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1 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 64 uma corrente estacionária, comportam-se como dipolos magnéticos. CAMPO MAGNÉTICO CRIADO POR UMA CARGA PONTUAL EM MOVIMENTO r̂v r Q 4 B 2 O campo magnético B criado num ponto P por uma partícula com carga Q que passa num ponto P0, à distância r do ponto P, com uma velocidade v é dado pela expressão: r , onde r é o vector posicional do ponto P em relação ao ponto P0. FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 65 • P B r Q(+) • P0 v Se a carga for positiva Se a carga for negativa • P B r Q(-) • P0 v 2 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 66 No entanto, se a distribuição de corrente possuir algum tipo de simetria, pode usar-se a lei de Ampère para determinar o campo total sem tanta complexidade de cálculo. LEI DE AMPÉRE É possível determinar-se o campo magnético criado por uma corrente que percorre um circuito com uma forma qualquer calculando-se o campo dB criado por cada elemento de corrente, usando a lei de Biot-Savart, e somando-se as contribuições de todos os elementos de corrente. Contudo, no caso de distribuições de corrente complexas, este cálculo é bastante complexo. FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 67 Esta lei, embora tenha recebido o nome do físico Francês André-Marie Ampère, foi proposta por Maxwell e é uma das quatro leis fundamentais do eletromagnetismo. NOÇÃO DE CIRCULAÇÃO DE UM VETOR AO LONGO DE UMA LINHA Para se calcular a circulação de um vetor ao longo de uma linha AB, divide-se essa linha em porções elementares de comprimento dl, pequenas o suficiente para que, sobre cada 3 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 68 uma delas o vetor possa ser considerado constante. A cada elemento de linha dl, associa-se um vetor ̂ onde ̂ é um vetor unitário tangente à linha em cada ponto e com sentido igual ao escolhido para circular na linha. A circulação do vetor ao longo da linha AB define-se como: · FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 69 Se for o ângulo formado por v e por ̂, em cada ponto, tem-se v · dl vcosθdl O círculo no sinal de integral indica que a integração do produto escalar v · dl deve ser realizada para uma curva Se se tiver uma linha fechada de comprimento L, a circulação do vetor é · . 4 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 70 fechada. LEI DE AMPÈRE A circulação do campo magnético ao longo de uma linha L fechada é igual à corrente estacionária total que atravessa a superfície delimitada pela linha L: B · dl μ i Válida para correntes estacionárias! A corrente , na Lei de Ampere, é a soma das correntes FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 71 envolvidas pela linha L (i.e., as correntes que atravessam a superfície limitada pela linha L. Para compreender melhor a expressão ∮ B · dl μ i , vamos aplicá-la à situação ilustrada na figura abaixo. A figura mostra uma vista de topo de três fios retilíneos, longos e paralelos entre si, perpendiculares ao plano do papel, percorridos por correntes elétricas de intensidade , e , nos sentidos indicado por e . 5 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 72 Escolheu-se para calcular a circulação do campo magnético uma linha arbitrária pertencente ao plano do papel que envolve duas correntes ( e ), mas não a terceira ( ). O sentido anti-horário indicado sobre esta linha indica o sentido arbitrado para se circular na linha. Como os fios são perpendiculares ao plano do papel, então o campo magnético em cada elemento dl da linha, devido a cada uma das correntes, pertence ao plano do papel. Contudo, desconhece-se a sua orientação no plano. Para executar a integração, não é necessário conhecer o sentido de B em todos os elementos dl da linha; em vez disso, FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 73 arbitra-se um sentido para que aponte no sentido escolhido para circular na linha e usa-se a seguinte regra da mão direita para atribuir um sinal positivo ou negativo às correntes que contribuem para a corrente total i envolvida pela linha. Atribui-se um sinal positivo às correntes que apontam Coloca-se a mão direita, aberta, encostada à linha escolhida para calcular a circulação do campo magnético, de tal forma que seja possível fechar a mão rodando-a no sentido escolhido para circular na linha. 