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Victoria K. L. Cardoso Linfomas Hodgkin e não Hodgkin ……...…...Introdução…………... Conceito: neoplasia linfoproliferativa, caracterizada por uma proliferação clonal resultante da transformação maligna de um clone de células linfóides, em um determinado momento de sua proliferação. Eventos genéticos hierárquicos em células progenitoras hematopoiética multipotencial → linfócitos B e T maduros, com receptores antigênicos altamente específicos. ● A complexidade desses eventos genéticos, com células de intensa capacidade proliferativa, gera a possibilidade de erros em qualquer estágio do processo de ativação e diferenciação linfocitária. ……...…...patogênese…………… Alterações moleculares: ● Linfócitos B: para que haja a alteração, é necessário que 10 ̂ 11 linfócitos B sejam produzidos por dia, pois ultrapassa o valor que nosso corpo consegue filtrar e destruir. ○ A vigorosa expansão clonal dessas células pode por si só implicar em risco de transformação maligna. ● Ocorrem erros no processo de hipermutação somática de mudança de classe, que desempenham um papel decisivo na gênese ● Principais alterações genéticas para a ocorrência dos linfomas = translocação cromossômica frequente → estudo cromossômico → 95-100% dos LNH com anormalidade citogenética. ○ Linfomas foliculares t(14�18). ○ Linfomas de Burkitt t(8�14). ● Essas anormalidades se correlacionam com a sobrevida dos linfomas não hodgkin. ○ Ex: t(14�18) e rearranjos dos genes do bcl-6 estão associados com prognósticos favoráveis. Etiologias: ● Virais: EBV, HTLV I e II, HIV e Hepatite B e C. ● Imunodeficiências: ○ Primárias: doenças genética → síndrome da imunodeficiência, síndrome de Wiskott Aldrich e trissomia do 21. ○ Secundárias: doenças adquiridas → transplantes (10x ou mais) e uso de drogas imunossupressoras. Victoria K. L. Cardoso …….…...linfoma de Hodgkin………… Conceito: neoplasia maligna de origem linfóide com proliferação clonal de células de morfologia variável (olho de coruja → histológico de Rye), imersos em processos inflamatórios polimorfos. Epidemiologia: ● Componente genético: agregação familiar - judeus americanos e ingleses. ● Mais comum em homens. Incidência: ….. foto Etiologia: EBV é o agente mais importante e maior em celularidade mista. Classificação morfológica/histológica: ● Esclerose nodular: mais comum em 70% dos casos e muito comumente tem adenomegalias no mediastino. ● Celularidade mista: é a segunda mais comum. ● Predominância linfocitária: é a de melhor prognóstico. ● Depleção linfocitária: é mais raro e tem pior prognóstico. Diagnóstico: clínico + laboratorial + exames de imagem + histopatológico + imunohistoquímica. Quadro clínico: ● Adenomegalia isolada, móvel, elástica, dimensão > 1,5 - 2,0 cm → características de nódulos benignos, mesmo sendo maligno, quando em nódulo único. ○ Endurecido = fibrose. ○ Em áreas contíguas é indolor à primeira queixa. ● Início do quadro: febre baixa e vespertina. ■ Diagnóstico diferencial = malária. ● Evolução do quadro: febre alta e constante. ● Comum: dor nas regiões comprometidas após o consumo de álcool e prurido. ● Presença de esplenomegalia: quando há comprometimento infradiafragmático e com sintomas sistêmicos. ● Febre de Pel-Ebstein: 1-2 semanas de febre alta, com intervalos sem febre de mesma duração → mais raro. ● Sintomas B - mau prognóstico: ■ Febre. ■ Perda de peso. ■ Sudorese noturna. ● Adenomegalia iniciada em pescoço, axilas e virilha = linfadenomegalia indolor. ● Adenomegalia iniciada em mediastino: causa tosse, falta de ar e dor torácica. Victoria K. L. Cardoso ● Adenomegalia iniciada em pelve ou em abdome: causa desconforto e distensão abdominal. Exame físico: ● Mediastino: 2’3 tem envolvimento do mediastino, mas o acometimento isolado é raro. ● Baço: é o local mais comum de comprometimento abdominal. ● Medula