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LIVRO INICIAÇÃO ESPORTIVA - Copia

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Prévia do material em texto

INICIAÇÃO 
ESPORTIVA
PROFESSOR
Dr. Rui Resende
Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo Uni-
cesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O 
download do aplicativo está disponível nas plataformas:
Acesse o seu livro também disponível na versão digital.
Google Play App Store
2 
INICIAÇÃO ESPORTIVA 
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; 
RESENDE, Rui.
 Iniciação Esportiva. Rui Resende.
 Maringá - PR.:Unicesumar, 2018.
 Reimpresso em 2021.
 168 p.
 “Graduação em Educação Física - EaD”.
 1. Iniciação Esportiva . 2. Esporte na Escola. 3. Desporto. 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-1661-1
CDD - 22ª Ed. 796
CIP - NBR 12899 - AACR/2
NEAD 
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
Impresso por: 
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, 
Editoração Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional Ana Claudia Salvadego, Revisão Textual 
Ariane Andrade Fabreti e Silvia Caroline Gonçalves, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock.
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD 
William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente 
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação Kátia 
Coelho, Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, 
Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie 
Fukushima, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria 
Carolina Abdalla Normann de Freitas, Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva, 
Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki 
Hey, Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não 
somente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão 
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional 
e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de 
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil 
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro 
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa 
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, 
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. 
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais 
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos 
pelo MEC como uma instituição de excelência, com 
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 
maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educadores 
soluções inteligentes para as necessidades de todos. 
Para continuar relevante, a instituição de educação 
precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, 
coragem e compromisso com a qualidade. Por 
isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, 
metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor 
do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes áreas 
do conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
boas-vindas
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à 
Comunidade do Conhecimento. 
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar 
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores 
e pela nossa sociedade. Porém, é importante 
destacar aqui que não estamos falando mais daquele 
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas 
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, 
atemporal, global, democratizado, transformado pelas 
tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, 
informações, da educação por meio da conectividade 
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares 
e da mobilidade dos celulares. 
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram 
a informação e a produção do conhecimento, que não 
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em 
segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer 
transformou-se hoje em um dos principais fatores de 
agregação de valor, de superação das desigualdades, 
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. 
Logo, como agente social, convido você a saber cada 
vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a 
tecnologia que temos e que está disponível. 
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg 
modificou toda uma cultura e forma de conhecer, 
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, 
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa 
cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o 
conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância 
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes 
cativantes, ricos em informações e interatividade. É 
um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá 
as portas para melhores oportunidades. Como já disse 
Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. 
É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. 
Willian V. K. de Matos Silva
Pró-Reitor da Unicesumar EaD
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes 
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível 
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1981): “Ninguém 
educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens 
se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem 
dialógica e encontram-se integrados à proposta 
pedagógica, contribuindo no processo educacional, 
complementando sua formação profissional, 
desenvolvendo competências e habilidades, e 
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, 
de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, 
estes materiais têm como principal objetivo “provocar 
uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta 
forma possibilita o desenvolvimento da autonomia 
em busca dos conhecimentos necessários para a sua 
formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento 
e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos 
fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe 
uma equipe de professores e tutores que se encontra 
disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar 
com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica.
boas-vindas
Débora do Nascimento Leite
Diretoria de Design Educacional
Janes Fidélis Tomelin
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Kátia Solange Coelho
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
Leonardo Spaine
Diretoria de Permanência
autor
Dr. Rui Resende
Possui Bacharelado em Educação Física e Desporto pela Universidade do Porto 
(1988), graduação em Licenciatura em Educação Física e Desporto pela Uni-
versidade do Porto (1990), especialização em Profissionalizaçãono Ensino da 
Educação Física pela Escola Superior de Educação do Porto (1995), mestrado em 
Alto Rendimento Desportivo pela Universidade do Porto (1996), doutorado em 
Ciências da Atividade Física e do Desporto pela Universidade da Corunha (2009) 
e aperfeiçoamento em Estudos Avançados em Ciências da Atividade Física e do 
Desporto: Avances e pela Universidade da Corunha (2005).
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e 
publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir: 
Link: <http://lattes.cnpq.br/5443241436070731>.
apresentação do material
INICIAÇÃO ESPORTIVA
Professor Dr. Rui Resende
O livro que se apresenta, denominado de Iniciação Esportiva, tem como grande 
propósito constituir um objeto de referência para quem pretende iniciar uma 
profissão relacionada à Educação Física e ao Esporte. No momento atual, de 
grandes transformações políticas, econômicas e sociais, a sociedade exige que o 
profissional que exerce a sua atividade na área da atividade física e esportiva tenha 
uma preparação adequada, que seja uma pessoa culta, empenhada, e que, por via 
disso, seja capaz de exercer com competência e proficiência esta profissão.
Considerando que a escola constitui o momento mais privilegiado para de-
senvolver a literatura relacionada à atividade física e ao esporte em particular, 
abordou-se a forma como se poderá fazer a introdução do esporte na escola. Real-
çaram-se os contextos histórico-políticos pelos quais esta abordagem se fez sentir, 
e perspectiva-se uma abordagem atualizada e mais apropriada aos seus propósitos.
A importância do esporte e a sua afirmação enquanto valor educativo são es-
camoteáveis. A sua abordagem educativa deve privilegiar a integração de todos, e 
a prática de formas jogadas, como preponderante fator motivacional.
A evidência com a qual o esporte se manifesta na sociedade moderna deve ser 
investigada pelos seus atores, nomeadamente, os treinadores. Parece uma evidência 
aceitar que o esporte de elevado rendimento continuará a manifestar-se como um 
espetáculo onde o surgimento de novos heróis e a consequente mercantilização 
serão uma realidade. Paralelamente a este fenômeno, o esporte de participação 
poderá ser uma ferramenta de desenvolvimento pessoal e da sociedade como 
um todo, pois tem todos os utensílios para fazer emergir excelentes qualidades 
humanas, e estas, por sua vez, repercutirem na sociedade como um todo. Como 
exemplos que ilustram esta demanda na promoção da saúde pública, apontamos 
o esporte como fator de combate à obesidade e às drogas e com grande impacto 
na inclusão social.
Destaca-se, igualmente, a importância de conhecer a origem do esporte e da 
figura do treinador para compreender como decorreu a sua evolução e, assim, 
perspectivar o futuro deste profissional, que se pretende digno e respeitado, porque 
também deverá ser altamente qualificado. Por isso, faz todo o sentido perspectivar 
os conhecimentos e as competências necessárias para desempenhar esta função 
com eficácia. A forma como ele adequa as suas competências ao desenvolvimento 
do atleta é o ponto essencial da atuação do treinador.
Os diferentes contextos de aplicação da competência do treinador (esporte de 
rendimento ou de participação) devem manifestar-se de forma a levar em conta o 
desenvolvimento positivo dos jovens e manifestar de forma intencional o desenvol-
vimento de competências de vida para além das esportivas. Para alcançar este fim, 
é fundamental contar com o apoio da família que, como agente primário da sua 
inserção no esporte, deve ser aliciada a se comprometer com o desenvolvimento 
integral do jovem. O clube esportivo e o treinador devem, consequentemente, 
empregar esforços e promover iniciativas que contribuam para este efeito. O papel 
diferenciador que o treinador pode proporcionar, nomeadamente, com a reali-
zação de informação qualificada referente ao atleta (ficha do atleta) no processo 
de treino, pode constituir uma forma de interação com os pais e demonstrar, de 
forma evidente, a qualidade do trabalho desenvolvido.
Materializando todas as concepções anteriores, o treinador deve ser capaz de 
criar uma filosofia de treino adequada aos seus valores e aos do clube que repre-
senta, materializando-os em atitudes e comportamentos no decurso do treino e 
da competição. Neste sentido, apontam-se sugestões para percorrer este caminho 
pedagógico.
A planificação do trabalho a ser efetuado é uma ferramenta essencial para que 
o treinador conduza um processo de treino. O esforço em controlar a globalidade 
de todo o processo de treino permite adequar os seus propósitos e refletir de forma 
mais aprofundada sobre toda a atividade desenvolvida. As planilhas que se apre-
sentam pretendem contribuir para que seja permitido ao treinador desenvolver, 
dentro do seu contexto específico, um trabalho com maior rigor e profissionalismo.
sumário
UNIDADE I
ESPORTE NA ESCOLA
14 Contextos da Educação Física
18 O Esporte como Conteúdo de Ensino nas 
Aulas de Educação Física
22 Modelos de Ensino do Esporte – TGfU
28 Modelos de Educação Esportiva – Sport 
Education
31 Considerações finais
36 Referências
38 Gabarito
UNIDADE II
O DESPORTO NO SÉCULO XXI
44 Caracterização do Esporte no Século XXI
48 Esporte Potenciador da Saúde das Populações
52 Os Clubes Esportivos Modernos
58 Contexto Histórico da Intervenção do Treinador
62 Considerações finais
68 Referências
69 Gabarito
UNIDADE III
CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS DO TREINADOR
74 Conhecimentos do Treinador
78 Competências do Treinador
82 Domínios de Desenvolvimento dos Atletas
86 Caracterização do Esporte Juvenil
92 Considerações finais
98 Referências
100 Gabarito
UNIDADE IV
EVOLUÇÃO POSITIVA ATRAVÉS DO ESPORTE
106 Treino de Jovens Atletas para uma Evolução 
Positiva por Meio do Esporte
110 Impacto do Esporte nas Competências de 
Vida
114 Desenvolvimento Positivo por Meio do Es-
porte: Papel dos Treinadores
120 Desenvolvimento Positivo por Meio do Es-
porte: Papel da Família
126 Considerações finais
132 Referências
135 Gabarito
UNIDADE V
PREPARAR E PLANEJAR A INTERVENÇÃO DO TREINADOR
140 Filosofia do Treinador
146 Planificação Anual Periodização
152 Plano Semanal Microciclo
158 Unidade de Treino
162 Considerações finais
167 Referências
167 Gabarito
168 Conclusão geral
Professor Dr. Rui Resende
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta 
unidade:
• Contextos da Educação Física
• O esporte como conteúdo de ensino nas aulas de Educação 
Física
• Modelos de ensino do esporte - TGfU
• Modelos de educação esportiva - Sport Education
Objetivos de Aprendizagem
• Reconhecer os contextos e a evolução da Educação Física.
