos jogos introdutórios ao 
esporte propriamente dito.
Apesar de inteligências diferenciadas, todas as crianças devem ser orientadas 
a buscar a iniciação desportiva, para que tenham os benefícios físicos e sociais 
que a atividade física proporciona, antes de qualquer objetivo de performance. 
Para tanto, Kröger (2006) indica que na iniciação devem ser melhorados os 
pré-requisitos e os condicionantes coordenativos relevantes para o rendimento 
nos jogos coletivos, de forma precisa e breve, como uma busca de material de 
construção para diferentes movimentos, construindo uma “caixa de habilidades”.
17
Esportes Coletivos: Conceitos e
Princípios Aplicados Capítulo 1 
Para saber mais sobre a “alfabetização” esportiva leia:
KRÖGER, Christian. Escola da Bola: Um ABC para iniciantes 
nos jogos esportivos. Rio de Janeiro: Phorte,, 2006. 
Você consegue responder aonde o iniciante irá chegar esporte, 
apenas observando pela prática?
Para atingir o topo, o iniciante deve respeitar uma sequência 
evolutiva e uma preparação planejada de vários anos. Ericsson (1993 
apud FUCHSLOCHER; ROMANN; GULBIN, 2013) descreve que 
para atingir o alto rendimento um atleta precisa de oito a dez anos e 
10 mil horas de prática. Nessas trajetória, vários fatores internos e 
externos contribuem ou atrapalham a evolução do futuro atleta de rendimento. 
Tais fatores vão deste o biótipo ideal para determinada modalidade, medidas 
corpóreas, a condição de ter um bom treinador, qualidades físicas inerentes, 
alimentação, experiência, condição social e econômica, entre outros fatores. 
Porém, o fator que mais interfere nas possibilidades futuras de qualquer iniciante, 
para qualquer esporte, é o talento intrínseco. A questão deve ser o tamanho do 
potencial a ser explorado e a projeção de onde cada um dos iniciantes pode 
chegar. Simplesmente:: até aonde iremos com este iniciante? até onde ele pode 
chegar? Outras questões sem respostas fáceis e precisas intrigam os treinadores, 
tais como: Quais são os fatores na detecção de talentos que irão predizer uma 
performance de sucesso no futuro? Qual a função da ciência do esporte e 
da tecnologia que pode amplifi car a condição dos treinadores preparados a 
condicionarem seus pupilos para um nível de excelência no esporte? Essas são 
questões para melhor entender a iniciação esportiva.
Para atingir o alto 
rendimento um 
atleta precisa de oito 
a dez anos e 10 mil 
horas de prática.
Vários fatores 
interferem no 
desenvolvimento 
do atleta. 
Basicamente.Bsão 
fatores motores, 
cognitivos, sociais 
e econômicos ou 
motivacionais.
Vários fatores interferem no desenvolvimento do atleta. 
Basicamente.Bsão fatores motores, cognitivos, sociais e econômicos 
ou motivacionais, passando, também, pela especialização acelerada 
e o treinamento inadequado em relação aos diferentes estágios de 
crescimento e desenvolvimento. Esses fatores são determinantes na 
evolução do atleta, na busca de seu ápice como jogador completo na 
categoria adulta. 
18
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
A evolução do jogador para o esporte dentro das condições ideais deve ser 
a intenção de todos os professores de educação física e técnicos desportivos 
pelo mundo afora. Contudo, algumas defi ciências são percebidas e que afetam 
tremendamente o “produto fi nal”. De acordo com Mahlo (apud CORDEIRO, 1997), 
as falhas constatadas na iniciação desportiva são: insufi ciência de motricidade 
esportiva; subestimação dos esforços suportáveis por crianças; aparecimento 
de graves lacunas, por ocasião da passagem para o ensino esportivo; falta de 
unidade de ensino; insufi ciência na formação de professores por não serem 
especialistas esportivos. 
O desenvolvimento ideal de jogadores, muitas vezes, sofre ações positivas 
e negativas de caráter direto e indireto. A obtenção de elevados níveis de 
performance no auge do atleta irá depender da realização de um trabalho em 
longo prazo, o qual articula de forma equilibrada os diferentes níveis da prática 
esportiva (MESQUITA, 2005). Além disso, a boa e sólida formação deve ser a 
preocupação inicial, e não a especialização, lembrando que quanto melhor for a 
preparação de um atleta, por meio de uma base consistente, melhor será o seu 
nível de rendimento nas fases posteriores e no alto nível. 
Figura 2 - Necessário construir uma boa base de forma 
equilibrada para o esporte (futebol) de alto desempenho
Fonte: Tega (2010).
A preocupação inicial está na elaboração de um planejamento adequado em 
longo prazo que, junto com a infl uência do treinador, tem importância fundamental 
no sucesso ou não do atleta. A elaboração de um plano ou planejamento de 
evolução de atletas não garante a certeza de resultados positivos, mas serve 
como instrumento de auxílio na busca da efi ciência, pois, segundo Borsari (2001), 
é por meio da perfeita combinação dos fundamentos, sua técnica e aplicabilidade, 
aliados ao trabalho sistemático (adequado à idade e ao nível), que se consegue 
evoluir, atingindo naturalmente a efi ciência.
19
Esportes Coletivos: Conceitos e
Princípios Aplicados Capítulo 1 
Kröger (2006) explica que, assim como aprender a gramática, o ensinamento 
dos esportes deve seguir a sequência lógica: aprender o “ABC”, as primeiras 
palavras (habilidades e capacidades motoras), para depois, de forma garantida, 
poder falar palavras mais complexas (fundamentos e técnicas específi cas) 
e, então, “regras gramaticais” (competências táticas específi cas). Ou seja, o 
bom entendimento do “ABC da bola” irá projetar a utilização ideal das técnicas 
no emprego das exigências táticas. Os aspectos táticos serão discutidos 
posteriormente neste Caderno. Agora, vamos debater sobre a idade ideal para se 
iniciar no esporte coletivo.
a) Idade ideal para a iniciação das modalidades coletivas
Muitose pesquisa e se discute a respeito da idade ideal da criança 
no esporte. A maioria dos autores concorda em respeitar as etapas de 
desenvolvimento físico a que todas as pessoas estão naturalmente condicionadas. 
O desenvolvimento motor acontece em paralelo com o desenvolvimento biológico 
e exerce grande infl uência neste. É importante ressaltar que, antes de iniciar na 
modalidade específi ca, a criança tenha inúmeras experiências motoras variadas, 
desenvolvendo suas capacidades básicas. 
Além dos aspectos físicos e experiências motoras, devemos 
considerar os aspectos sociais e acadêmicos para, então, determinar a 
idade inicial adequada. No Brasil, normalmente, as crianças começam 
a praticar esportes coletivos a partir dos 11 anos, idade em que estão 
estudando no 6ª ano do ensino fundamental e começam a participar 
das modalidades principais nas aulas de educação física, as quais 
seguem as diretrizes curriculares e que promovem os ensinamentos das técnicas 
básicas dos esportes coletivos mais populares (Basquetebol, Futebol, Handebol 
e Voleibol). Basicamente, na maioria dos casos, esta condição determina a idade 
inicial e que alguns autores e treinadores preferem seguir.
