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TUTO4 | CASO 06 Maria Eduarda Rocha Guedes introdução a neonatologia Prof. Diana Jussara do Nascimento Ciclo menstrual DESENVOLVIMENTO PULMONAR Ovário O ovário é formado por duas partes: córtex e medula. O córtex é a região mais externa, onde ocorre toda a maturação dos folículos ao longo do ciclo celular, enquanto a medula é a região central, responsável pela irrigação e nutrição da estrutura. Como ocorre o ciclo? Por ser um ciclo, não existe um marco inicial, mas vamos tomar como base o primeiro dia da menstruação. Com base nisso, podemos dividir o ciclo menstrual em duas fases: folicular (1-14 dias aprx) e luteinizante (14-28 dias). Fase folicular Na primeira fase do ciclo menstrual, o hormônio hipofisário predominante é o FSH. O GnRH é um hormônio pulsátil que causa estímulos diferentes a partir de frequências diferentes (LH = alta; FSH = baixa). Na baixa frequência, que é a inicial, o GnRH estimula a produção de FSH pela adenohipófise. Esse hormônio atua no processo de maturação dos folículos ovarianos (folículos de Graaf). Os folículos ovarianos são estruturas formadas pelos ovócitos e células foliculares que circundam esse ovócito, sendo toda a estrutura delimitada por uma membrana basal. Os folículos se encontram em diferentes estágios dentro do ovário: > Folículo primordial quiescente: é o folículo inicial, o qual possui ajuda mútua entre ovócito e células foliculares para nutrição. > Folículo pré-antral: ocorre a proliferação das células foliculares, formando uma camada mais espessa, mas ainda há uma dependência mútua para nutrição. > Folículo antral: ocorre o espessamento da camada de células foliculares e a formação do antro (líquido), o qual divide a camada de células foliculares em duas: células granulosas do Cumulum (ficam próximas ao ovócito, sendo liberadas na ovulação) e células granulosas murais (ficam nas extremidades distais, junto à membrana basal). O folículo antral é rodeado por células da Teca, que possuem receptores de LH e auxiliam na formação de estrogênio (atua na reconstrução do endométrio descamado). 4 TUTO4 | CASO 06 Maria Eduarda Rocha Guedes > Folículo dominante: o aumento progressivo dos níveis de FSH causam o aumento da formação de estrogênio e inibina A, resultando em um feedback negativo para diminuição da produção de FSH. Com a baixa de FSH, somente o folículo que possui mais receptores de FSH será capaz de se desenvolver (folículo dominante), pois conseguirá absorver mais FSH e produzir mais estrogênio, tornando todos os outros folículos disfuncionais (atrésicos). > Folículo dominante no período periovulatório: o pico de estrogênio está associado ao pico de LH, pois níveis altos constantes de estrogênio estimulam a liberação de LH pela adenohipófise. Esse pico de LH na formação do ovócito II e síntese de citocinas ovulatórias que causam pressão na parede do ovário e a formação de estigma (“caroço” na borda do ovário que inflama até romper). Com a ruptura, ocorre a liberação do Cumulus-ovócito para a tuba uterina (=ovulação). Durante a ovulação, o LH inibe a expressão da aromatase, o que causa uma diminuição de estrogênio, mas aumenta os receptores de colesterol nas células granulosas murais com o objetivo de sintetizar estrogênio e progesterona. Fase lútea > Corpo lúteo: consiste nas células granulosas murais remanescentes do folículo ovariano, que se reorganizam formando o corpo lúteo. Essas células granulosas aumentam de tamanho e aumentam a captação lipídica (=aumento da síntese de colesterol) através da influência do LH. Com isso, o corpo lúteo é responsável pela síntese de estrogênio, progesterona (em grande quantidade, pois é responsável pela preparação do útero para a gestação) e inibina A. > Folículo atrésico: caso não haja a fecundação, os níveis de hCG se mantêm baixos e, consequentemente, ocorre a atresia do corpo lúteo, que culmina na diminuição de estrogênio, progesterona e inibina A, iniciando a descamação do endométrio (=menstruação). Essa diminuição dos hormônios ovarianos estimula o GnRH e reinicia o ciclo