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Relação entre direito internacional e direito interno(Aula Otavio)

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Relação entre direito internacional e direito interno
Problema teórico: Existe hierarquia entre direito internacional e direito interno? Depende do sistema que determinado Estado adota – monista ou dualista. Entretanto, alguns autores dizem que nem mesmo a determinação do sistema é capaz de explicar a hierarquia entre direito internacional e direito interno.
Problema prático: Qual norma deve ser aplicada quando houver divergência entre norma de direito internacional e norma de direito interno? 
Sistema dualista: no dualismo, não existe conflito entre direito internacional e direito interno uma vez que estes devem ser aplicados em universos diferentes que não se tocam. O direito internacional trata de questões entre Estados e o direito interno trata de questões em âmbito nacional. Assim, uma norma de direito internacional não cria uma norma de direito interno. Para que uma norma de tratado vire uma norma de direito interno, é necessário que ela seja incorporada expressamente. 
Há também o dualismo radical, isto é, a norma de direito internacional tem uma cláusula de transformação complexa, sendo exigido o processo de incorporação comum a qualquer norma de direito interno para que seja feita a sua adesão ao ordenamento. O dualismo moderado, por sua vez, tem uma cláusula de transformação mais simples. 
Se o Estado for dualista, não existe conflito entre normas de direito internacional e direito interno. O juiz interno aplicará a norma vigente no direito interno. O Estado que foi prejudicado pelo descumprimento do tratado, entretanto, pode tomar medidas legais de direito internacional contra o Estado que o descumpriu. Podemos perceber, portanto, que existe uma responsabilidade do Estado dualista perante o Estado com quem firmou o tratado.
 
Sistema monista: IMPORTANTE! Quando falarmos de direito interno, fazemos referência à legislação ordinária, não à constituição. 
Não existem dois universos jurídicos destintos. Existem regras de direito internacional que não refletem na vida de direito interno, mas há regras que são comuns aos dois âmbitos. Assim, não existe cláusula de transformação. Uma norma de direito internacional é automaticamente incorporada ao direito interno. Nesses casos, há conflitos entre normas de direito internacional e interno. Como solucionar esse conflito? Para isso, há três sistemas:
Monismo com prevalência de direito internacional: o juiz interno deve aplicar a lei de direito internacional. Há responsabilidade internacional. Não podemos adotar o critério cronológico nesses casos. O grande entusiasta desse modelo foi Kelsen.
Monismo sem prevalência: as normas de direito internacional são incorporadas com a mesma força de direito interno. Nesses casos, é aplicado o critério cronológico. Se uma lei interna revoga o tratado, haverá a responsabilidade internacional.
Monismo com prevalência de direito interno: foi muito adotado pelos países comunismas e tem um caráter nacionalista. As normas de direito internacional são automaticamente incorporadas, mas com menos força do que a norma de direito interno. Foi pouco adotado.
PS1: Para o direito internacional, não importa se o sistema é dualista ou monista. Os tibunais internacionais sempre vão levar em consideração a responsabilidade internacional. Por isso, a solução em plano interno e internacional podem ser diferentes.
PS2: Os sistemas mais adotados são o dualismo moderado ou o monismo com prevalência internacional ou sem prevalência. Os dois extremos (dualismo radical e monismo com prevalência de direito interno) são pouquíssimo adotados.
PS3: Os doutrinadores brasileiros costumam defender que o melhor sistema é o sistema monista. Entretando, o STF já se pronunciou a respeito e declarou que o sistema adotado é dualista moderado. O Supremo embasa essa posição defendendo que a publicação de um decreto de execução presidencial é um instrumento necessário à incorporação de uma norma internacional ao ordenamento interno. Portanto, a ratificação do tratado não é suficiente para que o mesmo seja incorporado.
PS4: Segundo o STF, depois de incorporado, o tratado internacional vale mais ou menos que a lei ordinária? Nesses casos, será aplicado o critério cronológico.