Para Bojikian (1999), a oportunidade de ensino de novas 
habilidades motoras nessas idade é ótima, pois é um momento de 
reestruturação motora natural. Contudo, esses parâmetros não são 
regras e o que deve se respeitar é o princípio da individualidade. Dessas 
maneira, cada criança tem um desenvolvimento diferenciado, sendo 
difícil mensurar habilidades e determinar se esta ou aquela criança está 
ou não apta à iniciação aos esportes. Como sugere Bizzocchi (2004), 
nem todas as crianças estarão em condições idênticas de prontidão por 
apresentarem a mesma idade cronológica. O importante é adaptar o 
trabalho aoao desenvolvimento motor e psicológico do iniciante. 
Crianças mais novas terão maior difi culdade de executar gestos técnicos 
apurados devido à pouca experiência motora e à falta de automatização do 
No Brasil, 
normalmente, as 
crianças começam 
a praticar esportes 
coletivos a partir dos 
11 anos.
Nem todas as 
crianças estarão em 
condições idênticas 
de prontidão por 
apresentarem 
a mesma idade 
cronológica. O 
importante é adaptar 
o trabalho aoao 
desenvolvimento 
motor e psicológico 
do iniciante.
20
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
movimento, estando em uma fase ainda adaptativa ou de desenvolvimento básico. 
Cabe destacar que movimentos simples exigem coordenação e habilidades 
básicas, enquanto movimentos apurados exigem complexidade coordenativa e 
habilidades motoras afi nadas. 
Antes dos fundamentos técnicos, o fundamento mais importante para 
as modalidades coletivas é o domínio da bola e a capacidade criativa de cada 
indivíduo. Esta deve ser a prioridade dos treinamentos, especialmente nas idades 
iniciais. Quando estes fundamentos estiverem dominados, o jogo se tornará 
mais fácil, tanto para aprender como para ensinar. Os treinamentos devem ser 
elaborados buscando facilitar o desenvolvimento das habilidades básicas de 
deslocamentos e o ótimo controle da bola.
Para Fillin e Volkov (1998), a idade mínima para ingresso em 
escolas esportivas para competir futuramente nos esportes coletivos 
com bola se encaixa entre os 10 e 11 anos. A maturação da menina 
acontece antes do menino, devido a isso, é muito comum que a menina 
inicie no esporte a partir dos 10 anos de idade e os meninos a partir 
dos 11 anos. Esta diferença de um ano entre os sexos se prolonga 
até o adulto e muitas confederações classifi cam as categorias de idade 
diferentes para o masculino e feminino. 
A iniciação esportiva deve respeitar as faixas etárias e a especialização não 
deve ser a preocupação dos treinadores para iniciantes. Nas idades iniciais a 
preocupação está na aquisição das múltiplas habilidades motoras e, após este 
estágio, já na fase de especialização, o treinador pode focar no desenvolvimento 
específi co para determinado esporte. A especialização deve acontecer 
posteriormente, com idade entre 14 a 16 anos, conforme o quadro a seguir.
Os treinamentos 
devem ser 
elaborados 
buscando facilitar 
o desenvolvimento 
das habilidades 
básicas de 
deslocamentos e o 
ótimo controle da 
bola.
Quadro 1 - Modalidades e respectivas idades por fase
Modalidade Esportiva
Idade para iniciar a prática 
do esporte
Idade para iniciar a 
especialização
Idade para Alta 
Performance
Basquetebol 10 - 12 14 - 16 22 - 28
Futebol 10 - 12 14 - 16 23 - 27
Handebol 10 - 12 14 - 16 22 - 28
Voleibol 10 - 12 15 - 16 22 - 26
Fonte: Adaptado de Bompa (2002).
O quadro 1 apresenta as divisões desde a iniciação até o alto nível e suas 
idades correspondentes. Estas idades são referências e não se aplicam a todos 
os casos. Agora que iniciamos no esporte, vamos perceber as fases que devemos 
respeitar, bem como seus aspectos e os cuidados para uma formação total e ideal.
21
Esportes Coletivos: Conceitos e
Princípios Aplicados Capítulo 1 
Para saber mais, confi ra na federação da modalidade de seu 
estado, quais são as categorias e as devidas faixas etárias para os 
iniciantes e veja se existe relação com o que foi apresentado aqui em 
relação à iniciação esportiva. 
Fases do Desenvolvimento 
Esportivo
Autores do mundo todo propõem que os atletas devem respeitar as fases 
ou etapas de desenvolvimento de jogadores em longo prazo. Para os esportes 
coletivos, os principais autores sugerem diferentes possibilidades e que estão 
descritas no quadro a seguir, o qual trata das propostas de preparação desportiva 
em longo prazo, com diversos autores (CAFRUNI, 2002):
Quadro 2 - Sugestões de preparação desportiva a longo prazo
Harre (1982)
• Treinamento de Jovens Atletas* Iniciantes e Avançados*
• Treinamento Competitivo 
Weineck (1986)
• Treinamento das Esperanças* Iniciantes e Avançados*
• Treinamento de Alta Performance
Lima (1988) 
• Iniciação*
• Orientação*
• Especialização*
Matveiev (1991)
• Preparação de Base*
• Preparação Preliminar e Especialização Inicial*
• Máxima Concretização das Possibilidades Desportivas* 
• Pré-culminação*
• Resultados Máximos
• Longevidade Desportiva
• Conservação e Manutenção
Zakharov (1992)
• Preparação Preliminar*
• Especialização Inicial*
• Especialização Aprofundada*
• Resultados Superiores
• Manutenção dos Resultados
Marques (1993)
• Preparação Preliminar*
• Especialização Inicial*
• Especialização Aprofundada*
22
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Platonov (1994)
• Preparação Inicial*
• Preparação Preliminar de Base*
• Preparação Especializada de Base*
• Realização dos Máximos Resultados
• Manutenção dos Resultados
Fillin (1996)
• Preparação Preliminar*
• Especialização Desportiva Inicial*
• Aprofundamento do Treinamento*
• Aperfeiçoamento do Treinamento
Barbanti (1997)
• Preparação Básica*
• Preparação Específi ca*
• Preparação de Altos Rendimentos*
Martin (1999)
• Treino Geral*
• Treino Fundamental*
• Treino de Construção*
• Treino de Ligação*
Bompa (2000)
• Treinamento Generalizado*
• Iniciação e Formação Atlética*
• Treinamento Especializado*
• Especialização* e Alto Nível
* Etapas de formação 
Fonte: Adaptado de Cafruni (2002).
