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SÍNDROMES CORONARIANAS CRÔNICAS Isquemia: desequilíbrio entre oferta e consumo de O2. A principal causa é aterosclerose das artérias coronárias. As demais causas (embolia, vasculite, dissecção) são mais incomuns. Doença isquêmica do miocárdio pode ser: 1) assintomática, 2) aguda, 3) crônica. Os assintomáticos (isquemia silenciosa) possuem o mesmo prognóstico adverso que os pacientes sintomáticos. Na forma aguda (SCA), o paciente evolui para sinais e sintomas de isquemia progressiva em repouso, causada por instabilidade da placa de ateroma. Elas podem ser → angina instável, IAM sem supra de ST ou IAM com supra de ST. Na forma crônica, há sinais e sintomas no esforço (angina estável). De todo modo, todas podem evoluir para isquemia do miocárdio → complicações arrítmicas e de condução ou mecânicas (falência do VE, ruptura de parede livre, ruptura do SIV, ruptura dos músculos papilares, aneurisma miocárdico). Angina estável ou dispneia (equivalente angionoso). IC/disfunção VE pode ser SCA. Pós SCA, RM recente, angina microvascular, doença silenciosa. Epidemiologia Doença isquêmica → principal causa de óbito no Brasil e vários outros países. Dietas gordurosas, sedentarismo, tabagismo → epidemia da síndrome metabólica → aterosclerose coronariana. A maioria são homens. Grande parte tem a primeira manifestação da doença como SCA, sem antes passar pela angina estável. Etiopatogenia O coração é o órgão com maior taxa de extração de O2 do organismo. Reservas coronariana → arteríolas são capazes de dilatar de acordo com a necessidade de O2. Quanto maior a taxa metabólica → maior ADP, creatinina, K, H, lactato → produção endotelial de NO. A presença de obstrução significativa faz com que a reserva coronariana seja progressivamente requisitada, o que acaba “esgotando” a reserva. Se a obstrução for >80%, mesmo com vasodilatação arteriolar máxima, haverá isquemia miocárdica em repouso e posteriormente infarto. Se a obstrução for de 50-80%, a reserva coronariana será parcialmente utilizada no repouso, sobrando uma capacidade variável de vasodilatação adicional. Se há aumento da demanda miocárdica por O2 → isquemia esforço-induzida. Portanto: fluxo basal x fluxo máximo. A diferença entre esses dois → reserva coronariana. FC, contratilidade miocárdica, tensão parietal VE (pressão do VE + volume VE) → influencia consumo de O2 Calibre dos vasos, pressão de perfusão, circulação colateral, duração da diástole → fluxo coronariano regional → oferta de O2. Alteração de oferta e/ou consumo → isquemia miocárdica Na sístole a microcirculação é comprimida, na diástole é quando a perfusão do leito coronariano ocorre predominantemente. Vias de isquemia → coronárias, microcirculação, miocárdio hipertrofiado. Situações que aumentam a demanda de O2 → HAS, ansiedade, febre, hipertireoidismo, EAo, CMP hipertrófica, taquiarritmias. Reduz suprimento de O2 → Eao, CMP hipertrófica, anemia, hipoxemia, A. falciforme, hiperviscocidade do sangue, taquiarritmias. Essas situações podem coexistir e quando combinadas com a DAC (que pode ser leve ou avançada)→ isquemia miocárdica. Causas Aterosclerose → 90% Não ateroscleróticas → anomalias congênitas, espasmo coronário, embolia (trombo, tumor, vegetação, cálcio, etc), HVE, dissecção aórtica, arterites (LES, PAN, Sífilis, etc), síndrome X. Estenose dinâmica + disfunção microvascular + trombose. Nesse caso, não temos a participação do trombo. IDOSOS: Depressão → fatores de risco comportamentais e orgânicos (atividade plaquetária, inflamação, desregulação, FR tradicionais como comorbidades). Consequências da isquemia miocárdica Primeiramente há disfunção diastólica, que logo evolui para disfunção sistólica. Há 3 estágios evolutivos de gravidade crescente: 1. Hipocinesia – o segmento isquêmico se contrai de moco mais fraco que os demais. 