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Monografia de residuos sólidos

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Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção
ANÁLISE DA QUALIDADE DA COLETA E DISPOSIÇÃO FINAL
DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES DA CIDADE DE
IVAIPORÃ – ESTADO DO PARANÁ.
Dissertação de Mestrado
Jayme Ayres da Silva
Florianópolis
2000.
ANÁLISE DA QUALIDADE DA COLETA E DISPOSIÇÃO FINAL
DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES DA CIDADE DE
IVAIPORÃ – ESTADO DO PARANÁ.
Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção
ANÁLISE DA QUALIDADE DA COLETA E DISPOSIÇÃO FINAL
DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES DA CIDADE DE
IVAIPORÃ – ESTADO DO PARANÁ.
Jayme Ayres da Silva
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-graduação em
Engenharia de Produção da
Universidade Federal de Santa Catarina
como requisito parcial para obtenção
do título de Mestre em
Engenharia de Produção e
Gestão da Qualidade Ambiental.
Florianópolis
2000.
Jayme Ayres da Silva
ANÁLISE DA QUALIDADE DA COLETA E DISPOSIÇÃO FINAL
DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES DA CIDADE DE
IVAIPORÃ – ESTADO DO PARANÁ
Esta dissertação foi julgada e aprovada para a obtenção do título de
Mestre em Engenharia de Produção
no Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Federal de Santa Catarina
Florianópolis, 09 de outubro de 2000.
_______________________________
Prof. Dr. Ricardo Miranda Barcia, PhD.
coordenador do curso
________________________________
Profa. Dra. Sandra S. B. Silveira
orientadora
______________________________________
Profa. Dra. Édis Mafra Lapolli
membro da banca
______________________________________
Prof. Dr. Flávio Rubens Lapolli
membro da banca
Dedicatória
À minha esposa Letícia Rocha Moraes,
pela dedicação e apoio.
Aos meus filhos Danielle Ayres e
Jayme Ayres da Silva Júnior,
as maiores dádivas que Deus me deu.
Agradecimentos
À Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, coordenação e professores,
À Universidade Paranaense – UNIPAR, coordenação e funcionários e
À União das Escolas Superiores do Vale do Ivaí – UNIVALE.
À Professora Doutora Sandra S. B. Silveira,
pela orientação pontual, inteligente e competente.
Aos professores do Curso de Pós-graduação a nível de
Mestrado em Engenharia de Produção.
Aos meu colegas de curso,
que participaram deste importante momento,
somando o saber e o crescimento.
Aos diretores da União das Escolas Superiores do Vale do Ivaí,
Clorivaldo e Míriam Gatti, pelo incentivo e colaboração,
para que o mestrado se tornasse realidade.
Aos meus familiares,
Iolanda, Edson, Ayres, Bruna, Ivety, Matheus e Jane.
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
RELAÇÃO DE ILUSTRAÇÕES......................................................................I
RELAÇÃO DE TABELAS .............................................................................II
RELAÇÃO DE SIGLAS E/OU ABREVIATURAS......................................III
RELAÇÃO DE UNIDADES DE MEDIDA .................................................IV
RELAÇÃO DE ANEXOS .......................................................................................................V
INTRODUÇÃO
............................................................................................01
CAPÍTULO I – REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 ABORDAGEM ANTROPOLÓGICA E URBANISTICA ...........................04
1.2 ABORDAGEM TÉCNICA ...........................................................................08
1.2.1 Classificação do lixo de acordo com a sua origem ........................................09
1.2.2 Características do lixo ....................................................................................13
1.3 ABORDAGEM SANITÁRIA E EPIDEMIOLÓGICA .................................15
1.4 ABORDAGEM LEGAL ................................................................................18
CAPÍTULO II – REFERENCIAL METODOLÓGICO
2.1 IDENTIFICAÇÃO E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA ...........................20
2.2 MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISAS
2.2.1 Pesquisa bibliográfica ....................................................................................21
2.2.2 Pesquisa de campo .........................................................................................21
2.3 OBJETIVOS
2.3.1 Objetivos gerais .............................................................................................25
2.3.2 Objetivos específicos .....................................................................................25
2.4 ESTRUTURAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ....................................................26
CAPÍTULO III
CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE IVAIPORÃ
3.1 HISTÓRICO ..................................................................................................27
3.2 ASPECTOS EDUCACIONAIS .....................................................................32
3.3 DIAGNÓSTICO DA SAÚDE NO MUNICÍPIO DE IVAIPORÃ ................34
