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SAÚDE MENTAL E QUALIDADE DE VIDA

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SAÚDE MENTAL E QUALIDADE DE VIDA.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já publicou inúmeros relatórios informando um crescimento no número de pessoas com transtornos mentais na sociedade nos dias atuais. Assim, é importante debatermos esse assunto, para que, a partir do conhecimento, muitos consigam enfrentar esse problema da melhor maneira, especialmente os profissionais de segurança pública.
A função que um profissional de segurança pública executa deixa-o exposto a situações contínuas de risco, que são capazes de propiciar condutas que podem resultar numa sobrecarga de ansiedade, estresse, depressão, síndrome de burnout e outros transtornos. Portanto, o propósito deste curso é buscar reverter essa realidade e fornecer saberes para promover a qualidade de vida e, por meio da conscientização, incentivar ações de prevenção e tratamento de doenças mentais que sejam capazes de diminuir as taxas de estresse, depressão e suicídio na segurança pública.
OBJETIVOS DO MÓDULO
Conhecer a base teórica do conceito de saúde no trabalho, o que se define como prazer e o que se define como sofrimento no trabalho, bem como caracterizar a qualidade de vida do trabalhador no local de trabalho, sempre mantendo o foco na qualidade de vida do profissional de segurança pública.
ESTRUTURA DO MÓDULO
Aula 1 – Saúde do Trabalhador.
Aula 2 – Prazer e Sofrimento no Trabalho. 
Aula 3 – Qualidade de Vida no Trabalho.
Aula 1 – Saúde do Trabalhador
CONTEXTUALIZANDO...
Diversos estudos e relatórios publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstram um crescimento preocupante no número de pessoas com transtornos mentais na sociedade atual, o que nos motiva a debater, conhecer e enfrentar o problema de forma mais eficaz e profissional, especialmente no que diz respeito à saúde mental dos profissionais de segurança pública.
Esses profissionais vivem sob constante pressão e tensão devido à diversidade e instabilidade do trabalho, situações para as quais o organismo não está preparado. Para que essa tensão não esteja presente constantemente, são necessários ambientes estáveis, seguros e rotineiros para que haja uma adequação do organismo. O policial, porém, não tem essa tranquilidade como na maioria dos empregos.
Assim sendo, é de extrema importância que esses profissionais compreendam que a exposição contínua em situações de risco é capaz de propiciar condutas que podem levar a ansiedade, estresse, depressão, burnout e outros transtornos. Então, vamos agora iniciar nossos estudos sobre o conhecimento da saúde do profissional de segurança pública no ambiente de trabalho.
SAÚDE BIOPSICOSSOCIAL
Os profissionais de segurança pública vivem constantemente expostos a diversas situações de riscos, que podem resultar em elevados níveis de estresse, depressão, síndrome de burnout e muitos outros transtornos. E, nesse contexto, existe um agravante para o desenvolvimento e acúmulo dos transtornos: a negligência dessas situações, dos seus sintomas e sinais.
Outro agravante que podemos destacar é a existência do estigma de que a psicologia apenas trata de casos crônicos ou que é “coisa de louco”. Nesse sentido, muitos indivíduos se sentem envergonhados em buscar auxílio para essas questões psicológicas, pois não querem ser taxados como fracos ou ser perseguidos no trabalho, sendo alvo de brincadeiras inapropriadas.
Porém, quando a ansiedade, o estresse, a depressão e outros transtornos não são tratados, a produtividade no trabalho, a rotina, os interesses do cotidiano, as relações sociais, pessoais e profissionais são afetadas. E o mais importante, a saúde psicológica e física do sujeito, podendo gerar mais agravamentos patológicos.
Ao longo da história, vêm se configurando concepções sobre saúde e doença no pensamento médico ou em suposições filosóficas concernentes ao problema mente-corpo. O surgimento do modelo biopsicossocial proposto por George Engel (1977 apud CRUZ, 2011) contempla uma abordagem centrada na integralidade do ser humano, que demanda estratégias de intervenção capaz de promover o bem-estar físico e psíquico, e melhorar as relações sociais e as condições de vida e trabalho, atuando no âmbito da macroestrutura econômica, social e cultural.
Segundo a autora, entende-se que a saúde pública necessita da implementação do paradigma biopsicossocial na Saúde Coletiva. Isso é reforçado com a efetivação do princípio da integralidade proposto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil (CRUZ, 2011).
Figura 1: Esgotamento e transtornos psíquicos.
Fonte: Pixabay (2020).
Alguns estudos no campo na psicossomática se mostram importantes para fortalecer as bases científicas que contribuirão para a construção de uma atenção à saúde mais interligada com os fatores sociais, econômicos, biológicos e culturais que integram o ser humano e sua vivência na sociedade e no meio ambiente que o cerca.
Nesse contexto, clique nos ícones abaixo e vamos observar as características que envolvem os níveis biológico, psicológico e social.
Ainda podemos destacar que os comportamentos, as escolhas e os estímulos que o indivíduo tem no decorrer da vida, em algum momento, implicarão em equilíbrio ou desequilíbrio com diferentes resultados em cada uma das dimensões biológica, psicológica, social e organizacional da vida.
Porém, somente o estado pessoal de equilibro ou desequilíbrio não determina a qualidade de vida, sendo necessário considerar o processo em sua totalidade ou como se expressa a sua subjetividade.  
