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Eletrocardiograma para Enfermeiros

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DOCÊNCIA EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
ELETROCARDIOGRAMA PARA 
ENFERMEIROS 
 
 
1 
 
Copyright © Portal Educação 
2012 – Portal Educação 
Todos os direitos reservados 
 
R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 
Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 
Internacional: +55 (67) 3303-4520 
atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS 
Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 Portal Educação 
P842e Eletrocardiograma para enfermeiros / Portal Educação. - Campo Grande: 
Portal Educação, 2012. 
 142p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-85-8241-171-1 
 1. Eletrocardiografia. 2. Eletrocardiograma. I. Portal Educação. II. Título. 
 CDD 616.1 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 SISTEMA CIRCULATÓRIO ....................................................................................................... 7 
2 ANATOMIA CARDÍACA ........................................................................................................... 10 
2.1 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DO CORAÇÃO ........................................................... 10 
2.2 POSIÇÃO DO CORAÇÃO ......................................................................................................... 11 
2.3 ENVOLTÓRIOS DO CORAÇÃO ............................................................................................... 13 
2.4 CÂMARAS DO CORAÇÃO ....................................................................................................... 15 
2.5 VASOS SANGUÍNEOS ASSOCIADOS AO CORAÇÃO ............................................................ 16 
2.6 PAREDES DO CORAÇÃO ........................................................................................................ 17 
2.7 ESQUELETO DO CORAÇÃO .................................................................................................. 18 
2.8 VASOS DO MÚSCULO CARDÍACO ......................................................................................... 19 
2.9 VÁLVULAS DO CORAÇÃO ....................................................................................................... 21 
2.9.1 Válvulas Atrioventriculares ........................................................................................................ 22 
2.9.2 Válvulas Semilunares ................................................................................................................ 23 
2.9.3 Projeção das Válvulas na Superfície ......................................................................................... 23 
2.10 CIRCULAÇÃO ATRAVÉS DO CORAÇÃO ................................................................................ 24 
2.11 SISTEMA CONDUTOR DO CORAÇÃO .................................................................................... 26 
 
 
3 
 
2.11.1 Nó Sinoatrial .............................................................................................................................. 28 
2.11.2 Nó Atrioventricular ..................................................................................................................... 29 
2.11.3 Vias de Condução Através do Coração ..................................................................................... 30 
3 HISTÓRIA DA ESTIMULAÇÃO CARDÍACA ............................................................................ 31 
4 ELETROCARDIOGRAMA ........................................................................................................ 33 
5 CICLO CARDÍACO ................................................................................................................... 37 
6 DERIVAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS ........................................................................... 41 
6.1 DERIVAÇÕES PRECORDIAIS.................................................................................................. 41 
6.1.1 Complexo QRS – Ativação Ventricular ...................................................................................... 44 
6.1.2 Repolarização ventricular .......................................................................................................... 44 
6.1.3 Ativação atrial ............................................................................................................................ 44 
6.1.4 Linha isoelétrica ......................................................................................................................... 45 
6.2 DERIVAÇÕES PERIFÉRICAS .................................................................................................. 50 
7 ROTAÇÕES E POSIÇÕES ELÉTRICAS DO CORAÇÃO ........................................................ 53 
7.1 ROTAÇÃO PELO EIXO TRANSVERSAL .................................................................................. 53 
7.2 ROTAÇÃO PELO EIXO LONGITUDINAL ................................................................................. 54 
7.3 ROTAÇÃO PELO EIXO ANTEROPOSTERIOR ........................................................................ 55 
8 ELETROCARDIOGRAMA NORMAL ........................................................................................ 56 
8.1 ANÁLISE DO TRAÇADO ........................................................................................................... 57 
8.1.1 Onda P ...................................................................................................................................... 57 
8.1.2 Segmento PR ............................................................................................................................ 58 
8.1.3 Intervalo PR ............................................................................................................................... 58 
 
 
4 
 
8.1.4 Complexo QRS .......................................................................................................................... 59 
8.1.5 Ponto J ...................................................................................................................................... 60 
8.1.6 Segmento ST ............................................................................................................................. 60 
8.1.7 Onda T....................................................................................................................................... 61 
8.1.8 Intervalo QT ............................................................................................................................... 62 
8.1.9 Onda U ...................................................................................................................................... 62 
9 O SIGNIFICADO DO ELETROCARDIOGRAMA ...................................................................... 64 
10 MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DO ELETROCARDIOGRAMA .............................................. 66 
10.1 FREQUÊNCIA ........................................................................................................................... 66 
10.2 RITMO ....................................................................................................................................... 70 
10.3 AVALIAR A ONDA P ................................................................................................................. 72 
10.4 DETERMINAR A DURAÇÃO DO INTERVALO PR ................................................................... 72 
10.5 DETERMINAR A DURAÇÃO DO COMPLEXO QRS ................................................................72 
10.6 AVALIAÇÃO DA ONDA T .......................................................................................................... 73 
10.7 DETERMINAÇÃO DA DURAÇÃO DO INTERVALO QT ........................................................... 73 
10.8 AVALIAR TODOS OS OUTROS COMPONENTES .................................................................. 73 
11 ARRITMIAS ............................................................................................................................... 75 
11.1 ARRITMIAS DO NÓDULO SINUSAL ........................................................................................ 77 
11.1.1 Arritmia sinusal .......................................................................................................................... 78 
11.1.2 Bradicardia sinusal .................................................................................................................... 81 
 
 
5 
 
11.1.3 Taquicardia sinusal .................................................................................................................... 84 
11.1.4 Parada sinusal ........................................................................................................................... 88 
11.1.5 Bloqueio da saída sinoatrial ....................................................................................................... 91 
11.1.6 Síndrome do seio doente ........................................................................................................... 94 
12 ARRITMIAS ATRIAIS ............................................................................................................... 97 
12.1 CONTRAÇÕES ATRIAIS PREMATURAS ................................................................................. 97 
12.2 TAQUICARDIA ATRIAL ............................................................................................................. 98 
12.2.1 Taquicardia atrial multifocal ...................................................................................................... 101 
12.2.2 Taquicardia atrial paroxística .................................................................................................... 102 
12.3 FLUTTER ATRIAL .................................................................................................................... 104 
12.4 FIBRILAÇÃO ATRIAL ............................................................................................................... 107 
12.5 FENÔMENO DE ASHMAN ....................................................................................................... 111 
12.6 MARCA-PASSO MIGRATÓRIO ............................................................................................... 113 
13 ARRITMIAS VENTRICULARES .............................................................................................. 115 
13.1 CONTRAÇÕES VENTRICULARES PREMATURAS ................................................................ 115 
13.2 RITMO IDIOVENTRICULAR .................................................................................................... 117 
13.3 TAQUICARDIA VENTRICULAR ............................................................................................... 119 
13.4 FIBRILAÇÃO VENTRICULAR .................................................................................................. 121 
 
 
6 
 
13.5 ASSISTOLIA ............................................................................................................................. 123 
13.6 ATIVIDADE ELÉTRICA SEM PULSO ...................................................................................... 125 
14 BLOQUEIOS ATRIOVENTRICULARES .................................................................................. 126 
15 EXTRASSÍSTOLES ................................................................................................................. 133 
16 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO ....................................................................................... 138 
REFERÊNCIAS........... ..................................................................................................................... 141 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
1 SISTEMA CIRCULATÓRIO 
 
 
O sistema circulatório possui duas divisões, o sistema cardiovascular e o sistema 
linfático. O sistema linfático é composto de órgãos que participam da resposta imune, como as 
tonsilas, timo, baço, linfonodos e vasos que coletam o líquido intersticial do corpo, transportando-
os para o sistema cardiovascular. 
O sistema cardiovascular é composto pelo coração que é uma bomba propulsora para 
o sangue e os vasos sanguíneos que transportam o sangue para o corpo. 
O sistema cardiovascular é um sistema circular fechado, representado pelo coração e 
os numerosos vasos preenchidos de sangue que percorrem ininterruptamente um trajeto circular 
do coração para as artérias, seguindo para os capilares, veias e retornando ao coração. 
O sangue não deixa o sistema, embora uma porção líquida deste sangue atravesse a 
parede dos capilares para se juntar com os líquidos entre as células que constituem os tecidos. 
Igual quantidade deste líquido retorna ao sistema cardiovascular diretamente ou através do 
sistema linfático. 
O coração é a bomba propulsora que produz a força necessária para impelir o sangue 
através do sistema de vasos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
FIGURA 1 - TÍTULO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.geocities.ws/investigandoaciencia/classemamiferos.htm>. 
Acesso em: 04 fev. 2011. 
 
 
O sistema cardiovascular possui as seguintes funções: 
 Transporte de gases: os órgãos responsáveis pela obtenção de oxigênio e pela 
eliminação de dióxido de carbono são os pulmões, que devido a sua comunicação com os 
demais tecidos do corpo por meio do sangue, realizam o transporte destes gases. 
 Transporte de nutrientes: no interior do tubo digestivo, os nutrientes 
resultantes da digestão passam através de um fino epitélio e alcançam o sangue. Os nutrientes 
são levados aos tecidos do corpo e difundem-se para o líquido intersticial alcançando as células. 
 Transporte de resíduos metabólicos: as atividades metabólicas das células do 
corpo originam resíduos e essas substâncias devem ser eliminadas para o meio externo. O 
transporte dessas substâncias, de onde são formadas até os órgãos de excreção, é realizado 
pelo sangue. 
 