3.4 ASPECTOS FÍSICOS E AMBIENTAIS DO MUNICÍPIO
3.4.1 Fatores físicos ................................................................................................36
3.4.2 Enquadramento fisiológico e geopolítico do município de Ivaiporã .............37
3.4.3 Geomorfologia e relevo .................................................................................37
3.4.4 Geologia .........................................................................................................38
3.4.5 Hidrologia ......................................................................................................39
3.4.6 Solos ...............................................................................................................41
3.5 DIAGNÓSTICO DA LIMPEZA PÚBLICA .................................................43
CAPÍTULO IV
DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO
4.1 UNIDADES HABITADAS DO QUADRO URBANO
4.1.1 Zona Central ...................................................................................................49
4.1.2 Periferia...........................................................................................................53
4.1.3 Comparativo geral da Periferia ......................................................................65
4.2 DADOS GERAIS DA ZONA CENTRAL E PERIFERIA ...........................68
CAPÍTULO V
DISPOSIÇÃO FINAL DO LIXO DE IVAIPORÃ
5.0 AVALIAÇÃO DA ÁREA DE DISPOSIÇÃO FINAL DO LIXO
5.1 TAMANHO DA ÁREA ................................................................................70
5.2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ........................................................................71
5.3 ADEQUAÇÃO AMBIENTAL DA ÁREA ...................................................71
CAPÍTULO VI
 RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................74
CONCLUSÃO...............................................................................................86
RECOMENDAÇÕES...................................................................................92
BIBLIOGRAFIA
ANEXO
ANÁLISE DA QUALIDADE DA COLETA E DISPOSIÇÃO FINAL
DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES DA CIDADE DE
IVAIPORÃ – ESTADO DO PARANÁ.
Autor: Jayme Ayres da Silva.
Orientadora: Professora Dra. Sandra Sulamita Baasch Silveira
RESUMO
Com o objetivo de verificar a qualidade da coleta e disposição final dos resíduos
sólidos domiciliares da cidade de Ivaiporã – Estado do Paraná, para auxiliar o poder
público municipal a visualizar e a desenvolver um conjunto de ações alternativas que
possam resultar em melhores condições para a coleta, disposição final dos resíduos
domiciliares, bem como melhorias na qualidade de vida da população e conservação
do meio ambiente, foram realizadas pesquisas bibliográficas e de campo onde foram
utilizados indicadores para verificar a população atendida pela coleta, regularidade,
freqüência, geração per capita de lixo, componentes do lixo e análise da área de
disposição final do lixo e impactos causados ao meio ambiente. O quadro urbano de
Ivaiporã foi dividido em dois agrupamentos (Zona Centrale Periferia), onde residem
27.933 habitantes distribuídos em 7.171 domicílios. Todos os domicílios são
atendidos pela coleta de lixo, na Zona Central a freqüência tem indicador de 100%
(ideal) e a Periferia de 50% (apropriada). A coleta é realizada através de
revezamentos no período diurno e noturno utilizando-se de uma guarnição de 07
(sete) motoristas e 24 (vinte e quatro) operários coletores, tendo um indicador de 1
(um) coletor para cada 1.163 habitantes atendidos, com uma frota de 03 (três)
caminhões compactadores e um caminhão convencional de reserva. O método de
coleta adotado é o direto e a regularidade da coleta é mantida dentro do planejamento.
A população de 12.773 habitantes, residentes na Zona Central produz 8.349 kg/dia de
lixo, eqüivalendo a uma geração per capita de 0,653 kg/habitante/dia e a população de
15.160 habitantes, residentes na Periferia produz 6.384 kg/dia de lixo, eqüivalendo a
uma geração per capita de 0,421 kg/habitante/dia. A população de 27.933 habitantes,
residentes no quadro urbano de Ivaiporã produz 14.733 kg/dia de lixo eqüivalendo a
uma geração per capita de 0,527 kg/habitante/dia. Foram realizadas amostragens do
lixo e retirados componentes num total de 42,90% de matéria orgânica, 34,15% de
material reciclável, 19,45% de material não identificado e 3,50% restante composto
de trapos, couro, madeira, ossos e borracha. A área de disposição do lixo de Ivaiporã é
inadequada, onde verificou-se a presença de catadores de lixo, animais domésticos,
derramamento de chorume nos córregos próximos, existência de vetores de doenças,
fogo e mau cheiro provocado pela emanação dos gases provenientes da
biodegradação. A área do lixão de Ivaiporã não tem nenhum tipo de controle, ficando
aberto para descargas desconhecidas e para acesso da população carente, havendo a
necessidade urgente de área para disposição final dos resíduos que venha atender
todos os critérios técnicos para evitar as agressões ao meio ambiente à saúde humana.
