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1 TRANSTORNOS POR USO DE SUBSTÂNCIAS Gizelle Felinto INTRODUÇÃO TRANSTORNO POR USO DE SUBSTÂNCIAS quadro crônico que promove mudanças na estrutura e funcionamento do cérebro, associado a tolerância e abstinência Trata-se de uma dependência de natureza comportamental, física e psicológica DEPENDÊNCIA: Dependência comportamental atividades de busca pela substância e evidencias relacionadas de padrões de uso patológico Dependência Física efeitos físicos (fisiológicos) de múltiplos episódios de uso de substância Dependência psicológica (habituação) caracteriza- se por uma fissura (desejo intenso) contínua ou intermitente pela substancia para evitar um estado disfórico SUBSTÂNCIA PSICOATIVA age no sistema nervoso central provocando mudanças no comportamento, consciência, humor, percepção e podem causar dependência EPIDEMIOLOGIA Varia de acordo com o lugar AVALIAÇÃO INICIAL SINTOMAS SINALIZADORES (red flags) que vão levar o paciente a procurar uma ajuda médica Distúrbio do sono Depressão Ansiedade Humor instável Irritabilidade exagerada Alterações da memória e da percepção da realidade Faltas frequentes no trabalho ou na escola ou diante de compromissos sociais Alterações da pressão arterial Problemas gastrointestinais História de trauma e acidente frequentes Disfunção sexual SINAIS FÍSICOS SINALIZADORES (red flags): Tremor leve (sugestivo de uso de diferentes substâncias) Pressão arterial lábil (sugestiva de síndrome de abstinência de álcool, nicotina, cocaína) Hipertensão arterial Taquicardia e/ou arritmia cardíaca (uso de estimulantes ou síndrome de abstinência) Aumento do fígado Irritação nasal (sugestiva de inalação de cocaína ou de uso de droga fumada) Irritação das conjuntivas (sugestiva de uso de maconha, álcool, nicotina, crack) Odor de álcool Odor de maconha ou nicotina nas roupas “Síndrome da higiene bucal” (disfarce do odor de álcool ou tabaco) Uso frequente de colírio ocular PADRÕES DE USO EXPERIMENTAL inicial, esporádico RECREATIVO uso em situações sociais ou de relaxamento USO FREQUENTE consumo regular, sem prejuízos significativos ABUSO/USO NOCIVO consumo continuado e que traz prejuízo físico, legal, mental DEPENDÊNCIA consumo continuado com presença de tolerância, sintomas de abstinência, compulsão, tempo demasiado dedicado a fim de obter substância, redução de atividades que não envolvam o consumo da substância TERMOS IMPORTANTES TOLERÂNCIA necessidade de doses maiores para efeito desejado e efeito menor com o uso continuado da mesma quantidade de substância ABSTINÊNCIA síndrome específica à substância devido ao uso continuado. Esta síndrome pode ser reduzida ou evitada com a utilização da substância ou outra substância específica INTOXICAÇÃO síndrome reversível específica à substância, causada pela ingestão recente e devido ao efeito da substância sobre o sistema nervoso central FISSURA OU CRAVING necessidade ou desejo intenso de consumo da substância ETIOLOGIA Interação entre múltiplos fatores FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O INÍCIO DO USO: Disponibilidade da droga Aceitação social Personalidade do indivíduo Biologia individual Efeitos produzidos no SNC QUANDO O PACIENTE EVOLUI PARA A DEPENDÊNCIA: As substâncias psicoativas capazes de causar dependência atuam sobre o sistema de recompensa, também denominado sistema mesolímbico-mesocortical, de natureza dopaminérgica e composto pelas estruturas: área tegmentar ventral (ATV), nucleus accumbens (NAcc), amigdala e o córtex pré-frontal 2 TRANSTORNOS POR USO DE SUBSTÂNCIAS Gizelle