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Universidade Nove de Julho Maria Lívia Controle da Ventilação Introdução: ✓ A respiração é um processo rítmico que normalmente ocorre sem o pensamento consciente ou consciência. ✓ Os músculos esqueléticos, não são capazes de se contrair espontaneamente, então, precisam ser contraídos pelos neurônios motores somáticos, os quais são controlados pelo SNC. • A contração do diafragma e de outros músculos é iniciada por uma rede de neurônios no tronco encefálico, que dispara potenciais de ação de forma espontânea; ✓ A presença de interações sinápticas complicadas entre neurônios cria os ciclos rítmicos de inspiração e expiração - respiração controlada momentânea; ✓ Esses neurônios são influenciados continuamente por estímulos sensoriais, principalmente a partir de quimiorreceptores que detectam CO2, O2 e H+. • O padrão ventilatório depende, em grande parte, dos níveis dessas três substâncias no sangue arterial e no líquido extracelular. Passo a passo do controle respiratório neural: ✓ 1. Os neurônios respiratórios do bulbo controlam músculos inspiratórios e expiratórios. ✓ 2. Os neurônios da ponte integram informações sensoriais e interagem com neurônios bulbares para influenciar a ventilação. ✓ 3. O padrão rítmico da respiração surge de uma rede do tronco encefálico com neurônios que despolarizam automaticamente. ✓ 4. A ventilação está sujeita à modulação contínua por vários reflexos associados a quimiorreceptores, mecanorreceptores e centros encefálicos superiores. Neurôni do Bulbo: ✓ Os neurônios respiratórios estão em 2 áreas do bulbo: • Núcleo do trato solitário - NTS; • Grupo respiratório ventral - GRV. Núcleo do Trato Solitário - NTS: ✓ Contém o Grupo Respiratório Dorsal (GRD) de neurônios que controla os músculos inspiratórios; ✓ Os sinais vindos do GRD vão pra o diafragma via nervos frênicos e para os músculos intercostais via nervos intercostais; ✓ Recebe informação sensorial dos quimiorreceptores e dos mecanorreceptores periféricos através dos nervos vago e glossofaríngeo. Grupo Respiratório Ventral - GRV: ✓ Complexo pré-Bötzinger - contém neurônios que disparam espontaneamente e que podem atuar como o marca-passo básico do ritmo respiratório; ✓ Outras áreas controlam músculos usados na expiração ativa ou na inspiração maior do que o normal, como a que ocorre durante o exercício vigoroso. ✓ Fibras nervosas originadas no GRV inervam músculos da laringe, da faringe e da língua para manter as vias aéreas superiores abertas durante a respiração. O relaxamento inapropriado desses músculos durante o sono contribui para a apneia obstrutiva do sono, uma disfunção do sono associada a ronco e à sonolência diurna excessiva. Universidade Nove de Julho Maria Lívia Grupo Respiratório Pontino: ✓ Grupo presente na ponte que recebe informações do GRD e influenciam o início e o término da inspiração; ✓ Em conjunto com outros neurônios pontinos auxiliam o centro bulbar a uniformizar o ritmo respiratório. Atividade elétrica dos nervos frênicos e motores: ✓ Durante a respiração espontânea em repouso, um marca-passo inicia cada ciclo, e os neurônios inspiratórios aumentam gradualmente a estimulação dos músculos inspiratórios. • Este aumento é chamado de rampa devido ao formato do gráfico de atividade neuronal inspiratória; • Alguns neurônios inspiratórios disparam para iniciar a rampa, isso recruta outros neurônios inspiratórios em uma nítida alça de retroalimentação positiva; • À medida que mais neurônios disparam, mais fibras musculares esqueléticas são recrutadas. A caixa torácica expande-se suavemente quando o diafragma contrai. • Ao final da inspiração, os neurônios inspiratórios param de disparar abruptamente, e os músculos inspiratórios relaxam. ✓ Durante os próximos poucos segundos, ocorre a expiração passiva devido à retração elástica dos músculos inspiratórios e do tecido elástico dos pulmões • Alguma atividade dos neurônios motores pode ser observada durante a expiração passiva, sugerindo que talvez os músculos das vias aéreas superiores contraiam para reduzir a velocidade do fluxo de ar no sistema respiratório. Quimioeceptor: ✓ A entrada sensorial proveniente dos quimiorreceptores centrais e periféricos modifica a ritmicidade da rede de controle para ajudar a manter a homeostasia dos gases sanguíneos. ✓ O CO2 é o estímulo primário para as mudanças na ventilação. ✓ O O2 e o pH do plasma desempenham um papel menos importante. Na respiração em repouso muitos neurônios expiratórios do GRV permanecem inativos; eles funcionam normalmente na respiração forçada e na expiração ativa. Na Respiração Forçada - a atividade aumentada dos neurônios inspiratórios estimula os músculos acessórios, que por sua vez aumenta a expansão do tórax, elevando o esterno e as costelas superiores. Na Expiração Ativa - os neurônios expiratórios do GRV ativam os músculos intercostais internos e abdominais, isso leva a inibição dos neurônios inspiratórios. Universidade Nove de Julho Maria Lívia Quimiorreceptores sensíveis ao oxigênio e dióxido de carbono: ✓ Estão associados à circulação arterial; ✓ Se muito pouco O2 estiver presente no sangue arterial destinado ao encéfalo e a outros tecidos, a frequência e a amplitude da respiração aumentam; ✓ Se a produção de CO2 pelas células exceder a sua taxa de remoção de CO2 pelos pulmões, a PCO2 arterial aumenta, e a ventilação é intensificada com o objetivo de eliminar o CO2; ✓ Esses reflexos homeostáticos operam constantemente, mantendo a PO2 e a PCO2 arterial dentro de uma faixa estreita de normalidade. Quimiorreceptores centrais: ✓ Respondem a alterações de pH no LCS - líquido cerebroespinal devido a difusão de CO2; ✓ Os receptores centrais primários estão na superfície ventral do bulbo, perto dos neurônios envolvidos no controle respiratório; ✓ O controlador químico mais importante da ventilação é o CO2, percebido tanto pelos quimiorreceptores periféricos quanto pelos centrais, localizados no bulbo; ✓ Quando a PCO2 arterial aumenta, o CO2 atravessa a barreira hematencefálica e ativa os quimiorreceptores centrais, os quais sinalizam para a rede neural de controle da respiração, provocando um aumento na frequência e na profundidade da ventilação, o que melhora a ventilação alveolar e a remoção de CO2 do sangue. ✓ Se PCO2 a permanece elevada durante vários dias, a ventilação cai devido à resposta adaptativa dos quimiorreceptores. • A adaptação parece ser devida ao aumento das concentrações de bicarbonato no LCS - liquído cerebroespinal, que exerce um papel importante na neutralização do H+; ✓ Os quimiorreceptores centrais respondem a diminuição ou ao aumento da PCO2 arterial: • Se a PCO2 alveolar cair - hiperventilação - tanto a PCO2 plasmática quanto a do líquido cerebrospinal também cairão; • Com isso, a atividade dos quimiorreceptores centrais diminui, e a rede de controle diminui a frequência da ventilação. • Quando a ventilação diminui, o CO2 começa a acumular-se nos alvéolos e no plasma; • Eventualmente, a PCO2 arterial ultrapassa o limiar para disparo dos quimiorreceptores. Neste ponto, os receptores disparam, e a rede de controle aumenta novamente a ventilação. Quimiorreceptores periféricos ✓ Enviam para o SNC informações sensoriais sobre as mudanças na PO2 , no pH e na PCO2 plasmática; ✓ Quimiorreceptores Periféricos Primários: • Corpos carotídeos - estão localizados perto dos barorreceptores • Células especializadas tipo 1 ou células glomais nos corpos carotídeos são ativadas por uma diminuição na PO2 ou no pH ou