menstrual. Causas da irregularidade (complementar) A irregularidade menstrual é considerada normal no primeiro ano após a menarca devido à imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise-gonadotrofinas. Após isso, deve-se considerar irregularidade menstrual em períodos acima de 90 dias sem menstruação ou menos de 8 ciclos por ano. > Mudança de ACO ou utilização incorreta > Alteração hormonal: SOP, hipotireoidismo, hiperprolactinemia > Transtornos alimentares: anorexia, grande perda de peso > Exercício físico intenso > Doenças ginecológicas: endometriose, mioma uterino, tumores e Síndrome de Asherman > Estresse: aumento da produção de adrenalina e cortisol > Gravidez e amamentação: aumento da produção de prolactina epidemiologia A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é a endocrinopatia mais comum em mulheres na idade reprodutiva, afetando igualmente todas as raças e nacionalidades. Sua definição não é consensual, mas, 2 . TUTO4 | CASO 06 Maria Eduarda Rocha Guedes segundo Rotterdam (2012 rev), a SOP é caracterizada por oligo-ovulação ou anovulação crônica, hiperandrogenismo (clínico ou laboratorial) e múltiplos pequenos cistos ovarianos (deve apresentar pelo menos dois dos 3 critérios, sendo o hiperandrogenismo obrigatório). hipertecose ovariana e síndrome de hairan A hipertecose ovariana (HO) é considerada uma forma mais grave de SOP e consiste em uma condição rara caracterizada pela formação de ninhos de células tecais luteinizadas distribuídas pelo estroma ovariano. Diferente da SOP, as mulheres com HO apresentam hiperandrogenismo grave com sinais evidentes de virilização, como clitoromegalia, engrossamento da voz e calvície temporal. O grau de resistência insulínica também é maior. Assim como a HO, a síndrome de HAIRAN é uma condição rara caracterizada por hiperandrogenismo acentuado, resistência insulínica grave e acantose nigricans. As duas condições clínicas são consideradas “formas” exacerbadas da SOP, sendo o tratamento idêntico ao da SOP. etiologia e fisiopatologia Não possui causa conhecida, mas suspeita-se que sua causa deva consistir em alguns fatores de origem genética desencadeados por fatores ambientais. Os genes mais frequentemente associados com a SOP são os que têm relação com a biossíntese, regulação e ação de androgênios e genes envolvidos na RI. A RI e a hiperinsulinemia compensatória ficam entre os elementos mais importantes na etiopatogenia da SOP, fazendo com que a SOP seja vista como uma doença de caráter metabólico com enormes consequências em longo prazo. Dos fatores ambientais, podemos mencionar o estilo de vida, sendo a obesidade tantas vezes um desencadeador como até mesmo um complicador da SOP. fatores genéticos Supõe-se que alguns genes estão relacionados com o desenvolvimento da doença, sendo divididos em quatro tipos: > Genes relacionados com a RI > Genes que interferem na biossíntese e ação dos androgênios > Genes que codificam citocinas inflamatórias > Outros Destes, destacam-se os dois primeiros, como os genes CYP11a (associado à cascata da síntese de androstenediona pelo colesterol), Calpain 10, IRS-1 e IRS-2, SHBG e TCFL12. Dentre esses, a desregulação da CYP11a é considerado um dos principais mecanismos patogênicos subjacentes ao hiperandrogenismo na SOP. disfunções hormonais Existem duas teorias relacionadas a disfunções hormonais no mecanismo fisiopatológico da SOP: hipersecreção de LH e resistência insulínica e hiperinsulinemia compensatória. Hipersecreção de LH A principal seria a interferência na pulsatividade do LH (característico da SOP), apresentando hipersecreção de LH em detrimento ao FSH. Esse desbalanço resulta no aumento da formação de androgênios nas células da Teca e, consequentemente, no hiperandrogenismo e defeitos de maturação folicular (microcistos = folículos começam a se desenvolver e param, semovular e sem atresia, formando vários microcistos produtores de estrogênio e androgênio). O aumento de androgênios na circulação chega ao tecido adiposo, sendo convertido em estrona (E1 = um dos tipos de estrogênio, formado principalmente no