A abordagem biopsicossocial surgiu a partir da Medicina Psicossomática, que propõe uma visão integrada do ser humano. Essa visão atua sob a ótica de que todo indivíduo é um complexo-psicossomático composto de potencialidades biológicas, psicológicas e sociais que respondem concomitantemente às condições da vida, fatores esses que contribuem para a formação integral do ser humano (LIMONGI-FRANÇA, 1996; LUZ 2009; ROSSI; MEURS; PERREWÉ, 2013).
Cruz (2011) cita que o problema mente-corpo tem sido tema de discussão desde a antiguidade. As concepções sobre saúde e doença e sobre a natureza das enfermidades se constroem dentro das perspectivas que vemos na figura seguinte.
Figura 2: Perspectiva monista e dualista de mente e corpo.
Fonte: labSEAD-UFSC (2020).
As oscilações entre ambas as concepções repercutem também no pensamento médico. A mesma autora também afirma que, na Grécia Antiga, Aristóteles e Hipócrates consideravam o homem como uma unidade indivisível.
Hipócrates (460 a.C.), tentou explicar os estados de saúde e enfermidade ao postular a existência de quatro fluidos (humores) principais no corpo: bile amarela, bile negra, fleuma e sangue. Nesse contexto, a saúde era considerada o equilíbrio de tais elementos.
Para ele, o homem era uma unidade organizada e a doença era considerada uma desorganização.
Hipócrates entendia que a doença não representava a vontade divina, mas surgia por antecedentes lógicos. De acordo com a sua concepção, a saúde consistia em um equilíbrio harmônico com o mundo ao redor, enquanto a doença surgia dos desafios a esse equilíbrio. Essa mesma visão racionalista fundamenta a medicina moderna (VOLICH, 2000 apud CRUZ, 2011).
No decorrer dos anos, surgiram crescentes pesquisas que evidenciam a influência da mente e das emoções nos estados de saúde, trazendo consigo a necessidade de se discutir uma abordagem mais ampla em saúde, que considere o ser humano em sua integralidade, para que se possa maximizar os benefícios das intervenções terapêuticas e proporcionar maior qualidade de vida.
Desse modo, estudos em psicossomática mostram-se importantes para fortalecer as bases científicas que contribuirão para a construção de um novo paradigma que contemple, dentro do campo da psicossomática, os fundamentos teóricos, as bases fisiológicas e as implicações na saúde integral e coletiva (CRUZ, 2011).
Com base nessa compreensão, vejamos o que Machado et al. (2007) entendem a respeito dessas implicações:
Palavra do Especialista
“Integralidade no cuidado de pessoas, grupos e coletividade tendo o usuário como sujeito histórico, sociale político, articulado ao seu contexto familiar, ao meio ambiente e a sociedade na qual se insere.” (MACHADO et al., p. 123, 2007).
A Constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade. Essa definição é uma concepção bastante ampla da saúde, que vai além do enfoque centrado na doença, abrangendo fatores biopsicossociais, com uma visão mais integral do indivíduo e seu estado de saúde (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007).
SAÚDE DO TRABALHADOR
Ao longo da história, a palavra “trabalho” vem recebendo diferentes definições. O termo é um importante determinante da forma de organização das sociedades, sendo o meio através do qual o homem constrói o seu ambiente e a si mesmo. Para Beck et al. (2009), o trabalho visa a duas finalidades essenciais na vida do indivíduo. Vejamos essas finalidades na imagem a seguir.
Figura 3: Finalidades do trabalho na vida do indivíduo.
Fonte: labSEAD-UFSC (2020).
Dessa forma, podemos dizer que na nossa sociedade o trabalho é mediador da integração social, tanto por seu valor econômico quanto cultural, influenciando o modo de vida das pessoas e, consequentemente, sua saúde física e mental.
Assim, no Brasil, a área da Saúde do Trabalhador surge no contexto do Movimento da Reforma Sanitária, que tinha como proposta uma nova concepção de Saúde Pública. Essa reforma também serviu como uma resposta institucional aos diversos movimentos sociais que, entre a metade dos anos 1970 e os anos 1990, reivindicava a Saúde do Trabalhador como parte do direito universal à saúde, e não apenas ações dissociadas da atenção individual, resumidas a campanhas e programas (BRASIL, 2005).
Neste contexto, considerando as ideias de Lacaz (2000), podemos constatar que a Saúde do Trabalhador é o campo de práticas e conhecimentos cujo enfoque teórico-metodológico no Brasil surgiu da Saúde Coletiva, no intuito de conhecer e intervir nas relações de trabalho e saúde-doença, as quais têm como referência central o surgimento da classe operária industrial, numa época em que a sociedade vivenciava profundas mudanças políticas, econômicas e sociais.
De acordo com o mesmo autor, a partir da década de 1980, a configuração do campo Saúde do Trabalhador é constituída por três vetores. Vamos conhecê-los na imagem seguinte.
Figura 4: Configuração da Saúde do Trabalhador.
Fonte: labSEAD-UFSC (2020).
Vejamos também o que Nardi (2004) diz sobre a saúde do trabalhador no Brasil.
Um conjunto de conhecimentos oriundos de diversas disciplinas que, aliado ao saber do trabalhador sobre as condições e a organização do trabalho, estabelece uma nova forma de compreensão da relação saúde-trabalho.
A partir da constituição do campo teórico das mudanças no campo do trabalho, propõe-se, assim, uma forma diferente de atenção à saúde dos trabalhadores e de intervenção nos ambientes de trabalho, entendendo atenção à saúde como um conjunto de ações de promoção, prevenção, cura, reabilitação e de vigilância em saúde.