 
 
9 
 
 Transporte de hormônios: os hormônios são substâncias secretadas por 
órgãos endócrinos, distribuídos pelo sangue e capazes de modificar o funcionamento de outros 
órgãos do corpo. Por exemplo, podemos citar a colecistocinina, que é produzida pelo duodeno, 
durante a passagem do alimento, e lançada no sangue. Tem como efeito estimular a contração 
da vesícula biliar e a liberação da bile no duodeno. 
 Intercâmbio de materiais: existem substâncias que são produzidas ou 
armazenadas em uma parte do corpo e utilizadas por outra parte. Células do fígado, por 
exemplo, armazenam moléculas de glicogênio, que, ao serem quebradas, liberam glicose, que o 
sangue leva para outras células do corpo. 
 Transporte de calor: o sangue é utilizado na distribuição homogênea de calor 
pelas diversas partes do organismo, colaborando na manutenção da temperatura corporal 
adequada em todas as regiões, permitindo levar calor até a superfície corporal, onde pode ser 
dissipado. 
 Distribuição de mecanismos de defesa: no sangue circulam anticorpos e 
células fagocitárias, componentes do nosso sistema imunológico, agindo na defesa contra 
agentes infecciosos. 
 Coagulação sanguínea: no sangue há circulação de plaquetas que auxiliam na 
coagulação sanguínea. O sangue contém fatores de coagulação, capazes de bloquear eventuais 
extravasamentos em caso de ruptura de um vaso sanguíneo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
2 ANATOMIA CARDÍACA 
 
 
 
2.1 DESENVOLVIMENTOEMBRIONÁRIO DO CORAÇÃO 
 
 
 
Durante o desenvolvimento embrionário, o futuro coração é um simples tubo pulsátil 
que recebe o sangue das veias por sua extremidade posterior e o bombeia para o sistema 
arterial através de sua extremidade anterior. 
No início, o coração deve responder as necessidades de desenvolvimento do embrião 
e ainda ser capaz de funcionar sob as mais variadas situações que se seguem logo após o 
nascimento. 
Para realizar estas funções, o coração tubular se desenvolve em um órgão com quatro 
câmaras providas de válvulas e separadas por uma linha mediana. Todas estas alterações 
ocorrem sem a interrupção na distribuição do sangue para o embrião. 
Durante a quinta semana de vida intrauterina, tornam-se evidentes as mudanças e o 
rápido crescimento e desenvolvimento do coração, evoluindo para uma estrutura em forma de S. 
Com o desenvolvimento contínuo, o vaso anterior que conduz o sangue para o exterior 
do coração, se divide em dois, o futuro tronco pulmonar, que realizará a irrigação pulmonar, e a 
aorta, que fornecerá sangue aos vasos que suprem o restante do corpo. 
Ao mesmo tempo um septo mediano se desenvolverá no interior do coração e quando 
completa, este septo irá separar o fluxo sanguíneo através do coração em dois canais, o sangue 
de um lado passa pelo tronco pulmonar, dirigindo-se aos pulmões e o sangue do outro lado do 
septo é levado em direção a aorta e dessa para o restante do corpo. 
Aproximadamente por volta da sétima semana de vida intrauterina, o coração é 
dividido nas quatro câmaras que permanecerão até a fase adulta, ou seja, dois átrios e dois 
ventrículos. 
Por meio das mudanças, incluindo o desenvolvimento de novos segmentos em 
algumas veias e a degeneração de porções de outras veias, os vasos que penetram na região 
posterior do coração desenvolvem-se em veia cava superior e veia cava inferior, que irão trazer 
todo o sangue venoso do corpo para o coração. 
 
 
11 
 
FIGURA 2 – CORAÇÃO DO BEBÊ 
 
FONTE: Disponível em:<http://stat.correioweb.com.br/blogs/imagens/info_vitoria.jpg>. Acesso 
em: 03 fev. 2011. 
 
 
2.2 POSIÇÃO DO CORAÇÃO 
 
 
 
O coração é um órgão que compõe o sistema circulatório em conjunto com outros 
componentes como os vasos sanguíneos, sangue, vasos linfáticos e linfa. 
É um órgão muscular, em forma de cone, oco localizado na cavidade torácica, logo 
atrás o esterno, acima do diafragma, entre os pulmões direito e esquerdo, na região chamada de 
mediastino médio. 
Levemente deslocado para o lado esquerdo, com um peso aproximado de 400 gramas 
e com o tamanho aproximado de um punho fechado de uma pessoa adulta. 
 
 
 
 
 
 
12 
 
FIGURA 3 – TÓRAX VISTA ANTERIOR 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.teliga.net/2010/01/tecido-muscular-estriado-
cardiaco.html>. Acesso em: 04 fev. 2011. 
 
 
O coração possui como limites: 
 
 Superfície anterior: abaixo do esterno e das costelas. 
 Superfície inferior: a região entre a borda direita e o ápice apoia-se no 
diafragma. 
 Borda direita: voltada para o pulmão direito e se estende da superfície 
inferior à base. 
 Borda esquerda ou borda pulmonar: voltada para o pulmão esquerdo e 
estendendo-se da base ao ápice. 
 Limite superior: grandes vasos do coração. 
 Limite posterior: traqueia, esôfago e artéria aorta descendente. 
 
O coração tem forma piramidal. Apresenta base, ápice, face diafragmática e 
esternocostal e quatro bordas. Essas estruturas estão destacadas: 
 
 
 
13 
 
 Base: está voltada para cima, para trás e para a direita, ao nível da 
segunda e terceira costela. É formada pelo átrio esquerdo, parte do átrio direito e a 
porção proximal dos grandes vasos que penetram pela parede posterior do coração. 
 Ápice: É arredondado, ocupa o quinto espaço intercostal, 
aproximadamente 8 cm da linha medioesternal. Na região do ápice, pode-se, no vivo, 
observar o batimento apical. 
 Diafragmática: é a região entre o ápice e a base, que repousa sobre o 
músculo diafragma. 
 Esternocostal ou anterior: formada principalmente pelo ventrículo direito 
e átrio direito. 
 Margem superior: é formada pelos átrios e é a região por onde os 
grandes vasos entram e saem do coração. Situada aproximadamente no segundo 
espaço intercostal. 
 Margem inferior: Estende-se por trás da porção inferior do esterno até o 
quinto espaço intercostal esquerdo onde termina o ápice. É formada em sua maior parte 
pelo ventrículo direito e por uma pequena porção do ventrículo esquerdo ao nível do 
ápice. 
 Margem direita: é formada pelo átrio direito, localizada 
aproximadamente 2,5 cm à direita do esterno. 
 Margem esquerda: é constituída, principalmente, pelo ventrículo 
esquerdo, com o átrio esquerdo formando sua porção superior. Estende-se até o ápice 
situando-se ao nível da junção da segunda costela com a respectiva cartilagem costal. 
 
 
 
2.3 ENVOLTÓRIOS DO CORAÇÃO 
 
 
 
O coração está contido em um saco membranoso de dupla parede denominado 
pericárdio. 
 
 
 
 
14 
 
Esse é formado em sua parede interna pelo epicárdio ou pericárdio seroso visceral, 
que é uma membrana serosa com uma camada superficial de mesotélio, recobrindo uma fina 
camada tecido conjuntivo frouxo que adere a superfície externa do coração. 
Ao nível da entrada e saída dos grandes vasos do coração, a camada serosa do 
pericárdio visceral se reflete e continua com a camada externa do pericárdio denominado 
pericárdio seroso parietal, que é formado por duas camadas, uma fibrosa externa, que o reforça 
e fixa ao mediastino e uma serosa interna, que reveste a superfície interna da camada fibrosa e 
é contínua com a camada parietal serosa do pericárdio visceral. 
Entre as membranas serosas das camadas, visceral e parietal, há um pequeno espaço 
denominado cavidade pericárdica. Nessa cavidade encontra-se o líquido pericárdico, que é 
secretado pelas células das membranas serosas do pericárdio. 
O líquido pericárdico lubrifica as membranas, permitindo que elas deslizem uma sobre 
a outra com o mínimo de atrito durante os batimentos cardíacos. 
 
 
FIGURA 4 – ENVOLTÓRIOS DO CORAÇÃO 
 
 
FONTE: Disponível 
em:<http://www.medicinageriatrica.com.br/wpcontent/uploads/2007/07/pericardio.jpg>. Acesso 
em: 04 fev. 2011. 
 
 
 
 
 
 
15 
 
2.4 CÂMARAS DO CORAÇÃO 
 
 
 
O coração é dividido em duas metades por um septo dirigido obliquamente, e cada 
uma das metades apresenta duas cavidades, ou câmaras denominadas de átrio e ventrículo. Os 
átrios são separados pelo septo interatrial e os ventrículos pelo septo interventricular. 
A disposição geral destas câmaras é a seguinte: 
 Átrio esquerdo: situado quase no plano mediano e é a mais posterior 
das câmaras cardíacas. 
 Átrio direito: é anterior ao átrio esquerdo, forma a borda direita do 
coração e está à direita e no mesmo plano anteroposterior que o ventrículo esquerdo. 
 Ventrículo esquerdo: é a câmara mais muscular das quatro cavidades, 
formando a borda esquerda do coração. 
 Ventrículo direito: é a mais anterior das câmaras cardíacas. 
As quatro câmaras estão situadas, aproximadamente, em um mesmo plano horizontal 
e, portanto, quando o sangue flui do átrio para o ventrículo, ele faz um plano quase horizontal. 
 
 
FIGURA 5 – CÂMARAS CARDÍACAS 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://2.bp.blogspot.com/_3g6ceBjnTqk/TMDDQqyH9VI/AAAAAAAAAcs/a9fkVRUAyWQ/s1600/
CORA%C3%87%C3%83Oo.bmp>. Acesso em: 04 fev. 2011. 
 
 
 
 
 
16 
 
2.5 VASOS SANGUÍNEOS ASSOCIADOS AO CORAÇÃO 
 
 
Vários vasos sanguíneos de grande calibre entram e saem do coração pela sua base e 
margem superior, dentre eles podemos destacar: 
 
 Veia cava superior e veia cava inferior: responsáveis por trazer o sangue venoso 
do corpo para o átrio direito. 
 Artéria troncopulmonar: Divide-se em artéria pulmonar direita e esquerda, e que 
levam o sangue do ventrículo direito para os pulmões. 
 Veias pulmonares: são duas direitas eduas esquerdas e trazem o sangue do 
pulmão para o átrio esquerdo. 
 Artéria Aorta: leva o sangue do ventrículo esquerdo para o restante do corpo. 
 
