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A relevância da Linguística Aplicada APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo! A Linguística Aplicada é uma área de grande relevância para os estudos linguísticos, pois é um campo de investigação que identifica e estuda problemas relacionados à linguagem. Esse ramo também se relaciona com outros campos de estudo, bem como apresenta seu percurso como ciência e ressalta sua importância com outras áreas do conhecimento, ao atuar em diferentes tipos de pesquisa. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a relação da Linguística Aplicada com outras áreas e seus aspectos mais relevantes. Além disso, você vai entender a importância desse ramo para os contextos do ensino. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Relacionar a Linguística Aplicada a outras áreas.• Identificar os aspectos mais relevantes da Linguística Aplicada.• Pontuar a relevância da Linguística Aplicada nos contextos do ensino.• INFOGRÁFICO A Linguística Aplicada é um campo de estudo transdisciplinar que identifica, investiga e oferece soluções para problemas relativos à linguagem da vida real. Dessa forma, ao preocupar-se com o uso da linguagem, dialoga com uma grande quantidade de áreas do conhecimento. Acompanhe, no Infográfico a seguir, quais são esses outros campos e de que forma ocorre esse diálogo. Confira. CONTEÚDO DO LIVRO Há outras áreas do conhecimento que dialogam com a Linguística Aplicada, visto que esta faz uma investigação dos problemas cultural e historicamente relevantes que envolvem a utilização da linguagem. No capítulo A relevância da Linguística Aplicada, da obra Linguística aplicada ao ensino do inglês, você vai estudar esse campo em relação às outras áreas de conhecimento e aspectos importantes da Linguística Aplicada, como, por exemplo, o ensino de línguas maternas e estrangeiras. Você vai ver, também, questões a respeito do comportamento dos falantes nativos e de não nativos de um determinado idioma e, principalmente, a Linguística Aplicada relacionada ao ensino. Boa leitura. LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DO INGLÊS Dayse Cristina A relevância da Linguística Aplicada Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Relacionar a Linguística Aplicada a outras áreas. Identificar os aspectos mais relevantes da Linguística Aplicada. Pontuar a relevância da Linguística Aplicada nos contextos de ensino. Introdução A Linguística Aplicada, campo de estudo que identifica e estuda proble- mas relacionados à linguagem, também se relaciona com outras áreas. Neste capítulo, você verá o percurso da Linguística Aplicada como ciência e sua relação com outras áreas de conhecimento, observando sua atuação com diferentes tipos de pesquisa e sua aplicação ao ensino. A Linguística Aplicada e as outras áreas John Langshaw Austin (1911-1960) foi um fi lósofo britânico que estudou a linguagem. Principal defensor da fi losofi a da linguagem comum, fi cou conhecido por desenvolver a teoria dos atos de fala. Para Austin, usamos a linguagem para declararmos alguma coisa, como prometer fazer algo. Por causa dessa afi rmação, uma de suas obras mais conhecidas, How to do things with words (1962) (em português, “Quando dizer é fazer”), mostra sua teoria sobre os atos de fala e sugere que toda fala e todo enunciado é o fazer de algo com palavras e signos. A infl uência de J. L. Austin é signifi cativa sobre os rumos que a Linguística contemporânea tem apresentado em suas pesquisas, principalmente na área da Pragmática, com marcas relevantes do pensamento desse fi lósofo inglês (RAJAGOPALAN, 1996). Austin não é o pioneiro nos estudos sobre pragmática e, como filósofo, distanciou-se dos estudos rotulados como o movimento pragmático. A questão pragmática, como afirma Rajagopalan (1996), surgiu na Linguística. No en- tanto, há uma divisão separando a Linguística que se interessa pelo significado e a Filosofia que se interessa pela linguagem. A Pragmática foi abordada como uma subárea de investigação na qual a referência feita é explícita ao falante, ao usuário da língua (RAJAGOPALAN, 1996). A Linguística também se encarrega de estudar a semântica e a sintaxe: a semântica no significado das expressões e a