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Livro Anatomia Dental (Anatomia Dentária)

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29/08/2021 Minha Biblioteca
https://www.sisintegracao.com.br/minhabiblioteca/ 1/19
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Introdução
Anatomia dental é a parte da anatomia humana que estuda a morfologia, a função, a identificação e a organização dos
dentes. Os dentes fazem parte de um sistema complexo, cujas funções sensitivas e motoras contemplam a mastigação, a
deglutição, a respiração e a fonética, entre outras (Figura 15.1). Este sistema é denominado sistema estomatognático, e
dele fazem parte as seguintes estruturas anatômicas:
Ossos da face e crânio, sobretudo maxila e mandíbula
Dentes e periodonto de inserção e proteção
Glândulas salivares maiores e menores
Articulações (suturas, sincondroses, ATM)
Músculos (dérmicos, da mastigação, da língua, cervicais)
Vasos sanguíneos e linfáticos associados
Sistema nervoso (fibras proprioceptivas, exteroceptivas e motoras).
Figura 15.1 Apresentação dos arcos dentais em oclusão.
A maioria dos procedimentos realizados pelo cirurgião-dentista abrange todo o sistema estomatognático e pode
interferir nele. Tal sistema é discutido no Capítulo 3, Junturas do Crânio e Articulação Temporomandibular, e seu
conhecimento é de fundamental importância, devendo-se sempre procurar inter-relacionar seus componentes.
Alguns autores consideram como objeto de estudo da anatomia dental o chamado órgão dentário, constituído pelo
dente e pelo periodonto (de inserção e de proteção). Este livro abordará os caracteres anatomofuncionais do dente,
sugerindo-se, para um estudo mais detalhado do periodonto, o uso de textos complementares sobre Histologia Dental e
Periodontia.
Conceito
Os dentes humanos podem ser definidos como órgãos mineralizados, duros, resistentes, branco-amarelados, que estão
implantados nos processos alveolares da maxila e da mandíbula por meio do ligamento periodontal. Eles estão dispostos
regularmente, uns ao lado dos outros, na cavidade bucal, formando os arcos dentais superior e inferior(Figura 15.2). Vale
ressaltar que o dente é considerado histologicamente como um órgão, pelo fato de ele ser constituído por tecidos
diferentes.
Classificação
Na classificação do sistema dental, o ser humano é definido como plexodonte, heterodonte e difiodonte.
Haplodontia e plexodontia
https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527736374/epub/OEBPS/Text/chapter15.html#fig15-1
https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527736374/epub/OEBPS/Text/chapter03.html
https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527736374/epub/OEBPS/Text/chapter15.html#fig15-2
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Os animais que apresentam dentes extremamente simples do ponto de vista morfológico são
considerados haplodontes. Cada dente destes animais pode ser comparado com dois cones unidos por suas bases. São
exemplos os dentes de peixes e répteis.
Figura 15.2 Arcos dentais em vista oclusal: superior (A) e inferior (B).
Conforme o animal evolui, ele apresenta dentes cada vez mais complexos morfologicamente, fato que caracteriza
a plexodontia. Tais dentes podem derivar de dentes mais simples, apresentando achatamentos, alongamentos, curvaturas,
torções, proliferações ou, até mesmo, concrescência (união) de dois ou mais dentes.
Homodontia e heterodontia
A homodontia é a falta de diferenciação morfológica entre os dentes de um mesmo animal. Os dentes de tais animais são
utilizados apenas para reter os alimentos na cavidade bucal, apresentando uma função mastigatória imperfeita. Como
exemplos, temos os dentes de baleias e golfinhos.
A heterodontia é a diferenciação morfológica entre dentes, o que possibilita a execução de funções diferentes para
cada dente ou grupo de dentes. Ela propicia a classificação dos dentes em grupos, como: incisivos, caninos, pré-molares e
molares. O ser humano é um bom exemplo de animal heterodonte, apresentando diferenciação morfológica clara entre os
grupos de dentes.
Difiodonte
O ser humano é um animal difiodonte. Ou seja, tem duas gerações de dentes em épocas sucessivas. Existem
animais monofiodontes, com apenas uma geração, e animais polifiodontes, que apresentam várias gerações de dentes,
recebendo cada geração de dentes o nome de dentição. As dentições do ser humano são denominadas dentição
decídua e dentição permanente.
Funções
A função dos dentes está diretamente relacionada com sua morfologia e é geralmente discutida em termos do tipo de
alimento consumido, dos movimentos mandibulares e da proteção e da estimulação do periodonto. Apesar de a principal
função dos dentes ser preparar o alimento para a deglutição e facilitar a digestão, também é reconhecido que eles são
fundamentais para a dicção e a estética. As funções exercidas pelos dentes podem ser divididas em uma função ativa e
diversas funções passivas.
Função ativa
A mastigação é a função ativa executada pelos dentes e consiste no preparo mecânico dos alimentos sólidos, a fim de
reduzi-los a partículas que possam ser deglutidas. Entretanto, a mastigação não é uma função exclusiva dos dentes.
Também participam ativamente deste processo as glândulas salivares, a musculatura da mastigação, os lábios, as
bochechas e a língua, entre outros.