 
FIGURA 6 – VASOS DO CORAÇÃO 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://3.bp.blogspot.com/_qugjzoZGP_Q/Rv6WqregD6I/AAAAAAAACb8/dh7XiTyVdSw/s400/Di
gitalizar0003.jpg>. Acesso em: 04 fev. 2011. 
 
 
17 
 
2.6 PAREDES DO CORAÇÃO 
 
 
 
O coração é formado principalmente pelo músculo cardíaco, ancorado a um esqueleto 
fibroso. A parede do coração é constituída por três camadas: 
 
 Epicárdio ou pericárdio visceral: é uma membrana serosa muito fina, que adere 
a superfície externa do órgão. 
 Miocárdio: é a camada mais espessa do coração constituída pelo músculo 
cardíaco. 
 Endocárdio: reveste internamente o miocárdio, sendo composto por um tecido 
conjuntivo com uma camada superficial de células pavimentosas. Dobras do endocárdio formam 
as válvulas que separam os átrios dos ventrículos e os ventrículos da aorta e do tronco 
pulmonar. 
A espessura do miocárdio varia de uma câmara para outra e essa variação está 
relacionada à resistência encontrada no bombeamento do sangue pelas diferentes câmaras. 
Quando a musculatura dos átrios encontra pouca resistência para impelir o sangue para os 
ventrículos, suas paredes são as partes mais finas do miocárdio. 
Os ventrículos devem impelir o sangue através dos vasos sanguíneos que se dirigem 
aos pulmões e ao restante do corpo, possuindo dessa forma, um miocárdio mais espesso que 
dos átrios. 
O ventrículo esquerdo é responsável pelo envio de sangue para todas as estruturas do 
corpo, por esse motivo apresenta um miocárdio mais espesso que o ventrículo direito, que é 
responsável pelo envio do sangue através dos vasos sanguíneos para os pulmões. 
A superfície interna do miocárdio dos ventrículos é irregular, apresentando dobras e 
pontes denominadas trabéculas cárneas, e projeções musculares em forma de cone, 
denominadas músculos papilares. 
Há também as cordas tendíneas, que são cordões fibrosos resistentes, que se dirigem 
dos músculos papilares para as bordas livres das cúspides das válvulas atrioventriculares. 
 
 
 
 
 
18 
 
FIGURA 7 – PAREDES CARDÍACAS 
 
FONTE: Disponível em:<http://www2.uca.es/dept/enfermeria/socrates/cardio/histol01.jpg>. 
Acesso em: 04 fev. 2011. 
 
 
 
2.7 ESQUELETO DO CORAÇÃO 
 
 
 
Anéis fibrosos horizontais circundam os óstios atrioventriculares e os óstios da aorta e 
tronco pulmonar. Os anéis são unidos entre si por um tecido fibroso adicional denominado 
trígono fibroso. 
No conjunto, estes suportes fibrosos são conhecidos como o esqueleto fibroso do 
coração e existe não somente para servir como ponto de ancoragem para o miocárdio e para as 
válvulas, mas também para contribuir na formação dos septos que separam os átrios dos 
ventrículos. 
 
 
 
 
 
19 
 
FIGURA 8 – ESQUELETO CARDÍACO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.medicinageriatrica.com.br/wp-
content/uploads/2008/02/esqfibroso1.JPG>. Acesso em: 04 fev. 2011. 
 
 
 
2.8 VASOS DO MÚSCULO CARDÍACO 
 
 
 
As artérias, coronária direita e esquerda são responsáveis pelo suprimento sanguíneo 
do miocárdio. Essas artérias originam-se da artéria aorta logo que essa atravessa a margem 
superior do coração. 
As artérias coronárias recebem sangue dos seios localizados atrás das válvulas 
semilunares e da válvula da aorta. 
A artéria coronária direita se origina da superfície anterior da aorta e passa para a 
margem direita do coração, situando-se em uma depressão denominada sulco coronário. 
O sulco coronário separa os átrios dos ventrículos. A artéria coronária direita se 
estende ao redor da margem do coração até a face posterior, enviando ramos para o átrio e o 
ventrículo direitos. 
Na face posterior, o principal ramo desta artéria volta-se para baixo até atingir o ápice 
do coração, seguindo em um sulco entre os ventrículos. Este ramo, o ramo interventricular 
posterior, envia pequenos ramos para ambos os ventrículos. 
 
 
20 
 
A artéria coronária esquerda se origina da superfície anterior esquerda da aorta, 
posteriormente ao tronco pulmonar. Após percorrer uma curta distância próxima à margem 
esquerda do coração, ela se divide nos ramos, interventricular e circunflexo. 
O ramo interventricular anterior se dirige inferiormente sobre a superfície do septo 
interventricular até atingir o ápice do coração, enviando ainda, ramos para os ventrículos. 
O ramo circunflexo segue pelo sulco coronário, entre o átrio esquerdo e ventrículo 
esquerdo, atingindo a margem esquerda do coração. Após passar pela margem esquerda do 
coração, envia ramos para a face posterior do átrio esquerdo e face diafragmática do ventrículo 
esquerdo. 
Após percorrer uma extensa rede de capilares, o sangue proveniente das artérias 
coronárias penetra nas veias cardíacas que percorrem a superfície do coração ao lado das 
artérias. 
As veias cardíacas se unem para formar um vaso calibroso, o seio coronário, 
localizado na face posterior do coração, no sulco coronário, entre os átrios e os ventrículos. 
A face anterior do coração é drenada principalmente pela veia cardíaca magna que 
corre ao lado da artéria interventricular anterior. Ela se inicia no ápice do coração e ascende para 
a base dos ventrículos, onde continua com o seio coronário. 
As veias maiores da face posteroinferior do coração são a veia posterior do ventrículo 
esquerdo, que acompanha um ramo da artéria circunflexa e a veia cardíaca média, que corre ao 
lado da artéria interventricular posterior. 
Essas veias, com a veia cardíaca magna, desembocam no seio coronário, que por sua 
vez vai desembocar no átrio direito. Ainda drenando para o seio coronário, existem as veias 
cardíacas mínimas que correm pela margem direita do coração e penetram no sulco coronário, 
na face posterior do coração. 
Há ainda pequenas veias denominadas veias cardíacas anteriores, que drenam a 
superfície anterior do ventrículo direito, diretamente para o interior do átrio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
FIGURA 9 – IRRIGAÇÃO CARDÍACA 
 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://sorridentsfranchising.files.wordpress.com/2010/02/img_irrigacao_coracao.gif>. Acesso 
em: 04 fev. 2011. 
 
 
 
2.9 VÁLVULAS DO CORAÇÃO 
 
 
 
No coração existem quatro grupos de válvulas que direcionam o fluxo sanguíneo 
através das câmaras cardíacas, sendo dois grupos formando as válvulas atrioventriculares e 
outros dois grupos, constituídos por válvulas semilunares que formam as válvulas da aorta e do 
tronco pulmonar. 
 
 
 
 
 
 
22 
 
FIGURA 10 – VÁLVULAS CARDÍACAS 
 
FONTE: Disponível em: http://www.auladeanatomia.com/cardiovascular/valvas.jpg>. Acesso em: 
04 fev. 2011. 
 
 
 
2.9.1 Válvulas Atrioventriculares 
 
 
 
As válvulas atrioventriculares estão localizadas entre os átrios e os ventrículos, são 
pregas do endocárdio com uma estrutura interna de tecido conjuntivo fibroso. 
As cúspides ou pregas são ancoradas aos músculos papilares dos ventrículos, através 
das cordas tendíneas. 
Os músculos papilares são expansões do miocárdio para o interior dos ventrículos, 
exercem tensão sobre as cúspides das válvulas, impedindo que as mesmas sejam forçadas para 
o interior dos átrios quando ocorre a contração ventricular. 
A válvula atrioventricular direita, que separa o átrio direito do ventrículo direito, possui 
três pregas ou cúspides e é por isso que é denominada válvula tricúspide. 
 
 
 
23 
 
A válvula atrioventricular direita apresenta apenas duas pregas ou cúspides, por este 
motivo é denominada válvula bicúspide ou mitral. As duas válvulas são forçadas para cima e se 
fecham quando a pressão dos ventrículos aumenta, impedindo assim que o sangue retorne ao 
átrio após a contração ventricular. 
 
 
 
2.9.2 Válvulas Semilunares 
 
 
 
Após a contração ventricular, o sangue é impedido de retornar aos ventrículos devido à 
presença dasválvulas semilunares. A válvula do tronco pulmonar se localiza na saída do tronco 
pulmonar e a válvula aórtica na saída da aorta. 
As duas são formadas por três válvulas semilunares. Cada válvula semilunar se 
assemelha a uma taça rasa cortada pela metade no sentido vertical, com as margens cortadas 
fixadas às paredes dos vasos. 
Quando ocorre a contração ventricular, a força do sangue empurra as cúspides contra 
a parede dos vasos e quando os ventrículos se relaxam o sangue retorna e as preenchem. 
As cúspides se unem por suas margens livres na luz do vaso, evitando dessa forma o 
retorno sanguíneo. 
 
 
 
2.9.3 Projeção das Válvulas na Superfície 
 
 
 
A válvula aórtica e pulmonar se localiza próxima a base do coração. A válvula aórtica 
está atrás da metade esquerda do esterno, aproximadamente no terceiro espaço intercostal. 
A válvula pulmonar se localiza acima e a esquerda da válvula aórtica, atrás da 
cartilagem costal da terceira costela. As válvulas atrioventriculares estão situadas mais 
centradas no coração que as válvulas das artérias. 
 
 
24 
 
A válvula atrioventricular direita se encontra quase atrás do esterno, se estendendo até 
o nível da junção da quarta e quinta cartilagens costais com o esterno. 
A válvula atrioventricular esquerda se situa ao nível da quarta cartilagem costal, atrás 
da metade esquerda do esterno. 
 