sintaxe na relação que tais expressões têm entre si. Estudar a semântica e a sintaxe de uma língua não pode ser entendido como um estudo focado somente na utilização da língua, seja essa língua inglesa, portuguesa, etc., o falante é determinante ao designar o uso da língua. Em seu artigo, Rajagopalan (1996) afirma que o centro de estudo da lingua- gem pode ser a lógica. A Pragmática, enquanto área de estudo, é menos formal se comparada aos estudos semânticos de uma língua. A já mencionada obra de Austin, How to do things with words, influenciou os rumos da Linguística nos últimos tempos. “Atos de fala” é um termo associado aos estudos desse filósofo e um conceito utilizado também na área da Linguística e em outras áreas como a Psicologia, a Sociologia, a Teoria Literária, a Filosofia, o Direito, e até a Economia (RAJAGOPALAN, 1996). Os estudos de Austin são associados ao estudo dirigido à Filosofia Linguís- tica. A Filosofia Linguística direciona sua pesquisa a problemas da filosofia. Esses problemas podem ser resolvidos a partir de uma análise atenta das palavras, destacando o tipo de linguagem usada, como a linguagem corriqueira. Existe também a pesquisa realizada pela Filosofia da Linguística, que tem como foco a Filosofia da Linguagem, destacando a linguagem como o objeto de estudo filosófico (RAJAGOPALAN, 1996). É fundamental afirmar que os estudos linguísticos não se confundem com os estudos filosóficos, sendo esses, recém-mencionados, pesquisas que diferentes estudiosos se dedicaram a fazer, considerando seu objeto de estudo. Rajagopalan (1996, p. 112) traz, em seu artigo, que, [...] no entender de Austin, a filosofia havia de se contentar com o estudo minucioso do comportamento de palavras que se encontram na linguagem ordinária, porque esta se constitui em um verdadeiro depósito de todo um pensar filosófico que o ser humano vem desenvolvendo desde os primórdios dos tempos, um depósito que abriga todas as distinções que, em algum mo- mento histórico, serviu a propósitos específicos. A Filosofia se mostra, por esse viés, envolvida com os estudos da linguagem humana, o que significa que é impossível pensar o mundo sem a interferência da linguagem — isso deu início à virada linguística. A relevância da Linguística Aplicada2 A linguagem transparente é a conexão que se tem com um mundo real e sem distorções. Limitar a utilização da linguagem a redações escolares, a estilos de poetas e a distorções da própria linguagem não é o rumo que a Linguística deve tomar; é preciso atribuir essas manifestações a suas pesquisas porque “A linguagem, em outras palavras, não é mais um simples instrumento, mas um fenômeno poderoso em si, alheio à vontade humana e, frequentemente, às suas intenções (e pretensões) conscientes” (RAJAGOPALAN, 1996, p. 113). Há indícios de que os pensamentos de Austin tenham despertado interesses em áreas variadas do conhecimento, especulação que se considera nos estudos futuros da Linguística, mostrando, como aponta Rajagopalan (1996), que a linguagem que Austin sonhou poderá ser traduzida em sua realidade com esforços de filósofos, gramáticos, linguistas e demais estudiosos da linguagem. A Linguística não pode abandonar sua pesquisa como uma ciência da linguagem, mesmo que tenha enfrentado questões muito amplas nesse sentido, dialogando com outras áreas do conhecimento. Noam Chomsky trouxe ques- tões diversas, dialogando com campos como Psicologia, Biologia, Filosofia, Teoria da Informação, etc. A Linguística é considerada um modelo de ciências humanas e, em suas pesquisas, há uma análise metodológica e que influencia outras áreas, como a Antropologia, a Sociologia, aPsicologia, etc. Há, ainda, contribuições à Linguística nas áreas de Análise do Discurso, Letramento e Ensino que abordam a dimensão sociodiscursiva dos gêneros textuais pela Filosofia da Linguagem, trazendo diferentes filósofos para o cerne dessa discussão (BANDEIRA, 2016). Essa discussão traz como proposta uma nova perspectiva de aplicação de teorias usadas no ensino com um papel social de promover o gênero discursivo em sala de aula, com práticas de leitura e escrita. Os gêneros discursivos, segundo Bandeira (2016), fazem parte de nossa vida cotidiana e nos permitem comunicar e interagir com