Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sífilis congênita A sífilis congênita é o resultado da disseminação hematogênica do Treponema pallidum a partir da infecção materna. Cabe lembrar que a transmissão vertical do T. pallidum ocorre principalmente intraútero, mas também é possível a contaminação do concepto durante passagem pelo canal de parto, caso existam lesões ativas. Fisiopatologia As gestantes nas fases primária e secundária da doença apresentam risco de transmissão vertical de 70 a 100% dos casos, taxa que se reduz nas fases tardias da doença. A transmissão pode ocorrer em qualquer fase da gestação, mas o risco aumenta com o avanço da idade gestacional. Mesmo se existe história de infecção anterior, devemos investigar sífilis em todas as gestações. Quadro clinico e diagnóstico Manifestações clinicas As manifestações clínicas são separadas em dois grupos: sífilis congênita precoce, que compreende as manifestações clínicas durante os dois primeiros anos de vida, e sífilis congênita tardia, que compreende os sinais e sintomas evidentes a dos dois anos de vida em diante. Sífilis precoce Maioria assintomática ao nascer. A maior parte das lesoes surge até os 3 meses de vida. As lesoes da sificlias são resultado da infecção ativa, causando inflamação. Lesoes cutaneomucosas Lesoes cutâneas maculopapulares, com coloração vermelho acobreada, tornando-se mais amarronzada com o passar do dias. mais evidentes em mãos e pés. Podem ser identificadas desde o nascimento, chamadas de pênfigo sifilítico, que acomete a regiao palmoplantar e são bolhosas. Placas musocasa e condiloma plano ao redor da cavidade oral e na regiao genital. Primeiros 2 meses de vida Alterações ectodérmicas processo esfoliativo das unhas, perda de cabelo e sobrancelhas. Rinite primeira manifestação. Acometimento do tratao respiratório superior e cursa com secreção nasal e mucosa, que pode tornar-se sanguinolenta. Todas as secreções musocasa são ricas em treponemas e são altamente infectantes Lesoes ósseas Multiplas e simétricas. Se resolvem espontaneamente sem tratamento nos primeiros 6 meses de vida. Essas alterações são encontradas apenas na sífilis congênita. · Periostite (principalmente diáfise de ossos longos) · Osteocondrite (acometimento articular) · Sinal de wimberger rarefação na margem superior da tíbia bilateralmente · Pseudoparalisia de parrot recusa da criança em momvimentar a extremidade Sistema hematopoiético · Anemia · Trombocitopenia · Leucopenia · Leucocitose A anemia hemolítica com coombs negativo é um achado típico, sendo grave nas formas mais precoces. Lesoes no sistema nervoso central Neurossifilis pode se desenvolver mesmo na ausência de outros sintomas. Pode ocorrer hidrocefalia, alterações nos pares cranianos e lesoes vasculares cerebrais Lesoes oculares Coriorretinie na fase aguda, com fundo de olho apresentando um aspecto de sal e pimenta. Outras alterações · Hepatomagalia pode ocorrer aumento das aminotransferases. Icterícia por deficiência da excreção de BD, esplenomegalia e distúrbios hemorrágicos · Baço achado bem frequente · Rim sindrome nefrotica ou sindrome nefrítica associada a deposito de complexos imunes na membrana basal do glomérulo. · Linfadenopatia linfonodos epitrocleares. · Miocardite, sindrome de má absorção, desnutrição e falta de ganho ponderal no RN Sífilis tardia Manifestações são associadas com o processo de cicatrização das lesões encontradas na sífilis precoce e com reações a um processo inflamatório persistente ainda em curso. Sequelas da periostite: fronte olímpica, espessamento da junação esternoclavicular (sinal de higoumenaki), arqueamento da porção media da tíbia) Articulação de clutton Tíbia em sabre Anormalidades dentarias: dentes de hutchinson e molares em formato de amora. Face: maxular curto, nariz em sela, com ou sem perfuração do septo nasal, rágades (por fissuras peribucais) Articulação de cluntton Ceratite intersticial Lesão no 8 par de nervo craniano, levando a surdez e vertigem. Tríade de hutchinson: ceratite, alterações dentarias e surdez. Hidrocefalia Deficiência intelectual Alterações laboratoriais Pesquisa direta de tremonema não é habitualmente realizada. · Microscopia de campo escuro · Imuno histoquímica Avaliação sorológica Demonstração de anticorpos contra treponema. · Testes treponemicos detectam anticorpos específicos contra o treponema. Sensibilidade baixa. Eficaz após 18 meses. · TOHA · FTA-ABS · ELISA · TESTE RAPIDO · Testes não treponemicos detectam anticorpos não espeficios anticardiolipina, material lipídico liberado pelas células danificadas e possivelmente contra a cardiolipina. Deve ser feito em 2 dosagens para confirmação diagnóstica. · VDRL · RPR · TRUST Outros exames · Radiografia de ossos lingos · Avaliação do liquor · Hemograma, perfil hepático e eletrólitos · Avaliação audiológica e oftalmológica Tratamentos e acompanhamento Tratamento Avaliação da adequação do tratamento da gestante. Tratamento materno pe caracterizado pelos seguintes aspectos: · Penicilina benzatina · Inicio do tratamento ate a 30 dias antes do parto · Esquema terapêutico apropriado para o estagio clinico e com intervalo entre as doeses respeitado · Avaliação de risco de reinfecção Fluxograma – whitebook (ler) Acompanhamento