Para o nosso propósito, utilizaremos o modelo para os esportes 
coletivos sugerido por Greco (1997), composto por nove fases, 
caracterizadas por curtos períodos de duração, que comportam 
a aproximação com a evolução ontogenética (física), evitando-se 
a especialização precoce. As nove fases seguem um “tempo” em 
relação à idade do praticante e à duração, por isso são chamadas de 
Estrutura Temporal. Para o nosso propósito, apresentaremos apenas 
sete fases, uma vez que as duas últimas (8 - Recuperação/Readaptação e 9 
- Recreação e Saúde) estão relacionadas à atividade física após o término da 
carreira no esporte. As sete fases apresentam as seguintes propriedades:
a) Pré-Escolar: Inicia-se por volta de 2-3 anos e estende-se por um período de 
4-5anos. O processo de ensino-aprendizagem-treinamento caracteriza-se na 
unidade e complexidade do sistema de cognição-emoção-motivação. Deve-se 
utilizar atividades básicas de deslocamento, equilíbrio, acoplamento, esquema-
corporal, relação espaço-temporal entre outras, e, preferencialmente, ser 
apresentadas em formas jogadas, tipo jogo de imitação e perseguição 
(GRECO, 1997).
As nove fases 
seguem um “tempo” 
em relação à idade 
do praticante e à 
duração, por isso 
são chamadas de 
Estrutura Temporal.
23
Esportes Coletivos: Conceitos e
Princípios Aplicados Capítulo 1 
b) Universal: Esta fase que se inicia por volta dos 5-6 anos, tem uma duração 
de 3 a 6 anos. Nesta fase o desenvolvimento do universo motor da criança 
deve ser explorado ao máximo. Deve-se promover as capacidades motoras 
e principalmente as coordenativas, as quais deverão formar uma ampla e 
variada gama de movimentações que ressaltam o aspecto lúdico. A chamada 
fase da Iniciação Esportiva Universal "é uma alternativa pedagógica importante 
para faixa etária entre os 4-6 anos aos 11-12 anos. O jogo como elemento 
didático pedagógico deverá ser oferecido conforme as características 
evolutivas da criança, especialmente no que se refere a sua maturidade e 
evolução coordenativo-cognitiva" (GRECO, 1997, p. 19). Nesta fase a criança 
já está apta a desenvolver os aspectos técnicos das modalidades, contudo 
sem a preocupação com a especialização, e sim com a variação global dos 
movimentos e aumento da bagagem motora. O fi nal desta fase, quando 
trabalhada de forma adequada, já permite a iniciação tática, por volta dos 10-
12 anos de idade (GRECO, 1997).
c) Orientação: Inicia-se por volta de 12-14 anos, tendo um tempo de duração 
de cerca de 2-4 anos. Devemos orientar a vivência das técnicas esportivas, 
ressaltando que "não se deve realizar um treinamento técnico e sim uma 
passagem pelas técnicas das diferentes disciplinas esportivas, vendo quais 
são as exigências de cada uma destas". A cobrança e a correção dos 
fundamentos deve ser dirigida somente a elementos "grossos", devendo 
priorizar a variação das técnicas. Jogos de iniciação, pré-desportivos, grandes 
jogos, jogos recreativos, etc., são indicados nesta fase. Uma consideração 
interessante está relacionada à grande importância dada ao conteúdo de 
informação teórica, assim como a forma de transmiti-la (GRECO, 1997). 
d) Direção: Inicia-se por volta dos 14 anos de idade e tem duração de cerca 
de 2 anos. Nesta fase, afunilam-se as vivências motoras, sendo indicada 
a escolha de uma ou duas modalidades para o aperfeiçoamento e a 
especialização técnica. É recomendado que o praticante participe de duas ou 
três modalidades complementares, encaminhando o atleta para a otimização 
do seu rendimento. Greco (1997) determina que a complexidade das ações 
continue aumentando, a formação de uma base cognitiva se jamais elaborada 
acerca da tática de jogo e haja otimização técnica do jovem praticante.
e) Especialização: Iniciando-se em torno dos 16 anos, a duração desta fase 
varia de 2 a 4 anos. Incide no incremento das técnicas para um esporte em 
especial. Deseja-se o aperfeiçoamento e a otimização do potencial físico, 
técnico e tático, visando ao emprego futuro no alto nível. A participação em 
competições aumenta consideravelmente e o praticante adquire o status de 
atleta (GRECO, 1997). 
24
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
f) Aproximação/Integração: Inicia-se por volta dos 18 anos de idade e 
estende-se durante 4-5 anos. Fase de grande importância, pois pode ou não 
transformar um praticante em um atleta preparado, uma vez que, conforme 
Greco (1997, p. 25), "aqui devemos pensar nos grandes talentos que só fi cam 
na promessa de ser grandes e que às vezes, ‘não chegaram’ por falta de uma 
adequada estrutura de treinamento". Nesta fase, junto com o aperfeiçoamento 
e otimização das capacidades técnicas, táticas e físicas, é importante 
aperfeiçoar as capacidades psíquicas e sociais. 
g) Alto Nível: Na fase adulta o objetivo está na estabilização, aprimoramento e 
domínio técnico-tático-psíquico-social que foram promovidos na fase anterior. 
Acontece um signifi cativo aumento das cargas de treinamento. Com relação 
ao volume/ intensidade/ densidade há uma direção do "processo para a meta 
de otimização dos processos cognitivos (em relação à situação esportista/ 
alto rendimento/ estilo de vida) e psicológicos (psicorregulação, motivação 
intrínseca)” (GRECO, 1997, p. 25).
A partir dessas defi nições, Greco (1997) desenvolveu um quadro que 
descreve as fases e níveis de rendimento esportivo de acordo com a duração 
e a relação com a idade e a frequência de treinamento do praticante. O quadro 
sugere que a evolução do atleta deve respeitar as fases e as características 
etárias. Propõe, ainda, que nas fases iniciais a frequência de treinamento deva 
ser menor (2 a 3 vezes por semana), enquanto nas fases mais aprimoradas a 
frequência chega a ser de 6 a 10 vezes por semana. Como segue:
25
Esportes Coletivos: Conceitos e
Princípios Aplicados Capítulo 1 
Figura 3 - Fases e níveis do rendimento esportivo: duração e 
relação com a idade e a frequência de treinamento
Fonte: Greco (1997, p. 24).
Criação de um 
sistema de 
treinamento 
esportivo para o alto 
nível.
A Figura 3 pode servir de referência aos treinadores para a 
criação de um sistema de treinamento esportivo para o alto nível. 
Pode, também, auxiliar na seleção de talentos ;no planejamento dos 
treinamentos das equipes em relação à execução do treino, e, ainda, na 
avaliação dos atletas e na preparação para competições. 
Como se percebeu nesta parte do Caderno, devemos considerar as fases 
do desenvolvimento esportivo. Esses processo exige paciência e muito trabalho 
diário, por vários anos. Este é o assunto a seguir.