as demais pessoas, integrando nossas práticas sociais, regendo as relações humanas e modificando-as, ou seja, a sociedade se organiza com as práticas e as atividades comunicativas de acordo com determinadas regras sociais. A organização dos gêneros discursivos acontece de maneira indissociável, tendo tema, forma e estilo. Contudo, as transformações e a globalização que vêm acontecendo no mundo pedem outras formas de interação social ao produzir enunciados e textos, isto é, ao se comunicar, ao usar a linguagem. A interação social e a maneira como as pessoas se comunicam já passam por transformações influenciadas pela tecnologia digital, pela cultura em rede – traços revelados pela hipermodernidade e pelo multiletramento (BANDEIRA, 2016). O termo “múltiplos letramentos”, segundo Bandeira (2016), é entendido diferentemente de um modelo de letramento que se refere à escrita como uma 3A relevância da Linguística Aplicada tecnologia independente de um contexto de produção e de uso, ou seja, a escrita está ligada a habilidades cognitivas e individuais, e não a uma prática social. Logo, os múltiplos letramentos são referentes a canais diversos de comunicação, acontecendo de forma visual, computacional, etc. O termo multiletramento é associado a canais de comunicação ligados à noção de letramento porque se entende que “[...] as práticas sociais da leitura e da escrita estão atreladas ao uso e ao significado, a partir dos contextos socioculturais em que os enunciados são produzidos, compreendendo-os como facetas indissociáveis da produção dos discursos” (BANDEIRA, 2016, p. 412). Considera-se, então, que o letramento no Brasil merece uma abordagem teórica de gêneros discursivos que desafiem um ambiente escolar com acesso aos múltiplos letramentos, ao conhecimento e à informação. Acesse o link a seguir e leia o artigo sobre atividades referentes a práticas linguísticas. https://goo.gl/feccLI Aspectos da Linguística Aplicada Defi nir o papel da Linguística Aplicada é uma tarefa que exige muita atenção no que se refere ao ensino de línguas maternas e estrangeiras, ao compor- tamento dos falantes nativos e não nativos de um determinado idioma, aos problemas ocasionados pelo ensino/aprendizagem de uma língua, à utilização de diferentes linguagens e à própria abordagem e aos questionamentos da Linguística Aplicada para tais assuntos. Segundo Hooks (1994), os professores podem e devem transgredir os limites da sala de aula para que mudanças e intervenções necessárias no ensino de idiomas aconteçam e para que haja troca de experiências e conhecimento. A proposta de mudança ocasiona um ensino de língua estrangeira, por exemplo, que não busque apenas fins comunicativos, mas que considere os valores da língua que se está estudando porque os valores aprendidos dessa língua causam efeitos na A relevância da Linguística Aplicada4 sociedade. Atividades lúdicas e a transmissão de informação sobre o ensino de um idioma são exercícios que resumem a aprendizagem desse idioma. A proposta é repensar as formas de se ensinar uma língua estrangeira (PENNYCOOK, 1998). Isso significa considerar a cultura ao se trabalhar línguas estrangeiras. Pennycook (1998) afirma que se o ensino de línguas seguir sem prestar atenção nos aspectos políticos e culturais da aprendizagem dessa língua estrangeira, o idioma estudado estará estagnado à acomodação, ou seja, a língua não se de- senvolverá como uma língua comunicativa que mostra o poder de se comunicar. Os professores e pesquisadores, além disso, devem estar atentos às possíveis conexões entre o trabalho que desempenham ligados a questões sociais também. As questões nesse campo, então, se direcionam a responder, por exemplo, como o ensino de uma língua estrangeira (aqui usaremos a língua inglesa) deve ser? Qual o papel da Linguística Aplicada nesse contexto de ensino/aprendizagem? Quais são as consequências desse ensino na e para a sociedade? O quão críticos os professores devem ser sobre ensinar inglês, por exemplo? Que tipo de reflexões devem fazer? Refletir sobre esse ensino é fundamental, uma vez que tais perguntas motivam a compartilhar o ensino em sala de aula, os objetivos de se ensinar um idioma, o comportamento que se reflete na sociedade e a habilidade de