2. Acinesia – o segmento isquêmico não se contrai 3. Discinesia – o segmento isquêmico não contrai e apresenta um movimento paradoxal → abaulamento em relação aos demais segmentos durante a contração. A depender da extensão e localização da isquemia, o paciente pode desenvolver: IC; insuficiência mitral aguda; IAM. Em termos elétricos, os primeiros sinais de isquemia são alterações na repolarização ventricular (onda T hiperaguda – isquemia subendocárdica; onda T invertida e simétrica – isquemia subepicárdica). Quando a isquemia é grave e persistente, há supra ST (lesão transmural) ou infra ST (lesão não transmural predominante no subendocárdio). Outra consequência importante é a instabilidade elétrica que pode evoluir com fenômeno de reentrada → taquiarritmias. Avaliação inicial • História e exame físico – angina estável é mais prevalente em homens. Nas mulheres é mais frequente após a menopausa. • Comorbidades e D diferencial. Principais fatores de risco: idade >=45 H e >= 55M; dislipidemia, tabagismo, HAS,DM, obesidade, sedentarismo, HF de DAC precoce, dieta aterogênica, resistência à insulina. • Teste apropriado diagnóstico • Verificar a probabilidade de DAC • Exames básicos (ECG, bioquímica ,rx, eco de repouso) Paciente com dor precordial → história e exame físico minucioso para afastar DAC Angina estável e/ou equivalentes anginosos • Dor precordial • Tempo >2 meses • Em aperto, peso, queimação • Localização -> irradiação (face ulnar do MSE, mandíbula, região esternal, MSD, etc). Se o paciente sente irradiação para trapézio → não é isquemia, e sim irritação do diafragma (podendo inclusive ser pericardite). • Desencadeada pelo esforço, emoção, frio • Duração 2-10 min. • Sinal de Levine quando o paciente indica onde é o desconforto. Se o paciente delimitar bem a dor, provavelmente não é isquêmica. ❖ Dor típica: dor retroesternal, aperto; provocada por estresse físico ou emocional; alivia com repouso ou nitrato ❖ Atípica: 2 de 3 critérios ❖ Dor precordial não anginosa – 1 ou nenhum critério Além do esforço físico e emoções, a angina pode ser desencadeada no decúbito devido maior retorno venoso e, consequentemente, maior pré-carga e trabalho ventricular. Durante a noite, o paciente pode ter redução de O2 por desoxigenação do sangue (AOS). Classe angina – sociedade cardiovascular canadense Classe I, II, III, IV Sintomas atípicos – mais comum em idosos, mulheres, diabéticos. Equivalentes anginosos: dor torácica, dispneia, sudorese, síncope, confusão, náuseas, fadiga, palpitações. Em transplantados cardíacos, não se espera dor no coração. Diagnóstico diferencial ❖ Cardíaca: pericardite, miocardiopatia, dissecção aórtica ❖ Gástrica: esofagite, ulcera péptica, hernia de hiato ❖ Pulmonar: HP, infecção, embolia ❖ Neuromuscular: trauma, constocondrite, herpes zoster, síndromes radiculares ❖ Psíquica: ansiedade, depressão Avaliação bioquímica Objetivo: identificar fatores de risco cardiovascular. Hemograma, perfil lipídico, TSH T4L, creatinina e função renal, glicemia e GbA1C – TTOG, PCR. Quando maior PCR, mais inflamado está o paciente e maior o risco de instabilidade e rotura das placas → fator de risco independente para morbimortalidade cardiovascular. ECG de 12 derivações → sinais de DAC: iam prévio, pseudonormalização. Pode ser normal 50% dos pacientes com DAC. Algumas alterações denotam maior probabilidade de DAC subjacente, como HVE, arritmias, distúrbios de condução (BRE). A onda Q patológica confirma a presença de coronariopatia. Testes provocativos Testes onde o coração é forçado a aumentar a demanda metabólica para visualizar o surgimento de alterações dinâmicas indicativas de isquemia. Grau de recomendação: IB. 2 grupos: 1. Teste eletrocardiográfico → ergométrico 2. Testes de imagem → cintilografia de perfusão miocárdica, eco-stress,RNM cardíaca e PET-scan Probabilidade pré-teste Depende da prevalência de DAC na população estudada <5 % → não realizar teste 5-15% → ver agravantes >15% → fazer teste Teste funcional x teste anatômico: Funcional: ergométrico, eco estresses, RNM, cintilografia. Anatômico: angio TC - IB Os exames complementares não apenas confirmam a impressão clínica, mas principalmente ESTRATIFICA a gravidade e o prognóstico do quadro. O diagnóstico de DAC pode ser somente por anamnese e exame físico. Teste