Treinamento em Longo Prazo (TLP)
Atualmente, muitos países têm os seus programas de desenvolvimento 
de talentos em longo prazo, por meio do Treinamento em Longo Prazo (TLP), 
baseados em federações específi cas ou em programas de governo. Em países 
como o Canadá, Inglaterra, Estados Unidos, Escócia e Austrália existem 
programas de desenvolvimento de atletas em longo prazo e são os chamados 
Long Term Athletes Development (LTAD) (Desenvolvimento de Atletas em Longo 
26
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Prazo). Mais do que um programa, é uma fi losofi a de evolução de atletas e de 
promoção de esportes na qual o treinador respeita as fases de desenvolvimento 
e as características etárias de seus atletas. Nesses países, o programa auxilia 
treinadores, fornecendo detalhes essenciais e que devem ser executados em 
treinamento, para que o iniciante possa atingir uma evolução no esporte. Na 
Austrália, por exemplo, o programa abrange iniciantes, compreendendo as faixas 
de idade de 12 a 21 anos e que não estão praticando o esporte em questão 
(MŰLLER, 2016).
Nos países citados, essas metodologia está sendo utilizada por várias 
instituições responsáveis pelo desenvolvimento do esporte, como a federação 
ou a confederação de esportes, como a natação e o tênis na Austrália; o rúgbi 
na Escócia e o futebol no Canadá, Inglaterra e Estados Unidos. O programa 
LTAD tem em sua essência o uso da atividade apropriada de acordo com a 
idade, a maturidade e a sua relação com a prática e a competição. Respeitando 
a idade cronológica, o modelo leva em consideração variáveis como o estado 
de maturidade e o impacto que isso pode ter em um grupo de jogadores com 
habilidades mistas. De acordo com Müller (2016), o modelo compreende:
• O desenvolvimento específi co de acordo com a idade;
• Aumento da oportunidade de prática com qualidade do esporte;
• Ir ao encontro das necessidades individuais;
• Programação sazonal;
• O planejamento de longo prazo, periodização;
• Demanda progressiva;
• Reconhecer as principais fases;
• Maximizar o potencial.
O programa LTAD tem uma relação com o modelo de desenvolvimentoem quatro aspectos, que são: físico, técnico, tático e social. Os três exemplos 
mostrados a seguir apoiam-se em uma descrição lógica de uma base adequada 
para o progresso das crianças que estão começando a experimentar LTAD.
a) Aquisição de competências - As fases são entrelaçadas assim:
• Desenvolvimento da técnica - dominar a bola;
• O desenvolvimento físico - movimento atlético;
• Execução efi caz e combinada da técnica correta, o movimento e a decisão 
ideal a ser tomada em cada situação;
• A transferência desses componentes efetivamente em jogos.
b) Para o treinador em um contexto de iniciação esportiva dois fatores a 
evitar são "Ansiedade e Tédio".
27
Esportes Coletivos: Conceitos e
Princípios Aplicados Capítulo 1 
• A ansiedade pode ocorrer principalmente quando o treinador espera muito de 
jovens jogadores;
• Tédio pode ocorrer quando o treinador espera muito pouco.
c) As prioridades para os jogadores:
• Desfrutar de sua experiência no esporte e melhorar as suas técnicas;
• Desenvolver o seu movimento e descobrir os benefícios da aprendizagem.
Na Suíça foi desenvolvido um instrumento de seleção de talentos em nível 
nacional, chamado de PISTE, sendo:
• Prognósticos orientados com vistas ao desempenho futuro no nível de elite, 
em relação ao desempenho atual;
• Integração de vários fatores que são relevantes para o futuro desempenho;
• Sistematização e métodos padronizados;
• Treinadores, contando com treinadores (formadores) como a principal fonte 
de conhecimento;
• Evaluations, usando avaliação realizada por treinadores como um método 
efi caz de cálculo do desempenho.
Esse método inclui seis critérios de avaliação principais, e critérios 
subcomponentes, os quais estão classifi cados como mais ou menos importantes, 
de acordo com cada critério. Estes componentes e sua contribuição para um perfi l 
de seleção universal estão resumidos no Quadro 3 e no texto abaixo:
Quadro 3 - Critérios de avaliação para a seleção de jovens atletas suíços e uma 
estimativa de validade de prognóstico em termos de sucesso em performance em 
Critérios de
avaliação Subcritérios
Validade estimada 
de prognóstico
Métodos de avaliação 
recomendados
Performance em 
competições
Desempenho como atleta 
infantil
Desempenho como atleta 
juvenil
*
****
Resultados nas com-
petições, avaliação do 
treinador.
Resultados nas com-
petições, avaliação do 
treinador.
Testes de
Performance
Testes de desempenho 
para o esporte específi co
Testes de habilidades 
motoras gerais
****
*
Testes diretos, avaliação 
do treinador.
Testes diretos.
28
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Nota: Adaptações específi cas do esporte são necessárias para todos os critérios. Duas a 
três avaliações ('dinâmicas') devem ocorrer por ano. “Validade estimada de prognóstico” 
refere-se ao sucesso de atletas adultos em desempenho no esporte de elite. “Validade 
estimada de prognóstico” é baseada na literatura científi ca e em entrevistas com 
especialistas. (* Insufi ciente; ** Fraco; *** Médio; **** Bom; ***** Excelente).
Fonte: Fuchslocher, Romann e Gulbin (2013).
Desenvolvimento 
da performance
Competições e testes de 
desempenho
****
Desempenho nas 
competições, testes de 
desempenho ao longo do 
tempo.
Fatores
psicológicos
Alta motivação 
Lidando com a pressão
****
Avaliação do treinador, 
questionários.
Biografi a do 
atleta
Resiliência
Ambiente (pais, escola)
Biótipo e antropometria
Nível de esforço 
Tempo de treino (anos)
****
***
***
**
**
Avaliação do treinador, 
questionários.
Questionários.
Medidas corporais.
Questionários.
Questionários.
Desenvolvimento 
biológico
Maturação
Idade relativa
**
**
Medidas tamanho 
corporal.
Mês de nascimento.
O quadro mostra os critérios que infl uenciam de forma complexa 
o desenvolvimento de talentos. Nesses paradigma, acredita-se que a 
busca do desenvolvimento do talento é mais provável de ser alcançado 
por meio de um planejamento adequado e relacionado com a qualidade 
de treinamento, suporte técnico, estratégias de desenvolvimento 
individualizado, e a estratifi cação cuidadosa dos serviços de 
ciência esportiva e medicina esportiva. Em particular, a melhoria da 
probabilidade de se prever o potencial do indivíduo para atuar em 
alto rendimento no futuro exigirá uma avaliação cuidadosa de muitos 
elementos, incluindo o desenvolvimento biológico, as capacidades 
físicas, habilidades psicológicas, das quais o sucesso depende. 
Nós, treinadores, buscamos resultado e treinamos em busca 
do sucesso. Contudo, o sucesso não pode deixar de considerar 
aspectos fundamentais como a prática consciente e o respeito ao ser 
humano. Assim, apresentaremos agora um tópico muito importante: 
a especialização precoce, a qual devemos considerar quando trabalhamos com 
crianças, pois dependendo da nossa ânsia pelo sucesso, podemos queimar 
etapas no processo evolutivo e limitar o potencial de nossos atletas.
