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ESCOLA DE EDUCAÇÃO DISCIPLINA- SOCIOLOGIA ALUNO MOVIMENTO NEGRO 09 DE SETEMBRO, 2020 Introdução: Tendo em vista que o movimento negro é uma forma de sintetizar todas as reivindicações ao longo da história pelos direitos da população negra, que sofre há séculos com o racismo estrutural e suas consequências, que espalhado de diversas formas no mundo inteiro, mobiliza milhões de pessoas em busca da igualdade e do respeito ao povo negro, o presente trabalho aborda este tema citando a definição de seu conceito e vertentes, a história do seu surgimento e o desenvolvimento do movimento com o tempo, as suas conquistas, o movimento hoje e seus objetivos e os principais líderes do Brasil e do mundo. Ainda sobre a luta contra o racismo, que é a crença em que uma raça, etnia ou certas características físicas, sejam elas superiores a outras e que o mesmo pode se manifestar tanto em nível individual, como em nível institucional, através de políticas como a escravidão, o apartheid, o holocausto, o colonialismo, o imperialismo, o trabalho abrange também o movimento negro após a abolição da escravatura e suas consequências. Movimento negro: O Movimento Negro, na forma como o conhecemos hoje, é uma síntese de um fenômeno que vem de séculos, o qual luta pela reivindicação dos direitos da população negra ao redor do mundo. Muito presente, principalmente, nos países que a população negra sofreu com a escravidão, o Movimento Negro é uma força histórica que sempre buscou alterar a situação de opressão vivida por essas pessoas. O que denominamos movimento negro é, na verdade, um conjunto de movimentos sociais que lutam contra o racismo e pela igualdade social e de direitos entre negros e brancos, sobretudo no mundo ocidental, marcado pela escravização de povos africanos. Desde o século XIX, vários movimentos surgiram em defesa da igualdade de direitos civis, contra a escravidão e contra o racismo. A maior parte desses movimentos concentrou-se em países americanos e na África do Sul, por conta da escravização (nas Américas) e do imperialismo inglês e do apartheid (na África do Sul). No século XX, os movimentos ramificaram-se, desenvolvendo pautas de lutas sociais distintas de acordo com as necessidades da população negra local. História do movimento negro: O início das lutas do Movimento Negro se deu há muito tempo, desde as revoltas de escravos na época do Brasil colonial, por exemplo. Entretanto, foi reconhecido e estruturado com um fenômeno organizado apenas no século XX, principalmente com os expoentes norte-americanos de lideranças. O movimento negro começou a surgir no Brasil durante o período da escravidão. Para defender-se das violências e injustiças praticadas pelos senhores, os negros escravizados se uniram para buscar formas de resistência. Grandes personagens se insurgiram contra o sistema e impulsionaram o movimento. Dentre eles, um dos mais conhecidos é Zumbi dos Palmares (líder do Quilombo dos Palmares). Vale lembrar que os escravizados utilizavam-se da quilombagem (fuga para os quilombos e outros tipos de protestos) e do bandoleirismo (guerrilha contra povoados e viajantes) para rebelar-se contra a escravidão. Ainda no mesmo período, o Movimento Liberal Abolicionista passa a ganhar força, desenvolvendo a ideia de fim da escravidão e comércio de escravos. Como resultado, foi promulgada em 13 de Maio de 1888 a Lei Áurea, encerrando o longo período escravagista. A população negra inicia então um novo desafio: a luta contra o preconceito e desigualdade social. Movimento de igualdade racial: Apesar das diferenças inerentes aos tipos de movimento que têm em comum a temática racial, o denominador de todos eles é a reivindicação da igualdade racial entre negros e brancos. Devido à escravização e ao colonialismo, que causou a captura e comercialização de negros africanos como escravos em todo o mundo, sobretudo nas Américas, vivemos as consequências de um sistema extremamente desigual e cruel com os descendentes das pessoas escravizadas. No século XIX, a escravidão foi legalmente extinta no mundo ocidental, apesar disso, suas consequências aos povos africanos deixaram marcas profundas na sociedade e os negros continuaram sendo tratados como inferiores. O Movimento Negro com o tempo: No período Colonial: Para escapar do trabalho forçado, os negros escravizados fugiam e se organizavam em quilombos. Ali viviam livres em comunidades que podiam abrigar desde poucas famílias a centenas de pessoas. Ali se concentrava um grande número de escravos fugidos que resistiram