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1 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS (MII) Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ Também chamadas de Miopatias Autoimunes Sistêmicas ou Doenças Inflamatórias Musculares ou Miosites ➢ São doenças que tem como acometimento predominante o músculo ➢ CONCEITO → são um grupo heterogêneo de doenças sistêmicas autoimunes raras que acometem primariamente a musculatura esquelética, sendo caracterizadas por fraqueza muscular em decorrência da inflamação dos músculos estriados • Heterogêneo → pois cada grupo tem peculiaridades clínicas, histopatológicas, fisiopatológicas, de tratamento... ➢ Manifestações Extramusculares podem estar presentes → podendo haver acometimento cutâneo, cardíaco, pulmonar e/ou do trato gastrointestinal ➢ Pode-se ter inflamação muscular (miosite) em várias situações, e não apenas nesse grupo de doenças (Ex: dengue pode causar miosite) FENÓTIPOS CLÍNICOS ➢ Dermatomiosite (DM) → tem envolvimento cutâneo ➢ Polimiosite (PM) → é muito parecida com a dermatomiosite, mas não tem lesões cutâneas ➢ Miosite por Corpúsculos de Inclusão (MCI) ➢ Miopatia Necrotizante Imunomediada (MNIM) → há necrose muscular ➢ Síndrome Antissintetase (SAS) → associada a um grupo de autoanticorpos específicos ➢ Miopatias associadas a outras doenças autoimunes sistêmicas → é quando se tem uma doença autoimune com um quadro inflamatório muscular como espectro clínico dessa doença autoimune (Ex: Lúpus, Esclerose Sistêmica, Artrite Reumatóide...) EPIDEMIOLOGIA ➢ Incidência Anual → varia de 0,5 – 8,4 casos por um milhão de habitantes (são raras) • Mulheres são mais afetadas do que homens (proporção de 2:1), exceto no caso de Miosite por Corpúsculos de Inclusão, que é mais comum em homens (proporção de 2:1) ➢ Dermatomiosite (DM): • Mais comum em mulheres do que em homens • Idade de início com distribuição bimodal (tem 2 picos de incidência): ▪ 10 – 15 anos de idade ▪ 40 – 55 anos de idade ➢ Polimiosite (PM): • Incidência anual → 0,41 – 0,75 casos por um milhão de habitantes • Mais comum em mulheres do que em homens • Afeta principalmente adultos • É rara na população pediátrica ➢ Polimiosite, Miopatia Necrotizante Imunomediada e Síndrome Antissintetase: • Pico de incidência → 40 – 55 anos • Mais frequente em mulheres ➢ Miosite por Corpúsculos de Inclusão: • Pico de incidência → > 50 anos de idade • Mais frequente em homens do que em mulheres (proporção de 2:1) FISIOPATOLOGIA ➢ A fisiopatogênese não está bem estabelecida e, à medida em que é estudada, se mostra cada vez mais distinta a fisiopatologia de cada fenótipo clínico das miopatias inflamatórias ➢ As distinções clínicas e histopatológicas entre essas condições sugerem diferentes processos patogênicos de cada fenótipo de miopatia inflamatória ➢ Característica em comum das Miopatias Inflamatórias → acometimento imunomediado do músculo ➢ VIAS PATOGÊNICAS DESCRITAS/DOCUMENTADAS: • Agressão Infecciosa ou Lesão Microvascular → Existe inicialmente uma agressão infecciosa ou uma lesão microvascular na periferia da fibra muscular, levando à liberação de antígenos musculares. Assim, esses antígenos liberados são reconhecidos pelo sistema imune como sendo corpos estranhos, produzindo autoanticorpos • Mimetismo Molecular → existe um estímulo externo (geralmente agentes infecciosos), constituindo os antígenos. O sistema imune produz anticorpos contra esses antígenos, mas existem moléculas do próprio indivíduo que tem uma morfologia parecida com esse antígeno. Assim, o anticorpo se “confunde” e acaba atacando também essas moléculas ▪ Há um mimetismo molecular entre determinantes antigênicos de agressores externos e epítopos encontrados em autoantígenos musculares. Assim, esses autoantígenos são apresentados às células T pelos macrófagos que estão presentes no músculo após a infecção ou a lesão primária ➢ Anormalidades moleculares do Interferon tipo 1 (IFN) sugerem uma patogênese incluindo a superprodução de Interferon tipo 1, com evidencia sugerindo predomínio de Interferon-Beta (IFNB) ➢ Entre os fenótipos clínicos, as mais estudadas são a Polimiosite e a Dermatomiosite: • Inicialmente ocorre a interação entre fatores ambientais (no caso da figura é uma infecção que tem como porta de entrada os pulmões) e fatores genéticos de um indivíduo geneticamente suscetível. No organismo, esses antígenos, através dos linfonodos, atingem a microcirculação, causando uma lesão microvascular que produz 2 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS (MII) Gizelle Felinto autoantígenos com produção de autoanticorpos e isso tem uma expressão no músculo. Na dermatomiosite há acometimento também da parede do vaso, por isso que a dermatomiosite tem um componente vascular (vasculopatia) importante • Células T CD4+ → são mais expressas na Dermatomiosite • Células T CD8+ → são mais expressas na Polimiosite • Polimiosite → não tem expressão de linfócito B • Grânulos de perforina → são mais expressos na Polimiosite • Distribuição das células inflamatórias: ▪ Dermatomiosite → na periferia do conjunto de fibras musculares (no perimísio) ▪ Polimiosite →entre as fibras musculares (no endomísio) ➢ Células T → sugere-se que são fatores patogênicos da Síndrome Antissintetase ➢ Miopatia Necrotizante Imunomediada: • Possível mecanismo de lesão muscular → ligação de autoanticorpos à superfície das miofibras e subsequente lesão celular mediada pelo complemento • Histologia → fibras necróticas e em regeneração dispersas com relativa ausência de infiltração de linfócitos e expressão do Complexo Principal de Histocompatibilidade classe 1 (MHC1) e Complexo de Ataque à Membrana (MAC) no sarcolema de fibras não necróticas ➢ Miosite por Corpúsculos de Inclusão → a lesão da miofibra é resultante da liberação de citocinas e citotoxicidade de um população de células T citotóxicas efetoras altamente diferenciadas QUADRO CLÍNICO ➢ SINTOMAS CONSTITUCIONAIS (Sintomas Sistêmicos): • Fadiga persistente • Perda de peso • Febre • Mialgia (50% dos pacientes) → nem toda inflamação muscular causa dor muscular e nem toda dor muscular é inflamação muscular ➢ Quadro Clássico de Miopatia Inflamatória → Fraqueza Muscular • O quadro mais sugestivo de uma inflamação muscular é a fraqueza • Geralmente, a fraqueza apresenta as seguintes características: ▪ Insidiosa (2 a 6 meses) ▪ Progressiva ▪ Simétrica ▪ Proximal dos membros (superiores e/ou inferiores) • Em geral, atinge a musculatura das cinturas escapulares e de cintura pélvica ➢ Importante → Na ocasião do diagnóstico, aproximadamente 1/5 (20%) dos pacientes já se encontra acamado e quase 1/2 (50%) apresenta algum grau de disfagia (pois a fraqueza da musculatura estriada esquelética do 1/3 superior do esôfago e/ou músculos orofaríngeos contribui para disfagia, regurgitação nasal e/ou aspiração) • Isso é um fator de mau prognóstico, pois quando se perde fibra muscular não há medicação que faça com que o paciente recupere essas fibras. Assim, essa perda muscular é irreversível • Disfagia → tem risco de Broncoaspiração ▪ É o sintoma gastrointestinal mais relatado • Por estar acamado, o paciente tem vários outros riscos associados, como infecções respiratórias e embolia pulmonar • O envolvimento esofágico é mais comum em pacientes mais velhos e pode estar subjacente ao aumento da incidência de pneumonia bacteriana ➢ EXAME