• Identificar as razões pelas quais o esporte constitui matéria 
curricular da Educação Física.
• Verificar os conteúdos da proposta de modelo de ensino 
do esporte – TGfU.
• Estudar os conteúdos da proposta de modelo de ensino do 
esporte – Sport Education.
ESPORTE NA ESCOLA
unidade 
I
INTRODUÇÃO
O 
livro Iniciação Esportiva inicia-se por uma abordagem à Edu-
cação Física (EF). A razão pela qual se faz esta incursão ganha 
pertinência pelo fato de o sistema educacional brasileiro ter 
como incumbência, na sua matriz curricular, lecionar o es-
porte. Justifica-se, então, enquadrar historicamente a evolução desta dis-
ciplina relacionando-a com o esporte, pois ainda são evidentes as tensões 
subjacentes à sua abordagem nos espaços escolar e não escolar. 
A pertinência advém de que, por meio da EF, o esporte chega a toda a 
população como conteúdo de ensino. Constitui um processo pedagógico 
que, se devidamente enquadrado, possibilitará a valorização dos alunos 
do ponto de vista humanista, fomentando a sua opção por um estilo de 
vida ativo quando eles saírem do sistema de ensino. Legitima-se o ensino 
do esporte pelo seu valor intrínseco, pois implica orientação e compro-
metimento, apela ao esforço, à persistência e à resiliência, para além da 
competência e doresultado. Contudo, os métodos de ensino tradicionais 
têm sido questionados quanto à sua eficácia. 
As principais criticas provêm do fomento à exclusão pela elitização da 
participação e de não corresponder aos anseios dos alunos por se funda-
mentar no ensino das técnicas em detrimento do jogo. 
Os modelos de ensino do esporte ilustram novas possibilidades de 
ensino e também têm o propósito de oferecer novas ferramentas didáti-
cas aos educadores no intuito de melhorar a sua intervenção pedagógica. 
O modelo do ensino do jogo para a sua compreensão deu novos sig-
nificados pedagógicos ao ensino do esporte, inspirado em uma visão 
construtivista centrada no aluno. O ensino estratégico e tático com a uti-
lização de jogos reduzidos e a transferibilidade entre modalidades afins 
constitui o cerne da sua filosofia. O modelo de educação esportiva consti-
tui uma abordagem profundamente diferenciadora pela noção de ensinar 
o esporte em todos as suas competências. Assim, o aluno deverá passar 
por todos os papéis e atribuições que perpassam a competição esportiva.
14 
INICIAÇÃO ESPORTIVA 
Para quem tem como vocação, ou interesse, vir a 
ensinar conteúdos relacionados com a atividade fí-
sica e esportiva, deve ter alguma consciência sobre 
as determinantes que precederam a sua atualidade 
e a forma como ela, por meio da EF, é abordada no 
meio educativo.
Vamos, então, dedicar alguma atenção às ra-
zões que levaram à incorporação do esporte nos 
currículos da EF. Contudo, antes de abordarmos o 
esporte na escola, importa observarmos um pouco 
a EF, que é a disciplina que assume o ensino formal 
do esporte na escola.
O termo EF é usado para identificar a área cur-
ricular correspondente aos anos de escolaridade das 
crianças e dos jovens, tendo como propósito desen-
volver competências e habilidades em diferentes 
atividades motoras (RESENDE; LIMA, 2016). Deve 
constituir-se como a base de um conhecimento da 
atividade física e esportiva, fomentando nos alunos 
a procura por um estilo de vida ativo, de forma que 
este venha a repercutir no futuro enquanto adultos. 
Aliás, é interessante salientar que as percepções fí-
sicas formadas durante a adolescência são, muitas 
vezes, determinantes no comprometimento com os 
Contextos da 
Educação Física
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 15
níveis de atividade física subsequentes. Neste senti-
do, os contributos que a EF pode providenciar e pro-
mover no aluno são inúmeros: o respeito pelo corpo, 
o seu e o dos outros; melhoria da autoestima e da 
autoconfiança; desenvolvimento de competências 
sociais e cognitivas que, por sua vez, podem refle-
tir-se em um melhor desempenho acadêmico, como 
muitos estudos apontam (PERALTA et al., 2014).
Não se pode deixar de referir, porém, que, devi-
do a inabilidades várias, a EF pode provocar “alergia” 
à atividade física e esportiva por parte dos jovens e, 
assim, condicionar a sua adesão, no futuro, ao pro-
clamado e desejado estilo de vida saudável. Este as-
pecto não deve ser escamoteado, pois a simples prá-
tica da EF, com todas as virtudes que se enunciam 
e lhe reconhecem, podem não ser suficientes para 
alcançar os objetivos a que ela se propõe. Neste con-
texto, o professor e profissional de EF é um ator de 
importância crucial, pois o seu empenho na forma 
como leciona fará toda a diferença na perceção que 
o aluno terá sobre a importância da atividade física 
para toda a sua vida.
Tendo em conta a saúde pública e a cultura espor-
tiva, a EF deve constituir-se como uma defesa na 
promoção de um estilo de vida saudável. Para isto, 
é determinante que as atividades aí propostas refor-
cem os sentimentos de competência, estimulando a 
realização da atividade física de forma prazerosa. 
A EF escolar brasileira possui uma trajetória que 
principia em 1851 (com a reforma Couto Ferraz), 
inicialmente denominada Ginástica, com a sua inclu-
são no rol de disciplinas operacionalizadas na esco-
la e com o propósito da prática de exercícios físicos. 
Somente em 1882, com Rui Barbosa e a sua reforma 
do ensino primário, secundário e superior, é que se 
atribui importância à ginástica como elemento indis-
pensável para a formação integral da juventude. Des-
de então, vem agregando elementos históricos, mar-
cos sociais com conflitos e conquistas, por exemplo, 
a sua consolidação enquanto área de conhecimento. 
Sofreu, desde a sua inclusão, influências das institui-
ções onde era lecionada, nomeadamente de caráter 
militar e médico (MARTINS; PAIXÃO, 2014).
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-
cional, ou LDB (BRASIL, 1996), a EF é componente 
curricular obrigatório para a Educação Básica (Edu-
cação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Mé-
dio). As diretrizes curriculares reforçam a ideia de 
se estabelecer o desenvolvimento pleno e gradual do 
aluno, preparando-o para a cidadania em articula-
ção com todos os componentes curriculares, privile-
giando o desenvolvimento humano.
A forma como a EF se apresenta atualmente di-
fere das razões que a fizeram surgir na generalidade 
dos sistemas educativos contemporâneos. Conside-
rando o Brasil, inicialmente (1889-1930), sob uma 
ótica médica e higienista, os governantes passaram 
a prestar mais atenção à saúde dos habitantes nas ci-
dades. Pretendia-se a formação de indivíduos fortes, 
Figura 1 – As aulas de Educação Física em 1916, exercícios de postura e 
equilíbrio só com mulheres
Fonte: Wikipédia (2015, on-line)1.
16 
INICIAÇÃO ESPORTIVA 
saudáveis e propensos à aderência às atividades boas 
em detrimento de maus hábitos. Curiosamente, as-
siste-se, atualmente, a uma preocupação semelhante 
com o combate à obesidade e ao sedentarismo. Pos-
teriormente (1930-1945), tal preocupação veio com 
uma perspectiva militarista, a qual se pretendia que 
os jovens estivessem fisicamente aptos e, assim, me-
lhor preparados para as obrigações militares. Em se-
guida, veio um período considerado pedagogicista 
(1945-1965), em que a EF era proposta como forma-
ção do indivíduo. A EF competitivista (1964-1985), 
uma visão do regime militar de então, enaltece os es-
portes com competições oficiais e o culto do atleta-
-herói. Esta fase, em que existe uma apropriação da 
EF pelo regime, ainda condiciona, em grande me-
dida, a forma como o esporte é visto hoje no Brasil.
Apesar de tudo, o esporte, nos dias atuais, surge 
como parte integral do programa curricular da EF. 