durante muito tempo às investidas militares portuguesas. Foi liderado por alguns anos por Zumbi dos Palmares que se tornaria um símbolo para o movimento negro. No Império: Durante o século XIX, com o crescimento do movimento abolicionista, intelectuais negros passam a editar jornais e fundar associações culturais com o objetivo de reivindicar o fim da escravidão. Na Primeira República: É preciso lembrar que estas sempre estiveram regulamentadas e eram vigiadas de muito perto pela polícia. Afinal, era preciso manter a "ordem" que a República apregoava e os negros eram o elemento que mais apresentava perigo para provocar a "desordem". Um exemplo claro disso é o registro obrigatório para os terreiros e casas de candomblé. Na década de 60: Nesta época, o movimento negro brasileiro é influenciado pela luta dos Direitos Civis nos Estados Unidos. Temos figuras emblemáticas como o reverendo Martin Luther King, que defende a inclusão do negro através da resistência pacífica. O lema "Black is Beautiful" valorizava a estética negra em detrimento do modelo branco. A partir dos anos 70: Alguns anos depois, vários grupos são formados com o intuito de unir os jovens negros e denunciar o preconceito. Protestos e atos públicos das mais diversas formas passam a ser realizados, chamando a atenção da população e governo para o problema social. Na década de 80: Com a volta da democracia e a discussão de uma nova Constituição para o país, o movimento negro ganha força. O governo também tem interesse em promover estudos, institutos e leis que fomentem a igualdade racial ou ao menos diminuam a brecha existem entre brancos e negros. Em 1989 é promulgada a Lei 7.716/1989, por iniciativa do deputado Alberto Caó, cuja discriminação racial e étnica passa a ser crime. No século XXI: Além da consagração, em nível federal, da Leis de Cotas, o movimento negro nunca foi tão plural. Outra discussão importante é o genocídio da população negra, especialmente os jovens, que são o alvo constante das batidas policiais. Novas lideranças e intelectuais têm surgido como resultado da Lei de Cotas. Dentre elas, Djamila Ribeiro, Núbia Moreira e a vereadora carioca Marielle Franco (PSOL/RJ), brutalmente assassinada por causa de suas lutas políticas em março de 2018. O movimento negro após a abolição da escravatura: Ao final do século XIX e durante uma grande parte do século XX, circulam jornais e revistas voltados aos negros. As publicações começam com o intuito de discutir a vida da população negra em geral e promover assuntos interessantes à época. Porém, esses periódicos acabaram se tornando meios de denúncia de atos praticados contra os negros, das dificuldades desse grupo no período pós-escravagista, da desigualdade social entre negros e brancos e das restrições sofridas em decorrência do preconceito racial. O agrupamento de todas as publicações passou a ser conhecido como Imprensa Negra Paulista. Dentro deste mesmo período, em 1931, é fundada a Frente Negra Brasileira. Resistência negra pré-Abolição e pós-Abolição: A principal forma de exteriorização dos movimentos negros rebeldes contra a escravização, nos cerca de quatro séculos em que a mesma perdurou no país (1549-1888), foi a quilombagem. Entendemos por quilombagem o movimento de rebeldia permanente organizado e dirigido pelos próprios escravos que se verificou durante o escravismo brasileiro em todo o território nacional. Após a Abolição da Escravatura, certa parcela dos grupos negros engajou-se nadefesa do isabelismo, espécie de culto à Princesa Isabel que era por eles intitulada “Redentora”, como se a abolição houvesse sido um “ato de bondade pessoal” da regente. A partir dos anos 1960, a ditadura militar brasileira inviabilizou todas as manifestações de cunho racial. Os militares transformaram o mito da “democracia racial” em peça-chave da sua propaganda oficial, e tacharam os militantes (e mesmo artistas) que insistiam em levantar o tema da discriminação como “impatrióticos”, “racistas” e “imitadores baratos” dos ativistas estadunidenses que lutavam pelos direitos civis. Os anos pós-Constituição de 1988 registraram avanços nas lutas institucionais dos movimentos afro-brasileiros contra o racismo e mesmo numa maior aceitação por parte da sociedade, da discussão desta temática. Movimentos sociais e suas conquistas: Os movimentos sociais em geral colecionam conquistas históricas, obtidas com muita luta dos seus protagonistas. Para os movimentos negros, em específico, pode-se elencar como a mais simbólica e talvez mais antiga conquista a abolição da escravatura nos países americanos. Na