Todos os RNs tratados para sífilis congênita confirmada ou suspeita devem ser acompanhados, para assegurar que o tratamento foi efetivo. · Avaliações mensais até o sexto mês e bimestrais do sexto ao 18° mês. · Realizar teste não treponêmico com 1, 3, 6, 12 e 18 meses, interrompendo quando se observar resultados negativos em dois exames consecutivos · as crianças que foram adequadamente tratadas no período neonatal, deve-se monitorar diminuição na titulação do teste não treponêmico aos três meses e negativação aos seis meses de idade. · Diante das elevações de títulos sorológicos, da sua não negativação até os 18 meses, ou da sua persistência em títulos baixos, a criança deve ser reavaliada e deve considerar retratamento ou nova investigação. A qualquer momento, diante do surgimento de sinais clínicos, uma nova avaliação clínica e laboratorial deve ser considerada. · Recomenda-se o acompanhamento oftalmológico e audiológico semestral por dois anos. · Nos casos onde o liquor esteve alterado, deve-se proceder à reavaliação liquórica a cada seis meses, até a normalização do mesmo. Caso as alterações persistam, indica-se reavaliação clínica a laboratorial e retratamento. · Nos casos de crianças tratadas inadequadamente, na dose e/ou tempo preconizados, deve-se convocar a criança para reavaliação clínica e laboratorial. Havendo alterações, recomenda-se reiniciar o tratamento da criança conforme o caso, obedecendo aos planos já descritos. Aula do medcurso Agente: treponema pallidum. A sífilis pode ser transmitida em qualquer estagio da doença materna, sendo mais comum a transmissão na sífilis primaria e secundaria. Clinica Sífilis precoce (< 2 anos) · PIG · Hepatomegalia · Rinite pois o treponema infecta mucosa nasal, causando lesão e destruição tecidual. Serossanguinolenta só teremos na sífilis congênita · Lesoes cutâneas e mucosas (placas mucusas, condiloma plano, pênfigo palmo-plantar – vesicobolhosas, que se rompem e deixam a área da pele desnuda). CUIDADO: as lesoes de pênfigo são ricas em treponema, por isso a importância de se examinar a criança com luvas. · Lesoes ósseas (periostite – inflamação do perióstio, vemos duas linhas chamadas de duplo contorno; osteocondrite – lesão na metáfise dos ossos longos), as lesoes da osteocondirte causam muita dor, principalmente à movimentação, por isso a diminuição da mobilidade é chamada de pseudoparalisia de parrot, o neném não movimenta os bracinhos e nem as perninhas. Em resumo: ou damos a clinica ou falamos que a mãe já tece sífilis Avaliação do RN · VDRL (teste não treponemico) – detectam anticorpos que não são específicos para sífilis mas que podem estar aumentados. no RN só fazemos VDRL do sangue periférico. Em alguns casos devemos complementar a avaliaçãoocom outros exames, dentre eles: · Hemograma pois na sífilis podemos ter varias alterações hematológicas. · Analise do LCR pois a criança pode desenvolver neurosífilis, nos baseando em 3 parametros: VDRL, celularidade > 25 ou proteinorrafia > 150 = qualquer um dos três a critérios. Exclusivo para crianças nos primeiros 28 dias de vida. · Rx de ossos longos identifiaca os problemas nos osos Outros exames recomendados pelo MS: avaliação hepática, eletrólitos. Etc. Tratamento (importante) 1° passo: avaliar o tratamento materno. · Não foi tratada · Tratou de forma errada · Tratou de forma correta O que é um tratamento materno adequado? · Deve ser feito com a penicilina benzatina (trata a mulher e o feto) · O tratamento deve ser adequado para a fase da doença (doses e intervalo). Sempre que for uma sífilis de duração ignorada, sempre faremos 3 doses de 2400000 UI. · Deve ser iniciado até 30 dias antes do parto. · Deve ser avaliado o risco de reinfecção, como parceiros e etc. · Queda de VDRL (os títulos devem ter diminuído com o tempo) A maioria das questões trarão para gente um quadro de uma gestante que não foi tratada ou foi inadequadamente tratada. Essa criança é um caso de sífilis congênita, independente de ter sintomas ou não. Devemos notificar essa criança. Realizar todos os exames no RN e tratar TODOS OS CASOS. Não existe a possibilidade de um RN de mãe não tratada ou inadequadamente tratada ficar sem tratamento. Liquor alterado (VDRL reagente, celularidade > 25 ou proteina > 150) · Penicilina cristalina IV por 10 dias única que garante nivel tremonemicida no SNC Qualquer alteração com liquor normal · Penicilina cristaina OU penicilina procaína IM por 10 dias. o MS orienta que seja feita a procaína como primeira opção. Assintomáticos com exames normais (VDRL negativo). · Penicilina benzatina em dose única. Tratamento de um RN de mae que foi adequadamente tratada: VDRL SEMPRE!! · VDRL RN tem que ser maior do que o materno em 2 diluições. (de 1:2 para 1:8 por exemplo). achamos que essa criança esta infectada, portando submetos a criança à todos os outros exames, sendo tratada por 10 dias com penicilina procaína ou cristalina a depender do resultado do liquor. · VDRL do RN não maior do que o materno em 2 diluições · Exame físico normal: acompanhamento · Exame físico com alterações: talvez tenha sífilis, nesse caso o que define é o resultado do VRDL. · VDRL reagente: sífilis (exames e tratamento) · VDRL não reagente: avaliar outras infecções congênitas.
Compartilhar