ergométrico Mais barato, mais fácil e mais amplamente disponível. Na ausência de CI, é o método de primeira escolha. ECG antes, durante e após um protocolo específico de esforço físico (esteira ou bicicleta). O protocolo mais usado é o de Bruce, em que a velocidade e inclinação da esteira são aumentadas a cada 3 minutos. • Desconforto precordial, dispneia, tonteira, exaustão, depressão de ST>2mm, queda de PA>10mmHg ou taquiarritmias → suspensão imediata do exame. • Material de reanimação deve estar disponível. • Critério diagnóstico: o mais importante é o infra de ST>=1mm. Infra é medido no ST 80 (2 quadradinhos após o ponto J). O infra pode ser: ascendente, retificado ou descendente. Ascendente é inespecífico e as duas ultimas confirmam diagnóstico de isquemia miocárdica esforço-induzida. Quanto mais profundo for o desnível, maior a especificidade diagnóstica. Outras alterações, como mudanças na morfologia da onda T, distúrbios de condução e taquiarritmias ventriculares, sugerem isquemia miocárdica. Se nenhuma alteração for observada, só podemos dizer que foi negativo se a FC alcançada for pelo menos 85% da máxima prevista para sexo e idade do paciente. S 75% e E85% Quanto menor a probabilidade pré teste, menor o VPP. Prognóstico: quanto mais precoce, intensa e duradouras forem as alterações isquêmicas durante TE, maior será o risco da DAC – probabilidade de eventos no futuro. Em geral, o risco se associa com a extensão da área isquêmica. O TE não deve ser solicitado se: ECG basal possuir alterações que impeçam a detecção do critério de isquemia, quando o paciente é incapaz de se exercitar, ou se houver CI específica → angina em repouso nas últimas 48h, ritmo cardíaco instável, estenose aórtica grave, miocardite aguda, IC, HP grave, endocardite infecciosa ativa, fase aguda do IAM (primeiros 5 dias). Cintilografia de perfusão miocárdica Excelente método não invasivo. Visualiza diretamente a extensão da área isquêmica, permitindo análise prognóstica. Mensura a FEVE. Certos radiotraçadores se concentram no tecido miocárdio bem perfundido, mas não no miocárdio isquêmico. O teste é feito em 2 momentos: 1) stress – físico (esteira no protocolo Bruce p.ex) ou 2) farmacológico – fármacos que induzem isquemia, como dipiridamol. A comparação das imagens pode revelar defeitos perfusionais reversíveis (isquemia) ou fixos (infarto). • O dipiridamol promove isquemia em pacientes coronariopatas por causar vasodilatação na microcirculação do miocárdio, provocando isquemia na área suprida por arteríolas doentes já com a reserva coronariana esgotada, devido o desvio de sangue para outros locais saudáveis (roubo coronariano). • Após injeção do radiotraçador, o paciente realiza uma TC especial (SPECT). • Superior ao TE, S>90% E 80-90%. • Como é mais caro, trabalhoso e menos disponível, é indicado quando há limitação para realizar TE ou quando ele é inconclusivo. E puder realizar qualquer método, é razoável começar com cintilografia miocárdica ou outro teste de imagem. • Principal radiotraçador: tecnécio. Tálio é menos usado. Ecocardiograma com stress Diagnostica isquemia após déficit na contração segmentar. Avalia bem o prognóstico já que determina a extensão a área isquêmica e suas repercussões sobre a função ventricular esquerda. Identifica também outras alterações como infarto prévio, HVE, alterações valvares. • Atualmente, há possibilidade de utilizar contraste no ECO: solução salina com microbolhas. As microbolhas se comportam como hemáticas e aumenta o contraste entre cavidade ventricular e a parede miocárdica. Em segundo momento, as microbolhas preenchem a circulação coronariana e é possível o mapeamento da perfusão miocárdica regional. • Durante o ECO, o VE é dividido em 16 segmentos e cada segmento recebe uma pontuação de acordo com o grau de motilidade (1= normal, 2= hipocinesia, 3= acinesia, 4= discinesia). O somatório da pontuação nos 16 segmentos é dividido por 16 → Índice do Escore de Motilidade Ventricular Esquerda (IEMVE). Valor entre 1-1,6 → função do VE normal ou comprometimento discreto; entre 1,6-2 → comprometimento moderado; >2 → comprometimento importante. A função ventricular é um dos parâmetros mais importantes para avaliação do prognóstico. • Diversas formas de stress podem ser empregadas: esforço físico; dobutamina IV; dipiridamol IV. O mais usado é EF, porém, se impossibilitado, o protocolo mais utilizado é dobutamina IV (que pode ser associado à atropina para melhorar acurácia diagnóstica). • Também é superior ao TE, porém menos disponível e mais caro. Da mesma forma, é um bom exame na vigência de limitações para TE ou TE inconclusivo. Outra indicação é a avaliação pré-operatória de pacientes com múltiplos FR para DAC. Um resultado normal tem elevado valor preditivo negativo. • Outras utilidades: avaliação prognóstica de pacientes com DAC confirmada, avaliar eficácia de tto empregados (eco antes e após tto), avaliar viabilidade miocárdica. Ressonância nuclear magnética Permite avaliar anatomia cardíaca e vascular, função ventricular, perfusão miocárdica e características físico-quimicas miocárdicas, sem expor o paciente à radiação ionizante. Padrão outro para quantificação do volume ventricular, da FE e massa miocárdica. Isquemia miocárdica pode ser identificada através da visualização do déficit contrátil segmentar induzido por stress e reversível com repouso (achado mais específico) e através da visualização de defeitos perfusionais. Stress é induzido por dobutamina. Para estudo da perfusão regional, o dipiridamol causa o “roubo coronariano”, utilizando-se também gadolínio como contraste. • Principais indicações: pacientes com limitações para testes citados anteriormente (como obesos, mulheres com mamas grandes). • Avaliação da viabilidade miocárdica → miocárdio viável: hibernante; não viável: IAM antigo/fibrose. Essa diferenciação é possível graças ao fenômeno de realce tardio – o paciente recebe gadolínio IV e é submetido a uma sequência de RNM (IR= inversion recovery), de modo que a imagem produzida consegue informar se a região disfuncionante da parede está íntegra ou não. O gadolínio não penetra mb celular. Sua distribuição é EXTRACELULAR! Nas regiões infartadas ou fibrosadas as membranas celulares foram destruídas → espaço EC aumenta → gadolínio apresenta maior volume de distribuição e fica retido por mais tempo nesses locais (delayed washout). Após 10-20 min de contraste, as imagens de miocárdio não viável apresentam sinal mais intenso do que o miocárdio íntegro. Excelente preditor de probabilidade de recuperação funcional após revascularização (cirúrgica ou percutânea): quando a área de realce tardio for <50% da espessura do segmento disfuncionante, a chance de recuperação pós-revascularização será grande. Se o realce tardio for >50% (lesão transmural) há uma baixa probabilidade de recuperação. As imagens tridimensionais de alta resolução permite uma quantificação extremamente precisa da massa do miocárdio não viável. É possível expressar a magnitude da área infartada como um percentual de massa ventricular total (de grande valor prognóstico). ANGIO RNM das coronárias Há muitosartefatos devido movimentação cardíaca e respiratória que dificultam o delineamento anatômico preciso das obstruções coronarianas através da RNM. Assim, esse exame não é solicitado de rotina com esse intuito. A RNM se torna mais atraente na suspeita de anomalias congênitas na origem ou trajeto desses vasos. Cineangiocororaniografia (CATE) – padrão ouro para diagnóstico de DAC. Cateterismo da coronária e injeta contraste. É um exame de baixo risco de complicações, até mesmo em idosos. Grande precisão anatômica. Indicação: informações fornecidas trarão benefício adicional (que supera riscos e custos do exame), e que não poderiam ser obtidos com outros métodos. Ex: quando o paciente necessita de revascularização, para definir a anatomia das coronárias e o tipo ideal de procedimento (angioplastia ou cirurgia), quando a realização ou interpretação dos testes não invasivos for impossível ou conflitante. Pacientes com alta probabilidade clínica, sintomas severos refratário ao tto clinco, angina típica em baixa carga