Inglaterra, devido à sua industrialização precoce, a escravidão foi abolida no início do século XIX. Nas Américas, no entanto, a situação foi diferente. Os estados do sul dos Estados Unidos, a América Central e a América do Sul são países de industrialização tardia e de economia sumariamente agrária. Ao contrário do capitalismo liberal e industrial, a economia agrária suportava a escravidão como modelo de mão de obra. A abolição da escravidão tardia no Brasil foi uma imensa conquista para os movimentos negros. Na década de 1950, nos Estados Unidos, ainda persistia um sistema legal de apartheid social que segregava negros e brancos. Os negros não podiam frequentar as mesmas escolas que os brancos, os banheiros públicos eram separados e os assentos em ônibus também. Foi nesse contexto que personalidades importantes do movimento negro surgiram por lá, como Martin Luther King, Rosa Parks e Malcom X. Rosa Parks, em 1955, recusou-se a ceder lugar a um homem branco no ônibus coletivo. Luther King organizava protestos em que negros entravam em estabelecimentos que não atendiam pessoas negras e recusavam-se a sair deles. O que havia em comum entre essas três personalidades do movimento negro nos Estados Unidos era a resistência à segregação racial num país extremamente racista. Inclusive, nessa época, uma entidade que ganhava cada vez mais força nos EUA era a Ku Klux Klan, uma organização assumidamente racista, antissemita e extremista. Atualmente existem diferentes vertentes do movimento negro. Duas correntes mais amplas são o Movimento Negro Unificado e o Movimento Negro Empoderado. O Movimento Negro Unificado tem suas origens na histórica luta que se iniciou nos períodos da escravidão e intensificou-se na década de 1960 em todo o mundo, sobretudo por inspiração de personalidades estadunidenses engajadas na luta, como Martin Luther King Junior, Malcom X, James Baldwin e Angela Davis. O Movimento Negro Empoderado, por sua vez, surgiu a partir da década de 1960, intensificando-se na primeira década dos anos 2000. Enquanto o movimento unificado pretende unificar, na luta, todos os negros e todos que somem forças, o movimento empoderado pretende centrar sua atuação no indivíduo. Enquanto o primeiro centra-se naquilo que há de bom na negritude e na raça, o segundo centra-se nas injustiças e no sofrimento histórico da população negra para exigir políticas de reparação. Independentemente das diferenças ideológicas, os movimentos negros querem igualdade e justiça. Surgimento do Movimento Negro Unificado (MNU): Em 18 de junho de 1978, o feirante Robson Silveira da Luz foi acusado de roubar frutas na feira onde trabalhava. O homem negro de 27 anos foi levado para a 44º Delegacia de Polícia de Guaianazes, na Zona Leste de São Paulo. Lá o rapaz foi torturado e morto. Em 7 de julho de 1978, um ato contra a morte de Robson reuniu duas mil pessoas na escadaria do Teatro Municipal de São Paulo. Aquele era o momento de nascimento do MNU. Consciência negra: Outra grande conquista para o movimento negro no Brasil foi o estabelecimento do dia 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra. A escolha da data deu-se por ser a data do assassinato de Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo da história brasileira, o Quilombo dos Palmares. O que diz a lei em relação à igualdade racial? Iniciando as batalhas jurídicas contra o racismo no Brasil, foi estabelecida a lei 1390/51 (1951), conhecida como “Lei Afonso Arinos”, proibindo qualquer tipo de discriminação racial no país. Sua aplicabilidade não demonstrava qualquer eficácia, visto que as punições não eram aplicadas, mesmo em casos claros de discriminação. A “Lei Caó”, de 1989, tipificou o crime de racismo no Brasil. Hoje, esse crime é imprescritível e inafiançável no país. No caso da inclusão dos negros no sistema educacional brasileiro, foi criada a Lei 12.711/12, que determina a criação de cotas em universidades públicas para a população negra. Polêmicas: Desde sua aplicação, o sistema de cotas instaurado no Brasil provocou muitas manifestações contrárias. Uma parte dos vestibulandos e candidatos a concursos alegam inconstitucionalidade, apoiados por alguns juristas e juízes brasileiros. Entretanto, o STF manifestou-se unanimemente a favor da constitucionalidade da medida. Além do problema em relação às cotas, os negros são alvos recorrentes de racismo, seja ele de forma velada ou explícita. Exemplos, infelizmente, muito comuns são: ● Jogadores de futebol chamados de “macacos” em estádios; ● Mensagens ofensivas destinadas a atores, jornalistas e atletas