6 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 74 no mesmo sentido que o polegar e um sinal negativo às correntes que apontam em sentido oposto ao indicado pelo polegar. Por fim, resolve-se a equação ∮ · μ : Bcosθdl μ i i (note-se que a corrente de intensidade i3 não está envolvida pela linha). Se, do cálculo, resultar um valor de B positivo, então o sentido arbitrado é o sentido real de ; se resultar um valor de B negativo, então o sentido real de é oposto ao arbitrado. FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 75 EXEMPLOS: 7 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 76 CAMPO MAGNÉTICO NO INTERIOR DE UM FIO CILÍNDRICO RETILÍNEO E LONGO PERCORRIDO POR UMA CORRENTE ELÉTRICA Se a corrente elétrica estiver uniformemente distribuída ao longo da secção transversal do fio, o campo magnético tem simetria cilíndrica. Vamos admitir que o fio tem raio R. Pode tomar-se partido desta simetria para simplificar o cálculo da circulação do campo magnético na lei de Ampère FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 77 escolhendo-se, no interior do fio, uma linha circular, de raio r (< R), concêntrica com o eixo do fio. Como a corrente elétrica está uniformemente distribuída ao longo da secção transversal do fio, é proporcional à área da superfície delimitada pela linha escolhida para calcular o integral de circulação: i i πr πR 8 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 78 Vem, então B · dl μ i Bcos0 dl μ i r R B dl μ i r R B 2πr μ i r R B μ 2π ir R FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 79 CAMPO MAGNÉTICO CRIADO POR UMA BOBINA TOROIDAL Uma bobina toroidal pode obter-se curvando um solenoide de forma a que as suas extremidades fiquem ligadas e a configuração seja circular. Rint Rext Núcleo 9 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 80 Campo magnético no núcleo do toro Por simetria, no núcleo do toro, as linhas de campo magnético são circunferências concêntricas com o centro do toro. Pode tomar-se partido desta simetria para simplificar o cálculo da circulação do campo magnético na lei de Ampère escolhendo-se linhas circulares, de raio r FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 81 (Rint< r < Rext), concêntrica com o centro do toro. 10 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 82 não é igual à corrente i que atravessa a bobina toroidal, pois há várias espiras da bobina a atravessar a superfície delimitada pela linha escolhida para a circulação do campo magnético. Se N for o número total de espiras da bobina: i Ni (neste caso, atribui-se um sinal positivo às correntes que apontam para dentro do plano do papel indicadas por ). Vem, então B · dl μ i FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 83 Bcos0 dl μ Ni B dl μ Ni B 2πr μ Ni B μ 2π Ni r 11 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 84 Campo magnético para valores de r < Rint , pois não existem correntes a atravessar uma superfície delimitada por uma linha circular de raio r < Rint. Logo B 0 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 85 Campo magnético para valores de r > Rext , pois a corrente que entra no plano do papel, de sinal positivo, tem grandeza igual à corrente que sai do mesmo plano, de sinal negativo. Logo B 0 12 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 86 LEI DE LAPLACE Viu-se que uma carga elétrica q quando colocada num ponto onde existe um campo elétrico E, fica sujeita a uma força F qE. Não é, no entanto, este o único campo que se faz sentir através de forças exercidas sobre cargas elétricas. Verifica-se experimentalmente que a força que atua em cada elemento dl de um fio condutor percorrido por uma corrente elétrica de intensidade I (isto é, a força exercida sobre cada elemento de corrente) quando no ponto onde se encontra esse elemento de fio existe um campo magnético é dada pela expressão: dF Idlt̂B LEI DE LAPLACE FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 87 A Lei de Laplace permite determinar o campo magnético B em qualquer ponto do espaço, qualquer que seja a sua origem, ̂ vetorunitário tangente ao fio em cada ponto onde passa a corrente e com o sentido desta. Caraterísticas da força : grandeza dependente de dl, da intensidade I da corrente, de e do seno do ângulo formado por e pela tangente ̂ ao fio no ponto considerado; direção perpendicular ao plano definido por e pelo elemento de corrente; sentido igual ao do produto vetorial ̂ . 13 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 88 e é, por isso, uma LEI DE DEFINIÇÃO. dlBt̂IFdF ABAB A força exercida sobre uma porção AB de um circuito é, pois: NOTAS Ao contrário do que sucede com a lei de Biot-Savart, a lei de Laplace, embora aqui esteja considerada para circuitos filiformes, é válida sem restrições. FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 89 BvqF Uma partícula com carga elétrica q, em movimento, ao passar com velocidade num ponto onde existe um campo magnético , fica também sujeita a uma força dada por: ACÇÃO DE UM CAMPO MAGNÉTICO SOBRE UMA CARGA ELÉCTRICA PONTUAL EM MOVIMENTO Convém aqui referir que, na determinação do sentido da força, devemos considerar o vetor e não o vetor , uma vez que q poderá ser positiva ou negativa. 