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14/08/2010 A Gunder Frank. Capitalismo y Subdesarollo en América Latina (1965) Teoria da dependencia - muito importante nos anos 60/70. Depois teve queda de prestígio, mas muitos autores escreveram sobre isso. FHC é um que publica nessa área. O Gunder Frank é representante de uma versão majoritária na teoria da dependencia, numa veia mais radical. É crítica global ao funcionamento do capitalismo e o modo como ele prejudica o desenvolvimento dos países. Nessa versão mais radical, só há uma possibilidade de desenvolvimento: sair do sistema capitalista. É bom situar essa abordagem historicamente: hoje temos modelos de desenvolvimento bem sucedidos na Ásia, mas naquela época isso não era notável. I) Crítica a autores marxistas e à CEPAL Feudalismo? Necessidade de ruptura revolucionária Algumas coisas são importantes para entender esse pensamento: a Guerra Fria, a oposição entre sistemas antagonicos, a escolha por parte dos socialistas de modos diferentes de chegar ao poder, etc. Gunder Frank é um marxista e vimos no Manifesto Comunista que Marx tem relação complexa com o capitalismo - o capitalismo era etapa necessária, também sendo modo de produção revolucionário, também uma necessidade histórica. Há uma mistura de deslumbre e temor pelo capitalismo no Manifesto Comunista. É uma visão complexa, não ambígua. A teoria de Marx diz que o comunismo vai ter condições de ser implementado nos países onde o capitalismo se desenvolvesse mais, o que iria aprofundar a clivagem social, a sociedade seria cada vez mais dividida entre burgueses e proletários, que ficariam sem alternativa a não ser realizar a revolução. Mas o que faria um marxista que vivesse na Am Lat num país subdesenvolvido, qual seria a sua postura política - tendo em vista que a revolução está madura nos países desenvolvidos? Ele, de certa forma, apóia do capitalismo - as forças que podem desenvolver o capitalismo a ponto da revolução. Você apóia então a industrialização - o que significa o desenvolvimento. Então esta questão era muito atual à época - muitos países comunistas adotavam essa posição, para que se pudesse fazer revolução fiel ao pensamento clássico de Marx. Apoiavam então a burguesia nacional, que lideraria esse desenvolvimento em direção ao capitalismo mais maduro, responsável por essa industrialização, etc. Era essencial o apoio da burguesia nacional, no entanto. Não é só apoiar o capitalismo, pois ele tem várias faces, a das vantagens comparativas - Brasil: destinado a atividades economicas primárias, então é importante puxar o desenvolvimento e um ator que busque isso, a burguesia nacional. Qual setor estaria mais interessado no abandono do modelo de vantagens comparativas? A burguesia nacional industrial. Se voce for abrir seu mercado, a sua industria incipiente acaba. Até que ponto existia/existe essa chamada burguesia nacional? O empresário vê o lucro de curto prazo - até que ponto aquele cara que tem produção do mercado interno vai ter ideologia nacionalista? Ele pode continuar com seu status de outra maneira, porque deve ele romper com a divisão internacional do trabalho? Pode haver política industrial por parte do governo, mas isso é mais um viés reformista. Para Gunder Frank, esse desenvolvimento dentro do capitalismo não é capaz de ocorrer, pois ele é global e tem duas faces: o desenvolvimento e o subdesenvolvimento, não existindo uma face sem a outra. Você não tem países desagregados em diversas escalas de desenvolvimento, o capitalismo é sistema global. Há uma conexão entre essas duas partes, sendo ele crítico da questão de graduação de desenvolvimento. Ponto estratégico dos socialista: não tem que esperar nada, ele se contrapoe a visao de partidos comunistas que apoiam uma burguesia nacional. Ele é contrário pois não acredita no projeto de desenvolvimento nacional. Se não se romper a relação do país subdesenvolvido com o capitalismo global, esse país não se desenvolve, por isso que não adiantam os esforços daqueles que apoiam uma burguesia nacional. Os países que se desenvolveram se desenvolveram pelo subdesenvolvimento dos países periféricos. É uma estratégia de revolução já, não de espera pelo amadurecimento do capitalismo. Nesta época tivemos a revolução cubana, série de tentativas de golpes em países em desenvolvimento, etc. Contrariando Marx, a revolução encontrou mais chances de ocorrer em países da periferia, não no centro do capitalismo. II) Objetivo da obra: Análise integrada da estrutura de desenvolvimento do sistema capitalista emescala mundial Desenvolvimento/subdesenvolvimento Marx Tese: O capitalismo gera,ao mesmo tempo, subdesenvolvimento nos países periféricos (expropriação do excedente) e desenvolvimento nos centros