A busca do 
desenvolvimento 
do talento é mais 
provável de ser 
alcançado por meio 
de um planejamento 
adequado e 
relacionado com 
a qualidade de 
treinamento, suporte 
técnico, estratégias 
de desenvolvimento 
individualizado, 
e a estratifi cação 
cuidadosa dos 
serviços de ciência 
esportiva e medicina 
esportiva.
29
Esportes Coletivos: Conceitos e
Princípios Aplicados Capítulo 1 
Especialização Precoce
A criança deve iniciar-se no esporte de maneira lúdica e divertida. 
Infelizmente, hoje, não se brinca nas ruas como outras gerações o faziam. 
A pelada de rua, um tanto esquecida pelas crianças, faz falta à iniciação, pois 
oferece inúmeras possibilidades no desenvolvimento de habilidades motoras e 
das capacidades físicas essenciais aos esportes. As experiências cinestésicas e 
sociais vividas sem compromissos na rua, parques ou mesmo dentro de casa, 
possibilitarão à criança desenvolver habilidades essenciais à prática da maioria 
dos esportes, universalizando, assim, o aprendiz para o esporte. 
A criança que brincar em diferentes tipos de terrenos (piso, grama, terra, 
madeira), com diferentes objetos (bolas, raquetes, tacos), em vários tamanhos 
e pesos, pratica jogos de pegar, saltar, rolar, ou, ainda, esportes com bola que 
usem as mãos, os pés, ou ambos, terão uma experiência variada e completa, 
essenciais a formação física e futura formação técnica para os esportes, além 
de levar a descontração e a criatividade dos jogos e brincadeiras de rua para o 
treinamento regular. Traduzindo esses fatores, na fase inicial desportiva, mais do 
que executar o gesto técnico perfeito, é necessário conhecer o maior número de 
movimentos e saber como aplicá-los nas situações vivenciadas posteriormente 
(GRECO et al., 1997).
Alguns autores (FILIN, 1996; BOMPA, 2000; COELHO, 2000) reconhecem 
que o alcance de altos resultados na idade infantil e juvenil não são garantia de 
resultados futuros e afi rmam que é mais provável ocorrer o contrário. Nagorni (apud 
BOMPA, 2000), em um estudo longitudinal realizado com atletas da antiga União 
Soviética, concluiu que os atletas que obtiveram suas melhores performances em 
categoria júnior realizaram uma especialização em idades muito baixas. Essas 
performances nunca foram repetidas quando eles se tornaram seniores (acima de 
18 anos), pois a maioria se retirou do esporte antes desta idade. Destes, apenas 
uma minoria estaria apta a melhorar a performance em idades superiores. Por 
outro lado, os atletas que se destacaram em categoria adultas no âmbito nacional 
e internacional nunca foram campeões nacionais quando menores. 
Uma vez que a criança não brinca mais na rua como 
antigamente, por questões de segurança e falta de locais adequados, 
qual seria a sua solução para este problema?
30
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
A preocupação em ensinar um esporte específi co em idades menores (5 aos 
12 anos) limita o desenvolvimento ideal do iniciante, pois as crianças não são por 
natureza especialistas; elas sãogeneralistas (KRÖGER, 2006). Bojikian (2002) 
vai além, quando afi rma que a especialização precoce tende a levar à formação 
de atletas sem chances de desenvolver todas as suas potencialidades e de obter 
um ótimo aperfeiçoamento técnico-tático. Ele comenta sobre a especialização. 
Usando o voleibol como exemplo, sendo este comentário aplicado em qualquer 
modalidade, ele escreve:: “a prática exclusiva do voleibol na infância, difi cilmente 
formará um acervo motor condizente com a prática de um voleibol de alto nível, em 
que situações problema complexas são constantes e exigem a atuação de atletas 
portadores de arsenais técnicos vastíssimos e de pronta utilização” (BOJIKIAN, 
2002, p. 123).
No treinamento de categorias iniciantes se percebe um exagero em relação 
ao treinamento precoce altamente especializado com atletas com o objetivo 
de sucesso imediato. Isso promove vitórias, mas sequelas irreversíveis, como 
expõem Ehret et al. (2002, p. 2):
A experiência prática mostra um quadro totalmente 
diferente. Por um lado existe uma elevação da 
performance, extremamente rápida e crescente, nas 
categorias iniciais, porém tão rápido quanto é esta 
ascensão, ocorre uma estagnação da performance, 
o mais tardar, na fase de transição para a categoria 
adulta. Um ótimo desenvolvimento da performance não 
é alcançado, e não raramente, por causa de problemas 
de motivação; jovens talentos encerram de forma 
abrupta a carreira esportiva.
A especialização precoce é desaconselhada, pois acarreta uma série 
de consequências negativas aos praticantes, como redução do repertório 
motor; aumento da incidência de lesões (BOMPA, 2000); prejuízos gerais ao 
desenvolvimento da criança (SEABRA; CATELA, 1998); manifestação de efeitos 
psicológicos negativos como o “burnout” (Queima de etapas) (WATTS, 2002); 
desmotivação (COELHO, 1988) e prejuízos à formação escolar (WEINECK, 
1999).
Em alguns casos, o ensino dos esportes segue o modelo utilizado em adultos 
e este processo de ensino-aprendizado-treinamento pode apresentar desarmonias 
de desenvolvimento, acompanhadas do abandono do esporte prematuramente. 
De acordo com Fillin e Volkov (1991), a preparação “forçada” do atleta quando 
jovem e a ascensão prematura às categorias superiores geralmente conduzem ao 
esgotamento físico e mental e ao abandono também prematuro do esporte.
31
Esportes Coletivos: Conceitos e
Princípios Aplicados Capítulo 1 
A especialização precoce deve ser evitada, pois prejudica enormemente o 
desenvolvimento humano, além de causar estresse físico e mental à criança, que 
não dispõe, como os adultos, de condições de suportar tamanha exigência do 
treinamento de alto rendimento direcionado à perfeição técnica (GRECO, 1997). 
Há vários exemplos de “estrelas mirins” que nunca conseguiram atingir o 
alto rendimento, apesar do talento privilegiado. A causa dessas quebra pode ser 
explicada pelo complexo processo de aprendizado que deve respeitar inúmeros 
fatores, principalmente os de caráter genético e psicológico. A precocidade causa 
inúmeras desvantagens, pois apesar de resultados imediatos, não produz ou não 
leva a melhores resultados, ou aos níveis de rendimento superior no futuro. 
Em resumo, para as modalidades coletivas mais populares, até cerca dos 
12 anos, as crianças devem experimentar inúmeras situações diferenciadas 
em vários esportes e atividades, na busca pela aquisição de acervos motores 
preparatórios a serem utilizados posteriormente nas habilidades motoras 
específi cas para atuarem no esporte escolhido. Até os doze anos os fundamentos 
básicos dos esportes podem ser ensinados sem muitas exigências técnicas e com 
um grande número de repetições.
Agora, vamos defi nir e distinguir os jogos desportivos em relação aos 
esportes coletivos. 
Você já percebeu algumas estrelas mirins que não se tornaram 
atletas de rendimento?