por um aumento da PCO2, desencadeando um aumento no reflexo da ventilação; Uma vez que as concentrações de PO2 sejam modificadas cronicamente (hipóxia ou doenças pulmonares crônicas), a resposta dos quimiorreceptores adapta-seà elevada PCO2 . Com isso essa adpatação o mecanismo de reposta por elevada PCO2 fica danificado e a maior parte do estímulo químico para o aumento da ventilação nestas situações se deve à diminuição da PO2, detectada pelos quimiorreceptores do corpo carotídeo. Se é dado muito oxigênio a estes pacientes, eles podem parar de respirar, visto que o seu estímulo químico para a ventilação é eliminado. Universidade Nove de Julho Maria Lívia ✓ Em qualquer uma das 3 alterações, um estímulo inativa os canais de K+, causando a despolarização da célula receptora - abertura de canais Ca2+ dependentes; ✓ Com os canais abertos, há entrada de Ca2+ que provoca a exocitose de neurotransmissores para o neurônio sensorial; ✓ Os neurotransmissores iniciam potenciais de ação nos neurônios sensoriais, os quais conduzem a atividade elétrica às redes neurais respiratórias no tronco encefálico —> aumento na ventilação. Reflex Protetor do Pulmão: ✓ Além dos reflexos quimiorreceptores, o corpo possui reflexos protetores que respondem a danos físicos ou à irritação do trato respiratório e à hiperinsuflação dos pulmões. Broncoconstrição: ✓ Principal reflexo protetor, mediado por neurônios parassimpáticos que inervam a musculatura lisa brônquica. ✓ Partículas inaladas ou gases nocivos estimulam receptores de irritação na mucosa das vias aéreas, os quais enviam sinais através de neurônios sensoriais para os centros integradores no SNC que provocam a broncoconstrição. ✓ A resposta protetora reflexa também inclui tosse e espirro. Reflexo de insuflação de Hering-breuer: ✓ Quando o volume do pulmão aumenta suficientemente, os receptores de estiramento pulmonar, via aferências vagais, sinalizam para o bulbo para que ele cesse a atividade inspiratória. As concentrações arteriais de O2 não desempenham um papel na regulação diária da ventilação, uma vez que os quimiorreceptores periféricos respondem apenas a mudanças críticas na arterial. No entanto, em condições fisiológicas incomuns, como a grande altitude, e em algumas condições patológicas, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), a redução da arterial pode ser suficientemente baixa para ativar os quimiorreceptores periféricos. Rumo: • Os centros respiratórios responsáveis pelo padrão rítmico da respiração estão localizados na ponte e no bulbo do tronco encefálico. • O comando desses centros pode ser anulado pelo córtex até certo ponto. • Os quimiorreceptores centrais estão próximos à superfície ventral do bulbo. Respondem às alterações de pH do LCS causadas pela difusão do CO2 proveniente dos capilares cerebrais. • Alterações nas concentrações de bicarbonato do LCS modulam o pH e, com isso, a resposta do quimiorreceptor. • Os quimiorreceptores periféricos, principalmente nos glomos carotídeos respondem à baixa PO2, e à PCO2 e concentração de íons H+ aumentadas. • A resposta ao O2 é um pouco acima de uma PO2 de 50 mmHg. A resposta ao aumento do CO2 é menos marcante do que aquela dos quimiorreceptores centrais, mas pode ocorrer mais rapidamente. • Outros receptores se localizam nas paredes das vias aéreas e dos alvéolos. • A PCO2 do sangue constitui o fator mais importante de controle da ventilação sob condições normais, e grande parte do controle se dá por meio dos quimiorreceptores centrais. • A PO2 do sangue normalmente não afeta a ventilação, mas se torna importante em grandes altitudes e em alguns pacientes portadores de doença pulmonar. • O exercício promove grande aumento na ventilação.
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