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Como citado, a forma dos dentes está intrinsicamente relacionada com a função deles. Cada grupo de dentes executa
funções específicas no processo da mastigação, como a preensão, a incisão, a dilaceração e a trituração.
A preensão dos alimentos pode ser considerada um ato preliminar à mastigação e consiste em apreender os alimentos
a fim de introduzi-los mais posteriormente na cavidade bucal. Este ato é realizado pelos incisivos que atuam junto com
os lábios.
A incisão dos alimentos é o ato de cortá-los em fragmentos menores. Por estarem localizados anteriormente na
cavidade bucal e devido à sua margem cortante, o grupo dos incisivos é o ideal para a realização desta função. Sua ação
pode ser comparada analogamente com as partes ativas de uma tesoura.
Dilaceração é o ato de rasgar e reduzir o alimento a partículas menores. Tal função é primordialmente executada
pelos caninos que apresentam uma forma bastante volumosa e uma margem pontiaguda, semelhante a uma lança.
A trituração é o ato de moer os alimentos, reduzindo-os a partículas que, aglomeradas e umedecidas pela saliva, irão
formar o bolo alimentar. A função é executada pelos dentes posteriores: os pré-molares, que apresentam uma anatomia
mais simples, e os molares, com uma anatomia mais complexa. Para exercer tal função, estes dentes apresentam
superfícies detalhadas pela presença de elevações e sulcos, em vez de margens cortantes. Quanto mais posteriormente
situados os dentes, menores serão as partículas resultantes do processo de trituração. Para suportar e dividir as grandes
forças a que estão sujeitos, tais dentes costumam apresentar mais de uma raiz.
Funções passivas
Os dentes apresentam várias funções passivas não relacionadas diretamente com a mastigação, como a estética,
a proteção e a sustentação de tecidos moles relacionados, a fonação e a oclusão. Os dentes têm indiscutível papel
na estética facial do indivíduo, sendo relevantes cor, disposição, formato, tamanho, estado de conservação etc. Ausência
de dentes e diversas maloclusões podem causar significantes alterações em toda a face e esqueleto facial, além de poder
afetar psicologicamente o indivíduo.
A posição e a sustentação de lábios, bochechas e língua relacionam-se diretamente com a presença dos dentes. Basta
observarmos indivíduos edêntulos, nos quais os lábios e as bochechas tornam-se flácidos. Também convém ressaltar o
papel de proteção à gengiva contra as intensas forças mastigatórias, ficando ela resguardada de dilacerações e
esmagamentos pelas partículas alimentares contra elas comprimidas durante a mastigação.
A cavidade bucal e os dentes participam ativamente da fonação, modificando os sons emitidos pela laringe e atuando,
junto com a faringe, a cavidade nasal e os seios paranasais, como uma caixa deressonância. Os dentes auxiliam na
caracterização de determinadas consoantes, sobretudo os dentes do grupo dos incisivos. Podem-se citar como exemplo as
consoantes linguodentais (D, T) e as labiodentais (V, F).
Os dentes também têm papel fundamental no estudo anatomofisiológico da oclusão dental. Por se tratar de um
assunto vasto e complexo, o tópico oclusão será abordado no Capítulo 23, Princípios de Oclusão.
Dentições
O ser humano, como já citado, é um animal difiodonte, ou seja, apresenta duas dentições. As dentições humanas são
a dentição decídua (primeira dentição, dentição temporária, caduca ou de leite) e a dentição permanente. O período de
transição entre uma dentição e a outra é conhecido como período da dentição mista.
Dentição decídua
A dentição decídua surge em torno dos 6 meses de idade e completa-se na faixa dos 2 anos e meio, seguindo um
cronograma de erupção relativamente constante (ver Capítulo 21, Dentição Decídua). Sendo uma dentição temporária,
ela permanece na cavidade bucal até ser substituída gradativamente pelos dentes permanentes.
A dentição decídua humana apresenta um total de 20 dentes, sendo 10 no arco superior e 10 no inferior. Em cada
hemiarco, existem 2 incisivos (central e lateral), 1 canino e 2 molares (primeiro e segundo) (Figura 15.3).
Geralmente, a criança recém-nascida não apresenta dentes erupcionados, porém estes já estarão quase totalmente
formados. Isso porque a formação dos dentes decíduos inicia-se por volta da sexta semana de vida intrauterina, sendo
que, em média, cada dente decíduo leva 10 meses para completar sua calcificação.
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https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527736374/epub/OEBPS/Text/chapter21.html
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O termo “dente de leite”, utilizado popularmente, aplica-se devido à coloração típica dos decíduos. Eles se
apresentam mais esbranquiçados do que os dentes que os sucedem, pois têm mineralização mais reduzida.
Dentição permanente
Apesar de o desenvolvimento dos dentes permanentes começar a ocorrer por volta dos 4 meses de vida intrauterina, a
dentição permanente inicia-se somente em torno dos 5 a 7 anos. Em geral, completa-se em torno dos 18 aos 21 anos de
idade. Ela é composta por 32 dentes, sendo 16 no arco superior e 16 no inferior. Em cada hemiarco, existem 2 incisivos, 1
canino, 2 pré-molares e 3 molares (Figura 15.4).
Figura 15.3 Arcos dentais na dentição decídua. Adaptada de Bath-Balogh; Fehrenbach, 2011.