Dessa forma, rompe-se com a concepção hegemônica que estabelece um vínculo causal entre a doença e um agente específico, ou a um grupo de fatores de riscos presentes no ambiente de trabalho.
Figura 5: O esgotamento do trabalhador relacionado ao processo produtivo.
Fonte: Pixabay (2020).
Podemos perceber que a saúde do trabalhador tenta superar o enfoque que situa sua determinação no meio social, reduzido ao processo produtivo, desconsiderando a subjetividade.
Assim, busca-se explicar o adoecimento dos trabalhadores através do estudo dos processos de trabalho, de uma forma articulada com o conjunto de valores, crenças e ideias, as representações sociais e a possibilidade de consumo de bens e serviços.
As formas como os indivíduos vivem, sofrem e se realizam no ambiente laboral estão intimamente associadas ao valor moral atribuído ao trabalho e à importância deste na configuração da sua imagem (NARDI, 2004).
Aula 2 – Prazer e Sofrimento no Trabalho
CONTEXTUALIZANDO...
Os problemas de saúde do trabalhador se devem a velhas razões, mas isso não significa que não existam novas situações que reflitam na saúde do trabalhador no mundo do trabalho contemporâneo. Porém, alguns problemas continuam a ser observados quando há falta de sintonia entre os contextos de trabalho e os trabalhadores. Essa sintonia não está dada ou pronta, mas deve ser construída. Nesse contexto, regras e limites sempre existirão, e o problema não é a existência dessas limitações, mas a impossibilidade de negociá-las, de modificá-las e reconstruí-las, a partir não apenas de uma lógica instrumental, mas também de uma lógica dialogada (SATO, 2002).
No âmbito da relação saúde e trabalho, os trabalhadores buscam o controle sobre as condições e os ambientes de trabalho para torná-los mais “saudáveis”, mas, isso nem sempre é possível. Nesse sentido, considerando o lugar que o trabalho ocupa na vida e as suas consequências na saúde do trabalhador, é de suma importância perguntar como está a saúde dos profissionais.
Autores como Antunes (1995) e Dejours (1997) defendem que o trabalho, além de promover a sobrevivência e mediar a ordem individual e a ordem coletiva, é um acontecimento social que contribui para a construção da identidade do sujeito. Ele pode ser fonte de prazer ou sofrimento, dependendo das condições de organização, das relações socioprofissionais e, especialmente, da percepção e da capacidade de enfrentamento do trabalhador frente às suas demandas laborais.
Assim sendo, vamos seguir com nossos estudos e conhecer mais sobre o prazer e o sofrimento no trabalho.
PRAZER NO TRABALHO
A estreita relação entre trabalho e adoecimento é bastante complexa e vem sendo objeto de inúmeros estudos científicos e intervenções técnicas que buscam soluções eficazes frente às problemáticas ocasionadas pelas disfunções que ocorrem quando há má relação saúde-trabalho. Nessa perspectiva, são desenvolvidas diversas pesquisas, programas e projetos relacionados à saúde do trabalhador e à qualidade de vida no trabalho, que buscam discutir a importância do alinhamento entre os interesses das instituições e as expectativas e necessidades dos trabalhadores para, então, propor alternativas que contemplem a prevenção de doenças e a promoção da saúde dos trabalhadores e, consequentemente, o aumento da produtividade (MEZOMO; OLIVEIRA, 2015). 
Se considerarmos um contexto mais amplo, podemos dizer que a relação trabalho-indivíduo, se pensada sob o prisma do prazer e/ou sofrimento, envolve diversos aspectos que devem ser objeto de discussão e reflexão.
A preocupação com o bem-estar, com a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e a prevenção de doenças ocupacionais deve ser uma constante nas instituições de segurança pública.
Essas instituições precisam desenvolver estratégias capazes de minimizar os efeitos nocivos do estresse e do sofrimento ocupacional, que frequentemente desencadeiam somatizações. Vamos identificar na imagem a seguir o que pode ser gerado a partir dessas somatizações no profissional.
Figura 6: Resultados do sofrimento ocupacional.
Fonte: Pixabay (2020), adaptado por labSEAD-UFSC (2020).
Sabemos que o trabalho é impulsionado pelo seu significado, como ato de transformar a natureza e colocar a nossa identidade no mundo, oferecendo benefícios para a sociedade. Na atualidade, ocorreram muitas mudanças na área profissional, e as instituições buscam melhorar seu relacionamento com o trabalhador, mas grande parte dos indivíduos ainda enxerga o trabalho como algo que requer muito sacrifício e esforço.
Os problemas sempre serão inevitáveis em qualquer área da vida e são muito comuns nos ambientes laborais, mas podem ser enfrentados, resultando em experiências positivas e aprendizagens significativas para o sujeito, na sua vida profissional e pessoal (CODO, 2006). 
Para Barros e Barros (2007), a organização tem responsabilidades com a saúde física e emocional dos funcionários. Dessa forma, deve ser capaz de gerar sentimentos positivos, em situaçõesque possibilitem que os trabalhadores se sintam úteis, autônomos e reconhecidos.
Com as instituições assumindo novos modelos administrativos com intuito de proporcionar ao trabalhador maior realização pessoal, o sentimento de importância e eficácia dos profissionais é fruto do prazer do trabalhador. 