14 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 90 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 91 15 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 92 A UNIDADE DO CAMPO MAGNÉTICO no S.I. é o TESLA (T). É usual também utilizar-se a unidade Gauss (G), que não pertence ao Sistema Internacional. Um Gauss é da ordem de grandeza do campo magnético terrestre, e 1 T = 104 G. FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 93 EXEMPLO Problema Um fio condutor retilíneo e longo é percorrido por uma corrente elétrica de intensidade 5,00 A, no sentido ilustrado na figura ao lado. Em dado instante, um protão passa a 4,00 mm do fio (medidos na perpendicular ao fio), paralelamente a este e no mesmo sentido que corrente no fio, com velocidade de módulo 1,50 10 · . (a) Determine a grandeza, a direção e o sentido do campo magnético criado pelo fio no local onde passa o eletrão. 16 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 94 Resolução Pode determinar-se o campo magnético criado por uma corrente elétrica usando a lei de Biot-Savart. Para um ponto P nas proximidades de correntes lineares e infinitas, a lei de Biot-Savart conduz a um campo magnético de grandeza 2 onde é a intensidade da corrente que atravessa o fio e é a distância do ponto P ao fio medida na perpendicular a este. A direção do campo magnético é a direção do plano FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 95 definido pelo fio e pelo ponto P considerado. O sentido do campo magnético é dado por uma das regras do produto vetorial (por exemplo, a regra da mão direita). O fio, o ponto P onde passa o protão, e a velocidade do protão nesse ponto (de direção paralela ao fio) estão localizados no mesmo plano, que aqui consideraremos o plano do papel, logo é perpendicular ao plano do papel. 17 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 96 Usando-se a regra da mão direita, pode constatar-se que aponta para dentro do plano do papel. Atendendo a que 4 10 · · , 5,00 , e 4,00 , o módulo do campo magnético no ponto P é 4 10 · · 2 5,00 4 10 2,50 10 Assim, no ponto P onde passa o protão, o campo magnético tem grandeza 2,50 10 , direção FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 97 perpendicular ao plano do papel e o seu sentido a aponta para dentro deste plano (). (solução) (b) Determine a força magnética a que o protão fica sujeito, no instante considerado, por estar na presença do fio percorrido por uma corrente elétrica nas condições indicadas. Uma partícula com carga elétrica q, como um protão, em movimento, ao passar com velocidade v num ponto P onde existe um campo magnético , fica também sujeita a uma força dada por: v P B 18 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 98 Considerou-se anteriormente que a velocidade do protão no ponto P (de direção paralela ao fio) estava sobre o plano do papel. Como é perpendicular ao plano do papel, então e formam um ângulo de 90º. A grandeza desta força é: v , v Atendendo a que 1,602 10 , v 1,50 10 · , FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 99 2,50 10 e , v 90º, vem 1,602 10 1,50 10 · 2,50 10 90º 6,00 10 (solução) É mais simples achar a direção e o sentido de v P B representando os vetores em perspetiva. Escolha-se, por exemplo, um sistema de eixos ortogonal em que o semieixo positivo OZ tem a direção do fio e o sentido da corrente e o semieixo positivo OX tem a direção de , mas sentido oposto ao deste vetor. 19 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 100 Neste sistema de eixos, o plano do papel é o plano YOZ. FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 101 O vetor v P B tem a direção do eixo OY e sentido oposto ao do semieixo positivo OY. Então v P B é perpendicular ao fio e aponta para este. Como o protão tem carga positiva, fica sujeito a uma força v P B que tem direção perpendicular ao fio e aponta para este. (solução) 20 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 102 MOVIMENTO DE UMA PARTÍCULA CARREGADA NA PRESENÇA DE UM CAMPO MAGNÉTICO UNIFORME Ao contrário do que acontece no campo elétrico, uma carga localizada num ponto onde existe um campo magnético pode não estar sujeita à força magnética. Atendendo a que F qvB A GRANDEZA DA FORÇA MAGNÉTICA É NULA QUANDO: • a carga se encontra parada ( ) numa região onde existe um campo magnético; FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 103 • os vetores e têm a mesma direcção. Já que, neste caso se tem , . Se a força magnética não for nula, como a força magnética é sempre perpendicular à velocidade da carga, então a força magnética altera a direção da velocidade da carga, mas não a sua grandeza. O MOVIMENTO da carga é então UNIFORME. Neste caso, o campo magnético não realiza trabalho sobre a carga elétrica. Como tal, a energia cinética de uma carga elétrica sujeita apenas a uma força magnética permanece constante. 