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Vitória Nobrega Alvarenga Toxoplasmose Introdução AGENTE ETIOLÓGICO: Toxoplasma gondii, que é um parasito intracelular obrigatório, amplamente distribuído no mundo e prevalente no Brasil. VIAS DE TRANSMISSÃO: via oral (carne crua ou mal cozida, contendo cistos do parasito ou ingestão de oocistos presentes na terra, areia ou água contaminada com fezes de gatos infectados – hospedeiros definitivos) e via vertical (transplacentária – toxoplasmose congênita). • Ciclo heteroxeno: presença de hospedeiro definitivo (gatos e felídeos não imunes) e de hospedeiro intermediário (ocorre a fase assexuada do ciclo) HABITAT: pode infectar diversos tecidos, células (exceto hemácias) e líquidos orgânicos, como saliva, leite, esperma, entre outros. FORMAS EVOLUTIVAS: taquizoitos, bradizoítos, merozoítos, gametócitos, oocisto. • Taquizoíto e bradizoíto são as formas infectantes durante o ciclo biológico. • Oocisto: forma de resistência. Eles são produzidos nas células intestinais dos felídeos não imunes e são eliminados na forma imatura junto com as fezes. Assim, após a esporulação no ambiente, apresentam dois esporocistos com 4 esporozoítos cada. CICLO BIOLÓGICO: • Forma assexuada: linfonodos e tecidos de vários hospedeiros, incluindo os felinos. • Fase sexuada: células do epitélio intestinal de felinos não imunes Hospedeiro intermediário No hospedeiro intermediário, ocorre a reprodução assexuada. Para isso, este hospedeiro precisa ingerir os oocistos maduros contendo os esporozoítos, os taquizoítos presentes no leite ou bradizoítos presentes na carne crua. Depois da ingestão, ocorre a penetração das células do epitélio intestinal por bradizoítos ou esporozoítos, com intensa multiplicação intracelular após a instalação no epitélio intestinal. Em seguida, eles se diferenciam em taquizoítos nos linfonodos mesentéricos e órgãos distantes. Depois, há penetração em vários tipos celulares com formação do vacúolo parasitóforo e multiplicação por endodiogenia (processo de reprodução assexuada). OBS: na fase aguda, há liberação de novos taquizoítos no sangue e linfa, evoluindo para o desenvolvimento da imunidade e eliminação das formas extracelulares e, por fim, evoluindo, já na fase crônica, das formas intracelulares para a forma cística (bradizoítos). Hospedeiro completo Ocorre a reprodução sexuada, chamada de fase coccidiana, ocorrendo nas células epiteliais do intestino delgado dos gatos e outros felídeos não imunes. Ela ocorre quando há ingestão de oocisto com esporozoítos eliminados por outros felinos, bradizoitos presentes na carne de roedores ou taquizoitos presentes no leite, entre outros. • Oocistos: de 1-5 dias para esporulação no solo (esporogonia) = 2 esporocistos cada um contendo 4 esporozoítos infectantes (12-18 meses) Após a penetração no epitélio intestinal do gato, ocorre multiplicação por merogonia e endodiogenia, ou seja, formação de meronte dentro do vacúolo parasitóforo, contendo merozoítos. Depois, ocorre o rompimento do meronte, liberação de merozoítos que infectarão outras células e a diferenciação dos merozoítos para as formas sexuadas, ou seja, gametócitos masculinos e femininos. Em seguida, ocorre a produção de microgametas (masculino) e macrogametas (femininos) e a liberação desses microgametas intracelular, que irão fecundar outros macrogametas e produzir ovo ou zigoto. Logo, ocorre a formação da parede cística, ou seja, formação do oocisto, com rompimento celular e liberação do oocisto imaturo nas fezes. • Esporogonia: maturação e embrionamento em 4 dias • Oocisto contendo 2 esporocistos com 4 esporozoítos • Oocisto se mantém viável de 12 a 18 meses. Transmissão - Ingestão de oocistos maduros contendo esporozoítos, eliminados pelas fezes de gatos ou de outros felinos. - Ingestão de cistos contendo bradizoítos presentes em carne crua ou mal cozida (de porco ou de carneiro). - Ingestão de leite cru (não pasteurizado) contendo taquizoítos - Transplante de órgãos ou transfusão sanguínea contendo taquizoitos. - Inoculação acidental de taquizoítos. - Congênita ou transplacentária: transmissão de taquizoítos (fase aguda) ou rompimento de bradizoítos presentes no endométrio por ação mecânica. A doença A maioria das pessoas não apresentam sintomas ou somente sintomas benignos (dor de cabeça, dor de garganta, linfoadenite e febre. Vitória Nobrega Alvarenga A doença é severa nas seguintes condições: toxoplasmose congênita; toxoplasmose ocular em adultos imunocompetentes; e neurotoxoplasmose (perda de um sistema imune funcional). O