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Universidade Estácio de Sá MEDICINA Biofísica Médica Roteiros / Resumos de Aulas Profa Carmem Adilia Simões da Fonseca Rio de Janeiro 2009 Conteúdo RADIOATIVIDADE RADIAÇÃO IONIZANTE E NÃO IONIZANTE FUNDAMENTOS DE RADIOBIOLOGIA EFEITOS DIRETOS E INDIRETOS DAS RADIAÇÕES ESPÉCIES ATIVAS DE OXIGÊNIO / RADICAL LIVRE DOSIMETRIA CITOGENÉTICA RADIAÇÃO X RADIOPROTEÇÃO RADIOSSENSIBILIDADE RADIOPRODUTOS DO DNA EFEITOS SOMÁTICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES RADIOTERAPIA ULTRASSONOGRAFIA FOTOPRODUTOS DO DNA & FOTOQUIMIOTERAPIA RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA MECANISMOS CELULARES DE REPARAÇÃO DO DNA 2 RADIOATIVIDADE I- Breve histórico / Introdução O fenômeno da radioatividade foi descoberto no fim do século passado: em 1896 Henri Becquerel verificou que sais de urânio emitiam radiações semelhantes aos raios X, capazes de impressionar chapas fotográficas e de ionizar gases. Em 1898, o casal Pierre e Marie Curie deram ao fenômeno o nome de radioatividade e demonstraram que era característico de cada elemento; constataram no rádio, no polônio, no tório e no urânio. Alguns anos após, Rutherford e Soddy puderam explicar o fenômeno da radioatividade e verificar que os átomos radioativos não são estáveis, mas transformam-se, ou seja, ao emitirem radiações, transmutam-se em outro elemento. As “famílias radioativas” têm no atômico superior a 82. A desintegração radioativa pode-se processar por emissão de partículas alfa ou beta. Frequentemente, associada, há ainda, emissão de gama. O estado radioativo: se todas as disposições dos núcleos apresentam uma predominância da energia de ligação, o núcleo é estável; se, dentre as disposições, há algumas que apresentam excesso de energia, o sistema tende a expulsar tal excesso sob forma de radiação corpuscular ou eletromagnética. A unidade de atividade é expressa em curie, cujo símbolo é Ci e representa a atividade de uma quantidade de radioelemento que produz uma taxa de desintegração igual a 3,7 x 1010 desintegrações por segundo. II- Radiação As radiações permitem a propagação da energia à distância, podendo transportá-la de duas formas distintas: a) Emissão de energia na forma de partículas dotadas ou não de carga elétrica (Ex: partículas α e β); b) Emissão de energia na forma de ondas eletromagnéticas (Ex: raios gama). A radioatividade existe em átomos naturais e átomos preparados artificialmente, e constitui um fenômeno de alta significância científica e social. O átomo é constituído por um núcleo que possui prótons, nêutrons, e por isto, o núcleo apresenta uma massa ou um número de massa (A) que corresponde a soma do número de prótons e nêutrons, sendo por isto, este n0 de massa significativo de toda a massa do átomo. O núcleo tem ainda, para caracterizá-lo, o número atômico (Z), que é o n0 de prótons, que por sua vez, é igual ao n0 de elétrons quando o átomo não está ionizado. Os elétrons se localizam em regiões denominadas órbitas. Sendo assim, a representação de um átomo qualquer é feita segundo a nomenclatura: ZX , onde : A A = número de massa ou massa atômica ( prótons + nêutrons); Z = número atômico (prótons); A - Z = número de nêutrons. 3 * Exemplos: 6 C ⇔ A = 12; Z = 6; A - Z = 6 (nêutrons) 12 11 Na ⇔ A = 23; Z = 11; A - Z = 12 (nêutrons) 23 Os isótopos (iso=mesmo; topos=lugar) ocupam o mesmo lugar na classificação periódica dos elementos e possuem obrigatoriamente, o mesmo n0 de prótons, variando contudo o n0 de nêutrons, ou seja, possuem A diferente. Sendo as propriedades químicas dependentes do n0 atômico Z, expressão do n0 de elétrons, os ISÓTOPOS possuem sempre as mesmas propriedades químicas. Os isótopos se dividem em duas grandes classes: 1- Estáveis: não se modificam espontaneamente, isto é, não são radioativos. Exemplos: 8 O e 7 N. 16 14 2- Instáveis: emitem espontaneamente partículas ou energia pelo núcleo, porque o núcleo apresenta excesso de energia, e se denominam RADIOISÓTOPOS. Exemplos: 3H (trício), 14C, 35S, 131I e 99mTc. Os radioisótopos ou radionuclídeos podem ser naturais (14C) ou artificiais (99mTc) Os isômeros apresentam mesmo número de prótons e nêutrons, difere a energia do núcleo. São denominados de metaestável (excesso de energia) e fundamental. III - Tipos de Emissões Radioativas A) EMISSÕES RADIOATIVAS PRIMÁRIAS: 1 - Emissão Alfa: é a mais pesada das partículas tendo massa 4 e carga elétrica +2, (sendo constituída de um núcleo de hélio), ou seja de 2 prótons e 2 nêutrons, sendo seu símbolo = 4 α 2 Isto a torna uma partícula altamente ionizante, deixando um rastro espesso de íons positivos e negativos pelo seu trajeto. Possui trajeto retilíneo e mínima penetração, sendo detida por uma folha de papel. Poucos são os nuclídeos que emitem alfa; o Rádio transforma-se em Radônio por emissão α: 226Ra → 222Rn + 4α 88 86 2 OBS: Todas as partículas alfa de um radionuclídeo são iguais, ou seja, as partículas oriundas da mesma via de desintegração possuem, ou melhor, emitem, a mesma energia (E), desde que não haja outra emissão ou partícula associada. 4 2 - Emissão Beta: a energia das betas, ao contrário do que ocorre com as alfa e gama, não é constante. Os elementos radioativos são capazes de emitir beta com energias que variam de zero até o máximo, sendo este máximo sempre constante e característico de cada nuclídeo. A emissão beta foi explicada em 1934 por Fermi que evidenciou ter esta partícula a massa do elétron, podendo ser negativa (negatron) ou positiva (pósitron). A partícula negativa é exatamente o elétron (e- ou β-), e a positiva é o antielétron ( e+ ou β+). A transformação de um nêutron em próton origina a emissão de um elétron negativo, ao passo que a transferência de um próton em nêutron causa a emissão de um pósitron. O efeito final é como se ocorresse a transformação de um nêutron em próton e vice-versa. Nesta transformação, o no de massa (A – indicado na parte superior) não se altera, mas o no de prótons (Z) aumenta ou diminui uma unidade: Exemplos de emissões β: a) Emissão de β- : 14C → β- + 14N nêutron em próton 6 7 b) Emissão de β+: 22Na → β+ + 22Ne próton em nêutron 11 10 As partículas beta ionizam menos do que as alfa, e são capazes de atravessar superfícies da espessura de uma folha de papel; trajetória retilínea e com desvios. A partícula β+ possui existência efêmera em nosso Universo, de cerca de 10-9 seg. Ela interage rapidamente com a β- e ambas transformam-se em radiação gama. Carga e massa das radiações corpuscular Alfa Elétron Beta negativa Pósitron Nêutron Próton Carga +2e -e +e 0 +e Massa (Kg) 6,644 x 10-27 9,109 x 10-31 9,109 x 10-31 1,675 x 10-27 1,672 x 10-27 3- Emissão gama: a emissão de fótons γ acompanha as emissões alfa ou beta. Não apresenta carga elétrica, sendo uma energia do tipo eletromagnética. É altamente penetrante e dependendo de sua energia, pode atravessar paredes de chumbo de vários centímetros de espessura. São radiações menos ionizantes, mas seu perigo reside na dificuldade de proteção. B) EMISSÕES RADIOATIVAS SECUNDÁRIAS: 1- Captura de elétron 2- Transição Isomérica 3- Captura Isomérica 5 IV - Espectro Eletromagnético TIPO DE RADIAÇÃO COMPRIMENTO DE ONDA NO VÁCUO ondas de radiofrequência superior a 3 x 10-1 m Microondas 3 x 10-1 a 3 x 10-3 m IV 3 a 760 nm luz visível 760 a 400 nm UV 400 a 10 nm raios X e γ inferior a 10 nm V - Energia da Radiações As emissões radioativas possuem alta energia que é geralmente medida em elétron volts: 1 eV = 1,6 x 10-19 joules São usados geralmente os múltiplos:KeV = 103 eV ; MeV = 106 eV; GeV = 109 eV. O eletrón-volt é a energia cinética final que um elétron adquire quando é acelerado entre dois pontos cuja diferença de potencial é 1 volt. VI- Decaimento radioativo A radioatividade de um material qualquer diminui com o passar do tempo. Essa diminuição é denominada DECAIMENTO RADIOATIVO. Para definir o tempo de decaimento convencionou-se especificar a MEIA-VIDA (t ½ ) onde: t ½ é o tempo que decorre para a radioatividade cair à metade. A meia- vida é característica do radioisótopo: 35S → t ½ = 87,5 dias 14C → t ½ = 5.600 anos 3H → t ½ = 12,4 anos 131I → t ½ = 8,1 dias 99mTc → t ½ = 6 horas Transmutação ou desintegração radioativa é quando ocorre a modificação do elemento químico, após a emissão de radiação. 226Ra → 222Rn + 4α 88 86 2 • meia-vida física • meia-vida biológica • meia-vida efetiva 6 Decaimento Radioativo / Desintegração Nuclear / Transmutação Radioativa ¾ Emissão de radiação ou partícula alfa (α) 238 234 4 U → Th + He (α) 92 90 2 ¾ Emissão de partícula beta negativa (β−) 14 14 Excesso de nêutrons C → N + β− Transformação de nêutron em próton 6 7 ¾ Emissão de partícula beta positiva (β+) ou pósitron 11 11 C → B + β+ Transformação de próton em nêutron 6 5 ¾ Emissão de raios gama (δ) A m A X → X + δ Z Z m = metaestável 7 Série do URÂNIO 8 VII - Atividade Radioatividade A unidade internacional de medida da radiação mais usada é o CURIE (Ci) que é o número de emisões (não se deve utilizar desintegrações, pois nem sempre há desintegração do átomo) por unidade de tempo. Sub-unidades: mCi (mili), μCi (micro), nCi (nano) e pCi (pico). A medida de atividade específica é importante principalmente nos laboratórios de pesquisas, esta relaciona a atividade com a massa do material emissor (Ci x g-1). Outra unidade também utilizada é o Becquerel (Bq), e a equivalência é: 1 Ci = 3,7 1010 Bq. VIII - Interação das emissões com a matéria A interação das emissões radioativas com a matéria depende, principalmente, dos seguintes fatores: tipo e energia da emissão, e das características do material. “A matéria que absorve energia das emissões radioativas fica ionizada”. * Tipos de interação: 1. Interação α - matéria ⇒ as partículas α interagem intensivamente arrancando elétrons por atração. A trajetória α é retilínea. 