 
FIGURA 11 – VÁLVULAS 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.skillstat.com/heartscape/heartValves.gif>. Acesso em: 04 
fev. 2011. 
 
 
 
2.10 CIRCULAÇÃO ATRAVÉS DO CORAÇÃO 
 
 
 
Devido à separação das câmaras cardíacas do lado direito com as do lado esquerdo 
através dos septos interatrial e interventricular, o coração funciona como uma bomba dupla. 
Cada bomba possui uma câmera de recebimento representada pelos átrios e uma 
bomba de propulsão representada pelos ventrículos. 
 
 
 
 
25 
 
A bomba do lado direito recebe o sangue que vem dos vasos do corpo e o envia para 
os pulmões, isto é, através da circulação pulmonar. O sangue venoso retorna ao átrio direito 
através: 
 
 Da veia cava superior, que traz sangue da região da cabeça, tórax e membros 
superiores; 
 Da veia cava inferior, que recolhe o sangue do tronco, membros inferiores e 
vísceras abdominais; 
 Do seio coronário e das veias cardíacas anteriores, que drenam o miocárdio. 
Após retornarem ao átrio direito, o sangue passa para o ventrículo direito, que o 
impulsiona para o tronco pulmonar e artérias pulmonares, até a rede de capilares dos pulmões. 
Nos pulmões ocorre a troca gasosa com o sangue deixando o gás carbônico e 
recebendo o oxigênio. 
A bomba cardíaca situada do lado esquerdo recebe o sangue recentemente oxigenado 
nos pulmões e o envia para o restante do corpo, ou seja, realiza a circulação sistêmica. 
O sangue oxigenado retorna ao átrio esquerdo pelas veias pulmonares e do átrio 
esquerdo passa para o ventrículo esquerdo, que o impulsiona para o interior da aorta e dessa 
para todo o corpo. 
O lado direito e o lado esquerdo do coração trabalham como uníssono, ou seja, 
quando ocorre o batimento cardíaco, ambos os átrios se contraem, e em seguida, ambos os 
ventrículos. 
O período compreendido entre o fim de um batimento cardíaco ao fim do batimento 
seguinte é denominado ciclo cardíaco. 
Durante o ciclo cardíaco, o sangue da veia cava superior e inferior, bem como do seio 
coronário e das veias cardíacas anteriores, se desloca através do átrio direito, passa pelo óstio 
atrioventricular direito e atinge o interior do ventrículo direito. Ao mesmo tempo, o sangue das 
veias pulmonares se desloca pelo átrio esquerdo, passa pelo óstio atrioventricular esquerdo e 
chega ao ventrículo esquerdo. 
A contração simultânea de ambos os átrios comprime ainda mais sangue para o 
interior dos ventrículos. 
Posteriormente, a contração simultânea de ambos os ventrículos fecham as válvulas 
atrioventriculares e força o sangue a passar pela válvula aórtica e penetrar no interior do tronco 
pulmonar, vindo do ventrículo direito e no interior da artéria aorta, vindo do ventrículo esquerdo. 
 
 
26 
 
FIGURA 12 – CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com/cardiovascular/circulacoes.jpg>. 
Acesso em: 04 fev. 2011. 
 
 
 
2.11 COMPLEXO ESTIMULANTE DO CORAÇÃO 
 
 
 
O coração contrai aproximadamente 80 vezes por minuto e para que esta atividade 
muscular cardíaca seja eficiente, é necessário uma sequência ordenada e com intervalos curtos. 
 
 
 
27 
 
Se existe uma atividade muscular cardíaca desordenada, partes do miocárdio irão 
contrair ou relaxar ao acaso, inviabilizando assim uma eficiente circulação sanguínea pelo corpo 
e o coração não poderá realizar a sua atividade de bomba propulsora de sangue. 
Para que ocorra o enchimento ventricular adequado, os ventrículos devem se contrair 
ao mesmo tempo, e os átrios devem-se contrair no momento apropriado, para que a sua 
contração produza o enchimento do ventrículo antes que a contração ventricular se inicie. 
No interior do coração, existem células musculares cardíacas especializadas que 
geram impulsos elétricos que determinam a contração cardíaca. Existem ainda outras células 
cardíacas especializadas na condução do impulso elétrico através do músculo cardíaco. 
Esse sistema condutor organiza e coordena todos os batimentos cardíacos, produzindo 
uma ação de bombeamento do sangue muito eficiente, que possibilitará a chegada deste sangue 
a todas as partes do corpo. 
Como outras células do corpo humano, as células musculares cardíacas apresentam 
uma distribuição irregular de íons em ambas às faces da sua membrana e são eletricamente 
polarizadas. 
Se a membrana das células musculares cardíacas se despolariza, permitindo um 
rápido movimento de íons através dela, ocorre um estímulo, ou potencial de ação, que irá 
determinar a contração muscular. 
Como as células musculares cardíacas adjacentes estão firmemente aderidas entre si 
através dos discos intercalares que as separa, o potencial de ação pode ser transmitido de célula 
para célula, determinando assim a contração de cada célula muscular. 
Esse é um processo relativamente lento, e a presença de um sistema condutor no 
próprio coração contribui para uma rápida transmissão do potencial de ação através do coração 
e estabelece a coordenação e a organização dos batimentos cardíacos, tornando-os dessa 
forma, muito mais eficientes. 
Apesar das fibras musculares cardíacas possuírem atividade espontânea que gera um 
estímulo elétrico e um arranjo de fibras musculares que é suficiente para desencadear uma 
contração cardíaca coordenada em animais de pequeno porte, este sistema não é eficiente nos 
seres humanos, pois é um processo muito lento e ineficiente. 
Os seres humanos necessitam de um sistema que conduza o impulso elétrico 
rapidamente para todo o músculo cardíaco, realizando assim uma contração eficiente e 
coordenada que atenda a demanda necessária do corpo. 
 
 
 
28 
 
Este sistema é conhecido como sistema de condução, formado pelo músculo cardíaco 
especializado presente no nó sinoatrial, no nó atrioventricular, nas vias internodais, no feixe 
atrioventricular e seus ramos terminais direito e esquerdo e nos ramos subendocárdico das fibras 
de Purkinje. 
 
 
FIGURA 13 – COMPLEXO ESTIMULANTE CARDÍACO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.octopus.furg.br/ensino/Teoria/circulacao/coracao.jpg>. 
Acesso em: 04 fev. 2011. 
 
 
 
2.11.1 Nó Sinoatrial 
 
 
 
Na parede do átrio direito, próximo a desembocadura da veia cava superior, há uma 
pequena massa de células musculares cardíacas especializadas, denominadas nó sinoatrial. 
Em condições de repouso, as células musculares cardíacas se despolarizam 
espontaneamente, sem qualquer estímulo externo e geram um potencial de ação 
aproximadamente 80 a 100 vezes por minuto. 
 
 
 
29 
 
Outras regiões do músculo cardíaco também podem sofrer estadespolarização 
espontânea e gerar um potencial de ação, porém elas o fazem com um potencial de ação bem 
menor do que o gerado pelo nó sinoatrial. 
Como resultado, impulsos elétricos do nó sinoatrial se propagam para esta área e as 
estimulam mais frequentemente, de tal modo que elas nem chegam a gerar seus próprios 
potenciais de ação. 
Dessa forma, a velocidade de descarga do nó sinoatrial determina o ritmo para o 
coração e por esta razão o nó sinoatrial é considerado o marca-passo cardíaco, determinando a 
origem do impulso elétrico que irá desencadear as contrações nas células musculares cardíacas. 
As contrações iniciadas no nó sinoatrial chegam às regiões superiores dos átrios e 
segue em direção as válvulas atrioventriculares. Esta ação irá contribuir para a movimentação do 
sangue dos átrios para os ventrículos. 
 
 
 
2.11.2 Nó Atrioventricular 
 
 
 
O impulso produzido pelo nó sinoatrial se distribui de célula para célula através do 
músculo cardíaco dos átrios, determinando sua contração. 
Todavia, o esqueleto fibroso do coração que circunda as aberturas entre os átrios e os 
ventrículos, bem como as aberturas da aorta e do tronco pulmonar, não se despolariza. 
Dessa forma, um impulso transmitido do nó sinoatrial pelos átrios, não pode passar 
diretamente para o músculo cardíaco dos ventrículos. Com isso, o impulso chega aos ventrículos 
por meio de um sistema condutor especializado. 
Um grupo de células musculares cardíacas especializadas, denominado nó 
atrioventricular se localiza no interior do septo interatrial, logo acima da transição dos átrios para 
os ventrículos. 
Do nó atrioventricular, um feixe de células musculares cardíacas especializadas, 
denominado fascículo atrioventricular ou feixe de Hiss passa para os ventrículos. 
O feixe de Hiss penetra no septo interventricular e se divide em ramo direito e 
esquerdo, que descem pelo interior do septo, em direção ao ápice. 
 
 
30 
 
Pequenos grupos de células condutoras terminais, os ramos subendocárdicos ou fibras 
de Purkinje, se destacam dos ramos direito e esquerdo e terminam na musculatura cardíaca dos 
ventrículos. 
No ápice do coração, essas fibras passam para a parede externa dos ventrículos e se 
dirigem para a base do órgão. 
 
