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Aula Introdutória - Nutrição de Cães e Gatos - Notas de Aula

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS 
Departamento De Zootecnia 
NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE CÃES E GATOS GZO-141 
 
AULA DE INTRODUÇÃO 
Flávia Maria de Oliveira Borges Saad 
Médica Veterinária, MSc., Doutora em Nutrição Animal 
Professora Associada da UFLA – Departamento de Zootecnia 
e-mail: borgesvet@dzo.ufla.br 
 
1.2.1. Conceito de alimentação e nutrição 
A definição conceitual de alimentação pode, com certeza, ser considerada 
empírica. Seria, a ação fisiológica de ingerir, por vontade própria, substâncias que 
assegurem, pelo menos, a manutenção da vida. 
 
O primeiro ato do indivíduo ao nascer, depois de respirar, é comer. Qualquer 
ser irracional sabe distinguir o que é alimento do que não é alimento. 
 
É interessante observar que a alimentação humana é fruto de tradições e 
costumes, além de ser determinada por ambiente, visto que a mesma difere 
geograficamente entre os povos. Também pode ser determinada por características 
anatômicas e fisiológicas de cada espécie, inclusive no habitat natural. O animal 
come o que gosta e o que lhe é palatável, entretanto, algumas espécies, diante à 
escassez de alimentos palatáveis, podem modificar sua alimentação, consumindo 
alimentos que, normalmente, não fazem parte de sua dieta natural. 
 
Com a domesticação dos animais, começou-se a observação de sua 
alimentação, e a evolução do ato de alimentar. 
 
Teoricamente, a Ciência da Nutrição surgiu com Lavoisier no século XVIII 
(1743 - 1794), quando se considerava que todos os alimentos mantinham um 
princípio nutritivo vital e único. Alguns anos depois, através de estudos químicos, já 
se conheciam três frações: proteínas, carboidratos e lipídeos. Durante todo o século 
XIX somente alguns minerais e poucos nutrientes essenciais foram descobertos, 
mas no século atual mais de 40 nutrientes já são reconhecidos, inclusive suas inter-
relações (Nunes, 1995). 
 
Há poucas décadas atrás se considerava que alimentos de origem animal 
tinham melhor valor nutritivo devido a elementos nutricionais não identificados, 
inerentes somente aos tecidos animais. Hoje, a maioria destes elementos já foi 
identificada, podendo ser acrescentados ou corrigidos em dietas compostas 
somente por vegetais. A correção destas dietas ainda apresenta custo relativamente 
mailto:borgesvet@dzo.ufla.br
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NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE CÃES E GATOS GZO-141 
 
 
 
elevado, no entanto, na área de biotecnologia, inúmeras pesquisas têm sido 
realizadas com o objetivo de incrementar o valor nutritivo dos alimentos aliado a uma 
redução de custos. 
 
1.2.2. Conceito de alimento e nutriente 
Como conceito, alimento pode ser definido como toda a substância que, 
ingerida por vontade própria, elimine a fome, contribuindo com pelo menos um 
nutriente básico (existem determinados nutrientes que, no sangue, em determinadas 
proporções, agem no centro hipotalâmico que controla a fome e a saciedade). 
 
Outras definições: 
 
 Tudo que é capaz de reparar perdas sólidas ou fluidas do organismo 
animal. 
 Substância tomada de um meio exterior, necessária para a manutenção do 
organismo. 
 
Já nutriente seria qualquer substância que, administrada ao organismo, 
participe dos processos metabólicos normais e contribua para a manutenção da 
vida. 
 
A nutrição seria parte da ciência biológica que estuda a interação entre os nutrientes 
e as células do organismo (animal ou vegetal). 
 
