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Kamilla Galiza / 6º P Conceitos importantes Hipomenorreia Redução da duração (Menor que dois dias) Hipermenorreia Aumento da duração (maior que oito dias) Polimenorreia Intervalo muito reduzido (menor que 15 dias) Proiomenorreia Intervalos diminuídos (de 15 a 25 dias) Opsomenorreia Intervalos aumentados (de 35 a 45 dias) Espaniomenorreia Intervalos muito aumentados (45 a 90 dias) Oligomenorreia Diminuição da quantidade (volume) menstrual Menorragia Aumento da quantidade (volume) menstrual Hipermenorragia Aumento da duração e da quantidade menstrual Metrorragia Sangramento fora do ciclo mentrual Menostase Suspensão brusca do ciclo (mais raro) Introdução A ocorrência regular de ciclos menstruais é resultado do funcionamento adequado do eixo hipotálamo-hipófise- ovário e sua integração com o útero. Deste modo, a ausência anormal da menstruação, denominada de amenorreia, é um sintoma que quando identificado em mulheres na menacme, sem uso de medicamento e na ausência de gestação e lactação, é indicativo de alguma disfunção hormonal. O tratamento só será adequado se o diagnóstico etiológico estiver correto. As amenorreias podem ser classificadas em primária ou secundária. A inexistência da menarca, isto é, a ausência da primeira menstruação espontânea, caracteriza a amenorreia primária, que deve ser investigada quando a menarca não ocorrer, de acordo com os critérios a seguir: • até os 13 anos de idade e sendo observada completa ausência de caracteres sexuais secundários; • até os 15 anos de idade em meninas com caracteres sexuais secundários presentes; • até três anos após o início do desenvolvimento das mamas, se isto se deu antes dos 10 anos de idade. • A ausência de menstruação após a existência de ciclos menstruais é denominada amenorreia secundária e deve ser investigada quando a menstruação não ocorre por três meses ou três ciclos menstruais consecutivos. Algumas situações devem ser particularizada: • Presença de características sexuais secundárias antes dos 16 anos e ausência de menstruação, porém com dor pélvica cíclica: iniciar investigação pelo risco de criptomenorreia, situação na qual as menstruações ocorrem, porém não se exteriorizam por obstrução canalicular causada por agenesia de porção mulleriana da vagina ou defeito do seio urogenital, como hímen imperfurado, por exemplo; • Presença de alteração dos órgãos genitais ou de estigmas somáticos sugestivos de alterações genéticas (ex.: síndrome de Turner): iniciar a investigação independentemente da idade. Tipos Primárias (congênitas) • Não há sangramento menstrual prévio à ausência de menarca; • Ausência de menstruação em meninas maiores de 13 anos SEM caracteres sexuais secundários; • Ausência de menstruação em meninas maiores de 15 anos COM caracteres sexuais secundários; Secundárias (adquiridas) • Ausência de sangramento menstrual em mulheres que já tiveram a sua menarca; • Ausência de menstruação em mulheres que já apresentaram menarca; • Tempo: 6 meses ou 3 ciclos menstruais consecutivos – se regulares; Nota Lembrar que a principal causa de amenorreia secundária é a gravidez, sendo que durante a lactação e após a menopausa, a amenorreia também é normal (amenorreias fisiológicas. Amenorreia e Ciclo menstrual Kamilla Galiza / 6º P Diagnóstico Anamnese • Idade da paciente; • Data da ultima menstruação, atividade sexual; • Se faz o uso de métodos contraceptivos; • História menstrual, caracterização dos ciclos; • Gestação, parto, amamentação; • Dieta; • Atividade física; • Estresse, saúde psicológica; • Cirurgias; • Radio/quimioterapia; • Medicações à principalmente as psicotrópicas, que afetam a prolactina à hiperprolactinemia; • Galactorréia; • Hiperandrogenismo → aumento de pelos, acne, alopecia; • Hipoestrogenismo → secura vaginal, fogachos; • Presença de caracteres sexuais secundários; Exame físico Quanto ao exame físico, os seguintes parâmetros merecem destaque: • Altura, peso, índice de massa corporal: na síndrome de Turner ou na síndrome de insensibilidade androgênica completa, estatura baixa ou alta, respectivamente, pode fazer parte das características sugestivas da doença. Obesidade e desnutrição ou perda rápida de peso podem estar associadas a alterações do padrão menstrual. • O estágio de desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários (estágios de Tanner) indica o nível de atividade estrogênica. • Presença de estigmas somáticos, como pescoço alado, baixa estatura, palato em ogiva e malformações do trato urinário, auxilia no diagnóstico de disgenesia gonadal. • Envergadura: considerada normal quando igual ou até 2 cm maior do que a estatura do indivíduo. Alterada pode indicar alguns estados de hipogonadismo. • Na presença de hirsutismo, classificar de acordo com o índice de Ferriman-Gallwey modificado. • Exame genital: o diagnóstico de hímen imperfurado pode ser feito por inspeção vulvar; já o diagnóstico de vagina curta, pela introdução de cotonete ou de histerômetro através do introito vaginal. No exame, deve-se avaliar sinais de atrofia genital. Em pacientes que já iniciaram vida sexual, o exame especular pode auxiliar na avaliação de outras malformações vaginais e de colo, e o toque bimanual, na avaliação dos órgãos pélvicos. Avaliação laboratorial • A dosagem sérica de hormônio folículo-estimulante (FSH) é útil para indicar comprometimento da reserva ovariana. Quando acima de 12-20 mUI/mL, indica baixa reserva folicular ovariana, e valores acima de 25 mUI/mL sugerem falência ovariana (para avaliar a reserva ovariana, há metodologias mais sensíveis). • Hiperprolactinemias correspondem a uma das principais causas de amenorreia e a dosagem de prolactina plasmática deve fazer parte da rotina de investigação da amenorreia secundária. • Quando houver suspeita de disfunção tireoidiana, incluir TSH. Atualmente, é menos frequente que disfunções tiroidianas se apresentem associadas à amenorreia, uma vez que, com o diagnóstico mais precoce de tais disfunções, as ocorrências no ciclo menstrual tendem a ser mais leves, manifestando-se como ciclos longos. Exame de imagem • Ultrassonografia pélvica transvaginal ou por via abdominal em mulheres que não iniciaram atividade sexual. Particularmente importante nas amenorreias primárias, quando pode mostrar ausência do útero, além de permitir a identificação de malformações uterinas ou obstruções ao fluxo menstrual. Nas amenorreias secundárias, o resultado é utilizado como condição para o diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos. • Ressonância magnética em casos particulares. Para avaliação pélvica, em especial em alguns casos de malformação dos órgãos genitais. Ressonância magnética ou tomografia de sela túrcica ou de crânio: quando necessário, deve-se investigar tumores, especialmente nos casos de amenorreia central ou hipogonadotrófica. Cariótipo Particularmente indicado nas amenorreias hipergonadotróficas, isto é, com níveis de FSH elevados que se manifestem como amenorreia primária ou nas que se manifestam como amenorreia secundária em mulheres com menos de 30 anos. Também deve ser solicitado nas amenorreias primárias com ausência de útero e FSH normal, quando é preciso incluir dosagem de testosterona para investigar a síndrome de insensibilidade androgênica. Pode- Kamilla Galiza / 6º P se dizer que os três principais “marcadores” da conduta investigativa são: 1. Presença ou ausência de desenvolvimento mamário: marcador da ação estrogênica, portanto de função ovariana em algum momento. 