agir. Vemos, então, um apelo ao ensino crítico de línguas feito com base em aspectos da Linguística Aplicada, que, em uma de suas frentes, estabelece uma relação entre os trabalhos realizados em sala de aula, as traduções feitas de um idioma para outro, a motivação para a realização de conversações, as interpre- tações de texto e questões mais gerais da sociedade (PENNYCOOK, 2001). Quando um professor ensina inglês, por exemplo, além de ensinar voca- bulário e praticar as estruturas desse idioma com os estudantes, é necessário fazê-los aprender a utilizar a língua-alvo para refletir. Essa reflexão deve ser treinada com temas que se refiram a questões sociais, políticas e econômicas, como sugere Ferreira (2006). Ainda, segundo a autora, essa é uma proposta de repensar o mundo de estudantes e professores como uma nova forma de agir de maneira transformadora que possibilite uma mudança social. Entretanto, trata-se de uma mudança cuidadosa que deve focar nas questões que precisam ser apresentadas como dificuldades, problemas inerentes à transformação do mundo, já que os estudantes se modificam no e com o mundo, expostos a tais problemas que são de âmbito social também. A problematização deve ser vista de maneira ampla, sem desconsiderar sua complexidade. No entanto, a problematização não pode ser apenas um reconhecimento da existência de um problema, mas um questionamento mais profundo. A escola, e principalmente a sala de aula, é um espaço multicultural, com- posto por diferentes experiências de vida, e deve exigir que o ato de educar, 5A relevância da Linguística Aplicada mesmo em uma língua estrangeira, ou segunda língua, aconteça para permitir uma melhor compreensão dessa diversidade cultural, com questionamentos e interações. Isso é valorizar as trocas no modo como ensinamos e aprendemos (HOOKS, 1994). Esse estudo reflete algumas características que dão suporte à Linguística Aplicada, para a qual um desafio é encontrar meios de compreender a relação entre os conceitos da sociedade com interesses relacionados a seu campo de estudo (veja mais sobre isso no Quadro 1 a seguir). Fonte: Urzêda-Freitas (2012, p. 82). Interesses Aspectos centrais Sólida visão da Linguística Aplicada Interdisciplinaridade e autonomia Visão praxiológica Pensamento, desejo e ação integrados como práxis Campo de trabalho crítico Trabalho voltado para a transformação social Cobertura de relações micro e macro Relação dos aspectos da Linguística Aplicada com domínios sociais, culturais e políticos mais amplos Questionamento social crítico Questões de acesso, poder, disparidade, desejo, diferença e resistência Diálogo com a Teoria Crítica Questões de desigualdade, justiça, direitos e compaixão Problematização de práticas naturalizadas Constante problematização de práticas naturalizadas Autoquestionamento Constante questionamento de seus próprios interesses e domínios Quadro 1. Interesses e aspectos centrais da Linguística Aplicada Crítica Cabe ao professor traçar sua linha de interesse quanto às alternativas que esboçam o contexto ensino/aprendizagemde uma língua estrangeira. Propor uma nova forma de pensar a produção de conhecimento é uma forma de problematizar o papel da Linguística Aplicada no seu campo de pesquisa em um cenário social de mudanças pragmáticas relevantes. Os professores também devem se preparar teoricamente, estudando os temas que devam ser A relevância da Linguística Aplicada6 trabalhados em sala de aula. Assuntos originários da internet, por apresenta- rem muitas opções de discussões, não devem ser trabalhados aleatoriamente, mas condicionados a serem refletidos criticamente na língua que se está aprendendo; reconhece-se, assim, a necessidade de transformar o ensino, mais especificamente, o ensino de línguas estrangeiras. As leituras são uma forma de trabalhar a reflexão crítica, fazendo com que cidadãos críticos sejam formados e se tornem, dessa forma, cidadãos autônomos. Trabalhar o ensino de inglês voltado à crítica não é a salvação. Trata-se de uma abordagem que apresenta pontos positivos e negativos, depen- dendo da discussão proposta pelo professor, sendo o papel desse profissional expor os questionamentos que fazem os estudantes dialogarem e criticarem, ultrapassando as