de exercício físico, avaliação funcional. IB Outros exames complementares ❖ TC das coronárias: 2 tipos: 1) angio-TC de coronárias, 2) TC simples para cálculo do escore de cálcio. Angio TC: injeção EV de contraste iodado, com delineamento anatômico das artérias coronárias. Método muito sensível para detectar aterosclerose coronariana. Porém, algumas perguntas não são respondidas como: as lesões estão causando isquemia? Qual a extensão da área isquêmica? Quais repercussões funcionais? Além do uso de contraste, há alta carga de radiação ionizante. Portanto, tal exame não é feito de rotina na investigação de angina estável. Escore de cálcio: a calcificação da parede coronariana se relaciona fortemente com a existência de uma aterosclerose. Diante de um EC elevado, é certo que há placas de ateromas na coronária. No entanto, o EC não diz se há lesões obstrutivas. Muitas lesões ateroscleróticas, mesmo quando calcificadas, apresentam crescimento extrínseco (em direção à camada da adventícia, poupando o lúmen vascular – remodelamento coronariano), que não justificam o surgimento de isquemia miocárdica. Além disso, EC=0 não exclui a existência de obstrução coronariana. No entanto, para pacientes ASSINTOMÁTICOS, o EC pode ser útil, pois funciona como FR independente para eventos cardíacos futuros. Portanto, é útil na estratificação de risco em assintomáticos. Isquemia silenciosa O paciente pode não apresentar sinais clínicos de isquemia. Isso pode acontecer devido variabilidade dos níveis de endorfina em algumas pessoas, o que pode modificar seu limiar de dor. Além disso, no DM pode haver neuropatia diabética. O fato é que a incidência de eventos coronarianos fatais ou não fatais é a mesma para isquemia sintomática. TTO: Não há consenso. MAS: controle de FR deve ser agressivo. A estratégia terapêutica para isquemia em si deve ser individualizada devido múltiplas variáveis como: prognóstico em teste provocativo, idade, ocupação, condição clinica geral do paciente... Um paciente com infra >= 2mm em TE, com 50 anos de idade → realizar CATE e procedimento de revascularização. Paciente 90 anos, sedentário, com hipocinesia assintomática no eco-stress da parede inferior → sem CATE e terapia intervencionista. Pode-se considerar o uso de BB ou BCC em pacientes com isquemia silenciosa, principalmente se já sofreram IAM (reduz eventos futuros). Síndrome X ou angina microvascular Presença de angina e isquemia nos testes provocativos + coronariografia normal. Mais comum em mulheres jovens (45-55 anos), e tem bom prognóstico, apesar de sintomas e tto difícil. O controle deve ser feito preferencialmente com antagonistas do cálcio, havendo geralmente apenas resposta parcial. A explicação é a baixa reserva coronariana secundária a uma patologia microvascular (disfunção endotelial que dificulta vasodilatação da microcirculação). Com frequência, esses pacientes apresentam placas de ateroma não obstrutivas (com crescimento extrínseco). Na disfunção endotelial, o endotélio perde a capacidade de liberar substancias vasodilatadoras, e passa a liberar substâncias vasoconstritoras. Tratamento Alto risco IAM/morte → idade avançada, angina severa, comorbidades (diabetes/ IRC), doença vascular periférica, disfunção ventricular esquerda. Controle do fator de risco, medicações, revascularização. FR → tabagismo, HAS, dislipidemia, sedentarismo, obesidade, etc. MEV → IB Cessar tabagismo, dieta, emagrecer, atividade física, controle da PA, controlar perfil lipídico, controlar DM. No caso de cessar tabagismo não é apenas dizer ao paciente que ele deve parar de fumar: encaminhamento para programas especializados, drogas para controle da abstinência. O uso de ômega 3 não é recomendado para DAC crônica, pois não mostrou benefício. Esportes competitivos ou extenuantes devem ser proibidos. Praticar exercícios aeróbios de 5-7x por semana, com pelo menos 30 min. O uso de nitrato sublingual profilático tem ótima eficácia para prevenir angina por esforço, quando 15- 30 min antes do esforço. Prognostico → arritmias, extensão da isquemia, disfunção do VE ❖ Medicamentos antianginosos Melhora qualidade de vida do cardiopata. Objetivo é melhorar os sintomas. Aumenta a perfusão coronariana ou reduz a demanda metabólica miocárdica. 