2. Presença ou ausência de útero determinada por meio de exame clínico, de ultrassom ou de ressonância magnética em casos mais complexos. 3. Nível sérico de FSH interpretado como segue: ® Elevado indica insuficiênciaovariana. ® Normal e com útero ausente indica malformação mülleriana ou síndrome de insensibilidade androgênica (neste caso, o nível de testosterona é compatível com níveis do sexo masculino.). ® Baixo ou normal e com útero presente: deve-se considerar todas as causas de amenorreia com eugonadismo e de hipogonadismo hipogonadotrófico. O cariótipo deve seguir as recomendações internacionais de qualidade da amostra, sendo, no mínimo, 20 células analisadas e, idealmente, 40 células. A racionalização da investigação diagnóstica da amenorreia primária está resumida na figura 1, já a da amenorreia secundária, na figura 2, com as causas mais frequentes. Em ambos os casos, a realização de ultrassonografia (US) pode ser considerada. Figura 1. Fluxograma de investigação diagnóstica da amenorreia primária. Figura 2. Racionalização da investigação diagnóstica na amenorreia secundária. Para amenorreias secundárias, as dosagens séricas de FSH e prolactina definem os principais quadros de amenorreia de causa hormonal. Prolactina elevada indica o diagnóstico de hiperprolactinemia, porém FSH define se há ou não hipoestrogenismo. Na hiperprolactinemia não relacionada a medicamento e na disfunção hipotálamo-hipofisária, indica- se exame de imagem da sela túrcica para investigar causa tumoral. Nos casos com prolactina normal, FSH elevado sugere insuficiência ovariana; FSH supresso, doença central (disfunção hipotalâmica ou hipofisária); FSH normal pode estar presente nas anovulações, como da síndrome de ovários policísticos. Porém, atenção, porque, em algumas situações de disfunções do hipotálamo, quando não há supressão completa dos pulsos de GnRH, FSH pode ser normal, com diagnóstico difícil e direcionado pela anamnese. A dosagem de TSH deve ser inclusa nos casos de elevação da prolactina ou de suspeita de doença central. Na presença de TSH elevado, deve-se complementar a propedêutica para disfunções tiroidianas. Os sinais ou sintomas de hiperandrogenismo clínico devem ser investigados com a dosagem de androgênios, incluindo dosagem de 17-OH-progesterona, testosterona e sulfato de deidroepiandrosterona (DHEA-S), que podem auxiliar no diagnóstico diferencial e determinar se a origem do hiperandrogenismo é ovariana ou adrenal. Na disfunção hipotálamo-hipofisária (hipogonadismo hipogonadotrófico), para investigar a origem hipotalâmica ou hipofisária, pode ser realizado o teste de estímulo com Luteinizing hormone- releasing hormone (LHRH) (Figura 3). A elevação dos níveis de gonadotrofinas após a administração de LHRH indica que a disfunção é no hipotálamo, e teste negativo, quando não há elevação das gonadotrofinas, disfunção na hipófise. Entretanto, desde que se descarte a presença de lesões no sistema nervoso central (SNC), não é imprescindível identificar a origem hipotalâmica ou hipofisária nem se muda o tratamento. Figura 3. Teste para diagnóstico da disfunção hipotalâmica ou hipofisária, modificado da referência 8, incluindo prováveis etiologias da disfunção. Excepcionalmente, quando as dosagens hormonais estiverem normais, a causa da amenorreia poderá ser estrutural. Esse diagnóstico deve ser particularmente lembrado após histórico de aborto, curetagem, infecção ou cirurgia uterina. Nesses casos, histerossonografia, histerossalpingografia ou histeroscopia podem mostrar sinéquias e obliteração da cavidade. Embora, historicamente, o teste de progesterona (administração de progesterona por via oral, durante cinco a dez dias) tenha sido empregado para caracterizar a produção estrogênica presente quando o sangramento ocorresse, atualmente não é recomendado. A taxa de falso-positivo e falso-negativo pode ser alta e atrasar o diagnóstico final: mais de 20% das mulheres com amenorreia em que o estrogênio está presente podem não Kamilla Galiza / 6º P sangrar, enquanto em 40% das mulheres com amenorreia por perda de peso, estresse, hiperprolactinemia, e em 50% das com insuficiência ovariana, o sangramento pode ocorrer, indicando falsamente que os níveis estrogênicos poderiam ser normais. O quadro 1 resume as principais causas de amenorreia primária ou secundária. A associação das causas principais com os exames laboratoriais pode ser vista no quadro 2. Tratamento Amenorreia é um diagnóstico sindrômico, ou seja, reflete um sintoma de diversas doenças ou afecções. O tratamento está vinculado à sua etiologia, bem como às expectativas da paciente, em especial, reprodutivas e sexuais. Tratamento clínico Na hiperprolactinemia: tratamento com agonistas dopaminérgicos. A bromocriptina é empregada na dose inicial de 1,25 mg por dia, durante os primeiros sete dias. A seguir, é aumentada gradualmente, dividida em duas a três tomadas diárias, até que se obtenha o controle dos sintomas. A cabergolina é outro agente dopaminérgico com mais especificidade, com menos efeitos colaterais e, por ter meia- vida longa, com mais comodidade posológica. Também mostra melhor resposta terapêutica. A dose inicial é de 0,5 mg, uma vez por semana, com aumento gradativo de acordo com o controle clínico dos sintomas e dos níveis de prolactina. Reavaliações são feitas a cada quatro a oito semanas (não há consenso para o intervalo) e as doses do medicamento, reajustadas. Mesmo nos casos de prolactinomas, isto é, adenomas hipofisários produtores de prolactina, o tratamento cirúrgico atualmente é pouco utilizado por se obter controle com o uso do agonista dopaminérgico. A hiperprolactinemia secundária a medicamentos deve ser discutida isoladamente e não segue a mesma orientação, sendo geralmente tratada com reposição estroprogestativa para reduzir os efeitos advindos do bloqueio do eixo hipotálamo-hipofisário e o consequente hipoestrogenismo, quando a troca do medicamento causador da hiperprolactinemia não é possível. Nos casos de hipotiroidismo, a reposição de hormônio tiroidiano pode ser suficiente para o retorno da menstruação, com normalização dos níveis de prolactina. Nos casos de hipoestrogenismo, a conduta é variável: na amenorreia primária sem desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, deve-se começar o tratamento com pequenas doses de estrogênio e, posteriormente, aumentá-la até o desenvolvimento mamário, com posterior inclusão de progestagênio. Deve-se elevar a dose estrogênica até atingir dose da fase adulta (ver protocolo específico de insuficiência ovariana prematura). Na deficiência estrogênica em mulheres adultas, reposição com estrogênios conjugados ou estradiol por diferentes vias, e nas mulheres com útero, a adição de progestagênio é necessária para prevenir o câncer de endométrio. Quando o hipoestrogenismo for decorrente de situações reversíveis, pode-se proceder à reposição estroprogestativa concomitantemente ao tratamento específico para a causa (exemplo: desordens alimentares ou algumas doenças crônicas), até o restabelecimento da função