Deve-se salientar que os dentes decíduos são substituídos por incisivos, caninos e pré-molares permanentes. Os
molares permanentes não substituem nenhum dente, sendo chamados de dentes monofisários.
Período da dentição mista
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O termo “dentição mista” é empregado para se referir ao período no qual, ao mesmo tempo, existem dentes decíduos e
dentes permanentes na cavidade bucal. Tal período inicia-se em torno dos 6 anos, após a erupção do primeiro molar
permanente, e termina por volta dos 11 anos de idade.
 Erupção dos primeiros molares permanentes
Em geral, os primeiros molares permanentes erupcionam entre os 6 e os 8 anos de idade, marcando o
início da dentição mista, o que pode ocorrer também antes da esfoliação dos primeiros dentes decíduos.
Infelizmente, alguns pais acreditam que os primeiros molares sejam, ainda, um dente decíduo, e que uma
cárie nestes não é tão significativa, pois ele será substituído por outro dente. Tal fato, associado ainda à
dieta cariogênica típica da idade, faz com que os primeiros molares sejam, em geral, os primeiros
permanentes a serem afetados por cárie, e alguns dos dentes mais precocemente extraídos.
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Figura 15.4 Arcos dentais na dentição permanente. Adaptada de Bath-Balogh; Fehrenbach, 2011.
Esta é uma fase de profundas mudanças no sistema estomatognático, que se prepara para morfologia e função mais
definitivas. Observa-se uma série de alterações, entre elas surtos de crescimento nos ossos da face e a definição de novas
posturas mandibulares.
Outras dentições
Existem casos de uma terceira geração de dentes (poliodontia) e de ausência de alguns dentes (anodontia ou agenesia
dental). Tais assuntos serão abordados em disciplinas como Patologia Bucal e Semiologia.
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Divisão anatomodescritiva
Anatomicamente, o dente pode ser dividido em três partes: coroa, raiz e colo (Figura 15.5). Cada uma delas apresenta
características próprias, descritas genericamente a seguir, e sendo vistas com mais detalhes nos próximos capítulos.
Figura 15.5 Divisão anatomodescritiva do dente. Adaptada de Bath-Balogh; Fehrenbach, 2011.
Coroa
A coroa dental é a parte do dente geralmente visível na cavidade bucal, estando inteiramente recoberta pelo esmalte.
Apresenta uma coloração esbranquiçada e brilhante. As coroas dos dentes humanos são extremamente variáveis no que
diz respeito à forma e à função, o que possibilita distinguir com facilidade umas das outras. De modo geral, as coroas
representam 1/3 do comprimento total de um dente.
Os dentes anteriores (grupos dos incisivos e caninos) apresentam uma coroa com forma, em geral, pentaédrica. Já os
dentes posteriores (grupos dos pré-molares e molares) têm uma coroa com forma cuboide.
Raiz
A raiz dental é a parte do dente que fica implantada nos alvéolos da maxila e da mandíbula, sendo, portanto, em geral,
não visível na cavidade bucal. Ela é revestida pelo cemento, o que lhe confere uma coloração amarelada e uma textura
mais rugosa. De maneira geral, a raiz representa 2/3 do comprimento total do dente. A raiz dos dentes fixa-se aos
alvéolos dentários por meio do ligamento periodontal, uma articulação classificada morfologicamente como gonfose:
articulação por inserção de uma saliência cônica em uma cavidade. Essa articulação praticamente não possibilita
movimentos, amortecendo os impactos da mastigação e garantindo a integridade do sistema estomatognático.
Colo
O colo dental é a parte do dente que se localiza entre a coroa e a raiz do dente. No dente isolado, ele é perfeitamente
visível e representado por um estrangulamento entre a coroa e a raiz, marcado por uma linha sinuosa entre o esmalte e o
cemento, chamada de linha cervical.
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Divisão histoestrutural
O dente também pode ser dividido histologicamente, tomando como parâmetro os tecidos que o constituem (Figura 15.6).
O esmalte, a dentina e o cemento são os tecidos duros que constituem a estrutura calcificada do dente. No interior desta
estrutura, temos a presença da polpa, tecido mole responsável pela vascularização e pela inervação do dente. O dente
fixa-se a seu alvéolo pelo ligamento periodontal, que lhe fornece suporte mecânico, e também contribui para sua
vascularização e sua inervação.
Segue-se apenas uma descrição sumária desses tecidos, visto que eles são estudados mais detalhadamente na
disciplina de Histologia Dental.
Esmalte
O esmalte reveste a dentina coronária e é o tecido mais mineralizado e duro do corpo humano. Sua constituição é de,
aproximadamente, 96% de matéria inorgânica, 1% de matéria orgânica e 3% de água. Cerca de 90 a 95% do componente
inorgânico consiste em hidroxiapatita, que é a forma cristalizada do fosfato de cálcio. Outros minerais, como magnésio,
potássio, sódio e flúor, também estão presentes, mas em menor quantidade. A parte orgânica do esmalte é constituída,
sobretudo,de proteínas, e tanto sua quantidade quanto a quantidade de água, presentes na constituição do esmalte,
diminuem com a maturação dele.
