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PRINCÍPIOS BÁSICOS DA REUMATOLOGIA Dra Samila Alves Reumatologista CRM 3823 RQE 1809 @dra.samilaalves Abordagem do paciente com queixas reumáticas A anamnese e exame físico bem feitos são de suma importância em reumatologia, uma vez que, nesta especialidade, não existe nenhum exame laboratorial que isoladamente forneça um diagnóstico de certeza. ANAMNESE IDENTIFICAÇÃO Sexo Idade Profissão HPP / MEDICAÇÕES EM USO H FAM ANAMNESE Na anamnese do paciente reumático a queixa mais frequente é a dor articular: Intensidade Irradiação Ritmo: Repouso X Movimento / Inflamatório X Mecânico Rigidez Matinal Localização anatômica Padrão Simétrico; Assimétrico; Aditivo; Migratório Sintomas extra articulares Colagenoses sistêmicas EXAME FÍSICO Embora as queixas referentes ao aparelho músculo esquelético sejam muito comuns, achados de uma doença reumática verdadeira, ou mesmo afecção de partes moles bem definida só estão presentes em uma pequena porcentagem de pacientes. O exame físico fornece uma avaliação do estado estrutural e funcional das articulações. EXAME FÍSICO Sinais mais procurados em exame físico são: Edema Sensibilidade Limitação de movimento Crepitações Deformidades e Instabilidades INSPEÇÃO MÃO E PUNHOS INSPEÇÃO MÃOS E PUNHOS AMPLITUDE DE MOVIMENTOS FLEXÃO (flexão palmar): Entre 70 a 80° na maioria da população EXTENSÃO (flexão dorsal): Varia de 60 a 70° PALPAÇÃO Alterações de temperatura Deformidades e tumorações Localização de pontos dolorosos PALPAÇÃO COTOVELO Procure edema sobre a articulação e faça os movimentos de flexão e extensão COTOVELO Palpe os epicôndilos mediais e laterais. Se houver dor no epicôndilo medial o paciente terá cotovelo de golfista; se no lateral, de tenista. Exame Físico: Ombro Paciente despido da cintura para cima INSPEÇÃO: Presença de deformidades Atrofias Assimetrias Lesões ou cicatrizes traumáticas Posição antálgica Alteração da posição anatômica e outras anormalidades. 17 Diagnóstico diferencial das poliartrites DAI Desencadeadas por uma resposta autoimune patológica contra auto-antígenos. Artrite reumatoide/ LES / Síndrome de Sjögren / Esclerose sistêmica / Polimiosite/dermatomiosite ARTRITE RM > 1 hora VHS/ PCR Marcadores autoimunes + Reumatismo de partes moles Processo inflamatório em estruturas próximas a articulação. Tendão, ligamentos, Bursas, Fáscia, Músculos Osteoartrite / Tendinopatias / Fibromialgia ARTRALGIA RM rápida VHS/ PCR Marcadores autoimunes - Diagnóstico diferencial das poliartrites Certifique-se de que a dor é articular. Caso positivo passe para o ítem seguinte. 2. Separe casos de artralgias de casos de artrite. Rigidez matinal maior do que meia hora, achados de edema, rubor, dor e calor sugerem artrite. Doença imunomediada Inflamação Sinovial Simétrico RM > 1 hora Envolvimento extra articular Doença degenerativa Desgaste cartilagem Assimétrico RM < 1 hora Nódulos de Heberden X AR polpa IFD 09/10/2023 20 A B 09/10/2023 21 CASO CLÍNICO Mulher, 65 anos, doméstica, há 1 ano queixa de dor e edema nos joelhos, com ritmo mecânico (exacerbam-se com os movimentos e diminuem de intensidade com repouso). Há 6 meses nota aparecimento de tumefações de consistência dura ao nível das interfalangeanas distais (IFD) de ambas as mãos. Além disso, relata rigidez matinal inferior a 30 minutos de duração. Qual o provável diagnostico? Osteoartrite 22 Osteoartrite 09/10/2023 23 A OA é a forma mais comum de artrite A dor é o sintoma mais comum Sua incidência aumenta com a idade Quase todos os indivíduos com mais de 75 anos têm OA Osteoartrite Perda gradual da cartilagem articular; Com lesão de esclerose do osso subcondral; Surgimento de osteófitos periarticulares; Inflamação sinovial crônica inespecífica. 