fronteiras necessárias para proporcionar cada vez mais co- nhecimento. É também uma questão de promover um ensino como uma prática que liberta. Como implementar esse comportamento ao ensinarmos a Língua Inglesa aos estudantes que são cidadãos sendo treinados para o mercado de trabalho e, principalmente, para a vida em sociedade? Essa investigação é mais um desafio para a Linguística Aplicada. A Linguística Aplicada já ganhou espaço no Brasil. Muitas são as tarefas com as quais a Linguística Aplicada está envolvida, mas a mais importante é divulgar sua área de investigação, principalmente no Brasil. As muitas pesquisas realizadas mostram questões relativas à aprendizagem de uma língua em sala de aula. É fundamental ressaltar que a Linguística Aplicada não pode ser vista como uma área que direciona seus estudos a apenas um aspecto, relacionado à sala de aula, pois há fronteiras que essa área atravessa, além das práticas de ensinar e aprender uma língua em sala de aula. Há propostas de estudo que abrangem a pesquisa voltada para: 1. Transculturalidade, linguagem e educação; 2. Português como L2/LE; 3. Formação de professores de línguas; 4. Teorias de gênero em práticas sociais; 5. Ensino e aprendizagem de línguas. Essas linhas de pesquisa contribuem para uma nova produção, fazendo com que a Linguística seja desafiada pela interdisciplinaridade de seu campo e pelos conceitos com que já trabalha e, acima de tudo, pela precondição de aprendizagem, ou seja, o reconhecimento, a explicitação e a implementação dos direitos dos aprendizes de línguas. Fonte: Costa (2015). 7A relevância da Linguística Aplicada A Linguística Aplicada e o ensino A Linguística Aplicada vem sendo mais estudada e discutida pela relevância de suas pesquisas, que não se limitam a investigar um idioma apenas, mas se fazem presentes em estudos de meios comunicativos sobre todos os cidadãos e regiões do planeta. A Linguística Aplicada também vem mostrando a im- portância que uma língua tem na sua cultura para se comunicar, seja com um público maior ou para direcionar seus estudos a conhecer e entender melhor seus costumes. Analisando o surgimento da Linguística Aplicada como área de conheci- mento explícito, objetivo e sistemático, sua origem está relacionada à evolução do ensino de línguas nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial (ALMEIDA FILHO, 2007). Naquela época, havia a necessidade de se co- municar com aliados e inimigos, e os linguistas se dedicaram a esse estudo, fazendo com que, desde então, o campo de estudo crescesse, tornando-se de interesse para muitas universidades explorarem mais o campo da Linguística Aplicada (SÃO JOSÉ; AMORIM, 2011). Tanto a Linguística quanto a Linguística Aplicada relacionam seus es- tudos com a linguagem. A Linguística Aplicada, como dito anteriormente, revela-se pela importância que demonstra com estudos relacionados à língua estrangeira, ou o processo de comunicação dessa língua estrangeira, em um momento em que foi necessário descobrir uma melhor forma de estudar e de aprender a se comunicar em uma outra língua, principalmente na época da guerra, segundo afirmam São José e Amorim (2011), o que nos leva a explorar mais a abordagem comunicativa. “A abordagem comunicativa desenvolveu-se nas duas últimas décadas do século XX e resultou de uma alteração ocorrida ao nível da concepção e formulação do conceito de ‘Língua – Teoria da língua’” (ROQUE, 2010 apud SÃO JOSÉ; AMORIM, 2011, p. 03). Então, a língua passa a ser entendida como um “[...] veículo de comunicação de significados e de interação social” (ROQUE, 2010 apud SÃO JOSÉ, AMORIM, 2011, p. 03) e não mais como uma estrutura, uma hierarquia organizada de elementos e unidades linguísticas. Esse é o processo de ensino/aprendizagem pelo qual a Linguística Aplicada começa a ser entendida, analisando a língua como um fator social e cultural, o tipo de material utilizado para se aprender uma língua estrangeira e os problemas que essa área de estudos enfrenta no Brasil. A língua é entendida como um fator social e cultural, tendo a linguagem como um produto social, já que seria impossível existir comunicação sem um interlocutor e um receptor. É comum encontrarmos pessoas que falem mais A relevância da Linguística