FÍSICO: • Escala de Avaliação da Força Muscular (do MRC – Medical Research Council): 0 Não se percebe nenhuma contração (Plegia total) 1 Traço de contração, sem produção de movimento 2 Contração fraca, produzindo movimento com a eliminação da gravidade 3 Realiza movimento contra a gravidade, mas sem resistência adicional 4 Realiza movimento contra resistência externa moderada a grave 5 É capaz de superarmaior quantidade de resistência que o nível 4 ▪ Quando o paciente é avaliado com suspeita de miopatia inflamatória deve-se avaliar o grau de força de cada grupo muscular, graduando de 0 a 5 ▪ Piores graus (0, 1 e 2) ➢ NA DERMATOMIOSITE: • Além do quadro muscular, apresenta lesões cutâneas características • 15 – 20% dos pacientes podem mostrar ausência ou discreto comprometimento muscular • Dermatomiosite Clinicamente Amiopática → quando o paciente não tem déficit de força e nem musculatura acometida (a fisiopatogênese é a mesma, as lesões cutâneas são as mesmas, mas o músculo é poupado) ▪ Esses casos cursam com alterações cutâneas típicas de Dermatomiosite POLIMIOSITE ➢ Tem características semelhantes às da Dermatomiosite, porém não apresenta manifestações cutâneas ➢ Há fraqueza do músculo esquelético proximal e evidência de inflamação muscular ➢ EPIDEMIOLOGIA: • É mais comum em mulheres do que em homens • Afeta principalmente adultos • É rara na população pediátrica 3 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS (MII) Gizelle Felinto • Incidência anual → 0,41 – 0,75 casos por 100.000 de habitantes ➢ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Fraqueza Muscular Proximal Simétrica: ▪ É a característica mais comum ▪ Mais de 90% dos pacientes com Polimiosite apresentam fraqueza muscular ▪ Características da fraqueza: ✓ Distribuição: o Simétrica e proximal o Geralmente, os músculos afetados são os deltoides e os flexores do quadril o A fraqueza dos flexores do pescoço também é comum o Fraqueza muscular distal → se presente, tende a ser leve e geralmente não causa comprometimento funcional significativo ✓ Curso: o Geralmente, o desenvolvimento da fraqueza muscular é insidioso ou subagudo, com piora gradual ao longo de vários meses antes que o atendimento médico seja procurado o Um início agudo de fraqueza é ocasionalmente relatado ▪ Pacientes descrevem, por exemplo, uma dificuldade de subir escadas, levantar de uma cadeira, carregar peso ou pegar seus filhos devido ao envolvimento dos músculos proximais ▪ Miosite focal (raramente ocorre) → geralmente, progride para a forma generalizada típica ao longo do tempo ▪ Atrofia muscular → geralmente, não é observada nos casos iniciais, mesmo em pacientes com fraqueza acentuada, mas pode ocorrer na doença grave e de longa data • Doença Pulmonar Intersticial (DPI): ▪ Ocorre em 10% dos casos de Polimiosite ▪ É mais frequente em associação com os anticorpos da síndrome antissintetase, como o anti-Jo-1 ou outro anticorpo antissintetase • Insuficiência Respiratória → pode decorrer tanto da DPI quanto da fraqueza dos músculos diafragmáticos e da parede torácica • Envolvimento esofágico → disfagia • Envolvimento cardíaco: ▪ Miocardite ▪ Anormalidades de condução e Arritmias → manifestações assintomáticas ▪ Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) → é menos comum ▪ Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) → há um risco 3 – 4 vezes maior do que na população sadia DERMATOMIOSITE ➢ Apresenta fraqueza do músculo esquelético proximal e evidência de inflamação muscular associada a manifestações cutâneas ➢ Devido às manifestações cutâneas, há risco aumentado de malignidades subjacentes ➢ Porém, há uma forma de Dermatomiosite que não apresenta manifestações musculares: • Dermatomiosite Clinicamente Amiopática (15 – 20%) → apresenta apenas as manifestações cutâneas características sem fraqueza ou enzimas musculares anormais ➢ EPIDEMIOLOGIA: • É mais comum em mulheres do que em homens • Incidência anual → 1 caso para cada 100.000 habitantes ➢ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Fraqueza Muscular Proximal Simétrica → semelhante ao acometimento da Polimiosite ▪ Manifestações cutâneas frequentemente precedem ou acompanham a fraqueza ▪ A fraqueza é encontrada em 50 – 60% desses pacientes ▪ Mialgias leves e Sensibilidade Muscular → ocorrem em 25 – 50% dos casos ▪ Dor leve e inchaço nas articulações → podem ocorrer e são atribuídas à fraqueza. A rigidez articular não é uma queixa proeminente • Doença Pulmonar Intersticial (DPI): ▪ Ocorre em 10% dos casos de Dermatomiosite ▪ Pode ser observada em pacientes com doença clássica ou amiopática ▪ DPI rapidamente progressiva associada a insuficiência pulmonar e morte é mais comumente uma característica da Dermatomiosite anti-MDA5 • Insuficiência Respiratória → pode decorrer tanto da DPI quanto da fraqueza dos músculos diafragmáticos e da parede torácica • Envolvimento esofágico → disfagia • Envolvimento cardíaco: ▪ Miocardite ▪ Anormalidades de condução e Arritmias → manifestações assintomáticas ▪ Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) → é menos comum ▪ Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) → há um risco 3 – 4 vezes maior do que na população sadia ➢ MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS → podem ser mais evidentes ou sutis em alguns casos • Aspectos Patognomônicos de Dermatomiosite → Pápulas de Gottron e Heliótropo • Heliótropo (Erupção por Heliotrópio): ▪ É uma erupção eritematosa violácea na pele periorbital ▪ Pode apresentar descamação ▪ Pode vir acompanhada de edema palpebral, que às vezes pode ser bastante acentuado ▪ É oriunda de uma inflamação cutânea e vascular 4 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS (MII) Gizelle Felinto ▪ Alguns pacientes podem ter toda a face eritematosa → isso acaba confundindo com o Lúpus Eritematoso Sistêmico (que causa o rash malar). Porém, o que difere é que o eritema da Dermatomiosite é difuso e não poupa os sulcos nasolabiais/nasogenianos • Eritema Facial: ▪ É fotossensível ▪ Trata-se de uma erupção médio-facial que envolve os sulcos nasolabiais ▪ Pode mimetizar o rash malar do LES → o rash malar poupa os sulcos nasolabiais • Edema Palpebral: ▪ Pode ocorrer com o Heliótropo ou não • Pápulas de Gottron e Sinal de Gottron: ▪ Pápulas de Gottron → quando ocorre nas mãos ▪ Sinal de Gottron → quando ocorre em outras superfícies extensoras (exceto mãos) ▪ São eritematosas a violáceas ▪ Ocorrem simetricamente sobre proeminências ósseas, principalmente nas partes extensoras (dorsais) das articulações metacarpofalangianas e interfalangianas ▪ Essas lesões podem envolver a pele entre as articulações metacarpofalangianas e interfalangianas, principalmente quando a erupção é proeminente ▪ Cotovelos e joelhos podem ser afetados ▪ As pápulas de Gottron costumam ter escama associada → quando a descamação está presente, as lesões podem mimetizar Psoríase e Líquen plano ▪ Podem ulcerar • Poiquilodermia Fotodistribuída (Sinal do Xale e Sinal do “V” do decote): ▪ Poiquilodermia → pele que demonstra hiperpigmentação e hipopigmentação, bem como telangiectasias e atrofia epidérmica ▪ Os pacientes podem apresentar poiquilodermia em qualquer local fotoexposto, mas tem-se áreas clássicas de acometimento → parte superior das costas (Sinal do Xale) e o “V” do pescoço e parte superior do tórax (sinal do “V” do decote) ▪ Frequentemente se