Esses modelos também destacam o papel dos próprios colegas de trabalho na contribuição do prazer no ambiente corporativo, estimulando a compreensão do trabalho como atividade humana essencial e coletiva, resultando em um encontro de si próprio e do outro, que estabelece um processo contínuo de novas reflexões.
Figura 7: Cooperação entre os colegas para estimular o prazer no trabalho.
Fonte: Pixabay (2020).
Geralmente, a satisfação com o trabalho está associada ao reconhecimento, valorização e desempenho do profissional, aspectos fundamentais para produzir prazer ambiente laboral. O prazer no trabalho é capaz de gerar sentimentos de autorrealização como: orgulho, confiança, responsabilidade, além de fortalecer a identidade própria do indivíduo.
Palavra do Especialista
Vivenciando o prazer, o trabalhador adquire novas formas de lidar com o dia a dia, possibilitando um ato de reflexão e ressignificação a respeito da organização, do seu propósito, atribuição, colaboração e relação, como consequência, reproduz uma união coletiva e afetiva com outros profissionais (GLANZNER; OLSCHOWSKY; KANTORSKI, 2011).
Contudo, a concepção do trabalho como fonte de prazer é bastante complexa, tendo em vista as exigências dos procedimentos administrativos, a repetitividade da rotina, a pressão por resultados e os relacionamentos interpessoais. Geralmente, procura-se compensar a monotonia das atividades com mais conforto físico, o que não é capaz de proporcionar prazer, e sim apenas auxilia. Outro fato importante é a falta de cultura e lazer, justificada por falta de recursos ou de infraestrutura (LIMOGI-FRANÇA, 2006). 
Antigamente, o ambiente laboral saudável envolvia apenas aspectos de segurança física. Já, nos dias atuais, envolve a promoção da saúde, como de comportamentos e estilos de vida positivos, ou seja, aspectos psicossociais.
Nesse contexto, Day, Harling e Mackie (2015) consideram que o local de trabalho é o lugar mais propício para a realização de projetos ligados à saúde e ao bem-estar. Esses autores também destacam seis âmbitos genéricos dos ambientes psicologicamente saudáveis. Vamos conhecê-los na imagem a seguir.
Figura 8: Âmbitos genéricos dos ambientes psicologicamente saudáveis, segundo Day, Harling e Mackie (2015).
Fonte: labSEAD-UFSC (2020).
Então, podemos supor que se sentir respeitado e valorizado, ter realização profissional e o êxito nas relações interpessoais contribuem consideravelmente para que o agente de segurança se sinta motivado e capaz de atuar com maior facilidade diante dos obstáculos e perigos que enfrenta no seu quotidiano laboral.
SOFRIMENTO NO TRABALHO
Santos, Hauer e Furtado (2019) explicam que, ao longo da história,  o sofrimento humano recebeu várias significações, de castigo dos deuses na Grécia antiga à bruxaria medieval como consequência do pecado judaico-cristão, sempre exigindo do ser humano uma explicação. A palavra sofrimento origina-se do grego pathos, ou seja, aquilo que afeta o homem.
Com o surgimento da medicina moderna, a partir do século XVIII, a dimensão do sofrimento adquire moldes de ciência empírica. Assim, a medicina precisava definir o seu objeto de estudo, o que fez a doença ser reduzida ao corpo do sujeito adoecido,  com necessidade e possibilidade de localização anatômica, permitindo, assim,  à medicina adequação aos critérios de cientificidade.
Contudo, Santos, Hauer e Furtado (2019) afirmam que uma consequência de tal reducionismo foi a exclusão do âmbito terapêutico e de todo o sofrimento em sua dimensão subjetiva.
Nesse contexto, clique nas abas a seguir e vamos entender historicamente os moldes da ciência empírica.
NASCIMENTO DA PSIQUIATRIA
NASCIMENTO DA PSICANÁLISE
Deve-se considerar que o sofrimento é um fenômeno inerente ao trabalho quando um indivíduo não encontra meios para superar esse sofrimento e transformá-lo em prazer. Assim, o trabalho se torna uma fonte de sofrimento patológico, já que esse sujeito não encontra meios de dar vazão ao sofrimento encontrado no trabalho, sobretudo quando as formas como esse trabalho se organiza bloqueiam as possibilidades de expressão e negociação.
Palavra do Especialista
“Nesse sentido, abordando o sofrimento psíquico do trabalhador, a patologia surge quando ocorre o rompimento do equilíbrio e o sofrimento deixa de ser contornável, ou seja, quando o trabalhador já se utilizou todos os seus recursos tanto psicoafetivos, quanto intelectuais para responder às demandas impostas pela organização e conclui que não há mais o que fazer para adaptar-se ou para transformar o seu trabalho.” (SANTOS; HAUER; FURTADO, 2019, p. 18).
O sofrimento no trabalho afeta o trabalhador, seus familiares e a própria instituição, uma vez que ocasiona o aumento dos afastamentos médicos e do absenteísmo, maior frequência de acidentes de trabalho, redução da eficácia e sobrecarga de trabalho dos demais profissionais (DOLAN, 2006).
Reconhecer e compreender as características presentes nos ambientes laborais capazes de afetar a saúde do trabalhador não é uma tarefa fácil, pois cada contexto laboral tem suas especificidades, que exigem um diagnóstico situacional desenvolvido por técnico especializado, como um psicólogo organizacional, por exemplo.
