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Neurobiologia das psicoses e antipsicóticos: Introdução: A psicofarmacologia apresenta antipsicóticos típicos (p/ sintomas positivos) e atípicos (p/ sintomas positivos e negativos), sendo as suas aplicabilidades diferentes. A esquizofrenia e outros transtornos psicóticos tem sua patologia associada às disfunções das vias dopaminérgicas (há modulação farmacológica) e vias glutamatérgicas (não há fármacos). 1. Vias dopaminérgicas (Teoria de base): Via nigroestriatal: Substância negra emite projeções para o CPu (estriado dorsal). Via mesolímbica: ATV emite projeções para o sistema límbico no núcleo accumbens. Via mesocortical: tegmento mesencefálico se direciona para o CPF porção dorsolateral e ventromedial Via tuberoinfundibular: projeções do hipotálamo para a neurohipófise. 1.1) Esquizofrenia: Vias nigroestriatal e tuberoinfundibular normais. Via mesolímbica - hiperatividade (sintomas positivos) Via mesocortical para o DLCPF - hipoatividade (sintomas negativos e sintomas cognitivos) Via mesocortical para o VMCPF- hipoatividade (sintomas negativos e afetivos). Sintomas positivos: alto tônus dopaminérgico no sistema límbico e amplificação da função sensório motora. Sintomas negativos: baixo tônus dopaminérgico na via mesocortical e perda da função cognitiva e afetiva. 2. Vias glutamatérgica essenciais: difícil entendimento a) Circuito córtico-mesencefálico: normal da via mesocortical e freio na via mesolímbica. · Porção ventromedial do CPF libera Glu para a ATV, que libera Dopamina para o CPF. · Porção ventromedial do CPF libera Glu para excitar o interneurônios inibitórios (GABA) para inibir a ATV, causando uma baixa de Dopamina no NAc. A baixa de Dopamina deixa de interagir com o receptor D2 no NAc, havendo a excitação das suas projeções gabaérgicas para a inibição do tálamo. b) Circuito córtico-estriado-tálamo-cortical: · Estímulos internos e externos glutamatérgicos se direcionam para o tálamo que emite projeções Glu para o Córtex sensório motor e CPF. · CPF libera Glu para excitar o CPU (estriado dorsal) que emite projeções gabaérgicas para inibir o tálamo. c) Circuito córtico-cortical: · Projeções glutamatérgicas do próprio córtex excitam o CPF. 2.1) Sintomas positivos da Esquizofrenia O córtex sensório motor e CPF em hiperatividade causam sintomas positivos e tem alterações funcionais que com toxicidade levam a alterações estruturais. a) Circuito córtico-mesencefálico: disfunção seja no soma ou degeneração axonal ou do terminal axonal dos neurônios Glu do CPF. Isso traz como consequência as seguintes alterações neuroquímicas: · Hipoatividade da via mesocortical com diminuição da liberação de Dopamina pela ATV para os receptores D1 no CPF. · Hiperatividade da via mesolímbico com a inibição do interneurônios inibitórios a ATV deixa de estar inibida para liberar Dopamina aos receptores D2 do NAc, não havendo excitação das projeções Gabaérgicas para o tálamo. b) Circuito córtico-estriado-tálamo-cortical: disfunção da alça do CPF com o CPu, o que leva a não despolarização das suas projeções gabaérgicas para o tálamo (perda do filtro talâmico). c) Circuito córtico-cortical: disfunção causa comprometimento da via córtico-mesencefálica e da via córtico-estriado-tálamo-cortical. 3. Psicopatologia da esquizofrenia: A esquizofrenia pode ser classificada de acordo com os seguintes critérios: · Psicopatologia neurodegenerativa. · Psicopatologia genética e do neurodesenvolvimento. Resumo: Genética + neurodesenvolvimento + ambiente = esquizofrenia. Esquizofrenia + neurodegeneração = progressão e prognóstico 3.1) Psicopatologia neurodegenerativa: A evolução da esquizofrenia (+ 10 anos) causa uma neurodegeneração do córtex sensório-motor e do CPF e alargamento 3º ventrículo. Redução dos sintomas positivos, uma vez que ocorre perda do substrato neuroanatômico envolvido com esses sintomas. 