Aplicada8 de um idioma no mundo globalizado em que vivemos, não é? Falar mais de um idioma ajuda o indivíduo a desenvolver e expandir seu nível cultural, influenciando-o pelo conhecimento e pela cultura de outros povos (SÃO JOSÉ; AMORIM, 2011). A responsabilidade de aprender um idioma é de responsabilidade do estudante, pois, quanto mais ele estuda, mais informação sobre dados culturais ele recebe sobre a língua estudada. Mesmo sem conhecer uma língua fluentemente, como a língua inglesa, as pessoas sabem que on, em inglês, significa que um aparelho está ligado e off significa que um aparelho está desligado. On e off são preposições da língua inglesa, podem assumir também a função de advérbios e, dessa forma, serem traduzidos de maneira diferente, conforme o contexto e o acompanhamento, sejam acompanhando substantivos ou verbos. No contexto aqui utilizado, a tradução em português para on é ligado e para off é desligado. Muitas pessoas já se acostumaram com os “importados” que compram e que contêm as palavras on e off. Esse é um exemplo da cultura inglesa presente no dia a dia das pessoas que falam outro idioma, como no caso do Brasil. Um estudante adquire habilidades linguísticas e competências em relação à interação que estudar um idioma proporciona. Uma língua depende de vários indivíduos, pois não há interação com apenas um indivíduo. De acordo com o Parâmetro Curricular Nacional (PCN), “A aprendizagem de uma língua estrangeira, juntamente com a língua materna, é um direito de todo cidadão” (BRASIL, 1998, p. 19). E o que pode ajudar ao professor de inglês, por exemplo, é sua experiência em ensinar esse idioma e ver qual a melhor metodologia a aplicar naquela turma naquele momento. Então, a Linguística Aplicada entra em cena para observar os meios em que esse ensino ocorre para ajudar estudantes e professores a terem bons resultados em seus trabalhos (SÃO JOSÉ E AMORIM, 2011, p. 05). O livro didático é conhecido como um poderoso instrumento de auxílio no ensino de idiomas. A Linguística Aplicada investiga e tem um trabalho direcionado a essa produção, tornando esse material mais instrutivo, com práticas que habilitam quem está estudando a desenvolver a audição, a fala, a leitura e a escrita. A Linguística Aplicada se interessa pela produção de livros didáticos porque, por meio deles, é possível trabalhar conteúdos e realizar atividades com propostas diversas, com finalidades específicas de linguagem. São José e Amorim (2011, p. 06) dizem que “Muitos livros ensinam a falaroutro idioma usando a técnica da reprodução dos sons do nativo da língua que se quer aprender, e isso tem sido eficaz em alguns casos”. 9A relevância da Linguística Aplicada O estudante observa como uma língua estrangeira funciona e, depois, tenta repetir os sons, desenvolvendo sua audição e a fala. O processo é parecido com o de uma criança quando está aprendendo a falar. Como há sons particulares, próprios em cada língua, é muito provável que o estudante tenha problemas ao pronunciar certos fonemas diferentes de sua língua nativa. Isso pode ser uma armadilha, fazendo com que esse estudante troque os sons comuns à língua, aproximando-os de sons “parecidos na sua língua materna”. A Linguística Aplicada enfrenta problemas relacionados a aspectos de competência linguística e comunicativa, por exemplo, à aquisição da primeira língua, da segunda, ao letramento, etc. Há uma imensa variação entre os problemas de linguagem e de comunicação nas sociedades que vão desde a variação linguística até a discriminação que se tem em relação a um determi- nado idioma (MENEZES; SILVA; GOMES, 2009). A Linguística Aplicada tem que inovar sempre, “[...] buscando melhores meios de facilitar os meios de ensino/aprendizagem de uma língua” (SÃO JOSÉ E AMORIM, 2011, p. 08). Felizmente, o trabalho realizado pela Linguística Aplicada, até agora, mostrou-se comprometido em investigar, discutir e solucionar diversos aspectos que envolvam o ensino/aprendizagem de um idioma. Atualmente, é possível estudar um idioma utilizando não apenas um livro didático, mas a internet, entre vários outros instrumentos que podem facilitar a aprendizagem, que já se tornou mais fácil e mais rápida se comparada a outros anos. Como trazem São José e