Felinto FATORES PSICODINÂMICOS o “barato” do uso da droga, o uso para esquecer os problemas como um estanho nocivo ou aversivo de dor, ansiedade, depressão. Pacientes podem usar como automedicação, o álcool pode ser usado para controlar o pânico, os opioides para diminuir a raiva, as anfetaminas para aliviar a depressão FATORES GENÉTICOS estudos propuseram que o abuso e a dependência de substância podem estar associados a genes que afetam a produção de dopamina FATORES NEUROQUÍMICOS neurotransmissores e receptores específicos a cada tipo de dependência EX: Opioides atuam sobre receptores opioides VIAS E NEUROTRANSMISSORES: Ativação do sistema MESOLÍMBICO (de recompensa) Os principais neurotransmissores envolvidos no desenvolvimento de abuso e dependência de substâncias são: Sistemas Opioides Sistemas de Catecolaminas (particularmente DOPAMINA) Relação direta entre a quantidade de dopamina disponível e a sensação que os pacientes vão ter com o uso da substância Neurônios dopaminérgicos na área tegmentar ventral se projetam para regiões cortical e límbica, especialmente para o nucleus accumbens Essa via está envolvida com a sensação de recompensa e pode ser o mediador principal dos efeitos de substancias como anfetamina e cocaína Locus ceruleus maior grupo de neurônios adrenérgicos, provavelmente medeia efeitos dos opioides Sistemas de ácido gama-aminobutírico (GABA) CRITÉRIOS DO DSM-5 Padrão problemático de uso de substância, levando a comprometimento ou sofrimento clinicamente significativos, manifestado por pelo menos 2 dos seguintes critérios, ocorrendo durante um período de 12 meses: 1. Uso recorrente da substância, resultando no fracasso em desempenhar papéis relevantes no trabalho, na escola ou em casa (Ex: ausências repetidas no trabalho ou baixo desempenho profissional, negligência dos filhos e dos afazeres domésticos...) 2. Uso recorrente em situações nas quais isso representa perigo para a integridade física (Ex: tabagista vai fumar mesmo tendo uma doença pulmonar, condução de veículos após o uso da substância...) 3. Uso continuado apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou amplificados pelo efeito da substância (Ex: discussão com o cônjuge sobre as consequências da intoxicação, agressões físicas...) 4. Substância é consumida em maiores quantidades ou por período mais longo do que o pretendido 5. Existe desejo persistente ou esforços malsucedidos no sentido de reduzir o uso ou controla-lo 6. Muito tempo gasto em atividades a fim de obter a substância, utilizar ou recuperar-se de seus efeitos 7. Importantes atividade sociais, profissionais ou recreativas são abandonadas em virtude do uso 8. Uso mantido apesar dos evidentes problemas físicos ou psicológicos persistentes ou recorrentes relacionados à substância 9. Fissura ou forte desejo ou necessidade de usar a substância 10. Tolerância definida por qualquer um dos seguintes: a) Necessidade de quantidades progressivamente maiores da substância para atingir a intoxicação ou o efeito desejado b) Efeito acentuadamente menor com o uso continuado da mesma quantidade de substância 11. Abstinência manifestada por qualquer um dos seguintes: a) Síndrome de abstinência característica da substância b) A mesma substância (ou a substância estreitamente relacionada) é consumida para aliviar ou evitar os sintomas de abstinência DEVE-SE ANALISAR UM AMPLO ESPECTRO DE PROBLEMAS Anamnese geral detalhada Anamnese focal, breve, empática e flexível sobre o uso de drogas e aparecimento de problemas Análise de frequência de uso Análise de quantidade Identificação