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POLECO-Bielschowsky


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R.Bielschowsky. Pensamento Econômico Brasileiro. 
 
 Hoje vamos ver esse autor que na verdade escreve esse livro sobre desenvolvimentismo entre 
30-64. Ele tem abordagem bastante clara que é um parentesco com o modelo latino-americano pois 
tem relação de paternidade com a CEPAL, criação da ONU para estudar problemas economicos da 
américa latina. 
 No final dos anos 40/50, a CEPAL começa a produzir uma série de reflexões que acabam dando 
base a uma teoria do desenvolvimento, influenciando uma geração de pensadores econômicos. Teve um 
trabalho em 49, de Preves, que foi pioneiro nesse sentido, que formula conceitos principais e dali a 
CEPAL seguiu linha que veremos mais adiante. Nesse capítulo bielshowsky começa definindo 
desenvolvimentismo e dado sua influência pela CEPAL, reserva um capítulo inteiro para pensar as 
principais influencias do pensamento cepalino. 
 Esse pensamento vem antes do texto de Gunder Frank e apresenta bases de desenvolvimento 
gradualista e portanto para este autor ele seria falho, criticando ele os marxistas ortodoxos e esse 
pessoal desenvolvimentista que acha que uma nação individualmente pode se desenvolver. Então RB 
também é alvo de GF. 
 
Cap 1 - Cap 2 
 
I) Desenvolvimentismo: ideologia de transformação da sociedade brasileira definida pelo projeto 
econômico que se compõem dos seguintes pontos fundamentais: 
a. A industrialização integral é a via de superação ad pobreza e do subdesenvolvimento brasileiro; 
b. Meio de se alcançar a industrialização no Brasil: planejamento estatal. 
c. Planejamento deve definir a expansão desejada dos setores econômicos e os instrumentos 
dessa expansão; 
d. O Estado deve ordenar também a execução dessa expansão por meio de captação e 
investimentos nos setores em que a iniciativa privada é insuficiente. 
 Ataque ao livre comércio e defesa do protecionismo. 
 
 Então começa definindo num capítulo 1 o que é o desenvolvimentismo, ideologia de 
transformação da sociedade brasileira que se define pelos fundamentos - é dinamica, é processo de 
transformação. O primeiro fundamento é industrialização. Só aqui ele está em divergência com a escola 
de pensamento liberal, pois não teríamos vantagens comparativas nisso. Ele propoe uma mudança do 
papel desses paises latino-americanos na divisão internacional do trabalho, querem que não comprem 
estes produtos de fora como manda o pensamento liberal. Pensa a industrialização como fundamental 
para o desenvolvimento portanto. 
 Qual o meio de alcançar a industrialização? Se deixarmos a economia funcionar normalmente, 
ela vai funcionar de modo ricardiano, então para haver industrialização, temos que ter planejamento 
estatal, o segundo fundamento. É um elemento indutor. Qualificando o planejamento, no terceiro 
fundamento, temos as especifidades do planejamento, onde seriam definidos os setores, os 
instrumentos, etc. A economia demanda muito mais do estado para se conseguir industrializar 
efetivamente um país, colhendo os frutos desta industrialização. ele não somente deve planejar e 
definir coisas como também executar: o mercado não tem essa condição de ser executor, tem que ser 
novamente o Estado, o quarto fundamento. As economias primario-exportadoras se caracterizavam por 
baixa poupança, então o Estado tem que liderar o investimento. O mercado não poderia canalizar de 
forma otimizada os recursos para que fossem utilizados para industrialização. 
 A industrialização tem várias dificuldades: não adianta adotar a simples proteção -tem que 
haver uma industria de produção de peças, por exemplo. Mas você não tem que produzir apenas o 
produto acabado - tem que produzir todas as etapas da geladeira, por exemplo. O desafio da 
industrialização é muito grande, portanto. Tem que se adotar a nacionalização de bens intermediários. 
Aqui entra planejamento, mudar a tarifa provavelmente não vai mudar sua situação de importador. 
Outra dificuldade de implementar esse processo de industrilização é a produção de bem de capital, o 
maquinário. Então a sua decisão de se industrializar involve essa série de desafios. Por enquanto você 
compra tudo que está sendo produzido lá fora e não se transformar apenas em maquiladora mexicana, 
você tem que ir muito além da adoção do protecionismo, o desafio é bem maior do que se pensa. 
 Produzir bens de consumo duráveis é o primeiro estágio, a industrialização só se completa 
quando você vai avançando pela cadeia produtiva, indo até os bens intermediários, etc. Um exemplo 
que temos aqui são as montadoras estrangeiras no brasil - o indice de nacionalização delas deve estar 
em torno de 60%, já que ainda importam coisas da matriz. A liderança do mercado de informática no 
Brasil é a Postivo - mas o seu índice de nacionalização é baixo, as peças são todas da Ásia. Nessa área de 
microcomputação, estratégica, entre China e EUA, o último é o mais bem-posicionado, um diferencial. O 
governo está montando uma estatal para produzir processadores, mas isso é difícil. Nós ainda temos 
muita importação,os produtos mais sofisticados são importados ou montados com índice de 
nacionalização muito baixo. Nós ainda importamos muito. Vendemos matérias primas, manufaturados, 
etc, mas eletro-eletronicos nós importamos a rodo. Industrialmente estaríamos estagnados. A pauta de 
industrialização está perdendo qualitativamente, soja ganha mais espaço. 
 Isso tudo redunda num ataque ao livre-comércio, numa apologia do protecionismo. Você 
precisa levar adiante a industrialização e nessa luta o mercado não é um bom alocador de recursos. 
 
