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Unidade V - Sociologia do Trabalho

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Prévia do material em texto

Fundamentos de Sociologia 
Aplicada às Organizações 
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Avelar Cesar Imamura
Revisão Técnica:
Profa. Ms. Katia Maria Lima
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco 
Sociologia do Trabalho
• Introdução 
• Abordagens Sociológicas Clássicas do Trabalho
• Tendências Recentes do Capitalismo
• Precarização do Trabalho
• O Trabalho no Brasil 
• A Precarização do Trabalho no Brasil 
 · Conhecer o referencial teórico da Sociologia do trabalho, observando a 
evolução do capitalismo, da globalização, do aumento da precarização 
do trabalho e do contexto brasileiro.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Sociologia do Trabalho
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Sociologia do Trabalho
Introdução
O trabalho já foi considerado, há muito tempo, como um castigo divino ou como 
um símbolo da dignidade humana, mas para a Sociologia é estudado como um 
fenômeno social (CASTRO, 2009). Passagens da Bíblia mostram a condenação 
de Adão a fim de que este passasse a tirar o seu sustento por meio do trabalho: “[...] 
maldita é a terra por sua causa: em fadiga obterás dela o sustento durante os dias 
de tua vida [...]” (Gênesis, 3:17) e “[...] no suor do rosto comerás o teu pão, até que 
tornes à terra [...]” (Gênesis, 3:19). 
Xenofonte (430-354 a.C.) considerava o trabalho como a “moeda de dor” com 
que o homem compra os bens dos deuses. Para John Locke (1632-1704), o trabalho 
é a ação do homem sobre a natureza para criar riquezas. Jean-Jacques Rousseau 
(1713-778) dizia que comer sem trabalhar é roubo. Segundo Henri Bergson (1859-
1941), trabalhar é criar utilidade (CASTRO, 2009). Logo, podemos ver o quanto a 
abordagem sobre o trabalho é diversificada, dependendo de cada pensador. 
O conceito de trabalho e o trabalho em si sofreram grandes modificações com 
o desenvolvimento da sociedade capitalista. A existência de uma sociedade do 
trabalho, como a nossa, é consequência da Revolução Industrial, esta iniciada na 
Inglaterra do século XVIII (CASTRO, 2009).
Abordagens Sociológicas Clássicas
do Trabalho
Quadro 1
Conceito de Trabalho
Marx Trabalho é a fonte do valordos produtos
Weber Trabalho é dever e votação
Durkheim Trabalho é parte da divisão do trabalho social
Fonte: Elaborado pela professora conteudista
Karl Marx (1818-1883), Max Weber (1864-1920) e Émile Durkheim (1859-
1917), os fundadores da Sociologia Moderna, desenvolveram análises do trabalho 
consideradas clássicas dentro da Sociologia. 
Para Marx, o trabalho é considerado a fonte do valor, a origem da riqueza social. 
Esse conceito de valor-trabalho foi buscado nos economistas ingleses Adam Smith 
(1723-1790) e David Ricardo (1722-1823).
8
9
Marx considerou que o valor de um produto final – mercadoria – é determinado 
pela quantidade de tempo de trabalho socialmente necessária para produzi-
lo desde o início do processo (CASTRO, 2009). O preço é a forma monetária 
do valor. A partir desse conceito de valor-trabalho, Marx desenvolveu a teoria da 
exploração econômica do trabalhador dentro do capitalismo e a teoria da luta de 
classes no capitalismo.
Para Weber, o conceito de trabalho dentro do capitalismo moderno não poderia 
ser separado do desenvolvimento de uma ética positiva do trabalho, aspecto este 
trazido pelo protestantismo. Em sociedades escravistas não há uma ética positiva do 
trabalho na medida em que trabalho é coisa de escravos. No livro A ética protestante 
e o espírito do capitalismo, esse teórico estabelece o papel do protestantismo na 
formação do comportamento típico do capitalismo ocidental moderno.