21 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 104 Consideraremos aqui dois casos particulares: • a velocidade da carga é perpendicular a um campo magnético uniforme; • a velocidade da carga tem uma componente perpendicular e outra paralela a um campo magnético uniforme. FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 105 A VELOCIDADE DA CARGA É PERPENDICULAR A UM CAMPO MAGNÉTICO UNIFORME O movimento da carga é, neste caso, circular uniforme no plano definido pela velocidade e pela força magnética que atua sobre a carga. 22 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 106 Sendo a velocidade da carga perpendicular à força magnética que sobre ela atua em cada ponto da sua trajetória, a força magnética é uma força centrípeta cujo módulo é: F q v B sin90º q v B Usando a segunda lei de Newton obtém-se m v r q v B O raio da trajetória circular descrita pela partícula é então dado por r m v q B FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 107 Atendendo a que v = r, então ω q B m f q B 2πm e como ω 2πf, a frequência de ciclotrão é T 2πm q B Como f , o período do movimento da partícula (designado por período de ciclotrão) é 23 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 108 EXEMPLO Problema Um ião de massa m e carga 1,602 10 , inicialmente em repouso na fonte S da figura ao lado, é acelerado num campo elétrico criado por uma diferença de potencial 1 10 . O ião entra numa câmara de separação na qual existe um campo magnético uniforme, de módulo 80 , por um orifício O, perpendicu- O FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 109 -larmente ao campo magnético, de modo que passa a descrever a trajetória semicircular ilustrada na figura. Despreze as interações gravíticas na resolução da questão. Se o ião embater no detetor num ponto 1,6254 , qual é a massa do ião em unidades de massa atómica? 1 1,6605 10 Resolução Determine-se primeiro a velocidade com que o ião penetra na câmara. O campo elétrico é um campo conservativo. Se a força elétrica for a única a atuar no ião, a energia mecânica do ião, ( é a energia potencial elétrica do 24 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 110 ião) conserva-se durante a aceleração. Isto é: ∆ ∆ 0 Atendendo a que , a expressão anterior pode ainda escrever-se como 0 ou 0 Ora , quando o ião emerge da fonte, a suaFÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 111 energia cinética é praticamente nula ( 0 , e no final da aceleração é pelo que, da conservação da energia mecânica, se tem 1 2 0 De onde se tira 2 A velocidade vem expressa em função da massa do ião, que se pretende determinar. 25 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 112 O O ião penetrou na câmara com velocidade de direção perpendicular à do campo magnético uniforme existente dentro da câmara ( tem a direção do plano do papel e aponta para fora deste). Como tal, ficou sujeito no ponto de penetração, O, a uma força de direção horizontal, especificada pela linha x, que aponta da esquerda para a direita, daí a trajetória semicircular que descreve estar orientada para a direita em relação ao ponto de penetração na câmara. FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 113 A força magnética a que uma partícula de carga q, a deslocar-se com velocidade numa região do espaço onde existe um campo magnético fica sujeita é sempre perpendicular à velocidade da partícula pois . A força magnética altera a direcção da velocidade da partícula, mas não a sua grandeza. o movimento da partícula é então uniforme. Sendo a velocidade da partícula perpendicular à força magnética que sobre ela atua em cada ponto da sua trajetória, a força magnética é uma força centrípeta cujo módulo é: 26 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 114 90º Usando a segunda lei de Newton obtém-se O raio da trajetória circular descrita pela partícula é então dado por O movimento da partícula é, neste caso, circular uniforme no plano da sua velocidade e da força magnética (o plano do papel) FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 115 Atendendo a que anteriormente se tinha obtido , vem 2 1 2 1 2 27 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 116 Resolvendo r em ordem a m vem 2 Nesta expressão, r é o raio da trajetória circular, mas no problema é dada a coordenada x do ponto onde o ião embate no detetor. Note-se que 2r O FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 117 Logo 8 Atendendo a que 1,6254 , 80 , 1,602 10 e 1 10 vem 1,6254 80 10 1,602 10 8 1 10 3,3859 10 203,91 (solução) 3,3859 10 1 1,6605 10 28 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 118 A VELOCIDADE DA CARGA TEM UMA COMPONENTE PERPENDICULAR E OUTRA PARALELA A UM CAMPO MAGNÉTICO UNIFORME Neste caso, o ângulo formado por e é 90º. Contudo, o vetor pode decompor-se em duas direções: uma paralela e outra perpendicular a . FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 119 • A componente de paralela a não é alterada pelo campo, permanecendo constante. • A componente de perpendicular a muda de direção (como no caso considerado anteriormente). Como consequência, o movimento da carga é uma composição de dois movimentos, um retilíneo e uniforme, e outro circular e uniforme. A trajetória da partícula tem, por isso, a forma de uma hélice cilíndrica. 