2. Interação β - matéria a) Repulsão de elétron ⇒ os negatrons ou β- , ao passarem perto dos orbitais, repelem elétrons pela energia cinética e carga negativa. A trajetória é cheia de desvios, devido aos choques com a matéria. b) Aniquilação ⇒ quando um positron (β+) se choca com um negatron (β-), a matéria se transforma em radiação γ de energia característica (0,51 MeV). 3. Interação γ - matéria & Interação X-matéria a) Efeito fotoelétrico (emissão γ de baixa energia: até 1 MeV) b) Efeito Compton c) Formação de par-iônico (não ocorre na matéria viva) IX - Produção de radioisótopos Somente depois que se tornou possível produzir artificialmente os radioisótopos é que seu emprego tornou-se extensivo em medicina. Quando foi possível a produção de radioisótopos artificiais, os médicos passaram a contar com uma grande variedade de radionuclídeos, adaptáveis a cada teste e de meia-vida curta, adequados ao tempo de duração do exame e compatíveis com o estado de saúde do paciente. Radioisótopos usados em medicina: 137 Cs, usado em teleterapia; 90S, usado em radioterapia, 140Ba. São todos de grande utilidade científica e devem ser conhecidos dos médicos pela possibilidade de contaminações provenientes de explosões nucleares e/ou acidentes nucleares, tanto mais graves quanto mais longo for o período de desintegração desses elementos. “Os radionuclídeos e o radiocomposto ou radiofármaco se comportam de maneira semelhante aos similares não radioativos”. 9 X - Detecção e Registro da Radioatividade * Autoradiografia - impressão de um filme fotográfico devido ao poder ionizante das radiações Detectores a Gás: ¾ Câmaras de ionização (dosimetria pessoal e monitores de laboratório) - Dosímetro de bolso - Crachá dosimétrico - Calibrador de dose ¾ Contadores proporcionais (partículas carregadas) ¾ Tubos Geiger-Müller (análise radiação ambiente) Detectores a Cintilações: ¾ Cristais orgânicos (benzênicos) e inorgânicos (iodeto de Na ativado ao tálio) O cintilador tem que ter bom rendimento óptico e um tempo de luminescência curto. Preferencialmente para emissores beta. Características dos cristais: - Número atômico elevado - Alta densidade - Transparente a luz que emite - Eficiente na transformação da energia absorvida em luz Cristal → Fotocatodo → Fotomultiplicador → Pré-amplificador → Amplificador → Analisador de altura de pulso → Medidor de taxa de contagem / escalímetro / câmara ¾ Líquidos Elementos básicos: solvente (tolueno e benzeno), cintilador primário (PPO ou 2,5 difeniloxazol), ás vezes um cintilador secundário (POPOP ou 2,2’- parafenileno 5-fenilozaxol) e o tubo fotomultiplicador. Preferencialmente para emissores gama. 10 XI - Uso de Radioisótopos e Radiação em Biologia * Uso Analítico - Análise por diluição isotópica (ex: determinação de histamina) - Estudos metabólicos e de transportes → seguir o caminho da substância radioativa permite identificar o metabolismo, tanto na fase anabólica (síntese) como na catabólica (degradação). As trocas de compartimentos são facilmente acompanhadas. - Radioimunoensaio Analítico e diagnóstico (ex: imunologia Ag-Ac) - Datação Radioisotópica → através do decaimento radiativo pode-se determinar datas com precisão. Utilizando o “carbono 14” - ciclo carbono dos seres vivos. - Autoradiografia (fotografia) - Radiação X e γ . * Uso Diagnóstico - Cintilografias - Função tireoideana, renal e hepática. - Estudos do cérebro e componentes hematológicos. - Determinação dos componentes biológicos (volume dos compartimentos intracelular, extracelular e vesicular). * Uso Terapêutico - Braquiterapia - Teleterapia * Uso Ecológico - Estudo de migração da fauna - Controle populacional de insetos (esterilização de machos) -Controle da poluição de material orgânico. ** Medicina Nuclear 11 RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES Em uma interação, a radiação cede a uma molécula a quantidade de energia Q. Esta energia pode ser suficiente para arrancar um elétron orbital e comunicar-lhe energia cinética, isto é, provocar a IONIZAÇÃO; em outros casos, ela pode ser insuficiente para promover a ejeção do elétron, mas consegue transportá-lo para um nível energético superior (órbita mais externa), acarretando EXCITAÇÃO ou ATIVAÇÃO. A energia necessária para arrancar o elétron mais fracamente ligado de um átomo constitui o primeiro potencial de ionização. Ao comparar estes valores com a energia de alguns tipos de radiação, verificamos que as radiações infravermelha, visível e parte das ultravioleta não possuem energias suficientes para arrancar elétrons dos elementos químicos mais importantes na matéria viva; sendo assim, estas radiações são consideradas, para fins biológicos, como NÃO IONIZANTES ou EXCITANTES. 12 Radiação Ionizante = RADIO Radiação Não Ionizante = FOTO Primeiros potenciais de ionização: C = 11,27 ev H = 13,60 eV O = 13,62 eV N = 14,55 eV. Fontes de emissão eletromagnética: I.V. = 4,1 x 10-4 eV U.V = 3,1 eV Visível = 1,6 eV Raios X e Gama = Maior que 124 eV. Os raios X e gama ionizam enquantoo U.V. apenas excita os materiais biológicos. Assim: - Radiações ionizantes: partículas alfa e beta, raios gama e X. - Radiações não ionizantes: IV, UV, LV, MO, OC e RF. A absorção de radiação eletromagnética pode depender da natureza dos átomos que constituem a matéria irradiada (radiação ionizante) ou de como estes átomos estão associados para formar moléculas (radiações não ionizantes). Radiolesões e Fotolesões As lesões observáveis após a exposição de organismos às radiações são consequência de eventos primários, que consistem em modificações produzidas em um ou mais tipos de moléculas, denominando-se RADIOLESÕES às lesões produzidas pelas radiações ionizantes e FOTOLESÕES àquelas produzidas pelas radiações não ionizantes. 13 Fluorescência e Fosforescência - EXCITAÇÕES ATÔMICAS: um átomo no estado fundamental se caracteriza por determinada configuração eletrônica e por uma quantidade total de energia. A interação de uma radiação com este átomo pode provocar a passagem de um elétron para um nível energético “mais externo”, ficando o átomo com uma energia total superior à que tinha anteriormente. Nesta configuração o átomo é instável e deve retornar ao estado fundamental, sendo este retorno acompanhado de emissão de energia, muitas vezes sob a forma de fótons. A energia da radiação emitida por um átomo ativado depende das órbitas entre as quais se processem os saltos eletrônicos; logo, saltos entre órbitas mais externas dão origem à luz visível ou ao UV, enquanto que os que se processem nas órbitas internas podem conduzir à emissão de raios X. Se a energia cedida a um elétron for superior à sua energia de ligação, ele será ejetado, ficando o átomo ionizado. - EXCITAÇÕES MOLECULARES: em moléculas os fenômenos são mais complexos que nos átomos, pois, além da energia necessária para arrancar elétrons, outra parcela deve ser gasta em processos de ativação. Se a energia é capaz de “promover” um elétron para um nível superior, a molécula passa para um estado eletônico excitado (S1); este pode ser denominado de: singleto (elétrons emparelhados) ou de tripleto (ocorre inversão do spin, elétrons não emparelhados; sendo estes estados com duração bem maior que a dos singletos). FORMAS DE DESATIVAÇÃO: o excesso de energia adquirido por uma molécula pode ser utilizado em reações químicas das quais ela participe ou por meio da sua dissociação (radiólise ou fotólise). Mas este excesso pode também ser eliminado por outros mecanismos, quais sejam: a) Desativação com emissão de radiações eletromagnéticas (fluorescência ou fosforescência); b) Desativação sem emissão de radiação (choques intermoleculares, transferências de energia e processos de conversão interna). As principais características da fluorescência são: - a emissão é quase instantânea; - produz fótons em todas direções; - o espectro é característico da substância que o emite; - a intensidade é proporcional à intensidade da radiação excitante. A fosforescência pode ser definida como a emissão “retardada”da luz após a excitação. Em termos quânticos, pode-se dizer que a fosforescência ocorre em conseqüência de transições energéticas “proibidas” (raras); tal tipo de emissão ocorre, por exemplo, na passagem do estado tripleto para o singleto fundamental. 14 FUNDAMENTOS DE RADIOBIOLOGIA EFEITOS DIRETOS E INDIRETOS DAS RADIAÇÕES ESPÉCIES ATIVAS DE OXIGÊNIO / RADICAL LIVRE • Conceito: radiação ionizante e radiação não ionizante. • Radiolesão Efeito Direto ⇒ a energia da radiação é transferida diretamente para a macromolécula, modificando sua estrutura. Efeito Indireto ⇒ a energia da radiação é transferida para uma molécula intermediária, cuja radiólise carreta a formação de produtos altamente reativos capazes de lesar a macromolécula. 