Acrescentamos que o vigor com que o faz advém dos 
desenvolvimentos sociais das últimas décadas, que 
promoveram o esporte à escala mundial, transfor-
mando-o em um produto extremamente midiático e 
com grande impacto comercial.
Tal como já referimos, a inclusão do esporte 
nas aulas de EF ainda é considerado controverso 
por muitos, por via do peso político e ideológico 
que contempla (MARTINS; PAIXÃO, 2014). Com 
efeito, a tentativa de reproduzir, na escola, o espor-
te-espetáculo, ou servir-se da escola como viveiro de 
futuros alunos “atletas”, enfatizando a competição, a 
vitória e, como consequência, a exclusão dos menos 
habilidosos, levou a sua base componente educativa 
e formadora ao enfraquecimento. 
A inserção do esporte na escola constitui uma 
realidade hegemônica no Brasil (FERREIRA; LU-
CENA, 2006), mas também no mundo, com um 
tempo destinado à sua prática nas aulas de EF su-
perior a 40% (HARDMAN, 2008). Estes dados re-
forçam a importância que deve ser dada ao ensino 
desta matéria em contexto escolar.
Não pretendendo aflorar os contornos políticos 
que levam à discussão da importância desta hegemo-
nia, consideramos, contudo, que o esporte deve ter um 
lugar importante na formação das crianças e dos jo-
vens. Os jogos esportivos “são atraentes pela dinâmica 
que exploram e as disputas que desencadeiam, enal-
tecendo o incerto (pela presença de um adversário), 
a tomada de decisão e a inevitável solidariedade para 
a conquista de um objetivo comum” (RESENDE; SÁ; 
LIMA, 2017, p. 12). De acordo com os autores citados, 
o esporte tem a possibilidade de transportar mais-va-
lias pedagógicaspara o espaço educativo, potenciado-
ras de um desenvolvimento positivo dos jovens.
Os resultados positivos da participação esportiva 
na inclusão social, na saúde mental e física e na apa-
rente melhoria cognitiva e acadêmica dos jovens (BAI-
LEY, 2005) deve constituir um forte argumento para 
perspectivar um ensino esportivo de qualidade. A pró-
pria ONU (2003), enaltece o esporte como inclusivo e 
promotor da cidadania, contribuindo para a economia 
e fomentando um ambiente limpo e saudável.
A EF, no Brasil, passou por momentos muito 
conturbados pela apropriação e pela carga 
ideológica que lhe foi associada. A este pro-
pósito e acerca da História brasileira da EF, 
sugerimos a leitura do artigo “A História da 
Educação Física Escolar no Brasil”. Para saber 
mais, acesse: <http://www.efdeportes.com/
efd124/a-historia-da-educacao-fisica-esco-
lar-no-brasil.htm>. 
Fonte: o autor.
SAIBA MAIS
http://www.efdeportes.com/efd124/a-historia-da-educacao-fisica-escolar-no-brasil.htm
http://www.efdeportes.com/efd124/a-historia-da-educacao-fisica-escolar-no-brasil.htm
http://www.efdeportes.com/efd124/a-historia-da-educacao-fisica-escolar-no-brasil.htm
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 17
18 
INICIAÇÃO ESPORTIVA 
A EF é uma área curricular que se preocupa com o 
desenvolvimento dos alunos em termos de compe-
tência física e autoconfiança, de forma a usar estas 
habilidades em um leque alargado de atividades. 
Deve preocupar-se, em consequência, em ensinar 
os alunos a “aprender a mover-se” e a “mover-se 
para aprender”. Centra-se no ensino de habilidades 
que envolvem a participação física, com o conhe-
cimento do próprio corpo e a sua capacidade de 
movimento. Contudo, tem igualmente incluído, no 
seu âmago, valores educacionais, como habilidades 
sociais e éticas.
O Esporte como Conteúdo 
de Ensino nas Aulas de 
Educação Física
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 19
A legitimação do ensino do esporte, na escola 
e fora dela, advém do seu próprio valor enquanto 
potencial de desenvolvimento do ser humano, por 
meio de uma prática que, apesar de lúdica e praze-
rosa, exige o cumprimento de regras pré-estabele-
cidas e, por isto, implica organização. Desta forma, 
ensinar um jogo esportivo implica a orientação e 
o comprometimento com um objetivo, exigindo 
esforço e persistência, qualidade de desempenho 
e resultado. Estas virtudes levam ao espaço educa-
tivo mais-valias pedagógicas que sustentam a sua 
importância curricular.
O ensino dos esportes na escola, todavia, por 
meio dos métodos tradicionais e analítico, tem sido 
objeto de críticas por não corresponder nem às ex-
pectativas dos alunos, nem aos objetivos que perse-
gue. O foco de um ensino centrado em um método 
de aquisição das técnicas específicas de cada um dos 
esportes, desligada do contexto real do jogo, impli-
ca uma escassa aquisição de competência por parte 
dos alunos em resolver as situações reais que o jogo 
levanta. Isto, aliado à exaltação de uma mestria téc-
nica, traz desmotivação aos alunos pela falta de sen-
tido que leva à sua aprendizagem do jogo.
A questão de como ensinar os jogos esportivos consti-
tui um assunto controverso e tem sido objeto de grande 
curiosidade acadêmica. As novas correntes pedagógi-
cas sustentadas nas teorias da aprendizagem cognitiva 
e construtivista, assim como a teoria da aprendizagem 
situada, são consideradas inovadoras no ensino dos 
esportes (ROBLES et al., 2013) e têm dado destaque 
ao conceito de modelo em detrimento do método. 
Os modelos curriculares são desenvolvidos para 
ajudar os alunos a participar de uma forma equitativa, 
desafiando o seu raciocínio para além da replicação de 
técnicas ou de habilidades. A este propósito, Metzeler 
(2005) refere que o modelo:
• Fornece um plano global e uma abordagem 
coerentes para ensinar e aprender.
• Clarifica as prioridades nos diferentes domí-
nios de aprendizagem e de suas interações.
• Fornece uma ideia central para o ensino.
• Permite ao professor e aos alunos entenderem 
o que está acontecendo e o que virá a seguir.
• Fornece uma estrutura teórica unificada.
• Apoia-se na investigação.
• Fornece uma linguagem técnica aos professores.
• Permite que a relação entre instrução e apren-
dizagem seja verificável.
• Permite uma avaliação mais válida da 
aprendizagem.
• Facilita a tomada de decisão do professor den-
tro de uma estrutura de trabalho conhecida.
A importância de conceber o esporte e, mais particu-
larmente, os jogos esportivos coletivos desta forma, 
permite ensinar o jogo de uma maneira modificada, 
mantendo a sua essência, mas reduzindo a sua comple-
xidade e possibilitando aos alunos compreender os seus 
elementos-chave (ALMOND, 2015). Usando as formas 
de jogo reduzido, permite-se um estilo de ensino que 
se pode apelidar de descoberta guiada, pois, por meio Marco Saroldi / Shutterstock.com
20 
INICIAÇÃO ESPORTIVA 
da colocação do aluno em uma situação de jogo de en-
frentamento do adversário, ele é estimulado a encon-
trar as melhores soluções para resolver os problemas 
que o jogo induz. Assim, o aluno alcança um nível de 
compreensão consciente e age intencionalmente sobre 
a tática do jogo (GRAÇA; MESQUITA, 2007).
A prática de jogos reduzidos oferece, igualmente, 
a vantagem de permitir aos professores integrar o en-
sino de modalidades similares, pois a transferibilidade 
entre elas é possível. Como exemplo, podemos citar: 
[...] o popular jogo dos ‘10 passes’ em que se pre-
tende que uma equipa mantenha a posse de bola, 
ou a ‘bola ao capitão’, em que o objetivo, para além 
de manter a posse de bola, é efetuar uma progres-
são no terreno de jogo tendo como objetivo fazer 
com que ela chegue a um colega de equipa que 
está num espaço circunscrito no término do cam-
po adversário (RESENDE et al., 2017, p. 12).
gos tempos de espera para entrar em atividade. Este 
tipo de abordagem implica o professor assumir uma 
intervenção que, para além da liberdade de deixar 
jogar, ajude o aluno a encontrar soluções, comuni-
cando de forma positiva e estimuladora uma reação 
à prestação do aluno.
Neste contexto, e de acordo com Tani (2002), as 
principais caraterísticas do esporte enquanto con-
teúdo da EF devem:
• Ser objetiva no que diz respeito ao rendimen-
to, implicando consideração pelas diferenças 
individuais, nomeadamente, as caraterísticas 
físicas, psicológicas, sociais e culturais dos 
alunos. Deve também ter em consideração as 
diferenças individuais quanto às expectativas 
individuais, às aspirações e aos valores.
• Estabelecer metas de desempenho realistas, 
evitando, por um lado, a superestimulação e, 
por outro, a subestimulação.
• Deve visar a aprendizagem e, com isso, o co-
nhecimento esportivo. 
• Necessita ter como preocupação abranger to-
dos os alunos, independentemente do sexo, 
do seu nível de desenvolvimento motor e das 
suas capacidades físicas.
• O processo deve ser objeto de avaliação, per-
mitindo fornecer indicações objetivas sobre o 
progresso do aluno.
• Deve ter como alicerce que a sua dissemina-
ção constitui um patrimônio cultural da hu-
manidade.