O Jogo Desportivo Coletivo (JEC) e 
os Esportes Coletivos (EC)
Segundo o dicionário Michaelis (2009), Jogo signifi ca: Brincadeira, 
divertimento, folguedo e ou divertimento ou exercício de crianças, em 
que elas fazem prova da sua habilidade, destreza ou astúcia.
O jogo desportivo coletivo representa uma forma de atividade 
social organizada, uma forma específi ca de manifestação e de 
prática, com caráter lúdico e processual, do exercício físico, na qual 
os participantes (jogadores) estão agrupados em duas equipes numa 
Jogo signifi ca: 
Brincadeira, 
divertimento, 
folguedo e ou 
divertimento 
ou exercício de 
crianças, em que 
elas fazem prova 
da sua habilidade, 
destreza ou astúcia.
32
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
relação de adversidade típica não hostil (rivalidade desportiva) – 
relação determinada pela disputa por meio de luta com vista à obtenção 
da vitória desportiva, com a ajuda da bola (ou de outro objetivo 
de jogo), manobrada de acordo com as regras preestabelecidas 
(TEODORESCU, 2003, p. 23).
De acordo com o dicionário Michaelis (2009), Esporte signifi ca: 
Prática metódica de exercícios físicos, que consistem geralmente em 
jogos competitivos entre pessoas, ou grupos de pessoas, organizados 
em partidos; desporto. Existe por parte de vários autores e professores 
um confl ito de denominações entre Jogos e Esportes, sendo que estas defi nições 
se repetem ou se assemelham extremamente. Para o proposito deste Caderno de 
estudos, deveremos utilizar a denominação de Esportes Coletivos, uma vez que, 
como explica o dicionário, é uma “prática metódica e de caráter competitivo”.
Atividade de Estudos:
 1) Você consegue descrever dois exemplos de Jogos e dois 
exemplos de Esportes?
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
Esporte signifi ca: 
Prática metódica de 
exercícios físicos, 
que consistem 
geralmente em 
jogos competitivos 
entre pessoas, ou 
grupos de pessoas, 
organizados em 
partidos.
Como qualquer modalidade de esporte, o coletivo apresenta características 
que lhe são próprias. Segundo Bayer (1994 apud DAOLIO, 2002), todas as 
modalidades esportivas coletivas possuem seis características em comum, que 
permitem observar semelhanças nas estruturas dos jogos. São elas: a bola, um 
espaço de jogo, companheiros de equipe, adversários, as regras específi cas e o 
alvo ou meta a ser atacado. Dentre elas, a fundamental é a imprevisibilidade de 
ações que há na modalidade (GRECO,1995). Greco e Benda (1998) indicam os 
parâmetros que são comuns aos jogos esportivos coletivos, quais sejam:
a) A bola (velocidade, direção, altura, etc.); 
b) O espaço (local na quadra, áreas permitidas, 
33
Esportes Coletivos: Conceitos e
Princípios Aplicados Capítulo 1 
proibidas, distribuição no campo); 
c) O objetivo do jogo (gol, ponto, etc.); 
d) O regulamento, com parâmetros, como: tempo 
de jogo, espaço de jogo ou delimitações do campo, 
número de jogadores, formas de jogar a bola (permitido 
e não permitido), características da bola, formas de 
comportamento perante o adversário, punições e 
penalidades; 
e) Colegas (posição, deslocamento, ação, função); 
f) Adversário (intenções táticas etc.); 
g) Público; 
h) A situação: este parâmetro é fundamental, pois as 
ações dos atletas mudam conforme a situação ambiental 
inter-relacionada com os objetivos do jogo (GRECO, 
1998, p.53).
Outras defi nições sobre esportes coletivos são relevantes, pois envolvem 
a estrutura técnica e tática, além do desenvolvimento e entendimento do EC. 
Reverdito e Scaglia (2007) descrevem que o esporte coletivo faz parte de um 
sistema caracterizado por fatores como: equilíbrio e desequilíbrio, ordem e 
desordem, organização e interação, imprevisibilidade e aleatoriedade, que, dentro 
do jogo, fazem com que uma equipe tente evitar a progressão dasações da 
adversária e vice-versa.
Em relação aos aspectos técnicos e táticos, Paes e Balbino (2009) apontam 
que os elementos técnico-táticos correspondem aos componentes estruturais 
do jogo, envolvendo movimentos, princípios táticos, estratégias de ensino e 
aprendizagem dos fundamentos básicos, os quais são defi nidos pelos autores, 
como domínio de bola, passe, domínio de corpo, fi nalização, drible, domínio 
espaço-temporal e ações táticas ofensivas, defensivas e de transição.
Outra característica dos EC está na relação do praticante com seu 
desenvolvimento socioafetivo. Galatti e Paes (2006) expõem que a prática desses 
tipos de jogos proporciona à criança noções de coletividade, companheirismo, 
relacionamento com jogadores da equipe e com adversários e, principalmente, que 
a habilidade individual se torna mais útil e importante se for aplicada em benefício 
do coletivo. Garganta (1995) destaca o desenvolvimento da cooperação, uma 
vez que esta é fundamental para jogadores de uma mesma equipe conquistarem 
seus objetivos, e da inteligência, já que as modalidades coletivas colocam 
seus praticantes em situações diferentes a cada momento, desenvolvendo a 
capacidade de interpretação e resolução de problemas durante o jogo.
Gonzalez (2004) expõe um sistema de classifi cação dos esportes 
desenvolvido de acordo com a interação ou não com o companheiro(s) e a relação 
de oposição com o adversário. As categorias estão assim apresentadas:
34
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
• Esportes individuais em que não há interação com o oponente: são 
atividades motoras em que a atuação do sujeito não é condicionada 
diretamente pela necessidade de colaboração do colega nem pela ação direta 
do oponente.
• Esportes coletivos em que não há interação com o oponente: são 
atividades que requerem a colaboração de dois ou mais atletas, mas que não 
implicam a interferência do adversário na atuação motora.
• Esportes individuais em que há interação com o oponente: são aqueles 
em que os sujeitos se enfrentam diretamente, tentando em cada ato alcançar 
os objetivos do jogo, evitando, concomitantemente, que o adversário o faça, 
porém sem a colaboração de um companheiro.
• Esportes coletivos em que há interação com o oponente: são atividades 
nas quais os sujeitos, colaborando com seus companheiros de equipe de 
forma combinada, enfrentam-se diretamente com a equipe adversária, 
tentando em cada ato atingir os objetivos do jogo, evitando, ao mesmo tempo, 
que os adversários o façam.
A partir dessas classifi cação, podemos caracterizar e exemplifi car os EC com 
e sem interação. Assim, o quadro abaixo nos mostra alguns exemplos de esportes 
com e sem interação com o adversário.
Quadro 4 - Classifi cação em função da relação de 
cooperação e oposição em esportes coletivos
Com interação com o adversário Sem interação com o adversário
Basquetebol
Futebol
Handebol
Voleibol
Ginástica rítmica (conjunto)
Nado sincronizado
Remo
Fonte: Gonzalez (2004).