3.2) Psicopatologia genética e do neurodesenvolvimento: Um gene anômalo pode ter as seguintes consequências: · Disfunção na neurogênese devido a alteração da diferenciação, seleção e sinaptogênese. · Biodisponibilidade monoaminérgica. · Vias de transdução. · Plasticidade neural. · Síntese e transporte interno de proteínas estruturais. Genética: neuregulina, MAO-A, disbindina, COMT, D2R, DISC1, GAD67, neurregulina. Epigenética: múltiplos eventos - maus tratos na infância, vírus, toxinas, maconha, traumas. 4. Antipsicóticos: · Típicos: antagonista D2 com Kd lenta. · Atípicos: antagonista D2 com Kd rápida e antagonista 5HT2A. 4.1) Sintomas positivos: Hiperativação mesolímbica: aumento do tônus dopaminérgico com os receptores D2 no NAc. Ação dos antipsicóticos: Alvo farmacológico: bloqueiam os receptores D2 no NAc. · Típico: bloqueio do receptor D2 com Kd lenta abaixa o tônus de interação para a anedonia (abaixo do tônus fisiológico). · Atípico: bloqueio do receptor D2 com Kd rápida abaixa o tônus de interação para o tônus fisiológico. Ambas as classes são efetivos para retirar o indivíduo do quadro de psicose. 4.2) Sintomas negativos: Hipoativação mesocortical: baixa do tônus dopaminérgico com os receptores D1 no CPF. Alvo farmacológico: bloqueio do receptor 5HT2A do interneurônio inibitório do terminal axônico. · Típico: sem efeito. · Atípico: bloqueio do receptor 5HT2A para inibição do interneurônio inibitório, resultando na excitação do neurônio dopaminérgico na via mesocortical. Obs: os antipsicóticos atípicos atuam sobre os sintomas negativos da esquizofrenia desde que não haja um processo de degeneração importante sobre o substrato neuroanatômico. 4.3) Efeitos adversos do bloqueio do receptor D2: Os efeitos adversos do bloqueio do receptor D2 estão nas vias nigroestriatais e tuberoinfundibular. · Via nigroestriatal: síndrome extrapiramidal e discinesia tardia. · Via tuberoinfundibular: aumento de prolactina (ginecomastia e galactorréia). Retirada do medicamento: cessa os sintomas, exceto discinesia tardia Antipsicótico típico >>>>> antipsicótico atípico. Típicos Atípicos Sintomas positivos Efetivos Efetivos Sintomas negativos Não efetivos Efetivos Anedonia +++++ + Síndrome extrapiramidal +++++ +++ Aumento de prolactina +++++ + 4.4) Efeitos adversos dos Atípicos: Os efeitos adversos dos antipsicóticos atípicos são os principais motivos de não usá-los exclusivamente: · Efeitos metabólicos: dislipidemia e intolerância insulínica (indução de síndrome metabólica) em virtude bloqueio de receptores muscarínicos e 5HT2c. · Efeito sedativo (5HT2A): antagonismo de receptores muscarínicos, bloqueio de 5HT2a e alfa-adrenérgicos. INA ONA 5HT2A/D2 +++ + Antihistamínico +++ + Antimuscarínico +++ + Antagonista alfa +++ + Sedação +++ + Síndrome metabólica +++ + Síndrome extrapiramidal + ++++ 4.5) Síndrome extrapiramidal: Um dos efeitos adversos do uso de antipsicóticos é a síndrome extrapiramidal induzida por antipsicóticos (típicos e atípicos) devido ao bloqueio dos dos receptores D2 na via nigroestriatal. a) Assintomático: bloqueio D2 não foi suficiente para promover um desequilíbrio entre dopamina Acetilcolina no CPu (via nigroestriatal). b) Sintomático: bloqueio D2 foi o suficiente para promover um desequilíbrio entre dopamina e a Acetilcolina no CPu (via nigroestriatal). c) Associação: Haloperidol → bloqueio do receptor D2 no CPu (via nigroestriatal),reduzindo o tônus dopaminérgico. Cloridrato de Biperideno → ação antimuscarínica, reduzindo o tônus colinérgico. 5. Pronto atendimento: Indivíduo chega ao pronto atendimento em quadro de psicose e o serviço procede com a aplicação de Haloperidol (IM) e fenergan (cloridrato de prometazina), anti-histamínico com efeito sedativo. O haloperidol pode causar diminuição do limiar convulsivo, fazendo o indivíduo convulsionar, sendo necessário associar benzodiazepínicos. 6. Reflexão Por que os psiquiatras não utilizam antidepressivos para a promoção de resiliência celular junto de antipsicóticos típicos ?