Weber partiu de dados estatísticos que lhe mostraram o destaque de protestantes 
entre os grandes homens de negócios, empresários bem-sucedidos e mão de obra 
qualificada. A partir daí, procurou estabelecer ligações entre a doutrina e a pregação 
protestante, seus efeitos no comportamento dos indivíduos e sobre o desenvolvimento 
capitalista (COSTA, 1998). Entendia que a relação entre religião e sociedade não 
se dá por meios institucionais, mas por intermédio de valores interiorizados nos 
indivíduos e transformados em motivos da ação social. A motivação do protestante 
é o trabalho enquanto dever e vocação, como um fim em si – e não para o ganho 
material obtido por meio do qual. A falta de vontade de trabalhar e o ócio eram 
considerados sintomas da ausência do estado de graça cristã.
Já para Durkheim, o trabalho na sociedade capitalista faz parte da divisão do 
trabalho social – especialização –, que é o elemento que garante a união social em 
sociedades diferenciadas como a capitalista. Chamou de solidariedade o elemento 
que mantém a união social, dividindo-a em dois tipos:
1. Solidariedade Mecânica, que predomina em sociedades pré-capitalistas e 
onde os indivíduos se identificam por meio da família, religião, tradição e 
dos costumes, permanecendo, em geral, indiferentes em relação à divisão 
do trabalho social;
2. Solidariedade Orgânica é aquela típica das sociedades capitalistas onde os 
indivíduos se tornam interdependentes em função da acelerada divisão do 
trabalho social. Essa interdependência garante a união social em lugar dos 
costumes, da religião e tradição. Ao mesmo tempo em que os indivíduos 
são dependentes uns dos outros, cada qual se especializa em uma atividade 
e tende a desenvolver maior autonomia pessoal, tornando-se, de fato, um 
indivíduo (COSTA, 1998).
9
UNIDADE Sociologia do Trabalho
Tendências Recentes do Capitalismo
Quadro 2
Conceito de Trabalho
Acumulação Flexível Neoliberalismo Reestruturação Produtiva
Mudança da rigidez do modelo fordista
Ataque ao Welfare State 
(Estado do bem-estar social);
Intensificação da mudança tecnológica;
Flexibilidade do Trablho e Mercado de Trabalho Privatização de Empresas Estatais Passagem do Fordismo para Toyotismo
Flexibilidade dos Produtos Políticas fiscais e monetárias para 
controle da inflação;
Difusão do novo padrão de Organização 
da Producação e da gestão.Fonte: Elaborado pela professora conteudista
A sociedade capitalista contemporânea, particularmente nas últimas décadas, 
sofreu grandes transformações. O neoliberalismo e a reestruturação produtiva 
da Era da acumulação flexível têm acarretado uma alta taxa de desemprego, a 
precarização do trabalho e uma degradação crescente da natureza que destrói o 
meio ambiente em escala globalizada (ANTUNES, 2001). 
A acumulação flexível na década de 1970 foi marcada por um confronto direto 
com a rigidez do sistema fordista. Apoiava-se na flexibilidade dos processos de traba-
lho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracterizou-se 
pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos, assim como inéditas 
maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, 
aceleração da inovação comercial, tecnológica e organizacional.
A acumulação flexível envolve rápidas mudanças dos padrões de desenvolvimento, 
tanto entre setores como entre regiões geográficas, criando, por exemplo, um vasto 
movimento no emprego do chamado “setor de serviços”, bem como conjuntos 
industriais completamente novos em regiões até então pouco desenvolvidas, por 
exemplo, os vários vales do silício (HARVEY, 2000). 
O mercado de trabalho passou por uma radical reestruturação. Diante da 
forte volatilidade do mercado, do aumento da competição e do estreitamento das 
margens de lucro, as empresas tiraram proveito do enfraquecimento do poder 
sindical e da grande quantidade de mão de obra excedente – desempregados ou 
subempregados – para impor regimes e contratos de trabalho mais flexíveis – 
terceirização, banco de horas, trabalho em tempo parcial, temporário, estagiários 
etc. O que sempre implica em alta rotatividade de mão de obra (HARVEY, 2000). 
Na década de 1970, tomou forma, nos países desenvolvidos, um processo amplo 
e variado de mudanças no padrão convencional da produção, a qual caracterizada 
até então pela fabricação em massa de bens e serviços, condição típica do fordismo 
(GOMES; SCANDELARI; KOVALESKI, 2005). Tal reestruturação produtiva, 
enquanto conjunto de transformações técnico-científicas, econômicas e sociais, 
influenciou e se manteve influenciada pelo processo de globalização, como conjunto 
de mecanismos de generalização do padrão dominante de produção, distribuição e 
consumo de bens e serviços. 