apresenta com uma tonalidade violácea, mas pode ser eritematosa em pacientes com pele mais clara ▪ No início do curso da doença essas áreas podem apresentar apenas eritema, em vez de poiquilodermia bem desenvolvida ▪ O eritema pode ser macular (não palpável) ou papular ▪ A erupção cutânea da Dermatomiosite costuma estar associada a prurido significativo, o que pode auxiliar na distinção entre sua erupção fotoexacerbada e a do LES ▪ Sinal do “V” do Decote → lesões eritematosas na parte anterior do tórax Heliótropo Edema Palpebral Pápulas de Gottron Sinal de Gottron Sinal do “V” do Decote 5 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS (MII) Gizelle Felinto ▪ Sinal do Xale → lesão eritematosa na parte superior das costas • Sinal do Coldre: ▪ Poiquilodermia nas faces laterais das coxas ▪Além da pele, essa inflamação pode acometer o tecido celular subcutâneo, podendo envolver o panículo adiposo e causar paniculite • Anormalidades nas Pregas Ungueais: ▪ Decorrem de múltiplas alterações capilares nas pregas ungueais ▪ Acredita-se que o grau de envolvimento cuticular reflete a atividade cutânea em andamento, representando vasculopatia ativa ▪ Podem ocorrer: ✓ Alças capilares do leito ungueal dilatadas ✓ Hiperemia/Eritema periungueal ✓ Hipertrofia cuticular ▪ Hipertrofia Cuticular (“cutículas irregulares”): ✓ Também pode estar associada a infartos hemorrágicos dentro da área hipertrófica ▪ Leito Periungueal → os pacientes com Dermatomiosite podem ter acometimento de vasculatura do leito periungueal ✓ Esse acometimento também ocorre na Esclerose Sistêmica • Calcinose Cutânea: ▪ É a deposição de cálcio na pele ▪ Ocorre mais comumento na Dermatomiosite Juvenil do que na do adulto ▪ É muito difícil de se tratar ▪ Pode ser mais comum em pacientes com Dermatomiosite com autoanticorpo anti-Mj/anti-NXP-2 ▪ Ocorre em qualquer área do corpo ▪ Pode ser vista em outras condições, como: ✓ Esclerose Sistêmica (ES) → principalmente na forma limitada de ES cutânea conhecida como Síndrome de CREST: o Calcinose o Fenômeno de Raynaud o Dismotilidade Esofágica o Esclerodactilia o Telangiectasias ✓ Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) → é raro ✓ Sobreposição de doenças do tecido conjuntivo (colagenoses) Sinal do “V” do Decote Sinal do Xale Sinal do Coldre Hipertrofia Cuticular Lesão clássica de Dermatomiosite Hipertrofia Cuticular + Hiperemia Periungueal + Pápulas de Gottron - É clássica da Dermatomiosite porque não há nenhuma outra lesão que cause acometimento muscular e pápula de Gottron Dermatoscopia - Alterações em capilares do leito periungueal - Alças capilares dilatadas 6 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS (MII) Gizelle Felinto • Alterações Psoriasiformes no Couro Cabeludo: ▪ O envolvimento do couro cabeludo na Dermatomiosite geralmente inclui alterações poiquilodermatosas e escalação proeminente ▪ Geralmente simulam dermatite seborreica ou psoríase ▪ Pode ter como consequências queimaduras severas, prurido e/ou distúrbios do sono ▪ Pode ocorrer prurido grave no couro cabeludo em pacientes sem alterações psoriasiformes clinicamente evidentes • Eritrodermia Generalizada → raramente pode ocorrer. Trata-se envolvimento de extensa área de superfície cutânea, incluindo áreas menos expostas à luz ultravioleta ➢ Dermatomiosite associada a MDA5: • Pacientes com anticorpos do gene 5 associado à diferenciação de melanoma (MDA5) são conhecidos por terem um fenótipo característico com achados que incluem: ▪ Ulceração cutânea recobrindo pápulas de Gottron, sinal de Gottron, dobras ungueais laterais e polpa digital ▪ Máculas e pápulas palmares eritematosas e dolorosas, predominantemente sobre as dobras dos dedos e palmas ▪ Alopecia não cicatricial proeminente ▪ Úlceras orais ▪ Artrite ▪ Menor incidência de miosite ▪ Maior risco de Doença Pulmonar Intersticial (DPI), incluindo uma apresentação rapidamente progressiva com alta mortalidade • O reconhecimento dessas características cutâneas da Dermatomiosite ao MDA5 é fundamental para identificar pacientes que podem se beneficiar do monitoramento cuidadoso do estado pulmonar, principalmente na ausência de testes de autoanticorpos amplamente disponíveis ➢ Achados cutâneos raros: • Paniculite • Vasculite cutânea • Cicatrizes atróficas brancas de porcelana (lesões semelhantes à doença de Degos) • Formação de vesículas e bolhas • Ictiose • Hiperceratose folicular • Malacoplasia • Mucinose papular • Eritema flagelado • Edema difuso sem depressões → pode ser um marcador de doença mais agressiva MALIGNIDADES ASSOCIADAS À DERMATOMIOSITE E À POLIMIOSITE ➢ A dermatomiosite (DM) e a Polimiosite (PM) estão associadas a doenças malignas em uma minoria significativa de casos ➢ Há um risco aumentado de câncer nos primeiros 5 anos de diagnóstico da doença em pacientes com DM (mas não PM), embora o risco diminua anualmente ➢ A presença ou não de um tumor parece não afetar a gravidade ou distribuição da fraqueza, a duração da fraqueza antes do diagnóstico ou a altura da elevação da creatina quinase (CK) ➢ Essa maior associação ao câncer é porque os processos paraneoplásicos ligados à oncogênese e autoimunidade contribuem para a doença em um subconjunto de casos de DM e PM ➢ As taxas de malignidade são maiores na DM do que na PM ➢ Adenocarcinomas (do colo de útero, pulmão, ovários, pâncreas, bexiga e estômago) → são responsáveis por aproximadamente 70% dos cânceres associados a miopatias inflamatórias ➢ Todos os pacientes recém-diagnosticados com PM ou DM devem ser avaliados quanto à possibilidade de uma malignidade subjacente ➢ Fatores de Risco para o desenvolvimento de malignidade: • Idade avançada de início da doença • Disfagia • Manifestações cutâneas atípicas • Velocidade de hemossedimentação (VHS) persistentemente elevada • Refratariedade ao tratamento em pacientes idosos • Progressão rápida da fraqueza muscular • Evidência de dano capilar na biópsia muscular • Necrose cutânea ou eritema periungueal • Ausência de acometimento pulmonar • Vasculite Leucocitoclástica cutânea • Alguns autoanticorpos séricos em DM e PM • Presença de autoanticorpos miosite-específicos (Anti- MDA5) ➢ Fatores que parecem “proteger” contra malignidades (associação negativa com o câncer): • Doença Pulmonar Intersticial (DPI) → pois pacientes com DPI parecem ter uma frequência menor de malignidade • Presença de anticorpos específicos da miosite (anti- sintetase, anti-Mi-2, anti-SRP) e anticorpos associados à miosite (anti-RNP, anti-PM-Scl, anti-Ku) → porém, aumentam o risco de Doença Pulmonar Intersticial (DPI) na Dermatomiosite Calcinose Cutânea Alterações psoriasiformes no couro cabeludo 7 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS (MII) Gizelle Felinto ➢ Investigação da Malignidade na DM e na PM: • Principalmente em pacientes recém-diagnosticados com DM e com idade > 50 anos • Triagem inicial para Malignidade → Deve abranger: ▪ Anamnese (Histórico) ▪ Exame físico (incluindo exame pélvico) ▪ Hemograma completo ▪ Testes de função hepática (TGO e TGP) ▪ Urianálise ▪ Teste de sangue oculto nas fezes (caso a colonoscopia de triagem não seja indicada) ▪ Radiografia de Tórax ▪ Teste de Papanicolau → apropriado para idade e sexo ▪ Autoexame testicular ▪ Mamografia ▪ Colonoscopia • Investigação adicional: ▪ Tomografia Computadorizada (TC) → de tórax, abdômen e/ou pelve ✓ Sua solicitação é direcionada de