de via de administração Identificação do último uso e de sinais e sintomas de intoxicação ou síndrome de abstinência CONDUTA Deverá haver avaliação da motivação e uma intervenção mínima para mantê-la Há necessidade de diagnóstico claro do uso nocivo ou aprofundamento do diagnóstico em um serviço especializado, com investigação de outras morbidades associadas? Deverá ser feito exame psíquico e físico Deverá ocorrer devolutivados resultados das escalas aplicadas Deverá ser definido segmento: Se orientado e encaminhado para outro serviço Agendar contrarreferência, mantendo um contato com o serviço para o qual o paciente foi recomendado Se aplicada a intervenção mínima, organizar as sessões seguintes para continuar a avaliação das metas, da motivação e de outras necessidades ESTÁGIOS DE MOTIVAÇÃO PARA MUDANÇA PRÉ-CONTEMPLAÇÃO Indivíduo não identifica que está com problema (não considera possibilidade de mudança) 3 TRANSTORNOS POR USO DE SUBSTÂNCIAS Gizelle Felinto CONTEMPLAÇÃO o indivíduo identifica o problema, mas não quer mudar (sabe dos riscos, mas não deixa de fazer uso) PREPARAÇÃO o indivíduo pensa em mudar e planeja (normalmente ele está inseguro quanto à capacidade de levar a decisão a diante) O papel do profissional de saúde é fundamental Nessa fase o fumante pode evoluir para o estágio de AÇÃO ou, se a abordagem for inadequada, voltar à fase de CONTEMPLAÇÃO AÇÃO o indivíduo está motivado a tomar a atitude e efetuar a mudança O paciente busca ajuda para parar de fazer uso da substância aconselhamento profissional e/ou auxilio medicamentoso MANUTENÇÃO manter a motivação para que não haja recaída ÁLCOOL INTRODUÇÃO Atualmente é um dos principais problemas de saúde pública no mundo 3ª causa de mortalidade que pode ser prevenida Os primeiros episódios de intoxicação costumam aparecer na adolescência A dependência desenvolve-se mais comumente entre 20 – 40 anos de idade No Brasil: Mais de 60% bebem ao ano Entre 6 – 7% de dependentes Abuso e dependência de álcool: Acarretam problemas sociais, legais, financeiros, no trabalho, na escola e nas relações interpessoais Estão relacionados a doenças gastrointestinais, cardiovasculares, endócrinas, imunológicas e neurológicas EFEITOS DO ÁLCOOL ABSORÇÃO: 10% é absorvido pelo estômago e o restante pelo intestino delgado Pico de concentração sanguínea 30 – 90 min após a ingestão (normalmente entre 45 – 60 min) De estômago vazio intensifica a absorção Absorção é mais rápida com bebidas que contém de 15 a 30% de álcool Depende do tempo que levou para o álcool ser consumido: Ingestão rápida reduz o tempo para atingir o pico Ingestão lenta aumenta o tempo para atingir o pico de concentração Mecanismos de proteção contra grandes quantidades de álcool: Concentração muito elevada no estômago faz com que o corpo secrete muco e a válvula pilórica se feche, reduzindo a absorção e impedindo que o álcool passe para o intestino delgado. Assim, grande quantidade de álcool permanecerá sem absorção no estômago durante horas. Esse piloroespasmo costuma resultar em náusea e vômito Assim que e absorvido, o álcool é distribuído para todos os tecidos do corpo como ele se dissolve uniformemente na água corporal, tecidos que contém grande quantidade de água recebem uma concentração elevada de álcool A taxa de absorção influencia diretamente na resposta de intoxicação METABOLISMO: 90% do que é absorvido é metabolizado pela OXIDAÇÃO NO FÍGADO 10% são excretados inalterados pelos rins e pulmões Metabolização por duas enzimas: Álcool Desidrogenase (ADH) catalisa a conversão de álcool em acetaldeído, que