1ª linha: BB. 2ª linha: trimetazidina e ivabradina BCC, 3ª linha nitratos de ação prolongada, 4ª linha alopurinol. Nitrato de ação rápida → abortar crise Novos anti angionosos → trimetazidina, ranolazina NITRATOS: aumenta produção endotelial de NO. Reduz pré e pós carga e promove vasodilatação coronariana. Os de ação rápida (isossorbida, propatilnitrato) são ministrados via sublingual ou spray oral, agem nos primeiros 5 min e mantém efeito por 30-45 min → aborta crises. Também pode ser usado de modo profilático. Durante uso o paciente deve estar sentado. Os nitratos de ação longa (mononitrato, dinitrato de isossorbitol) não são mais recomendados → pioram a morbimortalidade na DAC estável crônica. Estimula resposta adrenérgica e aumento da atividade do SRAA. Podem ser associados com BB e BCC em caso de angina refratária. EC: hipotensão, cefaleia, rubor facial, bradicardia por aumento do tônus vagal. BETABLOQUEADORES: Aumentar a diástole → aumentar fluxo coronariano Reduzir estresse sistólico → reduz FC e contratilidade Angina de Prinzmetal (vasoespastica) CI uso de BB, pois o bloqueio de B2 causa vasoconstricção. Antagonistas do cálcio (AC): efeito vasodilatador, por bloquear canais L de cálcio no musculo liso. As di-idropiridinas, como nifedipina e amlodipina, são mais vasosseletivas com efeito coronariano mais potente. A amlodipina, verapamil são excelentes opções. Também tem diltiazem (efeito coronariodilatador, bradicardizante e inotrópico negativo menor que verapamil). Também eficazes na angina vasoespástica de Prinzmetal. Podem ser associados aos BB para melhor controle antianginoso, porém, diltiazem e verapamil não devem ser associados aos BB, devido risco de maior bradicardia e disfunção sistólica do miocárdio. IECA e BRA: pacientes de alto risco, com DM, nefropatas crônicos, hipertensos, IAM prévio, com disfunção sistólica do VE e idade >54 anos, também deve receber IECA. BRA são menos estudados nessa área, e ficam como alternativos aos que não toleram IECA (tosse, angioedema). Outros: trimetazidina, ivabradina, alopurinol. Trimetazidina: parece proteger o cardiomiócito da isquemia, evitando a depleção de ATP. Promove menor liberação de marcadores de necrose. Pode ser associado à terapia antianginosa padrão (BB com ou sem BCC) ou ser feito em monoterapia. Ivabradina: reduz a FC por inibir automatismodo nó sinusal. Pode ser associada ao BB se angina refratária, principalmente se o paciente tem disfunção de VE e FC>=70. Alopurinol – empregado para tratar gota. Efeito pouco compreendido como antianginoso. 4ª linha. Associado a outras drogas se angina refratária. ❖ Antiagregantes plaquetários Ácido acetilsalicílico (AAS) – em doses antiplaquetárias (75-325 mg em dias alternados) tem excelente resultado. Reduz significativamente a chance de IAM e morte cardíaca. Dose recomendada: 100mg/dia. Indicação: pacientes com idade 50-69, com RCV>10%, desde que o paciente não possua fatores de alto risco para sangramento e que esteja disposto a utilizar a medicação por pelo menos 10 anos. Inibição irreversível da enzima COX, impedindo a formação de tromboxane A2 (os efeitos só desaparecem quando novas plaquetas surgem – 5-7 dias após). Reduz a probabilidade de formar um trombo intracoronariano. EC: doença péptica gastroduodenal, hemorragia digestiva, outros sangramentos, alergia. Tienopiridinas – (clopidogrel, ticlopidina): antagonismo do ADP. Inibição específica da ativação da glicoproteína IIb/IIIa pelo ADP (inibem a ativação plaquetária ADP induzida). Clopidogrel é a droga de escolha, na dose de 75mg/dia em pacientes com CI ou INTOLERÂNCIA ao AAS. Pacientes que realizaram angioplastia também devem receber AAS + Clopidogrel por pelo menos 30 dias. Novos antiplaquetários tienopiridínicos (prasugrel, ticagrelor) ainda não foram estudados da DAC crônica. Anti-trombóticos AAS + clopidogrel – sem benefício. NA DAC apenas AAS para prevenção. CI