ovariana. Nos casos de anovulação hiperandrogênica: no hiperandrogenismo iatrogênico, por uso exógeno de androgênio, deve-se orientar a interrupção do fármaco ou substância desencadeante. Na deficiência enzimática da suprarrenal (hiperplasia adrenal congênita de manifestação tardia), tratamento com prednisona 2,5 mg a 7,5 mg ao dia ou dexametasona 0,25 mg a 1 mg ao dia. Na síndrome dos ovários policísticos, o tratamento da amenorreia é feito com a ministração de progestagênios cíclicos isolados ou combinados com estrogênio, que promovem regularização do ciclo menstrual e proteção contra carcinoma endometrial, porém o uso cíclico de progestagênios não trata o hiperandrogenismo. Os contraceptivos orais combinados podem auxiliar no tratamento do hiperandrogenismo. A resistência à insulina deve ser abordada inicialmente com orientações quanto à alteração do estilo de vida e perda de peso, mas quando necessária a introdução de substâncias sensibilizadoras, como a metformina (1.000 mg a 2.000 mg aodia), apresenta melhora significativa, especialmente nas doses acima de 1.700 mg ao dia. Quando houver desejo de gestação, a indução da ovulação deverá ser realizada. Quando houver associação com obesidade, orientações para hábitos saudáveis e perda de peso deverão ser fornecidas. Em muitos casos de amenorreia de origem hipotalâmica, recomenda-se apoio psicológico e/ou psiquiátrico, bem como acompanhamento multidisciplinar. Nas causas disfuncionais, mudanças no estilo de vida, adequação do peso e orientação de atividade física adequada. Tratamento cirúrgico O tratamento cirúrgico está indicado nas neoplasias ovarianas e de suprarrenal, bem como na síndrome de Cushing com presença de tumor, nas sinéquias intrauterinas (lise por histeroscopia, podendo ser seguida da colocação de dispositivo intrauterino, associado ou não à terapia estrogênica). Malformações mullerianas têm tratamento, Kamilla Galiza / 6º P dependendo da malformação encontrada. Na síndrome de Mayer-Rokitansky-KusterHauser com agenesia uterina e de vagina, o tratamento pode ser cirúrgico com realização de neovagina, embora atualmente seja preferível o uso clínico de dilatadores vaginais. Na ausência de útero, o transplante uterino é tratamento experimental. Nos casos de insuficiência ovariana prematura ou de disgenesia gonadal com cariótipo contendo cromossomo Y, a gonadectomia está indicada, bem como nos casos de insensibilidade androgênica pelo risco de malignização da gônada. Restauração da fertilidade Nas mulheres com insuficiência ovariana prematura, é possível gravidez com óvulo de doadora. Nas amenorreias centrais (hipotalâmicas e hipofisárias) ou nas causadas por doenças que levam à anovulação crônica, deve-se considerar a indução da ovulação, caso exista desejo reprodutivo, com escolhas variáveis dependendo, especialmente, da causa da amenorreia e do estado estrogênico: citrato de clomifeno (na dose de 50 a 150 mg/dia, iniciando a partir do segundo ao quinto dia do ciclo menstrual e por cinco dias); letrozol ou gonadotrofinas – utilizados em dose variável, dependendo de vários fatores, sendo importantes a idade da mulher e o crescimento folicular. Recomendações finais Amenorreia é um sintoma com múltiplos fatores etiológicos, sendo relativamente frequente na população. Requer história clínica e exame físico detalhado. Essa afecção pode trazer preocupações sobre a feminilidade e fertilidade, com consequências negativas para a autoestima e a autoimagem da mulher, por vezes necessitando de apoio psicológico concomitante ao tratamento. O tratamento da amenorreia deve obedecer aos anseios da mulher e compreende combater o fator etiológico, o tratamento do hipoestrogenismo e das manifestações associadas e, quando possível, a restauração da fertilidade. Ciclo menstrual Introdução Define-se ciclo menstrual normal como aquele com 28 mais ou menos 7 dias, fluxo durando 4 mais ou menos 2 dias, e perda média de 20 a 60 mL de sangue. Por convenção, o primeiro dia de sangramento vaginal é considerado o primeiro dia do ciclo menstrual. Os intervalos entre ciclos menstruais variam entre as mulheres e, com frequência, em uma mesma mulher em épocas diferentes de sua vida reprodutiva. O ciclo menstrual varia menos entre 20 e 40 anos de idade. Quando observado sob a perspectiva da função ovariana, o ciclo menstrual pode ser definido em fase folicular pré-ovulatória e fase lútea pós-ovulatória. As fases correspondentes no endométrio denominam-se fase proliferativa e fase secretora. Para a maioria das mulheres, a fase lútea do ciclo menstrual é estável, durando 14 dias. Consequentemente, variações no período do ciclo normal geralmente resultam de variações na duração da fase folicular. Eixo Hipotálamo-hipófise-gônadas O clico menstrual é consequência da interação entre entidades anatômicas: hipotálamo, hipófise, ovário e útero. Embora seja evidente que o hipotálamo desempenha um papel central na iniciação do ciclo menstrual, está igualmente claro que a ciclicidade endócrina é consequência da relação de feedback entre a secreção ovariana e o eixo hipotálamo-hipófise. O útero desempenha um papel eminentemente passivo, apesar de sua importância na concepção. Hipotálamo O hipotálamo encontra-se na base do cérebro, imediatamente acima da junção dos nervos ópticos. Seus neurônios são especialmente importantes na produção dos hormônios: hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), hormônio liberador do hormônio de crescimento (GHRH), hormônio liberador de corticotrofinas (CRF), hormônio liberador de tireotrofinas (TRH). Em relação à produção do GnRH, o hipotálamo é influenciado tanto por sinais extrínsecos e intrínsecos ao SNC quanto pelo controle do ovário. A influência exercida pela secreção ovariana sobre o hipotálamo é denominada de feedback, sendo este positivo quando os esteroides ovarianos estimulam a produção do GnRH, e negativo quando a secreção ovariana inibe a produção do GnRH. Além disso, o próprio GnRH controla sua produção, agindo diretamente no hipotálamo. Então, quando está disponível em grande quantidade, ele atua reduzindo sua produção; já quando está presente em níveis baixos, age estimulando sua liberação. O hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), produzido no hipotálamo exerce papel obrigatório no controle da secreção de gonadotrofinas, como o próprio nome indica. É responsável pela indução da liberação destas substâncias pela hipófise anterior. O hipotálamo apresenta ciclos característicos de liberação de seus produtos (GnRH, TRH, ACTH etc.) devido a centros tipo marca-passo. Algumas dessas substâncias são liberadas periodicamente; outras, em ciclos circadianos, que podem estar relacionados a situações fisiológicas, como o ciclo do sono ou a ingestão de alimentos, entre outros estímulos. Quanto à função reprodutiva, o GnRH é o principal hormônio. Na mulher, ele é liberado de uma forma pulsátil, sendo sua periodicidade e amplitude críticas para determinar a liberação correta e fisiológica do FSH e LH (produzidos na adenohipófise). Na menina, o centro hipotalâmico encontra- se bloqueado até o período da puberdade, quando ocorre sua liberação por razões ainda não bem estabelecidas, supondo-se haver a participação de fatores ambientais, dos opioides endógenos, do peso corporal