De acordo com a sua própria experiência en-
quanto aluno(a), pondere sobre a razão pela 
qual o esporte pode desencorajar a prática 
de atividade física nos alunos de EF.
REFLITA
Idealizar o ensino do esporte desta forma tem como 
grande objetivo fomentar a participação dos alunos 
nas aulas de Educação Física, pois a motivação para 
o jogo é muito mais entusiasmante do que a reali-
zação de exercícios analíticos que induzem a lon-
A_Lesik / Shutterstock.com
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 21
22 
INICIAÇÃO ESPORTIVA 
Modelos de Ensino 
do Esporte – TGfU
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 23
Materializando os conceitos expostos, apresentamos 
duas propostas de modelos de ensino do esporte que 
têm sido alvo de bom acolhimento a nível interna-
cional, com destaque para os países anglo-saxôni-
cos. O interesse da sua importância para o ensino 
do esporte na escola, e na EF em particular, é o que 
pretende fazer a adesão ao esporte ser muito mais 
significativa.Esses modelos têm igualmente desper-
tado a curiosidade da comunidade científica, a qual 
tem produzido material empírico (fruto de pesqui-
sas com recurso a diferentes metodologias e em di-
ferentes sistemas de ensino) que dá sustento e incen-
tiva a sua aplicação. 
São modelos cujo objetivo é empregar metodo-
logias pedagógicas mais democráticas, providen-
ciando aos alunos experiências esportivas que real-
mente lhes permitam aprender a jogar bem e, com 
isso, ter maior desfrute com a sua prática. Neste sen-
tido, o conhecimento do jogo refere-se não somen-
te à capacidade para executar habilidades motoras 
complexas, mas também às decisões apropriadas do 
uso dessas habilidades no contexto do jogo. 
Ambos os modelos rompem com as abordagens 
mais tradicionais ao nível dos conteúdos, dos méto-
dos e das estratégias de ensino. Reconfiguram os pa-
péis e a responsabilidades de quem ensina e de quem 
aprende, estabelecendo novos cenários de contextos 
de instrução e aprendizagem.
Estes novos modelos surgem em oposição à 
perspetiva tradicional de fragmentação do jogo 
em ‘habilidades básicas’ e ao ensino das técni-
cas isoladas, onde é ignorada a complexidade e 
a espontaneidade do jogo, para enfatizar a to-
mada de decisão e a capacidade de intervenção 
em situações autênticas de prática em referên-
cia aos problemas impostos pelo jogo (MES-
QUITA; PEREIRA; GRAÇA, 2009, p. 945).
Desta forma, sugere-se que, quando os professores 
ajudam as crianças e os jovens a “entender” o jogo 
e reduzem a importância do ensino das técnicas de 
forma isolada, o divertimento e a satisfação com o 
jogo são abertos a todos, independentemente da sua 
habilidade.
MODELO DE JOGO PARA A SUA COMPRE-
ENSÃO – TGfU
O modelo do ensino dos jogos para a sua compre-
ensão (Teaching Games for Understanding - TGfU), 
proposto por Bunker e Thorpe (1982), teve um forte 
impacto na forma como se começou a encarar o en-
sino das modalidades esportivas. A um ensino tra-
dicional que iniciava a aprendizagem do jogo pelo 
domínio das técnicas, os autores propuseram uma 
forma de ensinar na qual o próprio jogo fosse a sua 
essência. Desta forma, promovia-se uma participa-
ção mais igualitária entre os estudantes, desafiando 
o entendimento do esporte para além das execuções 
técnicas e habilidades respectivas. 
24 
INICIAÇÃO ESPORTIVA 
O ensino centrado no aluno, no qual este modelo 
se apoia, pretende proporcionar sucesso em uma 
grande variedade de jogos, explorando as técni-
cas e táticas que lhes são comuns, como “o passar 
e desmarcar”, “encontrar espaços vazios” ou “abrir 
linhas de passe”. Assim, o professor ou o treinador 
centra o seu foco no ensinar a jogar ao invés de en-
sinar as técnicas específicas de cada modalidade. 
Os alunos devem executar estratégias apropriadas 
à complexidade do jogo e empregar tempo satisfa-
tório para jogar.
Quando se apresenta um jogo aos alunos, este deve 
ser adequado à sua idade e ao seu nível de experiên-
cia. Na prática, o professor desenha cenários de jogo 
em forma de puzzles (quebra-cabeça) que necessi-
tam ser resolvidos e que representam aquilo que o 
aluno normalmente encontra no jogo.
 A apreciação do jogo envolve o conhecimento 
das suas regras, que podem ser adaptadas em fun-
ção dos constrangimentos situacionais. A compre-
ensão tática implica o aluno na consciencialização 
dos problemas táticos que o jogo aporta e preconiza 
o entendimento das táticas mais elementares. A to-
mada de decisão incita o aluno a resolver questões 
(o que fazer? Como fazer), atribuindo, desta forma, 
significado ao uso da técnica, em função dos pro-
blemas táticos suscitados pelas ocorrências do jogo. 
A habilidade de execução procura dotar os alunos 
de um maior domínio e também de uma maior efi-
cácia na execução das técnicas. Todas as fases ante-
riores se reúnem para se corporizar na consolidação 
do jogo. O ciclo voltará a repetir-se, implicando o 
desenvolvimento de procedimentos cognitivos e 
técnicos cada vez mais complexos, até atingir o jogo 
formal. Contudo, é importante salientar que, apesar 
do propósito ser o ensino em direção ao domínio do 
O foco pedagógico é uma abordagem que:
1. Representa jogos complexos de forma 
simplificada. 
2. Modifica os princípios de jogo de forma 
a diminuir as suas exigências.
3. Exagera procedimentos no sentido de 
salientar determinados aspectos do 
jogo que são importantes para a sua 
compreensão. 
Uma das primeiras preocupações é evitar que o jogo 
se torne uma obsessão, desta forma, colocando aos 
alunos questões como: o que fazer? Quando fazer? E 
não apenas como fazer? 
O contexto do jogo tem precedência sobre o en-
sino das técnicas, assim, a escolha da forma do jogo 
é crucial e será determinante que este o qual foi se-
lecionado não faça recurso de técnicas que impeçam 
a sua realização. Consequentemente, deve permitir 
aos alunos enfrentar de forma inteligente as situa-
ções colocadas, interpretá-las, identificar uma possi-
bilidade de solução e, consequentemente, agir inten-
cionalmente de acordo com os objetivos. 
Os seis passos para o ensino do TGfU pro-
postos por Bunker e Thorpe (1982) são os 
seguintes: 
1. Jogo.
2. Apreciação do jogo.
3. Consciência tática. 
4. Tomada de decisão.
5. Habilidade de execução. 
6. Performance em competição. 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 25
jogo formal, se este não for alcançado, não diminui 
em nada a importância das aprendizagens obtidas 
pelos alunos no decorrer de todo o processo.
debol possui um princípio similar à desmarcação no 
basquetebol. 
O segundo princípio consiste na representação 
do jogo (Game representation), no qual os professo-
res criam um desenvolvimento apropriado por meio 
de cenários de jogo que proporcionem como usar 
uma determinada habilidade ou solução tática den-
tro do jogo. Como exemplo, podemos ilustrar com o 
jogo dos dez passes, já mencionado anteriormente. 
O objetivo será a manutenção da posse de bola e 
impedir que o adversário a conquiste. 
O terceiro princípio, designado de exagero 
(Exaggeration), implica que os professores defi-
nam um objetivo específico tendo como ponto de 
partida o jogo formal, concebendo um outro jogo 
que procure exagerar o conceito específico que es-
colheram anteriormente. Recorrendo novamente 
ao jogo dos dez passes, coloca-se um constran-
gimento ao jogo, em que se penaliza com perda 
de posse de bola se houver um passe devolvido a 
quem lhe passou. 
O último princípio, complexidade tática (Tacti-
cal complexity), assenta-se na premissa de que existe 
um desenvolvimento progressivo de soluções táticas 
que inclui as habilidades com bola e respectivos mo-
vimentos. Mais uma vez, por meio do mesmo jogo, 
solicitar (até com ajuda de uma pontuação) formas 
diferenciadas de passar a bola.
O modelo de ensino do jogo, para a sua com-
preensão, não deve ser reduzido ao ensino de uma 
competência cognitiva ou tática, pois tem grande 
potencial de confirmar a humanidade da EF e do es-
porte por meio das formas em que destaca a intera-
ção humana e as dimensões afetivas dos jogos.
A operacionalização do ensino desse modelo, 
segundo Almond (2015), envolve:
Estes passos metodológicos anteriormente referen-
ciados estão subordinados a quatro princípios peda-
gógicos. 
O primeiro, chamado de amostragem (Sam-
pling), evidencia como a compreensão das soluções 
táticas, regras e habilidades permite a transferibili-
dade entre jogos similares ou da mesma categoria. 
Significa que, por exemplo, a desmarcação no han-
26 
INICIAÇÃO ESPORTIVA 
Na sua essência, jogar pressupõe esforçar-se pela obtenção da vitória, o professor deve re-
fletir sobre a melhor estratégia para desenvolver o aluno neste particular.
Entender o jogo:
• As regras do jogo e a forma como o podem influenciar.
• Estratégia, táticas e princípios de jogo.
