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SÍFILIS CONGÊNITA APS 2

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UNIVERSIDADE PAULISTA – CAMPUS MANAUS 
CURSO BACHARELADO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SIFÍLIS CONGÊNITA NO RN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANAUS 
2020 
 
ALEXSANDRO DOS SANTOS LOPES 
ANA FLÁVIA OLIVEIRA MARINHO 
CLEMILENE MAIA DE SOUZA 
GEOVANE SILVA DA SILVA 
JHENIFFER THELKA RODRIGUES VILHENA 
NEIVIANE BRAGA MACIEL 
OLIVER JULIANO FERREIRA BATISTA DOS ANJOS 
SILAS PEREIRA MURAIARE 
THAÍS MARIANO DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
SIFÍLIS CONGÊNITA NO RN 
Trabalho apresentado para obtenção de nota 
parcial no componente curricular de PCPCMCA, 
Curso Bacharelado em Enfermagem, pela 
Universidade Paulista – Campus Manaus. 
Orientador: Enfº Me. Leslie Monteiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANAUS 
2020 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5 
2. IDENTIFICAÇÃO ....................................................................................................... 6 
2.1.História gestacional .................................................................................................... 6 
2.2.História Pregressa ...................................................................................................... 6 
2.3.Exame Físico ............................................................................................................... 6 
3. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ........................... 7 
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................. 9 
4.1.Epidemiologia ............................................................................................................. 9 
4.2.Patogenia ..................................................................................................................... 9 
4.3.Quadro clínico ........................................................................................................... 10 
4.4.Diagnóstico ................................................................................................................ 12 
4.5.Tratamento ................................................................................................................ 13 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 16 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 17 
 
 
4 
 
1. INTRODUÇÃO 
Nos últimos 10 anos vem ocorrendo um aumento do número de casos de sífilis 
gestacional e congênita no Brasil. Este aumento também ocorreu em outros países 
desenvolvidos, desencadeando uma reação dos órgãos de saúde pública e dos meios 
acadêmicos, que com diversas pesquisas identificaram e chamaram a atenção para o problema. 
Atualmente a sífilis é considerada uma doença reemergente, devido ao grande aumento 
da sua incidência nos países em desenvolvimento, enquanto nos países desenvolvidos é 
atualmente considerada epidemiologicamente estável. Esta clássica doença sexualmente 
transmissível (DST) pode ser evitada e controlada através de medidas voltadas para a população 
em geral quanto à prática do sexo seguro. 
Nas gestantes é mais dramático pela possível e inaceitável ocorrência da sífilis 
congênita nos dias de hoje, onde o rastreamento sorológico obrigatório no acompanhamento 
pré-natal, o tratamento e a prevenção adequados são perfeitamente capazes de evitar a infecção 
do concepto e a reinfecção materna. Estas medidas são simples, amplamente disponíveis, de 
baixo custo e de grande impacto no controle da doença. 
O diagnóstico e o tratamento oportuno da gestante e seu parceiro é a forma mais eficaz 
de proteção dos conceptos e dos recém-nascidos. O Ministério da Saúde preconiza a realização 
de exames durante o pré-natal para que a sífilis possa ser tratada precocemente e nas 
maternidades para que não haja alta hospitalar sem o diagnóstico. Portanto a simples ocorrência 
de um caso de sífilis congênita reflete falhas no sistema de controle das DSTs, nos programas 
de pré-natal e principalmente pela falta da execução dos protocolos pelas maternidades. 
O caso clínico a seguir, abordará como a doença é identificada e diagnosticada no RN, 
bem como suas manifestações clínicas e a forma de tratamento da mesma ainda dentro da 
maternidade. 
 
 
 
 
 