10
11
A globalização pode ser entendida como um estágio mais avançado do processo 
histórico de internacionalização do capital, caracterizado pela: i) intensificação da mu-
dança tecnológica; ii) rápida difusão do novo padrão de organização da produção e 
gestão; iii) emergência mundial de um número significativo de setores oligopolizados; 
iv) intensificação dos investimentos diretos no exterior pelos bancos e empresas trans-
nacionais dos países desenvolvidos (GOMES; SCANDELARI; KOVALESKI, 2005). 
A nova forma de produção está ainda em desenvolvimento, fruto de uma 
competição acirrada pelos mercados cada vez mais segmentados, fazendo com 
que as empresas tenham que tornar mais eficiente sua capacidade de produzir e, 
ao mesmo tempo, maximizar sua capacidade de inovar, intensificando, em ritmo e 
volume, a criação de produtos e serviços. Isto as impele a adotar novos métodos de 
produção e inéditas formas de organização do trabalho (GOMES; SCANDELARI; 
KOVALESKI, 2005).
Houve também enorme expansão de políticas neoliberais a partir da década 
de 1970. O neoliberalismo passou a ditar o programa a ser implementado pelos 
países capitalistas, inicialmente nos países centrais e logo depois nos subordinados, 
contemplando reestruturação produtiva, privatização acelerada, enxugamento do 
Estado, de políticas fiscais e monetárias, ações sintonizadas com os organismos 
mundiais, tal como o Fundo Monetário Internacional (FMI) (ANTUNES, 2001). 
Comecemos com as origens do que se pode definir por neoliberalismo.
O neoliberalismo nasceu logo depois da Segunda Guerra Mundial, na Europa 
e nos Estados Unidos. Foi uma reação teórica e política contra o welfare State 
– Estado do bem-estar social – e o Estado intervencionista. Seu texto de origem é 
O caminho da servidão, de Friedrich Hayek, escrito em 1944. Trata-se de um 
ataque contra qualquer limitação dos mecanismos de mercado por parte 
do Estado, ações denunciadas como ameaças letais à liberdade, não somente 
econômica, mas também política (ANDERSON, 1996). 
As características principais da política neoliberal são: 
 » Manter um Estado forte com capacidade de romper o poder dos sindicatos, 
mas com poucos gastos sociais e intervenções na economia; 
 » A estabilidade monetária – acabar com a inflação – deveria ser o objetivo 
supremo de qualquer governo;
 » Privatizar todas as atividades estatais que o mercado pudesse suprir; 
 » Restaurar a taxa “natural” de desemprego, ou seja, a criação de um “exército 
de reserva” de trabalho para diminuir os custos da força de trabalho; 
 » Reformas fiscais para incentivar os agentes econômicos, ou seja, reduzir 
impostos sobre os rendimentos mais altos (ANDERSON, 1996).
Começou-se, então, a desmontagem dos direitos sociais dos trabalhadores, 
o combate ao sindicalismo mais radical, a propagação de um subjetivismo e de 
um individualismo exacerbados (ANTUNES, 2001) – são traços marcantes desse 
período recente. 
11
UNIDADE Sociologia do Trabalho
Precarização do Trabalho
Precarização do Trabalho: corresponde ao processo onde os novos postos de trabalho 
não oferecem as garantias e remunerações que as leis trabalhistas e os contratos coletivos 
vinham garantindo.
Ex
pl
or
Podemos dizer que o mundo do trabalho vem sofrendo profundas mutações na 
atualidade. Sabemos que quase um terço da força humana disponível para o trabalho, 
em escala global, ou se encontra exercendo trabalhos parciais, precários, temporários, 
ou está desempregado (ANTUNES, 2007). São bem mais de um bilhão de homens 
e mulheres que vivem no regime de trabalho precarizado, instável, temporário, 
terceirizado, quase virtual etc. 
A precarização do trabalho pode ser entendida como um processo onde 
os novos postos de trabalho que surgem já não oferecem aos seus ocupantes 
as garantias e compensações usuais que as leis e os contratos coletivos vinham 
garantindo (SINGER, 2000).