Seguindo as ideias de Rossi (2013), podemos entender que relações interpessoais conflituosas com colegas e chefias, impossibilidade de crescimento, falta de autonomia e de condições de trabalho são fontes de estresse no trabalho. Bem como burnout, assédio moral e sexual são situações que causam extremo sofrimento e podem afetar drasticamente a saúde do trabalhador.
Vejamos, na figura a seguir, o conceito de assédio moral e sexual, bem como suas consequências.
Figura 9: Assédio moral e sexual e suas consequências.
Fonte: labSEAD-UFSC (2020).
Sabemos que qualquer tipo de trabalho possui fatores potencializadores da motivação ou da frustração, do bem-estar ou adoecimento. Contudo, existem especificidades das instituições de segurança pública que merecem ser discutidas com maior profundidade, tendo em vista as consequências na saúde dos profissionais, como é o caso dos profissionais de segurança pública. 
Vamos seguir com nosso estudo e conhecer sobre o sofrimento psíquico no contexto da segurança pública.
Sofrimento psíquico no contexto da segurança pública
Conforme Santos, Hauer, Furtado (2019), o sofrimento psíquico pode ser compreendido como uma experiência subjetiva, vivenciada de maneira distinta por cada indivíduo. Tal sofrimento pode se manifestar através de sintomas, angústias, inibições, compulsão, repetição, entre outros. Também pode ser entendido como um conjunto de fatores psicológicos que afetam o funcionamento adequado de um indivíduo, que foge de seu domínio pessoal, causando-lhe sofrimento, atrelado a sentimentos desagradáveis ou emoções que o afetam.
Estudos que relacionam saúde mental e trabalho nas mais diversas categorias profissionais ainda são recentes no contexto acadêmico científico. A França, país pioneiro nesse tipo de pesquisa, desde a Segunda Guerra Mundial, vem elaborando projetos com contribuições da Psiquiatria Social. No Brasil, somente a partir dos anos 1980 houve impulso desse tipo de pesquisa, sendo ainda escassos programas de prevenção e promoção de saúde mental dos trabalhadores em nosso país (AMADOR et al., 2002).
Apesar dessa incipiência de trabalhos, pesquisas e o estabelecimento de bases metodológicas referentes à relação trabalho-saúde junto às polícias vêm ocupando lugar de destaque tanto no meio acadêmico quanto nas próprias instituições policiais.
Esse processo de debate se deu especialmente em razão da peculiaridade da função, ou seja, o contexto de risco diário atrelado ao movimento histórico social, que, a partir da abertura da democracia no Brasil,coloca em discussão a prática dos policiais, entre outros assuntos decorrentes da função que antes eram sigilosos.
Para Santos, Hauer e Furtado (2019), quando o peso psíquico do trabalho é grande, isso resulta em tensão e desprazer, além de fadiga, astenia e outras patologias.
É importante destacar que profissionais de segurança pública têm sua missão constitucional, os seus deveres, como a preservação da ordem pública, a segurança e a proteção das pessoas e do patrimônio. Essa missão se dá por meio de policiamento ostensivo, prisão de sujeitos que transgridam a lei, orientação e advertência à população e os mais diversos tipos de ocorrência.
Santos, Hauer e Furtado (2019) ainda entendem que a profissão do policial está intimamente ligada a muita cobrança institucional, disciplina rígida e um alto risco ocupacional. A rotina desse profissional em sua função pode provocar danos à sua integridade física e de outros.
Ser policial, portanto, pode ser entendido como estar num alto grau de vulnerabilidade ao sofrimento psíquico, uma vez que sua rotina de trabalho é marcada por tensão e perigos constantes.
Um fator de destaque associado à atividade policial são os distúrbios de sono. Esse déficit orgânico pode ocasionar uma série de consequências para a vida do profissional. Vamos conhecer algumas delas na figura a seguir.
Figura 10: Consequências do distúrbio do sono.
Fonte: labSEAD-UFSC (2020).
Santos, Hauer e Furtado (2019) ainda descrevem outra característica que pode ter impacto na saúde mental do policial: a exposição maior a tragédias humanas, que coloca o profissional em risco para o desenvolvimento de transtornos mentais, além de potencial risco para abuso de álcool e outras drogas.
As instituições devem zelar pela saúde de seus profissionais, ofertando ações de prevenção de doenças mentais, especialmente do suicídio. Santos, Hauer e Furtado (2019) apontam que a prevenção institucional deve considerar três níveis, os quais estão apresentados a seguir.
Clique nas setas e conheça-os.
1. 
2. 
3. 
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
É chamada de prevenção universal e diz respeito à ação de conscientização acerca da problemática de estratégias para identificação e manejo, entre outros.
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Nesse sentido, a prevenção institucional se refere a uma prevenção que tem por objetivo a sensibilização dos gestores e/ou comandantes para que estejam capacitados e busquem técnicos especializados para intervir de forma assertiva quando for necessário. Um bom exemplo seria o desenvolvimento de capacitações e esclarecimentos acerca dos transtornos mentais, avaliações periódicas individuais e institucionais sobre as fontes de estresse e sua incidência, bem como campanhas educativas de incentivo a mudanças comportamentais inadequadas, a superação de preconceitos e estigmas e a valorização da qualidade de vida no trabalho.
Aula 3 – Qualidade de Vida no Trabalho
CONTEXTUALIZANDO...