tecido adiposo, sendo considerado um tipo fraco). A formação da estrona pelo tecido adiposo interfere no retrocontrole pela adenohipófise, porque, ao invés de considerar predominantemente os níveis de estrogênio produzidos pelo ovário, são considerados, também, os níveis de estrona, alterando a pulsatilidade do GnRH. Isso resulta em anovulação e, consequentemente, infertilidade e distúrbio menstrual. Pacientes com SOP apresentam, também, tônus diminuído de secreção de opióides e dopamina, que também influenciam na pulsatilidade do GnRH. 3 . TUTO4 | CASO 06 Maria Eduarda Rocha Guedes Além disso, o hiperandrogenismo também interfere na SHBG (globulina ligadora de hormônios sexuais) hepática, que é a proteína carreadora dos androgênios. Logo, a diminuição da SHBG resulta no aumento de androgênios livres de forma ativa, que se manifesta clinicamente como acne e hirsutismo. Esse se apresenta como o quadro clínico clássico da doença, que consiste basicamente na hipersecreção de LH. O que varia é a causa da hipersecreção de LH, que pode ser uma condição genética ou uma outra patologia que causa o hiperandrogenismo (tumor ovariano, hiperplasia adrenal congênita) e culmina na hipersecreção de LH. Resistência à insulina e hiperinsulinemia Cerca de 50% das mulheres com SOP apresentam resistência insulínica, sendo as anormalidades do metabolismo insulínico associados a defeitos dos receptores de insulina no tecido adiposo e muscular, bloqueando a via metabólica da insulina e provocando RI e hiperinsulinemia compensatória. A anormalidade dos receptores insulínicos (IR) causam aumento da fosforilação da serina e diminuição da fosforilação de tirosina, pois as serinas são fosforiladas no IR-beta, inativando a fosforilação de tirosina devido a inativação do IRS-1 e IRS-2 e, consequentemente, impedindo a ação metabólica realizada pela insulina no citoplasma das células. Essa anormalidade dos IR são uma característica genética. A hiperinsulinemia compensatória tem efeito direto nos receptores das células da Teca, funcionando de maneira sinérgica com os receptores de LH. O androgênio é sintetizado a partir do colesterol nas células da Teca e, com a insulina presente, enzimas reguladoras da esteroidogênese ovariana (3-beta-hidroxiesteróide desidrogenase, CYP17 e proteína StAR) são diretamente estimuladas a sintetizar esteróides sexuais, principalmente a produção de androgênios. A hiperinsulinemia também pode influenciar na produção de SHBG, aumentando o androgênio livre. A resistência à insulina está associada a vários distúrbios, incluindo DM tipo 2, HAS, dislipidemia, obesidade, SM e doenças cardiovasculares. Logo, a SOP não causa consequências apenas a curto prazo (menstruação irregular e hirsutismo), mas também sequelas a longo prazo. > Obesidade: o agravamento da RI com a obesidade é explicado pelo fato do tecido adiposo ser considerado um órgão endócrino, capaz de produzir diversas substâncias que interferem com o metabolismo dos carboidratos e lipídios, como a resistina (antagonizando a ação da insulina), TNF-alfa (inibe a fosforilação do RI, diminuindo a sensibilidade à insulina no fígado, tecido adiposo e músulos) e IL-6 (aumenta a síntese hepática de triglicerídeos a ácidos graxos livres, agravando a RI). Pacientes obesas possuem piora dos quadros de hiperandrogenismo e, em alguns casos, a perda de peso pode reverter o quadro de anovulação. > HAS: pode ser atribuída a hiperinsulinemia devido ao aumento da volemia, redução da excreção renal de água e sódio, menor vasodilatação consequente da depleção de óxido nítrico e disfunções associadas à alteração do SRAA. Logo, pacientes com SOP apresentam maior predisposição à doença cardiovascular. O teste padrão-ouro para o diagnóstico de RI é o clamp euglicêmico e hiperinsulinêmico. Contudo, esse teste é de difícil acesso, sendo utilizados meios mais simples para medir a sensibilidade insulínica, como TOTG, glicemia em jejum, glicemia aleatória e o HOMA. 4 . TUTO4 | CASO 06 Maria Eduarda Rocha Guedes manifestações clínicas A forma clássica das manifestações clínicas da SOP, descrita por