O esmalte tem origem ectodérmica, e sua unidade morfológica básica é o prisma do esmalte, um agrupamento
compacto de hidroxiapatita. Os prismas de esmalte são formados em incrementos por uma célula específica
chamada ameloblasto e unidos entre si por uma substância interprismática. A maioria dos prismas estende-se da junção
amelodentinária até a camada mais externa do esmalte. Consequentemente, são orientados de forma perpendicular a eles.
É importante ressaltar que o esmalte não apresenta capacidade regenerativa, pois o ameloblasto perde sua habilidade
funcional quando a formação da coroa do dente é completada.
Por ser extremamente duro e resistente ao desgaste, o esmalte torna possível a mastigação de vários alimentos e o
contato dos dentes superiores com os inferiores (ato de ocluir) inúmeras vezes ao dia. No entanto, por ser constituído por
uma parte orgânica mínima, ele é um tecido friável e apresenta enorme fragilidade se não contar com a sustentação e o
suporte elástico (resiliência) da dentina.
Devido à sua semitranslucidez, o esmalte deixa transparecer a cor amarelada da dentina, apresentando, portanto, uma
tonalidade branco-amarelada que é a cor característica das coroas dos dentes. A espessura do esmalte é variável,
influenciando também a cor da coroa. Próximo ao colo, há menos esmalte, tornando a coroa mais amarelada. Próximo à
face oclusal, ele é mais espesso, sem a interposição da dentina, o que torna sua cor mais branco-acinzentada.
 Hipocalcificação do esmalte
É um defeito dentário hereditário em que o esmalte dos dentes se mostra menos calcificado e mais macio
que o esmalte normal, mas apresentando o mesmo volume. Essa condição é causada pela maturação
defeituosa dos ameloblastos (defeito na mineralização da matriz formada). O esmalte apresenta uma
consistência mais calcária, as superfícies desgastam-se rapidamente e uma mancha amarelo-amarronzada
aparece quando a dentina subjacente é exposta. A condição afeta tanto os dentes decíduos quanto os
permanentes.
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Figura 15.6 Divisão histoestrutural do dente. Adaptada de Bath-Balogh; Fehrenbach, 2011.
 Hipoplasia do esmalte
Trata-se de um defeito de desenvolvimento dentário em que o esmalte dos dentes apresenta mineralização
e dureza normais, porém é mais delgado e deficiente em volume. Essa condição é causada pela formação
defeituosa da matriz do esmalte e pela deficiência na substância interprismática. Pacientes com hipoplasia
de esmalte apresentam falta de contato entre os dentes, fratura das superfícies oclusais e mancha
amarelada que aparece onde a dentina está exposta. A condição, que afeta os dentes decíduos e
permanentes, pode ter origem genética ou ser causada por fatores ambientais, como deficiência de
vitaminas, fluorose ou distúrbios metabólicos durante o período pré-natal.
Dentina
A dentina é formada por um tecido conjuntivo mineralizado, que constitui a parte mais volumosa da estrutura do dente.
Ela forma a estrutura dentária interna, compondo de modo contínuo a coroa, o colo e a raiz do dente. Na região da coroa,
ela é revestida externamente pelo esmalte e, na região da raiz, pelo cemento.
A dentina é composta, aproximadamente, de 70% de matéria inorgânica (sobretudo hidroxiapatita), 20% de matéria
orgânica (principalmente fibras colágenas tipo I) e 10% de água. Devido à sua composição, a dentina é mais macia que o
esmalte, porém mais dura que o osso. Ela é flexível e tem um módulo de elasticidade relativamente baixo, apresentando
maior resiliência (elasticidade) quando comparada com o esmalte. Em seu interior, localiza-se uma cavidade, a cavidade
pulpar, que aloja a polpa. A cavidade pulpar copia a morfologia externa do dente, sendo dividida em uma câmara
pulpar (ou câmara coronária) e em um ou mais canais radiculares. A câmara pulpar localiza-se na coroa e o(s) canal(is)
radicular(es), na raiz.
A dentina e a polpa originam-se da papila dentária. Durante o processo de formação da dentina, células da periferia
da papila dentária diferenciam-se em células responsáveis pela formação da dentina, os odontoblastos. O restante da
papila dentária constituirá a polpa no dente formado. Funcionalmente, a polpa e a dentina formam o complexo dentina-
polpa.
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Estruturalmente, nota-se que a dentina não é um tecido uniforme e difere de região em região. A dentina tem uma
série de microtúbulos, os túbulos dentinários, que são preenchidos em parte pelos prolongamentos citoplasmáticos dos
odontoblastos também denominados de fibras de Tomes. A dentina que cria a parede dos túbulos dentinários é chamada
de dentina peritubular, sendo altamente mineralizada. A dentina encontrada entre os túbulos dentinários é chamada
de dentina intertubular, sendo um pouco menos mineralizada que a peritubular.
Cemento
O cemento consiste no tecido duro que reveste a dentina radicular. Embora muitas vezes seja considerado como parte do
dente, o cemento não é uma estrutura dentária, mas parte do periodonto de sustentação, junto com as fibras do ligamento
periodontal e o osso alveolar das paredes do alvéolo. Ele se desenvolve a partir do folículo dentário e é formado pelas
células ectomesenquimais, que se diferenciam em cementoblastos e fibroblastos que irão sintetizar e secretar a matriz
orgânica que compõe o cemento. A mineralização do cemento ocorre pela deposição de fosfato de cálcio na forma de
hidroxiapatita.