e da quantidade de gordura corporal, entre outros. Hipófise É uma glândula neuroendócrina situada na sela túrcica, e é dividida em adenohipófise e neurohipófise. A adenohipófise é responsável pela secreção dos hormônios folículo- estimulante (FSH) e luteinizante (LH), hormônio estimulante da tireoide (TSH), hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), Kamilla Galiza / 6º P hormônio de crescimento (GH) e prolactina (PRL). Já a neurohipófise secreta ocitocina e vasopressina, que são produzidas no Hipotálamo. O GnRH age nas células gonadotróficas da hipófise anterior (adenohipófise), estimulando-as a sintetizar e secretar na corrente sanguínea tanto o FSH quanto O LH. No entanto, a secreção de LH é, essencialmente, caracterizada por um pico no meio do ciclo menstrual. Já a secreção de FSH caracteriza-se por um aumento na fase folicular inicial, um platô na fase lútea e acentuada elevação na fase lútea tardia. Ou seja, as gonadotrofinas são secretadas de forma pulsátil, com frequência e amplitude que variam de acordo com a fase do ciclo. Os hormônios esteroides, como o estradiol e a progesterona, ou fatores ovarianos não esteroides, como a inibida, são os moduladores da secreção de LH e FSH. O padrão pulsátil de liberação das gonadotrofinas é diretamente relacionado à secreção pulsátil de GnRH, mas a modulação da amplitude e da frequência são consequências do feedback dos esteroides ovarianos no hipotálamo e na hipófise. Ovários O ovário em funcionamento normal sintetiza e secreta hormônios esteroides sexuais - estrogênios, androgênios e progesterona - com padrãode controle preciso que, em parte, é determinado pelas gonadotrofinas hipofisárias, FSH e LH. Os produtos secretórios mais importantes da biossíntese de esteroides pelos ovários são a progesterona e o estradiol. Entretanto, o ovário também secreta estrona, androstenediona e 17a-hidroxiprogesterona. Os hormônios esteroides sexuais desempenham papel importante no ciclo menstrual, preparando o útero para implantação do óvulo fertilizado. Se a implantação não ocorrer, a esteroidogênese ovariana declina, o endométrio degenera e ocorre a menstruação. Útero A parede uterina consiste em três camadas: serosa, a camada mais externa; miométrio, constituído de músculo liso; e endométrio, a camada mais interna, subdividida em estroma e glândulas. As alterações cíclicas, induzidas pelos hormônios ovarianos, só se manifestam na camada mais superficial, o endométrio. Fisiologia do ciclo menstrual Podemos dividir, de uma forma didática, o ciclo menstrual em dois ciclos que interagem e são interdependentes: ovariano e endometrial. Ciclo ovariano O ciclo ovariano pode ser dividido em três fases: fase folicular, fase ovulatória e fase lútea. Fase folicular A fase folicular, ou proliferativa, é a primeira fase do ciclo menstrual, e ocorre do primeiro dia da menstruação até o dia do pico de LH. Durante esta fase, ocorre uma sequência ordenada de eventos, que assegura que um número apropriado de folículos se desenvolva e esteja pronto para a ovulação. O resultado final desse desenvolvimento folicular é, comumente, um único folículo maduro viável, o qual passará pelos estágios de folículo primordial, folículo primário, folículo pré-antral, antral e pré-ovulatório. Este processo ocorre ao longo de 10 a 14 dias. Dica A duração do ciclo menstrual é determinada pela variação na duração da fase folicular, ou seja, o tempo necessário para que o folículo se desenvolva e atinja sua maturidade. O sinal para o recrutamento folicular inicia-se na fase lútea do ciclo anterior, com a diminuição da progesterona, do estradiol e da inibina A. Como consequência, o feedback negativo sobre o FSH é liberado, observando-se então seu aumento nos primeiros dias da fase folicular. Este aumento é o sinal para o recrutamento folicular. Aproximadamente 15 ou mais folículos são recrutados a cada ciclo. Desenvolvimento Folicular: O desenvolvimento folicular inicia-se com os folículos primordiais gerados durante a vida fetal. Esses folículos nada mais são que oócitos suspensos na primeira divisão meiótica, circundados por uma camada única de células granulosas achatadas. São separados do estroma por uma membrana basal delgada. Os folículos pré- ovulatórios são vasculares. Consequentemente, são criticamente dependentes da difusão e, no final do seu desenvolvimento, de junções comunicantes para obtenção de nutrientes e eliminação de excretas metabólicas. A difusão também permite a passagem dos precursores de esteroides da camada de células tecais para a camada de células da granulosa. No estágio seguinte do desenvolvimento, as células da granulosa se tornam cuboides e aumentam em número para formar uma camada pseudoestratificada. Nesse momento, o folículo é denominado folículo primário. Uma importante mudança que ocorre nesta fase é a diferenciação das células do estroma em teca interna e teca externa, que independe da estimulação pelas gonadotrofinas. Há um padrão de crescimento limitado, que pode ser rapidamente seguido de atresia. Esse padrão só é interrompido se, a partir deste estágio, o grupo de folículos responder a uma elevação do FSH e for incentivado ao crescimento. A cada ciclo menstrual, na fase lútea do ciclo precedente, a diminuição da progesterona, do estradiol e da inibina A, resultante da regressão do corpo lúteo, possibilita a elevação do FSH por feedback negativo, alguns dias antes da menstruação, o que permite o recrutamento folicular. Quando ocorre um crescimento folicular final e aumento significativo no número de células da granulosa, incentivado pelo FSH, surge o folículo secundário ou pré-antral. Caracteristicamente, nesse estágio, células da granulosa tornam-se cuboidais e apresentam-se em várias camadas. Secretam uma matriz glicoproteica, chamada de zona pelúcida. As células da granulosa do folículo pré-antral são capazes de sintetizar todas as três classes de esteroides; no entanto, são produzidos significativamente. As células da teca, a partir da entrada do colesterol induzida pelo LH, são capazes de produzir androgênios, que são Kamilla Galiza / 6º P transportados às células da granulosa e lá são convertidos em estrogênios, através da aromatização induzida pelo FSH. No estágio final do desenvolvimento folicular, as células da granulosa tornam-se maiores e as da teca, ricamente vascularizadas, e o folículo é então denominado de pré- ovulatório. Aproximando-se da maturação, o folículo pré- ovulatório produz quantidades cada vez maiores de estrogênio. Durante a fase folicular tardia, o estrogênio eleva- se rapidamente, atingindo seu pico cerca de três dias antes da ovulação. O início do pico de LH ocorre um dia depois que o pico de estrogênio é atingido. É importante salientar que a concentração e o tempo de duração da elevação do estradiol são determinantes para a liberação do LH. Para tanto, a concentração de estradiol deve ser maior do que 200 pg/mL, que deve persistir por aproximadamente 50 horas. Fase ovulatória A ovulação acontece como consequência da ação simultânea de diversos mecanismos que ocorrem no folículo dominante, estimulando sua maturação e induzindo a rotura folicular. Somente o folículo que atinge seu estágio final de maturação é capaz de se romper. O marcador fisiológico mais importante da