 
 
2.11.3 Vias de Condução Através do Coração 
 
 
 
Quando um estímulo do nó sinoatrial se espalha através do músculo cardíaco dos 
átrios, ele atinge o nó atrioventricular. 
Após um período de aproximadamente 0,10 segundos, o nó atrioventricular se 
despolariza e o potencial de ação passa por ele em direção aos ramos direito e esquerdo 
subendocárdicos, e atinge as células das paredes dos ventrículos. 
A velocidade de transmissão do potencial de ação é muito mais rápida através dessas 
fibras musculares especializadas em comparação com as células musculares que existem nos 
átrios. 
Dessa forma, todo o músculo cardíaco ventricular se contrai quase que imediatamente 
após a despolarização do nó atrioventricular. 
A contração se inicia no ápice, no local onde os feixes abandonam o septo 
interventricular e prossegue em direção à margem superior do coração, no local onde situam os 
orifícios de abertura da aorta e do tronco pulmonar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
3 HISTÓRIA DA ESTIMULAÇÃO CARDÍACA 
 
 
 
Há relatos na história que o uso do tratamento elétrico para o controle de patologias foi 
realizado em meados do ano 49 d. C, quando Scribonius Largus utilizou a descarga do peixe-
elétrico no controle clínico da cefaleia e do reumatismo. (Melo, 2004, p. 19). 
Já a primeira descrição de um caso típico de bradicardia com a evidência de sintomas 
clínicos no paciente ocorreu em 1719, descrita pelo médico Marcus Gerbezius, que relatou o 
caso de um de seus pacientes que apresentava um estado de adinamia, ou seja, a redução da 
força muscular, debilitação muscular e fraqueza. 
Durante o exame físico ele observou que os pulsos cardíacos estavam lentos, na 
proporção de um batimento para cada três batimentos de um indivíduo normal. 
Em 1771, Giovanni Battista Morgagni, brilhante pesquisador italiano, descreveu crises 
epiléticas em um paciente com acentuada lentidão da pulsação e, em 1774, Aldini foi o primeiro 
pesquisador da história a ressuscitar com êxito um paciente, aplicando choques no precórdio. 
Tratava-se de uma criança que apresentava parada cardíaca ao cair de uma escada. 
(Melo, 2004, p. 19). 
Em 1793, Thomas Spens relatou que um paciente apresentava uma frequência 
cardíaca de 24 batimentos cardíacos por minuto, associado à perda de consciência e queda ao 
chão. 
Em 1824, William Burnett descreveu um caso de morte súbita em um de seus 
pacientes que anteriormente havia apresentado episódios de crise epilética associado à redução 
da frequência cardíaca. 
Três anos após, em 1827, O professor Robert Adams, da Faculdade de Medicina de 
Dublin, Irlanda, descreveu o caso de um paciente que sofria rotineiramente de episódios de 
perda de consciência e queda ao solo, com diversas lesões em sua face ocasionada pelos 
frequentes traumatismos. 
Chamando a atenção ao fato deste paciente apresentar uma respiração ruidosa e a 
pronta recuperação da consciência após os ataques e a importante bradicardia apresentada por 
ele. 
 
 
 
 
32 
 
Von Ziemssem em 1882 observou que a aplicação de eletrodos no coração produzia 
um ritmo cuja frequência era maior que a frequência do ritmo espontâneo gerado pelo próprio 
órgão. 
Observou que frequências de estímulo mais baixas produziam respostas cardíacas 
erráticas e mais lentas e que a região mais sensível aos estímulos era o sulco atrioventricular. 
É interessante mencionar que essa observação foi feita mais de uma década antes de 
His e Kent descreverem a localização do nó atrioventricular e do feixe de His. (Melo, 2004, p. 
21). 
O fisiologista inglês, Walter Holbrock Gaskell, descobriu em 1883 que a destruição da 
região do nó atrioventricular provocava claramente uma dissociação entre os ritmos atrial e 
ventricular, sendo que o ritmo ventricular apresentava uma frequência menor que o ritmo atrial, 
denominando este evento de bloqueio cardíaco. 
A capacidade de resposta muscular à estimulação elétrica foi observada nos 
experimentos de Luigi Galvani, que produziam a estimulação das pernas de batráquios pela 
aplicação de uma corrente elétrica. 
Em 1819, Aldini e Bichat, iniciaram experimentos com a estimulação cardíaca 
utilizando corações de prisioneiros decapitados. 
Em 1870, Duchenne estimulou o coração bradicárdico de uma paciente afetado por 
difteria e, em 1927, Wiggers e Marmorstein, em seus estudos sobre a estimulação cardíaca, 
estabeleceram muitos conceitos a respeito da fisiologia do coração. (Melo, 2004, p. 22). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
4 ELETROCARDIOGRAMA 
 
 
 
No final do século XVIII e início do século XIX, a cardiologia teve um crescimento 
tecnológico sem precedentes na história, devido à invenção da eletrocardiografia. 
Com esse conhecimento foi possível compreender os mecanismos envolvidos nas 
arritmias cardíacas e desenvolver tratamentos específicos para correção deste tipo de patologia, 
incluindo a estimulação cardíaca artificial. 
O primeiro eletrocardiograma de superfície em um ser humano foi realizado em 1887 
pelo fisiologista inglês Augustus Desiré Waller, do St Mary´s Medical School de Londres, que 
introduziu o termo eletrocardiograma em ciência. 
Ainda que Alexander Muirhead seja considerado o primeiro cientista a registrar um 
traçado eletrocardiográfico, Augustus Desiré Waller foi o primeiro a realizar este exame em um 
ambiente hospitalar, com os resultados publicados, adquirindo assim, uma grande experiência 
clínica. 
O registro do traçado foi conseguido por meio da colocação de dois eletrodos: um na 
parte anterior do tórax e o outro nas costas. O primeiro era conectado a uma coluna de mercúrio 
do eletrômetro de Lippman e o segundo,ao ácido sulfúrico, a qual formava uma interface com a 
parte superior da coluna de mercúrio do eletrômetro. (Melo, 2004, p. 23). 
Segundo Augustus Desiré Waller, cada batimento cardíaco gerava uma atividade 
elétrica e seria possível medir essa propriedade eletromotora apresentada pelo coração através 
da superfície da pele com a colocação de eletrodos. 
O eletrocardiograma é um método desenvolvido pioneiramente por Willem Einthoven 
no século XIX, motivo pelo qual é considerado o pai da eletrocardiografia. 
É famoso por ter criado o histórico triângulo de Einthoven. Trata-se de um triângulo 
equilátero em que o coração é hipoteticamente localizado ao centro, representando assim as três 
derivações que estudaremos mais a frente. 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
FIGURA 14 – TRIÂNGULO DE EINTHOVEN 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.fotosearch.es/LIF154/ccp02040/>. Acesso em: 14 mar. 
2011. 
 
 
Willem Einthoven registrou o primeiro eletrocardiograma na Europa, em 11 de abril de 
1892, usando o eletrômetro de Lippmann. Indicou primeiramente quatro deflexões indicadas 
pelas letras A, B, C, D e somente mais tarde passou a adotar outras letras do alfabeto, como o 
P, Q, R, S e T. 
Em 1902, Einthoven realizou o primeiro registro eletrocardiográfico obtido diretamente 
de um ser humano, utilizando um galvanômetro modificado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
FIGURA 15 – GALVANÔMETRO 
 
FONTE: Disponível em:<http://www.cerebromente.org.br/n19/history/ekg.jpg>. Acesso em: 14 
mar. 2011. 
 
 
Para a obtenção dos sinais foram utilizados eletrodos posicionados nos dois braços e 
na perna esquerda do paciente, derivação que atualmente denominamos D1. 
Com o objetivo de melhorar a condução, suas mãos e seus pés foram banhados em 
solução salina. 
 
 
 
FIGURA 16 – GALVANÔMETRO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadelamedicina.org/imagenes/ecg.jpg>. Acesso em: 14 
mar. 2011. 
 
 
36 
 
No ano de 1913, descreveu o triângulo de Einthoven, que é considerado a base para a 
análise do eletrocardiograma. Introduziu também o sistema de eletrodos bipolar e obteve 
traçados dos ritmos mais clássicos. 
Em 1933, F. N. Wilson expandiu o sistema de derivações bipolares das extremidades e 
criou as derivações precordiais. Finalmente, em 1942, E. Golberg desenvolveu as derivações 
unipolares ampliadas das extremidades. Seu feito completou o desenvolvimento do 
eletrocardiograma de 12 derivações, tal como é conhecido atualmente. (MELO, 2010, p. 64). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
5 CICLO CARDÍACO 
 
 
Quando ocorre a estimulação das células do miocárdio, há uma descarga de forças 
elétricas que estavam armazenadas no interior das células cardíacas. 
As células cardíacas são carregadas ou polarizadas em seu estado de repouso, mas 
se forem estimuladas, se despolarizam e se contraem. 
Denominamos este fenômeno elétrico de despolarização, resultando na contração do 
ventrículo. 
Após a despolarização as células do miocárdio se recuperam e armazenam novamente 
a energia elétrica. Este processo de recuperação celular é chamado de repolarização. 
Quando as células cardíacas estão em estado de repouso, dizemos que elas estão 
polarizadas e no seu interior estão carregadas negativamente, ou seja, uma célula cardíaca 
polarizada possui uma carga interna negativa com cargas positivas em sua superfície. 
No interior das células do miocárdio, que geralmente encontram-se carregadas 
negativamente, se torna positivamente carregadas quando estas células são estimuladas a 
contrair-se. 
Dessa forma, uma onda progressiva de estimulação, denominada despolarização 
atravessa o coração produzindo a contração miocárdica. 
Essa despolarização pode ser considerada como progressão de uma onda de cargas 
elétricas positivas no interior das células do miocárdio. 
 
 
 
 
 
 
38 
 
FIGURA 17 – POTENCIAL ELÉTRICO 
 
 
FONTE: Disponível em:<http://ecg.med.br/assuntos/03/imagens/Dipolo%2002.jpg>. Acesso em: 
21 mar. 2011. 
 
 
Quando uma célula está em repouso, não há corrente entre o meio extra e intracelular, 
pois há uma grande resistência na membrana. 
Porém, quando esta célula em repouso sofre um estímulo em determinada área da sua 
superfície, ocorre uma diminuição da resistência permitindo a passagem dos íons através da 
parede da membrana. 
As células cardíacas conseguem propagar, célula a célula, o impulso elétrico gerado 
por esse estímulo, através do processo de despolarização. Esse fenômeno pode ser explicado 
pela forma com que as células cardíacas são ligadas umas as outras. 
 