De acordo com Almeida et al. (2014), nos últimos anos, há uma preocupação cada vez maior com a melhoria da qualidade de vida do trabalhador, bem como um alerta maior aos riscos aos quais o trabalhador pode estar exposto e que podem ocasionar doenças ocupacionais e o aumento dos atendimentos e afastamentos médicos, ocorrência de acidentes de trabalho, redução da eficácia e absenteísmo.
Então, a preocupação com a qualidade de vida no trabalho surge como empenho no sentido da humanização do trabalho. Vamos seguir nossos estudos aprendendo sobre a qualidade de vida no âmbito organizacional.
CONCEITOS E VARIÁVEIS
Existem inúmeros fatores que podem de alguma forma afetar o ambiente de trabalho, gerando prejuízos no bem-estar e na saúde do profissional e, consequentemente, na instituição a que pertencem. Esses fatores podem ser considerados como fontes de estresse e se diferem entre as profissões, atividades desempenhadas e até mesmo entre os profissionais que trabalham na mesma instituição, pois cada um terá a sua percepção a respeito dos fatos, pessoas ou situações. Nesse sentido, Santos (2010, p. 27) afirma que, “para algumas pessoas, o local de trabalho pode trazer tranquilidade e satisfação e para outras não”.
A preocupação com a qualidade de vida dos profissionais no ambiente corporativo surge como empenho no sentido da humanização do trabalho.
Observa-se que a forma de estruturação do trabalho e das organizações impõe uma necessidade de adaptação do indivíduo aos parâmetros organizacionais, não considerando os seus interesses e desejos. A abordagem da qualidade de vida vem, então, agregar algumas preferências humanas no desenho e gestão de princípios organizacionais, buscando torná-los mais aceitáveis ao indivíduo e contribuir para a sua qualidade de vida geral (SANT’ANNA, 2007).
Segundo Chiavenato (2004, p. 448), o termo “Qualidade de Vida no Trabalho” surgiu na década de 1970, por Luiz Davis, para referir-se à preocupação com o bem-estar geral e à saúde dos trabalhadores no desempenho de suas tarefas.
O mesmo autor cita que atualmente o conceito se refere aos aspectos físicos e psicológicos do local de trabalho. Corresponde tanto às expectativas e reivindicações dos trabalhadores quanto ao interesse das organizações pelos efeitos na produtividade e qualidade do trabalho executado.
Para tanto, as organizações necessitam de profissionais motivados, comprometidos, atuantes. Estes, por sua vez, precisam das condições ambientais adequadas, de um clima organizacional favorável, do apoio e do reconhecimento da equipe de trabalho (colegas) e dos gestores.
Figura 11: Profissional de segurança pública motivado.
Fonte: labSEAD-UFSC (2020).
Chiavenato (2004) ainda afirma que as organizações estão cientes de que, para satisfazerem os clientes externos, precisam primeiramente satisfazer os clientes internos, daí a contínua valorização dos colaboradores ser a marca das empresas internacionais. Ao investir diretamente em seus colaboradores, a organização terá profissionais satisfeitos que produzem melhor.
Nesse contexto, torna-se claro a importância da gestão de qualidade de vida, para otimizar o potencial humano e alcançar os objetivos organizacionais. Essa ideia de satisfazer não só as organizações mas também os seus colaboradores é primordial, pois o sistema capitalista acarretou perda de poder do trabalhador sobre seu trabalho e de seu significado, fazendo com que muitas vezes o trabalho seja percebido como fonte de sofrimento para o indivíduo e de prejuízo para sua qualidade de vida.
Não se trata de uma tarefa fácil, contudo, tanto quanto em outros contextos de trabalho, é preciso identificar os valores praticados nas organizações, as contradições entre os discursos correntes e a prática.
Para Rossi (2011), a qualidade de vida pode ser vista mediante a análise de um conjunto de fatores relacionados aos aspectos pessoais, sociais e profissionais. Não há dúvida de que a valorização profissional é uma importante variável nesse contexto, de maneira que isoladamente não garante o bem-estar do profissional, mas deve ser uma política a ser incrementada e valorizada pelos gestores. Por outro lado, é necessário destacar que um profissional desvalorizado tende à perseguição de comportamentos que inviabilizam uma vida de qualidade.
Conforme Limongi-Franca (2003), a qualidade de vida no trabalho envolve diversos fatores, os quais apresentamos na imagem a seguir.
Figura 12: Fatores que envolvem a qualidade de vida do profissional no trabalho.
Fonte: labSEAD-UFSC (2020). 
Quando esses fatores são inexistentes, começa a ocorrer a decadência da qualidade de vida, que se manifesta através de vários indícios, como o surgimento de novas doenças, dentre as quais prevalece o fenômeno do estresse. O estresse está associado a variáveis que perpassam os níveis dos enfrentamentos apreendidos pelos indivíduos, das exigências de trabalho, do funcionamento do grupo e da organização. Também está relacionado às influências exercidas pelo ambiente externo ao sistema que está sob foco. Valores destoantes podem estar na base da cultura que favorece o desenvolvimento do estresse patológicoe adoece a organização de trabalho (ROSSI; MEURS; PERREWÉ, 2013).
Diante dessas necessidades, observa-se a importância da implantação, desenvolvimento de ações, projetos ou programas de qualidade de vida que estão diretamente vinculados ao bem-estar dos profissionais.
Ou seja, investir em programas de qualidade de vida é investir na saúde dos colaboradores, zelando pelo ser humano. O resultado pode ser observado na consolidação da cultura organizacional.