aproximação da ovulação é o pico do LH no meio do ciclo, o qual é precedido por aumento acelerado do nível de estrogênio. Sabe-se que o folículo pré-ovulatório produz, com a síntese crescente de estradiol, seu próprio estímulo ovulatório. O pico de estradiol estimula o pico de LH e, consequentemente, a ovulação. O início do pico de LH ocorre 32 a 36 horas antes da ovulação. Vários mediadores produzidos e liberados pelo ovário após o pico pré-ovulatório de LH, como as prostaglandinas, a histamina, os neuropeptídios e o óxido nítrico, exercem um efeito sobre o sistema vascular do folículo. Observa-se, então, um aumento do fluxo sanguíneo intrafolicular, além de um aumento na permeabilidade capilar. A rotura folicular acompanha a eliminação do óvulo e do líquido folicular para a cavidade peritoneal. Pode haver uma irritação local e, consequentemente, a dor abdominal referida por algumas mulheres. Tão logo isso ocorra, o óvulo é apreendido pelas fímbrias tubárias, e fica à mercê dos movimentos das tubas e do epitélio ciliar. As fases de desenvolvimento folicular são abordadas na imagem seguinte: Ciclo endometrial Em um ciclo menstrual ovulatório, ocorrem alterações anatômicas e funcionais específicas nos componentes glandulares, vasculares e estromais do endométrio. O endométrio pode ser dividido, do ponto de vista morfológico, na camada funcional, que compreende os dois terços superiores, e na camada basal, que compreende o terço inferior. A finalidade da camada funcional é preparar-se para a implantação do embrião em fase de blastocisto. Na fase proliferativa do ciclo menstrual, a produção aumentada de estrógenos provoca a reconstrução e o crescimento do endométrio. Na fase anterior, a descamação menstrual provocará a perda tecidual que será reconstituída nesta fase. As glândulas representam a porção mais responsiva do endométrio à ação estrogênica. A princípio, elas são estreitas e tubulares, revestidas por células de epitélio colunar baixo. Mitoses tornam-se proeminentes e observa-se a pseudoestratificação, e as glândulas tornam-se alongadas e um pouco tortuosas. Um revestimento epitelial contínuo é formado de face paraa cavidade endometrial. O componente estromal evolui a partir de sua condição menstrual através de um breve período de edema para um estado final semelhante a um sincício frouxo. As arteríolas espiraladas tornam-se finas. Todos os componentes tissulares demonstram proliferação, com pico nos dias 8 a 10 do ciclo. Esta proliferação é marcada por aumento da atividade mitótica. O ciclo endometrial pode ser dividido em três fases histológicas, determinadas pelos diferentes estímulos dos hormônios produzidos pelos ovários: endométrio menstrual, endométrio proliferativo, endométrio secretor. O endométrio menstrual caracteriza-se por uma ruptura irregular do endométrio, que ocorre pela interrupção da secreção das glândulas endometriais na ausência de implantação embrionária. Esta sequência de eventos ocorre devido ao término da vida funcional do corpo lúteo, o que ocasiona a redução da produção de estrogênio e progesterona. A diminuição dos níveis desses hormônios leva a reações Kamilla Galiza / 6º P vasomotoras, à perda decidual e à menstruação. Os espasmos vasculares levam à isquemia e à perda de tecido. Há também ruptura de lisossomas e liberação de enzimas proteolíticas que provocam destruição local adicional de tecido. Prostaglandinas são produzidas durante todo o ciclo menstrual, mas apresentam maior concentração no período menstrual. A PGF2alfa é um potente vasoconstrictor que intensifica os espasmos arteriolares, causa isquemia adicional do endométrio e leva à ocorrência de contrações miometriais. Estas contrações podem servir para expelir fisicamente o tecido endometrial que descama do útero. O fluxo menstrual é um resultado dos efeitos combinados da vasoconstricção prolongada, colapso tecidual, estase vascular e reparação induzida pela ação estrogênica. A camada basal do endométrio permanece intacta, e pode, assim, iniciar a reparação da camada funcional. O endométrio proliferativo corresponde à fase folicular no ovário. Após três a quatro dias de menstruação, o endométrio inicia sua regeneração, e cresce rapidamente em resposta ao estímulo estrogênico. No início, as glândulas endometriais são pequenas, tubulares e curtas. No final desta fase, tornam- se alongadas e tortuosas. O estroma é denso. Outra característica importante é o aumento das células ciliadas e microvilosas, importantes para a fase seguinte do endométrio, a fase secretora. O endométrio secretor corresponde à fase lútea no ovário. Caracteriza-se pela atuação da progesterona produzida pelo corpo lúteo em contraposição à ação estrogênica. As glândulas endometriais se encontram em processo progressivo de dilatação, tornando-se cada vez mais tortosas. O estroma é edemaciado. Os vasos sanguíneos apresentam-se espiralados. As células das glândulas endometriais formam vacúolos característicos, contendo glicogênio. No início, estes vacúolos aparecem sob o núcleo e depois seguem em direção à luz glandular. O estroma permanece inalterado até o sétimo dia após a ovulação, quando se inicia edema progressivo do tecido. Nesse mesmo período, a atividade secretora das glândulas costuma ser máxima e o endométrio já se encontra preparado para a implantação do blastocisto. A expressão de receptores de estrogênio e progesterona também varia durante o ciclo menstrual. A concentração de Receptores de Estrogênio é alta na fase proliferativa e diminui após a ovulação, o que reflete a ação supressiva da progesterona sobre estes receptores. A concentração de Receptores de Progesterona é máxima durante a fase ovulatória, o que reflete a indução desses receptores pelo estradiol. Eles reduzem muito nas glândulas na fase lútea, mas continuam presentes no estroma. Referencias: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Amenorreia. São Paulo: FEBRASGO; 2021. (Protocolo FEBRASGO-Ginecologia, n. 25/Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina). HOFFMAN, Barbara L. et al. Ginecologia de WILLIAMS. Artmed Editora, 2014. Kamilla Galiza / 6º P Definição É uma sindrome caracterizada por ciclos anovulatórios ou oligo-ovulação, hiperandrogenismo e múltiplos pequenos cistos ovarianos. No passado, já recebeu o nome de síndrome de Stein-Leventhal. Atualmente, a SOP é considerada uma doença metabólica, pois, além das manifestações ginecológicas, essa patologia pode cursar com alterações lipídicas, diabetes mellitus (DM), obesidade, hipertensão arterial sistêmica (HAS), aumento do risco cardiovascular, entre outros fatores. Epidemiologia A SOP é a endocrinopatia mais comum na menacme e a causa mais comum de anovulação crônica, infertilidade por fator ovulatorio, hiperandrogenismo e hirsutismo. A prevalência pode chegar a 10% das mulheres em idade reprodutiva. É mais comum em mulheres com hiperandrogenismo (80% delas têm SOP) e infertilidade (até um terço tem SOP). Etiologia Ainda é desconhecida, mas muito provavelmente tem origem genética multifatorial e poligênica. Alguns estudos sugerem envolvimento de genes que controlam a síntese de androgênios e a resistência à insulina. Fisiopatologia Não é totalmente esclarecida. O hiperandrogenismo (aumento de hormônios masculinos) tem papel importante, e