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Thais Alves Fagundes AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL DOENÇA RENAL CRÔNICA (DRC) Alterações heterogêneas que afetam a estrutura a função renal, com múltiplas causas e múltiplos fatores de prognóstico. FATORES DE RISCO PARA DRC Diabetes Hipertensão História de doença do aparelho circulatório História familiar de DRC Tabagismo Uso de agentes nefrotóxicos EXAMES LABORATORIAIS PARA AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL EXAMES LABORATORIAIS PARA DIAGNÓSTICO DA DISFUNÇÃO RENAL: Dosagens de creatinina e ureia Pesquisa de microalbuminúria Exame de urina rotina OUTROS ENSAIOS: Avaliação da taxa de filtração glomerular Determinação da proteinúria de 24 horas CARACTERÍSTICAS DE UM ANALÍTO PARA ANÁLISE DA FUNÇÃO RENAL: Produzido constantemente durante o dia. Deve ser totalmente excretado pelo rim. Não pode sofrer influência da dieta alimentar do indivíduo. UREIA Ureia: produto do catabolismo das proteínas. Sintetizada no fígado (CO2 + amônia). EXCREÇÃO: 90% ureia é excretada pelo rim. Excreção depende da hidratação e taxa de fluxo urinário. Thais Alves Fagundes UREIA E A AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL Ureia é amplamente utilizada na prática clínica, mas é inadequada como teste da função renal. Limitações: Não é produzida constantemente durante o dia Concentração varia com ingestão de proteínas/sangramento gastrointestinal e uso de medicamentos (corticosteroides). Recomendações: Elevação da ureia sérica decorrente de alterações renais é mais precoce do que a elevação da creatinina. Avaliação da ureia pode ocorrer antes que se tenha uma alteração da creatinina. Associação de seus valores juntamente com os resultados da creatinina. VALORES DE REFERÊNCIA PARA UREIA Varia de acordo com o laboratório e o método. Adultos: 15-30mg/dL QUANTIFICAÇÃO Método: colorimétrico enzimático. Boa especificidade e sensibilidade. Mais utilizado atualmente. Amostra: Soro, plasma ou urina. Amostra deve ser refrigerada rapidamente (perda da ureia por decomposição bacteriana). CREATININA Creatinina é produto do metabolismo da creatina. Creatina é produzida principalmente no fígado. Creatina participa no fornecimento de energia para a contração muscular. Creatina livre (2%) é transformada em creatinina. EXCREÇÃO: Creatinina é totalmente excretada pelos rins. Thais Alves Fagundes VALORES DE REFERÊNCIA PARA CREATININA 0,6 a 1,3 mg/dL CREATININA E A AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL Produção é constante e proporcional à massa muscular. o Níveis nos homens e atletas são maiores que nas mulheres, crianças e idosos. Excreção é constante durante o dia. Não sofre efeito da dieta e da velocidade do fluxo urinário. Apresenta boa correlação com a taxa de filtração glomerular: concentração de creatinina no sangue é inversamente proporcional à taxa de filtração glomerular. Creatinina sérica: Determinação da creatinina sérica é simples. Valores de creatinina sérica como índice da função renal estão sujeitos a variáveis interferentes. Recomendações: Associação dos valores de creatinina sérica com os valores de depuração de creatinina em urina de 24 horas. Valores de depuração reduzidos com creatinina sérica aumentada: comprometimento da função renal. DEPURAÇÃO DA CREATININA (CLEARANCE DA CREATININA) É determinada pela medida da concentração da creatinina no sangue e na urina de 24hs simultaneamente. Depuração cr (mL/min) = VALORES DE REFERÊNCIA PARA DEPURAÇÃO DA CREATININA Crianças: 70 a 140 ml/min/1,73 m2 Homens: 85 a 125 ml/min/1,73 m2 Mulheres: 75 a 115 ml/min/1,73 m2 Idosos: diminuição de 6 ml/min para cada década de vida o Envelhecimento leva à perda de massa muscular e à perda de néfrons com redução de TFG. Thais Alves Fagundes DEPURAÇÃO/CLEARANCE DA CREATININA E A AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL Fornece boa avaliação da capacidade de filtração glomerular. Facilidade de execução e baixo custo. Limitações: Superestima a TFG (parte da creatinina não é filtrada, mas sim secretada pelo túbulo renal). Utiliza urina de 24 horas (fator limitante – difícil coleta). Fatores interferentes (dieta, medicamentos). ORIENTAÇÕES PARA COLETA DE URINA DE 24 HORAS: No primeiro dia, desprezar a primeira urina da manhã. Colher todas as micções até a manhã do segundo dia (todo o volume de urina deve ser colhido). Colher a primeira urina da manhã do segundo dia. Enviar a amostra para o laboratório. Toda urina colhida deverá ser armazenada em frascos limpos, livres de resíduo de qualquer natureza e sob- refrigeração (entre 2° e 8°C). QUANTIFICAÇÃO Metodologia: Reação colorimétrica enzimática (Reação de Jaffé). Interferentes: Exercícios físicos fortes não frequentes. Medicamentos. Lipemia, hemólise, bilirrubina aumentada, glicose: aumento de 0,2 a 0,4 mg/dl no valor da creatinina. Amostra: Soro, plasma e urina. FILTRAÇÃO GLOMERULAR ESTIMADA (TFGe) TFG estimada utilizando-se fórmulas baseadas no valor da creatinina sérica, no gênero, na idade, no peso corporal e até mesmo na raça. Utilizada quando não é