Há um movimento pendular que caracteriza a classe trabalhadora na atualidade: 
por um lado, cada vez menos homens e mulheres trabalham muito, em ritmo 
e intensidade que lembram muito o início da Revolução Industrial na Inglaterra. De 
outro lado, cada vez mais trabalhadores – homens e mulheres – encontram 
menos emprego, migrando pelo mundo em busca de qualquer trabalho, configurando 
uma crescente tendência de precarização do trabalho em escala global. Nesta nova 
morfologia do trabalho podemos testemunhar a ampliação dos trabalhadores de 
telemarketing e call center, dos motoboys, dos digitalizadores que trabalham nos 
bancos, dos assalariados do fast food, dos trabalhadores dos hipermercados etc. 
(ANTUNES, 2007).
Precarização 
do trabalho
Terceirização da força
de trabalho
Cooperativas de trabalho
Trabalho temporário
Figura 1
 Fonte: Elaborada pela professora conteudista
12
13
Dentro desse contexto, podemos constatar a ampliação de modalidades de tra-
balho mais desregulamentadas, distantes da legislação trabalhista, gerando uma 
massa de trabalhadores que passam da condição de assalariados com carteira de 
trabalho registrada para os sem carteira assinada.
Se na década de 1970 era relativamente pequeno o número de empresas de 
terceirização de força de trabalho, nas décadas seguintes esse número aumentou 
significativamente para atender à grande demanda por trabalhadores temporários, 
sem vínculo empregatício, sem registro formalizado. Ou seja, em plena Era da 
informatização do trabalho, do mundo digital, estamos conhecendo a época dotrabalho informal, dos terceirizados, precarizados, subcontratados, flexibilizados, 
trabalhadores em tempo parcial e do cyber-trabalhador. O resultado é que onde 
havia uma empresa concentrada, esta foi substituída por várias pequenas unidades 
interligadas pela rede, com número significativamente mais reduzido de trabalhadores 
e produzindo cada vez mais (ANTUNES, 2007). 
O perfil desse novo trabalhador deve ser mais “polivalente”, “multifuncio-
nal”, diverso do trabalhador que se desenvolveu na empresa de tipo fordista. O tra-
balho que cada vez mais as empresas buscam não é mais aquele fundamentado na 
especialização, mas o que se criou na fase do “trabalho multifuncional” que, em ver-
dade, expressa a enorme intensificação dos ritmos, tempos e processos de trabalho 
(ANTUNES, 2007) – e isso ocorre tanto no mundo industrial quanto no de serviços. 
O trabalho estável torna-se, então, – quase que – virtual. Vivenciamos, portanto, 
a erosão do trabalho contratado e regulamentado, dominante no século XX, e vendo 
sua substituição pelas diversas formas de “empreendedorismo”, “cooperativismo”, 
“trabalho voluntário”, “trabalho atípico” etc. (ANTUNES, 2007). 
O exemplo das cooperativas talvez seja mais expressivo, uma vez que, em 
sua origem, nasceram como instrumentos de luta dos trabalhadores contra o 
desemprego e a exploração do trabalho. Atual e contrariamente, as empresas vêm 
criando falsas cooperativas, como forma de precarizar ainda mais os direitos do 
trabalho. Essas “cooperativas patronais” têm sentido contrário à ideia original 
das cooperativas de trabalhadores, uma vez que são verdadeiros empreendimentos 
para burlar direitos trabalhistas e aumentar ainda mais as condições de precarização 
da classe trabalhadora. Similar é o caso do empreendedorismo, que cada vez mais 
se configura como forma oculta de trabalho assalariado e que permite proliferar as 
distintas formas de flexibilização salarial, de horário e funcional (ANTUNES, 2007). 
É neste quadro que as empresas globais estão exigindo também o desmonte 
da legislação social protetora do trabalho, de modo que flexibilizar a legislação do 
trabalho significa aumentar ainda mais os níveis de lucratividade das empresas, 
ampliar as formas de precarização e destruição dos direitos sociais que foram 
duramente conquistados pelos trabalhadores desde o início da Revolução Industrial 
na Inglaterra (ANTUNES, 2007).