negros por meio das redes sociais,como o caso nacionalmente conhecido, relacionado à jornalista Maria Júlia Coutinho (Maju, apresentadora de meteorologia do Jornal Nacional, Rede Globo); ● Alunos em idade escolar alvo de preconceito por seus cabelos; ● A cada 3 assassinatos no Brasil, 2 são de jovens negros, com idades entre 15 e 24 anos, considerando ainda que a discriminação e o preconceito racial são fortes componentes desta realidade; ● Apesar de a população negra representar cerca de dois terços de todos os cidadãos economicamente ativos no Brasil, os negros permanecem relegados a serviços de base, com salários menores. Na média do país, cerca de 60% dos desempregados são negros; ● Mulheres negras são as mais vitimadas nos casos de violência doméstica (58,68%), violência obstétrica (65,4%) e mortalidade materna (53,6%). São apenas uma pequena amostra de como o racismo ainda persiste na cultura brasileira, mesmo sendo um país de tanta diversidade cultural e étnica. O que o movimento negro busca hoje? Qual seu objetivo? Após a abolição, os negros passaram a habitar guetos e comunidades, como forma de proteção, e em razão da falta de oportunidades. Entre as reivindicações do movimento negro hoje em dia está a compensação por todos os anos de trabalho forçado e à falta de inclusão social após esse período, a falta de políticas públicas destinadas a maior presença do negro no mercado de trabalho e nos campos educacionais. Também, a efetiva aplicabilidade das leis que buscam a criminalização do racismo e a plena aceitação e respeito à cultura e herança histórica. Ao redor do mundo, os movimentos negros sempre buscaram uma coisa em comum: o respeito aos direitos civis da população negra e o combate ao racismo enraizado até hoje na sociedade. Com diferentes abordagens, cada Movimento Negro busca particularidades que fazem parte da realidade de cada país. No Brasil, por exemplo, a luta da população negra gira em torno do reconhecimento do racismo como crime, da dívida histórica dos mais de 300 anos de escravidão e da igualdade de oportunidades e inclusão social. Líderes do movimento negro: São vários os líderes do Movimento Negro no Brasil e no mundo. Entre os principais, estão: ● Zumbi dos Palmares (Brasil); ● José do Patrocínio (Brasil); ● André Rebouças (Brasil); ● João Cândido (Brasil);● Nelson Mandela (África do Sul); ● Amelia Boynton Robinson (Estados Unidos); ● Angela Davis (Estados Unidos); ● Bayard Rustin (Estados Unidos); ● James Bevel (Estados Unidos); ● James Meredith (Estados Unidos); ● Malcolm X (Estados Unidos); ● Martin Luther King Jr. (Estados Unidos); ● Mumia Abu-Jamal (Estados Unidos); ● Rosa Parks (Estados Unidos); ● W. E. B. Du Bois (Estados Unidos). Conclusão: Conclui-se então que movimento negro é um conjunto de movimentos sociais que lutam contra o racismo e pela igualdade social e de direitos entre negros e brancos, sobretudo no mundo ocidental, marcado pela escravização de povos africanos. Que o movimento negro começou a surgir no Brasil durante o período da escravidão para se defender das violências e injustiças praticadas pelos senhores, onde os negros escravizados se uniram para buscar formas de resistência. Ao longo dos anos, o movimento negro se fortaleceu e foi responsável por diversas conquistas desta comunidade. E que no início surge, ainda de forma precária e clandestina, durante o período escravagista, sendo a quilombagem a principal forma de exteriorização dos movimentos negros rebeldes contra a escravização. Os movimentos sociais em geral colecionam conquistas históricas, obtidas com muita luta dos seus protagonistas. Para os movimentos negros, em específico, pode-se elencar como a mais simbólica e talvez mais antiga conquista, a abolição da escravatura nos países americanos. Com diferentes abordagens, cada Movimento Negro busca particularidades que fazem parte da realidade de cada país. E até hoje lutam contra o preconceito e racismo muito presente na sociedade. Ao redor do mundo, os movimentos negros sempre buscaram uma coisa em comum: o respeito aos direitos civis da população negra e o combate ao racismo enraizado até hoje na sociedade. Referências Bibliográficas: ● https://www.politize.com.br/movimento-negro/ ● https://www.geledes.org.br/movimento-negro/ ● https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/dia-consciencia-negra-heroi-chamado-zu mbi.htm ● https://www.todamateria.com.br/movimento-negro/ ● https://www.stoodi.com.br/blog/historia/movimento-negro/ ● https://www.todamateria.com.br/racismo/
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