metropolitanos. Colonialismo de Independencia Sua tese é que o capitalismo é global, integrado e assim o desenvolvimento só ocorre porque há subdesenvolvimento em outros lugares. III) As três contradições do capitalismo III.1 ) Expropriação - apropriação do excedente econômico Isso acontece tanto do ponto de vista doméstico, nas economias mais avançadas e também internacionalmente. Ele foca nesse último ponto. Expropriação é, no caso doméstico, quando o burgues expropria a produção dos operários e se apropria desse excedente economico. III.2) Polarização metrópole-satélite Tipos de satélites Existe uma metrópole - o país capitalista mais desenvolvido - e existem as economias periférica, associadas independentes dessa centro. Há alguns tipos de economicas satélites. Há o caso dos países da Am Lat, que exportam países primários e importam industrializados, sendo dependentes no sentido liberal do termo; mas existem satélites intermediários, como Portugal e Espanha, que acabam se tornando satélites da Inglaterra em um dado momento. III.3) Continuidade na mudança Nessa discussão sobre desenvolvimento, historicamente, havia mudanças na constituição de mercado interno. Na crise de 30, o mercado interno de alguns países acaba por se desenvolver em setores antes supridos pelas economias centrais, que não mais conseguiam faze-lo. Então há mudanças pontuais, mas isso não muda a situação do desenvolvimento. Algumas coisas parecem mudar, mas as possibilidades de desenvolvimento no capitalismo continuam as mesmas. Apesar de surtos de desenvolvimento, não há mudança qualitativa que teoricamente trariam. É contradição no sentido de que sistema capitalista pode mudar um pouco, mas não qualitativamente. 2a tese: A relação metrópole-periferia se extende ao plano coméstico das economias satélites -> caráter estrutural do desenvolvimento. Esse tipo de relação de dependencia se dá nas mais variadas instancias, para o autor, que se dá até entre a capital de um país periférico e sua economia doméstica. Essa estrutura vai se reproduzindo em toda extensão da economia. As relaçoes de expropriação e dependencia vão se reproduzindo, até mesmo dentro do país periférico, entre a metrópole e países semi- periféricos, etc; de modo a centralizar as expropriações, viabilizando o papel produtivo de um país na divisão internacional do trabalho. São vários tipo de metrópoles e periferias. Isso é crucial para impedir o desenvolvimento doméstico, ainda que se tentasse porque o excedente vai passando de mão em mão até chegar lá fora da economia doméstica. Se não houvesse essa relação de exploração, o excedente doméstico poderia ser investido em atividades que objetivassem o desenvolvimento. Essa cadeia de exploração, que leva o excedente para muito longe, mostra como essa reprodução das relaçoes de exploração impedem o desenvolvimento, espelhando as relaçoes economicas internacionais. A elite local usa parte dos recursos para sustentar a compra de bens luxuosos que dificilmente conseguiriam ser produzidos domesticamente, gastos não direcionados ao mercado doméstico. Outra coisa éa limitação desse perfil exportador: se produz uma pauta muito restrita, direcionada ao fim de abastecer economias centrais de determinados insumos, está-se voltado ao mercado externo e essas atividades são muito estreitas, não gerando o excedente suficiente para ficar e permmitir o desenvolvimento do país. IV) Subdesenvolvimento e comércio exterior Isso tudo dificulta o desenvolvimento. V) A dependência hoje No total, em síntese, essa é a visão de Gunder Frank, uma visão global do capitalismo e sua demanda, desde os tempos coloniais. Para ele, tudo, desde as grandes navegações, é parte do capitalismo. A relação de dependencia continua e cumpre o mesmo papel após a descolonização. Ele entende o capitalismo globalmente como estrutura - se fala numa corrente que ve o capitalismo como necessario para se entender as relaçoes internacionais. É basicamente um pensamento que vê as ri moldadas pelas relações de centro-periferia. Esse pensamento não privilegia as divisões entre estados - a divisão analítica principal é um centro e as várias periferias. Então, para essa turma e para quem veio depois,o importante é esta unção dos estados na divisão internacional do trabalho, mas é estruturalismo economico (um cado diferente do político). E hoje, essa teoria se sustenta? Os países asiáticos adotaram modelo de desenvolvimento diferente, de substituição de importação. O caso da Coréia é interessante. Nos anos 80, por causa dos asiáticos, a teoria da dependencia ficou em baixa. Mas houve esse declínio, mas o debate continua até hoje. Resumo feito por Ana Paula Pellegrino IRischool 2011.2
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