acordo com resultados anormais encontrados na avaliação inicial ou devem ser realizadas em pacientes avaliados como de alto risco para malignidade • Rastreio de Câncer de ovário em pacientes com DM → não há consenso, mas quando é indicado (em mulheres consideradas de alto risco para câncer de ovário) deve-se pedir: ▪ Medições seriadas dos níveis de CA 125 (marcador tumoral para câncer de ovário) ▪ Ultrassom transvaginal • Pacientes com alto risco de neoplasia associada (tempo de diagnóstico de miopatia inflamatória < 5 anos, idade avançada na ocasião do diagnóstico, sintomas constitucionais, antecedente familiar importante para neoplasias) → realizar, de acordo com o caso: ▪ Ultrassonografia transvaginal ▪ Mamografia, ▪ Pesquisa de sangue oculto nas fezes ▪ Ca-125 ▪ Tomografia computadorizada de tórax e abdome ➢ Em relação ao Tratamento → a miosite associada ao câncer responde menos ao tratamento do que a miosite na ausência de cãncer ➢ Os pacientes com DM e PM devem continuar fazendo exames de rotina apropriados para a idade (Ex: mamografia,exame pélvico) como na população em geral MIOSITE POR CORPÚSCULOS/CORPOS DE INCLUSÃO ➢ É um distúrbio esporádico raro em adultos que causa fraqueza muscular com um início insidioso ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Acomete mais homens em faixa etária > 50 anos de idade • 1/3 dos pacientes tem disfagia ➢ PATOGÊNESE → é incerta, mas sugere-se que está relacionada à produção de um autoanticorpo (anti-C1NA) que ataca a fibra muscular, causando uma disfunção mitocondrial dentro da célula. Há inflamação, mas a disfunção mitocondrial leva mais a alterações degenerativas da fibra do que alterações inflamatórias (assim, é uma miosite que tem muita expressão de alterações degenerativas) ➢ QUADRO CLÍNICO: • Manifestações clínica clássica → fraqueza proximal dos membros inferiores e fraqueza distal dos membros superiores • O quadro da Miosite por Corpos de Inclusão é bem mais arrastado do que o das outras Miosites. Os pacientes passam anos (cerca de 10 a 20 anos, por exemplo) para evoluir o quadro, pois há muita degeneração da fibra, por isso que o quadro é mais insidioso • Fraqueza Muscular: ▪ Características: ✓ Insidiosa ✓ Simétrica ou assimétrica ✓ Ambos os grupos musculares proximais (cintura pélvica) e distais (antebraços e pernas) podem ser acometidos • Disfagia (1/3 dos casos) → mesmo sendo bastante frequente, costuma surgir tardiamente ▪ Disfunção Cricofaríngea pode causar disfagia ▪ Pode ocorrer por acometimento do 1/3 superior do esôfago ➢ EXAMES: • Enzimas Musculares → normais ou ligeiramente aumentadas ▪ Creatina Quinase (CK) → geralmente é < 10 vezes o normal • Biópsia Muscular (padrão-ouro) → deve ser realizada na maioria dos pacientes. Porém, nem sempre é possível de ser realizada ▪ Seria o ideal realizar a biópsia para o diagnóstico. Mas, como é muito pouco disponível, o diagnóstico acaba se baseando mais em achados clínicos ▪ Não são achados patognomônicos da doença ▪ Achados da biópsia muscular (são altamente específicos para a Miosite por Corpúsculos de Inclusão) → presença de vacúolos orlados, infiltrado inflamatório de células mononucleares de fibras musculares não necróticas e a presença de depósitos amiloides ou tubulofilamentos por microscopia eletrônica • Eletromiografia (EMG) → revela “miopatia irritável” com aumento da atividade de inserção, fibrilações, ondas positivas e recrutamento precoce de potenciais de ação da unidade motora polifásica de curta duração e pequena amplitude • Ressonância Magnética (RM) → as anormalidades tendem a ser localizadas nos grupos musculares acometidos ➢ DIAGNÓSTICO: • Baseia-se em Achados Clínicos + Laboratoriais Característicos: 8 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS (MII) Gizelle Felinto ▪ Achados Clínicos → fraqueza muscular lentamente progressiva com envolvimento precoce dos músculos do quadríceps e flexores do punho e dos dedos ▪ Laboratoriais → Enzimas Musculares elevadas ➢ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: • Outras miopatias inflamatórias (Ex: Dermatomiosite e Polimiosite) • Miopatias hereditárias por corpúsculos de inclusão • Miopatias induzidas por medicamentos • Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) ➢ TRATAMENTO: • O tratamento da Miosite por Corpos de Inclusão não tem um sucesso terapêutico como o das outras miosites, pois há muita degeneração e pouca expressão inflamatória • Por isso que é tipicamente refratária ao tratamento com Glicocorticoides e/ou Imunossupressores habitualmente utilizados nos casos de Dermatomiosite e Polimiosite DIFERENCIAÇÃO ENTRE MIOSITE POR CORPÚSCULOS DE INCLUSÃO E POLIMIOSITE - Miosite por Corpúsculos de Inclusão Polimiosite Sexo mais comum Masculino Feminino Faixa-etária Incomum antes dos 50 anos Comum antes dos 50 anos Início insidioso Agudo ou Subagudo Curso Lentamente progressivo Mais rápido Distribuição da fraqueza Flexor do dedo, geralmente assimétrico e fraqueza da perna proximal Proximal e simétrico Creatina Quinase (CK) Normais ou < 10 vezes o normal Frequentemente > 10 vezes o normal Eletromiografia Miopático ou misto de miopatia e neurogênica Miopático Biópsia muscular Inflamação, vacúolos orlados, inclusões Inflamação, necrose de fibra Resposta à terapia Geralmente pobre Esperado MIOPATIA NECROTIZANTE IMUNOMEDIADA ➢ Entre as outras, é a miosite que tem progressão mais rápida, pois o processo inflamatório imunomediado na fibra muscular é tão intenso que acaba levando a necrose ➢ Podem ocorrer recidivas recorrentes ➢ Pode ser em consequência de exposição prévia ao uso de hipolipemiantes (Estatinas) → essa exposição pode ser um gatilho para desencadear a formação de autoanticorpos e agressão da fibra com necrose • Nesse caso, quando a estatina é exposta ao sistema imune pode induzir a formação de um autoanticorpo que agride a fibra muscular e leva a necrose • As Estatinas também podem causar miopatias por outro mecanismo além da necrose ➢ Pode ser subclassificada de acordo com a presença de autoanticorpos: • Anti-hidroxi-metil-glutaril-coenzima A redutase (anti- HMGCR) → segundo um estudo, cerca de 2/3 dos casos tem exposição prévia a estatinas • Antipartícula reconhecedora de sinal (anti-SRP) → segundo um estudo, cerca de 20% dos casos tem exposição prévia a estatinas ➢ QUADRO CLÍNICO: • Fraqueza Muscular: ▪ Se instala de forma aguda ou subaguda ▪ Manifesta-se de maneira acentuada ▪ Tem curso agressivo e com várias recidivas • Há níveis séricos elevados de enzimas musculares • Decorrem do acometimento da musculatura faríngea: ▪ Disfagia superior → manifestada como dificuldade no início da deglutição ▪ Regurgitação nasal ▪ Disfonia SÍNDROME ANTISSINTETASE ➢ É caracterizada pela presença da Tríade Clássica: • Miopatia Inflamatória + Doença Pulmonar Intersticial (DPI) + Acometimento Articular ➢ Pode cursar também com: • Febre • “Mãos de mecânico” → descamação na face lateral dos dedos e das mãos • Fenômeno de Raynaud ➢ Características gerais da Síndrome Antissintetase: • Febre → há febre no início da doença, sem causa aparente • Miopatia Inflamatória → definida pelos critérios de Bohan e Peter (1975) • Fenômeno de Raynaud → cianose, palidez e hiperemia das extremidades dos membros • Acometimento Articular → artrite não erosiva e não deformante • “Mãos de Mecânico” → hiperqueratose, descamação e fissuras palmares • Doença