 
Nenhum nutriente, isoladamente, consegue promover a manutenção dos 
processos metabólicos normais de um animal, assim como existem nutrientes que, 
tomados de forma isolada, não podem ser conceituados como alimento. (Exemplo 
de nutrientes que, administrados isoladamente, não são alimentos - vitaminas, 
minerais, água). 
Outra questão seria que, dificilmente, um alimento simples contém todos os 
nutrientes necessários para a manutenção da vida e produção. Por exemplo, o leite; 
até uma determinada fase de crescimento (curta) pode manter os processos 
metabólicos, no entanto, se o indivíduo mantiver a dieta exclusivamente com leite 
terá desordens no metabolismo. Da mesma forma pode-se citar o ovo. Isto não 
significa que estes alimentos citados não constituam boa fonte nutricional, significa 
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sim, que estes alimentos devem ser conjugado a outros que apresentem nutrientes 
complementares. 
O conceito de alimento sofre variações entre espécies. O que é alimento para 
uma espécie não é para outra. Por exemplo, se oferta a herbívoros uma dieta ideal 
para carnívoros e vice-versa, provoca-se graves distúrbios de ordem nutricional. 
 
 
Então: ALIMENTOS contêm NUTRIENTES (em maior ou menor quantidade) que, 
quando combinado em proporções adequadas para cada espécie, vão constituir 
uma DIETA. 
 
 
Já o conceito de ração seria a quantidade da dieta diária administrada a uma 
espécie. 
 
ATENÇÃO: Popularmente ração é o termo dado a um conjunto de alimentos 
misturados, que são fornecidos aos animais como alimentação única (suínos, aves e 
pequenos animais) e como complemento (bovinos e eqüinos). 
 
 
PARA QUE ALIMENTAR E NUTRIR? 
 
 
A alimentação é uma das atividades mais importantes da ecologia de qualquer 
organismo vivo. Pela alimentação os seres vivos adquirem a energia necessária ao 
seu funcionamento e reprodução. A atividade alimentar implica dispêndio de tempo, 
na procura do alimento, que poderia ser gasto em outras funções. Um animal que 
consuma muito tempo na procura de alimento terá menos tempo para se dedicar, 
por exemplo, aos cuidados com crias ou à procura de parceiro reprodutor. 
 
Ao limitar o espaço dos animais e as chances dos mesmos encontrarem seus 
alimentos naturais, o homem deve-se encarregar de os fornecer de maneira 
adequada para cada espécie. (Nunes, 1995). 
 
Desta forma, a Nutrição recebe diferentes enfoques dependendo do objetivo 
da criação. Exemplo: na criação de animais para a produção de alimentos o objetivo 
é obter um máximo de produtos (até pouco tempo o conceito de qualidade era 
dispensado). Já a criação de pequenos animais para companhia não visa produção 
máxima a um custo mínimo, o objetivo não é engordar o animal e sim manter a 
saúde e o bem estar. 
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1.2.3. Princípios Nutritivos e Nutrientes 
Os princípios nutritivos foram classificados e agrupados de acordo com sua 
natureza química e biológica, como se segue: proteína, lipídeos, carboidratos, 
elementos minerais e vitaminas. Os três primeiros fornecem ao animal a energia, 
que não é uma entidade química, porém pode ser mensurável. Proteínas, lipídeos e 
minerais também são substâncias constituintes de tecidos. 
Cada um destes componentes apresenta subdivisões. Por exemplo, proteína é 
uma definição ampla para determinar uma infinidade de compostos distintos. Uma 
proteína pode ser de ótimo valor nutritivo ou o inverso, de acordo com seu conteúdo 
de aminoácidos. 
 
Assim, define-se como nutriente aquelas substâncias disponíveis para serem 
absorvidas após a digestão dos princípios nutritivos, como aminoácidos, glicose, 
ácidos graxos, etc. Metabolicamente também deve ser considerado como nutrientes 
o oxigênio e a água. 
 
PARA DOMINAR BEM A CIÊNCIA NUTRICIONAL É NECESSÁRIO: 
 