Amorin (2011, p. 09), “[...] é possível aprender até mesmo sem a necessidade de um professor presente, pois há aulas de idiomas à distância, e tudo isso é possível graças aos avanços tecnológicos e ao avanço nas pesquisas em Linguística Aplicada, permitindo que estudantes estudem um idioma em seus próprios lares ou em outro ambiente que não seja a escola – e o melhor de tudo, eles também terão um ótimo resultado, basta dedicação e interesse”. Mesmo que a Linguística Aplicada tenha emergido como uma área que se preocupa com o estudo de uma língua estrangeira, atualmente, essa Linguística abrange diversas áreas devido à sua pesquisa transdisciplinar. É fundamen- tal a consciência crítica no processo de ensino/aprendizagem de inglês, por exemplo, com o objetivo de transformar (BRASIL, 1998), e é gratificante reconhecer que a Linguística Aplicada se faz essencial no que se refere ao ensino/aprendizagem de línguas maternas ou estrangeiras, garantindo melhores desempenhos nas aulas de língua (SÃO JOSÉ; AMORIM, 2011) e explicando como problemas de método no que se refere ao ensino/aprendizagem podem ser melhor resolvidos. A relevância da Linguística Aplicada10 No site da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, há muitos artigos de estudos e pesquisas realizados na área da Linguística Aplicada. O link a seguir direciona a uma área da Linguística estudada a partir da semântica e da pragmática. https://goo.gl/pPBVLt 1. A pragmática refere-se: a) ao ensino da língua inglesa, considerando a gramática. b) ao estudo da linguagem, considerando seu contexto. c) ao ensino da língua portuguesa, considerando a gramática. d) aos estudos linguísticos das línguas europeias. e) aos estudos pragmáticos, considerando a linguística. 2. Na sala de aula, a Linguística Aplicada auxilia o/a professor/a a desenvolver: a) os conhecimentos gramaticais de uma língua. b) o pensamento crítico em relação à linguagem e a sua funcionalidade no mundo. c) ações que modifiquem o contexto social dos alunos. d) exercícios de lógica de viés linguístico. e) as melhores alternativas de alfabetização infantil. 3. Quando aprendemos uma língua estrangeira: a) os professores são responsáveis se um estudante não aprende o idioma. b) a melhor idade para se aprender uma língua estrangeira é até os 22 anos. c) o processo de ensino/ aprendizagem é diferente para cada indivíduo. d) a melhor maneira de aprender uma língua estrangeira é morando no exterior. e) o estudo de uma língua estrangeira não é aconselhável para crianças não alfabetizadas. 4. O desafio da Linguística Aplicada é: a) Trabalhar a língua portuguesa no contexto social. b) Trabalhar as diferentes linguagens para o mundo do trabalho na sociedade. c) Trabalhar a língua inglesa no contexto pragmático. d) Trabalhar o planejamento das línguas estrangeiras. e) Trabalhar a linguagem para a transformação social. 11A relevância da Linguística Aplicada 5. Marque a única alternativa correta. a) A Linguística Aplicada produz o conhecimento necessário para se aprender inglês. b) A Pragmática é um ramo da Linguística Aplicada que se interessa pelo planejamento de aulas de inglês. c) A Linguística Aplicada produz o conhecimento necessário para se aprender português. d) A Linguística Aplicada se ocupa da investigação de livros didáticos de língua estrangeira. e) A Linguística Aplicada soluciona problemas pragmáticos, sociais, psicológicos e antropológicos. ALMEIDA FILHO, J. C. Linguística aplicada: ensino de línguas e comunicação. São Paulo: Pontes, 2007. BANDEIRA, E. F. Hipermodernidade, multiletramentos e gêneros discursivos. Entre- palavras, Fortaleza, v. 6, n. 2, p. 408-413, 2016. Disponível em: <http://repositorio. ufc.br/bitstream/riufc/24379/1/2016_art_efbandeira.pdf >. Acesso em: 22 jun. 2018. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclo do ensino fundamental Língua Estrangeira. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_estrangeira. pdf>. Acesso em: 22 jun. 2018. FERREIRA, A. J. Formação de professores: raça/etnia. Cascavel: Coluna do Saber, 2006. HOOKS, B. Teaching to transgress: education as the practice of freedom. New York: Routledge, 1994. MENEZES, V.; SILVA, M. M.; GOMES, I. F. Sessenta anos de Lingüística Aplicada: de onde viemos e para onde vamos. In: PEREIRA, R. C.; ROCA, P. (Org.). Linguística Aplicada: um caminho com diferentes acessos. São Paulo: Contexto, 2009. PENNYCOOK, A. A lingüística aplicada dos anos 90: em defesa de uma abordagem crítica. In: SIGNORINI, I; CAVALCANTI, M. C. (Org.). Linguística aplicada e transdiscipli- naridade. Campinas: Mercado de Letras, 1998. PENNYCOOK, A. Critical Applied Linguistics: a critical introduction. Mahwah: Lawrence Erlbaum Associates, 2001. RAJAGOPALAN, K. O Austin do qual a Linguística não tomou conhecimento e a Lin- guística com a qual Austin sonhou. Cadernos de Estudos Linguísticos, v. 30, p. 105-115, 1996. Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/118748/1/ ppec_8637045-6786-1-PB.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2018. A relevância da Linguística Aplicada12 SÃO JOSÉ, E. S.; AMORIM, S. S. Linguística Aplicada: um breve relato sobre a sua im- portância no processo de ensino-aprendizagem em língua estrangeira no Brasil. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL “EDUCAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE”. 5. São Cristóvão, 2011. Artigos... São Cristóvão: EDUCON, 2011. Disponível em: <http://paginapessoal. utfpr.edu.br/silvanaayub/celem_2012/artigos/11_LA_Um%20breve%20relato%20 de%20sua%20importancia.pdf/at_download/file>. Acesso em: 22 jun. 2018. URZÊDA-FREITAS, M. T. Educando para transgredir: reflexões sobre o ensino crí- tico de línguas estrangeiras/inglês. Trabalhos em Linguística Aplicada, n. 51.1, p. 77- 98, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi d=S0103-18132012000100005>. Acesso em: 22 jun. 2018. Leituras recomendadas AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Porto Alegre: Artmed, 1990. COSTA, G. S. Breve histórico da linguística aplicada. 2015. Disponível em: <http://www. giseldacosta.com/wordpress/wp-content/uploads/2015/04/2184332-Breve-historico- -da-linguistica-aplicada.pdf>.Acesso em: 22 jun. 2018. MANINI, D. Eixo da reflexão, conhecimentos linguísticos, análise linguística ou... ensino de gramática: o que propõe os PCNS e o que trazem os LDPS. 2006. Disponível em: <http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/e00013.htm>. Acesso em: 22 jun. 2018. 13A relevância da Linguística Aplicada Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR O discurso está presente no dia a dia de nossa comunicação e, por isso, a Linguística Aplicada também se interessa pela sua investigação. Ele está presente das mais variadas formas e faz parte da nossa interação. Assista ao vídeo da Dica do Professor para compreender o interesse da Línguistica Aplicada no discurso. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! NA PRÁTICA Ana está participando de uma atividade em sala de aula. Seu professor, então, passa um exercício em inglês para completar com adjetivos, usando o comparativo e o superlativo. Na atividade, já há os adjetivos no final de cada frase, bastando apenas empregá-los de forma adequada, observando os adjetivos, que são curtos, longos e irregulares, para aplicá-los corretamente. Acompanhe, a seguir, Na Prática. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Linguística Forense: “Cada um de nós tem uma maneira única de escrever” Leia a reportagem a seguir, sobre a Linguística Forense. Nessa leitura, você vai ver por que as palavras utilizadas seguem aquela ordem na construção das frases, a pontuação e erros de ortografia. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Ensinar e aprender língua estrangeira/ adicional na escola: a relação entre perspectivas críticas e uma experiência prática localizada O artigo recomendado apresenta uma reinterpretação de fundamentos globais de perspectivas críticas de ensinar e de aprender língua estrangeira. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Como formadores e alunos da licenciatura em Letras compreendem a Linguística Aplicada? Leia, a seguir, sobre como os formadores e os alunos da licenciatura em Letras compreendem a Linguística Aplicada e a problematização de alguns desdobramentos, a partir de compreensões para o ensino-aprendizagem de línguas e a formação de professores. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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