é um composto tóxico Aldeído Desidrogenase catalisa a conversão de acetaldeído em ácido acético. É inibida por DISSULFIRAM, usado no tratamento de transtornos relacionados ao álcool EFEITOS SOBRE O CÉREBRO: Efeitos comportamentais: Depressor do SNC Concentrações no sangue: 0,05% Pensamento, discernimento e inibição são relaxados e às vezes perturbados 0,1% atos motores voluntários se tornam perceptivelmente desajeitados 0,2% depressão da função de toda a área motora do cérebro pode ser medida, e as partes do cérebro que controlam o comportamento emocional também são afetadas 0,3% indivíduo fica confuso ou entra em estupor 0,4 a 0,5% entra em COMA Em níveis mais elevados, os centros primitivos do cérebro que controlam a respiração e a frequência cardíaca são afetados, ocorrendo morta secundária à depressão respiratória direta ou a aspiração de vômito Indivíduos com história antiga de abuso de álcool podem tolerar concentrações muito mais elevadas do que pessoas com baixo consumo de álcool Efeitos no sono: Aumenta a facilidade em adormecer (redução da latência do sono) Efeitos adversos sobre a arquitetura do sono diminuição do sono do movimento rápido dos olhos (sono REM ou sono com sonhos) e sono profundo e maior fragmentação do sono, com episódios mais frequentes e mais longos de vigília A noção que ingerir álcool ajuda a dormir é um mito! OUTROS EFEITOS FISIOLÓGICOS: 4 TRANSTORNOS POR USO DE SUBSTÂNCIAS Gizelle Felinto Fígado acúmulo de gorduras e proteínas, produzindo a aparência de um fígado gorduroso (às vezes pode ocorrer casos de hepatomegalia) TGI esofagite, gastrite, úlceras gástricas INTOXICAÇÃO ALCOÓLICA Uso nocivo do álcool em quantidades acima o tolerável para o organismo Sinais e sintomas caracterizam-se pelos níveis crescentes de depressão do SNC: 1. Euforia leve 2. Tontura, ataxia e incoordenação motora 3. Confusão, desorientação e graus variáveis de disartria, anestesia 4. Estupor, coma, depressão respiratória e morte SINAIS DE INTOXICAÇÃO POR ÁLCOOL: Fala arrastada Tontura Incoordenação Instabilidade na marcha Nistagmo Prejuízo na atenção ou memória Estupor ou coma Visão dupla CONDUTA: Procurar ambiente calmo e longe de estímulos, cuidado com a posição Observar rebaixamento de consciência, sinais vitais, glicemia Evitar benzodiazepínicos potencializa os efeitos ABSTINÊNCIA ALCOÓLICA Aparecimento de um conjunto de sinais e sintomas de desconforto devido à cessação ou redução da ingestão crônica de álcool É autolimitada, com duração média de 7 – 10 dias SINTOMAS GERAIS: IRRITABILIDADE GERAL SINTOMAS GASTROINTESTINAIS: Náusea Vômito HIPERATIVIDADE SIMPÁTICA AUTONÔMICA: Ansiedade Excitação Sudorese Rubor facial Midríase Taquicardia Hipertensão leve INSÔNIA TREMORES sinal mais precoce e mais clássico Sintomas tem relação temporal com o momento de cessação do uso: Sintomas leves (ansiedade, irritabilidade, insônia e tremor) costumam aparecer mais precocemente, cerca de 24 – 36h após a interrupção do uso Sintomas mais graves costumam surgir cerca de 3 – 4 dias depois da abstinência Abstinência leve a moderada (maioria dos pacientes) tremores, insônia, agitação e inquietação psicomotora SINAL DE GRAVIDADE crises convulsivas (10 – 15%) São estereotipadas, generalizadas e TÔNICO-CLÔNICAS FATORES QUE PREDISPÕEM OS SINTOMAS OU AGRAVAM A ABSTINÊNCIA: Fadiga Desnutrição Doença física Depressão CRITÉRIOS DO DSM-5 cessação ou redução do uso pesado e prolongado do álcool, assim como presença de sintomas físicos ou neuropsíquicos específicos Sinal clássico de abstinência alcoólica TREMOR (pode incluir sintomas