80% do efeito total promovido pela irradiação. Representação esquemática dos efeitos diretos e indiretos das radiações ionizantes. OH• ← H2O ← Efeito Indireto Efeito Direto 15 • EAO e Radical Livre - Conceito RL: é um átomo, ou molécula, que possui um ou mais elétrons não emparelhados, o que lhe assegura enorme reatividade química. RI → H2O → H• + OH• - Radiólise da água: RI → H2O → H2O+ + e- e- + H2O → H2O- H2O+ + H2O → H+ + H2O + OH• H2O - + H2O → OH- + H2O + H• - Meios oxigenados: e- + O2 → O2- O2 - + H2O → OH- + HO2• H• + O2 → HO2• - EAO e Metabolismo celular O2 ⇒ 02 elétrons não emparelhados, cada um situado num orbital, com spin de mesmo sinal e em estado tripleto. Aerobiose: C6H12O6 + O2 → 6 H2O + 6 CO2 Anaerobiose: C6H12O6 → 2 C2H5OH + 2 CO2 O2 + e− → O2• − + e− + 2H+ → H2O2 + H+ + e− → OH• + H2O → + e− + H+ → H2O H2O2 + Fe++ → Fe+++ + OH− + OH• Reação de Fenton 16 - EAO e Defesas Orgânicas a) Endógenas = enzimas anti-oxidantes: catalase, SOD e glutationa peroxidase; coenzima Q10; enzimas de reparo do DNA O2• − + O2• − + 2H+ SOD H2O2 + O2 H2O2 + H2O2 CATALASE 2H2O + O2 b) Exógenas = vitaminas: A, C e E; aceptores químicos: cisteína, manitol e alupurinol Vit. A – excelente captador de radicais peróxidos Vit. C – atua diretamente sobre radicais supéroxido e hidroxil (a oxidação da vit. C gera o peróxido de hidrogênio) Vit. E – protege as membranas celulares * Endógenas secundárias: melatonina; transferrinas; ferretinas. * Aminoácidos * Minerais Co-fatores: SOD – Cu, Zn SOD – Mn SOD – Fe Espécies Ativas Antioxidantes Radical superóxido SOD, Ascorbatos, Glutationa e Ubiquinona Peróxido de hidrogênio Catalase, Glutationa Peroxidase Radical hidroxila Metionina, Ascorbatos Radicais peróxidos Retinal Oxigênio singleto β-caroteno, α-tocoferol, Glutationa Radicais de ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) β-caroteno, α-tocoferol Hidroxiperóxidos de ácidos graxos orgânicos Glutationa Peroxidase 17 - EAO e Patologias Doenças provavelmente associadas à atividade dos oxirradicais Local Doenças Cérebro Isquemias transitórias (acidentes vasculares encefálicos), encefalomielites, doenças desmielinizantes, demência senil, Doença de Parkinson, Doença de Alzheimer (?). Olho Glaucoma, catarata, retinopatia diabética. Aparelho Cardiovascular Isquemia miocárdica, cardiopatias, síndromes anginosas, insuficiência venosa e arterial, vasculites, arteriosclerose, aterosclerose (?). Aparelho Respiratório Edema intersticial, edema alveolar, enfisema, pneumonias, ação de poluentes, síndrome de angústia respiratória, neoplasias (?). Trato Gastrointestinal Doenças ulcerosas, esofagites, enterocolites, insuficiência hepática, doença de Crohn, hepatites, pancreatites, colecistites, hemorragias disgetivas. Sistema Renal Glomerilonefrites, lesões tubulares, vasoconstrição arteriolar. Pele Efeitos oriundos da radiação solar, câncer(?) Articulações Artrites. Variado Choque, gota, envelhecimento. Fonte: A. Shaneider, Ciência Hoje vol. 27 no 158 – 2000 (Modificado) - EAO e Quimioterapia Substâncias radiominéticas: bleomicina, adriamicina. - EAO e Radioterapia Dose fracionada e Efeito Oxigênio - EAO e Defesa Imunológica - EAO e Medicina Ortomolecular ou Biomolecular 18 Substâncias antioxidantes e as suas fontes. Alguns exemplos: Ácido fenólico: uva, morango, brócolis, repolho, cenoura, frutas cítricas, berinjela, tomate e grãos. Ácidos graxos ômega 3: óleo de canola, linhaça, nozes e peixes. Bioflavonóides:frutas frescas e verduras. Taninos: uva, morango, chá verde Curcumina: açafrão e cominho Genistelina: brócolis Indóis: rabanete e mostarda (folha). Beta-caroteno: legumes e frutas verdes amarelo-alaranjados e vegetais folhosos verde-escuros. Isoflavonas: leguminosas (feijão, soja, amendoim, grão-de-bico, lentilha e ervilha). Licopeno: tomate, melancia, goiaba vermelha e caqui. Quercetina: cascas de uva e vinhos (branco e vermelho). Vitamina C: acerola, frutas cítricas, brócolis, tomates, morango. Vitamina E: Germe de trigo (e óleo), óleos de milho e girassol. 19 DOSIMETRIA CITOGENÉTICA ¾ Estimar a dose absorvida (dose média de corpo inteiro) pelas pessoas superexpostas* à radiação, com o objetivo de se planejar a terapia adequada. * Superexposições agudas ou subagudas, uniformes e de corpo inteiro. Princípio do método: Radiações Ionizantes penetrantes → irradiam as células do corpo → atingem os cromossomos do núcleo celular → danos = aberrações Limite mínimo de detecção do método: 0,1 Gy ou 10 rad Procedimento Experimental: Coleta asséptica de 10 mL sangue venoso (sangue periférico) + heparina → refrigeração 4oC → cultura em meio com fitohemaglutinina (37oC - 45 h) → colchicina → incubação 37oC – 3 h) → Centrifugações → solução hipotônica (KCl) → Fixação metanol-ác. Acético → Preparo das lâminas → Coloração Giemsa Análises microscópicas (microscópico ótico): 500 células (metáfases com 46 ou mais cromossomos) por indivíduo. Fotomicrografia dos cromossomos metafásicos e cariograma (mulher normal) 20 Aberrações cromossomiais; Aberrações cromossomiais • Aberrações numéricas • Aberrações estruturais RI cromossomos (> aberrações estruturais) RI ⇒ DNA (cromossomos) → Radioprodutos → Quebra dupla* ⇓ aberraaberraçção cromossômicas estruturaisão cromossômicas estruturais *RI = agente clastogênico (indutor de aberrações cromossômicas) Aberrações cromossomiais estruturais • Aberrações cromossômicas • Aberrações cromatídicas RI ⇒ antes da fase S ⇒ aberrações cromossômicas (dicêntricos, anéis e acêntricos) RI ⇒ após a fase S ⇒ aberrações cromatídicas (trocas e quebras cromatídicas) RI ⇒ durante a fase S ⇒ aberrações cromossômicas e aberrações cromatídicas Dosimetria Citogenética Fonte: A. T. Ramalho, Dosimetria Citogenética, IRD/CNEN – 1993. 21 Aberrações do tipo cromossômico • Aberrações instáveis Acarretam perda de material genético durante a divisão celular, de modo a haver produção de células inviáveis • Aberrações estáveis Incluem todas as que conseguem se perpetuar indefinidamente através de sucessivas mitoses, como as translocações (técnica bandeamento) Dosimetria Citogenética Frequência das aberrações após irradiação aguda: dicêntricos = 60% anéis cêntricos = 5% Aberrações (estruturais) cromossômicas instáveis • cromossomos dicêntricos (a) • anéis cêntricos (b) • fragmentos acêntricos (c) (a) (b) (c) (deleções terminais e intersticiais (minutos); anéis acêntricos (d) e fragmentos) Não são utilizados frequentemente para quantificar o dano radioinduzido (d) minuto (c) 22 Metáfase com aberrações cromossômicas instáveis radioinduzidas (dic = dicêntrico; na = anel cêntrico; ac = acêntrico) 23 Aberrações estruturais do tipo cromossômico, envolvendo apenas um cromossoma (quadro superior) ou dois (quadro inferior). As setas indicam pontos de quebras radioinduzidas. Fonte: A. T. Ramalho, Dosimetria Citogenética, IRD/CNEN – 1993. 24 Curva de calibração e estimativa de dose (intervalo de confiança a 95%) - Curva (do tipo dose-resposta) de calibração in vitro. - Freqüências semelhantes para irradiação in vivo e in vitro. 25 Curva dose – resposta Termo Linear Dicêntrico → único evento 1o de ionização, mesmo fóton Frequência linearmente proporcional à dose Ionizações não independentes Independe da tx dose e do fracionamento Predomina nas doses mais baixas Termo Quadrático Dicêntrico → 2 eventos 1os de ionização distintos, oriundos de fótons distintos Ionizações independentes Doses mais altas αD βD2 Y = αD + βD2 Radiações de baixa TLE Y: frequência de aberrações (dicêntricos + anéis cêntricos ou apenas dicêntricos); D: dose; α e β: constantes Curva dose – resposta Y = αD Radiações de alta TLE Termo Linear Dicêntrico → eventos de uma mesma partícula Elevada probabilidade Este formato linear também é utilizado para casos de: - fragmentos acêntricos em excesso - exposições prolongadas e/ou fracionadas; pois βD2 aproxima-se de zero (quando a curva for produzida por irradiações agudas) 26 Tempo de persistência das aberrações instáveis: ¾ Dados limitados na literatura ¾ Linfócitos periféricos com meia-vida de 3 anos (?) ou mais (?) ¾ Preconizado a coleta de sangue num intervalo de poucas semanas após a exposição. A freqüência de aberrações cromossomiais instáveis mantém-se estável por cerca de um mês após a exposição, quando então começa a decair exponencialmente com meia vida entre 100 dias a 3 anos, dependendo, principalmente da dose recebida. Quando a dose recebida é baixa (menor que 1 Gy), a meia-vida de desaparecimento das aberrações tende a ser mais longa. Vantagens de analisar aberrações cromossomiais em linfócitos: • Fácil obtenção (coleta de sangue venoso) • Extremamente radiossensíveis • Praticamente, não se dividem na corrente sanguínea (“preservação” dos danos) • Possuem tempo de vida longo (frequência de aberrações “estável”) • Podem ser estimulados à divisão celular in vitro e esta pode ser parada na metáfase. Praticamente todas as células estão em intérfase favorecendo somente aberrações do tipo cromossômicas • Frequências de aberrações iguais in vitro e in vivo (construção de curvas de calibração in vitro) 27 RADIAÇÃO X I. Radiação Ionizante: Raios X Os RX são obtidos quando elétrons são acelerados com determinada velocidade (dentro de ampolas de elevado vácuo), e ao chocaram-se e/ou interagirem contra anteparos metálicos, liberam energia cinética na forma de RX (ampola de Raios X) e calor (99%). Os RX gerados nessas ampolas possuem propriedades que dependem de vários fatores: a) Diferença de potencial entre o cátodo e o ânodo que geram a ddp na ampola; quanto maior é a voltagem (KV) gerada mais energético é a rad. X; b) Fluxo de elétrons; quanto > a temperatura do cátodo ou quanto maior o tempo de geração de elétrons (mA), maior será a quantidade de RX gerado. Os raios X são produzidos pelos seguintes mecanismos: 1- Raios X de Frenagem ou Contínuo: encurvamento na trajetória dos elétrons quando estes se aproximam do núcleo dos átomos-alvos, perdendo parte da sua energia cinética. 