o que levaria ao hiperandrogenismo e à anovulação crônica são alterações ovarianas, do eixo hipotálamo- hipófise, adrenais e até de tecidos periféricos (ex.: gordura). O ambiente mais androgênico impede o desenvolvimento folicular normal, induzindo a atresia folicular prematura. Ou seja, os folículos não se desenvolvem adequadamente. Esses múltiplos folículos em vários estágios de desenvolvimento, junto com a hiperplasia estromal, levam a um aumento ovariano bilateral. Os androgênios também podem aumentar a secreção de LH e diminuir a de FSH pela hipófise. A ausência de desenvolvimento folicular adequado resulta em um quadro de anovulação (clinicamente, apresenta-se por oligomenorreia ou amenorreia secundária). Como há anovulação crônica, não há corpo lúteo. Sem corpo lúteo, não há progesterona produzida em quantidade adequada. Sem a progesterona, não há oposição ao estrogênio, que fica estimulando continuamente o endométrio. Esse estímulo crônico do endométrio pelo estrogênio aumenta o risco de hiperplasia de endométrio e é uma causa de sangramento uterino irregular. A longo prazo pode levar ao carcinoma de endométrio. O fígado é responsável por produzir uma proteína chamada SHBG (globulina carreadora de hormônios sexuais), que se liga à testosterona sérica, reduzindo sua fração livre ativa. Tanto o excesso de testosterona quanto a hiperinsulinemia reduzem a produção hepática de SHBG, propiciando hiperandrogenismo. Então, com o aumento da testosterona, há diminuição do SHBG, levando a um aumento da testosterona livre/biodisponível circulante. A resistência insulínica tem um papel importante na SOP (encontrada em até 50% das SOP), contribuindo para a atresia folicular nos ovários e para o desenvolvimento da acantose nigricans na pele. Ela pode aparecer por anormalidades genéticas e/ou aumento o tecido adiposo. A resistência à insulina e a hiperinsulinemia parecem estar relacionadas também a um aumento androgênico sérico e a uma diminuição do SHBG. Pacientes obesas têm maior produção estrogênica em sua periferia. Devemos lembrar também que há aromatase no tecido adiposo - ela faz a conversão periférica de andrógenos em estrógenos. É também na periferia que, sob a ação da 5 alfa-redutase, a testosterona é transformada em di-hidrotestosterona (DHT), o androgênio mais potente e que não é mais aromatizado em estrogênios. A DHT é responsável pelo fenótipo andrógeno, explicando o aparecimento de hirsutismo na SOP. Pode haver aumento de androgênios produzidos nas adrenais. Exemplo: SDHEA (sulfato de deidroe- piandrosterona). O aumento deandrogênios séricos aumenta o risco de alterações metabólicas, como dislipidemias, além de propiciar quadros de acne e hirsutismo. Síndrome dos ovários policísticos Algumas alterações envolvidas na fisiopatologia da SOP são alterações na liberação pulsátil de GnRH, produzindo inversão na relação LH/FSH (na SOP, há aumento dessa relação, geralmente > 2:1). Lembrando que o LH estimula a secreção de androgênios nas células tecais do ovário. Além disso, essa diminuição relativa do FSH pode diminuir a atividade da aromatase nas células da granulosa, reduzindo a conversão de androgênio em estrogênio. Em outras palavras, o ovário tem mais dificuldade em transformar seu microambiente androgênico em estrogênico. Kamilla Galiza / 6º P Figura 1. Fonte: Modificada de Nestler JE. Metformin for the treatment of the polycystic ovary syndrome. N Engl J Med. 2008; Mapa mental – fisiologia da SOP Quadro clínico A procura por um médico geralmente ocorre por pelo menos um desses três quadros: • Ciclos anovulatórios: pode se apresentar com quadros de sangramento uterino irregular, oligomenorreia e até amenorreia secundária. • Hiperandrogenismo: hirsutismo e acne (lembrando que a SOP é a principal causa de hiperandrogenismo na mulher). Não é comum a virilização (clitoromegalia, alteração de voz, aumento de massa muscular). Nesses casos, devemos investigar outras causas, tais como tumores adrenais ou ovarianos virilizantes (produtores de androgênios). • Infertilidade: SOP é responsável por até 80% dos casos de infertilidade por anovulação. Relembrando a fisiopatologia: • Anovulação crônica: sem ovulação, não há corpo lúteo → não há produção de progesterona →não há a queda de progesterona no final do ciclo, que desencadearia a menstruação → oligomenorreia/amenorreia. • Portanto, nessas pacientes, podemos fazer o teste da progesterona. Além de oligomenorreia/amenorreia, as pacientes com SOP podem apresentar quadros de sangramento disfuncional (termo cada vez menos usado). Vale relembrar as causas de sangramento uterino anormal: PALM COEIN. Na SOP, ficaríamos com o "O": causas ovulatórias de sangramento uterino. Nessas pacientes, ele geralmente é intenso e imprevisível. Na SOP, o endométrio é cronicamente estimulado pelo estrogênio sem a oposição da progesterona. Isso leva a uma proliferação endometrial. O endométrio espessado pode ficar instável, resultando em sangramento com padrão imprevisível. A longo prazo, há riscos de hiperplasia de endométrio e até câncer de endométrio. Oligomenorreia: ciclos com intervalos maiores que 35 dias entre as menstruações. Hiperandrogenismo O hirsutismo é a manifestação clínica mais comum do hiperandrogenismo. Outros sinais que podem surgir são acne, seborreia e alopecia de padrão androgênico (frontal). • Acne: A acne se deve ao bloqueio da abertura folicular por hiperceratose, produção excessiva de sebo, proliferação de Propionibacterium acnes comensal e inflamação por ação androgênica. • Alopecia: A alopecia ocorre devido a ação da 5-alfa- redutase no folículo piloso, gerando queda do cabelo. • Hirsutismo: O hirsutismo é o excesso de pelos de padrão masculino (grosso e pigmentados) na mulher. Dentro do folículo piloso, a testosterona é convertida em di- hidrotestosterona (DTH) pela enzima 5-alfa-redutase. A testosterona e, principalmente, a DTH são os responsáveis por engrossar e enegrecer os pelos de áreas sensíveis a androgênios. A quantificação da distribuição de pelos pode ser feita utilizando a Escala de Ferriman-Gallwey, que possui 9 imagens com diferentes padrões de hirsutismo, sendo que o seu grau é pontuado de O a 4. De acordo com as novas recomendações da ASRM e ESHRE, a pontuação para considerar o hirsutismo varia de acordo com a etnia da paciente, sendo considerados o valor de 4 para orientais ou 6 para outras etnias. Teste da Progesterona: administra-se progesterona por sete a dez dias. Após a sua suspensão, espera-se que ocorra menstruação. Havendo menstruação, é possível afirmar que havia estímulo estrogênico sobre o endométrio; porém, a falta de ovulação (se não ovula, não tem corpo lúteo, não produz progesterona) impediu a ocorrência da menstruação. Portanto, um teste da progesterona positivo significa que a paciente tinha um quadro de anovulação. Kamilla Galiza / 6º P Hipertecose ovariana: forma mais grave da SOP, caracterizada por hiperandrogenismo grave e, ocasionalmente, sinais evidentes de virilização, como clitoromegalia, calvície frontal e alteração da voz. Obesidade É comum (mas não obrigatório) a presença de obesidade (IMC > 30). Está presente em até 50% das pacientes com SP. Geralmente, há padrão androide (central) de obesidade, com aumento da relação cintura-quadril. Esse tipo de alteração