Pulmonar Intersticial (DPI) → lesão do parênquima pulmonar, resultando em graus variáveis de inflamação e fibrose • Autoanticorpos → Anti-aminoacil-tRNA sintetases - Recebe esse nome porque a pele fica bastante endurecida/espessa com descamação, como se o indivíduo tivesse trabalhado como um mecânico, com ferramentas “Mãos de Mecânico” 9 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS (MII) Gizelle Felinto ➢ Laboratorialmente → é caracterizada pela presença de autoanticorpos séricos anti-aminoacil-tRNA sintetases • Para afirmar que o paciente tem uma Síndrome Antissintetase deve-se ter a presença do autoanticorpo anti-sintetase ➢ No início da doença → é frequente a apresentação incompleta da tríade • Quando é acompanhada de febre, “mãos de mecânico” e/ou fenômeno de Raynaud → aumenta a possibilidade de evoluir posteriormente com quadro completo de síndrome antissintetase ➢ É comum observar recidivas da doença que não necessariamente mimetizam os quadros clínicos prévios/anteriores MIOPATIAS ASSOCIADAS A OUTRAS DOENÇAS AUTOIMUNES SISTÊMICAS ➢ É a associação das Miopatias inflamatórias com outras doenças, como: • Lúpus Eritematoso Sistêmico • Esclerose Sistêmica • Artrite Reumatóide • Síndrome de Sjogren ➢ Em contrapartida, podem ser apenas uma das manifestações de outras doenças autoimunes sistêmicas → Ex: Miosite da Esclerose Sistêmica ou Lúpus Eritematoso SistêmicoMANIFESTAÇÕES EXTRAESQUELÉTICAS ➢ Manifestações extraesqueléticas que podem se dar em doenças Musculares Inflamatórias Idiopáticas: • ARTICULARES: ▪ Artralgias ▪ Artrites não erosivas → se houvesse erosão em um quadro de uma doença em que se tem dúvida diagnóstica, muito provavelmente a doença se trata de uma Artrite Reumatóide ✓ Ou então, se houver erosão e características de Miosite, pode-se dizer que o paciente pode ter duas doenças • TRATO GASTROINTESTINAL (principalmente na Dermatomiosite, pois as vasculopatias que ocorrem na pele também podem ocorrer no trato gastrointestinal) → a fraqueza do músculo estriado do terço superior do esôfago e/ou dos músculos orofaríngeos contribui para: ▪ Disfagia → é o sintoma gastrointestinal mais relatado ▪ Regurgitação nasal ▪ Aspiração ▪ O envolvimento esofágico é mais comum em pacientes mais velhos e pode estar subjacente ao aumento da incidência de pneumonia bacteriana • CARDÍACAS: ▪ Miocardite → principalmente na Dermatomiosite e na Polimiosite ▪ Distúrbios de condução → mais frequente ▪ Arritmias ▪ Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) → é menos comum ▪ Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) → principalmente na Dermatomiosite e na Polimiosite • PULMONARES (exceto a Síndrome Antissintetase, pois ela já apresenta a DPI como parte de sua tríade clássica) → 5 a 47% dos pacientes com Miosite tem DPI ▪ Doença Pulmonar Intersticial (DPI) → ocorre em pelo menos 10% dos casos de Dermatomiosite e Polimiosite ✓ Tem frequente associação com anti-Jo-1 ou outro anticorpo antissintetase ✓ Na Dermatomiosite, pode ser observada em pacientes com doença clássica ou amiopática ✓ DPI rapidamente progressiva associada a insuficiência pulmonar e morte → é mais comum na Dermatomiosite Anti-MDA5 ✓ Quadro clínico: o Dispneia, tosse, dor torácica, intolerância aos exercícios e insuficiência respiratória ✓ Imagens Radiográficas → podem revelar Doença Pulmonar Intersticial, com achados de padrão em “vidro fosco”, opacidades lineares, consolidações e/ou micronódulos pulmonares ▪ Insuficiência Respiratória → pode resultar da fraqueza dos músculos diafragmáticos e da parede torácica • Úlceras e Vasculites Cutâneas: ▪ Podem ocorrer, principalmente na Dermatomiosite ▪ Além de possíveis sinais de gravidade da doença, são áreas de infecções secundárias → pacientes que tem vasculite com úlceras tem uma morbimortalidade aumentada, pois as úlceras são porta de entrada para outros microrganismos • Fenômeno de Raynaud → pode ocorrer em 10 – 15% dos pacientes • Lembrete (Síndrome Antissintetase) → o acometimento articular (artrite) e pulmonar (intersticiopatia), febre no início da doença, fenômeno de Raynaud e “mãos de mecânico”, em miopatias autoimunes, constituem um grupo de pacientes com a chamada Síndrome antissintetase ▪ Essa síndrome está associada também a presença de autoanticorpos miosite-específicos denominados antissintetase, sendo o mais frequente o anti-Jo-1 EXAMES COMPLEMENTARES ➢ São encontrados autoanticorpos (incluindo anticorpos antinucleares) em até 80% dos pacientes com Dermatomiosite e Polimiosite ➢ Diagnóstico e Intervenção Precoce: • É fundamental um diagnóstico e tratamento precoce, para se evitar ou diminuir morbimortalidade e diminuir o risco de recidivas da doença • Quanto mais tardio for o início do tratamento, pior é o prognóstico da doença, com maior incidência de recidivas e evolução para o uso de biológicos 10 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS (MII) Gizelle Felinto • Na Dermatomiosite → é fundamental que se realize o rastreamento neoplásico, principalmente em indivíduos > 50 anos de idade • Pacientes com quadro sugestivo de Polimiosite (PM) ou PM- like → é indispensável a realização de biópsia muscular elucidativa ➢ EXAMES LABORATORIAIS: • Hemograma → é inespecífico, mas os pacientes com Miosite podem apresentar Anemia de Doença Crônica (normocítica e normocrômica) ▪ Anemia de doença crônica nas miosites é um Red flag → pois muitos quadros musculares inflamatórios podem estar associados a uma neoplasia de base (ou seja, a anemia pode ser indicativo da presença de um tumor) • Velocidade de Hemossedimentação (VHS) e Proteína C Reativa (PCR): ▪ Não são bons indicadores para atividade de doença (exceto quando há associação com quadro articular e/ou pulmonar) ▪ Valores normais não significam que a doença não está em atividade ▪ Tem uma boa relação com Artrite e com Doença Pulmonar Intersticial (DPI) • Outros exames laboratoriais → devem ser solicitados para o diagnóstico diferencial ➢ ENZIMAS MUSCULARES: • Elevações na creatina quinase (CK), lactato desidrogenase (LDH), aldolase e aminotransferases ocorrem na maioria dos pacientes com Dermatomiosite e Polimiosite • Não necessariamente todas as enzimas se encontram aumentadas • Creatina Quinase (CK) ou Creatina Fosfoquinase (CPK): ▪ É o exame mais sensível e específico ▪ Podem alcançar 10 a 50 vezes o limite superior da normalidade ▪ Servem para: ✓ Diagnóstico ✓ Acompanhar o indivíduo durante o tratamento ▪ Pode variar amplamente: ✓ Miosite por Corpos de Inclusão (MCI) → tem aumento mais discreto, normalmente é < 10 vezes o limite superior ✓ Pacientes não tratados com doença muscular ativa → geralmente a CK > 10 vezes o limite superior normal (2000 – 3000 unidades internacionais/L) ✓ Casos graves → geralmente CK > 50 ou até 100 vezes o limite superior normal (10.000 – 20.000 unidades internacionais/L) ✓ Às vezes, níveis mais elevados que esses acima não são observados ▪ Não há uma correlação clara entre CK e a gravidade da fraqueza ▪ Pode ocorrer elevações nas enzimas musculares séricas sem fraqueza muscular perceptível, principalmente em pacientes com doença precoce ▪ A ocorrência de fraqueza muscular com níveis de enzimas relativamente normais é muito mais provável de ocorrer na Dermatomiosite do que na Polimiosite ▪ Níveis séricos de enzimas musculares persistentemente baixos no contexto de fraqueza muscular evidente também