2- Raios X Característicos: interação do elétron com o material do anteparo* (ampola de Raios X). * deslocamento de elétrons das camadas L e K dos átomos-alvos 28 A) Propriedades dos Raios X: De acordo com a energia intrínseca, os RX são classificados em duros (muito energéticos), médios e moles (pouco energéticos). Os duros penetram mais profundamente do que os moles, sendo capazes de atravessar ossos; os moles penetram apenas em tecidos moles ou pouco densos. A absorção da radiação é proporcional à densidade estrutural dos tecidos. Assim, ossos e cartilagens absorvem mais do que músculos, tecido adiposo, e com isso, dão sombra à imagem. Na chapa negativa eles aparecem mais claros porque absorvem mais radiação. Certas partes dos sistemas biológicos podem ser artificialmente opacificadas aos RX, através do uso de contrastes. Esses compostos são radiopacos, isto é, possuem pouca transparência aos RX, e quando injetados ou ingeridos, dão o contraste necessário. Os vasos sanguíneos são radiotransparentes, mas a injeção de subtâncias contendo altas concentrações de iodo na molécula permite avisualização desses vasos, na técnica conhecida como angiografia. A ingestão de sais de bário opacifica o lúmen do sistema digestivo e permite o exame desse sistema. B) Densidades radiológicas (radiopaco ⇒ hipotransparente ⇒ radiotransparente) Radiopaco: Pb → Branco (totalmente branco) BaSo4 → Branco Osso → Branco / Esbranquiçado Hipotransparente: Músculo, Sangue, Fígado & H2O → Cinza claro Radiotransparente: Gordura → Cinza escuro Ar → Preto 29 C) Principais mecanismos de interação com a matéria viva: - Efeito Fotoelétrico - Efeito Compton D) Alguns fatores a serem considerados na escolha da dose de RX: - Espessura do tecido a ser atravessado: existem tabelas próprias, sendo estas doses aproximadas e dependentes do aparelho, do filme e da corrente aplicada (60 a 90 kV); - Massa muscular do indivíduo: indivíduos de grande massa muscular devem receber doses altas (aumentar a dose em 2 a 5 KV) e indivíduos idosos, doses menores; - Idade do paciente: crianças devem ter a dose diminuída em cerca de 50%; - Distância entre a fonte produtora e chapa sensível: quanto maior a distância menor a intensidade. - Quantidade de RX: correta regulagem do aparelho (KV, mA e tempo) Se a mA é alta, o tempo deve ser pequeno (poucos segundos) para evitar os artefatos. KV = energia dos fótons e mA = densidade ou número de elétrons. Permanência da radiação: ao contrário do que muitos pensam a irradiação termina instantaneamente com o desligamento do emissor, como se uma lâmpada fosse apagada; os efeitos é que podem perdurar. E) Mamografia 30 F) Tomografia Computadorizada Planos dos cortes axial e coronal do crânio Esquema dos cortes axiais no corpo humano Radiologia na Formação do Médico Geral – Koch e col. - Revinter 31 Interação dos raios X com a matéria RX → Meio ≡ Absorção → Rx emergente ( < intensidade) RX → Meio ≡ Espalhamento → Rx emergente ( < intensidade) (mudança direção de propagação) RX secundários - velamento da película radiográfica (fótons espalhados) - obscurecendo desuniformemente o filme < E >λ - empobrecimento da qualidade de imagem Grade Potter-Bucky 1) ESPALHAMENTO COERENTE OU RAYLEIGH OU THOMSON Rx ⇒ Átomo ⇒ Átomo excitado (salto de e-) ⇒ retorno do e- ⇒ emissão de fóton (=λ ≠ direção) Sem ionização do átomo-alvo. Sem relevância para as radiografias (< 5% RX). 32 2) EFEITO FOTOELÉTRICO Rx ou δ ⇒ Transferência Total de E ⇒ e- orbital ⇒ e- ejetado - camada K (fotoelétron) = átomo ionizado ⇒ rearranjo e- orbitais ⇒ emissão de RX orbital e- orbitais K e L = RX característico / orbital e- orbitais periféricos = radiação baixa E (LV) ou calor Ioniza o átomo-alvo. Desejável para as radiografias, forma imagem com elevado contraste entre órgãos. 33 3) EFEITO COMPTON θ Fóton emergente (< E ≠ direção) ⇑ Rx ou δ ⇓ Transferência Parcial de E ⇒ e- orbital periférico ⇒ e- ejetado (elétron Compton) >θ >E transferida <E do fóton emergente Radiodiagnóstico: - reflexão dos fótons emergentes em direção a ampola de RX - fótons emergentes com baixo θ e alta E não são retidos pelos filtros e passam pela grade comprometendo a qualidade da imagem. - fótons emergentes aumentam a probabilidade de irradiação dos técnicos (radioscopias). Radioterapia: - refração dos fótons emergentes (se afastam da ampola). 34 4) PRODUÇÃO DE PAR RX (E ≥ 1,02 MeV) ⇒ núcleo atômico pesado (proximidades) ⇒ Formação de duas partículas (pósitron e négatron) que se afastam em grande velocidade Esta interação não ocorre nas faixas de energias utilizadas no radiodiagnóstico 5) FOTODESINTEGRAÇÃO RX alta E (7 a 15 MeV) ⇒ absorvido pelo núcleo atômico ⇒ núcleo desestabilizado ⇒ ejeção de nêutron, de próton ou de α Esta interação não ocorre nas faixas de energias utilizadas no radiodiagnóstico 35 RADIOPROTEÇÃO Radio = radiação ionizante Princípios Básicos da Proteção Radiológica: - Qualquer exposição às radiações envolve um certo risco de indução de efeitos somáticos e genéticos; - O risco cresce linearmente com a dose acumulada, mesmo para valores muito baixos de dose; - Não existe uma dose segura de radiação. Requisitos Básicos da Proteção Radiológica: - Nenhuma atividade que envolva exposição de indivíduos ou populações às radiações deve ser adotada, a menos que ela produza benefícios reais. - Todas as exposições às radiações devem ser mantidas tão baixas quanto realmente alcançáveis, levando-se em conta considerações econômicas e sociais. - As doses de radiação sobre indivíduos não devem exceder os limites de doses recomendados pelos organismos nacionais e/ou internacionais de proteção radiológica, em cada circunstância determinada. Objetivos da Proteção Radiológica: - Evitar os efeitos agudos das radiações, que se manifestam a curto prazo, após exposição a doses elevadas de radiação; - Limitar os riscos dos efeitos tardios, induzidos por baixas doses de radiação, a um nível aceitável. Conceito ALARA “As Low As Reasonably Achievable” 36 Organizações Internacionais: - ICRP = Comissão Internacional de Proteção Radiológica Tarefa: definir e divulgar as recomendações fundamentais para a proteção radiológica no uso das radiações. - ICRU = Comissão Internacional de Unidades Radiológicas Tarefa: padronizar métodos de uso, de medidas e define as unidades radiológicas. - IAEA = Agência Internacional de Energia Atômica Tarefa: produz padrões para a proteção radiológica e define limites de segurança. - WHO = Organização Mundial de Saúde Tarefa: entidade científica para deliberar sobre questões técnicas que interessam à humanidade; colabora com a IAEA. - CNEN = Comissão Nacional de Energia Nuclear Tarefa: é o órgão brasileiro responsável pelo acompanhamento e controle do uso de fontes radioativas no país. Principais medidas de Proteção Radiológica: • Distância da fonte “A intensidade das radiações emitidas por uma fonte pontual é inversamente proporcional ao quadrado da distância”. As radiações alfa tem percurso muito limitado no ar (até 3 cm) e as beta podem alcançar até 3 m. • Blindagens Partícula alfa – jaleco, luvas, óculos... Partícula beta – alumínio, vidro... Raios gama e X – chumbo, ferro, concreto... (materiais de elevado Z) Coeficiente linear de absorção = capacidade do meio para reter a radiação (penetrante) incidente por unidade de percurso e o seu valor depende do estado de agregação do meio. 37 Transferência linear de energia (TLE ou LET) = quantidade de energia que a radiação deposita no meio por unidade de trajeto percorrido. Camada semi-redutora (HDL) = espessura do material absorvente capaz de reduzir à metade o feixe de fótons, e conseqüentemente a dose de radiação. • Tempo de exposição O tempo de exposição deve ser o mínimo possível, assim diminui a dose de radiação absorvida e também porque as doses são cumulativas. Reduzir o tempo de exposição de modo a manter a dose acumulada no período de trabalho inferior ao limite de dose para o mesmo período. • Radioprotetores químicos Substâncias redutoras (geralmente constituídas de grupamentos SH) que diminuem os efeitos das radiações, porque se oxidam por irradiação direta ou se combinam com os radicais oxidantes gerados pelas radiações. Alguns agem provocando vasoconstricção ou alterando o metabolismo celular, reduzindo o teor de O2. Ex: Aminotióis: cisteínas, cisteaminas (β-mercaptoetilamina), glutationa...; cianeto de sódio, monóxido de carbono, histamina, serotonina... Limitações: - Presente no momento da irradiação - Distribuição não homogenia / uniforme - Sem especificidade - Hepato e nefrotoxicidade - Eficiência inferiora 100% - Custo elevado 38 • Normas rígidas de segurança / Simulações - Cumprimento dos limites de doses estabelecidos pelas autoridades competentes. - Locais de trabalho com fontes de radiação devem ser construídos com materiais/infra-estrutura apropriados e devem ser freqüentemente monitorados com detectores de radiação. - Tratamento adequado dos rejeitos radioativos. - Medidas de descontaminação. Contaminação Radioativa X Irradiação Contaminação = caracteriza-se pela presença indesejável de um material, radioativo ou não, em determinado local, onde não deveria estar. Irradiação = exposição de um objeto ou corpo à radiação, o que pode ocorrer a alguma distância, sem necessidade de um contato íntimo. “Irradiação não contamina, mas contaminação irradia” • Descontaminação Consiste em retirar o contaminante da região onde se localizou; a partir do momento da remoção do contaminante, não há mais irradiação. 