13
UNIDADE Sociologia do Trabalho
O Trabalho no Brasil 
Somente após 1930, o Brasil começou a integrar tanto as atividades econômi-
cas como o mercado de trabalho. A Crise de 1929, ao prejudicar o comércio inter-
nacional, induziu o desenvolvimento do mercado interno brasileiro, este que pro-
curou substituir os produtos importados. O início da integração nacional propiciou 
a quebra da situação de isolamento dos mercados regionais, permitindo o início 
da migração dos trabalhadores nordestinos para a industrialização concentrada na 
região Sudeste do País, em especial ao Estado de São Paulo (DEDECCA, 2005). 
Somente na década de 1930, o governo de Getúlio Vargas (1930-1945) iniciou 
o reconhecimento de uma organização sindical tutelada. Naquela década foram 
também reconhecidos alguns direitos sociais do trabalho, bem como ganharam impulso 
os sistemas previdenciários por categorias de trabalhadores (DEDECCA, 2005). 
Entre 1930 e 1945, a política trabalhista de Vargas teve dois objetivos: 
1. Reprimir as iniciativas de organização dos trabalhadores urbanos fora do controle 
do Estado; e 
2. Atrair os trabalhadores para apoiarem o governo. 
Em novembro de 1930, foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. 
Seguiram-se leis de proteção ao trabalhador, de enquadramento dos sindicatos pelo 
Estado e foram criados órgãos para arbitrar conflitos entre patrões e operários – Juntas 
de Conciliação e Julgamento. Entre as leis de proteção ao trabalhador, constavam as 
que regularam o trabalho das mulheres e dos menores, a concessão de férias e o limite 
de oito horas diárias na jornada normal de trabalho (FAUSTO, 1998). 
Em julho de 1940, foi criado o imposto sindical – instrumento básico de 
financiamento do sindicato e de sua subordinação ao Estado. Esse imposto consiste 
em uma contribuição anual obrigatória, correspondente a um dia de trabalho, paga 
por todo empregado, sindicalizado ou não. Com o imposto sindical surgiu a figura 
do “pelego”, que passou a ser o dirigente sindical que atuava mais no interesse 
próprio do que no dos trabalhadores. Sua existência foi facilitada na medida em 
que não precisava atrair ao sindicato uma grande massa de trabalhadores, afinal, o 
imposto garantia a sobrevivência do sindicato (FAUSTO, 1998). 
Para decidir as questões trabalhistas, o governo organizou, em maio de 1939, 
a Justiça do Trabalho. Ademais, a sistematização e ampliação da legislação 
trabalhista se deu com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em junho de 
1943 (FAUSTO, 1998). 
No campo da política salarial, o Estado Novo (1937-1945) de Vargas introduziu a 
Lei do salário mínimo, capaz de satisfazer às necessidades do trabalhador conforme 
cada região – isso em maio de 1940. Assim, o País foi dividido em várias regiões e, 
com o correr dos anos, o valor do salário mínimo deteriorou-se, até converter-se em 
uma importância irrisória (FAUSTO, 1998). 
14
15
Ao tutelar os sindicatos, o governo de Vargas transformou a negociação coletiva 
em um instrumento burocrático, reconhecendo o direito privado das empresas na 
gestão cotidiana das relações de trabalho. Ao mesmo tempo em que articulou toda 
uma extensa regulação do mercado e das relações de trabalho, Vargas atuou no 
sentido de impedir os mecanismos que pudessem transformá-la em realidade para 
os trabalhadores brasileiros (DEDECCA, 2005).
Ao final do longo período de industrialização (1930-1980), aproximadamente 
metade da população ocupada não tinha acesso ao sistema de proteção social 
constituído na década de 1940 (DEDECCA, 2005). 
Ainda assim, o Brasil foi o último país da América Latina a implantar uma política 
neoliberal. Tal fato se deveu, de um lado, à dificuldade de conciliar interesses 
empresariais divergentes e, de outro, à intensa atividade política desenvolvida pelas 
classes trabalhadoras na década de 1980 – que se expressou na constituição do 
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), na criação da Central Única dos 
Trabalhadores (CUT) e do Partido dos Trabalhadores (PT) e na realização de cinco 
greves gerais entre 1983 e 1989 (FILGUEIRAS, [19--?]). 