O cemento difere histologicamente dos outros tecidos dentais, apresentando características próprias que propiciam a
fixação das fibras do ligamento periodontal (fibras de Sharpey). Em comparação com a dentina, o cemento é mais macio
e sua cor, de um amarelado mais claro. Entre as partes do dente, o cemento é a que tem a composição histológica mais
próxima da do tecido ósseo, porém ele não apresenta o sistema haversiano, não é inervado e apresenta-se avascular. A
composição do cemento maduro é de 45 a 50% de material mineralizado inorgânico (hidróxido de cálcio) e 50% de
material orgânico (colágeno, proteínas não colagenosas).
Histologicamente, existem dois tipos de cemento, o acelular e o celular. O cemento acelular, também chamado
de cemento primário, é formado pelas primeiras camadas de cemento depositadas na junção dentinocementária. Ele é
formado mais lentamente do que o cemento celular, sendo mais comum nos 2/3 coronais das raízes dentárias e mais fino
na região da junção amelocementária.
O cemento celular, ou cemento secundário, é formado pelas camadas externas de cemento que cobrem o cemento
acelular. Ele é formado mais rapidamente e mais espesso do que o cemento acelular. Contém cementoblastos e costuma
ser encontrado no terço apical das raízes dos dentes. O cemento celular é mais espesso, para compensar o desgaste
oclusal e incisal e a erupção passiva dos dentes.
 Odontogênese
A odontogênese, ou desenvolvimento dentário, é um processo contínuo que se inicia durante a sexta e a
sétima semanas de desenvolvimento embrionário. Nesta fase, o epitélio oral (ectoderma) fica mais espesso
ao longo dos futuros arcos dentários para formar a lâmina dentária.
Em torno da oitava semana de desenvolvimento embrionário, inicia-se a fase do broto dentário, quando
a crista neural induz o desenvolvimento de 10 brotos na lâmina dentária superior e na inferior. O
mesênquima também sofre proliferação, todavia se mantém uma membrana basal entre o broto e o
mesênquima em crescimento. Cada broto da lâmina dentária, junto com o mesênquima circundante, origina
um germe dentário e os tecidos de suporte a ele associados.
Durante a nona e a décima semanas de desenvolvimento embrionário, o broto do dente diferencia-se
em um órgão de esmalte emforma de capuz, que se estende da lâmina dental. Durante essa fase (estágio
de capuz), um crescimento desigual de células epiteliais cresce para formar uma concavidade em torno do
mesênquima, formando a papila dentária. Outras células mesenquimais circundam o órgão do esmalte,
formando o saco dentário. Ao final do estágio de capuz, o germe dentário está completo e consiste em:
Órgão do esmalte: formado pelo epitélio oral e pelo derivado do ectoderma. Tem quatro camadas
celulares distintas: epitélio externo do órgão do esmalte, epitélio interno do órgão do esmalte, estrato
intermediário e retículo estrelado. O órgão de esmalte dará origem ao esmalte e formará a bainha de
Hertwig
Saco dentário: envolve o desenvolvimento do germe dentário e dará origem ao cemento, ao ligamento
periodontal e ao osso alveolar
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• Papila dentária: dará origem à dentina e à polpa dentária. As camadas externas de células da papila
dentária diferenciam-se nos odontoblastos (células formadoras de dentina). Tanto a papila dentária
quanto o saco dental são formados a partir da crista neural.
Em torno da 11a e da 12a semana do desenvolvimento embrionário, ocorre o estágio de campânula,
caracterizado por proliferação, morfogênese e diferenciação celular em ameloblastos, odontoblastos,
cementoblastos e fibroblastos.
Polpa
A polpa constitui o tecido mole do dente e aloja-se no interior da cavidade pulpar. Anatomicamente, a polpa está dividida
em polpa coronária e polpa radicular, o que corresponde à coroa e à raiz anatômica. Ela é formada pelas células centrais
da papila dentária e composta por um tecido embrionário fundamental de natureza conjuntiva, sendo ricamente
vascularizada e inervada e apresentando grande sensibilidade. Apresenta os componentes típicos de um tecido conjuntivo
frouxo, como substância intercelular, linfócitos, eosinófilos, fibras e células. Entre as células, destacam-se
os odontoblastos, localizados perto da superfície interna da dentina. Eles são as células que formam a dentina.
Além de ser responsável pela formação da dentina, a polpa também apresenta função nutriente para os tecidos
mineralizados adjacentes. Tem ainda função de proteção, formando dentina terciária em resposta a injúrias locais.
Finalmente, a polpa apresenta importantes funções sensoriais, respondendo em forma de dor a estímulos extremos, como
calor, frio e pressão, que podem danificar a polpa e a dentina.
Cor dos dentes
No estudo da cor dos dentes, referimo-nos, sobretudo, ao estudo da cor da coroa, visto que a raiz apresenta uma
coloração relativamente constante, amarelada, devido ao cemento. A coroa apresenta uma coloração bastante variável,
desde um branco-amarelado até um branco-acinzentado, passando por vários matizes intermediários. Os dentes decíduos
apresentam uma coloração mais clara, esbranquiçada ou branco-azulada.