5 
 
2. IDENTIFICAÇÃO 
Recém-nascido (RN) do sexo masculino, nasceu por parto via cesárea, no Instituto da 
Mulher Dona Lindu, sem grandes intercorrências no dia 19/10/2020 com 37 semanas de idade 
gestacional, pesando 3808g, com 51 cm de comprimento, APGAR de 9 no primeiro minuto e 
de 10 no quinto minuto. 
2.1. História gestacional 
Mãe do RN, 24 anos, parda, doméstica, solteira, G3P3A0, residente e procedente de 
Manaus, Amazonas, chegou à maternidade com rotura de membranas amnióticas. Em histórico 
da gestação atual, consta 6 consultas de pré-natal; DUM 25/01/2020; vacinação atualizada; 
gravidez de risco habitual, não planejada. Em uso de sulfato ferroso e ácido fólico, sorologias 
para HIV, hepatite B e C, rubéola, toxoplasmose não reagentes, VDRL reagente, e cultura 
negativa para estreptococo do grupo B com 35 semanas de gestação. Em gestação anterior, 
não apresentou dados significativos. Na maternidade foram feitos novos exames para sorologia 
de HIV e sífilis, sendo reagente para Sífilis. 
24h após o parto, a equipe de saúde é chamada no quarto, pois RN apresentava-se 
irritado, taquicárdico (183 bpm), com taquipneia (65 irpm), dificuldade para aceitar 
alimentação e com palidez cutânea. Com essas informações clínicas, a conduta da equipe foi 
de realizar a coleta de material para hemocultura, hemograma e proteína C reativa (PCR) e 
HMG. 
Segundo registro foi realizada a triagem auditiva, com resultado de OD e OE normais, 
e o teste do pezinho, ambos em 20/10/2020. Realizou HMG e PCR em 22/10. Diagnosticado 
sífilis congênita precoce, para a qual foi iniciado tratamento com penicilina cristalina 190.000 
U/kg/dia em BIC em 1h, por 14 dias, óxido de zinco creme e sintomáticos. 
2.2. História Pregressa 
A mãe nega outras comorbidades de base na família. Nega sintomas relacionados à 
Sífilis. Refere parceria fixa. Sem histórico de abortos. 
2.3. Exame Físico 
Ao exame físico o RN apresentava-se ativo/reativo, não apresentava rigidez de nuca, 
reflexo de Moro preservado, com a preensão palmar débil a esquerda, reflexo de sucção 
6 
 
presente. Estava hipocorado ++/++++, hidratado, acianótico, ictérico +/++++, pupilas 
fotorreagentes, fontanelas normotensas, afebril (36,7ºC), taquicárdico, sem gânglios palpáveis, 
hidratado. Murmúrios vesiculares presentes simétricos. AC com BCNF 2T, sem sopros. 
Abdome globoso/flácido, com peristalse, indolor, cavidade oral sem monilíase. Diurese 
preservada, evacuação presente em fralda. Dieta de leite materno exclusivo. Medidas 
Antropométricas: PC: 37, PT: 37, PAB: 34, EST: 51, P: 3808g, IMC: 14,64 kg/m². 
EXAMES RESULTADOS 
Leocócitos 13.220/mm³ 
Células contadas 100 
Basófilos 0,2% 
Eosinófilos 6% 
Segmentados 42,9% 
Linfócitos 43% 
Monócitos 8,4% 
Hemácias 4,12 M/h 
Hemoglobina 14,5 g/dL 
Hematócrito 40,8% 
VGM 99 u³ 
HGM 35,5 g/dL 
Plaquetas 328.000/mm³ 
PCR 6mg/dL 
VDRL Reagente 
 
3. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM 
Os diagnósticos de enfermagem surgiram como uma necessidade de dar nome ao que 
os enfermeiros identificavam a partir do pensamento crítico e o raciocínio clínico, 
competências adquiridas pelo enfermeiro e essenciais para o cuidado. Além disso, o 
diagnóstico de enfermagem é atribuição privativa do enfermeiro, conforme a Resolução 
COFEN 358/2009. 
Para auxiliar a realização do cuidado integral, qualificado e individualizado, gerenciar 
e planejar suas atividades, além de proporcionar maior visibilidade
para suas ações, os 
profissionais de enfermagem dispõem da Sistematização da Assistência a Enfermagem (SAE) 
e do Processo de Enfermagem (PE). A SAE organiza o trabalho dos enfermeiros, enquanto o 
PE é um instrumento metodológico que orienta a execução do trabalho, utilizando cinco etapas 
inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes, que são: coleta de dados, histórico de 
7 
 
enfermagem ou anamnese; diagnóstico de enfermagem; planejamento de enfermagem; 
implementação; e avaliação de enfermagem. 
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 
 
Mãe solteira (abandono do 
pai) 
Paternidade ou maternidade prejudicada, caracterizada 
pelo abandono paterno 
Domínio 7 • Papéis e relacionamentos Classe 1 • Papéis do 
cuidador Código do diagnóstico 00056 
Planejamento Intervenções Horário 
 
 
 
A criança e a mãe terão um 
bom enfrentamento da falta 
paterna 
 
• Orientar sobre apoio e 
presença da família 
(TE/ENF); 
• Orientá-la a falar sobre 
seus medos, anseios, pedir 
ajuda (TE/ENF); 
• Orientar a falar como se 
sente. Solicitar apoio 
psicológico s/n (ENF). 
 