 
 
 
39 
 
Em indivíduos normais, o próximo impulso elétrico proveniente do nó sinoatrial 
somente chegará quando a repolarização for completada, para que então, uma nova estimulação 
possa ser realizada. 
A combinação da despolarização (caracterizada pela estimulação celular) com a 
repolarização (caracterizada pela recuperação celular) constitui o ciclo cardíaco. 
O ciclo cardíaco é composto por fases e cada fase é caracterizada pelas alterações da 
atividade elétrica do músculo cardíaco. 
O impulso elétrico proveniente do nó sinoatrial, a condução através do coração, a 
estimulação muscular e o período de repolarização, podem ser correlacionados com o fluxo de 
forças elétricas em cada uma destas fases em particular. 
O princípio básico da eletrocardiografia é muito simples. As forças elétricas geradas 
dentro do coração são transmitidas para a superfície do corpo e podem ser detectadas através 
de eletrodos fixos nas extremidades. 
O caráter do fluxo dessas forças produz as defleções tanto para cima como para baixo 
que são captadas no galvanômetro. As ondas são ampliadas com o objetivo de proporcionar 
uma maior visibilidade e registradas em uma fita corrente de papel especial milimetrado. 
 
FIGURA 18 – PAPEL DE ELETROCARDIOGRAMA 
 
FONTE: Disponível em: <http://img1.mlstatic.com/jm/img?s=MLB&f=171610890_9825.jpg&v=O>. 
Acesso em: 14 mar. 2011. 
 
 
40 
 
Dessa forma, obtém-se um traçado eletrocardiográfico da atividade elétrica de um ciclo 
cardíaco completo e este registro é chamado de eletrocardiograma. 
O eletrocardiograma é designado habitualmente pelas letras ECG e fornece 
informações através do seu traçado sobre as funções do coração. O eletrocardiograma registra 
todos os impulsos elétricos que estimulam a contração cardíaca. 
É importante lembrar que esses impulsos elétricos representam as etapas da 
estimulação cardíaca, ou seja, fornece informações sobre o coração durante as fases de 
recuperação e repouso. 
A atividade elétrica cardíaca é registrada a partir de eletrodos colocados na pele do 
paciente. 
Quando há movimentação da onda positiva de despolarização para o interior das 
células cardíacas, o eletrodo positivo que se encontra na pele registra no papel do 
eletrocardiograma uma deflexão positiva, ou seja, para cima. 
Quando houver uma onda de despolarização (para cima) no eletrocardiograma, 
significa que neste momento existe um estímulo de despolarização se movimentando em direção 
do eletrodo positivo localizado na pele do paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
6 DERIVAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS 
 
 
 
A atividade elétrica do coração é captada através de eletrodos posicionados em 
determinados pontos da superfície corporal. 
A derivação é uma linha que une eletricamente os eletrodos ao aparelho de 
eletrocardiograma. Há a derivação bipolar, quando o potencial é captado por dois eletrodos e 
unipolar quando o potencial é captado por apenas um eletrodo, uma vez que o segundo esteja 
posicionado em um ponto eletricamente neutro. 
O coração é estudado através de dois planos elétricos principais, o plano horizontal e o 
plano frontal. 
 
 
 
 
6.1 DERIVAÇÕES PRECORDIAIS 
 
 
 
As derivações do plano horizontal são as precordiais, resultante de um “corte elétrico” 
do coração no sentido anteroposterior.São determinadas através de seis derivações unipolares 
posicionadas na face anterior do tórax e denominadas por seis derivações unipolares 
posicionadas na face anterior do tórax e denominadas V1, V2, V3, V4, V5 e V6. Podemos 
identificar nesse plano a direção de um vetor cardíaco, como por exemplo, para a esquerda ou 
direita e para frente ou para trás. 
Para obter estas seis derivações precordiais ou torácicas, um eletrodo positivo é 
posicionado em seis posições diferentes ao redor do tórax do paciente. 
Em todas as derivações torácicas ou precordiais, o eletrodo explorador posicionado no 
tórax é positivo. 
As derivações precordiais numeradas de V1 a V6 se movem do lado direito para o lado 
esquerdo do paciente, cobrindo o coração em sua posição anatômica. 
 
 
 
42 
 
As derivações precordiais se projetam do nódulo atrioventricular em direção ao dorso 
do paciente, pois o polo negativo localiza-se nessa região. 
As derivações precordiais são localizadas da seguinte forma: 
 V1: localizada no 4º espaço intercostal direito na linha paraesternal; 
 V2: localizada no 4º espaço intercostal esquerdo na linha paraesternal; 
 V3: localizada entre as derivações V2 e V4; 
 V4: localizada no 5º espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular; 
 V5: localizada no 5º espaço intercostal esquerdo na linha axilar anterior; 
 V6: localizada no 5º espaço intercostal esquerdo na linha axilar média. 
 
 
 
FIGURA 19 – POSICIONAMENTO DOS ELETRODOS 
 
FONTE: Disponível em:<http://www.caepcampinas.com.br/shared/images/e-infra-
eletro/saladeeletrocardiograma04.jpg>. Acesso em: 21 mar. 2011. 
 
 
 
 
 
43 
 
O traçado do eletrocardiograma mostrará as modificações progressivas de V1 a V6. 
Essas mudanças são graduais à medida que a posição de cada derivação variar. 
As derivações V1 e V2 estão localizadas sobre o lado direito do coração e são 
chamadas de derivações precordiais direitas. 
As derivações precordiais V4 e V5 se localizam sobre o septo interventricular, que é 
uma parede comum ao ventrículo direito e ao ventrículo esquerdo. 
As derivações V5 e V6 estão localizadas sobre o lado esquerdo do coração e chamam-
se derivações precordiais esquerdas. 
Os quatro vetores cardíacos da ativação ventricular determinam nas derivações 
precordiais, deflexões com padrões mais ou menos constantes. Portanto, as ondas normais 
registradas nestas derivações são: 
 
 Em V1-V2: pequena positividade seguida de grande negatividade; 
 Em V3-V4: tendência de ser isodifásica com a fase inicial positiva; 
 Em V5-V6: pequena negatividade inicial, grande positividade, podendo 
ou não haver pequena negatividade terminal. 
 
 
FIGURA 20 – VETORES CARDÍACOS 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://ecg.med.br/assuntos/04/imagens/ativar04.jpg>. Acesso em: 21 
mar. 2011. 
 
 
A atividade elétrica gerada durante o ciclo cardíaco é caracterizada por cinco deflexões 
distintas, denominadas de ondas eletrocardiográficas, as quais são designadas pelas letras “P”, 
 
 
44 
 
“Q”, “R”, “S” e “T”. Estas letras foram arbitrariamente selecionadas e não tem qualquer outro 
significado. 
Como relatado anteriormente são utilizadas para designar as ondas 
eletrocardiográficas, letras padronizadas por Einthoven, que estaremos estudando a seguir: 
 
 
 
6.1.1 Complexo QRS – Ativação Ventricular 
 
 
 
 Onda Q: deflexão negativa inicial; 
 Onda R: deflexão positiva inicial ou que segue a onda Q; 
 Onda S: deflexão negativa que segue a onda R; 
 Onda R´ (r linha): deflexão positiva que segue a onda S; 
 Onda S´(s linha): deflexão negativa que segue a onda R´; 
 Onda QS: deflexão totalmente negativa. 
 
 
 
6.1.2 Repolarização ventricular 
 
 
 
 Onda T: representa a repolarização ventricular. 
 
 
 
6.1.3 Ativação atrial 
 
 
 
 Onda P: representa a ativação atrial. 
 
 
45 
 
6.1.4 Linha isoelétrica 
 
 
 
 Segmento ST: corresponde ao início do processo de repolarização ventricular. 
 
 
 
FIGURA 21 – ONDAS ELETROCARDIOGRÁFICAS 
 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://4.bp.blogspot.com/_EMr8_VYxZzY/SgZI0TZaqpI/AAAAAAAAAEU/czOHKuHDzkA/s400/Q
RS.bmp>. Acesso em: 21 mar. 2011. 
 
 
No nódulo sinoatrial o impulso elétrico é iniciado e é difundido em forma de onda 
estimulando os átrios direito e esquerdo. 
Localizado na parede posterior do átrio direito, o nódulo sinoatrial é responsável pelo 
início da atividade elétrica que gera a onda de despolarização resultando na estimulação 
cardíaca. 
Assim que a onda de despolarização passa através dos átrios é produzida uma onda 
simultânea de contração atrial. 
 
 
46 
 
É importante lembrar que o estímulo elétrico gerado no nódulo sinoatrial prossegue 
para longe do nódulo, concentricamente e em todas as direções. 
Portanto, a despolarização atrial é uma onda propagada de cargas positivas nas 
células do músculo cardíaco. 
Esse impulso elétrico originado no nódulo sinoatrial e difundido nos átrios produz a 
onda P do eletrocardiograma. 
A onda de despolarização que se move em direção aos átrios pode ser captada pelos 
eletrodos exploradores sensitivos cutâneos. 
A onda P representa eletricamente a despolarização ou estimulação dos átrios, ou 
seja, representa a atividade elétrica da contração dos átrios, esquerdo e direito. 
Na prática, a contração atrial se atrasa um pouco em relação à despolarização. 
 
 
FIGURA 22 – DESPOLARIZAÇÃO ATRIAL 
 
FONTE: Disponível em:<http://www.secex.org/marca/08/Diapositiva4.JPG>. Acesso em: 22 mar. 
2011. 
 