29 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 120 O CICLOTRÃO O fato da trajetória de uma partícula carregada na presença de um campo magnético uniforme ser circular permitiu projetar aceleradores que obrigam as partículas a serem ciclicamente aceleradas pelo mesmo campo elétrico. Como se viu no exemplo anterior, nos aceleradores eletrostáticos, a energia cinética adquirida por uma partícula com carga elétrica depende de uma diferença de potencial ∆ estabelecida entre dois elétrodos. 1 eletrão-Volt (eV) define-se como a energia cinética adquirida por um eletrão quando acelerado, a partir do repouso, por uma diferença de potencial de 1 Volt. Uma vez que a carga do eletrão é 1,602 10 , então , FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 121 Num acelerador cíclico, a partícula carregada é acelerada em diversas etapas, passando repetitivamente numa região onde diferença de potencial e a grandeza do campo elétrico é pequena. 30 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 122 O primeiro dispositivo que operou de acordo com este princípio foi o CICLOTRÃO, projetado por E. O. Lawrence, em 1932. O ciclotrão consiste essencialmente numa cavidade cilíndrica dividida ao meio e colocada num campo magnético FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 123 uniforme paralelo ao seu eixo. Cada condutor semicircular é designado por “dê”, pela sua semelhança coma letra D. Os dois dês são ocos e estão eletricamente isolados entre si. Este sistema é mantido numa câmara de vácuo para evitar a colisão das partículas que se estão a acelerar com quaisquer moléculas de ar. A fonte de partículas a serem aceleradas é colocada no centro dos dês. No interior dos dês o campo elétrico é nulo. Uma diferença de potencial alternada de alta frequência 31 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 124 é aplicada entre os dês, criando um campo elétrico no espaço entre os dês que é usado para acelerar as partículas. Tomemos o exemplo do que sucede a uma partícula positiva, como um protão. 1º Um protão que saia da fonte é atraído para o dê com polaridade negativa. 2º Uma vez NO INTERIOR DE UM DÊ, o protão não fica sujeito a forças elétricas, pois no interior dos dês o FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 125 campo elétrico é nulo. Contudo, como velocidade do protão é perpendicular ao campo magnético existente nessa região, a força magnética a que fica sujeito leva a que este descreva uma trajetória SEMICIRCULAR de raio no plano perpendicular ao eixo cilíndrico dos dês, até chegar ao espaço entre os dês. Atendendo a que v = r, a frequência angular do movimento do protão (frequência angular de ciclotrão) é ω q B m 32 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 126 3º Para que a aceleração do protão no campo elétrico criado no ESPAÇO ENTRE OS DÊS esteja otimizada (i.e., para que a diferença de potencial existente entre os dês seja máxima no instante da chegada do protão ao FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 127 espaço entre estes), a polaridade dos dês deve inverter-se enquanto o protão descreve meia revolução. Como tal, a frequência de oscilação da diferença de potencial alternada aplicada entre os dês e a frequência com que o protão circula no campo magnético (que não depende da sua velocidade) deverão ser iguais. Em termos de frequência angular, se ω for a frequência angular de oscilação da diferença de potencial alternada aplicada entre os dês, tal pode escrever-se como ω ω q B m CONDIÇÃO DE RESSONÂNCIA. 33 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 128 É costume exprimir-se esta ideia dizendo-se que, quando tal acontece, existe RESSONÂNCIA. No ESPAÇO ENTRE OS DÊS, o protão é acelerado pelo campo elétrico aí criado pela diferença de potencial aplicada aos dês. A diferença de potencial, ∆ , e a grandeza do campo elétrico são pequenas, pelo que a energia cinética do protão, e a sua velocidade, sofrem um aumento não demasiadamente elevados, tais que: ∆ ∆ 4º Ainda assim, o protão ENTRA NO DÊ SEGUINTE com velocidade superior àquela com que acabou de FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 129 descrever o semicírculo anterior. Atendendo a que o raio da trajetória do protão no interior de um dê é o próximo semicírculo que este descreverá terá um raio superior ao anterior. Por este motivo, o protão descreverá semicírculos de raios progressivamente superiores até que este atinge