Stein e Leventhal, consiste na presença de amenorréia, hirsutismo e aumento bilateral dos ovários. Apenas ⅓ das pacientes apresentam essa forma clássica da doença. Existe, ainda, uma heterogeneidade nos achados clínicos, assim como pode haver variação na mesma paciente ao longo do tempo. > Aumento de peso/obesidade > Acantose nigricans: diretamente relacionado à RI. > Sinais de virilização: clitoromegalia e alopecia hiperandrogênica (= patogênese hirsutismo), acontece apenas em casos mais graves. > Oleosidade da pele e acne: a patogênese da acne vulgar envolve o bloqueio da abertura folicular por hiperceratose, produção excessiva de sebo, proliferação de Propionibacterium acnes comensal e inflamação. A testosterona é convertida no interior das glândulas sebáceas a seu metabolismo mais ativo (DHT) pela 5a-redutase (isoenzima 1), assim como nos folículos pilosos. Logo, o hiperandrogenismo estimula os receptores androgênicos na unidade pilossebácea, resultando no aumento da produção de sebo, que causa inflamação e a formação da acne. > Hirsutismo: consiste no aparecimento de pelos escuros e ásperos em locais comuns do sexo masculino. Esse aumento está diretamente associado ao hiperandrogenismo, visto que a testosterona é convertida em di-hidrotestosterona (DHT) pela enzima 5a-redutase dentro do folículo piloso, sendo apenas os pelos das áreas mais sensíveis a androgênios alterados dessa forma em pelos terminais (= lábio superior, queixo, costelas, tóraz e abdome). O grau do hirsutismo pode ser classificado pelo índice de Ferriman-Galleway modificado (considerada uma classificação subjetiva visto que é avaliador-dependente), sendo essa avaliação útil no acompanhamento do tratamento. Uma recomendação é sempre olhar o antebraço da paciente para saber o quão rigoroso você deve ser na classificação (mulheres com lanugo maior no antebraço provavelmente apresentam características semelhantes em outras regiões do corpo). O hirsutismo é considerado presente quando o score ≥ 8. > Disfunções no ciclo menstrual: pacientes podem apresentar amenorréia (ausência de menstruação ≥ 3 meses) ou oligomenorréia (< 8 ciclos por ano), resultando de anovulação. A amenorréia pode ser causada devido ao hiperandrogenismo, que pode neutralizar o estrogênio e produzir endométrio atrófico. > Apneia obstrutiva do sono > Aborto > Neoplasia endometrial > Depressão > HAS diagnóstico O diagnóstico de SOP é eminentemente de exclusão e se baseia em pelo menos dois dos três critérios: > Oligo-ovulação ou anovulação crônica: > Hiperandrogenismo clínico ou laboratorial: clínico pode se revelar através do hirsutismo e virilismo, enquanto o bioquímico se dá através das dosagens de testosterona livre, androstenediona e DHEAS. > Múltiplos pequenos cistos ovarianos: USG endovaginal ou transabdominal. Recomenda-se a utilização da USG endovaginal, mas, caso seja utilizada a transabdominal, utilizar o critério de volume para análise. O exame deve ser realizado entre o terceiro e quinto dia do ciclo menstrual. É considerado “positivo” 5 . TUTO4 | CASO 06 Maria Eduarda Rocha Guedes quando houver presença de +20 folículos entre 2-9mm de diâmetro ou volume superior a 10cm 3 (na presença de corpo lúteo ou folículo ≥ 10mm, repetir o exame próximo ao ciclo), sendo apenas um ovário suficiente para diagnosticar. Além disso, devem ser descartadas outras causas de hiperandrogenismo através de exames laboratoriais. > Hiperprolactinemia: dosagem de prolactina (se alterada, repetir). > Disfunções tireoidianas: dosagem de TSH e T4livre (se alterada, repetir). > Tumor ovariano produtor de androgênio: dosagem de testosterona total ou livre. > Tumor adrenal: dosagem de DHEA-S. > Hiperplasia adrenal congênita (HAC): dosagem de 170HP em fase folicular do ciclo menstrual (se alterada, realizar teste de cortrosina). Os critérios de Rotterdam possibilitam quatro fenótipos de mulheres com SOP, sendo os mais comuns A e B (80%): > A: clássico/completo, com os três critérios presentes. > B: anovulação com hiperandrogenismo. > C: hiperandrogenismo com ovários policísticos, mas a paciente possui