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Deficiência Mental
Sexualidade
Testagem Psicológica
Nas deficiências, em geral, o indivíduo afetado é incapaz de competir, em termos de igualdade, com seus companheiros normais, dentro de seu grupamento social.
Além das possíveis perturbações orgânicas, existem as dificuldades na realização de atividades esperadas socialmente, bem como as conseqüentes alterações no relacionamento com o mundo.
A deficiência mental é uma estrutura complexa e multifacetada que envolve as dimensões biológicas, psicológicas e sociais, que podem estar individualmente presentes sem, no entanto, constituírem o complexo sindrômico que a caracteriza.
Devemos lembrar que a classificação da deficiência mental é ampla, pois ela não corresponde a uma ruptura no desenvolvimento intelectual do indivíduo, o que estabeleceria um conceito de patologia. Ela é, ao contrário, um continuum que se estende do próximo ao normal ao francamente anormal, de acordo com o potencial adaptativo do indivíduo em questão, potencial este representado pela sua capacidade intelectual.
Definições de Inteligência
A inteligência é um constructo de difícil definição e sua correta avaliação pode apresentar dificuldades ainda maiores.
a) Capacidade do organismo para se adaptar convenientemente a situações novas (STERN, 1914);
b) Conjunto de processos de pensamento que constituem a adaptação mental (BINET, 1916);
c) Propriedade de combinar de outro modo as normas de conduta, para poder atuar melhor em situações novas (WELLS, 1917);
d) Faculdade de produzir reações satisfatórias, sob o ponto de vista da verdade ou da realidade (THORNDIKE, 1921);
e) Capacidade de realizar atividades caracterizadas por serem: 1) difíceis, 2) complexas, 3) abstratas, 4) econômicas, 5) adaptáveis a um certo objetivo, 6) de valor social, 7) carentes de modelos, e para mantê-las em circunstâncias que requeiram concentração de energias e resistência às forças afetivas (STODDAR, 1943);
f) O grau de eficácia que tem nossa experiência para solucionar nossos problemas presentes e prevenir futuros (GODDARD, 1945);
g) O total de todos os dons mentais, talentos e perícias úteis nas adaptações às tarefas da vida (JASPERS, 1945):
h) Capacidade agregada ou global para agir intencionalmente, para pensar racionalmente e para lidar de modo eficaz com o meio ambiente (WECHSLER, 1958);
i) Acumulação de fatos e habilidades aprendidos o potencial intelectual inato consiste em tendências para engajar-se em atividades que conduzem a aprendizagem, mais do que as capacidades hereditárias como tais (HAYES,1962).
Logo, podemos perceber que por mais distintas que sejam essas definições, elas guardam um ponto em comum: a capacidade do indivíduo a se adaptar ou agir de modo satisfatório frente a situações novas, para que assim, possa lidar com o meio ambiente.
Essa capacidade de solucionar problemas é profundamente influenciada pelo aprendizado que pode ser pensado como a mudança do comportamento diante de uma situação dada, promovida pelas experiências repetidas naquela situação, desde que essa mudança de comportamento não possa ser explicada com base em tendências de respostas nativas, maturação ou estados temporários do paciente (RICH, 1988).
Assim, o posicionamento do indivíduo frente a sua sexualidade - um problema de caráter eminentemente adaptativo - depende de seu processamento cognitivo para poder realizar uma tarefa complexa e difícil (uma vez que envolve a seleção do parceiro e a elaboração de uma estratégia que lhe possibilite a satisfação sexual), que tem finalidades sociais (uma vez que a sexualidade é uma conduta complexa, profundamente regulada por estruturas sociais), sem modelos (uma vez que essas condutas não são ensinadas academicamente, sendo aprendidas em função da observação e da reelaborarão das informações), de maneira econômica (uma vez que o objetivo deve ser atingido sempre com o menor dispêndio de energia possível) e, finalmente, de maneira que possa se resistir às forças afetivas, pois, enquanto as estratégias adequadas não são encontradas, o impulso deve ser controlado (cognitivamente) para que situações fora de controle não ocorram.