psicóticos e de percepção, como delírios e alucinações) + CONVULSÕES + SINTOMAS DE DELIRIUM TREMENS CONDUTA reposição de tiamina, hidratação e controle sintomático EM CASOS GRAVES: DIAZEPAM a cada hora até sedação: cerca de 4 a 6 doses Retirar ¼ da dose por semana Pode ou não cursar com Delirium DELIRIUM TREMENS estado confusional breve Alta mortalidade (15 – 35%) É uma emergência médica que pode resultar em morbimortalidade significativa Início dentro de 72h, durando cerca de 1 semana Imprevisibilidade do comportamento agressivos ou suicidas, ou podem agir em resposta a alucinações ou pensamentos delirantes como se fossem perigos genuínos Pode surgirapós episódios de convulsão ou inesperadamente Tríade clássica de sintomas: OBNUBILAÇÃO DA CONSCIÊNCIA (confusão, desorientação temporoespacial, alucinações e ilusões vívidas) TREMORES MARCANTES SUDORESE PROFUSA Sintomas físicos de abstinência: Flutuação do nível de consciência vai de hiperexcitabilidade a letargia Alucinações e distorções da percepção (principalmente visuais ou táteis) Desatenção Discurso desorganizado, desorientação Conduta suporte + Benzodiazepínico 5 TRANSTORNOS POR USO DE SUBSTÂNCIAS Gizelle Felinto TRATAMENTO CARACTERÍSTICAS: É complexo, devido aos frequentes episódios de intoxicação, abstinência e recaídas Objetivos abstinência, prevenção de recaída e reabilitação Deve-se avaliar qual o estágio de motivação do paciente Recaídas antes eram vistas como fracasso, mas apenas significam que estratégias de prevenção devem ser empregadas Desintoxicação melhora das condições gerais e em prego de medicações que possam aliviar os sintomas de abstinência Intervenção breve avaliar a gravidade do alcoolismo e oferecer feedback motivacional e aconselhamento SEMPRE DAR UM SUPORTE PSICOTERÁPICO E MULTIPROFISSIONAL MEDICAMENTOS: Indicado para pacientes com consumo moderado a severo, que estão motivados a reduzirem a ingestão de álcool e que não tem contraindicação ao uso individual do medicamento DISSULFIRAM (Antabuse): Inibe a enzima acetaldeído desidrogenase, o que faz com que o acetaldeído (metabólito tóxico) se acumule no organismo, provocando efeitos colaterais Efeitos colaterais rubor facial, cefaleia, vômitos, taquicardia, tontura, fraqueza, sonolência, visão turva e sensação de morte iminente Diminui desejos e busca pela cocaína/crack É CONSIDERADO A SEGUNDA LINHA PARA O TRATAMENTO Contraindicações: Portadores de MIOCARDIOPATIA grave Portadores de DAC NALTREXONA: Antagonista opioide diminui o prazer pelo álcool por meio da liberação das endorfinas e consequente bloqueio da liberação de Dopamina Contraindicações: Não usar com opioide Indivíduos portadores de HEPATITE ou INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA Grupo: história familiar, uso intenso TABACO EPIDEMIOLOGIA - OMS 1 bilhão de fumantes em todo o mundo 20% se tornam dependentes alta prevalência Cerca de 3 milhões de mortes por ano A média de idade de início do tabagismo é de 16 anos Escolaridade o nível de escolaridade está correlacionado ao uso do tabaco, sendo mais prevalente quando a escolaridade é mais baixa Pacientes psiquiátricos grande proporção de pacientes psiquiátricos fuma Morte é o principal efeito adverso do tabagismo NEUROFARMACOLOGIA A nicotina afeta o SNC, agindo como agonista no subtipo nicotínico de receptores acetilcolinérgicos ATIVA VIA DOPAMINÉRGICA, que se projeta desde a área tegmentar ventral até o córtex cerebral e o sistema límbico (Sistema de Recompensa) Aumenta as concentrações de Norepinefrina e de Epinefrina circulantes e a liberação de