A partir da classifi cação com ou sem interação, podemos, ainda, classifi car 
os JEC com interação e criarmos categorias dentro de cada esporte em relação 
a Invasão, Rede/Parede ou de Campo/Rebatida. A ideia está em agrupar as 
modalidades em função da semelhança dos princípios táticos básicos e da 
natureza dos problemas do jogo (ALMOND, 1986 apud GRIFFIN; MITCHELL; 
OSLIN, 1997).
35
Esportes Coletivos: Conceitos e
Princípios Aplicados Capítulo 1 
Quadro 5 - Categorias dos JEC com interação
Invasão Rede/Parede Campo/Rebater
Basquetebol
Handebol
Polo Aquático
Futebol
Hóquei
Rúgbi
Futebol Americano
Voleibol
Badminton
Tênis
Tênis de Mesa
Squash
Beisebol
Softball
Críquete
Fonte: Almond (1986 apud GRIFFIN; MITCHELL; OSLIN, 1997).
As modalidades esportivas coletivas como o basquete, o vôlei ou o futsal, 
podem ser entendidas como um confronto entre duas equipes que se dispõem 
pelo terreno de jogo e se movimentam de forma particular, com o objetivo de 
vencer, alternando-se em situações de ataque e defesa (GARGANTA, 1998). 
Todos os EC possuem denominadores em comum, que são: um objeto esférico, 
geralmente uma bola, que pode ser lançada pelos jogadores com a mão ou com 
o pé, ou através de um instrumento; um terreno delimitado, maior ou menor, onde 
acontece o jogo; uma meta a atacar ou defender (baliza, cesta, por exemplo); 
companheiros de equipe, que impulsionam o avanço da bola; adversários, aos 
que há de vencer e regras, que se deve respeitar (BAYER, 1986). Os jogadores 
têm que se integrar e confrontar-se ativa e constantemente com todos esses 
componentes (HARRE apud TAVARES; FARIA, 1996). Moreno (1994) apresenta 
uma classifi cação em relação aos esportes de cooperação/oposição, na qual 
estão os Jogos Esportivos Coletivos. O autor divide os esportes em níveis de 
Espaço e Participação, levando em conta os Companheiros de equipe, Adversário 
e o Meio onde se joga a modalidade, conforme a fi gura a seguir.
36
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Figura 4 - Classifi cação dos esportes de cooperação/oposição
Fonte: Moreno (1994, p. 30).
Atividade de Estudos:
 1) A partir da Figura 4, classifi que o basquetebol e o vôlei em 
relação ao espaço e participação.
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Bayer (1994) avalia os sistemas defensivos, ofensivos e de transição, quando 
diz que as principais características do sistema defensivo são: a) a proteção 
do próprio campo e do alvo, b) a recuperação da bola, e c) o impedimento da 
progressão dos adversários e da bola para o próprio alvo. Em relação ao sistema 
37
Esportes Coletivos: Conceitos e
Princípios Aplicados Capítulo 1 
ofensivo, o autor descreve que este sistema tem como princípios básicos: a) a 
manutenção da posse de bola, b) a progressão dos companheiros e da bola em 
direção ao alvo adversário, e c) o ataque ao alvo adversário com o objetivo de 
fazer um ponto ou gol. Em relação ao sistema de transição, descrito como a união 
dos sistemas defensivo e ofensivo, observa-se que ocorre quando uma equipe 
perde a bola e passa a proteger seu alvo, impedindo a progressão dos jogadores 
adversários e tentando recuperar a posse da bola. Com a recuperação da bola, a 
equipe passa por uma transição de defensiva para ofensiva, progredindo para o 
campo adversário com o objetivo de conservar a posse da bola e marcar o ponto 
ou gol.
As ações de jogo realizam-se sempre em cooperação direta com os 
companheiros de equipe e em oposição aos adversários (TAVARES; FARIA, 
1996). Nessa situação de oposição e cooperação, surge o problema fundamental 
dos EC, de acordo com Gréhaigne e Guillon (1995): coordenar as ações com a 
fi nalidade de recuperar, conservar e fazer progredir a bola, tendo como objetivo 
criar situações de fi nalização e marcar gol ou ponto. A relação de oposição é 
estabelecida pelas situações de ataque e defesa. Cada princípio de ataque 
encontra oposição num princípio de defesa (Quadro 6).
Quadro 6 - Ações de ataque e defesa
Fonte: Gréhaigne e Guillon (1995).
38
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Atividade de Estudos:
 1) A partir do quadro acima, você consegue descrever quais são 
os momentos de ataque e defesa relacionados ao seu esporte?
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As características e considerações de Ataque e Defesa serão discutidas 
posteriormente neste Caderno. Nesse momento apresentaremosa Tática 
como componente fundamental na preparação e direção de equipes e atletas, 
considerando também as particularidades de cada esporte coletivo.
Algumas ConsideraçÕes
Você percebeu, neste capítulo, que o talento esportivo é 
infl uenciado por vários fatores, internos e externos. Esses fatores 
contribuem ou prejudicam o iniciante. Você notou, também, que, 
para o iniciante ter uma carreira positiva e duradoura, é necessário 
um planejamento em longo prazo, de 8 a 10 anos de trabalho constante, com 
10 mil horas de prática para que este jogador tenha condições de atingir o alto 
rendimento. Você aprendeu, ainda, que a idade de iniciação para os esportes 
coletivos está entre os 10 e 12 anos e as fases de desenvolvimento devem ser 
respeitadas pelos treinadores para que a especialização precoce não limite e 
prejudique a evolução ideal dos jogadores.
Percebeu, igualmente, que os Esportes Coletivos têm características 
técnicas, táticas e socioafetivas e podem ser com ou sem interação com o 
adversário.
8 a 10 anos de 
trabalho constante, 
com 10 mil horas de 
prática.
39
Esportes Coletivos: Conceitos e
Princípios Aplicados Capítulo 1 
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CAPÍTULO 2
O Funcionamento do Treinamento 
dos Esportes Coletivos
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivosde aprendizagem:
 Conhecer o funcionamento teórico e prático do treinamento para as modalidades 
esportivas relacionadas;
 Classifi car o funcionamento do treinamento aplicado aos esportes relacionados. 
44
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
45
O Funcionamento do Treinamento
dos Esportes Coletivos Capítulo 2 
ConteXtualização
O sucesso não vem por acaso. A expressão está relacionada ao trabalho 
árduo e correto com que muitos atletas, por meio de vários anos de prática, 
constroem as suas carreiras de sucesso. Para atingir o sucesso, muito trabalho 
deve ser considerado, mas este deve ser correto e planejado para que o sucesso 
venha como consequência e não por um acaso.