Com o fracasso do Plano Cruzado (1986-1987), bem como dos demais planos 
que se seguiram na segunda metade da década de 1980 e das discussões travadas 
na Assembleia Constituinte (1986-1988), a política neoliberal foi se desenhando e 
se fortalecendo, passando do campo teórico para se constituir em um programa de 
governo (FILGUEIRAS, [19--?]). 
Desse modo, na década de 1990, o neoliberalismo foi implantado no Brasil com 
toda força, a partir do governo Collor (1990-1992). Dito de outra forma, o discurso 
liberal radical, a abertura da economia e o processo de privatizações inauguraram a 
Era liberal no Brasil (FILGUEIRAS, [19--?]). 
O projeto neoliberal foi implantado no Brasil em três fases: 
1ª Entre 1990 e 1993, etapa marcada pela ruptura com o “modelo de substituição 
de importações”, que caracterizava a industrialização brasileira até então; 
2ª De 1994 a 1998, dada pela ampliação e consolidação da ordem neoliberal 
no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC); 
3ª Por fim, de 1999 até os nossos dias, ou seja, a fase de aperfeiçoamento do 
modelo, consolidando a hegemonia do capital financeiro no controle político-
econômico do segundo governo FHC e no de Lula (SABADINI, [20--?]). 
As características gerais do projeto neoliberal já são bem conhecidas: abertura 
comercial e financeira, privatizações, flexibilizaçãodos direitos trabalhistas, 
repressão e desarticulação dos movimentos social e sindical, política monetária e 
fiscal contracionistas, política social focalizada e, acima de tudo, a retirada do Estado 
da economia. 
15
UNIDADE Sociologia do Trabalho
A Precarização do Trabalho no Brasil 
Durante a década de 1980, impulsionado pelos movimentos sociais e sindicais que 
ganharam força pelo processo de redemocratização do Brasil, houve, na verdade, 
um processo de ampliação da regulamentação sobre o mercado de trabalho, 
principalmente em torno da adoção de novos direitos sociais e trabalhistas, cuja 
concretização se daria com a promulgação de uma nova Constituição Federal, em 
1988 (CARDOSO JR., 2001). 
Já na década de 1990, com a adoção das políticas neoliberais no Brasil, teve 
início uma estratégia de desregulamentação do mercado de trabalho brasileiro, 
que se caracterizou por uma alteração gradual de itens importantes da legislação 
trabalhista consagrada na CLT e na Constituição de 1988 (CARDOSO JR., 2001). 
A forma pela qual vem sendo conduzida a desregulamentação do mercado de 
trabalho no País – por meio de medidas provisórias, emendas constitucionais, 
portarias e decretos –, constitui uma estratégia deliberada do governo federal 
em aliança com poderosos grupos sociais de grandes empresários e parte do 
sindicalismo de resultados. 
Esse amplo processo de desregulamentação do mercado de trabalho brasileiro pode 
ser constatado por um conjunto de medidas legais que promovem importantes 
mudanças na organização do trabalho do País (CARDOSO JR., 2001).
No que diz respeito às condições de contratação e demissão da força de trabalho, 
bem como às condições que regulam a jornada oficial de trabalho no País, as 
primeiras iniciativas de desregulamentação ocorreram já em 1994, no governo 
Itamar Franco (1992-1994). Especificamente em dezembro de 1994, foi editada 
a Lei n.º 8.949, popularmente conhecida como Lei das cooperativas, que declara 
a inexistência de vínculo empregatício entre as cooperativas e seus associados, de 
forma que os trabalhadores assim organizados não são empregados da cooperativa 
e não têm, portanto, registro em carteira, direitos trabalhistas tais como férias, 
13º salário, previdência social ou descanso semanal remunerado (CARDOSO JR., 
2001). Abriu-se assim a possibilidade da criação de cooperativas de mão de obra. 
Ainda em 1994, foi editada a Medida Provisória (MP) n.º 794, que garantiu 
aos trabalhadores a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) da empresa, 
participação esta desvinculada da remuneração contratual. Além de a PLR precisar 
ser objeto de negociação coletiva entre os empregados e a empresa, não pode 
ter periodicidade inferior a seis meses, de forma a não substituir a remuneração 
contratual mensal. Com a regulamentação dessa MP, o governo desonerou a 
transferência de recursos das empresas para os empregados a um custo mais baixo, 
pois o valor acertado na PLR não entra no cálculo das contribuições e dos direitos 
trabalhistas (CARDOSO JR., 2001).