 
 
47 
 
O impulso elétrico originado no nódulo sinoatrial passa pelos átrios do coração e 
alcança o nódulo atrioventricular, onde é realizada uma pausa de 1/10 segundos permitido o 
enchimento dos ventrículos pelo sangue. 
Essa pausa de 1/10 segundos permite a passagem do sangue dos átrios para os 
ventrículos através das válvulas atrioventriculares. 
Nesse momento há uma correlação dos fenômenos elétricos ocorridos no miocárdio 
com a fisiologia mecânica do coração. 
Após a contração atrial, o sangue é ejetado através das válvulas atrioventriculares para 
os ventrículos e esse tempo de ejeção é de aproximadamente 1/10 segundos. 
Ao término da pausa de 1/10 segundos ocorre à estimulação do nódulo sinoatrial, 
iniciando o estímulo elétrico que desce pelo feixe atrioventricular (feixe de His), para os seus 
ramos. 
Assim que o estímulo se propaga a partir do nódulo atrioventricular, inicia-se a 
despolarização dos ventrículos cardíacos. 
O impulso elétrico caminha do nódulo atrioventricular para o feixe de His e deste para o 
ramo esquerdo e direito, terminando nas fibras de purkinje. 
O complexo QRS representa o estímulo elétrico que caminha do nódulo atrioventricular 
para as fibras de purkinje e dessas para as células miocárdicas. 
O sistema de condução neuromuscular dos ventrículos é constituído por tecido nervoso 
especializado encarregado de transmitir o impulso elétrico do nódulo atrioventricular. 
Esse sistema é formado pelo nódulo atrioventricular, o feixe de His, e seus ramos 
direito e esquerdo terminando nas fibras de purkinje. 
O impulso elétrico se desloca muito mais rapidamente através desse tecido nervoso 
especializado do que nas células miocárdicas. 
O eletrocardiograma registra o complexo QRS à medida que o estímulo elétrico passa 
do nódulo atrioventricular para o sistema de condução ventricular, terminando nas células 
miocárdicas ventriculares. 
Portanto, o complexo QRS representa a atividade elétrica de estimulação dos 
ventrículos cardíacos. 
 
 
 
 
 
 
48 
 
FIGURA 23 – COMPLEXO ESTIMULANTE DO CORAÇÃO 
 
FONTE: Disponível em:<http://www.efdeportes.com/efd127/exerci3.jpg>. Acesso em: 23 mar. 
2011. 
 
 
As fibras de purkinje transmitem o impulso elétrico para as células do músculo cardíaco 
produzindo a contração simultânea dos ventrículos. 
Assim que o impulso elétrico atinge as células miocárdicas dos ventrículos, eles sãodespolarizados e se contraem. 
A primeira deflexão, para baixo, do complexo QRS é a onda Q, seguida de uma 
segunda deflexão, nesse momento para cima, denominada onda R. 
A onda Q é representada no eletrocardiograma como uma deflexão inferior, no início 
do complexo QRS, seguida por uma onda R com sua deflexão direcionada para a região 
superior do traçado eletrocardiográfico. 
A onda R é direcionada para cima e seguida de uma deflexão, para baixo, denominada 
onda S. 
 
 
49 
 
FIGURA 24 – ONDAS DO ELETROCARDIOGRAMA 
 
 
FONTE: Disponível em: http://www.virtual.epm.br/material/tis/curr-
bio/trab2003/g5/images/Ana%20Lu/ecg.gif. Acesso em: 23 mar. 2011. 
 
 
Existe uma pausa após o complexo QRS denominada de segmento ST. Esse 
seguimento é simplesmente a parte horizontal da linha de base entre o complexo QRS e a onda 
T. 
A onda T representa a repolarização dos ventrículos, que podem novamente ser 
estimulados. A repolarização ocorre de tal forma que as células miocárdicas podem recuperar a 
carga negativa no seu interior e assim, novamente podem ser despolarizadas. 
É importante lembrar que os ventrículos não possuem uma resposta mecânica a 
repolarização, ou seja, trata-se de um fenômeno estritamente elétrico registrado pelo 
eletrocardiograma. 
Os átrios possuem também uma onda de repolarização, e por ser muito pequena, 
desaparece no interior do complexo QRS, não sendo normalmente observada. 
O ciclo cardíaco, que se repete continuamente, é representado pela onda P, pelo 
complexo QRS e pela onda T. 
Fisiologicamente, o ciclo cardíaco é representado pela contração atrial, pela contração 
ventricular e pela fase de repouso entre os batimentos cardíacos. 
 
 
 
 
 
 
50 
 
6.2 DERIVAÇÕES PERIFÉRICAS 
 
 
 
As derivações do plano frontal são as periféricas, resultantes de um “corte elétrico” do 
coração no sentido vertical. 
É determinado através de seis derivações periféricas, sendo três derivações bipolares 
denominadas D1, D2 e D3 e três derivações unipolares denominadas aVR, aVL e aVF. 
Podemos identificar neste plano a direção do vetor cardíaco para a direita ou para a 
esquerda e para cima ou para baixo. 
Devemos lembrar que Einthoven foi o primeiro que idealizou o sistema de captação da 
atividade elétrica cardíaca, de aplicabilidade clínica, através de três derivações bipolares do 
plano frontal. 
Os eletrodos foram posicionados nos braços e na perna esquerda, de tal modo que 
formam um triângulo equilátero, denominado triângulo de Einthoven, com o coração localizado 
ao centro. 
As derivações periféricas são localizadas da seguinte forma: 
 D1: mede a diferença de potencial entre dois eletrodos posicionados, um em 
cada braço, sendo eletrodo positivo localizado à esquerda. O polo positivo de D1 é à esquerda. 
 D2: mede a diferença de potencial entre os dois eletrodos posicionados, um na 
perna esquerda e outro no braço direito, sendo o eletrodo positivo na perna. O polo positivo de 
D2 é embaixo. 
 D3: mede a diferença de potencial entre os dois eletrodos posicionados, um na 
perna esquerda e outro no braço esquerdo. O polo positivo de D3 é em baixo, 
 aVR: mede o potencial absoluto através do eletrodo positivo posicionado no 
braço direito. O polo positivo de aVR é à direita. 
 aVL: mede o potencial absoluto através do eletrodo positivo posicionado no 
braço esquerdo. O polo positivo de aVL é à esquerda. 
 aVF: mede o potencial absoluto através do eletrodo posicionado na perna 
esquerda. O polo positivo de aVF é embaixo. 
Cada derivação pode ser dividida ao meio por uma linha perpendicular. Quando o vetor 
se projeta na metade positiva da derivação produzirá uma deflexão positiva e quando o vetor se 
 
 
 
51 
 
projeta na metade negativa da derivação causará uma deflexão negativa, e perpendicular à 
derivação produzirá uma deflexão isoelétrica ou idiofásica. 
As seis derivações periféricas quando sobrepostas, constituem um sistema de eixos 
hexaxial de Bayley. 
As derivações em relação à D1 formam ângulos padrões, com polaridades 
convencionadas. Assim, os ângulos localizados abaixo da linha horizontal são positivos e os 
ângulos localizados acima da linha horizontal são negativos: 
 
 D1: forma ângulos (0º) e 180º. 
 D2: forma ângulos (+60º) e -120º. 
 D3: forma ângulos -60º e (+120º). 
 aVR: forma ângulos +30º e (-150º). 
 aVL: forma ângulos (-30º) e +150º 
 aVF: forma ângulos (+90º) e -90º. 
 
O valor entre parênteses está salientando o ângulo em que se apresenta o polo 
positivo de cada derivação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
52 
 
FIGURA 25 – ÂNGULOS 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://3.bp.blogspot.com/_74WATF33sFg/S88Kbld_04I/AAAAAAAAAIw/OUG0q57gbiE/s1600/ei
xo+hexaxial+de+Bayley.bmp>. Acesso em: 21 mar. 2011. 
 
 
Neste sistema de eixos, três derivações duplas se interseccionam em ângulos de 90º, 
são elas: 
 
 D1 faz ângulo de 90º com aVF; 
 D2 faz ângulo de 90º com aVL; 
 D3 faz ângulo de 90º com aVR. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
53 
 
7 ROTAÇÕES E POSIÇÕES ELÉTRICAS DO CORAÇÃO 
 
 
 
Os traçados obtidos nas derivações periféricas, ao contrário dos traçados nas 
derivações precordiais, não apresentam um determinado padrão morfológico. 
Isso ocorre devido às rotações elétricas do coração, que modificam a relação dos 
vetores cardíacos com os eletrodos captadores. 
O coração desloca-se em torno de três eixos elétricos, o eixo transversal, o eixo 
longitudinal e o eixo anteroposterior. 
 
 
 
7.1 ROTAÇÃO PELO EIXO TRANSVERSAL 
 
 
 
O coração assume duas posições neste eixo, a primeira com a ponta para frente ou 
com a ponta para trás. 
Com a ponta para frente produz onda Q em D1, D2 e D3, seguida de onda R e o 
desaparecimento da onda S. Seu diagnóstico é realizado pelo padrão Q1, Q2 e Q3. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
54 
 
FIGURA 26 – TRAÇADO ELETROCARDIOGRÁFICO 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://ecg.med.br/assuntos/07/imagens/posi%C3%A7%C3%A3o%2004.gif>. Acesso em: 23 
mar. 2011. 
 
 
Com a ponta para trás produz onda S em D1, D2 e D3, com o desaparecimento da 
onda Q. Seu diagnóstico é realizado pelo padrão S1, S2 e S3. 
 
 
 
7.2 ROTAÇÃO PELO EIXO LONGITUDINAL 
 
 
 
O coração assume as rotações, horária e anti-horária, observando o coração da ponta 
para a base. 
Na rotação horária ocorre o giro do coração no sentido dos ponteiros do relógio, 
posicionando o ventrículo direito mais para frente, produzindo onda S em D1 e Q em D3. Seu 
diagnóstico é realizado pelo padrão S1 e Q3. Nas derivações precordiais, a morfologia r-S de V1 
e V2 pode se estender até as derivações V4 ou V5, em rotações acentuadas. 
 