Muitas pessoas descrevem que o atleta tem o dom para praticar esportes 
com qualidade. Inegavelmente, o dom (ou o talento) é vital para a performance 
esportiva, contudo, o que realmente diferencia a equipe vencedora é o treinamento 
e as formas de trabalho que o treinador planejará. O planejamento, por meio da 
periodização, é a ferramenta encontrada para que a preparação física, técnica, 
tática e psicológica aconteça dentro de princípios, na busca de uma melhora em 
todos os aspectos de um atleta e de uma equipe. A periodização deve ser realizada 
para que esta evolução aconteça por princípios científi cos, e não por outros 
aspectos eventuais, e que todo o potencial do atleta e da equipe seja explorado 
em sua plenitude. Assim, este capítulo discute a importância e o funcionamento 
do treinamento para esportes coletivos.
A ImportÂncia da Prática Desportiva
A prática regular de esportes, por meio do treinamento em longo prazo, exerce 
papel fundamental no desenvolvimento e na formação, não apenas de atletas, 
mas também de cidadãos, pois conduzem à formação integral em seus aspectos 
físicos, sociais e emocionais. Mesquita (2005) descreve que o treinamento e a 
participação de competições esportivas auxiliam no desenvolvimento do indivíduo 
uma vez que:
• Faz parte do processo educativo e formativo da criança e contribui para o seu 
desenvolvimento integral;
• Promove a vivência de situações que conduzem a obtenção de valores 
essenciais do “saber ser” (autodisciplina, autocontrole, perseverança, 
humildade) e do “saber estar” (civismo, companheirismo, respeito mútuo, 
lealdade, etc.);
• Permite o desenvolvimento das capacidades e habilidades motoras do 
indivíduo, inerentes ao “saber fazer” (aquisição de uma bagagem motora 
ampliada, etc.);
• Contribui para o equilíbrio do indivíduo, pois permite a diminuição do estresse 
diário, comum à sociedade atual.
46
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Para que isso possa acontecer, o treinador deve proporcionar e considerar 
todos os fatores que interferem na formação do jogador e da equipe, por meio do 
treinamento coletivo regular e evolutivo. Bompa (2005) explica que as fases de 
aperfeiçoamento do treinamento técnico-tático dividem-se em 3 partes principais:
• Aperfeiçoamento dos elementos e componentes técnicos: no qual se 
busca o refi namento progressivo destes em todos os fundamentos de jogo, 
ajudando a construir a fase seguinte:
• Aperfeiçoamento do sistema (inclui todas as habilidades), que deve buscar 
se aproximar ao máximo dos padrões da competição;
• Estabilização e adaptação do sistema a diferentes características de jogo.
Em outras palavras, você deve treinar primeiramente a técnica, dos 
fundamentos simples aos mais complexos, buscando o aprimoramento 
técnico e a execução ideal. Posteriormente, você deve escolher e 
treinar o(s) sistema(s) de jogo, ataque e defesa e de acordo com os 
jogadores disponíveis, que irá utilizar para atingir o objetivo esperado 
e, por fi m, irá unir a técnica desejada com o sistema escolhido para 
cada circunstância do jogo ou de acordo com a ação do adversário.
O Treinamento Desportivo
A base do treinamento dos esportes coletivos segue os conceitos e princípios 
do treinamento desportivo (TD) e demanda um grande conhecimento 
dos aspectos científi cos relacionados a esta área. A organização do 
trabalho, seu planejamento e a sua periodização respeitam estes 
conceitos. O objetivo do treinamento esportivo nada mais é do que 
atingir o ápice do atleta ou da equipe no momento certo, ou seja, 
durante as competições principais. 
O treinamento desportivo tem várias defi nições. Para Dantas 
(2003, p. 28),
[...] é conjunto de procedimentos e meios utilizados para 
se conduzir um atleta a sua plenitude física, técnica e 
psicológica dentro de um planejamento racional, visando 
executar uma performance máxima num período 
determinado. 
Perez (2000) utiliza uma defi nição pedagógica do treinamento, quando 
escreve que é um processo composto por várias etapas, o qual se inicia sempre 
da mais simples para a mais complexa, até chegar à especialização, que visa à 
melhoria de algo, sendo essa uma característica nata dos seres humanos. Para 
Mantivéiev (1986, p. 32), 
Você deve treinar 
primeiramente a 
técnica.
E treinar o(s) 
sistema(s) de jogo.
E, por fi m, irá unir 
a técnica desejada 
com o sistema 
escolhido
O objetivo do 
treinamento 
esportivo nada mais 
é do que atingir 
o ápice do atleta 
ou da equipe no 
momento certo, 
ou seja, durante 
as competições 
principais.
47
O Funcionamento do Treinamento
dos Esportes Coletivos Capítulo 2 
[...] é a forma básica de preparação do atleta. É a 
preparação sistematicamente organizada por meio 
de exercícios que de fato constitui um processo 
pedagogicamente estruturado de condução de 
desenvolvimento do atleta [...].
Já para Carl (apud WEINECK 1999, p. 10), treinamento esportivo é defi nido 
como “o processo ativo complexo regular planifi cado e orientado para melhoria do 
aproveitamento e desempenho esportivo”.
Mais do que defi nir o TD, precisamos saber como utilizá-lo em benefício 
da equipe e dos jogadores. Assim, devemos entender os Princípios do TD e as 
suas aplicações em situações distintas, em treinamento e nas competições. Estas 
situações são de caráter altamente científi co, pois de acordo com Dantas (2003), 
os Princípios do TD são os aspectos cuja observância irá diferenciar o trabalho 
feito à base de ensaios-e-erros, do científi co. 
Já para Greco (2000), o alto nível de rendimento esportivo desejado é 
alcançado pelos atletas/equipes em situações de treinamento e competição 
como produto de uma série multifatorial e complexa de variáveis condicionantes, 
que atuam e interagem, tanto em conjunto quanto isoladamente. O processo de 
treinamento dirigido à obtenção e melhoria dos diferentes níveis de desempenho 
de uma equipe deve, portanto, contemplar um adequado planejamento, 
sistematização, estruturação, execução, regulação e controle científi co das 
diferentes habilidades e capacidades que constituem a modalidade em questão.
Diferente dos esportes individuais, o treinamento para equipes coletivas tem 
características únicas e que devem ser observadas quando do planejamento do 
treinamento. Weineck (1999) descreve que este planejamento para equipes deve 
compreender:
• Informações sobre o grupo e período de treinamento;
• Apresentação dos objetivos para cada competição;
• Objetivos intermediários a serem controlados após um determinado número 
de sessões de treinos ou período de tempo;
• Informações sobre a periodização e o seu acompanhamento;
• Difi culdades da formação esportiva caracterizada pela intensidade do estímulo 
e processos de ensino-aprendizagem;
• Procedimentos do treinamento principal e seus programas, métodos e 
organização.
Como já vimos as defi nições sobre o treinamento desportivo, agora, 
precisamos apresentar estas defi nições voltadas aos métodos e, mais ainda, aos 
esportes coletivos.
48
 Treinamento Aplicado aos Esportes Coletivos
Métodos de Treinamento Desportivo 
para Modalidades Coletivas
Métodos são modelos que você pode utilizar na organização e execução 
do seu treinamento e interferem no sucesso

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