vasopressina, Beta-endorfina, hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e cortisol DIAGNÓSTICO TRANSTORNO POR USO DO TABACO: O desenvolvimento de dependência é rápido DSM-5 caracterizado como fissura, uso persistente e recorrente, tolerância e abstinência se o uso for interrompido ABSTINÊNCIA DE TABACO: Sintomas: Intensa fissura por tabaco Tensão Irritabilidade Dificuldade de concentração Sonolência e insônia paradoxal Redução da frequência cardíaca e da pressão arterial Aumento do apetite e ganho de peso Redução do desempenho motor e aumento da tensão muscular AVALIAÇÃO DO GRAU DE DEPENDÊNCIA À NICOTINA TESTE DE FAGERSTROM: Maior ou igual a 5 iniciar terapia medicamentosa 6 TRANSTORNOS POR USO DE SUBSTÂNCIAS Gizelle Felinto TENTATIVAS DE INTERROMPER Rápida recaída mais de 2/3 nos primeiros dois dias Repetição (5 a 10 vezes) 50% de sucesso 60% sem apoio da medicação Ausência de alterações comportamentais TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DO TABAGISMO Avaliar estágio de motivação do paciente No caso de pacientes que estão prontos para parar de fumar, o ideal é marcar uma data de início da interrupção INDICAÇÕES: Fumantes moderados fumam 20 ou mais cigarros por dia Fumantes que fumam o primeiro cigarro até 30min após acordar e fumam, no mínimo, 10 cigarros por dia Fumantes com escora do teste de Fargerstrom igual ou maior que 5, ou avaliação individual, à critério profissional Fumantes que já tentaram para de fumar anteriormente apenas com a abordagem cognitivo-comportamental Fumantes que não possuem contraindicações clínicas À critério profissional TERAPIA COMPORTAMENTAL COGNITIVA (TCC) é fundamental em toda a etapa do tratamento, esteja o paciente tomando medicamento ou não PRIMEIRA LINHA: VARENICLINA: Uso por 12 semanas Custo elevado Contraindicações: Insuficiência Renal grave Mulheres grávidas e amamentando BUPROPIONA: Contraindicações absolutas: Epilepsia História de convulsões prévias anormalidades reconhecidas no eletroencefalograma Tumores do SNC Traumatismos cranianos Alcoolismo Uso de Inibidor da Monoaminooxidase (IMAO) TERAPIAS DE REPOSIÇÃO DE NICOTINA (TRN): Não deve ser indicada quando o paciente ainda estiver fumando devido ao risco de superdosagem de nicotina Não usar no período de 15 dias após IAM GOMA DE MASCAR Pode ser usado como monoterapia PASTILHAS ADESIVOS utilizam-se doses decrescentes de nicotina, até 8 a 10 semanas SEGUNDA LINHA: NORTRIPTILINA CLONIDINA CRACK E COCAÍNA EPIDEMIOLOGIA 0,3% da população mundial Prevalência entre homens é 2x maior do que entre as mulheres O uso atual de cocaína está em declínio, principalmente devido ao aumento da consciência de seus riscos e de campanhas públicas que abrangem sobre a substância e seus efeitos Uso frequente de crack nos últimos anos ETIOLOGIA FATORES GENÉTICOS estudos em gêmeos monozigóticos demonstraram que eles têm mais probabilidade de dependência em comparação aos dizigóticos. Esses fatores genéticos associados aos fatores ambientais únicos (não compartilhados) contribuem quase igualmente para o desenvolvimento de dependência de estimulantes FATORES SOCIOCULTURAIS fatores sociais, culturais e econômicos são fortes determinantes para o uso inicial, continuidade do uso e recaída FATORES FARMACOLÓGICOS ação sobre o SNC pode causar no indivíduo sensações de alerta, euforia e bem-estar. Usuários podem ter redução do apetite e menor necessidade de dormir NEUROFARMACOLOGIA Bloqueio competitivo da recaptação de DOPAMINA pelo transportador dopaminérgico aumento da concentração de dopamina na fenda sináptica, resultando em aumento da