Classificação e distribuição das deficiências mentais, propostas pelo Comitê de Experts em Saúde Mental da OMS, em 1968
- Deficientes Mentais Profundos, que correspondem a uma pequena minoria, com um déficit intelectuaÌ refletido nos seus QIs inferiores a 20 e com um nível de desenvolvimento correspondendo a uma idade de desenvolvimento abaixo de 2 anos, freqüentemente com déficits motores acentuados.
- Deficientes Mentais Graves e Moderados, que abrangem cerca de 0,3 % de todas as crianças que alcançam alguma independência durante a infância e adolescência. Seu nível de independência nas atividades cotidianas depende, basicamente, de treinamento e, de modo geral, podemos pensar no seu padrão de desempenho ao nível de pensamento pré-operatório, de acordo com a teoria piagetiana, caracterizado, então, por egocentrismo, irreversibilidade de funções e pensamento com caráter predominantemente pré-lógico, com o conseqüente desenvolvimento de uma moral heterônoma.
- Deficientes Mentais Leves, que são o grupo mais amplo, com cerca de 2-3 % das crianças em idade escolar. A adaptação social é ito influenciada por fatores econômicos, históricos e sociais, e também depende dos processos de treinamento e de adequação. Seu padrão de pensamento permanece, a princípio, ao nível de operações concretas’ dentro de modelo piagetiano - sua conduta é basicamente dependente das análises realizadas sobre experiências e fatos concretos' com incapacidade de projetar sua própria experiência no tempo e no espaço.
Em função dessas características e de suas conseqüências
sociais, familiares e pessoais, a conduta sexual será diferente
de acordo com o grupo considerado
A sexualidade envolve obrigatoriamente aspectos biológicos, psicológicos e sociais e deve, portanto, ser considerada segundo essa dificuldade ao nível de solução de um problema extremamente complexo, diretamente ligado a procedimentos adaptativos e vinculado a uma questão social de grande importância.
Sob o ponto de vista biológico e reprodutivo, com exceção de quadros genéticos bastante específicos, não existem diferenças significativas entre as pessoas portadoras de deficiência mental e aquéias sem comprometimento intelectual.
Quanto aos aspectos psicológicos podemos considerar o seguinte:
Inicialmente, a criança é um ser indiferenciado. Gradativamente, com seu desenvolvimento cognitivo vai estabelecendo categorias que a constituem enquanto ser, de forma cada vez mais complexa, culminando com o indivíduo adulto que tem consciência de si próprio e do meio que o rodeia.
Nesse período de desenvolvimento as categorias de Eu, de espaço e tempo vão se organizando e permitindo ao indivíduo perceber pouco a pouco, e de forma cada vez mais elaborada, quem ele é, onde e como se relaciona.
No indivíduo portador de deficiência mental, essas categorias desenvolvem-se de forma mais lentificada, e seu processo de desenvolvimento termina mais cedo sob o ponto de vista cognitivo (ASSUMPÇÃO, 1985).
A compreensão desse fato permite-nos ver o deficiente mental com uma problemática adaptativa decorrente dessa dificuldade cognitiva que o impede de perceber e reagir aos estímulos externos e internos de forma adequada e adaptada ao ambiente que o rodeia.
Entretanto, embora seu sistema valorativo esteja prejudicado, permanecendo, em grande parte das vezes num momento de moral heterônoma em que os modelos são buscados nas figuras parentais, grande parte de suas alterações de conduta podem ser controladas a partir dos processos educacional e de habilitação que procuram adaptá-lo e integrá-lo em seu meio.
Do ponto de vista social, a questão também é complexa, uma vez que, apesar de vivermos em uma sociedade em que o sexo e o comportamento erótico são valorizados, isso ocorre com restrições e regras para a sua manifestação
Logo, a sexualidade do deficiente mental deve considerar esses diferentes contextos desde o nascimento,
uma vez que seu diagnóstico proporciona aos pais e à criança expectativas e frustrações que devem ser diminuídas para facilitar o e o processo de habilitação.
A pessoa deficiente mental é um ser sexuado – diferente das crenças mantidas desde a Idade Média (les enfants du bomt Dieu), puras e ingênuas. 
Como todos os demais, esse indivíduo precisa ser educado e treinado de modo que possa se expressar e m sua plenitude de maneira adequada.

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