 
 Conhecer a bioquímica dos nutrientes. 
 Conhecer a fisiologia da espécie a qual o estudo se destina, mais especificamente 
a fisiologia digestiva. 
 Conhecer o valor nutritivo de cada alimento potencialmente utilizado. 
 Conhecer as necessidades nutricionais de cada espécie. 
 Descobrir novos nutrientes. 
1.3. DIFERENÇAS ENTRE CANÍDEOS E FELÍDEOS 
O gato doméstico (Felis catus) pertence à ordem Carnívora, a superfamília 
Feloidea e a família Felídea. O cão (Canis familiaris), embora da classeMammalia e 
ordem Carnívora, da mesma forma que o gato, encontra-se na superfamília 
Canoideia. A superfamília Canoideia inclui famílias com diferentes hábitos 
alimentares; os Ursídeos (ursos) e os Procionídeos (texugo) são famílias com 
animais onívoros, mas espécies da família Alurídea (pandas) são estritamente 
herbívoras. As espécies carnívoras incluem, entre outras, os Canídeos (cães) e os 
Mustelídeos (doninhas). Já a superfamília Feloidea inclui três famílias estritamente 
carnívoras: os Viverídeos (lemur), os Hyaenideos (hienas) e os Felídeos (gatos). 
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Os felídeos podem ser divididos em três superespécies; Felis - espécie da qual 
descendem nossos gatos domésticos e que se caracterizam por ronronarem ao 
inalar e expelir o ar, Panthera - grandes gatos, como os leões, que se caracterizam 
por rugir alto, só ronronando quando expiram e, finalmente, o Acinonyx - guepardo, 
único membro dessa espécie que se caracteriza por não retrair as garras totalmente 
e por isso não se assemelha a nenhum outro gato. 
 
Enquanto que a História Evolutiva do cão sugere uma dieta mais onívora na 
natureza, a história do gato indica que esta espécie consumia uma dieta puramente 
cárnica através de seu desenvolvimento evolutivo. 
 
As principais diferenças nutricionais entre cães e gatos são: 
 
 Carboidratos 
Os felinos possuem um metabolismo único para a glicose (maior semelhança 
ao metabolismo de ruminantes que ao de canídeos). Os cães, fisiologicamente e 
metabolicamente, possuem uma melhor adaptação a carboidratos que os carnívoros 
restritos (felinos). Deste ponto de vista pode ser considerado um onívoro. Os gatos 
possuem menor tolerância a carboidratos na dieta porque não possuem amilase 
salivar e possuem pouca amilase pancreática. 
 
 Proteína e aminoácidos 
Os felinos possuem um maior requisito protéico que os cães. A dieta natural 
dos gatos, rica em proteína e pobre em carboidratos, levou a adaptação dos 
sistemas enzimáticos do fígado. Estes apresentam uma alta conversão de 
aminoácidos em glicose, fazendo com que a necessidade protéica dos gatos seja 
maior que a dos cães em 50% para o crescimento e o dobro para manutenção de 
adultos. 
Os gatos têm necessidades dietéticas de taurina, um aminoácido que não é 
incorporado à cadeia protéica, sendo essencial para o funcionamento do miocárdio 
(músculo do coração) e da retina. Diferente dos demais mamíferos domésticos, o 
gato não a sintetiza em quantidades suficientes, devendo estar presente em suas 
dietas. Sua deficiência leva a degeneração da retina, cegueira e doença cardíaca. 
Os felinos são inaptos na conversão do aminoácido triptofano a niacina 
(vitamina do complexo B). Sendo assim, as necessidades de niacina nos felinos são 
quatro vezes maiores que a dos cães. Além disso, os felinos são extremamente 
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sensíveis a deficiência de arginina, diferente dos cães. 
 
 Lipídeos 
Os felinos não têm uma enzima necessária para a conversão do ácido graxo 
essencial linoléico em araquidônico, o que é possível nos cães Este ácido graxo é 
um dos constituintes da membrana celular e sua deficiência leva a problemas 
reprodutivos, dermatite, pele hiperplásica, paraqueratose, hemorragia subcutânea, 
etc. As dietas para felinos devem conter este ácido graxo e, na prática, significa que 
rações para gatos devem apresentar gordura animal em sua composição. 
 
 Vitaminas 
Os gatos são inaptos para a conversão de -caroteno (presente nas plantas) 
em vitamina A, necessitando de uma fonte de vitamina A pré-formada na dieta, ao 
contrário dos cães. 
A piridoxina, também conhecida como vitamina B6, participa do metabolismo 
das proteínas. A necessidade de piridoxina nos gatos é quatro vezes maior do que 
em cães, devido ao alto metabolismo protéico dos felinos. A deficiência desta 
vitamina leva a anemia, parada do crescimento, lesões renais irreversíveis e 
convulsões. 
1.4. EVOLUÇÃO DA ALIMENTAÇÃO DO GATO DOMÉSTICO 
O gato doméstico é um carnívoro restrito e talvez por isso seja um predador 
que se localiza, igualmente aos seus congêneres selvagens, no topo de seu 
ecossistema. Entretanto, é necessário esclarecer que o fato de ser um carnívoro 
restrito não significa que deva comer somente carne, mas sim que deve 
obrigatoriamente consumir carne além de outros alimentos. 
 