 
 
 
Diariamente 
 
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 
 
Gravidez indesejada 
Risco de desenvolvimento atrasado, caracterizada por 
gravidez indesejada 
Domínio 13 • Crescimento/desenvolvimento Classe 2 • 
Desenvolvimento Código do diagnóstico 00112 
Planejamento Intervenções Horário 
 
 
 
 
A criança terá 
desenvolvimento eficaz 
 
• Investigar aleitamento 
materno exclusivo (ENF); 
• Investigar esquema vacinal 
(ENF); 
• Realizar puericultura 
(ENF); 
• Evitar isolamento 
(ENF/FAM); 
• Avaliar genética estrutural 
da criança (ENF); 
• Estimular processo de 
aprendizagem 
(ENF/FAM); 
• Solicitar exames (ENF). 
 
 
 
 
Sempre que necessário 
 
8 
 
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 
 
Dificuldade para aceitar a 
alimentação 
Dinâmica ineficaz de alimentação do lactente, 
caracterizada por inapetência do RN 
Domínio 2 • Nutrição Classe 1 • Ingestão Código do 
diagnóstico 00271 
Planejamento Intervenções Horário 
 
 
 
O RN terá nutrição 
equilibrada em até uma 
Semana 
 
• Avaliar os fatores de 
inapetência do RN (ENF); 
• Orientar a mãe acerca da 
importância da 
amamentação (ENF); 
• Pesar o RN no início do 
plantão (TE); 
• Avaliar a aceitação diária 
da alimentação (TE/ENF). 
 
 
 
Diariamente 
 
 
7h 
 
 
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 
 
VDRL reagente 
Risco de infecção, relacionada à presença do vírus da Sífilis 
no organismo do RN 
Domínio 11 • Segurança/proteção Classe 1 • Infecção 
Código do diagnóstico 00004 
Planejamento Intervenções Horário 
 
 
 
Não apresentará 
exacerbação de sintomas 
Posteriores 
 
 Oferecer aporte nutricional 
(TE/ENF); 
 Observar aspecto da pele 
(TE/ENF); 
 Monitorizar sinais vitais 
(TE); 
 Avaliar os exames 
laboratoriais (ENF). 
 
 
 
Diariamente 
 
 
06h-12h-18h-24h 
 
Sempre que necessário 
 
AVALIAÇÃO DO ENFERMEIRO 
Os cuidados direcionados ao RN e mãe descritos no caso, auxiliaram na melhora do quadro 
e detecção precoce da patologia. Tornando o prognóstico médico mais otimista. 
 
 
9 
 
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
A sífilis é uma doença infectocontagiosa sistêmica, de evolução crônica. A sífilis 
congênita é a infecção do feto pelo Treponema pallidum, transmitida por via placentária, em 
qualquer momento da gestação ou estágio clínico da doença em gestante não tratada ou 
inadequadamente tratada. 
A sífilis, também chamada de Lues, foi descrita pela primeira vez há aproximadamente 
500 anos. Durante estes séculos sua importância foi destacada não só pela alta incidência como 
pelo aparecimento de formas graves, más formações produzidas nos recém-nascidos e sua 
grande mortalidade. 
O conceito de transmissão sexual e transplacentária apareceu por volta de 1850. Nesta 
época a sua disseminação se dava quase que exclusivamente por estas formas, em regiões onde 
o sexo era usado como moeda. Foi atribuído à promiscuidade o maior número de 
contaminados.Com a descoberta da penicilina, o tratamento da sífilis levou a uma queda 
abrupta da incidência tanto da forma adquirida quanto da congênita. Na década de 60 chegou-
se a prever a sua erradicação até o final dos anos 80. 
Entretanto a partir de 1986, nos EUA, observou-se um recrudescimento na incidência 
de sífilis em mulheres na idade fértil e, portanto, um aumento dos casos de sífilis congênita. No 
Brasil e América Latina este aumento foi notado um pouco mais tarde, por volta de 1990. 
Este fato foi atribuído a problemas sociais como a pobreza e a promiscuidade, uso de 
drogas e por ter se tornado o sexo, moeda de troca dos viciados em crack e cocaína, para 
conseguirem a droga. Com a adoção de medidas de controle epidemiológico, as mesmas usadas 
no controle da AIDS, hepatite B e outras, a incidência já estava estabilizada na América do 
Norte em 1995. Nos países da América Latina ainda não se obteve este controle. 
4.1.Epidemiologia 
A transmissão é mais frequente pela via transplacentária, de gestantes portadoras de 
sífilis secundária não tratada. A infecção do concepto no canal do parto em gestantes com sífilis 
primária é uma ocorrência rara. Ainda não está comprovada a transmissão pelo leite materno e 
secreções orgânicas. As populações com pouco acesso a informação e com índice elevado de 
pobreza e promiscuidade são as mais acometidas e em maiores proporções. Na Etiópia, em 
1994 encontrava-se uma prevalência de 13,7 % em mulheres na idade fértil. Em Recife 
chegouse a encontrar uma prevalência de 11,5%. 
10 
 