16
17
No governo FHC (1995-2002), na mesma linha da flexibilização das condições 
de uso da força de trabalho, vieram a Lei n.º 9.601 (jan. 1998) e a MP n.º 1.709 
(ago. 1998). A Lei n.º 9.601 trouxe novidades no que diz respeito à contratação 
de empregados e à jornada de trabalho. Por um lado, abriu a possibilidade de 
contratação de trabalhadores por tempo determinado, desde que em acréscimo 
aos postos de trabalho já existentes, por um período de até 24 meses. Por outro 
lado, a Lei veio flexibilizar a jornada de trabalho com a criação do banco de 
horas, por meio de uma alteração do Artigo 59 da CLT. O banco de horas permite 
que não haja pagamento adicional de salário se, por força de acordo ou convenção 
coletiva de trabalho, o excesso de horas trabalhadas em um dia for compensado 
pela diminuição em outra data (CARDOSO JR., 2001). 
A MP n.º 1.709, por sua vez, regulamentou o trabalho por tempo parcial, 
permitindo, assim, uma jornada de até 25 horas semanais. Esse regime de trabalho 
vale tanto para novas contratações, como para os atuais empregados, desde que 
estes optem por esse novo regime. Nesse caso, o salário e os demais direitos 
trabalhistas serão pagos conforme a jornada de trabalho semanal. Por exemplo, se 
a pessoa trabalhar 25 horas por semana, seu salário será 60% do valor integral e 
suas férias podem ser reduzidas a oito dias por ano (CARDOSO JR., 2001). 
Em junho de 1995, foi editada a MP n.º 1.053, que suprimiu os mecanismos 
automáticos de reajuste salarial. Os salários e as demais condições de trabalho 
continuam a ser acordados por meio da negociação coletiva, mas fica proibida a 
fixação de qualquer tipo de cláusula de correção ou reajuste salarial automático. 
Além da desindexação salarial, essa MP tornou possível, ainda, a adoção imediata 
do efeito suspensivo dos acordos, o que permite a uma das partes recorrer da 
decisão de um tribunal de instância inferior (CARDOSO JR., 2001). 
A desindexação salarial promovida pela MP n.º 1.053 foi reforçada, em 1997, 
com a MP n.º 1.906, que não permite a correção automática por qualquer 
índice de reposição da inflação, assim como estipulou uma tabela de reajustes 
para os benefícios previdenciários que utilizava uma referência sem qualquer relação 
com a reposição salarial ou do custo de vida. Assim, a partir da MP n.º 1.906, o 
reajuste do salário mínimo passou a ser definido no mês de maio de cada ano pelo 
Poder Executivo.
Já em 2000, por meio do projeto de Lei Complementar n.º 113, a União 
delegou aos Estados a responsabilidade pela fixação do piso salarial, que não poderá 
ser inferior ao salário mínimo nacional do ano em questão (CARDOSO JR., 2001). 
Podemos ver que as tendências do capitalismo internacional se propagam também 
no Brasil, revelando que o processo atual de globalização afeta a organização do 
trabalho e o mercado de trabalho indistintamente em todos os países com maior 
ou menor grau.
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UNIDADE Sociologia do Trabalho
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Mais informações acerca do tema Sociologia Contemporânea podem ser encontradas nos 
seguintes vídeos
 Vídeos
A Servidão Moderna
https://youtu.be/Ybp5s9ElmcY
BLOCO 1/3 – Neoliberalismo e Globalização
https://youtu.be/6Pg80ylbhE4
Crise Capitalista e a Reprodução do Trabalho na Atualidade. 
https://youtu.be/xX83EwH_xyA
Os Desafios do Trabalho no Século XXI 
https://youtu.be/MngrxshE5XY
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Referências
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Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. 3. ed. Rio de 
Janeiro: Paz e Terra, 1996. 
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Disponível em: <http://www.itcp.usp.br/drupal/files/itcp.usp.br/ANTUNES%20
LIVRO%20GRA%C3%87A%202007.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2017. 
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