podem ocorrer em pacientes com doença avançada e perda significativa de massa muscular → nesses casos realizar outras avaliações pode ser benéfico, como a realização de uma ressonância magnética, normalmente realizada nas coxas bilateralmente ▪ Pacientes com Dermatomiosite Clinicamente Amiopática, sem envolvimento muscular clínico, terão níveis enzimáticos normais • Aldolase: ▪ É uma enzima da via glicolítica encontrada em todos os tecidos, mas principalmente no músculo esquelético, fígado e cérebro ▪ Não é tão sensível e específica quanto a CK ▪ Concentrações de aldolase são ocasionalmente elevadas em pacientes com miosite ▪ É mais específica que o DHL, mas pode estar aumentada em outras situações, como doença hepática • Desidrogenase Lática (DHL) → não é muito específica para músculo, pois, por exemplo, uma lesão vascular pode aumentar os seus níveis • Creatina Quinase – Banda Miocárdica (CK-MB): ▪ Pacientes com Miopatias inflamatórias podem ter níveis elevados ▪ Suas elevações tem relação com acometimento miocárdico por outras doenças ou em decorrência da Miopatia Inflamatória ▪ Nesses casos de elevação, pode haver suspeita de Infarto Agudo do Miocárdio → A medição da troponina I cardíaca pode ser útil em pacientes nos quais pode ser difícil determinar clinicamente se as elevações da CK ou de outras enzimas musculares são devidas a doenças cardíacas e não ao músculo esquelético (níveis aumentados de troponina I cardíaca parecem relativamente específicos para lesão miocárdica, ao contrário de elevações de CK total, CK- MB e outras enzimas musculares ou da troponina T cardíaca) • Aspartato Aminotransferase (AST/TGO) e Alanina Aminotransferase (ALT/TGP): ▪ São pouco específicas, mas podemestar aumentadas nos quadros de miopatias inflamatórias ▪ ALT/TGP → é mais específica para fígado, mas pode estar presente nas miosites ▪ AST/TGO → é menos especifica para fígado 11 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS (MII) Gizelle Felinto ➢ ANTICORPOS EM MIOPATIAS: • AUTOANTICORPOS ESPECÍFICOS PARA MIOSITE: ▪ Autoanticorpos específicos para miosite tendem a ser mutuamente exclusivos entre si ▪ Autoanticorpos específicos de miosite são detectados (principalmente em pacientes com miopatia mediada- imune) e estão associados com síndromes clínicas particulares dentro do espectro da miosite, e podem estar associados com determinadas características histopatológicas ▪ Não se sabe se esses autoanticorpos têm papel direto na patogênese da doença ▪ Podem estar presentem em 20 – 40% dos pacientes ▪ Exceto o Anti-Jo-1, todos os autoanticorpos são solicitados apenas em estudos científicos ▪ Anti-HMGCR e Anti-SRP → estão mais associados à Miopatia Necrotizante Imunomediada ▪ Anti-Mi-2 e Anti-SAE → Dermatomiosite Clássica ▪ Anti-MDA-5 → Dermatomiosite Clinicamente Amiopática ▪ Anti-NPX-2 → associado a miopatia com câncer ▪ Anti-Jo-1 → é o mais importante e, na prática clínica, é o único solicitado ✓ A presença desse autoanticorpo em paciente com quadro muscular não necessariamente é uma Síndrome Antissintetase, pois além do anticorpo essa síndrome precisa da presença de sintomas clássicos ✓ Assim, o Anti-Jo-1 pode estar presente em outras doenças musculares • AUTOANTICORPOS ASSOCIADOS À MIOSITE: ▪ Ocorrem especialmente em pacientes com síndrome de sobreposição ▪ São anticorpos encontrados em pacientes com outras doenças reumatológicas sistêmicas que podem ser associadas com as Miopatias Inflamatórias ▪ A presença dos seguintes autoanticorpos em um paciente com Miopatia Inflamatória sugere diagnóstico de miosite associada ou sobreposta a outra doença reumatológica: ✓ Anti-Ro → fator de risco para Doença Pulmonar Intersticial (DPI) ✓ Anti-La ✓ Anti-Sm ✓ Anti-RNP → altos títulos estão associados à doença mista do tecido conjuntivo (síndrome de sobreposição de miosite com características de Esclerose Sistêmica e Lúpus Eritematoso Sistêmico) ✓ Anti-PM-Scl e anti-Ku → podem ser identificados em pacientes com características de sobreposição de miosite e Esclerose Sistêmica (porém, muitos pacientes com esses autoanticorpos podem não apresentar miosite) ➢ ELETRONEUROMIOGRAFIA → investigação da fraqueza muscular • É responsável por: ▪ Ajudar a diferenciar alterações neuropáticas de miopáticas ▪ Fornecer subsídios para localizar lesões neuropáticas (SNC, Medula Espinhal, Células do corno anterior da medula, nervo periférico ou junção neuromuscular) • Características do exame que acusam miopatia inflamatória: ▪ Potenciais de unidade motora polifásicos de baixa amplitude e de curta duração ▪ Fibrilações, mesmo em repouso ▪ Descargas de formato bizarro e repetitivas • Desvantagem → é um exame operador-dependente ➢ RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (RM) DE MÚSCULOS: • É de grande valor para a avaliação da doença • Auxilia na avaliação: ▪ Do grau de hipotrofia ou atrofia muscular ▪ Substituição gordurosa (e sua localização) → quando o paciente perde músculo (atrofia), esse músculo é lipossubstituído (assim, na tomografia T1, o local fica hiperdenso) ▪ Do grau de inflamação muscular ▪ Cronicidade da doença • Vantagens: ▪ Capacidade de diferenciação tecidual, permitindo a identificação de tecido sadio, edema e lipossubstituição ▪ Alto detalhamento anatômico ▪ Avaliação de planos profundos ▪ Avaliação panorâmica de grandes segmentos corporais ▪ Alta reprodutibilidade ▪ Não utiliza radiação ionizante • Desvantagens: ▪ Exames com duração mais longa 12 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS (MII) Gizelle Felinto ▪ Custo mais elevado ▪ Maior desconforto ao paciente • São 8 ressonâncias que devem ser solicitadas (ombros, braços, quadril e coxa – direitos e esquerdos) e em cada ressonância o paciente passa cerca de 30 – 40min na máquina ➢ BIÓPSIA MUSCULAR (padrão-ouro): • É essencial para definir o caráter inflamatório de uma miopatia, auxiliando na interpretação dos dados clínicos dos pacientes • Deve ser realizada precocemente (no começo do quadro do paciente) → pois a fibra pode inflamar e o paciente pode perder fibra e fazer lipossubstituição. Assim, quando se pega um músculo muito lipossubstituído não mostra processo inflamatório • Pode não ser necessária na Dermatomiosite • Nenhum achado histológico nas biópsias musculares é patognomônico! • Cerca de 10 – 20% das biópsias musculares podem vir com alterações inespecíficas ou até mesmo dentro da normalidade • Tipos de avaliação: ▪ Histológica ▪ Imuno-histoquímica ▪ Microscopia eletrônica ▪ Testes específicos para atividades enzimáticas ou presença de outras substâncias • O local da biópsia deve ser escolhido por meio da Eletromiografia ou da Ressonância Magnética dos Músculos • Em geral, evita-se realizar a biopsia dos locais mais gravemente afetados, pois podem estar excessivamente necróticos ou fibróticos para a correta interpretação histopatológica • Achado clássico → infiltrado de células linfomononucleares na região endomisial (área entre as fibras musculares) ou perimisial (área que envolve as fibras musculares), invadindo as fibras musculares não necróticas • Achados de acordo com a miopatia inflamatória: ▪ Polimiosite (PM) → infiltrado inflamatório tende a ser mais focal, com predomínio no endomísio e invasão de fibras musculares não necróticas por linfócitos T CD8+ ▪ Dermatomiosite (DM) → o infiltrado tende a ser constituído predominantemente por células B e T