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RESUMO “PEDAGOGIA DO OPRIMIDO” Para o autor, o diálogo transcende o simples fato de apenas transmitir idéias para o outro indivíduo. O diálogo passa a ter uma funcionalidade maior, de cunho existencial e pronto para promover o debate, a reflexão e, por consequência, ditar as ações humanas, contribuindo para a transformação do mundo. No entanto, para que ocorra, o diálogo deve munir-se de amor, sentimento esse traduzido em comprometimento com o próximo e sua causa. Além do mais, a humildade também deve se fazer presente no ato de dialogar. É de suma importância que o indivíduo saiba reconhecer nele mesmo os mesmos deslizes apontados por ele no outro. Haja vista ser imprescindível que alimente a máxima de que não existe a sabedoria plena, nem tão pouco a ignorância total. Freire também destaca que a fé depositada no próximo, no seu poder de fazer, refazer e modificar, também é papel fundamental nos diálogos humanos. Sendo assim, Paulo Freire se embasa nesses conceitos para elencar um diálogo baseado na horizontalidade, em uma relação de confiança entre esses indivíduos, ou seja, seus atos devem acompanhar suas palavras, já que o contrário em nada lembraria uma relação de confiança. A esperança também está presente no processo de dialogar, garantindo a ele um objetivo a ser atingido. Por fim, um diálogo necessita também de um pensar crítico e verdadeiro, que enxerga o processo em constante movimento por trás da realidade. O pensar crítico possui suas características peculiares, como a busca constante da transformação da realidade, em oposto ao pensar ingênuo, dotado de acomodação e estático. Freire salienta ainda que a dialogicidade se dá muito antes do encontro pedagógico entre educadores-educando e educandos-educadores. Para ele o teor do diálogo a ser travado entre ambos corrobora para a programação da educação: em uma educação bancária, o educador estará voltado para o conteúdo de seu programa de educação, enquanto que para o educador-educando, esse mesmo conteúdo se apresentará como elementos desestruturados que devem ser dialogados e problematizados pelos envolvidos em prol do raciocínio de que essa troca deve ser compartilhada (e não apenas imposta), sendo que esse compartilhamento terá o mundo como elemento mediador. Entende-se assim que o educador deve estimular o educando a transformar a ação e não apenas atuar para que haja uma adaptação dele à realidade. Em linhas gerais, sugere-se na verdade que a sociedade se desafie a buscar respostas para suas contradições existenciais, não só refletindo a respeito, mas também agindo, de forma que não ocorra apenas uma troca ou imposição sem fundamento de alguns conteúdos. Diante da realidade em que se encontram educador e a sociedade é que se objetiva o conteúdo programático da educação e essa questão denomina-se “temas geradores”. Freire aponta que essa investigação não contempla o homem, mas sim seu pensamento-linguagem diante da realidade, bem como sua percepção e visão de mundo. Dessa maneira, Freire afirma que o que torna o homem diferente do animal é exatamente sua capacidade de se pertencer como objeto de sua própria consciência. O animal, por não conseguir nutrir uma reflexão acerca de sua atividade, não alcança uma transformação a realizar-se no mundo. Diferentemente, o homem está inserido em um ambiente estimulante, não problemático como o dos animais, considerados “seres fechados em si”. Por não possuir condição de gerir sua vida (pois não percebe os desafios e tão pouco poderá tomar decisões diante deles), os animais nesse ponto se diferem dos homens, que são conscientes de sua atividade e mundo ao qual pertencem, dotados de possibilidades de transformação diante de suas decisões e munidos desse poder de decisão e capacidade de separar-se do mundo e de suas atividades. O homem busca ultrapassar suas situções-limites, sendo essas um estímulo a se perceber que é possível superá-las e, ao atingir essa superação, outras surgirão, provenientes da transformação da realidade e das relações homem-mundo, denominando-se “atos-limites”. Assim, o homem se torna um ser histórico-social mediante suas ações transformadoras da realidade. De acordo ainda com Freire, é necessário que o homem perceba sua realidade e que também se perceba diante dela, elucidando dessa maneira o início do processo educativo. Dessa forma, o homem e o profissional passam a ser também objeto dessa análise.