um valor máximo, que é praticamente igual ao RAIO R da 34 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 130 cavidade cilíndrica (conhecido por RAIO DO CICLOTRÃO, ou raio de extração do feixe). Como r , então a velocidade máxima de uma partícula é v q B R m E a energia cinética máxima é E 1 2 mv 1 2 m q B R m E q B R 2m FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 131 A velocidade máxima e a energia cinética máxima da partícula são determinadas pelo raio R do ciclotrão, pela massa e carga da partícula e pela grandeza do campo magnético, mas não dependem da diferença de potencial aplicada aos dês. Quando a diferença de potencial aplicada aos dês é pequena, as partículas têm que efetuar muitas mais voltas antes de adquirirem a energia desejável. A intensidade do campo magnético que pode ser aplicado está limitada por fatores tecnológicos, como a disponibilidade de materiais com as propriedades necessárias. Contudo, usando-se eletroímanes com raios suficiente-35 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 132 -mente elevados consegue-se, em princípio, acelerar partículas carregadas a qualquer energia desejada. No entanto, quanto maior for o eletroíman, maior serão o peso, as dimensões e o custo do ciclotrão. FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 133 Outro fator que limita a energia que se consegue alcançar com um ciclotrão prende-se com os efeitos relativistas que ocorrem para velocidades muito elevadas. 36 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 134 Como ω depende da velocidade v das partículas, à medida que esta aumenta ω vai variando, deixando de haver sincronização entre a frequência do ciclotrão e a frequência da tensão aplicada entre os dês. Neste caso, a frequência angular do movimento da partícula não é ω , mas sim ω q B 1 v c onde c é a velocidade da luz e é a massa da partícula em repouso. FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 135 EXEMPLO Problema Um ciclotrão contruído durante os anos 1930 tinha um raio de extração de 0,500 m e o campo magnético era de 1,50 T. Despreze os efeitos relativistas. ã 1,602 10 ; ã 1,673 10 kg. Se o ciclotrão foi usado para acelerar protões determine: (a) a frequência que a diferença de potencial alternada a aplicar entre os dês deverá ter para que esteja em ressonância com a frequência com que o protão circula no campo magnético; (b) a energia cinética máxima dos protões acelerados neste ciclotrão. Apresente os resultados em eletrão-Volt ou múltiplos do mesmo (1 1,602 10 . 37 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 136 Resolução (a) Determine a frequência que a diferença de potencial alternada a aplicar entre os dês deverá ter para que esta esteja em ressonância com a frequência com que o protão circula no campo magnético. Para que aceleração das partículas no campo elétrico criado no espaço entre os dês esteja otimizada (i.e., para que a diferença de potencial existente entre os dês seja máxima no instante da chegada destas ao criado no espaço entre os dês esteja otimizada (i.e., para que a diferença de potencial existente entre os dês seja máxima no instante da chegada destas ao espaço entre estes), a polaridade dos dês deve inverter-se enquanto FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 137 A chave da aceleração de partículas num ciclotrão é então a sincronização entre a frequência de ciclotrão (a frequência de circulação da partícula) e a frequência da tensão aplicada entre os dês, traduzida pela condição de ressonância: ω ω q B m o protão descreve meia revolução. A tensão aplicada entre os dês oscila com frequência angular e frequência 2 . 38 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 138 Na presença do campo magnético existente no interior dos dês do ciclotrão o protão descreve uma trajetória semicircular de raio Como v = r, a frequência angular de ciclotrão vem A frequência de ciclotrão é, então: 2 2 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 139 A condição de ressonância, ω ω , pode então também ser escrita como 2 Atendendo a que ã 1,602 10 , ã 1,673 10 e 1,50 vem 1,602 10 1,50 2 1,673 10 2,286 10 39 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 140 Resolução (b) Determine a energia cinética máxima dos protões acelerados neste ciclotrão. A energia cinética máxima e a velocidade máxima da partícula são determinadas pelo raio R do ciclotrão (o raio R da cavidade cilíndrica ou o raio de extração): 23 (solução) De onde se tira v q B R m FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 141 A energia cinética máxima é E 1 2 mv 1 2 2 Atendendo a que ã 1,602 10 , ã 1,673 10 , R 0,500 m e 1,50 , vem E 1,602 10 1,50 0,500 2 1,673 10 E 4,3144 10 40 FÍSICA APLICADA I 2015/2016 CM 142 E 4,3144 10 1 1,602 10 E 2,693 10 E 27 (solução)
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