II) CEPAL (Comissão economica para a América Latina): as bases da teoria do desenvolvimento 
periférico. 
 II.1) Centro/Periferia 
 Centro: progresso técnico e alta produtividade em todos os setores. 
 Periferia: progresso técnico e alta produtividade somente nos setores de 
 exportação (hetegogeneidade estrutural) 
II.2) Desenvolvimento "para fora" e "para dentro". 
 
 A CEPAL apresenta algumas características centrais de pensamento. A separação 
centro/periferia que vimos em GF começa aqui. Essas são categorias analíticas criadas por Preves. São as 
bases do comércio internacional, desvanajoso para os países agro-exportadores. É inovação da CEPAL de 
Preves que separa o mundo em centro e periferia. O centro se beneficiaria muito mais do comércio 
internacional do que as periferias. 
 Ele define como país desenvolvido aquele que tem progresso técnico e alta produtividade, com 
avanço tecnológico, alta produtividade do trabalhador, etc. Em contraste, na Periferia só temos 
progresso nos poucos setores exportadores - colhe menos frutos do progresso técnico que outras 
economias, pois tem escopo mais limitado. Os paises europeus e os EUA cresceram de forma que, ja que 
eram os primeiros a se industrializar, acabaram criando uma economia diversificada a medida que 
alimentavam a necessidade de industrialização. Os países que vem depois não tem necessidade de 
produzir por si mesmos, estreitando então suas economicas. 
 Aqui temos a condenação então do desenvolvimento para fora, o olhar a exportação. Hoje 
temos o modelo asiático, então surge uma conotação positiva; mas naquela época isso queria dizer 
exportar produtos primários, de baixo valor agregado. Então pensam o se desenvolver para dentro, 
diversificação da economia, etc, numa lógica de industrialização interna. 
 
III) Problemas característicos das economias periféricas: 
a. Desemprego 
b. Deterioração dos termos da troca 
c. tendência ao desequilíbrio externo 
d. Tendência à inflação 
 Desvalorização cambial. 
 