possível a colheita de urina de 24hs (crianças, pessoas que permanecem fora do domicílio por longos períodos). National Kidney Foundation (EUA) recomenda a utilização da equação para estimar TFG (em substituição a dosagem de creatinina). Thais Alves Fagundes EQUAÇÃO PARA ESTIMAR A TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR CRIANÇAS: ADULTO: Equação de Cockcroft-Gault: mais utilizada no Brasil. TABELA PARA ESTIMAÇÃO DA TFG: ESTADIAMENTO E CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA Thais Alves Fagundes CISTATINA C Proteína de baixo peso molecular. Produzida por todas as células nucleadas. Nível sanguíneo constante. Independe da massa muscular. Concentração sanguínea relacionada com a taxa de filtração glomerular. Vantagens: Apresenta menor variabilidade nas determinações sanguíneas. Meia vida mais curta. Marcador mais sensível da função glomerular do que a creatinina (detecta diminuições leves da TFG). MICROALBUMINÚRIA Pode ser feita em urina rotina, urina 12hs, urina 24hs (>30mg/dl). Método: Turbidimetria (precipitação). Método sorológico (forma complexo antígeno-anticorpo). Baseia-se na aglutinação da albumina presente na urina com partículas de látex recobertas com anticorpos anti-albumina humana. Interferentes: Exercícios físicos intensos, infecção urinária, doenças agudas são fatores que podem levar a resultados falso- positivos de proteína na urina. PROTEINÚRIA DE 24 HORAS Presença de proteínas na urina (> 150mg/24hs): achado isolado mais sugestivo de doença renal. Metodologia: Colorimetria Detecção dos tipos de proteínas (eletroforese) indica o local lesado: o Proteinúria glomerular: aumento da permeabilidade capilar – ALBUMINA o Proteinúria tubular: distúrbios da reabsorção tubular – alfa microglobulina e beta globulinas. ELETROFORESE DE PROTEÍNAS Amostra submetida a uma carga elétrica. Proteínas migram de acordo com seu peso molecular. Albumina tem maior peso molecular. Eletroforese pode ser feita no sangue e na urina. Exemplo: indivíduo com albuminúria Diminuição no pico de albumina no sangue. Aumento no pico de albumina na urina. Thais Alves Fagundes EXAME DE URINA DE ROTINA / URINÁLISE DE ROTINA / URINA TIPO 1 OBJETIVO: Rastrear urina com relação à doença renal ou infecções do trato urinário. Auxiliar na detecção de doença metabólica ou sistêmica não relacionada às desordens renais (diabetes - glicosúria, hepatite – urina escurecida). AVALIA: Características físicas: determina densidade, pH da urina, odor, cor e aspecto. Provas bioquímicas: detecta e mede proteína, glicose, corpos cetônicos, bilirrubina, urobilinogênio, hemoglobina (Hb),nitritos sanguíneos (infecção por bactérias gram negativo – convertem nitrato em nitrito) e hemácias. Sedimentoscopia: examina o sedimento pesquisando presença de células sanguíneas, cilindros, cristais e células epiteliais. URINÁLISE DE ROTINA CONSISTE EM DOIS COMPONENTES DETERMINAÇÃO FISIOQUÍMICA Determinação fisioquímica: aspecto, densidade e determinações da fita reagente. Fita de urinálise, que apresenta quadradinhos em diferentes cores. Quadradinhos avaliam as características gerais e os elementos anormais. Emerge a fita de urinálise na urina do paciente. Comparação da cor da fita do paciente com a cor na tabela de referência. Thais Alves Fagundes EXAME DE MICROSCOPIA DE CAMPO CLARO - SEDIMENTOSCOPIA Exame de microscopia de campo claro: evidenciar hematúria, piúria, cilindros e cristais. SEDIMENTOSCOPIA Piocitos: leucócitos mortos, arredondados com bolinhas mais escuras. Hemácias: coloração uniforme. Células de via alta: arredondadas e maiores. Grande quantidade dessas células indica relação com células tubulares e provável lesão tubular. Células de via baixa: células maiores com maior citoplasma maior e irregular. Células de descamação pela passagem da urina pelo ureter. Flora bacteriana: não observada em condições normais. Pequenos pontos no campo microscópico da urina indica flora aumentada. Thais Alves Fagundes CRISTAIS Dependentes do pH da urina. Podem ou não estar relacionados com a formação de cálculo renal. Cristais de oxalato de cálcio, piócitos e hemácias (imagem menor). CILINDROS Presença de grande número de cilindros: maior gravidade e acometimento de grande número de néfrons. Na perda de proteínas na urina, durante a passagem da proteína pelos túbulos renais, ocorre solidificação da mesma, que adquire forma cilíndrica, assim como o formato do túbulo. Cilindro hemático: túbulo com grande presença de hemácias. Cilindro granuloso: túbulo com grande presença de piocitos. DISMORFISMO ERITROCITÁRIO Hemácias dismórficas: não estão redondas, hemácias com formatos alterados durante a passagem pelo glomérulo. Sugere disfunção renal. Thais Alves Fagundes PARÂMETROS PARA DIAGNÓSTICO 1. TFG alterada 2. TFG normal com evidência de dano renal parenquimatoso: a. Albuminúria (>30 mg/24hs ou RAC>30 mg). b. Hematúria de origem glomerular (cilíndros hemáticos ou dismorfismo eritrocitário). c. Alterações eletrolíticas ou outras anormalidades tubulares. d. Alterações histológicas.
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