Segundo Gatti (2002), vice-presidente da Associação Argentina de Medicina 
Felina (AAMeFe), a condição de carnívoro restrito regeu as quatro etapas históricas 
da alimentação pelas quais passou o gato desde sua domesticação: 
 
 
 Etapa de caçador exclusivo: esta etapa levou o gato à domesticação. 
Devido à fartura de roedores presentes em lavouras e armazéns, o gato 
passou a tolerar a presença do homem em troca do grande número de 
presas fáceis. No antigo Egito, embora já convivendo com a presença 
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humana, o gato ainda permaneceu em estado selvagem, tendo como fonte 
alimentar presas vivas e, ocasionalmente, algum alimento oferecido por 
humanos. Esta condição é encontrada até hoje nos gatos Australianos que 
vivem no deserto. 
 
 Etapa de cativeiro relativo: iniciou-se possivelmente quando o gato 
começou a formar parte da população das cidades, por volta de 1800, com 
o inicio da criação dirigida pelo homem na Inglaterra. Nesta etapa, o gato 
passou a receber carne e outros alimentos oferecidos por seus donos. 
Ocasionalmente o animal caçava, e assim ainda compensava a 
alimentação desequilibrada (somente carne e vísceras) ofertada pelos 
humanos. 
 
 Etapa de cativeiro restrito. Iniciou-se provavelmente na década de 50 
quando o gato passou a viver dentro de casa e assumiu o papel de animal 
de estimação. Deste modo, passou a não sair para caçar e ficou totalmente 
dependente da alimentação oferecida pelos humanos. Com uma 
alimentação desequilibrada (somente carne e vísceras, além de peixe cru) o 
gato começa a ter problemas nutricionais. Além disso, as dietas são 
sanitariamente perigosas, pois por sua falta de cocção podiam transmitir 
diversas enfermidades infecciosas ou parasitárias como, por exemplo, a 
tuberculose ou a toxoplasmose. Com estas monodietas o gato estava 
exposto a diversas enfermidades nutricionais tanto por excesso como a 
hipervitaminose A dos gatos que consumiam fígado e peixes crus, quanto 
por deficiência como o hiperparatiroidismo nutricional dos gatos que durante 
seu crescimento comiam apenas carne. 
 
 Etapa de cativeiro restrito com alimento balanceado: esta etapa 
começou na década de 70 com a introdução de alimentos balanceados 
comerciais que lentamente foram substituindo as monodietas cárnicas. 
1.5. EVOLUÇÃO DA ALIMENTAÇÃO DOS CÃES 
O cão (Canis familiaris) é reconhecido como animal doméstico a mais de 
15.000 anos, mas existem teorias de que o processo de domesticação tenha se 
iniciado a mais de 20.000 anos. Embora existam mais de 350 raças caninas, com 
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pesos variando entre um kg (Chihuahua) até mais de 100 kg (ex: São Bernardo e 
Dog Alemão), apresentam padrões de DNA idênticos, o que sugere que todos 
tenham uma origem comum. 
 
 
O cão está incluído na Ordem Carnívora. A origem comum remonta da Era 
Terciária, durante o Paleoceno e o Eoceno inferior. 
 
A teoria mais admitida em relação à domesticação é que o cão começou a se 
domesticar a partir do lobo das Índias (Canis lupus pallipis). Estes lobos 
aproximaram-se de aldeias para aproveitar os restos das caças que eram deixadas 
nos limites territoriais dos humanos. Possivelmente nesta época os homenscomeçaram a criar os filhotes em cativeiro, inicialmente como reserva alimentar e 
depois como proteção contra os outros animais selvagens. 
 
A maioria das raças conhecidas se fixou no final do século XIX ou princípio do 
século XX, entretanto, no último século foram reconhecidas um grande número de 
autóctones. 
 