 Aqui temos o desemprego, que é fácil de imaginar. As economias periféricas teriam tendência 
ao desemprego, independente de ciclo econômico, pois o modelo baseado apenas na exportação não 
comporta a oferta de trabalho, tem que se ter economia muito mais dinamica e industrial para absorver 
a mão de obra. isso está ligado à exportação de produtos primários. A deterioraçãodos termos da troca 
está no cerne da condenação à teoria do livre comércio e os ganhos de dela derivariam. Na teoria das 
vantagens comparativas, os países ganhariam se especializando, então nós teoricamente ganhariamos 
exportando produtos primários. 
 O que na prática impede que isso aconteça é que as economias centrais industrializadas e as 
periféricas agricolas tem estruturas de mercado distintas. As estruturas desenvolvidas desenvolvem na 
direçao de oligopólios e com sindicatos, ocasionando um aumento de preço - a livrecompetição abaixa 
os preços, oligopólios aumentam e sindicatos aumentam/sustentam salários. Então, na verdade, os 
preços nas economias centrais podem ser sustentados, no longo prazo, de forma mais alta do que seria 
no livre-comércio. Nas economias periféricas ocorre o contrário: não há estrutura oligopolizada nem há 
sindicatos que também ajudam a manter preços dos produtos altos. 
 Entre as economias periféricas existiria portanto economia próxima da perfeita. Se você tem 
essa diferença entre centro/periferia, você então na verdade vai ter deteriorização dos termos da troca, 
acabando com a vantagem do livre-comércio internacional. Voce acaba comprando por preços mais 
altos por causa da estrutura oligopolizada do século XX da Europa. Para a teoria ricardiana acontecer, 
teríamos que verificar o livre-comércio nas duas regiões. Agora, se uma país tem oligopólios, eles podem 
aumentar o preço, então já não se compra mais barato nesses países. Isso não existia na época que 
Ricardo escreveu. RB introduz o conceito. 
 Outro flagelo é a tendência ao desequilíbrio externo. Se você tem uma economia baseada em 
poucos setores exportadores de produtos primários e compra todo o resto, você vai acabar tendo um 
problema: existe algo chamado efeito de demonstraçao - tendemos a copiar padrões de consumo. Aqui 
nós não produziríamos carros, geladeiras, mas queremos ter acesso a tudo isso, apesar de sermos mais 
pobres e termos menos divisas para comprar esses bens desejados. Mas tentamos emular o padrão de 
consumo dos países mais avançados. Isso prejudica o equilíbrio da balança comercial, provocando uma 
tendencia ao desequilíbrio externo. Uma premissa que Preves da CEPAL segue é que os preços dos 
produtos primários, sua demanda, não muda muito ao longo do tempo, são inelásticos. Se seu desejo de 
consumo de expande mas sua capacidade de obter dólares não, a tendencia é uma desequilíbrio da 
balança comercial, com crise na balança de pagamento. 
 Por último, temos a tendência a inflação. Ele está muito ligado ao ítem anterior. Existem três 
maneiras de uma economia em crescimento ter sua inflação deslanchada. Temos a teoria monetarista. 
Temos o aumento do consumo, aumento da demanda, os limites da economia começa a ser testado. Às 
vezes não há garantia de que a oferta irá acompanhar essa demanda - pela lei da O&D, o preço dos 
produtos irá aumentar, é uma inflação de demanda, que puxa a economia para seus limite produtivos. 
Outra forma de crescimento que leva a inflação é a desvalorização cambial. Com o aumento da 
demanda, a economia local não dá conta e começa-se a importar. Com isso, usa-se seus dólares para 
comprar importados. Sua quantidade de dólares em relação a moeda corrente diminui, o que ocasiona 
uma desvalorização do real, já que ele está em maior número com relação ao real. Todos os produtos 
pautados em dólares ficarão mais caros., já que este terá menos poder de compra. Como ainda 
importamos, isso quer dizer que os insumos vão ficar cada vez mais caros. Quando há aumento no preço 
do trigo, o preço do pão aumenta - de novo isso tem fenomeno específico que ajuda a compreender o 
fenomeno geral. Então essa é fronte ônica. 
 Bom, vemos então qual solução para tudo isso? É a industrialização, que resolve o desemprego 
relacionado à industria primária, se evita a deterioração dos termos da troca pois não precisará comprar 
algo de fora. evita seu desequilibrio externo e essa inflação gerada no equilírio da BP. Então a 
industrialização é a resposta. Só amarrando e voltando ao início: isso não acontece por mágica, tem que 
ter a intervençõa do Estado, que tem a capacidade de planejamento e execuçõa. Pouco depois de 
Keyens, na am lat já temos pensamento incorporando papel do estado de forma bastante economico, só 
podendo existir dentro de ruptura com o paradigma liberal. 
 
Resumo feito por Ana Paula Pellegrino 
IRischool 2011.2