é um fator de risco independente para doença cardiovascular e diabetes tipo 2. Resistência insulínica Um sinal clássico é a acantose nigricans. É um marcador cutâneo da resistência insulínica. A resistência à insulina leva à hiperinsulinemia, que provavelmente estimula o crescimento de queratinócitos e fibroblastos dérmicos, levando a essas alterações. São caracterizadas por alteração cutânea espessa, pigmentada e aveludada. Podem ser encontradas na região cervical (nuca), axilas, abaixo das mamas, face interna das coxas e vulva. Diabetes tipo 2 e intolerância à glicose Podem surgir independentemente da obesidade. Mulheres com SOP apresentam risco elevado de desenvolver DM tipo 2 e intolerância à glicose devido à disfunção das células beta pancreáticas presente nessa patologia. Dislipidemia Pode ocorrer em até dois terços das pacientes com SOP. Hipertensão arterial sistêmica Mais comum na SOP, principalmente em pacientes mais velhas, próximas ao fim da menacme. Síndrome metabólica (SM) É caracterizada por obesidade, resistência à insulina, dislipidemia e hipertensão arterial. Tem risco aumentado para doenças cardiovasculares (IAM, AVC) e diabetes tipo 2. Critérios da SM pela NCEP/ATP III (deve ter pelo menos três dos cinco): • Obesidade abdominal (circunferência abdominal ≥ 88 cm em mulheres). • Triglicérides ≥ 150 mg/dL (ou em uso de medicações para triglicérides). • HDL < 50 mg/dL em mulheres. • PA ≥ 130x85 mmHg (ou em tratamento para HAS). • Glicemia de jejum > 100 mg/dL (ou em tratamento para DM). Infertilidade Aqui a causa são os ciclos anovulatórios. Se não ovula, não tem como engravidar. A SOP é responsável por até 80% dos casos de infertilidade por fator ovulatório. Neoplasia de endométrio Mulheres com SOP tem três vezes mais chance de desenvolver neoplasias endometriais devido ao quadro de anovulação crônica associado à estimulação estrogênica sem oposição progestágena. Mapa mental - Clínica Diagnóstico A SOP é considerada um diagnóstico de exclusão. O principal critério utilizado é o de Rotterdam (ter dois de três, excluindo outras causas): • Ciclos anovulatórios: oligomenorreia ou disfunção menstrual (ex.: ciclo > 42 dias). • Hiperandrogenismo laboratorial ou clínico (acne, hirsutismo ou alopecia). • Ovários policísticos ao USG O hiperandrogenismo laboratorial ocorre quando há elevação de pelo menos um androgênio, que pode ser testosterona total, androstenediona e/ou sulfato de desidroepiandrosterona sérica (SDHEA). Com relação à presença de ovários policísticos à USG, deve ter mais de 20 De acordo com esses critérios, entende-se por alteração no ciclo menstrual por um período de 90 dias ou mais ou a presença de um numero de ciclos menor ou igual a 9 por ano. Em relação ao hiperandrogenismo, deve-se pontuar esse critério quando houver pelo menos um dos seguintes achados: acne, hirsutismo e alopecia de padrão androgênico ou hiperandrogenismo laboratorial. Kamilla Galiza / 6º P folículos antrais de tamanhoentre 2 e 9 mm, em pelo menos um dos ovários ou volume ovariano maior ou igual a 10 cm3. Não deve ser considerado o ovário que apresente folículo dominante ou corpo lúteo. Nesses casos, o exame deve ser repetido. Outro critério que pode ser utilizado é o da AE-PCOS (ter as duas e excluir outras causas): • Hiperandrogenismo (clínico e/ou laboratorial). • Disfunção ovulatória e/ou ovários policísticos Outro dado interessante é que a USG com ovários policísticos pode aparecer em 20% a 30% das mulheres normais. Ou seja, o fato de ter ovários policísticos à USG isoladamente também não faz o diagnóstico. Novos estudos têm usado o hormônio antimulleriano (HAM) como método diagnóstico, com evidências de boa correlação entre os seus níveis e a contagem de folículos, volume ovariano e distribuição periférica dos folículos. Com base nesses estudos, o HAM está sendo contado para substituir a USG; no entanto, devido a discrepâncias no ponto de corte entre esses estudos, o HAM ainda não é utilizado como critério diagnóstico. Em adolescentes, os critérios diagnósticos para SOP são controversos, visto que nesse período da vida os sinais e sintomas sugestivos da SOP podem ser confundidos com os que ocorrem na puberdade normal. De um modo geral, novos consensos recomendam que, para o diagnóstico de SOP, as adolescentes devem estar presentes os três critérios citados no consenso de Rotterdam, e não dois, como nos adultos. No entanto, para essa faixa etária a morfologia ovariana não considerada, e o hiperandrogenismo implica necessariamente presença de hirsutismo ou hiperandrogenemia. Além disso, mesmo que preencha esses critérios, é recomendado que o diagnóstico feito na adolescência seja revisto após oito anos da menarca ou até postergado para depois dos 18 anos completos. Neste caso, deve-se tratar os sintomas como distúrbio menstrual e hirsutismo, independentemente do diagnóstico definitivo de SOP. Fluxograma - Diagnóstico Investigação História Avaliar idade de início, tempo de história, padrão menstrual, medicações, história familiar. Exame físico Importante avaliar alguns critérios para a síndrome metabólica, como medida de pressão arterial e circunferência abdominal. Além disso, avaliar IMC (sobrepeso/obesidade) e procurar por sinais de hiperandrogenismo, como hirsutismo, acne e alopecia. E também por sinais de resistência à insulina, como acantose nigricans. Exames complementares Vamos solicitar exames que podem ajudar a fechar nosso diagnóstico e também alguns que ajudarão a excluir outras causas. Hormônios Dosagem dos seguintes hormônios: LH, FSH, TSH, prolactina, testosterona total e livre, SDHEA, androstenediona, SHBG, 17-0H progesterona, BHCG. As alterações que podem ser encontradas são leve aumento de testosterona, androstenediona e SDHEA e diminuição de SHBG, além de relação LH/FSH> 2:1. TSH e prolactina têm que estar normais. Grandes aumentos de testosterona (> 200 ng/mL) podem estar relacionados a tumores virilizantes produtores de androgênio. Do mesmo modo, o SHDEA (sulfato de diidroepiandrosterona) é de produção exclusiva adrenal. Portanto, níveis muito acima do normal podem indicar tumores de adrenais. 17-0H Progesterona é um precursor do cortisol. Pode estar aumentada em casos de hiperplasia adrenal congênita (forma tardia), na deficiência da 21-hidroxilase. Na periferia, é convertida em androgênios. O BCG tem o intuito de excluir gestação nas pacientes com amenorreia. A progesterona pode ser dosada e deve mostrar níveis baixos, compatíveis com anovulação. Os estrogênios não precisam ser dosados. Caso sejam, pode haver aumento da estrona. Kamilla Galiza / 6º P Figura 2. Diagnósticos diferenciais dos quadros de hiperandrogenismo. Modificado de Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO),2018 Avaliação metabólica Devem ser solicitadas dosagem de colesterol e frações (atenção especial ao LDL e HDL) e triglicérides. Para a resistência à insulina, glicemia de jejum e teste de tolerância oral à glicose em duas horas. A insulina basal pode ser dosada e se mostrará aumentada em um terço das pacientes. Além disso, deve-se verificar dados de exame físico como peso, altura, IMC, pressão arterial e circunferência abdominal. USG pélvico De preferência por via transvaginal (se já tiver relação sexual). Os achados para a SOP: 12 ou mais folículos