4.2.Patogenia 
A espiroqueta Treponema pallidun atinge a mulher mais frequentemente pela via sexual, 
e o primeiro sinal de infecção é o cancro duro, que surge em torno de 3 semanas do contágio e 
dificilmente diagnosticado nesta fase, na mulher, devido a sua localização dentro do canal 
vaginal (sífilis primária). A seguir ocorre a disseminação hematogênica do treponema, surgindo 
sinais gerais como as adenopatias e o exantema, podendo durar até 8 semanas (sífilis 
secundária). 
A evolução pode no período de um a dois anos manifestar complicações 
cardiovasculares, neurológicas e as gomas (sífilis terciária). Alguns indivíduos adultos por 
barreira imunológica ou por terem sofrido tratamentos com antibióticos equivocadamente, 
desenvolvem uma forma latente e permanecem assintomáticos por longos períodos, mantendo 
potencial de transmissibilidade. 
A transmissão da lues ao concepto pode ocorrer em qualquer fase da doença, mas é bem 
maior nas etapas iniciais, quando há espiroquetemia importante. Assim, temos que em gestantes 
sifilíticas não tratadas, os conceptos são infectados cerca de 70 a 100% na fase primária ou 
secundária e o restante nas fases terciária e de latência primária ou tardia. Em torno da décima 
oitava semana de gestação acontece o contágio trans-placentário, iniciando a infecção no 
concepto já na fase secundária. A infecção congênita pode gerar natimorto ou sépsis neonatal 
e pode acometer os sistemas retículo-endotelial, hematológico, músculoesquelético, sistema 
nervoso central, e outros mais raramente como rins, pulmões e olhos. 
4.3.Quadro clínico 
A sífilis congênita comporta-se como uma doença de amplo espectro clínico. Revelase 
por meio de abortamentos (raros), natimortos (muitas vezes hidrópicos), neonatos com quadro 
tipo septicêmico ou mantém-se sob a forma sub-clínica em recém-nascidos assintomáticos que 
poderão apresentar alterações nas fases subseqüentes da vida. Hoje em dia predominam estas 
formas oligossintomáticas ou assintomáticas. 
De maneira geral, dividimos a doença em precoce ou tardia conforme a manifestação 
clínica tenha aparecido antes ou depois dos dois primeiros anos de vida. 
Na sífilis congênita precoce, a grande maioria dos recém-nascidos apresenta-se com 
baixo peso (inferior a
2500g), devido principalmente a prematuridade. O parto prematuro entre 
11 
 