ativação de ambos os receptores dopaminérgicos, tipo 1 (D1) e tipo 2 (D2) Bloqueio da recaptação de Norepinefrina e de Serotonina Os efeitos comportamentais da cocaína são sentidos quase de imediato e duram um período de tempo reativamente curto (30 – 60 min), assim usuários necessitam de doses repetidas da droga para manter as sensações provocadas pela intoxicação Metabólitos da cocaína podem estar presentes no sangue e na urina até 10 dias após o uso Pode-se desenvolver dependência psicológico após um único uso, divido a sua potência como reforçador positivo de comportamento (ativador do sistema de recompensa) Administração repetida pode originar tanto tolerância como sensibilidade aos diversos efeitos da substância EFEITOS Inibição de recaptura das monoaminas, em especial a dopamina EFEITOS IMEDIATOS: Aumento de autoestima Euforia Bem-estar Apetite sexual Anorexia INTOXICAÇÃO Os critérios diagnósticos envolvem os sinais e sintomascomportamentais e físicos 7 TRANSTORNOS POR USO DE SUBSTÂNCIAS Gizelle Felinto Os principais sistemas afetados costumam ser o cardiovascular e o sistema nervoso central SINAIS E SINTOMAS: Midríase Agitação ou retardo psicomotor Taquicardia ou bradicardia Transpiração ou calafrios Arritmias cardíacas ou dor torácica Pressão arterial alta ou baixa Discinesias Distonias Perda de peso Náusea ou vômito Fraqueza muscular Depressão respiratória Confusão, convulsões ou coma Ansiedade, “pânico”, agressividade Midríase, sudorese, espasmos, convulsões Benzodiazepínicos Ativação cardiovascular HAS, IAM, AVC Suporte clínico Delirium estado convulsional SISTEMA CARDIOVASCULAR: Angina pectoris é a queixa mais comum Pode ocorrer IAM, geralmente em indivíduos cardiopatas e tabagistas Pode ocorrer arritmias induzidas pela cocaína Risco de HAS SNC: Vasoconstrição! Eventos vasculares cerebrais isquêmicos Ataque Isquêmico Transitório, Infartos Cerebrais Isquêmicos Pode haver Infartos Hemorrágicos Cerebrais e Medulares Há relatos de Convulsões tônico-clônicas MORTE altas doses de cocaína estão associadas a convulsões, depressão respiratória, doenças cerebrovasculares e IAM, que podem levar à morte ABSTINÊNCIA Os sintomas de abstinência geralmente atingem o ápice em 2 a 4 dias e se resolvem em uma semana O sintoma mais grave é a DEPRESSÃO pode ser grave após o uso prolongado de doses elevadas de estimulantes, podendo estar associada a ideação ou comportamento suicida Em casos de uso leve a moderado sintomas costumam melhorar em até 24h Em casos de uso pesado os sintomas podem durar até uma semana SINAIS E SINTOMAS: Disforia, depressão, pesadelos, ideação suicida Duração de dias a semanas Diminuição global de energia Lentificação Fadiga Momentos de fissura avidez do indivíduo por cocaína é poderosa e intensa, pois ele sabe que o uso pode aliviar ou eliminar esses sintomas desagradáveis TRATAMENTO TOPIRAMATO: Facilita abstinência de Crack ANTIDEPRESSIVOS mais reservados para casos de comorbidade conhecida BENZODIAZEPÍNICOS: Cautela na interação com as substâncias Indicada para casos agudos de compulsão, quando seguro o uso ASPECTOS GERAIS DA ABORDAGEM Estabelecer um bom vínculo com o paciente Determinar o estágio motivacional Envolver família, amigos e grupos de apoio no suporte do tratamento Estimular a refletir sobre os prejuízos do uso e buscas meios de motivas para o tratamento Investigar outros transtornos associados no Transtorno por uso de substâncias Tratamento medicamentoso e psicoterapia auxiliam no tratamento das comorbidades e controle de recaídas
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