Em suas origens o cão era um carnívoro restrito. Em seu estado selvagem a 
dieta consistia basicamente em produtos de origem animal, com supremacia de 
proteína e lipídeos. O aporte de fibra era oriundo da ingestão do conteúdo intestinal 
das presas ou da ingestão ocasional de vegetais crus. 
 
Segundo Tardin e Polli (1995), na natureza cães costumavam se alimentar de 
caça: coelhos, ratos, aves e outras presas. Analisando a composição corporal 
destes animais (tabela 1), pode-se verificar que o consumo proveniente da caça 
responde por 42,50% da proteína, 55,40% da gordura e 2,10% dos carboidratos 
ingeridos. 
TABELA 3 - Composição corporal de algumas espécies animais, desidratados 
a 90% de matéria seca. 
Espécie Proteína % Gordura % Carboidrato* % Cinzas% 
Coelho 50,90% 22,27% 2,80% 13,60% 
Rato 55,60% 22,80% 2,50% 9,10% 
Aves (frango) 42,80% 38,70% 2,00% 6,10% 
Porco da Índia 46,20% 29,20% 2,40% 12,20% 
Média 48,90% 28,30% 2,40% 10,40% 
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*sob a forma de glicogênio 
Adaptado de Tardin e Polli (1995). 
 
A proximidade com o homem levou a uma mudança gradual de sua dieta, com 
um maior aporte de carboidratos, entretanto a espécie apresentou uma excelente 
adaptação fisiológica e metabólica a sua nova alimentação, razão pela qual passou 
a ser considerando, baseado em inúmeros parâmetros, um onívoro. Por outro lado, 
existem ainda hoje controvérsias a respeito. Segundo TARDIN e POLLI (1995) como 
cães e gatos ingeriam dietas similares as de seus proprietários, quantidades 
crescentes de carboidratos foram adicionados à sua dieta. Os carboidratos, porém, 
não são essenciais na dieta destes animais, mesmo após milhares de anos de 
domesticação, seu sistema enzimático digestivo é perfeitamente adaptado para 
digerir carne crua e muito ineficiente na digestão de amidos, mesmo tendo 
acompanhado de perto o desenvolvimento da agricultura e a introdução de 
carboidratos e açúcares na dieta humana. Este tipo de alimentação similar à de seus 
donos, fez surgir nestes animais problemas de saúde similares aos dos humanos. 
TABELA 4 - Comparação entre saúde humana e canina (EUA). 
Ocorrência Homens Cães 
Doenças Cardíacas 31,6% 30,0% 
Obesidade 35,0% 34,0% 
Diabete + + 
Doenças Hepáticas + + 
Doenças Renais + + 
Câncer + + 
Adaptado de Tardin e Polli (1995). 
 
Nas últimas décadas a alimentação dos cães evoluiu muito, amparada pelo 
desenvolvimento do setor de alimentos comerciais para cães: 
 
 Até a década de 70: alimentação caseira, na maioria das vezes sobras 
de comida ou preparados a base de milho e aparas de carne. A 
alimentação era pobre em minerais e vitaminas, particularmente o 
cálcio, acarretando o desenvolvimento freqüente de hiperparatiroidismo 
nutricional. Também era comum encontrar um quadro característico de 
hipoproteinemia, principalmente naqueles animais alimentados com 
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sobras de refeições humanas. 
 
 Década de 70: surgimento dos primeiros alimentos industrializados no 
Brasil, entretanto eram alimentos inicialmente peletizados ou 
pobremente expandidos. Até hoje conservam as mesmas 
características: níveis nutricionais mínimos, ingredientes de baixos 
custo e qualidade, formulação variável e fontes vegetais de proteína e 
gordura. Além disso, eles apresentavam uma baixa densidade 
nutricional, o que obrigava a ingestão de uma grande quantidade do 
produto. Uma das vantagens destes alimentos, chamados de alimentos 
de combate, em alusão a sua alta vendagem, são os preços 
acessíveis. Embora os alimentos comerciais com estas características 
não sejam capazes de sustentar as exigências nutricionais para um 
desenvolvimento ótimo, grande parte dos mesmos tem melhor perfil 
nutricional que dietas caseiras empíricas ou sobra de alimentos. 
 