 
 
55 
 
Na rotação anti-horária ocorre o giro do coração no sentido contrário aos ponteiros do 
relógio, posicionando o ventrículo esquerdo mais para frente, produzindo onda Q em D1 e S em 
D3. Seu diagnóstico é realizado pelo padrão Q1-S3. Nas derivações precordiais, a morfologia q-
R-s de V5 e V6, podendo estender-se até a derivação V3, em rotações acentuadas. 
 
 
 
 
7.3 ROTAÇÃO PELO EIXO ANTEROPOSTERIOR 
 
 
 
 
O coração assume frequentemente as posições horizontal, vertical e intermediária. 
Na posição horizontal ocorre o posicionamento do ventrículo esquerdo mais para cima, 
voltado para aVL e do ventrículo direito mais para baixo, voltado para a derivação aVF. Seu 
diagnóstico é realizado pela morfologia de QRS semelhantes entre as derivações aVL e V6 e 
entre as derivações aVF e V1. 
Na posição vertical ocorre o posicionamento do ventrículo esquerdo mais para baixo, 
voltado para a derivação aVF e do ventrículo direito mais para cima, voltado para a derivação 
aVL. Seu diagnóstico é realizado pela morfologia de QRS semelhante entre as derivações aVL e 
V1 e entre as derivações aVF e V6. 
Na posição intermediária, os ventrículos direito e esquerdo posicionam-se 
aproximadamente ao mesmo nível, com a alçavetorial no plano frontal perpendicular à D3. 
Dessa forma, o complexo QRS, será predominantemente positivo nas derivações D1 e D2 e 
polifásico em D3. Seu diagnóstico é realizado pela morfologia do complexo QRS semelhante 
entre as derivações aVL e aVF. 
É importante relatar que as rotações elétricas do coração ocorrem, com maior 
frequência, de modo combinado e podem ser encontradas em pessoas com o sem doenças 
cardíacas. 
 
 
 
 
 
 
 
56 
 
8 ELETROCARDIOGRAMA NORMAL 
 
 
 
O papel de registro do eletrocardiograma tem um desenho quadriculado facilitando e 
orientando a interpretação do exame. 
São pequenos quadrados de 1 mm de cada lado, ou seja, as menores divisões 
possuem um milímetro de altura e de comprimento. Existem cinco quadradinhos entre cada uma 
das linhas mais escuras. 
Cada linha horizontal é separada uma da outra por uma distância de 1 milímetro e 
representa um décimo de milivolt (mV), que é a unidade básica que mede a intensidade da 
atividade elétrica cardíaca. 
A abscissa marca o intervalo de tempo, onde cada 1 mm corresponde a 0,04 s (40 ms), 
considerando a velocidade padrão de 25 mm/s. 
A ordenada registra a voltagem, onde cada 1 mm corresponde a 0,1 mV, ou seja, a 
altura e a profundidade de uma onda mede em milímetros e representam a medida de voltagem. 
A elevação e a depressão de segmentos da linha de base do traçado 
eletrocardiográfico também são medidas em milímetros, do mesmo modo que medimos as 
ondas. 
Em um aparelho devidamente calibrado e ajustado, quando acionado o botão de 
calibração, a agulha deflexiona 10 mm ou 1 mV. 
A cada cinco quadrados pequenos há uma linha mais forte em destaque, delimitando 
intervalos de 0,20 s (200 ms) e 0,5 mV. 
O eixo horizontal representa o tempo, e este tempo é representado pela distância entre 
as linhas mais escuras é de 0,2 segundos. Cada pequena divisão, quando medida 
horizontalmente entre as linhas finas representa 0,04 segundo, ou seja, o intervalo de tempo 
entre cada uma destas linhas verticais é de 0,04 segundo. 
Quando medimos o espaço entre a linha horizontal podemos determinar a duração de 
qualquer parte do ciclo cardíaco. 
A duração de qualquer onda pode ser determinada medindo o eixo horizontal. É 
medida por uma série de linhas verticais também separadas pela distância de um milímetro. Se 
somarmos quatro divisões finas chegamos ao valor de 0,16 segundos, ou seja, 16/100 
segundos. 
 
 
57 
 
8.1 ANÁLISE DO TRAÇADO 
 
 
 
O padrão elétrico de um ciclo cardíaco normal pode ser visto em um traçado 
eletrocardiográfico quando analisamos cada onda. O significado de cada uma destas ondas, os 
respectivos intervalos de tempo devem ser compreendidos, para que se possa interpretar o 
eletrocardiograma. 
 
 
 
8.1.1 Onda P 
 
 
 
O traçado eletrocardiográfico inicia-se com a onda P e essa onda representa a 
atividade elétrica cardíaca associada ao impulso inicial gerado no nódulo sinoatrial e sua 
passagem pelos átrios, ou seja, é a onda da ativação atrial. 
É uma deflexão de morfologia arredondada, simétrica, com uma pequena amplitude e 
que sempre precede todos os complexos QRS. 
Se existe a onda P de forma e tamanho normais no eletrocardiograma podemos 
afirmar que houve um estímulo inicial gerado pelo nó sinoatrial. 
Caso a onda P encontre-se ausente ou então mal posicionada pode-se afirmar que o 
impulso elétrico inicial não foi gerado pelo nó sinoatrial. Assim, a sua identificação no traçado 
eletrocardiográfico é de suma importância para a diferenciação entre o ritmo sinusal e ritmos 
ectópicos. 
A sua duração, medida entre os ramos inicial e final, é no máximo de 100 ms e sua 
amplitude medida entre a linha de base e o ápice, é no máximo de 2,5 mm, ou seja, 0,25 mV. 
Sua polaridade é positiva nas derivações D1, D2 e aVF e de V2 a V6 e ainda na 
maioria das vezes em D3 e aVL. Pode ser difásica em V1, tipo positivo/negativo, com a fase 
negativa muito pequena e será sempre negativa em aVR. Seu eixo elétrico situa-se entre 0º e 
+90º, próximo de +60º. 
 
 
 
58 
 
Pode representar uma dilatação ou hipertrofia dos átrios cardíacos, podendo 
apresentar-se chanfrada ou alargada e apiculada. Além disso, indicará bloqueio cardíaco 
completo se a onda P não preceder o complexo QRS. 
Deve ainda, significar condução reversa ou retrógrada da junção atrioventricular em 
direção aos átrios, caso se encontre invertida. 
Ondas P variáveis indicam que o impulso elétrico pode estar sendo gerado em locais 
diferentes, ou indicar que a condução está sendo realizada por uma via diferente da do nó 
sinoatrial. 
 
 
 
8.1.2 Segmento PR 
 
 
 
É o segmento da linha de base ou isoelétrica, que conecta o final da onda P ao início 
do complexo QRS. 
Corresponde ao intervalo de tempo em que o estímulo leva para alcançar os 
ventrículos após a despolarização atrial. 
 
 
 
8.1.3 Intervalo PR 
 
 
 
É o intervalo de tempo medido entre o início da onda P e o início do complexo QRS. 
Correspondem ao tempo que o impulso elétrico cardíaco leva para despolarizar os átrios, 
percorrer as vias de condução internodais, o nódulo atrioventricular, o feixe de His e ramos até 
alcançar os ventrículos. Mostra o impulso atrial desde os átrios até o nódulo atrioventricular. 
Quando a condução elétrica é normal, a duração deste intervalo varia de 0,12 a 0,20 
segundo. Caso a duração deste intervalo exceda os 0,20 segundos, podemos afirmar que há um 
bloqueio da condução elétrica do nódulo atrioventricular. 
 
 
59 
 
Quando o intervalo PR é extremamente curto, ou seja, menos de 0,12 segundos, indica 
que o impulso elétrico alcançou os ventrículos através de um sistema de fibras de condução 
acessório e não através da via normal. 
 
 
 
8.1.4 Complexo QRS 
 
 
 
O complexo QRS corresponde à despolarização ventricular. É uma deflexão de 
morfologia espiculada e de inscrição contínua. 
O processo de despolarização dos ventrículos inicia-se no endocárdio e progride em 
direção à superfície epicárdica, originando um complexo constituído inicialmente por uma 
deflexão negativa, denominada onda “Q”, seguida por uma deflexão positiva e de grande 
amplitude denominada onda “R” e finalmente por uma segunda deflexão negativa denominada 
onda “S”. 
Essas três deflexões que formam o complexo QRS podem variar de tamanho de 
acordo com a derivação que estejam sendo registradas. 
Em alguns casos, dependendo da derivação que esteja sendo utilizada no registro, um 
ou mais componentes do complexo QRS pode não aparecer no eletrocardiograma. 
Esse intervalo é medido do início da onda Q até o fim da onda S. Se as ondas Q, R e S 
estiverem ausentes no traçado eletrocardiográfico, o complexo QRS é medido do início ao fim 
das ondas que estiverem presentes. 
A duração, medida entre o início e o término da deflexão, varia de 60 a 100 ms. Sua 
amplitude é variável, considera-se baixa voltagem ou pequena amplitude, quando o tamanho do 
complexo QRS, medido do ápice e o vértice da deflexão, não ultrapasse a 8 mm nas derivações 
precordiais e 5 mm nas derivações periféricas. 
A morfologia e a polaridade do complexo QRS são variáveis. Podemos observar em 
adultos, um padrão mais ou menos constante nas derivações precordiais, tipo r-S em V1 e V2, 
R-S em V3 e V4 e qRs em V5 e V6. 
Observando as derivações periféricas as deflexões são muito diversificadas, em virtude 
das rotações e posições elétricas. Suas deflexões são positivas nas derivações D1, D2, D3, aVL, 
 
 
60 
 
aVF e de V4 a V6, são negativas nas derivações aVR, V1 e V2 e por último bifásica na derivação 
V3. 
O eixo elétrico situa-se na maioria das vezes, entre 0º e +90º, aceitando como limites 
máximos variações entre -30º a +120º. 
A análise da onda Q deve ser muito cuidadosa, exceto na derivação aVR, quando a 
sua duração exceder a 30 ms ou a sua amplitude for maior que 3 mm da amplitude total do QRS, 
pois assim é considerada patológica e

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