• Os princípios de jogo dentro de uma partida reconhecendo a sua relevância 
em situações específicas.
• Como trabalhar em equipe e para a equipe – fomentando a responsabilida-
de coletiva.
• Por que jogardesta forma ou daquela.
• Onde os próprios colegas estão e para onde eles são suscetíveis de se 
movimentar.
• A forma e o fluxo do jogo.
• O papel e a responsabilidades individuais:
• No ataque e na defesa.
• Quando não tem a posse da bola.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 27
Uma das muitas vantagens do TGfU é que ele per-
mite ao professor integrar a sua abordagem em di-
ferentes categorias de jogos. Isto pode ser alcançado 
procurando similaridades e diferenças nas técnicas, 
estratégias, táticas, regras e, inclusive, variáveis psi-
cológicas.
Noções básicas sobre o jogo: a necessida-
de de aprender a vencer os adversários
• Reconhecer como a sua equipe pode jo-
gar – Quais são as opções.
• Reconhecer como jogam os adversários.
• Ser sensível às mudanças que ocorrem 
durante o jogo.
• Estabelecer conexões entre a forma como 
se está jogando e as forças e fraquezas do 
adversário e da própria equipe. 
• Decidir o que fazer (como equipe/indi-
vidual).
• Reconhecer que aquilo que é 
taticamente exequível deve ser 
tecnicamente possível.
Procurando fazer um exercício pedagógico e 
didático, utilizando o modelo de ensino TgfU, 
idealize um jogo reduzido (com base em uma 
modalidade à sua escolha), contemplando as 
ideias que achar mais pertinentes do referido 
modelo. Você deve estipular as regras e os 
objetivos do jogo, assim como, pelo menos, 
uma hipótese de transferibilidade entre mo-
dalidades.
REFLITA
28 
INICIAÇÃO ESPORTIVA 
De uma forma completamente distinta de pensar o 
ensino do esporte na escola, e sugerindo uma abor-
dagem inovadora desse ensino, o modelo que se 
apresenta a seguir pretende ampliar a aprendizagem 
do esporte a todos os fatores que o envolvem.
MODELO DE EDUCAÇÃO DESPORTIVA 
(SPORT EDUCATION)
O modelo curricular e de instrução de educação 
desportiva proposto por Siedentop (1994) foi ela-
borado para providenciar experiências desportivas 
enriquecedoras para ambos os sexos no contexto da 
EF, e constitui-se como uma alternativa ao ensino de 
unidades didáticas de curta duração compostas por 
multiatividades. 
A importância desse modelo é reconhecida pela 
comunidade internacional que investiga a área da EF 
e tem sido alvo de pesquisas incidindo, por um lado, 
na forma como se pode implementá-lo e, por outro, 
sobre os resultados da sua aplicação. O grande obje-
tivo “será reconhecer que o esporte é uma forma de 
jogo e, que numa sociedade onde formas superiores 
de atividade lúdica são perseguidas vigorosamente 
Modelos de Educação Esportiva 
Sport Education
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 29
por todas as pessoas, a sociedade é mais madura” 
(CURTNER-SMITH; SOFO, 2004, p. 347). Desta 
forma, tem como fim mais específico gerar pessoas 
com competência esportiva, literadas e entusiásticas.
• Uma pessoa competente no esporte é aque-
la que possui habilidade, entende e executa a 
estratégia de jogo de forma a participar com 
sucesso no jogo.
• Uma pessoa com conhecimento esportivo é 
aquela que entende os valores e tradições do 
esporte, assim como os seus rituais e regras, 
além de ser capaz de distinguir uma boa de 
uma pobre realização.
• Um esportista entusiasta é aquele que partici-
pa de forma a melhorar, preservar e proteger 
a cultura desportiva.
A ideia contida nesse modelo será a de introduzir o 
conceito de época desportiva, que:
• Articula a prática desportiva com a institu-
cionalização de clubes. 
• Junta a filiação duradoura e a competição ca-
lendarizada, com a conservação de registos 
de resultados e estatísticas dos desempenhos 
individuais e de grupo. 
• Atribui papéis e funções que compõem 
o envolvimento desportivo (capitães, 
treinadores, árbitros, diretores, jornalistas, 
entre outras possíveis funções). 
Para concretizar tudo isto, os alunos são chamados a 
desempenhar diferentes papéis além de jogar. À me-
dida que a “época” progride, o professor altera um 
estilo de ensino mais diretivo para um estilo menos 
diretivo e mais centrado no aluno. Desta forma, ao 
aumentar a responsabilidade em todos os aspectos 
do ambiente de aprendizagem sobre os alunos, gra-
dualmente, o professor assume mais um papel de 
facilitador.
A importância que a competição tem como ele-
mento central da experiência esportiva exige crité-
rios cuidadosos na criação das equipes e pretende 
fazer uma clara distinção entre o treinar (preparar 
para a competição) e o competir. 
kzww / Shutterstock.com
O modelo visa, igualmente, evidenciar o compo-
nente diversão e a competência esportiva, que se 
traduz na prática da competição esportiva institu-
cionalizada. O que faz todo o sentido, pois competir 
e esforçar-se pela vitória é inerente à prática do jogo 
e à cultura esportiva que lhe está subjacente. Como 
princípios fundamentais dos conteúdos de ensino 
da EF e do esporte, o espírito da competição deve 
fundar-se em um forte espírito ético de respeito 
pelo jogo e por todos os que nele intervêm. É fun-
damental que a competição favoreça a participação 
de todos e, com isso, o seu desenvolvimento pessoal, 
criando a oportunidade de todos jogarem e, por via 
disso, aprenderem a jogar. 
Possuindo uma orientação que pretende ver to-
dos os alunos incluídos no processo, o modelo de 
educação esportiva tem que saber lidar com valores 
um pouco divergentes, que são o ganhar e garantir 
que todos tenham oportunidade de participação 
30 
INICIAÇÃO ESPORTIVA 
dade no grupo, um espírito consolidado nos obje-
tivos comuns de alunos que se ajudam mutuamente 
para o alcançar. Naturalmente que, se tratando de 
um grupo e, ainda, formado por jovens, serão de-
sencadeados tensões e conflitos. Estes devem ser 
tratados por meio do diálogo e, para a sua resolu-
ção, deve contribuir o saber do professor que, com 
o seu empenho e a sua boa influência, fará resultar 
o processo. 
efetiva no jogo. Neste sentido, a esse modelo é im-
portante corresponderem formas de jogo adequadas 
às capacidades dos alunos, motivando e mobilizan-
do a sua participação de forma relevante. 
Um dos pontos fundamentais que o modelo de 
educação esportiva propõe é uma aprendizagem 
cooperativa por meio da constituição de pequenos 
grupos heterogêneos e que tenham uma grande 
duração. Este é um ponto fundamental para que o 
modelo seja eficaz. Criar um sentimento de identi-
O objetivo do modelo de educação espor-
tiva é:
• Melhorar a capacidade de jogo por 
meio do progresso das habilidades es-
pecíficas, da leitura de jogo e da conse-
quente tomada de decisão.
• Melhorar as capacidades físicas e psi-
cológicas.
• Fomentar a autonomia, a liderança 
e a partilha de responsabilidades na 
organização da experiência esportiva 
(isto obtido por meio de uma trans-
ferência progressiva da organização 
para os alunos).
Em um interessante artigo, Deenihan, 
McPhain e Young (2011) pesquisam sobre 
como ensinar os professores estagiários 
a implementar o modelo de educação es-
portiva na escola. Por meio de diferentes 
estratégias metodológicas de investigação, 
os autores deparam-se com as dificuldades 
que os professores estagiários revelam em 
adotar esta estratégia de ensino do esporte, 
o que leva os pesquisadores a proporem 
intervenções para melhorar esta aprendiza-
gem. Para saber mais, acesse: < https://www.
researchgate.net/publication/232220050_’Li-
ving_the_curriculum’_Integrating_sport_edu-
cation_into_a_Physical_Education_Teacher_
Education_programme>.
Fonte: o autor. 
SAIBA MAIS
 31
considerações finais
O primeiro contato com o esporte, na maioria das situações, acontece dentro 
do âmbito escolar. Urge, assim, compreender como se pode intervir pedagogi-
camente para que esta experiência seja positiva e conquiste os alunos para uma 
prática esportiva continuada. 
O esporte, por ser uma disciplina curricular, é uma matéria de ensino. Con-
tudo, ele ainda levanta objeções sobre o seu valor educativo, nomeadamente por 
razões políticas relacionadas com o aproveitamento do esporte pela ditadura mi-
litar como forma de controlar a população. Outras das razões apontadas é que 
o esportepromove a elitização, pois enaltece os mais fortes e discrimina os que 
revelam menores aptidões. 
Na verdade, se o esporte ensinado na escola reproduzir o esporte de rendi-
mento, reúne os condimentos para a seletividade por um lado, e para a discri-
minação por outro. Tentando contrariar estes pressupostos, evidencia-se, nesta 
unidade de ensino, as características intrínsecas do esporte como ferramenta que 
pode fomentar a evolução positiva das crianças e dos jovens. 