09/10/2023 24 Osteoartrite Doença crônica. Fortemente associada com o envelhecimento. Afeta principalmente os joelhos quadril coluna primeiro pododáctilo mãos. OA de joelhos e quadril = grande impacto funcional e alto custo para a saúde. 09/10/2023 25 09/10/2023 26 Osteoartrite - Diagnóstico 09/10/2023 27 História Idade Dor – característica Rigidez matinal <30min Exame físico Crepitações, limitações, deformidades Sinovite Derrame articular Osteoartrite - Diagnóstico 09/10/2023 28 Exames de imagem Nem sempre necessários Radiografia Redução espaço articular Esclerose subcondral Cistos subcondrais Osteófitos Laboratório Geralmente sem alterações PCR alterado na OA erosiva de mãos Fator Reumatoide e VHS em população idosa Líquido sinovial – geralmente não inflamatório 09/10/2023 29 09/10/2023 30 09/10/2023 31 Osteoartrite - Tratamento A gestão da OA pode ser dividida em: Terapia não farmacológica Terapia farmacológica Opções cirúrgicas Osteoartrite - Terapia Não Farmacológica Bengalas(reduz em ate 60% a carga no quadril afetado) – calçados anti impactos palmilhas 33 Opções convencionais Educação do paciente Perda de peso Exercícios Modalidades com temperatura Órteses Modificação das atividades da vida diária Osteoartrite – Terapia Farmacológica 09/10/2023 34 Analgésicos simples Dipirona / Paracetamol AINES Tramadol Tramadol + Paracetamol Fármacos de ação lenta Condroprotetores: Condroitina + Glicosamina Medicação Intra-articular Ac. Hialurônico Glicocorticóides CASO CLÍNICO Mulher de 35 anos de idade, doméstica, referindo nos últimos 3 anos, sem causa aparentemente desencadeante, dor lombar e dores pelo corpo todo (sic). As dores são, sobretudo, musculares e têm um carácter generalizado, que se distribuem pelas duas metades do corpo, acima e abaixo da cintura. Refere, ainda, enxaquecas, fadiga, rigidez matinal e sono não reparador. Estas queixas exacerbam-se com o frio e nos períodos de estresse. Nega outras queixas sistêmicas. Exame físico geral sem alterações. TP 12/18. Exames laboratoriais: Hmg, CPK, cálcio, proteínas de fase aguda e TSH estão normais. RX de coluna total sem alterações significativas. Qual o provável diagnostico? Fibromialgia 09/10/2023 36 Fibromialgia 09/10/2023 37 Sd. dolorosa musculoesquelética crônica, não inflamatória, caracterizada: dor difusa e sensibilidade exacerbada à palpação de determinados sítios denominados pontos dolorosos (tender points). A maioria dos pacientes apresenta também fadiga crônica e distúrbios do sono (80%) e do humor. Fibromialgia 09/10/2023 38 EPIDEMIOLOGIA: Distribuição universal É uma das mais frequentes síndromes reumatológicas 0,7 a 5% da população em geral 8♀: 1♂ Início: 25-65 anos/ média 49 anos (também descrita em crianças e idosos) Fibromialgia 09/10/2023 39 EPIDEMIOLOGIA: No Brasil Prevalência 2,5 %, segunda doença perdendo OA + frequente em familiares risco relativo FM em parentes consanguíneos de 8,5% ETIOLOGIA: ESTRESSE PSICOLÓGICO ESTRESSE INFECCIOSO ESTRESSE FÍSICO REPETITIVO ESTRESSE IMUNOLÓGICO PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA PERCEPÇÃO ALTERADA DA DOR FIBROMIALGIA FISIOPATOGENIA: NOCICEPÇÃO PERIFÉRICA CONTROLE CENTRAL FIBROMIALGIA Fibromialgia 09/10/2023 42 QUADRO CLÍNICO: A maioria dos pacientes com fibromialgia procuram diversos médicos. São submetidos a vários tipos de exames e recebem diversos rótulos e diagnósticos. Deve-se lembrar que os pacientes com FM não apresentam lesão, mas sofrem de desregulação. Este estado fisiológico alterado não é restrito aos tecidos moles do aparelho locomotor, pode se estender para outros aparelhos e sistemas, provocando uma variada sintomatologia. Fibromialgia 09/10/2023 43 QUADRO CLÍNICO: Dividas