O esmalte apresenta-se esbranquiçado e translúcido. Ele auxilia na caracterização da cor, o que possibilita, porém,
transparecer a coloração da dentina.
Por sua vez, a dentina consiste na principal responsável pela coloração do dente, já que o esmalte é muito translúcido.
Ela apresenta uma cor predominantemente amarelada, que pode ser mais clara ou escura em função de sua espessura e/ou
de sua mineralização.
A polpa pode contribuir, ainda que em grau muito reduzido, para o mecanismo da cor. A dentina apresenta uma
ligeira translucidez, de modo que, nos dentes onde ela é muito delgada, a polpa pode influir na cor da coroa, como nos
dentes decíduos.
Aspectos que influenciam a variabilidade da cor dos dentes
Mineralização. Quanto mais mineralizado um dente, mais escuro ele será. Este é, sem dúvida, um fator diretamente
responsável pela coloração dos dentes. Como exemplo, podemos citar os dentes decíduos, os quais apresentam menor
deposição de sais calcários do que os dentes permanentes, sendo, portanto, bem mais claros.
Região do dente. Na região do colo, há menor espessura de esmalte e maior espessura de dentina, o que torna esta
região mais escura e amarelada. Na região das margens incisais e pontas de cúspides, não ocorre interposição de dentina.
O esmalte dobra-se sobre ele mesmo, apresentando translucidez e coloração branco-azulada. Entre a margem incisal e o
colo, observam-se vários matizes intermediários, dependendo de qual tecido, dentina ou esmalte, está mais espesso.
Tipo de dente. Cada grupo dental apresenta diferenças de coloração, relacionadas, sobretudo, com a espessura da
estrutura interna de dentina do dente em questão. Assim, os incisivos tendem para uma cor branco-acinzentada, enquanto
os pré-molares e molares se aproximam do branco-amarelado. Já os caninos, por apresentarem um grande volume de
dentina, são os dentes que apresentam um tom branco-amarelado mais escuro.
Idade. Com a idade, os dentes tendem a apresentar uma coloração mais escura. Isto se explica por uma superposição de
vários fatores, como a deposição contínua de dentina secundária; o estreitamento do lúmen dos túbulos dentinários; os
desgastes do esmalte, que deixam transparecer mais a dentina; e os fatores físicos e químicos, como pigmentação por
substâncias corantes, cigarro e fraturas de esmalte.
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Fatores relacionados com a luz. A refração, a absorção e a difusão dos raios luminosos sobre a superfície da coroa
modificam, substancialmente, sua tonalidade. Assim, superfícies lisas refletem mais a luz, tornando o dente mais
brilhante. Superfícies rugosas significam superfícies opacas, com aspecto esbranquiçado. Conforme já observado, as
diferenças de cor relacionam-se com a espessura do esmalte e da dentina. Assim, onde há menos esmalte, a luz atravessa-
o mais facilmente, e ocorre reflexão na dentina, tornando a região mais amarelada. Onde existe apenas esmalte, a luz
atravessa-o quase totalmente, havendo pouca reflexão. Portanto, a cor será mais branco-acinzentada.
Nomenclatura
Dentição permanente
Os dentes distinguem-se em superiores e inferiores, de acordo com o arco a que pertencem. Como os arcos são
simétricos, torna-se necessário dividi-los em hemiarcos direito e esquerdo, a fim de distinguir os dentes homônimos.
Conforme visto, os dentes humanos podem ser reunidos em grupos distintos. Assim, no grupo dos incisivos, temos
dois dentes em cada hemiarco: incisivo central (mais próximo da linha mediana) e incisivo lateral. No grupo dos caninos,
temos apenas um dente, o canino. No grupo dos pré-molares, dois dentes: primeiro pré-molar e segundo pré-molar.
Finalmente, no grupo dos molares, três dentes: primeiro molar, segundo molar e terceiro molar(Figura 15.7).
Desse modo, temos, no total, oito dentes em cada hemiarco. Como existem quatro hemiarcos, o total de dentes
humanos (permanentes) é 32. Para localizá-los, é necessário também dizer, após o nome do dente, o arco a que pertencem
e, por fim, o lado. São exemplos da completa identificação de um dente:
Primeiro molar superior esquerdo
Incisivo lateral inferior direito.
Dentição decídua
Com relação aos dentes decíduos, o processo é semelhante. Contudo, não existem pré-molares, nem o terceiro molar.
Assim, cada hemiarco é composto de incisivo central, incisivo lateral, canino, primeiro molar e segundo molar (Figura
15.8).
Contudo, é necessário distinguir os decíduos dos permanentes, pois apresentam os mesmos nomes. Para haver tal
distinção, após identificar o dente, deve-se acrescentar a palavra decíduo. No entanto, para os dentes permanentes, não é
necessário acrescentar a palavra permanente. Exemplificando:
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Figura 15.7 Nomenclatura da dentição permanente.
Figura 15.8 Nomenclatura da dentição decídua.
Primeiromolar superior esquerdo decíduo
Canino inferior direito decíduo.