 Década de 80: surgimento de produtos mais elaborados, com níveis 
nutricionais superiores aos produtos de combate, mais palatáveis e 
com controle de qualidade de matérias-primas um pouco mais rigoroso. 
Entretanto, estes produtos apresentavam formulação variável e a maior 
parte de ingredientes era de origem vegetal. Estes alimentos 
continham aditivos artificiais como corantes e aromas que buscavam 
unicamente agradar aos olhos dos proprietários de cães, sem agregar 
valor nutricional ao alimento. 
 
 Década de 90: Alimentos mais elaborados, baseados em estudos e 
recomendações apuradas sobre as reais necessidades dos animais, 
com alto valor nutricional e qualidade dos ingredientes. A tecnologia de 
processamento evoluiu muito, aproximando-se ao padrão de qualidade 
utilizado na indústria de alimentos comerciais para humanos. Nesta 
década a oferta de alimentos comerciais para cães ampliou muito, com 
o surgimento de alimentos destinados a várias etapas fisiológicas além 
de rações específicas para condições especiais (obesidade, animais 
senis, animais nefropatas, etc). 
1.6. OBJETIVOS DA ALIMENTAÇÃO 
 Permitir a ótima expressão da carga genética do indivíduo. 
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 Manter as condições de saúde. 
 Favorecer o manejo de determinados estados patológicos. 
 Deve ser nutricionalmente correta (com todos os nutrientes necessários e 
em proporções adequadas). 
 Sanitariamente segura (não deve transmitir enfermidades infecciosas). 
 Palatáveis e agradáveis às preferências alimentares do gato. 
 
Recentemente começou-se a formular alimentos para a prevenção e 
tratamento suporte para diferentes estados patológicos: 
 
 Enfermidade do trato urinário inferior. 
 Insuficiência renal. 
 Transtornos digestivos. 
 Diabete. 
 Obesidade. 
 Alergias nutricionais (com proteínas hipoalergênicas ou hidrolisado de 
proteínas). 
 Enfermidade periodontal. 
 Enfermidades oncológicas. 
 Rações específicas para animais castrados, sedentários e confinados em 
pequenos espaços. 
 Alimentos comerciais para raças especificas como a persa (modificação no 
formato do grânulo de modo a facilitar a apreensão do alimento). 
 
 
 
 
 
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1.7. BIBLIOGRÁFIA CONSULTADA 
 
CASE, L.P.;CAREY, D.P.; HIRAKAWA, D.A. Nutrição canina e felina: manual para 
profissionais. Espanha: harcourt Brace, p.410, 1998. 
GATTI, R. M. Evolución histórica de la alimentación del gato doméstico, dezembro 
de 2001, Disponível em http://www.aamefe.org.ar /alim_dom.htm Acesso em: 
10/10/2002. 
MINISTÉRIO da agricultura, pecuária e abastecimento - Regulamento técnico sobre 
fixação de padrões de identidade e qualidade de alimentos para fins nutricionais 
especiais ou alimentos com fins nutricionais específicos destinados a cães e 
gatos. Instrução normativa/sarc nº 9, de 14 de julho de 2003. 
SALVADOR, I. E.O., LOPES, L.T. ALVES, N.A. A Segurança Alimentar em Ração 
para Animais, Banas Qualidade, n. 119, 2002. 
SINDIRAÇÕES População PET ultrapassa 1 bilhão. Disponível em: 
http://www.sindiracoes.org.br/revista/petfood.asp, Acesso em 05/01/2004. 
TARDIN, A C., POLLI, S. R. {(ON LINE) EVOLUÇÃO NA ALIMENTAÇÃO DE CÃES. 
BOLETIM INFORMATIVO NUTRON PET, OUTUBRO 2001, Nº001, 
DIVULGADO NA ANIMALWORLD. DISPONÍVEL EM: 
HTTP://WWW.ANIMALWORLD.COM.BR. ACESSO EM: 14/02/2003}. 
YABIKU, R. M. Animais de estimação: lucros estimados. Disponível em: 
www.bichoonline.com.br, Acesso em: 06/05/2003. 
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