ciclo regular (ovulatório). > D: não há hiperandrogenismo. tratamento não medicamentoso A modificação do estilo de vida é essencial no tratamento de SOP, sendo recomendada: > Cessação do tabagismo e uso abusivo de álcool > Prática de atividade física regular > Alimentação saudável > Perda de peso (obesas): melhora os índices de ovulação, contribuindo para redução da infertilidade, além de se relacionar com a redução de abortos e doenças gestacionais (anomalias congênitas, DMG, pré-eclâmpsia, macrossomia, restrição do crescimento intrauterino). É recomendada a perda de 5-10% do peso para que o efeito comece a ser benéfico. A perda de peso é essencial, pois a metformina (principal medicamento utilizado no tratamento da SOP) é mais eficaz quando ajustada a uma intervenção no estilo de vida. Em alguns casos, são recomendados, ainda, tratamentos cosméticos para a remoção dos pelos (depilação a cera ou laser). medicamentoso O tratamento deve ser contínuo e os benefícios esperados incluem regularização dos ciclos menstruais (nos primeiros meses de tratamento), diminuição da quantidade, textura e distribuição dos pelos, melhora ou resolução da acne e outras manifestações androgênicas, redução de peso e melhora das alterações metabólicas relacionadas à RI. Indutores de ovulação, antiandrógenos e ACOs Pacientes com SOP com história de infertilidade por anovulação crônica podem utilizar dois medicamentos diferentes a depender do desejo. > Desejam engravidar: necessitam de drogas indutoras de ovulação, sendo a mais indicada o citrato de clomifeno (CC). Essa droga age como antagonista dos receptores de estrogênio, causando feedback negativo na via de sinalização de estrogênio e aumento do FSH, induzindo a maturação folicular. > Não desejam engravidar: utilização de ACOs, que reduzirá o hiperandrogenismo pela regulação da secreção de LH. Além disso, os ACOs aumentam a produção hepática de SHBG, o que diminui a circulação de androgênio livre. Drogas insulino-sensibilizadoras 6 . TUTO4 | CASO 06 Maria Eduarda Rocha Guedes As drogas insulino-sensibilizadoras são utilizadas para reduzir os níveis de hiperinsulinemia, seu impacto desfavorável na função ovariana e a prevenção das consequências cardiovasculares. Estão substituindo, atualmente, o uso de ACOs, pois estes podem piorar a RI, induzir à intolerância à glicose aumentando o risco de desenvolvimento de DM2, aumentar os níveis de triglicerídeos e o risco vascular. A metformina (MTF) é a droga mais utilizada para tratar mulheres com RI e SOP, pois evita a excessiva ação insulínica nas células da Teca e pode, ainda, restaurar os ciclos ovulatórios, além de resultar em diminuição do índice de massa corporal e redução dos androgênios circulantes.. A MTF pertence ao grupo das biguanidas, sendo inicialmente descrita para DM2. Tem como principal ação metabólica os glicoreguladores sobre o fígado, mas atua em uma variedade de tecidos, incluindo o ovário e tecido adiposo. A importância da MTF no tratamento da infertilidade em mulher com SOP pode ser compreendida pela sua ação na esteroidogênese no ovário. Mulheres com SOP apresentam atividade aumentada de CYP17, que participa da cascata de androstenediona pelo colesterol. O MTF atua no ovário diminuindo os níveis excessivos de insulina, resultando na eliminação do CYP17 das células da Teca. Essa diminuição de insulina causa, ainda, o bloqueio dos receptores de LH, diminuindo a síntese de androgênios e restabelecendo a ovulação. O MTF também é capaz de promover melhora na sensibilidade insulínica, sendo todo esse conjunto a provável relação com a diminuição do risco cardiovascular. Logo, a MTF é uma opção terapêutica não somente para a RI, mas para os outros aspectos da SOP, incluindo anomalias reprodutivas. Cirurgia bariátrica Pacientes com SOP que apresentam dificuldade de perda de peso, principalmente com obesidade grave, podem utilizar a cirurgia bariátrica como opção de tratamento. comorbidades associadas 1. DM? HAS? SM? Obesidade? 2. Existe alguma outra comorbidade associada? 7 .
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