Sinonímia
Além da nomenclatura citada anteriormente, outras terminologias são utilizadas rotineiramente. Os grupos dos incisivos e
caninos são conhecidos também como dos dentes anteriores (devido à posição anterior no arco dental) ou labiais (devido
à relação com os lábios). Por conseguinte, os pré-molares e os molares formam o grupo dos dentes posteriores (pela
posição posterior no arco dental) ou jugais (pela relação com as bochechas). O incisivo central é conhecido, também,
como incisivo medial. Os pré-molares também são referidos, principalmente na literatura norte-americana, como
bicuspidados (bicuspids). O primeiro molar é conhecido como molar dos 6 anos; o segundo, como molar dos 12 anos; e
o terceiro, como dente do siso (juízo), tendo em vista suas épocas de erupção.
Fórmula dental
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Para se representarem os números e os tipos de dentes existentes em cada espécie animal, graficamente resumindo,
utiliza-se a fórmula dental. Quando uma espécie apresentar duas dentições, é empregada uma fórmula para cada uma
delas.
A fórmula dental mais comumente empregada é constituída de frações. Antes de cada fração, emprega-se a letra
inicial do grupo de dentes que ela irá representar. Na dentição permanente, empregam-se maiúsculas e, na decídua,
minúsculas. Em seguida, colocam-se o número de dentes existentes naquele grupo e o traço da fração que separa os arcos
superior (numerador) do inferior (denominador).
Assim, a representação da dentição humana é feita da seguinte maneira:
Dentição permanente:
 
Dentição decídua:
 
Notação dental
Como o nome dos dentes é muito extenso, tornou-se necessária a criação de um sistema de notação próprio, para facilitar
o preenchimento de fichas e formulários. Este sistema indica de maneira rápida e objetiva o dente específico e é
conhecido como notação dental. Os dois sistemas de notação dental mais utilizados internacionalmente são a
notação gráfica (em barras), também chamado de sistema de Palmer, e a notação da Fédération Dentaire Internationale
(FDI), também conhecida como sistema FDI, e que é a mais utilizada atualmente.
Notação gráfica (barras) ou sistema de Palmer
Esta notação utiliza-se de duas barras, perpendiculares entre si. A barra horizontal representa o plano oclusal, separando
os dentes superiores dos inferiores. A barra vertical representa o plano mediano, separando os dentes direitos dos
esquerdos. Deve-se observar que a referência é o paciente em posição anatômica, ou seja, olhando para o profissional.
Inicialmente, isso pode gerar certa confusão, pois os dentes do lado direito da barra são, na realidade, os do lado esquerdo
do paciente.
Cada dente é numerado em ordem crescente a partir do plano mediano, utilizando-se números arábicos. Assim, os
incisivos centrais recebem o número 1; os laterais, o número 2; e assim sucessivamente, até o número 8, que é o terceiro
molar:
Para representar cada dente isoladamente, basta desenhar os segmentos de barras e colocar o dente no quadrante
desejado, como nos exemplos a seguir:
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Como as barras ocupam muito espaço, representam-se apenas as barras adjacentes ao dente. Desse modo, quando a
barra estiver acima do dente (ela representa o plano oclusal), ele pertence ao arco inferior, sendo o inverso verdadeiro.
Quando ela está à direita do dente (no papel), o dente pertence ao arco direito, sendo o inverso verdadeiro (Figura 15.9).
Assim:
Regras para a dentição decídua
O mesmo sistema pode ser utilizado também para representar a dentição decídua. Para tanto, utiliza-se o mesmo esquema
de barras, porém os dentes decíduos passam a ser identificados por letras, de A a E, para não serem confundidos com os
dentes permanentes (Figura 15.10). Assim, temos:
Ou, como no caso de dentes isolados:
Notação da FDI (computador)
A notação gráfica é muito prática quando utilizada manualmente, mas não tão eficiente quando se tem que desenhar
barras com computadores. Isso levou a Fédération Dentaire Internationale (FDI) a desenvolver uma notação
exclusivamente numérica, a Notação da FDI, que vem sendo amplamente utilizada internacionalmente.
Na Notação da FDI, os dentes são numerados da mesma maneira que na notação gráfica, ou seja, de 1 a 8. Contudo,
para substituir as barras, criou-se um código que numera cada um dos quadrantes. Para tanto, convencionou-se que a
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numeração se daria em sentido horário, sendo o quadrante superior direito o de número 1, o quadrante superior esquerdo
o de número 2, o quadrante inferior esquerdo o de número 3 e o quadrante inferior direito o de número 4.
Para se localizarem os dentes, utilizam-se dois dígitos. O primeiro representa o quadrante (numerado de 1 a 4); e o
segundo, o dente (numerado de 1 a 8) (ver Figura 15.9). Exemplos:
25 – Segundo pré-molar superior esquerdo
36 – Primeiro molar inferior esquerdo
11 – Incisivo central superior direito.
Regras para a dentição decídua
No caso dos decíduos, não se empregam os números romanos como na notação gráfica, mas, sim, os números arábicos,
de 1 a 5, para representar cada dente (ver Figura 15.10).
Para que os dentes possam ser distinguidos dos permanentes, o que altera é a numeração dos quadrantes. Estes
passam a ser numerados de 5 a 8, seguindo os mesmos critérios dos permanentes. Ou seja:
Para representar individualmente os dentes, utiliza-se o mesmo esquema de dois dígitos. Exemplificando:
64 – Primeiro molar superior esquerdo decíduo
81 – Incisivo central inferior direito decíduo.