Neste sentido, apresentam-se modelos de ensino que expõem estratégias 
agregadoras para ensinar o esporte de forma motivadora e prazerosa, não esque-
cendo que é quase inerente ao ser humano gostar de jogar. No centro da aplicação 
dessas estratégias de ensino está o professor, que, pelo seu empenho e competên-
cia, ensinará a criança e o jovem a jogar. 
Para isto, ele terá que idealizar a sua intervenção de uma forma contextuali-
zada a cada grupo que lidera, pautando a sua intervenção adequadamente, com 
o intuito de fazer as crianças e os jovens tirarem o máximo partido da atividade. 
Tendo em mente a inclusão e a valorização de todos, será determinante equacio-
nar estratégias que evidenciem todos os aspectos relacionados ao jogo e à com-
petição esportiva. 
Desta forma, a avaliação dos alunos poderá contemplar muitas outras facetas, 
além de apenas a competência obtida pelo resultado, constituindo mais um fator 
mobilizador para o gosto pelo esporte.
32 
atividades de estudo
1. A importância da Educação Física surge a par 
de outras disciplinas para a formação do aluno. 
Acerca da razão pela qual a Educação Física faz 
parte do currículo da educação nacional, assinale 
a alternativa correta. 
a) Detectar futuros atletas olímpicos.
b) Desenvolver em todos os alunos compe-
tências e habilidades motoras.
c) Ensinar o esporte.
d) Divertir os alunos por meio de um recreio 
supervisionado.
e) Disciplinar os alunos.
2. Ao longo de sua história, a Educação Física ma-
nifestou-se de várias maneiras. Houve o período 
higienista, o pedagogicista e o competitivista, por 
exemplo. Sendo que, nesse último período, os 
militares apossaram-se da EF e até hoje influen-
ciam a maneira com que o esporte é visto no 
Brasil. Apesar de ser considerado um conteúdo 
de docência, o ensino do esporte na escola ain-
da é visto com alguma desconfiança. Em relação 
ao motivo de desconfiança, assinale a alternativa 
correta. 
a) Exaltação do aluno atleta e a supervaloriza-
ção de competições.
b) Só serve para jogar futebol.
c) Contribui para a integração e socialização 
dos jovens.
d) Retira tempo das atividades gímnicas.
e) Favorece o desenvolvimento global de to-
dos os alunos.
3. Aqueles que são mais veementes sobre a ex-
clusão do esporte como parte do currículo da 
Educação Física fazem algumas críticas ao seu 
ensino. Em relação a essas críticas, assinale a al-
ternativa correta.
I - Fomenta a exclusão.
II - É demasiado tecnicista.
III - Há pouco tempo dedicado ao jogo.
IV - A avaliação contemple somente as com-
petências atléticas.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e IV, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II, III e IV.
4. De forma a potenciar um estímulo adequado à 
melhora da saúde, as principais caraterísticas do 
esporte enquanto conteúdo da EF devem:
a) Ativar a superestimulação.
b) Evitar a subestimulação.
c) Evidenciar o rendimento.
d) Enaltecer a competição.
e) Selecionar os melhores.
5. Para implementar um modelo de ensino inspira-
do no TgfU, deve-se proceder à definição de im-
portantes princípios. Neste sentido, os seis pas-
sos para o ensino do TGfU são:
V - Consciência tática, apreciação, habilidade 
de execução, tomada de decisão, jogo e 
performance.
VI - Apreciação, tomada de decisão, consciên-
cia tática, habilidade de execução, jogo e 
performance.
VII - Habilidade de execução, apreciação, to-
mada de decisão, consciência tática, jogo 
e performance.
VIII - Jogo, apreciação, consciência tática, toma-
da de decisão, habilidade de execução e 
performance em competição.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) IV, apenas.
d) III, apenas.
e) I e IV, apenas.
 33
LEITURA
COMPLEMENTAR
A qualificação profissional é uma exigência premente 
na atualidade, nomeadamente naquela em que se si-
tua o ato educativo, sendo pertinente, por isso, apurar 
qual a opinião que os destinatários da formação fazem 
do agente formador. O qualitativo de bom professor ou 
o perfil do professor ideal é, porventura, impossível de 
atingir, mas que deve ser continuamente perseguido. 
A consciência desta dificuldade evidencia o propósito 
deste trabalho, em que se pretende inquirir os alunos 
sobre a ocorrência de um conjunto de comportamen-
tos a serem observados em um bom professor de EF. 
Desta forma, alimenta-se a discussão sobre esta temá-
tica, procurando contribuir para valorizar a função do-
cente por meio do maior conhecimento.
Sendo um conceito central em Psicologia Social, as re-
presentações sociais combinam a nossa capacidade 
de perceber, inferir e compreender, de forma a dar 
um sentido às coisas, ou para explicar uma situação a 
alguém (MOSCOVICI, 2004). Assim, podemos conhecer 
como o conceito é percebido pelos intervenientes na 
relação pedagógica. Como os alunos conceitualizam o 
conceito, qual a representação mental que eles fazem 
dos professores. De acordo com Shimamoto (2004), as 
representações sociais de professores oferecem parâ-
metros que possibilitam o entendimento das perce-
ções que os indivíduos constroem sobre a realidade, 
como também o da influência das representações no 
pensamento e nas condutas humanas, o que constitui 
uma das vias de compreensão do trabalho pedagógi-
co realizado em sala de aula. A representação que os 
atores presentes na relação educativa formam um do 
outro constitui um dos elementos mais decisivos deste 
universo representacional, pois todo o ato de comuni-
car, na sua interação, supõe uma representação de si 
e uma representação do outro. As representações, isto 
é, o que pensa cada interveniente sobre a situação que 
vivencia, apesar de subjetivas, estão na base da mo-
tivação, da orientação e da tomada de decisões pes-
soais, bem como traduzem e condicionam os modos 
como os indivíduos se relacionam entre si. “O modo 
como cada professor enfrenta uma situação didática 
depende muito da sua individualidade psicológica, a 
partir da qual interpreta e lhe atribui significados, e 
dos momentos de decisão em que se enquadra” (PA-
CHECO, 1995, p. 51).
O aluno, na representação que possui do professor, de 
acordo com Gouveia-Pereira (2008), tem a expetativa 
de que a escola e os seus professores orientarão o seu 
relacionamento com os vários interlocutores, que ga-
rantam o respeito e o cumprimento das regras e dos 
deveres estabelecidos, assegurem todo o apoio neces-
sário ao seu bem-estar e sejam intervenientes ativos na 
resolução justa dos conflitos de interesse que possam 
ocorrer.
Com o evoluir das representações formadas pelos alu-
nos sobre os seus professores, os fatores afetivos vão 
assumindo um papel importante. Entre esses fatores, 
destacam-se a disponibilidade que o professor revela, 
o respeito e o afeto que transmite e a capacidade de 
se mostrar acolhedor e positivo. O peso desses fatores 
será tanto maior quanto mais baixo for o nível de es-
colaridade.
34 
LEITURA
COMPLEMENTAR
Segundo um estudo realizado por Wallon (1995), o papel 
do professor na vida do aluno é essencial. Para os alu-
nos, esse papel é representado como o de uma pessoa 
formada e habilitada, com afetos contemplados aos alu-
nos, podendo ambos interagir dentro de uma transmis-
são emocional.
Caraterísticas de um bom professor
Segundo Hashweh (2005), o professor deverá ter uma 
boa bagagem de conhecimentos didáticos e pedagógicos 
e ter uma grande variedade de caminhos pedagógicos 
no seu ensino, para, assim, ele poder adaptar-se às maisvariadas situações que possa encontrar. Pitta (1999) tam-
bém refere que os professores deverão possuir compe-
tências científico-pedagógicas para ter a segurança e o 
desembaraço para as situações que decorrem do exer-
cício das suas funções durante as práticas pedagógicas.
Perrenoud (2000) considera que, para ensinar, o profes-
sor deverá ter dez competências bem desenvolvidas, as 
quais poderão ser sujeitas a alterações em consonância 
com a sociedade ao desenvolver a sua atividade. Essas 
competências são: I) Organizar e dirigir situações de 
aprendizagem, II) Administrar a progressão das apren-
dizagens; III) Conceber e fazer evoluir os dispositivos de 
diferenciação, IV) Envolver os alunos nas suas aprendiza-
gens e no seu trabalho, V) Trabalhar em equipe, VI) Parti-
cipar na administração da escola, VII) Informar e envolver 
os pais, VIII) Utilizar novas tecnologias, IV) Enfrentar os 
deveres e os dilemas éticos da profissão, X) Administrar 
a sua própria formação contínua.
Caraterísticas do bom professor de EF
No plano da nossa área de estudo, como nos recorda 
Cunha (2007), o professor de EF possui bases científi-
cas que permitem que haja um desenvolvimento motor 
correto do aluno, proporcionando o gosto pela aprendi-
zagem das atividades físicas, tendo em conta a saúde e 
as suas limitações. Das suas competências devem fazer 
parte, além dos conhecimentos científicos, as habilida-
des e atitudes relacionadas ao meio em que ele intervirá 
(NASCIMENTO, 1999).