óssea: 3-15% dos pacientes são afetados. ○ Áreas extraganglionares: menos comuns, é mais comum no linfoma não hodgkin. ■ Ocorre em qualquer lugar, como pulmão, fígado, MO, pele, SNC e trato gastrintestinal. ○ Menos comum, é mais comum no linfoma não hodgkin. ○ Qualquer local: pulmão, fígado e MO. Exames laboratoriais: ● Hemograma: anemia normocítica e normocrômica → pois, os substratos para proliferação das células está normal, então apenas se diminui a quantidade de células. ● Discreta leucocitose ou > 25.000, com neutrofilia, eosinofilia, linfopenia e trombocitose. ● VHS muito aumentado. ○ Menor que 50� doença infecciosa. ○ 50-100� provável doença linfoproliferativa. ○ > 100� provável doença inflamatória. ● DHL aumentado = mau prognóstico → significado prognóstico. ○ Até 2,5x o valor do normal: pensar em doença linfoproliferativa. ○ Valores extremamente altos (10x o valor normal): pensar em hemólise. ● Fosfatase alcalina (F.A) aumentada (função hepática). ● Beta2-microglobulina aumentado. ● Fibrinogênio aumentado. Exames de imagem: ● Radiografia de tórax: presença de alargamento do mediastino. ● Tomografia supra e infra. ● Ressonância. ● Cintilografia de corpo inteiro com gálio. ● USG da região com adenomegalia. ○ Se houver massa, pedir TC da região. Diagnóstico definitivo: imunohistoquímica em biópsia. ● CD45� negativo. Victoria K. L. Cardoso ● CD20� 20-25%. ● CD15� positivo. ● CD30� positivo. ● Vimentina: positivo. ● EMA: negativo. ● Fascina: positivo. ● EBV: positivo em 50% dos casos. Diagnóstico histopatológico: ● Biópsia de gânglio: extirpar completamente. ● Verificar MO (se houver alterações hematológicas na periferia) e outras áreas envolvidas. ● Células de Reed-Sternberg: cercada por um pano de fundo de linfócitos, histiócitos e eosinófilos. ● Diagnóstico: CD15 e CD30. Estadiamento: avaliação do grau de disseminação da doença → principal determinante da terapia → utiliza-se: TC-padrão, PT/CT e biópsia de medula, se houver sintomas B. ○ I: única região ou estrutura linfóide ou não linfóide. ○ II: 2 ou mais regiões do mesmo lado do diafragma, com ou sem envolvimento de área não linfóide. ○ III: 2 ou mais regiões em ambos os lados do diafragma. ○ IV: difuso ou disseminado da área linfóide, com ou sem envolvimento linfonodal. ● Associação ao estadiamento - Grupos: ○ A: sem sintomas. ○ B: presença de sintomas B. ■ Febre > 38. ■ Sudorese noturna profusa. ■ Perda de mais de 10% de peso em 6 meses anteriores. ○ X: grande massa > 10 cm no mediastino superior. ○ E: uma única área extra linfóide próxima a área ganglionar envolvida. ● Fatores de mau prognóstico: ○ Sexo masculino. ○ > 45 anos. ○ Estádio IV. ○ Albumina sérica < 4 g/dl. ○ Hb < 10,5. ○ WBC (contagem total de linfócitos) > 15.000 (leucocitose). ○ Linfócitos < 600 ou < 8% do WBC. ● Chance de cura: ○ Estádio IA e IIA: 80-90%. Victoria K. L. Cardoso ○ IB e IIB: 80-95%. ○ IIIA: 75-80%. ○ IIIB: 60%. ○ IVB: 60%. ● Tratamento: ○ Estágios IA, IB e IIA: 4 ciclos de ABVD (quimio) + radioterapia. ○ Demais estágios: quimioterapia + ABVD. ○ Transplante de medula óssea (TMO): se for refratário à quimio. ■ Recaídas: transplante autólogo. Obs: ABVD = drogas quimioterápicas, sendo elas Adriamicina, Bleomicina, Vimblastina e Dacarbazina. ….. …...linfoma não hodgkin…….... Conceito: neoplasias malignas com múltiplas apresentações histológicas. Epidemiologia: ● Maior frequência de células B. ● Fatores contribuintes: SIDA, transplante de órgãos sólidos…. ● Incidência: ○ Sexo masculino. ○ 50-65 anos. ○ Raça branca. Etiologia: não definida. Condições predisponentes: ● AIDS. ● Transplantes → risco de 30 a 60x. ● Deficiência imune congênita. ● Agentes infecciosos específicos: EBV, HTLV, H. pylori e herpes 8. ● Doenças autoimunes (hashimoto e malt). ● Doenças intestinais (doença celíaca e imunes). ● Fatores ambientais (radiação, herbicidas