30 e 36 semanas de gestação é muito freqüente nos conceptos portadores de sífilis congênita 
quando o dado referente à idade gestacional pode ser obtido. 
O retardo de crescimento intra-uterino é ocasional. Entretanto, o déficit no crescimento 
pôndero-estatural na fase pós-natal é usual em crianças não tratadas, mesmo que oligo ou 
assintomáticas. 
Frequentemente o recém-nato apresenta hepatomegalia (90%), esplenomegalia (50%), 
linfadenopatia (50%), podendo estas se resolver espontaneamente ou persistir com uma leve 
adenomegalia. A hepatomegalia por reação inflamatória pode acompanhar-se de 
hiperbilirrubinemia direta e alteração das enzimas hepáticas. A cirrose é rara. 
A esplenomegalia, na grande maioria dos casos, está associada à trombocitopenia 
devido ao aprisionamento das plaquetas num baço aumentado. A ocorrência de CID é rara, 
aparecendo somente nos casos mais graves. A anemia, em graus variáveis ocorre pela 
diminuição da vida média das hemácias. Se houver hemólise haverá hiperbilirrubinemia 
indireta e o teste de Coombs negativo vai auxiliar o diagnóstico diferencial com a eritroblastose 
fetal. 
A pele pode apresentar exantema máculo-papular, que é mais freqüente nas regiões 
perioral, dorsal, plantar e palmar. O pênfigo palmo-plantar, geralmente de acometimento 
neonatal precoce, corresponde a lesões bollhosas ricas em treponemas. Também podem 
apresentar condiloma plano e placas sifilíticas nos lábios, língua e palato. A rinite sifilítica 
apresenta secreção amarela-avermelhada rica em treponemas que surge ao final da primeira 
semana de vida. 
A osteocondrite, periostite e osteomielite sifilíticas acometem ossos longos, costelas e 
alguns ossos cranianos como o frontal e parietal e estão presentes em quase todos os casos de 
sífilis congênita precoce. As alterações costumam ser bilaterais e simétricas e pode complicarse 
com fraturas patológicas. O quadro clínico destas é pobre, geralmente ao fim de 5 ou 6 semanas 
pode acontecer a perda da movimentação dos membros chamada de Pseudoparalisia de Parrot. 
Esta é mais freqüente nos membros superiores. Fato marcante nas alterações ósseas da sífilis é 
a sua tendência para cura sem antibióticoterapia. 
Em 60% dos casos o envolvimento do sistema nervoso central é assintomático nas 
crianças com sífilis congênita precoce. Daí a importância da punção lombar com exame do 
líquor quando houver suspeita. Caso haja sintomatologia, esta vai se revelar como meningite 
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aguda, em geral até o sexto mês de vida ou com alterações meningovasculares crônicas que 
resultam em hidrocefalia progressiva, paralisia dos nervos cranianos e / ou lesões 
cérebrovasculares. Estas podem complicar-se com a ocorrência de convulsões. 
A síndrome nefrótica, insuficiência renal, coriorretinite tipo “sal e pimenta”, glaucoma, 
pneumonia Alba, insuficiência respiratória e síndrome de má absorção são ocorrências 
extremamente raras na literatura médica. 
As consequências da sífilis congênita tardia resultam principalmente da inflamação 
crônica dos tecidos ósseo, sistema nervoso central e dentes. O espessamento dos ossos do crânio 
pode gerar aspecto grosseiro da fronte, chamada “fronte olímpica”. 
Se o mesmo acontecer na articulação esterno-clavicular é chamado sinal de 
Higoumenakis. O arqueamento da tíbia, na sua face anterior, com convexidade medial, é 
chamado de “tíbia em sabre”. A destruição do osso nasal e das cartilagens adjacentes é chamada 
“nariz em sela”. Ainda entre os estigmas sifilíticos relacionados aos ossos podemos citar as 
articulações de Clutton, que é o edema indolor e persistente dos joelhos pela osteocondrite 
crônica. 
Na cavidade bucal podem aparecer os incisivos centrais superiores, com aspecto de 
barril ou cravelha, que em geral aparecem aos seis anos de idade. São os dentes de Hutchinson. 
Os primeiros molares inferiores podem apresentar cúspides múltiplas e mal formadas chamadas 
“molares em amora”. Os defeitos da formação do esmalte acarretam cáries sucessivas e a 
subsequente destruição dos dentes. 
A infecção crônica do sistema nervoso central pode gerar alterações do comportamento, 
convulsões focais ou retardo mental. Muito raramente pode ocorrer cegueira e / ou surdez. 
4.4.Diagnóstico 
A investigação da ocorrência de sífilis deve incluir exames específicos e inespecíficos. 
Entre os inespecíficos devemos sempre realizar os raios-x dos ossos longos, onde o sinal de 
Wingerger (erosão dos côndilos tibiais mediais) é considerado um “sinal radiológico maior” da 
sífilis congênita que é uma ocorrência extremamente rara. Comumente encontramos periostite 
e osteocondrites principalmente nos joelhos. Os raios-x do tórax devem afastar alterações como 
a pneumonia Alba e os do crânio as periostites. 
13 
 