oocisto esporulado libera os esporozoítos, que penetram no epitélio intestinal e invadem vários tipos celulares, particularmente células mononucleares. Logo, os taquizoítos são liberados e irão invadir novas células, disseminando-se pela via hematogênica ou linfática. São capazes de invadir o tecido muscular, nervoso e vísceras na fase aguda da doença. Os taquizoítos se dividem rapidamente e agressivamente, destruindo os tecidos, podendo cruzar a barreira hemato-encefálica e a transplacentária. Quando a resposta imune se torna mais potente, o parasita passa a se dividir de maneira mais lenta, formando cistos teciduais contendo as formas conhecidas como bradizoítos, o que indica uma fase crônica em que se perpetua a infecção, pois os cistos contendo bradizoitas latentes mantém a infecção por toda a vida. PORTANTO: • Bradizoítas: marcam o início da fase crônica da infecção. São resistentes ao pH baixo e às enzimas digestivas quando passam pelo estômago. São mais resistentes a todas as drogas disponíveis atualmente. • Cistos: formam-se preferencialmente no cérebro, nos músculos esqueléticos e cardíaco e no globo ocular, sendo altamente infectivos se ingeridos. Eles podem permanecer na pessoa pelo resto da vida sem causar sintomas, mas podem se tornar ativos e causar sintomas se o sistema imunológico da pessoa estiver enfraquecido por um distúrbio ou medicamento. Patogenia As variações na clínica dependem do genótipo do T. gondii. - GENÓTIPO I: parasitos altamente virulentos em animais de laboratório (> isolados a partir de infecções humanas). - GENÓTIPO II E III: normalmente avirulentos em camundongos. Frequentemente isolados de animais naturalmente infectados que não apresentam manifestações clínicas evidentes. Em geral, o parasita não produz sinais clínicos. Os Taquizoitos podem se disseminar a partir do local da infecção para os linfonodos mesentéricos e para outros órgãos mais distantes através da linfa ou do sangue. Na maioria dos casos, a proliferação de taquizoitos irá diminuir e cessar em função do aparecimento de resposta imune específica. Aproximadamente 10 dias após a infecção, os taquizoítos iniciam o processo de diferenciação em bradizoitos e se multiplicam lentamente dentro do cisto onde podem evadir do sistema imune do hospedeiro e da maioria dos agentes terapêuticos. Este poder de conversão taquizoitos-bradizoitos é responsável pela fase crônica da infecção e o inverso (conversão de bradizoitos em taquizoitos) pelo evento central na reativação da toxoplasmose em pacientes imunodeficientes. FORMA CÍSTICA CONTENDO BRADIZOITOS CONTRIBUI PARA O SUCESSO DA DOENÇA DEVIDO À (AO): • Cisto sobrevive à ingestão e à passagem pelo estômago para invadir o intestino delgado. • Cisto é refratário à resposta imune do hospedeiro e aos medicamentos • O estado dormente dos bradizoítos dentro do cisto previne o Toxoplasma de causar danos significativos ao hospedeiro, permitindo que o parasito persista de forma benigna. • Os bradizoitos, em cistos teciduais, permanecem infectantes. FORMA ADQUIRIDA (em indivíduos imunocompetentes): período de incubação de 1 a 4 semanas, sendo normalmente assintomática. Quando assintomática, aparece febre, mialgia, adenopatia e cefaleia, além de lesão ocular (reticoroidite). FORMA CONGÊNITA: Gestante em fase aguda, com marcador sorológicosendo o IgM e o IgG. Aspectos clínicos gerais HOSPEDEIRO IMUNOCOMPETENTE: - Toxoplasmose pós natal: forma assintomática ou linfadenopatia febril com linfocitose - Toxoplasmose congênita: lesões do sistema nervoso e lesões da retina. HOSPEDEIRO IMUNODEPRIMIDO: - Reativação de formas existentes - Formas graves - Toxoplasmose cerebral com maior frequência - Toxoplasmose pulmonar NEUROTOXOPLASMOSE em pacientes aidéticos: - Sinais focais - Febre - Confusão - Convulsão - Meningite - Achados tomográficos: localização única, localização múltipla. Diagnóstico LABORATORIAL Vitória Nobrega Alvarenga - Fase aguda: parasitológico – demonstração do parasito em biópsia ou necropsia; isolamento em cultura de células (a partir de amostras clínicas); inoculação de amostras clínicas em animais de laboratório; sorológico (detecção de IgM ou IgG); molecular (PCR) - Fase crônica: sorológico – detecção de IgG. Tratamento Controle - Saneamento - Educação sanitária - Evitar fezes e contato com gatos - Controle de roedores - Limpeza de caixas de areia - Controle de insetos sinantrópicos - Não ingerir carne crua ou mal cozida - Não ingerir leite cru - Higienização adequada das verduras.
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