medindo 2 a 9 mm de diâmetro ou volume ovariano aumentado (> 10 mL). Diagnósticos diferenciais Os mais comuns e que devem ser descartados: • Gestação, hipotireoidismo, hiperprolactinemia, hiperplasia adrenal congênita (forma tardia), tumor ovariano, tumor adrenal, síndrome de Cushing. Consequências de longo prazo As principais: • Risco de doenças cardiovasculares pela associação com síndrome metabólica. • Hiperplasia de endométrio/câncer de endométrio. Tratamento Deve ser individualizado conforme a queixa. Modificações de estilo de vida Por mais incrível que pareça, a simples perda de peso, com atividade física e dieta, já pode restaurar os ciclos ovulatórios (regulariza os ciclos menstruais e aumenta a taxa de gestação). Além disso, ajudam no controle da dislipidemia na prevenção de doenças cardiovasculares e de diabetes tipo 2. Irregularidade menstrual Aqui o intuito é induzir ciclos menstruais regulares. As "pílulas" terão efeito muito importante no tratamento, não tendo "mera" ação contraceptiva. O uso de anticoncepcionais hormonais combinados (AHCO) diminui a produção adrenal e ovariana de androgênios através da supressão do LH pelo componente progestínico. Além disso, o componente estrogênico aumenta a produção hepática de SHBG, diminuindo a testosterona biodisponível. Outro ponto benéfico é o efeito antagonista da progesterona sobre o endométrio proliferativo, reduzindo o risco de hiperplasia endometrial/câncer de endométrio. Métodos de progesterona isolada também podem ser utilizados de forma contínua. Hiperandrogenismo Aqui os contraceptivos combinados também vão atuar. Lembre-se de que o componente estrogênico aumenta a produção hepática de SHBG, diminuindo os androgênios livres. Além disso, pode-se usar uma pílula com progesterona com ação antiandrogênica (ex.: ciproterona). Uma pílula famosa com ciproterona é a Diane 35. Outras medicações: • Finasterida: inibidor da 5-alfa-redutase. • Espironolactona: acaba atuando como um antiandrogênio, diminuindo a síntese de testosterona e inibindo a enzima 5-alfa-redutase do folículo capilar → diminui a conversão de androstenediona e testosterona em di-hidrotestosterona, que é mais potente. Lembre-se de que é um antagonista da aldosterona (cuidado com o potássio). Deve-se evitar na gestação (feminiliza um feto masculino). • Cosmético (depilação, laser etc.). • Métodos de depilação e epilação (retirada inteira dos pelos) também podem ser empregados. A depilação é a técnica mais utilizada; no entanto, efeitos colaterais como irritação da pele podem surgir. Dentre as técnicas de epilação, pode-se usar a retirada mecânica dos pelos com pinça, cera e laser ou retirar permanentemente com a destruição térmica dos folículos pilosos. É comum em pacientes com SOP problemas psicológicos, como ansiedade e depressão, devido ao impacto do hiperandrogenismo na feminilidade e autoestima, sendo necessária uma abordagem multidisciplinar entre com profissionais ligados à saúde mental. Infertilidade Perda de peso isoladamente pode levar a ciclos ovulatórios e aumentar as taxas de gestação. Indução de ovulação com citrato de clomifeno é considerada técnica de reprodução de baixa complexidade. É utilizada por cinco dias. Deve ser realizada USG de acompanhamento e orientar o melhor dia para o coito. Pode provocar gestação múltipla e hiperestímulo ovariano, complicação da indução ovulatória em que há grande aumento do volume ovariano e perda de líquido doespaço intravascular para o extravascular devido ao aumento da permeabilidade vascular. Pode surgir ascite, derrame pleural, hemoconcentração, fenômenos tromboembólicos e insuficiência renal). Kamilla Galiza / 6º P A indução da ovulação também pode ser realizada com gonadotrofinas, antiandrogênicos e inibidores da aromatase. Técnicas de alta complexidade: fertilização in vitro (lembre- se de que SOP tem risco de síndrome de hiperestímulo, como citado anteriormente). Drilling ovariano É um procedimento cirúrgico que consiste na cauterização laparoscópica ovariana com eletrodo monopolar. Poderia aumentar as taxas de ovulação e gestação e ajudaria na diminuição dos androgênios ovarianos. • Cada vez menos utilizado. • Pode levar à perda de reserva ovariana Resistência insulínica Metformina atua suprimindo a glicogênese hepática, aumentando a sensibilidade periférica à insulina e diminuindo a absorção intestinal de glicose. Também pode ajudar na ovulação. Mapa mental – Tratamento Diagnostico diferencial Alguns diagnósticos diferenciais para a SOP, principalmente quando o sintoma principal é o hirsutismo. Os exames laboratoriais vão nos ajudar muito no diagnóstico: a. Exames laboratoriais: Avaliar níveis de androgênios: • SDHEA (sulfato de diidroepiandrosterona): produzida somente nas adrenais. Se há aumento importante de SDHEA, provavelmente há tumor de adrenal. • 17-0H Progesterona: é um precursor do cortisol. Pode estar aumentada em casos de hiperplasia adrenal congênita (forma tardia), na deficiência da 21- hidroxilase. Na periferia, é convertida em androgênios. • Testosterona: produzida tanto nos ovários quanto nas adrenais. Na SOP, pode aumentar discretamente. Um aumento importante é relacionado ao tumor ovariano. Principais patologias SOP • História: início gradual, irregularidade menstrual e anovulação. Infertilidade. • Exame físico: hirsutismo, acne, obesidade, acantose nigricans. • Laboratorial: normal ou 1 testosterona; 1 LH; ↓SHBG. • Imagem: USG com padrão micropolicístico ou ↑ volume ovariano. • Tratamento: clínico (ex.: AHCO). Tumor de adrenal Tríade do tumor de adrenal → virilização de início abrupto, 11 SHDEA, massa abdominal/ flanco. • História: início rápido. • Exame físico: virilização. • Laboratorial: 11 SHDEA. • Imagem: TC ou RM massa abdominal/flanco. • Tratamento: cirurgia para remoção do tumor. Tumor ovariano virilizante Tríade do tumor ovariano virilizante (Sertoli-Leydig) → virilização de início abrupto, 11testosterona, massa pélvica. • História: início rápido. • Exame físico: virilização; massa pélvica/anexial. • Laboratorial: ↑ ↑ testosterona. X Imagem → USG pélvico: massa anexial. • Tratamento: cirurgia para remoção do tumor. Hiperplasia adrenal congênita (deficiência de 21- hidroxilase) - forma tardia Tríade da hiperplasia adrenal congênita → hirsutismo de início gradual, 1 17-0H Progesterona, exame físico normal. • História: início gradual; secundária ou terciária; irregularidade menstrual e anovulação. Pode ter puberdade precoce e baixa estatura. Pode ter antecedente familiar (autossômica recessiva). • Exame físico: hirsutismo sem virilização. • Laboratorial: ↑↑ 17-0H Progesterona. • Tratamento: clínico com reposição de corticoide. Idiopático Tríade idiopática (1 da atividade da 5-alfa-redutase): hirsutismo de início gradual, exame normal, exames laboratoriais normais. • História: início gradual. Pode ter antecedente familiar. Fertilidade e menstruação normais. • Exame Físico: hirsutismo sem virilização. • Laboratorial: normais. • Tratamento: clínico. Ex.: espironolactona VO ou cremes. Referencias Tratado de Ginecologia Febrasgo. 1ªed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2019. BEREK, Jonathan. Berek & Novak: tratado de ginecologia. In: Berek & Novak: tratado de ginecologia. 2014.
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