39 Gerência de Rejeitos Radioativos Licenciamento de Instalações Radioativas Rejeitos Radioativos (lixo atômico): - Tratados antes de serem liberados para o meio ambiente; A liberação ocorre quando o nível de radiação é igual ao do meio ambiente e quando não apresentam toxidez química. - Armazenamento dos rejeitos de meia-vida curta em locais apropriados até a sua atividade atingir um valor semelhante ao do meio ambiente, para então serem liberados; - Armazenamento em tambores ou caixas de aço, após classificação e identificação – Depósitos de Rejeitos Radioativos; - Usinas de Reprocessamento, para tratamento especial dos produtos oriundos dos reatores nucleares. Instalações Radioativas: Classificação: - Instalações que utilizam fontes seladas - Instalações que utilizam fontes não seladas - Instalações que utilizam aceleradores de partículas Dosimetria - Monitores de ambiente: Geiger-Müller (detetor a gás) - Cintiladores (cristais ou líquidos) - Dosímetros de bolso (câmara de ionização) - Crachá dosimétrico Análise mensal do crachá dosimétrico: LCR / UERJ IRD / CNEN - Dosimetria citogenética 40 Níveis de Referência: • Nível Registro = 0,2 mSv • Nível de Investigação = 1, 2 mSv • Nível de Intervenção = 4 msV Principais unidades radiométricas Descrição Nome Símbolo Definição Atividade curie becquerel Ci Bq 3,7 x 1010 dps 1 dps Exposição roentgen R 2,58 x 10-4 C/Kg (1R = 0,96 rad) Dose absorvida rad gray rad Gy 100 erg/g 100 rad Dose equivalente rem sievert rem Sv rad x QF 100 rem dps = desintegrações por segundo C = Coulomb (carga elétrica) QF = fator de qualidade de radiação; grandeza utilizada para estimar o dano biológico potencial das radiações (quanto maior o TLE, maior o QF). Dose equivalente = grandeza que relaciona o dano biológico com as doses de radiação. 41 Eficácia Biológica Relativa (EBR ou RBE) = fator de correção criado para comparar os efeitos biológicos das diversas radiações. Os diferentes tipos de radiação produzem efeitos biológicos diferentes. Isso porque cada radiação deposita no material biológico quantidades diferentes de energia por unidade de comprimento de percurso ou por unidade de volume irradiado (diferentes TLE). Ex: Para se produzir um efeito biológico semelhante de uma determinada radiação alfa (alta TLE) é preciso irradiar o tecido com uma quantidade de radiação X, gama ou beta, que seja em torno de 20 vezes maior do que a da radiação alfa. Limites de exposição recomendados (doses permissíveis) Dose limite Categoria Período rem mSv Radioatividade natural Exposição ocupacional Corpo inteiro Gônodas, medula óssea Cristalino Pele, osso, tireóide Extremidades Outros órgãos Mãos Gestantes: feto Pessoas do público Dose acumulada ano ano ano ano ano ano ano ano ano ano ano vida 0,2 5 5 5 15 30 40 50 75 0,5 0,16 (até 0,5) Idade 2 50 50 50 150 300 400 500 750 5 1 (até 5) Idade x 10 Fontes: Knoche, 1991; in Rocha, 1976; in Wald & Stave, 1994; NCRP, 1987 ; in Stimac, 1992 42 10 princípios e 10 mandamentos de proteção radiológica Princípio Mandamento 1- Tempo Apresse-se, mas não se precipite = Minimize o tempo de exposição 2- Distância Fique longe da fonte de radiação = Maximize a distância 3- Dispersão Disperse ou dilua a fonte = Minimize a concentração; maximize a diluição 4- Redução da fonte Use o mínimo possível = Maximize a produção 5- Blindagem Mantenha a radiação dentro = Maximize a absorção (blinde); minimize a liberação de material (confine-a) 6- Proteção individual Mantenha a radiação fora = Isole o indivíduo com barreiras 7- Descontaminação Coloque-a fora ou para fora = Maximize a remoção; minimize a absorção 8- Minoração do efeito Limite o dano = Otimize a exposição; use bloqueadores; induza o reparo 9- Otimização da técnica Escolha a tecnologia mais apropriada = Maximize a relação custo-benefício 10- Limitação de outras exposições Não associe riscos = Minimize a associação com agentes que potencializem seus efeitos Extraído de: STROM, A.J. Ten principles and ten commandments of radiation protection. Health Physics, 3 (70), 1996. 43 RADIOSSENSIBILIDADE “São mais radiossensíveis as células que exibem maior atividade mitótica e/ou menor grau de diferenciação.” Lei de Bergonié e Tribondeau Classificação das células de mamíferos quanto à radiossensibilidade: Grupo Características celulares Capacidade de divisão Nível de diferenciação Radiossen- sibilidade Exemplos I Células que se dividem e se diferenciam regularmente ++++ + ++++ Eritroblasto, céls criptas intestinais, céls basais epiderme II Células que se dividem regularmente e se diferenciam entre as mitoses ++++ ++ +++ Mielócitos, espermató- citos III Células que se dividem em condições especiais ++ +++ ++ Céls do rim, fígado, pâncreas e tireóide IV Células que não se dividem - ++++ + Neurônios, céls musc. ⇒ Linfócitos 44 • Fatores relacionados à radiossensibilidade - Ausência ou Bloqueio nos mecanismos de reparo do DNA - Células em divisão celular (fase M e G2) - Grau de diferenciação celular - Presença de água e de oxigênio - Presença de radiossensibilizadores químicos - Dose única - Evolução na escala zoológica 45 RADIOPRODUTOS DO DNA EFEITOS SOMÁTICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES - Importância - Métodos de análise - Radioprodutos: a) alterações estruturais das bases nitrogenadas; b) alterações estruturais das desoxirriboses; c) geração de sítios AP; d) quebras de pontes de hidrogênio; e) quebra simples e dupla das fitas de DNA; f) ligações cruzadas: moléculas de DNA e ptns. Radiólise de bases purínicas e pirimidínicas Radiólise da guanina Saturação pelos RL radioinduzidos da ligação entre os carbonos 5 e 6 em uma base pirimidínica 46 Representação esquemática dos principais radioprodutos do DNA. Modificado de A. C. Leitão e R. Alcântara Gomes, Radio e Fotobiologia, 1997 47 - Radioprodutos e efeitos somáticos. Efeitos somáticos das radiações ionizantes: ¾ Efeitos somáticos Imediatos (Determinísticos) DAR: síndromes hematopoiética, gastrointestinal e SNC Forma Dose absorvida (Gray - Gy) Sintomas Infraclínica < 1 Ausência de sintomas, na maioria dos indivíduos Reações leves generalizadas 1 a 2 Astenia, náuseas e vômitos de 3 a 6 h após a exposição. Efeitos desaparecendo em 24h Síndrome hematopoiética leve 2 a 4 Depressão da função medular (linfopenia, leucopenia, trombocitopenia, anemia). Máximo em 3 semanas após a exposiçãoe voltando ao normal em 4 a 6 meses Síndrome hematopoiética grave 4 a 6 Depressão severa da função medular Síndrome do sistema gastrintestinal 6 a 7 Diarréia, vômitos, hemorragias Síndrome pulmonar 6 a 10 Insuficiência respiratória aguda Síndrome do SNC > 10 Coma e morte. Horas após a exposição Sobrevivência: provável (1-3 Gy); Possível (4-7 Gy); Improvável (> 8 Gy) 48 ¾ Efeitos Somáticos Retardados ou Tardios (Estocásticos) Radiocarcinogênese Modificações na duração da vida média Alterações no crescimento e desenvolvimento embrionário / fetal ¾ Efeitos localizados 49 RADIOTERAPIA O uso terapêutico das radiações ionizantes tem como princípio a maior radiossensibilidade dos tecidos neoplásicos. As células tumorais são mais radiossensíveis, do que as células sadias, devido ao acelerado ciclo mitótico. Para aplicação de radiação gama ou RX é necessário dividir a dose efetiva (dose fracionada), a fim de diminuir os efeitos colaterais, e alcançar as populações de células neoplásicas em hipóxia e anóxia (efeito O2). A dose limite de eritema, ou seja, dose que uma semana depois provoca avermelhamento e pigmentação da pele, não deve ser excedida e é variável de paciente para paciente. - Fracionamento de dose: a irradiação de uma população celular pode ser feita em uma única exposição ou a dose pode ser fracionada ao longo do tempo. Na maior parte das situações, a dose fracionada produz efeitos menores que a aplicada de uma só vez, o que pode ser facilmente entendido, considerando a possibilidade de reparação de lesões (Mecanismos de Reparação Celular) durante o período decorrido entre as exposições → Células sadias. Para que uma determinada técnica radioterápica visando a destruição de um tumor seja exeqüível, é fundamental que o feixe de radiações produza efeitos mais intensos nas células tumorais que nas células normais (ou sadias), que as circundam. O fracionamento de dose favorece o efeito oxigênio. - Efeito oxigênio: um sistema