A opção por um programa de qualidade de vida deve ser realizada com base em estudos relacionados à caracterização psicossocial da organização, fundamentados nos princípios e valores arraigados entre os trabalhadores. A partir dessa dinâmica, é possível se mobilizar para a adoção de novas práticas gerenciais e mudanças efetivas. (ROSSI; MEURS; PERREWÉ, 2013).
A Organização Mundial de Saúde define qualidade de vida como:
Palavra do Especialista
A percepção do indivíduo da satisfação de suas necessidades em busca do autorrealização e felicidade, independentemente do seu estado físico, mental ou financeiro (OMS, 1998).
Assim, podemos supor que a qualidade de vida pode fornecer o alicerce necessário para a promoção da saúde e prevenção de doenças, no qual se faz necessário o equilíbrio entre os diversos aspectos da vida do indivíduo: cuidados físicos, família, trabalho, relacionamentos, espiritualidade e lazer.
Figura 13: Atividade física é um dos fatores determinantes para qualidade de vida.
Fonte: Pixabay (2020). 
A prática contínua de atividades físicas é um dos fatores determinantes da relação entre saúde e qualidade de vida. Geralmente está associada à prevenção de doenças ou superação de dificuldades. Contudo, os cuidados físicos ultrapassam a saúde corporal e abrangem a saúde mental, auxiliando de maneira biopsicossocial o indivíduo, sendo indicado para o tratamento de doenças como a depressão e o transtorno de ansiedade. Entre os benefícios dos cuidados físicos, podemos destacar:
· Aumento da autoestima.
· Melhora na qualidade do sono e redução do estresse.
· Auxílio no desempenho dos estudos, entre outros.
Os cuidados físicos não se restringem apenas a exercícios, mas também à manutenção de uma alimentação equilibrada. Outro fator importante é a moderação, a intensidade dos exercícios, pois de forma demasiada pode acarretar malefícios.
Para os profissionais de segurança pública, os cuidados físicos são essenciais, não estar com a saúde em dia é um risco, devido a constantes situações que exigem condicionamento físico adequado dos profissionais, visto que na operacionalidade cotidiana frequentemente ocorrem eventos inesperados e/ou de grande vulto.
Além disso, as guarnições estão cada vez com número de efetivo reduzido, o que aumenta ainda mais a necessidade de os profissionais estarem preparados para lidar com resistências de conduzidos ou qualquer outro fator que exija preparo físico.
Saiba mais
Há países, por exemplo, onde há apenas um agente de segurança em cada viatura do serviço ordinário, porém, no caso de necessidade de apoio, outras viaturas prestam suporte rapidamente.
Mesmo em ocorrências simples, sempre haverá um grande número de envolvidos, e o agente de segurança, muitas vezes, precisará ter condições físicas para atuar de forma enérgica, efetiva e resiliente.
Dependendo do contexto de atuação desses profissionais, os equipamentos utilizados no trabalho podem chegar a pesar mais de vinte quilos. É o caso de um equipamento comum: os coletes. No Brasil, eles são usados nas corporações e suas placas são muito pesadas, além de reduzirem a mobilidade e serem extremamente quentes.
Figura 14: Colete do profissional de segurança exige resistência física.
Fonte: labSEAD-UFSC (2020). 
No Brasil, outro fator que podemos destacar como atenção aos cuidados físicos essenciais é o fato de a carga horária de um profissional da segurança pública normalmente ser de 24 horas de trabalho por 72 horas de descanso. Isso acarreta a diminuição da disposição dos profissionais para se exercitarem de forma frequente e saudável, além do aumento do número de profissionais que praticam pouca atividade física semanal.
A quantidade de horas a que os policias se expõem durante o trabalho, seja sentados em patrulhas rotineiras dentro das viaturas ou exercendo serviços administrativos nos quartéis, contribui de forma significativa para o aumento no índice de massa corporal não ideal para sua altura, tornando-os sedentários, possibilitando morbidades relacionadas a problemas de saúde de origem física como diabetes, hipertensão ou colesterol alto (MINAYO; ASSIS; OLIVEIRA, 2011).
Outro aspecto fundamental para obtemos qualidade de vida é o âmbito familiar, pois ocorre a formação e o desenvolvimento do indivíduo, sendo importante no ciclo de parentesco e no exercício de execução dos papéis sociais, também como membro de uma família. Fazer com que a entidade familiar seja saudável, na qual se possa encontrar afeto e carinho, bem como apoio para superar as dificuldades, pode auxiliar no desenvolvimento da resiliência, proporcionando ao indivíduo inúmeros benefícios, os quais dificilmente serão substituídos por outras áreas da vida.
Figura 15: A família como aspecto fundamental para qualidade de vida.
Fonte: Pixabay (2020). 
A estrutura familiar, em sua convivência, permite que o agente de segurança se desvincule dos problemas alheios das demandas profissionais e volte a se atentar à sua intimidade familiar, aos valores e ideias compartilhados por eles, onde demandas próprias são de acordo com seus hábitos e costumes desenvolvidos.
Ter a capacidade de dividir bem os momentos profissionais, independentemente da energia emocional gasta em serviço, com os momentos entre familiares, é um desafio norteador que precisa sempre de constante ressignificação e estratégia emocional assertiva.
Não é simples questão de levar ou não problemas do serviço para casa e vice-versa, mas de construir crenças positivas acerca do valor do trabalho exercido e de sua necessidade, com ideia de integralidade, em que sua própria família é afetada pelo bom andamento da vida em sociedade devido ao serviço de outros agentes  e também ao seu próprio.