De acordo com Pitta (1999), são quatro as dimensões 
fundamentais do bom professor: I) A dimensão motivado-
ra, que capacita o professor a motivar os alunos, possi-
bilitando-lhes uma adequada aprendizagem e os meios 
necessários para evoluir e enfrentar os desafios da vida, 
II) A dimensão relacional, que tem a ver com o bom clima 
de uma sala de aula, III) A dimensão ética do bom profes-
sor, que contribui para a formação do caráter e dos valo-
res dos seus alunos, indispensáveis ao desenvolvimento 
da sua maturidade e à sua inserção na vida social, IV) A 
dimensão construtiva, aquela que se reflete na admiração 
que os alunos têm pelo seu professor, pela sua habili-
dade para os ensinar, a sua clareza e a forma como os 
orienta nas suas tarefas. Reflete também a sua forma de 
ser imparcial, como controla a turma, o afeto que trans-
mite aos alunos, a sua paciência, o seu bom humor e a 
sua justiça.
Fonte: Resende et al. (2014).
 35
material complementar
Esporte Escolar
Maristela da Silva Sousa
Editora: Ícone
Sinopse: a Educação Física realmente vinculada aos rituais pedagógicos da escola 
precisa passar por uma nova fase de crítica e de reformulações. Portanto, o pre-
sente trabalho encaminha-se para este propósito também. Ele não permanece 
apenas na crítica ao esporte e à Educação Física do ponto de vista pedagógico, 
mas se propõe a abrir uma ampla discussão em torno das questões epistemológi-
cas mais abrangentes que fundamentam a prática da Educação Física e, em espe-
cial, o ensino dos esportes. Por fim, para não ficar apenas no plano da crítica e do 
debate teórico-metodológico das questões gerais da Educação Física brasileira, o 
trabalho propõe-se, ainda, a apresentar o que é denominado, por sua autora, de 
possibilidade superadora no plano da cultura corporal.
Indicação para Ler
Esporte, Política, Educação
Renato Sampaio Sadi
Editora: Appris
Sinopse: este livro expõe a história de professores e alunos que compartilharam 
conhecimentos variados para lidar com as contradições sociais e as relações entre 
esporte, política e educação.
Indicação para Ler
A Criança e o Esporte: uma Perspectiva Lúdica
Francisco Xavier V. Neto e Rogério C. Voser
Editora: Ulbra
Sinopse: divertidos jogos e brincadeiras estão presentes neste universo, ao mes-
mo tempo lúdico e pedagógico, que envolve a criança no esporte. Indicado para 
as disciplinas de Iniciação Esportiva e Atividades Pré-Desportivas. 
Indicação para Ler
36 
referências
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25, 2015. 
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ISMAI, 2014. p. 183-198. 
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Referência on-line:
1 em:<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Women%27s_physical_edu-
cation_exhibition_in_Herron_Gymnasium_1916_(3191469988).jpg>. Acesso 
em: 17 set. 2018. 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Women%27s_physical_education_exhibition_in_Herron_Gymnasium_1916_(3191469988).jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Women%27s_physical_education_exhibition_in_Herron_Gymnasium_1916_(3191469988).jpg
38 
gabarito
1. B.
2. A.
3. E.
4. B.
5. C.
UNIDADE II
Professor Dr. Rui Resende
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta 
unidade:
• Caracterização do esporte no século XXI
• Esporte potenciador da saúde das populações
• Os clubes esportivos modernos
• Contexto histórico da intervenção do treinador
Objetivos de Aprendizagem
• Identificar a relevância do esporte na sociedade 
contemporânea. 
• Verificar as potencialidades do esporte como fomentador 
de um estilo de vida saudável.
• Caracterizar e perspectivar o clube esportivo moderno.
• Considerar a evolução da profissão de treinador.
O DESPORTO NO SÉCULO XXI
unidade 
II
INTRODUÇÃO
A 
importância do impacto do esporte no contexto social atual é 
dúbia. As multidões que acorrem aos espetáculos esportivos 
e a repercussão que estes eventos têm nos órgãos de comuni-
cação social fazem parte da nossa vivência diária. Com esta 
consciência, um profissional do esporte deverá saber identificar a área 
onde vai desenvolver a sua atividade e projetar a sua evolução, não só no 
contexto brasileiro, como mundial. Por outro lado, desenvolvem-se no-
vas áreas de intervenção do esporte, nomeadamente enquanto atividade 
potenciadora de fomentar a saúde das populações. 
Neste sentido, será exigida uma transfiguração dos clubes esportivos 
de forma a adequarem os seus serviços a uma nova geração de frequenta-
dores. Estes atletas poderão ser de rendimento, mas também poderão ser 
de participação, sendo que a convivência e a coexistência entre ambos os 
projetos esportivos terão que ser bem definidos e de acordo com os valo-
res do clube. Ao modernizar-se, o clube tenderá a oferecer serviços com 
qualidade cada vez maior, e os recursos humanos farão toda a diferença. 
Esta evolução necessitará de uma resposta profissional de todas as es-
truturas do clube, implicando, como consequência, a formação adequada 
dos seus agentes. Os novos clientes poderão ser crianças, jovens ou adul-
tos, visando a diversas formas de rendimento esportivo, e o treinador terá 
de exercer a sua competência de forma eficaz em todos os projetos que for 
chamado a liderar. Tendo em conta o percurso profissional do treinador 
e a forma como se projeta a sua atuação futura, importa reconhecer o 
caminho percorrido até então. 
De uma atividade pouco reconhecida até a importante função social 
que desempenhará, enunciam-se interessantes desafios à carreira profis-
sional do treinador. Esta demanda requererá uma maior solidez de co-
nhecimentos por forma a exercer com competência as diferentes funções 
que vier a ser convidado a exercer.
44 
INICIAÇÃO ESPORTIVA 
Iniciamos esta matéria com o propósito de enqua-
drarmos o esporte na sociedade atual e perspecti-
vando como se desenvolverá no futuro. A ideia será 
refletir melhor sobre a forma como se deve prepa-
rar o profissional do esporte para ele atuar com 
competência.
O esporte tem sido um instrumento para a in-
dústria que, por meio da sua utilização, obtém 
grandes proveitos impulsionando as economias na-
cionais. Para este feito, com o apoio dos órgãos de 
comunicação social, promovem-se espetáculos es-
portivos e originam-se novas estrelas mediáticas que 
alcançam grande repercussão mundial. Contudo, 
apesar do esporte de rendimento ser seguido apai-
xonadamente por cada vez mais pessoas, não existe 
um reflexo desta paixão no incremento do número 
de praticantes esportivos.
Tomando o exemplo do Brasil, quantas pessoas 
praticam esporte e de que maneira o fazem? O Mi-
nistério do Esporte (BRASIL, 2015) encomendou 
uma pesquisa denominada de Diagnóstico Nacional 
do Esporte (Diesporte) em que traçou, por um lado, 
o perfil do praticante de esporte ou de atividade físi-
ca e, por outro lado, o sedentário (indivíduo que não 
faz atividade física ou esporte). Os resultados indi-
cam que 45,9% dos brasileiros (67 milhões) são se-
Caracterização do Esporte 
no Século XXI
A.RICARDO / Shutterstock.com
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 45
dentários, sendo que as mulheres representam uma 
maior percentagem, com 50,4%, enquanto os ho-
mens estão em 41,2%. Os sedentários são em menor 
número na faixa etária mais jovem, mas progridem 
com a idade. Em relação a países como Argentina 
(68,3%) e Portugal (53%), verificamos que a taxa de 
sedentarismo do Brasil é bem inferior. É ligeiramen-
te menor que a da Itália (48%) e ligeiramente maior 
que a dos Estados Unidos (40%). A população de se-
dentários é muito inferior em países como Espanha 
(35%), Uruguai (34,1%), Canadá (33,9%), França 
(22%) e Inglaterra (17%). Será importante notar, no 
relatório referido, que a faixa de idade dos brasileiros 
na qual se regista um maior abandono do esporte ou 
da atividade física se dá entre os 16 e 24 anos, indi-
cando, igualmente, que 90% dos abandonos surge até 
os 34 anos. É interessante constatar, no mesmo rela-
tório, que os praticantes esportivos são 25,6% da po-
pulação, enquanto os outros 28,5% se declaram pra-
ticantes de atividade física. Caraterizando um pouco 
melhor, verifica-se que os homens (35,9%) praticam 
mais esportes que atividades físicas (22,9%), e que 
esta tendência se inverte quando consideramos as 
mulheres, com somente 15,6% praticando esporte e 
34% relatando que faz atividade física.
É estimulante para essa matéria constatar que o 
caminho pelo qual o brasileiro inicia a sua prática 
esportiva é, maioritariamente (48%), na escola, com 
a orientação de um professor, e se inicia entre os 6 
e 14 anos. A modalidade esportiva mais praticada é, 
sem surpresa, o futebol (59,9%). sendo seguida do 
voleibol (9,7%). Os autores do estudo registraram, 
ainda, que 90,3% dos entrevistados não recebem 
qualquer tipo de orientação quando fazem atividade 
esportiva, e que 92,4% não têm qualquer filiação a 
uma instituição para efetuar a prática esportiva.