absoluta → clopidogrel ou ticagrelor ou pazogrel. Se o paciente tem stent → associado a AAS por 1 ano. ❖ Anticoagulante oral – cumarínico: a warfarina pode ser usada em associação ao AAS em pacientes coronariopatas com indicação específica para anticoagulação (ex: FA com risco cardioembólico, pós IAM anterior extenso, presença de trombo intramural). Dose titulada para manter INR entre 2-3. Também pode ser usado em substituição aos antiplaquetários em pacientes que não toleram ou não podem usar estes últimos. ❖ Drogas antilipêmicas – estatinas: Preferência: estatinas. Quando não alcança meta lipêmica → ezetimibe e os quelantes intestinais de ácidos biliares associados às estatinas otimizadas. Não associar com fibrato (risco de miopatias) e com ácido nicotínico (sem benefícios adicionais). Efeitos pleiotrópicos: além de reduzir níveis de colesterol, também possui efeitos anti- inflamatórios diretos. Reduz inflamação das placas e aumenta a quantidade de colágeno (capa fibrosa protetora) → maior estabilidade da placa e queda de PCR. Alto RCV → LDL <70; baixo – intermediário RCV LDL <100. Liproproteína A – análogo do LDL (diferenciado deste pela adição da apoproteína A): são reconhecidos como importantes na patogênese da aterosclerose e vulnerabilidade da placa. Níveis devem ser <30 md/dL. As estatinas não reduzem os níveis de LptnA. Outras drogas estão em estudo. SOUSA: Estatinas → primeira opção. TG >500 → fibratos. Quando a meta de LDL não é atingida com estatina → associação com ezetimiba. Terapia vasculoprotetora: IECA ou BRA caso FE<=40%, sobretudo se tiver HAS ou DM. (IA). Indicação IB usar em todos os pacientes com DAC. Tratamento clínico x revascularização Tto clínico -> para todos! Controle de FR, usar AAS + estatina e eventualmente IECA. Risco de IAM → grau de obstrução da placa. Revascularização – para que? Se prevenir morte, IAM, reduz sintomas. Indicações gerais de revascularização na DAC: 1. Angina estável refratária ao tto clínico otimizado ou intolerância a este. 2. Situações de ALTO RISCO, em que há sobrevida com a revasc, mesmo na ausência de sintomas. Quanto maior a área isquêmica e a disfunção ventricular, maior o risco → os de alto risco, precisam realizar coronariografia para definir melhor estratégia de revasc. A decisão deve ser compartilhada: médico + paciente + família + heart team (cardiologista, cirurgião cardíaco, hemodinamicista). Escore SYNTAX → avalia extensão e complexidade das lesões ateroscleróticas. Para cada lesão com obstrução >50%, atribui-se uma pontuação baseada em múltiplos parâmetros morfológicos. A soma dessas pontuações compõe um escore final. Também pode auxiliar na escolha entre CRVM x ICP. Escore >= 22 → a favor da CRVM. Na prática, em cada centro médico, há avaliação individual do paciente para indicar um ou outro método. Além do escore syntax, a medida da FFR durante coronariografia (afere fluxo/pressão máximo pós estenose) é importante e se tornou padrão ouro para avaliar se a lesão é hemodinamicamente significativa (acarreta isquemia e merece ser revascularizada por ICP). O emprego da FFR na CRVM ainda está em estudo. A CRVM é SUPERIOR à ICP: Se o risco cirúrgico for proibitivo ou o paciente se recusar a realizar a cirurgia → ICP indicada. DRC agrava o prognóstico da DAC – pode indicar CRVM Se o paciente já tem CRVM prévia e necessitam de nova abordagem, prefere-se, de modo geral, a ICP. CRVM: o procedimento padrão-ouro é aquele que combina uma ponte da mamária esquerda para a DA associada a pontes safena para outras artérias coronárias. Considerações finais Dr. Sousa Reflexo óculo estenótico → a maior parte dos infartos ocorre por placas pequenas. Conclusão: angina decorre de lesão obstrutiva ou doença microvascular, podendo coexistir as 2 formas no mesmo paciente. DAC crônica é uma doença difusa e o TMO é efetivo por reduzir eventos CV, porém é subutilizado. Na DAC crônica, via de regra → TMO inicial é tão bom quanto a RMC/ICP → morte e IAM Para lesões de TCE → RMC O TMO não dispensa, na evolução, a RMC/ICP
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