CD4+ nas regiões perimisial e perivascular ▪ Miopatia por Corpos de Inclusão (MCI) → além do infiltrado inflamatório, inclusões circulares avermelhadas e marginadas dentro de vacúolos subsarcolemais (rimmed vacuoles) ▪ Miopatia Necrotizante Imunomediada (MNIM) → verificam-se fibras musculares necróticas e em regeneração, na vigência de um infiltrado inflamatório escasso ou ausente ➢ EXAMES DIRECIONADOS PARA O ACOMETIMENTO DE OUTROS ÓRGÃOS → a depender da suspeita clínica • Tomografia de Tórax de cortes finos → se houver suspeita de Doença Pulmonar Intersticial (DPI) • Prova de função pulmonar completa → avaliar se há comprometimento pulmonar • Eletrocardiografia (ECG) e Ecocardiogarma • Outros exames a critérios clínico DIAGNÓSTICO ➢ O diagnóstico é feito com a associação dos seguintes: • Quadro clínico • Enzimas musculares • Eletroneuromiografia • Biópsia muscular → principalmente em pacientes sem lesão cutânea ou que não tenham anticorpos presentes ➢ Paciente com fraqueza muscular proximal → suspeitar de Dermatomiosite ou Polimiosite ➢ Deve-se seguir o passo a passo: 1. Avaliação inicial → Anamnese + Exame Físico + Exames Laboratoriais ▪ No exame físico: ✓ Caracterizar a fraqueza muscular, incluindo avaliação da gravidade e do grau de simetria e do envolvimento proximal versus distal relativo ✓ Examinar a pele do paciente → possível Dermatomiosite? ▪ Exames laboratoriais: ✓ Enzimas musculares (CK e Aldolase) ✓ Testes laboratoriais gerais ▪ Deve-se excluir outras possíveis doenças, incluindo a miopatia induzida por drogas e a malignidade Achados da avaliação inicial foram consistentes com Miopatia Inflamatória: 2. Estudos adicionais → de acordo com a apresentação clínica ▪ Testes de anticorpos antinucleares e específicos para Miosite (AMS) ▪ Radiografia de Tórax ▪ Biópsia muscular ▪ Biópsia de pele → em casos de suspeita de Dermatomiosite ▪ Eletromiografia (EMG) → define se é acometimento muscular e quais os grupos musculares envolvidos, IMPORTANTE - Paciente com Miopatia inflamatóriaque apresenta Dispneia → essa dispneia tanto pode ser um sintoma de DPI quanto pode ser em decorrência do enfraquecimento da musculatura intercostal pela miosite - Disfagia → é um fator de risco para broncoaspiração. Assim, pacientes também podem ter dispneia devido a essa broncoaspiração 13 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS (MII) Gizelle Felinto diante disso ela auxilia a escolher o local de realização da biópsia muscular ▪ Ressonância Magnética dos Músculos ➢ Considerações sobre o Diagnóstico: • Eletromiografia (EMG): ▪ Indica quais os grupos musculares mais envolvidos ▪ Os achados são inespecíficos para Dermatomiosite e Polimiosite e o EMG é normal em aproximadamente 10% dos pacientes • Biópsia Muscular: ▪ Casos em que se diagnostica sem biópsia (na ausência de outra explicação para os achados): ✓ Pacientes com fraqueza muscular proximal simétrica + Enzimas Musculares elevadas + Erupção cutânea relativamente característica de Dermatomiosite (Ex: Pápulas de Gottron ou Heliótropo) → Dermatomiosite ✓ Pacientes com achados de erupção cutânea típica + anticorpos específicos para miosite + outras características da Síndrome Antissintetase ▪ Casos em que se deve realizar biópsia: ✓ Pacientes com suspeita de Dermatomiosite ou Polimiosite com base na fraqueza muscular proximal, enzimas musculares elevadas e erupção cutânea inespecífica → realizar a biópsia muscular para distinguir entre Dermatomiosite e Polimiosite • EMG e Biópsia Muscular → devem ser realizadas em pacientes com achados atípicos ou nos quais o diagnóstico é incerto • Biópsia de Pele → os achados característicos das lesões cutâneas da Dermatomiosite apresentam as seguintes características histopatológicas: ▪ Dermatite de interface (inflamação na junção dermoepidérmica) com níveis variáveis de deposição de mucina dérmica • Pacientes com achados cutâneos e histopatológicos característicos de Dermatomiosite na biópsia de pele → Pode-se diagnosticar sem uma biópsia muscular CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO ➢ CRITÉRIOS DE BOHAN E PETER (1975): • Esses critérios tem uma boa sensibilidade e uma baixa especificidade • Porém, esses critérios não incluem as demais miosites ➢ NOVOS CRITÉRIOS PARA MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS (EULAR/ACR 2017): Miopatia Inflamatória (probabilidade de 90%) = escore ≥ 7,5 (sem biópsia) ou escore ≥ 8,7 (com biópsia) • Esses novos critérios incluem as outras miosites além da Dermatomiosite e da Polimiosite ➢ Subdivisão das Miopatias Autoimunes: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ➢ O diagnóstico diferencial é feito com condições que cursam com fraqueza muscular ➢ QUADRO INFECCIOSOS: • Bacterianos: ▪ Piomiosite ▪ Miosite de Lyme • Virais: ▪ Influenza ▪ Parainfluenza ▪ Coxsackie 14 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS (MII) Gizelle Felinto ▪ HIV ▪ Citomegalovírus ▪ Echovírus ▪ Adenovírus ▪ Vírus Epstein-Barr • Fúngicos • Protozoários/Parasitas: ▪ Triquinose ▪ Toxoplasmose ➢ ENDOCRINOPATIAS: • Síndrome de Cushing (ou administração de esteroide exógeno) • Síndrome de Addison • Hipotireoidismo • Hipertireoidismo • Hiperparatireoidismo • Diabetes Mellitus ➢ MIOPATIAS HERDADAS: • Distrofias musculares • Deficiência de Ácido Maltase ➢ MIOPATIAS METABÓLICAS: • Distúrbios do metabolismo de carboidratos, lipídeos e purinas • Doenças de depósito de lipídeos ou glicogênio • Miopatias mitocondriais ➢ MIOPATIAS INDUZIDAS POR DROGAS: • Está entre as causas mais comuns de doenças musculares • Quadro clínico → varia desde mialgias leves com ou sem fraqueza leve a uma miopatia crônica com fraqueza grave e rabdomiólise maciça com Insuficiência Renal Aguda (IRA) • Pode resultar de vários mecanismos: ▪ Miotoxicidade direta ▪ Miopatia inflamatória induzida imunologicamente ▪ Dano muscular indireto ▪ Combinação de múltiplos mecanismos • Podem causar Miotoxicidade Direta: ▪ Álcool → pode levar tanto a uma miopatia aguda quanto a uma miopatia crônica que difere na história de consumo de álcool, na demografia e nas manifestações clínicas ✓ Miopatia Alcoólica Aguda → ocorre no contexto de alcoolismo de longa data, horas após uma compulsão alcoólica particularmente grave o É uma das causas mais comuns de rabdomiólise não traumática e insuficiência renal aguda ✓ Miopatia Alcoólica Crônica → tem inicio gradual de fraqueza muscular difusa, geralmente proximal, durante um período de semanas a meses o Atrofia muscular difusa é comum ▪ Glicocorticoides ▪ Medicamentos para redução de lipídeos/ Hipolipemiantes (Estatinas) ▪ Cocaína → provoca casos de lesões musculares variando desde uma elevação assintomática de Creatina Quinase (CK) a uma Rabdomiólise maciça com insuficiência renal aguda ▪ Antimaláricos ▪ Medicamentos antipsicóticos ▪ Colchicina ▪ Medicamentos antirretrovirais (Zidovudina) ▪ Agentes quimioterápicos ▪ Heroína ▪ Ipeca • Podem causar Miopatia Inflamatória Induzida Imunologicamente: ▪ Inibidores do Fator de Necrose Tumoral (TNF) ▪ Interferon-α ▪ Inibidores dos pontos de controle imunológico (Checkpoints inhibitors) ▪ Estatinas (Inibidores da HMG-CoA redutase) ▪ D-Penicilamina • Dano muscular indireto → pode ocorrer por uma variedade de mecanismos e, em alguns ambientes, vários mecanismos podem se combinar para produzir dano muscular ➢ DOENÇAS DO NEURÔNIO MOTOR ➢ NEUROPATIAS PROXIMAIS: • Guillain-Barré • Polineuropatia autoimune • Porfiria intermitente aguda ➢ NUTRICIONAL ➢ MIASTENIA GRAVIS ➢ DOENÇAS REUMATOLÓGICAS: • Fibromialgia • Artrite de células gigantes • Artrite reumatóide • Polimialgia reumática • Doença mista do tecido conjuntivo ➢ QUADROS INFLAMATÓRIOS: • Vasculite • Síndromes de sobreposição → Lúpus, Esclerose Sistêmica, Artrite Reumatóide, Síndrome de Sjogren • Artrite reumatóide • Síndrome de Sjogren ➢ DISTÚRBIOS ELETROLITICOS: • Hipocalemia • Hipofosfatemia • Hipocalcemia • Hipernatremia ou Hiponatremia ➢ RABDOMIÓLISE: • Trauma de esmagamento • Convulsões • Abuso de álcool (incluindo estado hipercinético com delirium tremens) • Esforço (especialmente com doenças causadas pelo calor ambiental) 15 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS (MII) Gizelle Felinto • Cirurgia vascular • Hipertermia maligna TRATAMENTO ➢ Preditores de resultado: • Determinantes prognósticos: ▪ Tipo específico de miosite ▪ Gravidade da doença ▪ Atraso no diagnóstico ▪ Presença de determinadas características extramusculares ▪ Perfil de autoanticorpos • Polimiosite → é menos propensa a responder apenas aos Glicocorticoides • Miosite de sobreposição → respondem bem aos glicocorticoides • Dermatomiosite → tende a responder aos glicocorticoides, mas a maioria tem doença que requer terapia contínua • Anticorpos antissintetase → são frequentemente associados a doença pulmonar intersticial, outras manifestações extramusculares e um pior prognóstico em longo prazo devido à doença pulmonar relacionada ➢ TREINAMENTO FÍSICO (respeitando os limites do paciente) → estudos mostram que a realização de atividades físicas diminui a inflamação ➢ TERAPIA INICIAL → Corticoterapia • É a terapia de escolha, exceto em pacientes com Miopatia por Corpos de Inclusão (pois não tem boa resposta aos corticoides) • Glicocorticoides → para fraqueza muscular significativa PREDNISONA via oral (1mg/Kg/dia, máximo de 80mg/dia) ✓ É o indicado para início do tratamento ✓ Sugere-se reduzir a Prednisona para a menor dose efetiva possível ao longo de um total de 9 a 12 meses METILPREDNISOLONA Intravenosa (pulsoterapia, 1000mg/dia por 3 – 5 dias) ✓ iniciar a terapia com essa pulsoterapia → para pacientes gravemente doentes, com: o Disfagia com risco de broncoaspiração o Doença pulmonaro Insuficiência respiratória o Acamados o Vasculite cutânea ➢ AGENTES POUPADORES DE GLICOCORTICOIDES: • Sugere-se iniciar um agente poupador de glicocorticoide ao mesmo tempo em que os glicocorticoides são iniciados • Sugere-se reduzir os glicocorticoides antes de começar a reduzir o agente poupador de glicocorticoide • Agentes de Primeira Linha: AZATIOPRINA ✓ Doses: o Dose inicial usual → 50mg/dia (pode ser aumentado gradualmente até 2,5mg/kg/dia) ✓ Indicada para os casos de: o Doença Pulmonar Intersticial (DPI) o Doença Hepática o Pacientes que não querem se abster do álcool ✓ Hemograma completo → deve ser solicitado dentro de 2 semanas do início da Azatioprina METOTREXATO ✓ Doses: o Dose inicial usual → 15mg/semana o Se houver resposta inicial inadequada após 2 – 3 meses → aumentar a dose para 25mg/semana ✓ Sempre realizar radiografia de tórax antes de iniciar seu uso, pois ele é Pneumotóxico ▪ A escolha entre Azatioprina e Metotrexato depende de: ✓ Preferência do paciente ✓ Doença hepática ou pulmonar subjacente ✓ Disposição para limitar a ingestão de álcool ✓ Deficiências nos alelos da tiopurina metiltransferase ➢ Outros Imunossupressores que podem ser usados: ➢ Imunobiológicos → atualmente tem sido utilizados para tratar miopatias inflamatória • Evitar Bloqueadores de Fator de Necrose Tumoral → pois podem induzir miosite • RITUXIMABE → é o que tem sido utilizado, apresentando boa resposta ➢ Considerações sobre o tratamento: • Uma vez que o tratamento tenha começado, seguir a força muscular em exames físicos seriados é um indicador mais O que ocorre na doença O que ocorre no Exercício 16 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS (MII) Gizelle Felinto importante da resposta ao tratamento do que as concentrações séricas de enzimas musculares • Sugere-se a tentativa de descontinuar a terapia imunossupressora após a primeira rodada de tratamento, com acompanhamento cuidadoso para a possibilidade de recorrência da doença ➢ Possíveis causas de falha terapêutica (não melhora do quadro): • Diagnóstico inicial errado • Paciente pode ter desenvolvido uma miopatia induzida por Glicocorticoides • Malignidade associada à miosite ➢ Medidas gerais do tratamento: • Fisioterapia e Reabilitação → devem começar no início do curso do tratamento, sendo adaptados de acordo com a gravidade da fraqueza • Precauções contra a Aspiração → para pacientes com disfunção esofágica ▪ Avaliação da fonoterapia pode ser útil para pacientes com doença esofágica • Medidas para evitar a luz ultravioleta (Ex: protetor solar) → em pacientes com Dermatomiosite, pois são fotossensíveis • Osteoporose induzida por Glicocorticoides → relacionada ao uso prolongado de Glicocorticoides ▪ Prevenção da osteoporose • Profilaxia contra infecções por Pneumocystis jirovecii: ▪ Deve ser feita em pacientes tratados com combinação de prednisona em altas doses e qualquer outro agente imunossupressor ▪ Medicação: SULFAMETOXAZOL + TRIMETOPRIMA (80 – 400mg/dia) → comprimidos diários o Não utilizar em pacientes tratados com Metotrexato • Paciente deseja engravidar → as manifestações da doença devem ser tão bem controladas quanto possível antes que a paciente tente engravidar FATORES DE MAU PROGNÓSTICO ➢ Os fatores de mau prognóstico na ocasião do diagnóstico de miopatias autoimunes sistêmicas definirão a conduta terapêutica inicial ➢ Fatores de Mau Prognóstico em Miopatias Inflamatórias: • Idade tardia na ocasião do diagnóstico • Retardo no início do tratamento • Pacientes em cadeira de rodas ou acamados • Acometimento cardíaco • Acometimento pulmonar • Presença de autoanticorpos antissintetase, anti-HMGCR, anti-SRP, anti-MDA5 • História pessoal ou familiar de neoplasias • Presença de calcinose, vasculites, ulcerações cutâneas • Disfagia alta COMORBIDADES ➢ O tratamento precoce das Miopatias Inflamatórias é imprescindível para a redução da morbimortalidade nos pacientes ➢ Síndrome Metabólica: • Há alta prevalência em pacientes com Dermatomiosite, Polimiosite e Síndrome Antissintetase ➢ Dislipidemias: • Tem significativa prevalência em pacientes com Dermatomiosite e Polimiosite ➢ Diabetes Mellitus tipo 2: • Tem significativa prevalência em pacientes com Dermatomiosite e Polimiosite CONSIDERAÇÕES FINAIS ➢ Suspeita Clínica de Miosite → déficit de força subagudo (semanas) e aumento de enzimas musculares ➢ Na Dermatomiosite juvenil a frequência de calcinose é bem maior e há pouca ou nenhuma associação com neoplasia ➢ Alta prevalência de Síndrome Metabólica → pois são pacientes que realizam menos atividades físicas e fazem uso de glicocorticoides. Além disso, o processo inflamatório sistêmico também aumenta o risco de eventos cardiovasculares ➢ Reabilitação → é de extrema importância e deve ser iniciada no diagnóstico para evitar retrações e atrofias musculares maiores • Atualmente, a recomendação é de mobilização monitorizada precoce do paciente, sugerindo-se que o exercício possa exercer efeito anti-inflamatório sistêmico e local no musculoesquelético exercitado
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