Dessa forma, é propício zelar pelas relações familiares saudáveis e resinificar os fatores estressores diversos inerentes à profissão para se ter maior qualidade de vida também em família, dando significado complementar existencial ao agente.
Assim, é na própria convivência familiar que o agente poderá manifestar suas vulnerabilidades e encontrar, por exemplo, nos filhos, motivação para renovar a vigor e as energias. Clique nas setas para conhecermos mais sobre os aspectos de convivência familiar que influenciam para o bem-estar do profissional de segurança.
Ao se desvencilhar dos equipamentos operacionais, dos coturnos, da arma, da farda em geral, surge a mãe ou pai afetuoso, que, com a mesma – ou mais intensa – coragem e disposição, manifesta sua alegria de estar junto à família, transcendendo, assim, os momentos tensos vividos no serviço, para canalizar sua atenção afetiva aos seus entes queridos. É criar oportunidades, com inteligência emocional, de convivência harmoniosa, equilibrada e atitudes positivas. 
 
Nesse contexto, é de suma importância que os relacionamentos conjugais ou de amizade sejam funcionais e saudáveis, pois são responsáveis por vínculos profundos para o indivíduo, os quais se fortalecem através do respeito, do amor, da intimidade e do investimento afetivo na relação.
Figura 16: Relações saudáveis são um importante aspecto fundamental para qualidade de vida.
Fonte: Pixabay (2020). 
Os indivíduos buscam nos relacionamentos uma ampla afinidade emocional, mental e sexual, a fim de alcançar o amor e a felicidade e satisfazer suas necessidades pessoais e sociais. Algumas variáveis também devem ser consideradas, como: motivos do início e histórico do relacionamento, divisão financeira, diferenças de idade e cultura.
Direcionando para relações conjugais, Dessen e Braz (2005, apud SCORSOLINI-COMIN; SANTOS, 2010) afirmam que os relacionamentosconjugais são fundamentais tanto para a qualidade de vida no aspecto familiar, como na percepção da atuação de papéis de pais e mães entre os próprios cônjuges.
Na relação do casal, o equilíbrio entre a profissão, a família e o espaço individual nem sempre é uma tarefa fácil, mas é um aspecto a ser levado em consideração para um relacionamento saudável, sendo facilitado quando existe uma forte parceria entre os dois.
Segundo Maldonado (2006), as crises sempre vão existir, mas é preciso ver nelas uma oportunidade de abrir novos caminhos, vê-las por outros ângulos e ser mais flexível, pois, após a superação, poderá ocorrer o aumento da autoestima, o desenvolvimento da resiliência (capacidade de superar as adversidades) e até mesmo o estreitamento dos laços.
Distorções cognitivas como a da personalização ou do filtro mental são desafios constantes pessoais que podem levar o indivíduo a, sem perceber, interpretar de forma errônea a convivência com seu cônjuge.
O lazer é outro aspecto importante. É através de atividades de lazer que podemos relaxar, descontrair e sair da rotina. Esses momentos são necessários à saúde, visto que nosso corpo precisa de um equilíbrio, já que passamos tanto tempo trabalhando ou lidando com responsabilidades, essas atividades de lazer são capazes de trazer a homeostase para nossa saúde física e psíquica.
O lazer é algo subjetivo e pode ser executado de diversas formas como: passear, conhecer pessoas, descansar e muitas outras atividades.
O importante é que nesses momentos ocorra um sentimento de alegria e uma sensação de bem-estar. Dessa forma, um tempo reservado para o lazer é essencial para contribuir para uma melhora na qualidade de vida.
A OMS criou um instrumento para medir a qualidade de vida, e, entre os aspectos avaliados, estão a espiritualidade, a religião e as crenças pessoais. Pode-se citar alguns dos fatores vistos para análise nessa área, como otimismo e esperança, paz interior, admiração e outros.
A espiritualidade está relacionada com o sentido da vida para o indivíduo, ou seja, a maneira como o indivíduo percebe o significado e o propósito de sua existência.
Os modelos mais antigos de organizações não davam muito espaço para a espiritualidade, entretanto, nos últimos anos, esse tem sido um dos temas pilares a ser trabalhado no que tange à qualidade de vida e ao desenvolvimento pessoal e profissional dentro das instituições.
Figura 17: A espiritualidade é um importante aspecto fundamental para qualidade de vida.
Fonte: Pixabay (2020).  
A espiritualidade não necessariamente está ligada a práticas religiosas, apenas reconhece que o ser humano possui uma vida interior, alma e /ou espírito, que precisa ser alimentada, agregando-se a outros temas como valores, ética, motivação, liderança e equilíbrio.
A espiritualidade ajuda as pessoas a aumentarem o seu nível potencial de realização, pois auxilia na reflexão acerca dos problemas gerados pelos conflitos entre vida de trabalho e pessoal, proporcionando aos indivíduos bem-estar e motivação.
Por fim, podemos compreender o quão importante é discutirmos e entendermos o que envolve a qualidade de vida do profissional de segurança pública no âmbito corporativo. O sofrimento que pode ser gerado pelo ambiente ou pela exigência da função acarreta consequências graves para o agente, então a quebra de estereótipos e o preconceito sobre saúde mental é essencial.
Assim, lembre-se de preservar a sua saúde mental e o bem-estar do convívio em sua unidade de trabalho. Saiba respeitar seus limites, mas sempre cumprindo com seus deveres.

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