biológico é mais radiossensível quando irradiado em presença de oxigênio do que em ausência (anoxia), o que constitui o chamado efeito oxigênio e apenas é observado, quando este gás está presente durante a irradiação. Este efeito desempenha um papel importante na radioterapia de tumores. Em tecidos normais, a distância média entre capilares não ultrapassa 20μm, ordem de grandeza do diâmetro celular e, desta forma, todas as células encontram-se adequadamente irrigadas (oxigenadas); em massas tumorais, entretanto, a rápida proliferação celular pode fazer com que esta distância aumente substancialmente, de tal forma que uma parte das células fica em hipoxia, enquanto outras em anoxia, constituindo um território de necrose. Quando a irradiação é feita, a inativação predominante é a de células bem oxigenadas, as hipóxicas passando então a constituir a maioria das células viáveis. Em consequência da inativação das células mais próximas aos capilares, muitas das hipóxicas passam a ser bem oxigenadas; se, quando seu percentual atinge um nível mínimo, é aplicada uma segunda dose de radiação, observa-se a repetição do ciclo, mas agora com um número total de células mais reduzido, o que constitui uma das justificativas para o fracionamento de doses em radioterapia, permitindo evitar que seja procedida nova irradiação quando as células hipóxicas (radiorresistentes) são majoritárias na população. 50 RADIOTERAPIA – Objetivos: Curativa: quando se busca a cura total do tumor pela radioterapia exclusivamente. Remissiva: (pré-operatória ou pré-via) quando o objetivo é apenas a redução tumoral. Profilática: (pós-operatório ou adjuvante) quando se trata a doença em fase sub-clínica, isto é, não há volume tumoral presente, mas possíveis células neoplásicas dispersas. Paliativa: quando se busca a remissão de sintomas, tais como: dor intensa, sangramento, compressão de órgãos; antiálgica e anti-hemorrágica. RADIOTERAPIA – Tipos: Teleterapia Braquiterapia 51 Os 4 R’s da Radioterapia Reparo Reparação das células sadias Reoxigenação Reoxigenação das células tumorais hipóxicas; no intervalo entre doses Repopulação Células sadias ocupando os espaços deixados pelas células tumorais que são aniquiladas durante o tratamento Redistribuição ou Recrutamento Aumento do percentual de células tumorais oxigenadas (aumento da radiossensibilidade), quando comparado com as células tumorais hipóxicas. 52 ULTRASSONOGRAFIA A ultrassonografia é uma técnica de imagem em tempo-real. Ela mostra não somente a posição instantânea das superfícies (órgãos e estruturas) refletoras, mas também pode ser utilizada para acompanhar o movimento sanguíneo. Ondas acústicas com frequências acima de 20 kHz podem ser usadas, mas os aparatos médicos normalmente utilizam frequências próximas a 1 MHz. A técnica utilizada para determinar a posição de uma superfície é a medida do tempo entre a produção de um pulso e a detecção de seu eco, refletido pela superfície. Medindo-se o intervalo de tempo entre a emissão e a detecção, podemos calcular a distância entre a fonte e o objeto. A fonte de ultrassom, que também é o detector, é um cristal piezoelétrico (PZT - Zirconato Titanato de Chumbo ou o plástico polivinilidina difluoretada), que muda de tamanho (dimensão física) quando um campo elétrico é aplicado. Uma onda é gerada aplicando-se um potencial oscilatório ao cristal. As ondas refletidas geram distorções no cristal, produzindo uma voltagem oscilatória neste. Se a estrutura estiver estacionária, a frequência da onda refletida será a mesma da onda emitida. Uma estrutura em movimento altera a frequência do sinal refletido pelo efeito Doppler [Christian Doppler (1803-1853)]. Variação de Ecogenicidade nos tecidos biológicos Termo Cor Produção de ecos Ecogênico Hiperecogênico Hiperecóico Branca Ecos intensos Hipoecogênico Hipoecóico Cinza Ecos de Moderada a Baixa intensidade Anecóico Preta Não há eco A maior parte dos tecidos biológicos transmite bem as ondas sonoras (imagem cinza). O ar, o osso e as estruturas calcificadas não transmitem bem o som, causando uma forte reflexão (imagem branca). O líquido transmite muito bem o som, porém não produz reflexão ou ecos (imagem preta). Termos especiais: Sombra acústica – corresponde à imagem em faixa preta localizada posteriormente às estruturas que causam reflexão sonora, como o gás, o osso e as calcificações. Reforço acústico – corresponde à imagem em faixa branca localizada posteriormente às estruturas que transmitem bem os feixes sonoros, como o líquido. Janela acústica – corresponde à utilização de uma estrutura contendo líquido para afastar as alças intestinais do objeto de interesse e permitir melhor transmissão dos feixes sonoros. 53 FOTOPRODUTOS DO DNA & FOTOQUIMIOTERAPIA FOTO = Radiação não ionizante Fotoprodutos do DNA após irradiação com raios UV: - dímeros de pirimidina, especialmente da timina devido a insaturação entre C5 e C6 (cromóforo para o UV). - hidratos de bases pirimidínicas - ligações cruzadas entre bases pirimidínicas e aminoácidos - formação de adutos 54 Fotoprodutos do UV longo: A radiação ultravioleta longo ou UVA (320 a 400 nm) pode produzir, em no DNA, lesões análogas àquelas causadas pelas radiações germicidas e pelas ionizantes através de mecanismos distintos. Reações de fotoadição podem ser promovidas pelo UV longo e, entre elas, são particularmente importantes as que ocorrem com as furocumarinas. As furocumarinas quando expostas ao UVA interagem com os ácidos nucléicos ou com as proteínas. A atividade tóxica das furocumarinas com o DNA ocorre em duas etapas: 1. formação de um complexo entre o DNA e a furocumarina, independente da radiação,fazendo com que este se intercale entre os pares de bases nitrogenadas (etapa reversível); 2. irradiação do complexo com UVA resultando em uma fixação covalente do composto às bases pirimidínicas; esta adição pode ser em um único sítio (monoadição) ou em dois sítios pertencentes a hélices opostas (biadição). As furocumarinas estão presentes em diversos vegetais (tangerina, aipo, figo, limão, etc) sendo responsáveis pelas queimaduras solares quando se manipula, por ex., limão para o preparo de caipirinhas sob o sol. A formação destes produtos de fotoadição pode acarretar eritema, pigmentação da pele, inativação celular e mutagênese. As psoraleínas (que são furocumarinas) têm sido bastante utilizadas na medicina para tratamento de psoríase e de vitiligo (PUVA). 55 RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA Raios UV & Pele Quase todos os efeitos das radiações UV, visíveis e infravermelhas sobre os mamíferos são conseqüência das interações dos fótons com a pele. A penetração, na pele, de uma radiação não ionizante de determinado comprimento de onda depende de características do material biológico, como sua espessura (bastante variável conforme a região do corpo considerada) e a presença de substâncias que possam absorver os fótons da radiação (como ocorre, em relação ao UV, com a queratina e com a melanina). Um raciocínio errôneo, relativamente difundido, consiste em admitir a existência de uma relação direta entre energia dos fótons de radiações não ionizantes e sua penetração na pele. Como a absorção dos fótons de UV ou de luz visível depende da estrutura das moléculas que estas encontrem ao longo de sua trajetória, um fóton mais energético pode penetrar muito menos que outro, dotado de energias inferiores. A análise do espectro das radiações solares permite verificar que cerca de 50% da energia recebida na superfície do planeta é de radiações IV, 40% de luz visível, cerca de 6% UVA e UVB e o restante de ondas de radiofreqüência, microondas e RX. A quantidade total de radiações recebidas em determinada região e a composição do espectro variam com diversos fatores, tais como: a estação do ano, o período do dia, a latitude, a altitude, a presença de nuvens, a poluição, a reflexão pela neve, pela areia ou pela água etc. Quando os fótons emitidos pelo sol atravessam a atmosfera terrestre, a atenuação das diferentes radiações que compõem o feixe não é uniforme, sendo mais intensa para os menores comprimentos de onda. A extensão do percurso das radiações na atmosfera depende de alguns fatores, tais como o ângulo de incidência, a latitude e altitude. Assim, a contribuição percentual do UV, especialmente do UVB, é menor pela manhã ou à tarde, assim como em regiões mais afastadas dos trópicos ou ao nível do mar. 56 Resposta do Organismo à Radiação UV Os conhecimentos científicos atuais ainda são insuficientes para uma completa interpretação dos mecanismos moleculares que regem a expressão desses efeitos. A inativação das células epiteliais, embora tenha importância nas respostas do organismo ao UV, não deve ser o fator mais significativo, uma vez que: (i) o UV não penetra, na pele, até zonas nas quais são detectados seus efeitos; (ii) a inativação dos queratinócitos, desde que não excessiva, não deve acarretar alterações críticas no organismo, já que estas células dividem- se regularmente e estão “programadas” para morrer, no final de poucas semanas. Assim, muitas das conseqüências da exposição ao UV parecem ser decorrentes da produção e difusão de agentes químicos, os mediadores das reações fotoquímicas. Efeitos biológicos relacionados à radiação UV: - Melanogênese - Eritema - Espessamento da pele - Envelhecimento precoce - Fotocarcinogênese - Catarata fotoinduzida - Formação da Vitamina D - Diminuição da resposta imunológica Melanina & Melanogênese A coloração natural da pele, a chamada pigmentação constitutiva, é dependente da herança genética, sendo conseqüência do acúmulo de pigmentos, tais como hemoglobina e, principalmente a MELANINA. A melanina é um pigmento geralmente de coloração marrom escura ou negra, formado no interior dos MELANÓCITOS e que é constituído de um polímero de derivados da dihidrofenilalanina e de alguns indóis, em diferentes níveis de oxidação. O melanócito possui prolongamentos semelhantes aos dendritos (devido à sua origem embrionária), prolongamentos estes que podem se posicionar entre vários queratinócitos, constituindo uma espécie de “unidade morfo funcional”. A melanina é sintetizada no interior de organelas celulares chamadas MELANOSSOMOS, pela ação de uma enzima, a tirosinase, sobre a tirosina, que dá origem a 3,4-dihidroxifenilalanina (DOPA), que sofre uma série de modificações químicas, culminando o processo com o aparecimento do pigmento melânico. Os melanossomos carregados de melanina (“grão de melanina”), movem-se ao longo dos dendritos dos melanócitos e são transferidos para queratinócitos da camada espinhosa. Em indivíduos de raça branca (caucasóides) vários grãos são reunidos em um único vacúolo do queratinócito, sendo posteriormente degradado o pigmento; já nos negróides, os grãos de melanina, de maiores dimensões, não são agrupados em um vacúolo e não sofrem apreciável degradação. O albinismo é uma doença genética autossômica recessiva que se caracteriza pela incapacidade de produção de melanina pelos melanócitos, provavelmente por deficiência em tirosinase. A melanina absorve, com elevada eficiência, as radiações UV do espectro solar que atingem a superfície da Terra, constituindo-se, assim, em um excelente protetor natural. Adicionalmente, após transferência para as 57 células espinhosas, ela localiza-se preferencialmente na porção externa (o chamado “lado ensolarado” do núcleo), defendendo o material genético de lesões fotoinduzidas. A melanogênese é um dos efeitos do UV mais desejados após exposição ao sol, mas a sua obtenção é acompanhada por diversas conseqüências nocivas, tais como: eritema, queimadura solar, envelhecimento precoce, fotocarcinogênese etc. Protetor ou Filtro Solar Na proteção contra o UV são utilizados os protetores solares, cuja eficiência costuma ser expressa pelo seu fator de proteção (FPS), e devem atender a alguns requisitos básicos: - possuírem elevados coeficientes de extinção molar nas regiões do UVA e UVB, ou seja, devem eliminar as radiações dotadas de maior atividade eritematógena, mas são exatamente estas as mais eficientes na indução da melanogênese; - não sofrerem fotodecomposição rápida; - não serem absorvidos pela pele, nem produzirem reações locais tóxicas ou alérgicas; - não serem facilmente removidos pela água ou pelo suor. O número do FPS é dependente do tipo de pigmentação da pele e características raciais. Alguns produtos opacos (bloqueadores solares) ao UV solar têm sido usados como protetores solares, especialmente em pessoas com elevada fotossensibilidade, como ocorre nos casos de porfirias e de lupus eritematoso. O dióxido de titânio, óxido de zinco e outros são utilizados em pastas d’água, e eles praticamente eliminam a possibilidade de pigmentação, sendo usados nos lábios e nariz. Vale ressaltar, a necessidade de óculos de sol e barracas para a complementação da fotoproteção. Fotoquimioterapia: Puvaterapia As psoraleínas (que são furocumarinas) têm sido bastante utilizadas na medicina para tratamento de psoríase e de vitiligo, este tratamento é conhecido como PUVA ou puvaterapia / fotoquimioterapia. A psoríase é uma doença de pele de etiologia desconhecida, que se caracteriza por intensa proliferação dos queratinócitos, da qual resulta a formação de placas salientes, ásperas e frequentemente avermelhadas. A conduta terapêutica PUVA tem como objetivo diminuir a replicação semi- conservativa do DNA; esta conduta tem como risco a produção de lesões fotoquímicas, danos no globo ocular, reações fotoalérgicas e fototóxicas, e indução de neoplasias. O vitiligo,também é de etiologia desconhecida, e se caracteriza pela ausência de melanina em algumas zonas da pele (ausência de dendritos funcionais nos melanócitos). Quase todos os pacientes reagem positivamente à exposição ao UV-A após administrações de psoraleínas ou de sua aplicação tópica, embora dezenas ou centenas de aplicações sejam necessárias, aumentando os riscos (surgimento de câncer). 58 Ação Fotodinâmica (AFD) Constitui um tipo de reação de fotossensibilização, na qual o sensibilizador passa a um estado eletrônico excitado, normalmente tripleto, após o que transfere a energia para o oxigênio; este, no estado excitado, reage com o substrato, oxidando-o. Quatro fatores são necessários para que o processo se realize: a) O sensibilizador: freqüentemente um corante (azul de metileno, hematoporfirina etc), que absorve a energia luminosa e a transfere para um substrato, ou molécula alvo; b) O substrato: se oxida ao receber energia do sensibilizador (ptns, DNA); c) O oxigênio: indispensável na maior parte dos processos fotodinâmicos e que permite a transferência de energia entre o sensibilizador e a molécula alvo; d) A energia luminosa: deve ser absorvida pelo sensibilizador, para que este se excite. A AFD pode se processar também em ausência de O2, mas na maioria dos casos tem seus efeitos mediados pelo oxigênio e pelo agente sensibilizador, que uma vez excitado transfere sua energia para o oxigênio, produzindo oxigênio singleto ou mais raramente, o radical superóxido. LUZ (LV) → SENSIBILIZADOR → TRIPLETO (estado eletrônico excitado) TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA ↓ OXIGÊNIO ↓ OXIGÊNIO SINGLETO (RL) ↓ REAÇÃO COM O SUBSTRATO (OXIDAÇÃO) Fototerapia Fototerapia da Icterícia Neonatal 59 Fotoalergia e Fototoxicidade 60 MECANISMOS CELULARES DE REPARAÇÃO DO DNA I- A preservação da informação genética O papel biológico desempenhado pelas moléculas de DNA exige que elas possuam duas propriedades fundamentais: auto-duplicação e preservação da informação genética. Para que o conteúdo informacional do DNA seja preservado, e corretamente transmitido, de geração em geração, é indispensável que haja fidelidade na replicação semiconservativa e que existam mecanismos capazes de reparar modificações estruturais produzidas no material genético por agentes físicos ou químicos do meio ambiente. A não funcionalidade dos mecanismos de reparação conduz a inativação celular após o tratamento com o agente físico ou químico ou, eventualmente, à modificação do patrimônio genético, isto é, ao surgimento de mutações. Mas nem sempre os mecanismos de reparação atuam corretamente, em alguns casos eles podem promover o desaparecimento da lesão, com alteração do conteúdo informacional, o que caracteriza a mutagênese indireta. II- Mecanismos de Reparação A) Reparações constitutivas: - Fotorreativação - Excisão: este tipo de reparação, provavelmente o mais importante mecanismo de eliminação de lesões foto, radio ou quimioinduzidas, admite várias vias alternativas, que podem ser classificada em: - Excisão de base nitrogenada - Excisão de dímeros de pirimidina / Excisão de fragmentos da cadeia polinucleotídica - Reparação Pós-Replicativa B) Reparação indutiva: - Respostas adaptativas - Funções SOS 61 III - Patologias humanas associadas a deficiência em reparo de DNA Em diversas doenças foi verificada a ocorrência de determinadas deficiências nos mecanismos de reparação de lesões produzidas no DNA por agentes físicos ou químicos, devidas a erros hereditários na síntese de uma ou mais enzimas: a) Xeroderma pigmentosum (Xeroderma pigmentosa – XP): é uma doença autossômica recessiva que se caracteriza por elevada sensibilidade ao sol, hiperpigmentação, queratoses e grande incidência de alguns tipos de câncer de pele, além de frequentes anomalias imunológicas, degeneração neural e retardo no crescimento etc. As células XP não reparam corretamente as fotolesões por serem deficientes na endonuclease. Em alguns variantes da doença, o reparo por excisão é normal, mas parece haver deficiência na reparação pós-replicativa, embora os sinais clínicos sejam análogos. Além disto, nas células destes pacientes a quantidade de fotoliase varia de 0 a 40% em relação a indivíduos normais, o que contribui para o agravamento da doença. As células XP de qualuer tipo são deficientes em atividade catalase. Freqüência: 1:250.000 / 1:1 milhão. XP Clássico (XPA à XPG) é a forma mais comum da doença, com 75% dos doentes apresentando sintomas entre 2-4 anos, decorrentes da exposição ao sol. ´No XP variante os sintomas aparecem entre 15-45 anos, com progressão lenta e maior expectativa de vida. b) Progeria ou Síndrome de Hutchinson-Gilford: Doença genética rara, não hereditária.; Frequência 1:8 milhões. Falha no gene LMNA (proteína Lamin A) – cromossomo 1; estas proteínas participam da manutenção da estrutura do envoltório do núcleo. Erro relacionado ao mecanismo de excisão de base nitrogenada. Processo de envelhecimento acelerado (aproximadamente 7 x a taxa normal). Foi proposto que nestes pacientes ocorreria a impossibilidade de reparação de lesões provocadas pelas radiações ionizantes, sendo o envelhecimento acelerado pelos efeitos deletérios das radiações ambientais, principalmente dos raios cósmicos. Sintomas: Rosto e mandíbulas pequenos em relação ao tamanho da cabeça; Formação atrasada dos dentes; Baixa estatura; Pele enrugada e envelhecida; Amplitude limitada de movimentos (rigidez das juntas); Calvície, perda das sobrancelhas e cílios; Nariz comprido; Problemas de aterosclerose e cardiovasculares generalizados; Alta sensibilidade aos raios X; Causa morte devido a problemas cardíacos ou derrame cerebral; Sobrevivi no máximo até a adolescência; Níveis elevados de ácido hialurônico na urina; Sem alteração no desenvolvimento mental. c) Síndrome de Werner (WS) ou “progeria do adulto”: Incidência de 1: 1 milhão. Alteração de um gene no cromossomo 8. Ocorre frequentemente em pessoas de origem japonesa e Sardenha. Identificada quando um adolescente não tem índices normais de crescimento; Sintomas: Cabelo cinzento/embranquiçado ou calvície, Rosto enrugado, Catarata, Voz aguda, Osteoporose, Estatura baixa, Fraqueza muscular, Comum quadros de diabetes e Incidência de doenças cardíacas e câncer. Sobrevivência até a idade média de 47 anos. 62 As células WS são sensíveis a H2O2, 4NQO, cisplatina, mitomicina C... e são levemente mais sensíveis a radiação gama. Grande evidência de deficiência no reparo por recombinação. d) Ataxia teleangiectásica (AT): doença autossômica recessiva caracterizada por distúrbios neurológicos (progressivos) de origem cerebelar (falta de coordenação motora, tremores, desordens de palavras etc), dilatação permanente dos capilares, arteríolas, vênulas e deficiências imunológicas; ocorrendo alto índice de tumores neoplásicos, levando à morte, usualmente antes dos 20 anos de idade. A ocorrência desta patologia parece estar associadaà grande sensibilidade à radiações ionizantes. A incidência é 1:40.000 e apresenta-se sob 4 grupos de complementação. e) Síndrome de Nijmegen (Nijmegen Breakage Syndrome – NBS): desordem genética muito próxima a AT, mas envolve um gene distinto. Os pacientes com a síndrome da quebra Nijmegen apresentam imunodeficiência, radiossensibilidade e predisposição a câncer, mas não apresentam nem ataxia e nem teleangiectasia. f) Anemia de Fanconi (FA): severas deficiências hematopoiéticas, mal- formações ósseas, retardo no crescimento e intelectual. Morte na infância ou adolescência por leucemia e/ou tumores sólidos. As células FA são sensíveis a agentes que formem crosslinks, como os quimioterápicos antitumorais mitomicina C e os psoralenos. g) Síndrome de Bloom (BS): severos retardos no crescimento, eritema teleagienctásico nas zonas expostas ao UV solar (na face lesão em forma de borboleta) e elevada sensibilidade a esta radiação. As deficiências imunitárias e a alta incidência de leucemias / linfomas são, quase sempre, as responsáveis pela morte. Muito frequente em judeus Ashkenazins. O erro no mecanismo de reparação ainda não foi identificado, suspeita-se deficiência na atividade da DNA ligase (reparo de quebras duplas). h) Síndrome de Cockayne (CS): transmitida hereditariamente, autossômica e recessiva. Dividi-se em 5 grupos (CSA á CSE). Desenvolvimento normal na infância, seguido de uma parada neste desenvolvimento físico e mental, envelhecimento precoce e sensibilidade ao UV solar, embora não pareça haver aumento da incidência de neoplasias. As células destes pacientes são muito sensíveis ao UV, embora o defeito nos mecanismos de reparação ainda não tenha sido identificado (a deficiência é em reparo de DNA que esteja sendo ativamente transcrito). As pessoas afetadas apresentam nanismo, surdez, pigmentação granulada na retina, microcefalia e retardo mental. Com aparência envelhecida e similar à figura de um camundongo. i) Síndrome de Lynch (HNPCC = câncer coloretal hereditário não-polipose: Decorrente da deficiência de correção de erros de emparelhamento. É herdada de maneira autossômica dominante, 1: 200 indivíduos da população humana. 63 j) Tricotiodistrofia (TTD): Sob esta designação são incluídas várias síndromes que se originam de disfunções neuroectodérmicas, como, por exemplo, as síndromes de Sabinas, de Pollit e de Tay. È uma doença autossômica recessiva provavelmente transmitida pelo cromossoma X e dividi-se em 3 grupos (TTD-A, TTD-B e TTD-C). Ocorre uma hipoplasia de todos os pelos e dos cabelos que apresentam-se secos, curtos e frágeis. Outras anomalias incluem retardo mental, pequeno porte, fotossesibilidade, catarata, hipogonadismo, microcefalia e orelhas proeminentes. Cerca de 50% dos pacientes TTD apresentam células com reparo de DNA deficiente, pode ocorrer deficiência na atividade da helicase. k) Síndrome de Rapadilino: Desordem autossômica recessiva, com grande concentração de pacientes na Filândia, cujas principais características clínicas são: hipoplasia radial e patelar, fenda palatar, diarréia, juntas deslocadas, baixa estatura, má formação dos membros superiores e inferiores, nariz muito fino e inteligência normal. l) Síndrome de Rothmund-Thomson (RTS): doença autossômica recessiva rara caracterizada por catarata juvenil, anormalidade de pele, má formação do esqueleto, nariz achatado e queixo proeminente, microdentia e grande incidência de cáries, envelhecimento precoce e predisposição ao câncer, principalmente osteosarcoma. A característica predominante é a poikiloderma da face e extremidades (eretemas acompanhados de edemas, algumas vezes com bolhas e pruridos). m) Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA): Esta doença caracteriza-se por uma progressiva degeneração neuro-motora. A forma hereditária transmite-se de forma autossômica dominante e alguns desses grupos afetados são portadores de mutações truncando no gene Cu/Zn SOD. n) Câncer de mama: Os dois genes mutados nas famílias com indivíduos com propensão hereditária a câncer de mama são BRCA1 e BRCA2; seus produtos gênicos caracterizados como proteínas envolvidas com reparação de DNA. 64 Doenças associadas a defeitos de reparação do DNA Capítulo VII – Mecanismos Celulares de Reparação, em: Radiobiologia e Fotobiologia, Leitão e Alcântara Gomes, 2007 65 ANEXO: Perguntas. 1. Conceitue radiação. 2. Diferencie radiação de radioisótopo. 3. Comente sobre as emissões radioativas primárias. 4. Qual a importância dos diversos tipos de detetores. 5. Comente sobre as vantagens da dosimetria citogenética. 6. Explique os efeitos direto e indireto das radiações. 7. Comente sobre as defesas orgânicas contra as EAO. 8. Comente sobre os efeitos biológicos e patologias relacionados com o excesso de radicais livres. Indique um efeito benéfico dos radicais livres. 9. Comente detalhadamente sobre as medidas básicas de proteção radiológica. 10. Diferencie irradiação de contaminação radioativa. 11. Comente sobre os fatores relacionados com a radiossensibilidade. 12. Qual o significado de DL50(30)? 13. Cite os radioprodutos e os fotoprodutos do DNA. 14. Comente sobre o tratamento radioterápico. 15. Explique o mecanismo de produção de raios X no interior de uma ampola de radiodiagnóstico. 16. Diferencie as maneiras de interação dos raios X com a matéria viva? 17. Como é formada a imagem radiológica? 18. Cite os fatores relacionados com a escolha da dose de raios X. 19. Comente sobre as vantagens e limitações da TC. 20. Explique a formação da imagem utrassonográfica. 21. Conceitue e comente sobre a DAR. 22. Comente sobre os efeitos somáticos tardios das radiações ionizantes. 23. Cite os principais requisitos básicos de um filtro solar. 24. Comente sobre os efeitos biológicos, benéficos e maléficos, das radiações UV. 25. Comente sobre a puvaterapia. 26. Explique sucintamente a importância e o mecanismo de ação da fototerapia da icterícia neonatal. 27. Esquematize a ação fotodinâmica. 28. Diferencie fotoalergia de fototoxicidade. 29. Qual a importância dos mecanismos celulares de reparação do DNA? 30. Cite exemplos de patologias relacionadas à deficiência no mecanismo de reparação do DNA. 66 Hipotransparente: Músculo, Sangue, Fígado & H2O ( Cinza claro Conceito ALARA “As Low As Reasonably Achievable” Principais medidas de Proteção Radiológica: Partícula beta – alumínio, vidro... Raios gama e X – chumbo, ferro, concreto... (materiais de elevado Z) Camada semi-redutora (HDL) = espessura do material absorvente capaz de reduzir à metade o feixe de fótons, e conseqüentemente a dose de radiação. Contaminação Radioativa X Irradiação “Irradiação não contamina, mas contaminação irradia” Descontaminação Gerência de Rejeitos Radioativos Licenciamento de Instalações Radioativas Rejeitos Radioativos (lixo atômico): Principais unidades radiométricas Dose equivalente = grandeza que relaciona o dano biológico com as doses de radiação. Limites de exposição recomendados (doses permissíveis) Categoria Princípio Mandamento Apresse-se, mas não se precipite Fique longe da fonte de radiação Disperse ou dilua a fonte Use o mínimo possível Mantenha a radiação dentro Mantenha a radiação fora Coloque-a fora ou para fora Limite o dano Escolha a tecnologia mais apropriada Não associe riscos
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