em 2 grupos: sintomas centrais e sintomas satélites (baseados na sua frequência). Queixa de dor difusa, generalizada e crônica envolvendo regiões axiais e periféricas do corpo (ossos, articulações, músculo e tendões) Dor: queimação, pontada, peso , insidiosa. Pode estar associada: sensação subjetiva de edema (não observada pelo examinador) e parestesias (não respeita dermátomos). É comum: piorar comfrio, umidade, mudança climática, tensão emocional ou esforço físico. Fibromialgia 09/10/2023 QUADRO CLÍNICO: Os pctes podem correlacionar o início da dor com um evento estressante, como um trauma físico ou psicológico. Na ausência de queixa de dor espontânea não pode ser feito o diagnóstico de fibromialgia. Distúrbios do sono – 90% dos casos. Fadiga -- 81 % dos casos. Alterações do humor (depressão/ ansiedade/ irritabilidade/ tristeza). Fibromialgia 09/10/2023 45 FADIGA – 81%: Piora qualidade de vida, fácil exaustão, dificuldade de realizar tarefas. Avaliação difícil subjetiva Pode ser física ou mental Descartar: anemia, disautonomia, disfunções endócrinas, efeitos colaterais de medicações e depressão. Fibromialgia 09/10/2023 46 ALTERAÇÕES DO SONO - 90% : Sono leve e não reparador. O sono das fases profundas (ondas delta) está fragmentado em boa parte dos pacientes com FM. Fibromialgia 09/10/2023 47 DISFUNÇÃO COGNITIVA: Problemas com memória, concentração, análise lógica e motivação. Podem ser causadas por deficiência na memória de trabalho, memória episódica e fluência verbal. A causa está centrada na dor crônica e na fadiga - efeito de “distração”. A melhora da FM leva a melhora destas alterações. Critérios modificados de 2016 FIBROMIALGIA Índice de dor generalizada (DG): 0-19 Indique se vc teve dor ou sensibilidade durante os últimos 7 dias nas áreas mostradas FIBROMIALGIA Escala de severidade (0-12) Hipotiroidismo, AR?? DIAGNÓSTICO: IDG 7 e ESS >5 ou IDG entre 3-6 e ESS 9 Tratamento: FIBROMIALGIA Medidas não farmacológicas Medidas farmacológicas Psicoterapia Manejo não farmacológico Nível de evidencia Grau Força de recomendação Exercício aeróbico e fortalecimento muscular Ia A Forte Terapias cognitivas-comportamentais Ia A Fraca Terapias multicomponentes Ia A Fraca Terapias físicas definidas: acupuntura ou hidroterapia Ia A Fraca Terapia de movimento mediativo (ioga, tai chi) e redução do estresse baseada na atencao plena Ia A Fraca Manejo farmacológico Amitripitilina Ia A Fraca Duloxetina Ia A Fraca Pregabalina / Gabapentina Ia A Fraca Ciclobenzaprina Ia A Fraca FIBROMIALGIA EULAR 2016 CASO CLÍNICO Mulher, 24 anos com lesões na face e no couro cabeludo há um ano, refere fadiga e cefaleia ocasional. Relata ter tido crises convulsivas parciais aos 13 anos de idade, controlada com uso continuo de fenitoína. Exame físico: PA: 125X73 mmHg, pulso de 72 bpm. Pele: placas circulares no nariz, orelhas e couro cabeludo, hipercrômicas, com área atrófica central. Áreas de alopecia no couro cabeludo. Restante do exame físico normal. Exames laboratoriais: Hemograma normal; VHS 16 mm/h; Creatinina: 0,3 mg/aL; C3 e C4 baixo, FAN: 1/640 nuclear homogêneo, Anti-DNA, anti-Ro, anti-Sm positivos. Qual o diagnóstico mais provável deste caso? LES 52 FIM... 09/10/2023 54 image1.png image2.png image3.jpeg image4.jpeg image5.jpeg image6.jpeg image7.png image8.png image9.jpeg image10.jpeg image11.jpeg image12.png image13.jpeg image14.jpeg image15.png image16.jpeg image17.jpeg image18.png image19.png image20.jpeg image21.png image22.png image23.png image24.png image25.png image26.png image27.png image28.jpeg image29.png image30.png image31.png image32.png image33.jpeg image34.png image35.png image36.png image37.png image38.jpeg
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