Exames como o ecocardiograma e a ultrassonografia do abdomem podem ser 
solicitados para investigação de aortite e hepatoesplenomegalia respectivamente. O exame 
oftalmológico (fundo de olho) deve ser efetuado em todas as crianças sintomáticas. O 
hemograma pode revelar anemia, leucocitose com linfocitose ou monocitose e a plaquetopenia. 
A bilirrubina indireta pode estar aumentada em caso de hemólise e a direta nos casos de 
hepatite, nesta última há alteração das enzimas hepáticas. Deve ainda fazer parte da 
investigação laboratorial a pesquisa das sorologias de toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus 
e herpes simples (TORCH) e da AIDS. 
O estudo do líquor é obrigatório para todos os casos onde o VDRL é positivo no sangue. 
Pode haver apenas elevação de proteínas, hiperceluraridade as custas de linfócitos, taxa de 
glicose, normal ou reduzida, devendo ser solicitado o VDRL, também no líquor. 
Os testes específicos subdividem-se em diretos, onde a pesquisa busca diretamente o 
treponema, e indiretos por meio de provas imunológicas. Entre os métodos diretos, a 
microscopia em campo escuro utiliza secreção de pênfigo palmoplantar, secreção nasal ou 
outras sendo o mais rápido e fidedigno, mas nem sempre disponível. 
A identificação do Treponema pallidum em materiais de biópsia ou necropsia, 
impregnados pela prata podem ser efetuados. Entre os métodos indiretos existem duas classes. 
Os testes reagínicos ou não treponêmicos e os testes treponêmicos, ambos realizados com IgG. 
O teste reagínico padrão é o Venereal Disease Research Laboratory (VDRL) que utiliza o 
antígeno cardiolipina-lecitina-colesterol purificado. 
Uma variante do VDRL é o RPR (Reagina plasmática rápida) que apesar de maior 
simplicidade técnica é menos utilizado. Todos os testes reagínicos positivam de 1 a 2 meses 
após a infecção e apresentam sensibilidade e especificidade em torno de 98%. Os testes 
treponêmicos são qualitativos para a detecção dos anticorpos anti-treponêmicos sendo o teste 
padrão do grupo o Fluorescent Treponemal Antibody Absorption (FTA-abs) em que se procede 
à incubação do soro contaminado com antígeno treponêmico e com antiglobulina humana 
marcada. Também se pode realizar a micro-aglutinação para o Treponema pallidum (MHATP) 
que utiliza os eritrócitos de carneiro que se aglutinam na presença do anticorpo contra o 
treponema. 
Estes testes positivam cerca de 4 a 8 semanas após o contágio e em 85% dos casos 
permanecem positivos para o resto da vida mesmo após o tratamento, não servindo para o 
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diagnóstico de infecção ativa. São em geral usados para confirmar os resultados obtidos com 
os testes reagínicos e apresentam especificidade e sensibilidade de 100%. Ainda podem ser 
pesquisados a presença de IgM sérica através do FTA-abs-IgM-19S (liga-se a fração 19S da 
IgM), o Elisa IgM e o Western-blot-IgM. 
4.5.Tratamento 
Dos lactentes que: 
Nascerem de mães com sífilis não tratada no momento do parto. 
Se houver evidência de doença ativa. 
Se houver evidencia de recidiva ou re-infecção materna. 
Se houver qualquer
sinal radiológico de sífilis. 
Se o VDRL do líquor for reator ou houver aumento da celularidade e proteínas independente 
da sorologia, em filhos de mães soropositivas. 
Um título sorológico não treponêmico pelo menos 4 vezes maior que o título materno. 
O recém-nascido que tiver anticorpos IgM antitreponêmicos por qualquer método. O 
Treponema pallidum é extremamente sensível a penicilina cristalina e não há evidências de 
resistência bacteriana crescente contra esta droga até o momento. 
As recomendações do Ministério da Saúde para tratamento da sífilis congênita no 
período neonatal atualmente são: 
Tratar os recém-nascidos de mães com sífilis não tratadas ou inadequadamente tratadas 
(terapia não penicilínica ou penicilínica incompleta, ou tratamento penicilínico dentro dos 30 
dias anteriores ao parto). Se houver alterações clínicas e / ou sorológicas e / ou radiológicas, o 
tratamento deverá ser feito com penicilina cristalina na dose de 100.000U/kg/dia, IV em duas 
ou três vezes, dependendo da idade, por sete a dez dias, ou penicilina G procaína 50.000/kg, 
IM por dez dias. 
Se houver alteração liquórica, prolongar o tratamento até 14 dias com penicilina G 
cristalina na dose de 150.000-U/kg/dia, IV em duas ou três tomadas, dependendo da idade. Se 
não existirem alterações clínicas, radiológicas, liquóricas, e a sorologia for negativa no 
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recémnascido, dever-se-á proceder ao tratamento com penicilina benzatina, IM, na dose única 
de 50000U/kg. Deve ser feito acompanhamento clínico e com VDRL (1 e 3 meses). 
Nos recém-nascidos de mães adequadamente tratadas devemos pedir VDRL de sangue 
periférico do recém-nascido, se for reagente ou na presença de alterações clínicas, realizar 
raios-x de ossos longos e punção lombar. Se houver alterações clínicas e / ou radiológicas ou o 
VDRL do recém-nascido for 4 vezes maior que o da mãe, tratar com penicilina cristalina, na 
dose de 100.000U/kg/dia, IV dependendo da idade por sete a dez dias, ou penicilina G procaína, 
50.000U/kg, IM por dez dias. 
Se houver alteração liquórica, prorrogar o tratamento até 14 dias com penicilina G 
cristalina na dose de 150.000U/kg/dia IV, em duas ou três vezes dependendo da idade. Se não 
houver alterações clínicas, radiológicas, liquóricas e a sorologia negativa no recém-nascido, 
acompanhar o paciente, mas na impossibilidade, tratar com penicilina benzatina IM, na dose 
única de 50.000U/kg. 
É importante salientar que em caso de interrupção por mais de um dia de tratamento, o 
mesmo deverá ser reiniciado. O seguimento ambulatorial deve ser mensal, realizar VDRL com 
1,3,6,12,18 e 24 meses, interrompendo quando negativa. Se até os 18 meses não estiver 
negativa ou apresentar elevação dos títulos sorológicos, devemos reinvestigar o paciente. 
As recomendações para o tratamento da sífilis congênita após o período neonatal, 
devemos fazer o exame do líquor e iniciar o tratamento com penicilina G cristalina, na dose de 
100.000 a 150.000 U/kg/dia, administrado a cada 4 ou 6 horas, durante 10 a 14 dias. 
 