Notação americana
Na literatura norte-americana, identifica-se o uso de outro sistema de notação. Nele, os dentes são numerados
sequencialmente, acompanhando a ordem dos quadrantes de 1 a 4. Assim, o dente 1 é o terceiro molar superior direito; e
o 8, o incisivo central superior direito. Seguindo no quadrante 2, o dente 9 é o incisivo central esquerdo; e o 16, o terceiro
molar. No quadrante 3, os dentes vão de 17 a 24 (incisivo inferior esquerdo). Por fim, no quadrante 4, os dentes
continuam de 25 a 32 (terceiro molar inferior direito) (ver Figura 15.9).
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Figura 15.9 Notações utilizadas para representar os dentes permanentes. Adaptada de Bath-Balogh; Fehrenbach, 2011.
Regras para a dentição decídua
Para os dentes decíduos, a lógica é a mesma, seguindo os quadrantes de 1 a 4, mas usando letras. O segundo molar
decíduo direito é o dente “A”. Já o “J” é o do lado oposto. Os dentes inferiores vão de “K” até “T”. Este sistema é mais
confuso e está em desuso internacionalmente, sendo que a Notação da FDI é a mais popular (ver Figura 15.10).
Termos de posição e direção
Em anatomia dental, usa-se uma série de termos de posição e direção distintos, pois os termos anatômicos tradicionais
não se aplicam bem em alguns casos, por exemplo:
Existem dentes superiores e inferiores. A coroa dos inferiores localiza-se superiormente e a dos superiores,
inferiormente. No entanto, funcional e descritivamente, trata-se da mesma estrutura. Assim, os
termos superior e inferior são confusos e dúbios e não se aplicam em anatomia dental
Os dentes dispõem-se na boca em forma de arco, com um giro de quase 90°, se compararmos o incisivo central com o
terceiro molar. Dessa maneira, aface anterior do incisivo é homóloga à face lateral do molar. Do mesmo modo, a face
medial do incisivo é homóloga à face anterior do molar. Portanto, os termos anterior e posterior, bem
como medial e lateral, não se aplicam em anatomia dental.
Devido a esses fatores que dificultam a utilização da nômina anatômica tradicional, convencionou-se utilizar nomes
que levem em consideração a posição do dente na cavidade bucal e com relação às estruturas desta. Criaram-se novos
termos descritivos nos sentidos vertical e horizontal (Figura 15.11).
No sentido vertical
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Quando se descreve a coroa de um dente, empregam-se os termos oclusal e cervical.
Oclusal (incisal). Refere-se à porção da coroa que se relaciona com o plano oclusal. No caso dos pré-molares e
molares, existe uma face oclusal. No caso dos incisivos e caninos, há apenas uma margem oclusal, comumente chamada
de margem incisal.
Cervical. Refere-se à porção da coroa que se continua com o colo e a raiz. Como existe a linha cervical no colo,
permaneceu o termo, cervical.
Quando se descreve a raiz de um dente, empregam-se os termos cervical e apical. E, sempre que uma estrutura se
localizar entre oclusal e cervical (na coroa) ou entre cervical e apical (na raiz), emprega-se o termo médio.
Figura 15.10 Notações utilizadas para representar os dentes decíduos. Adaptada de Bath-Balogh; Fehrenbach, 2011.
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Figura 15.11 Termos de posição e direção empregados em anatomia dental.
Cervical. Como com relação à coroa, refere-se à parte da raiz que se continua com o colo e a coroa, sendo, em geral, sua
porção mais dilatada.
Apical. Refere-se à parte final da raiz, onde se localiza o forame apical e por onde chega o feixe vasculonervoso do
dente.
No sentido horizontal
Neste sentido, não há diferença entre os termos da coroa ou da raiz. Foram criados os termos vestibular e lingual e os
termos mesial e distal. E, tal como com termos empregados no sentido vertical, sempre que uma estrutura se localizar
entre a vestibular e a lingual ou entre a mesial e a distal, emprega-se o termo médio.
Vestibular e lingual. Os arcos dentais dividem a cavidade bucal em duas partes: a cavidade bucal propriamente dita e
o vestíbulo bucal. A primeira localiza-se internamente aos arcos dentais, sendo ocupada pela língua, e a segunda,
externamente, entre os arcos dentais e os lábios/bochechas. Assim, a face – ou parte do dente localizada externamente –,
voltada para o vestíbulo, é a vestibular (na literatura inglesa, utiliza-se o termo “buccal”). A parte, ou face, do dente
voltada para dentro, que contata a língua, é a lingual. Alguns estudiosos empregam o termo palatino para os dentes
superiores, em vez de lingual.
Mesial e distal. Para entender essa nomenclatura, deve-se, imaginariamente, desfazer o arco dental, desdobrando-o de
modo a que todos os dentes fiquem em um mesmo plano frontal. Agora, as estruturas que estiverem voltadas para a linha
mediana serão mesiais e as que estiverem voltadas para fora serão distais. Exemplificando, com o arco em posição, temos
a face “medial” de um incisivo como mesial e, em um molar, a face “anterior” como a mesial.

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