e solventes). Classificações atuais: ● Working formulation - WF: ○ É uma classificação clínica e a mais usada. ○ Separa os linfomas não hodgkin em 10 unidades e 3 tipos de comportamento e evolução, com evolução na curva de sobrevidae não por critérios morfológicos. ■ Baixo grau. ■ Grau intermediário. ■ Alto grau. Victoria K. L. Cardoso ● Classificação real: inclui doença de Hodgkin, leucemias de células T e tricoleucemias. ○ Inclui também 19 hemopatias. ○ Não estabelece graus. ○ Tem pouca diferença da classificação morfológica de Kiel. ○ Precisa de técnicas sofisticadas para o diagnóstico de certas entidades. Quadro clínico: ● Primeiro sintoma em ⅔ dos casos: linfadenomegalia indolor, confluente, periférica, volumosa e não contígua. ● Tendência à aglomeração de linfonodos. ● Hepatoesplenomegalia (mais comum do que no linfoma de hodgkin). ● Sintomas B: mau prognóstico. ● Outros sintomas: fadiga, prurido e mal estar. ● Presença de anemia precoce e queda do estado geral. ● Comprometimento extra linfóide: ○ Trato gastrintestinal. ○ Medula óssea. ○ Pele. ○ Fígado. ○ Pulmão. ○ Nasofaringe. ○ Órbita ocular. ○ SNC. ○ Meninges. ○ Rins. ○ Testículos. ○ Glândulas salivares. ○ Tireóide. ○ Mandíbula. Exames laboratoriais: ● Hemograma: ○ Citopenias (anemia normocrômica e normocítica, leucopenia e trombocitopenia). ○ Leucocitose discreta ou > 25.000 - linfopenia e monocitose. ● Doenças associadas: anemia hemolítica autoimune (AHAI) e púrpura trombocitopênica (PTI). ● Função renal e hepática: fosfatase alcalina (F.A) aumentada. ● DHL: aumentado → significado prognóstico. ● Beta2-microglobulina: aumentado. ● Ácido úrico: aumentado. ● Fibrinogênio: aumentado. Victoria K. L. Cardoso Exames de imagem: ● Radiografia de tórax. ● TC de tórax e abdome. ● Ressonância magnética. ● Cintilografia com contraste (gálio) de corpo inteiro. Histopatológico e imunohistoquímica: ● Biópsia de gânglio. ● Biópsia de medula óssea. ● Biópsia de outras áreas, caso envolvidas. Classificação atual: tem base na curva de sobrevida. ● Baixo: ● Intermediário: ● Alto: Estadiamento: TC-padrão, PT/CT e biópsia de medula, se houver sintomas B. ● I: única região ou estrutura linfóide ou não linfóide. ● II: 2 ou mais regiões do mesmo lado do diafragma, com ou sem envolvimento de área não linfóide. ● III: 2 ou mais regiões em ambos os lados do diafragma. ● IV: difuso ou disseminado da área linfóide, com ou sem envolvimento linfonodal. Grupos: ● A: sem sintomas. ● B: presença de sintomas B. ● X: grande massa > 10 cm. ● E: uma única área extra linfóide próxima a área ganglionar envolvida. Tratamento: ● Principal: quimioterapia → principal opção na maioria dos casos. ○ Associação com anticorpos monoclonais. ● Radioterapia apenas em casos especiais. Prognóstico: ● Importante: tipo histológico e estadiamento. ● Paradoxo: LBG (sobrevida maior) x LAG (agressivos). Fatores comprovados de mau prognóstico: ● Idade > 60 anos. ● DHL elevado. ● Status performance > 2. ● Estágio an Harbor III ou IV. ● Acometimento extranodal > 1. Status performance: 0� assintomático. Victoria K. L. Cardoso 1� sintomático, ambulatorial. 2� sintomático, menos de 50% do tempo acamado. 3� sintomático, mais de 50% do tempo acamado. 4� acamado. Index de prognóstico internacional - IPI: ● Baseia-se no agrupamento de fatores comprovados de mau prognóstico. ● 1 ponto para cada ítem. ● Estratificação de risco: ○ BR (0-1). ○ RIB (2). ○ RIA (3). ○ AR (4 e 5). Linfoma de Hodgkin x Não-Hodgkin: Característica Linfoma Hodgkin Linfoma não Hodgkin Distúrbios de gânglios áreas contíguas não - contíguas Mediastino 50% 10-20% Ár. infradiafragmática incomum comum Área extraganglionar incomum comum Medula óssea 5-15% 50% de folículos e linfoblastos 10% de linfoma difuso de grandes células (LDGC) Fígado incomum comum nos folículos
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