16 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Os Pediatras precisam estar preparados para o diagnóstico diferencial da sífilis com 
inúmeras patologias, seja na emergência ou no ambulatório, no período neonatal ou na idade 
escolar. A história familiar e epidemiológica, a realização do acompanhamento pré-natal, a 
rotina nas maternidades e ambulatórios, podem evitar que as crianças nasçam ou tenham alta, 
contaminadas pela sífilis. O diagnóstico e o tratamento da sífilis estão disponíveis em 
praticamente todas as instituições de saúde, sendo inaceitável que uma criança chegue a idade 
escolar sendo portadora de neuro-sífilis. A enfermagem tem uma grande importância no 
contexto do tratamento da patologia, o cuidado humanizado ao RN e criança portadores é 
essencial, e este profissional possui um olhar diferenciado neste sentido, além de realizar uma 
assistência tendo como finalidade a recuperação e a atenuação das manifestações clínicas. 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
1. RIEKHER, Kétlene Fioravanti. Sífilis congênita: relato de três casos. [Acesso em: 
26/10/2020]. Disponível: www.hse.rj.saude.gov.br/profissional/revista/37/sifilis.asp 
2. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA-I: Definições e Classificação - 2018/2020. 
Acesso em: 26/10/2020. Disponível em: 
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5015948/mod_resource/content/3/Ref%2012 
.pdf 
3. Ministério da Saúde. Sífilis Congênita. Acesso em: 26/10/2020. Disponível: 
https://www.saude.go.gov.br/biblioteca/7648s%C3%ADfiliscong%C3%AAnita#:~:te
xt=A%20s%C3%ADfilis%20cong%C3%AAnita%20%C3%A9%20a,n%C3%A3o%2
0tratada%20ou%20inadequadamente%20tratada. 
 
 
http://www.hse.rj.saude.gov.br/profissional/revista/37/sifilis.asp
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