46 
INICIAÇÃO ESPORTIVA 
A gestão esportiva profissional trouxe novas estra-
tégias de marketing, planos de negócios e expansão 
dos esportes para novos mercados. O crescimen-
to do rádio e da televisão fez com que o esporte se 
tornasse parte do dia a dia das pessoas. As estrelas 
esportivas passaram a fazer parte dos tabloides e das 
televisões, vendendo produtos diversos, tornando-
-se parte da realidade mundana e roubando o prota-
gonismo que, no século passado, pertencia às estre-
las de cinema.
Assim, quando a globalidade dos indivíduos re-
flete sobre o esporte ou a atividade física, não lhe 
ocorre o que ela pode fazer como praticante, mas 
sim, os resultados esportivos do seu clube, das gran-
des competições em que o seu país está envolvido ou 
as medalhas obtidas nas Olimpíadas. Por outro lado, 
essa globalidade associa ao esporte as personagens 
mais relevantes e as marcas que a elas estão relacio-
nadas (SPRACKLEN, 2015).
Refletindo sobre aquilo que pode ser o esporte 
no futuro, não podemos deixar de considerá-lo e 
aceitá-lo como um espetáculo no qual as regras do 
mercado econômico ditarãoas suas leis. Contudo, o 
esporte pode desempenhar uma importante função 
social, pois oferece oportunidades para melhorar o 
autoconhecimento e a autovalorização, reforçando, 
desta forma, a própria identidade e, com isso, a da 
comunidade onde ele está inserido.
Para além das sensações descritas anteriormen-
te, o esporte pode constituir uma importante forma 
de promoção da saúde, combatendo aquilo que já 
se chama de doença do século: a obesidade. Neste 
sentido, ao fomentar um estilo de vida saudável e 
promover os valores que lhe são próprios, o esporte 
suscita um ser humano melhor. Carece, por isto, de 
se considerá-lo como uma atividade educativa e for-
mativa, em que o intuito será criar um cidadão com 
um estilo de vida ativa.
Desta forma, ao olhar paro o fenômeno espor-
tivo, deveremos ter consciência do seu alcance e de 
sua amplitude. A atividade física e a competição es-
tão no âmago das definições de esporte. 
De acordo com Resende (2016), uma organi-
zação internacional denominada SportAccord, que 
aglomera federações esportivas internacionais, além 
de outras organizações, define esporte como uma 
atividade que: 
• Deve incluir um elemento de competição; 
• Não deve recair em qualquer elemento de 
‘sorte’; 
• Não deve apresentar risco para a saúde ou se-
gurança dos seus praticantes; 
• Não pode de nenhuma forma ser prejudicial 
para qualquer criatura viva e;
• Não deve depender de equipamentos provi-
denciados por um só fornecedor
Ainda segundo o mesmo autor, além dessas caracte-
rísticas, o esporte se situa como: 
• Principalmente físico;
• Principalmente mental;
• Principalmente motorizado;
• Principalmente coordenativo;
• Principalmente suportado por animais
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 47
Assim, podemos partir da premissa que o esporte 
depende de estruturas formais e de organizações que 
estabelecem as regras da competição e monitorizam 
os participantes. Sugere-se que os profissionais da 
área apreciem esta atividade como constituída por 
múltiplos esportes, pois implica considerar distintos 
enquadramentos na sua formulação.
Sobre esta temática, alertamos que a generalida-
de dos clubes está formatada para o alto rendimento 
esportivo, mesmo os que sabem que nunca terão as 
possibilidades de lá chegar, sendo que o esporte de 
alto rendimento é somente uma parte muito reduzi-
da dessa atividade.
Você pode observar os dados de uma pes-
quisa realizada entre 2010 e 2014, chamada 
Diagnóstico Nacional do Esporte. Ela teve 
apoio e participação de seis instituições fe-
derais de Ensino Superior nos estados do 
Rio Grande do Sul, Goiás, Rio de Janeiro, 
Amazonas, Sergipe e Bahia, as quais coorde-
naram os trabalhos. Além de definir a prá-
tica de esporte pelos brasileiros, o trabalho 
envolve, ainda, os pilares de infraestrutura, 
legislação e investimentos. Para saber mais, 
acesse: <http://www.esporte.gov.br/dies-
porte/2.html>. 
Fonte: o autor.
SAIBA MAIS
48 
INICIAÇÃO ESPORTIVA 
No futuro, espera-se que o esporte continue a se evi-
denciar nas diferentes comunidades, tanto sob a sua 
forma mais popular, por meio do esporte-espetácu-
lo, quanto em uma perspectiva mais global, em que 
faixas maiores da população desfrutarão das suas 
potencialidades. O reconhecimento de que as impli-
cações da prática do esporte poderão ser benéficas, 
tendo reflexos positivos sociais, implicará a promo-
ção e a maximização da sua prática.
As razões pelas quais é importante promo-
ver o esporte, sobretudo nas faixas etárias mais 
precoces, assinala que os esportistas têm uma maior 
disposição para hábitos alimentares mais saudáveis, 
para manter um peso menor, e uma diminuição da 
sedução pelo fumo ou pelas drogas. Possuem, igual-
mente, menor tendência para expressar sentimentos 
de desânimo e de aborrecimento ou tédio (MU-
LHOLLAND, 2008).
A investigação tem contribuído para a solidi-
ficação da opinião de que a atividade física e es-
portiva praticada pelos jovens e pelos adolescentes 
tem um forte tributo na promoção da saúde públi-
Esporte Potenciador 
da Saúde das Populações
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 49
ca. Acresce esta importância, em termos de bene-
fícios, quando a participação esportiva é realizada 
de uma forma consistente (TELAMA, 2009). Por 
isto a importância de a participação esportiva ser 
integrada em um programa esportivo, desenvol-
vendo-se de forma significativa e persistente ao 
longo do tempo. Aliás, reforçando a ideia ante-
rior, Kjonniksen, Fjortoft e Wold (2010), em uma 
pesquisa com 630 participantes, verificaram uma 
relação positiva entre a participação esportiva or-
ganizada e o desenvolvimento de atividade física 
em idades adultas. Ou seja, a prática esportiva em 
idades mais jovens antevê o envolvimento com a 
atividade física quando se é mais velho, sendo con-
sistente defender a formação esportiva como um 
instrumento para a promoção de hábitos de saúde 
no presente e para o futuro.
Salienta-se a evidência de que o esporte promo-
ve, para além das competências esportivas, compe-
tências de vida (aspecto que trataremos com maior 
relevância) o que, naturalmente, faz com que o trei-
nador deva investir nesta ideia. Aliando o conheci-
mento que ele possui dos atletas e das suas neces-
sidades, o treinador poderá incrementar de forma 
muito positiva as aptidões desses atletas para a vida 
(WHITLEY; WRIGHT; GOULD, 2016), considera-
-se que as competências de vida oriundas por meio 
do esporte podem ser transferidas para outras rea-
lidades. Para isto, o treinador terá de agir de uma 
forma consciente, enfatizando a aquisição de habi-
lidades transversais aos diferentes domínios em que 
ele está envolvido e, assim, dotando os atletas de 
uma melhor preparação para enfrentar com sucesso 
a vida cotidiana.
DIFERENTES TIPOS DE PARTICIPAÇÃO 
DESPORTIVA
Tal como já apontamos, o esporte de alto rendi-
mento não é a única forma pela qual devemos 
observar e considerar a atividade esportiva. Con-
siderando o espectro da participação esportiva, 
protagonizado pelo ICCE (International Council 
for Coach Education) e pela ASOIF (Association 
of Summer Olympic International Federations) em 
2012, duas organizações internacionais que fo-
mentam o esporte, o estudam e o promovem, pro-
curando qualificá-lo pela melhor preparação dos 
treinadores, identificamos dois tipos diferentes de 
participação esportiva, o que também foi eviden-
ciado por Resende (2016) e que podemos observar 
na citação a seguir, assim como na Figura 1.
• O esporte de participação que envolve 
crianças, jovens adolescentes e adultos e tem 
como objetivo resultados auto referenciados 
como o entretenimento, o desenvolvimento 
de habilidades e o vínculo com um estilo de 
vida saudável. 
• O esporte de rendimento que engloba atletas 
emergentes, atletas de performance e atletas 
de elite
Figura 1 - Espectro da participação esportiva 
Fonte: ICCE e ASOIF (2012).
50 
INICIAÇÃO ESPORTIVA 
Esta distinção obriga a oferecer uma atenção par-
ticular sobre os objetivos esportivos para cada um 
dos programas onde os atletas se inserem. Conse-
quentemente, as exigências que consideram o nível 
do treino e da competição deverão ser convenien-
temente adequadas, sugerindo-se a premissa de 
que todos que praticam esporte merecem treinado-
res qualificados.
O esporte, neste século, deve almejar a massifica-
ção da participação esportiva com o intuito da pro-
moção do desenvolvimento e da integração social e, 
paralelamente, da melhoria da saúde e aptidão física 
das populações. Todavia, apesar de algumas iniciati-
vas políticas com o intuito de massificar a participa-
ção esportiva, ainda são escassas as oportunidades 
para praticar esporte por prazer, nomeadamente, 
de forma organizada. Existe, assim, um abundante 
trabalho para integrar todos os que gostariam de 
participar do esporte, prestando atenção também às 
populações especiais, às mulheres e aos idosos. Os 
decisores políticos investem muita da sua energia 
na promoção de grandes eventos esportivos com a 
perspectiva de obter dividendos

Outros materiais