Palavras chaves:
Qualidade, disposição final, coleta de lixo, geração per capita, saúde humana.
ANALYSIS OF THE QUALITY OF THE COLLECTION AND FINAL
DISPOSITION OF THE HOME SOLID RESIDUES OF THE CITY OF
IVAIPORÃ - STATE OF PARANÁ.
Author: Jayme Ayres da Silva
Orientator: Professora Dr ª. Sandra Sulamita Baasch Silveira
ABSTRACT
With the objective of verifying the quality of the collection and final disposition of the
home solid residues of the city of Ivaiporã - State of Paraná, to aid the municipal
public power to visualize and to develop a group of alternative actions that you/they
can result in better conditions for the collection, final disposition of the home solid
urban residues, as well as improvements in the quality of life of the population and
conservation of the environment, bibliographical and field researches were
accomplished where indicators were used to verify the population assisted by the
collection, regularity, frequency, per capita generation of garbage, components of the
garbage and analysis of the area of final disposition of the garbage and impacts caused
to the environment. The urban picture of the city of Ivaiporã was divided in two
groupings (Central Zone and Periphery), where 27.933 inhabitants distributed in 7.171
homes reside. All the homes are assisted by the garbage collection, in the Central
Zone the frequency has an indicator of 100% (ideal) and the Periphery of 50%
(appropriate). The collection is accomplished through alternations in the period of the
day and night being used a garrison of 07 (seven) drivers and 24 (twenty-four) labor
collectors, having an indicator of 1 (a) collector for each 1.163 assisted inhabitants,
with a fleet of 03 (three) trucks compactor and a conventional truck of reservation.
The adopted collection method is the direct and the regularity of the collection is
maintained inside of the planning. The 12.773 inhabitants' population, residents in the
Central Zone produce 8.349 garbage kg/per inhabitants a day, being equivalent to a
per capita generation of 0,653 kg/per inhabitants’ a day and the 15.160 inhabitants'
population, residents in the Periphery produce 6.384 garbage kg a day, being
equivalent to a per capita generation of 0,421 kg per inhabitant a day. The 27.933
inhabitants' population, residents in the urban picture of Ivaiporã produce 14.733 kg
per a day of garbage being equivalent to a per capita generation of 0,527 kg per
inhabitant a day. Samplings of the garbage and retired components were
accomplished in a total of 42,90% of organic matter, 34,15% of recycling material,
19,45% of not identified material and 3,50% remaining composed of rags, leather,
wood, bones and rubber. The area of disposition of the garbage of Ivaiporã is
inadequate, where the presence of garbage collectors was verified, domestic animals,
chorume spill in the creeks in the close creeks, existence of vectors of diseases, fire
and bad smell provoked by the emanation of the gases provenients of the
biodegradation. The area of the big trash of Ivaiporã doesn't have any control type,
being opened for unknown discharges and for access of the lacking population, having
the urgent need of an area for final disposition of the residues that comes to assist all
the technical approaches to avoid the aggressions to the environment and the human
health.
Key words:
Quality, final disposition, collects of garbage, per capita generation, human health.
I
RELAÇÃO DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01 - Vista parcial do quadro urbano da cidade de Ivaiporã
............................20
Figura 02 - Vista da arborização urbana no centro urbano de Ivaiporã..... ................30
Figura 03 - Localização do Município de Ivaiporã no Estado do Paraná...................36
Figura 04 - Bacia hidrográfica do Estado do Paraná .................................................39
Figura 05 - Acondicionamento do lixo para a coleta .................................................45
Figura 06 - Caminhão DODG – coletor de resíduos da Zona Central........................46
Figura 07 - Caminhão FORD - coletor de resíduos da Periferia.................................47
Figura 08 - Caminhão VOLKSWAGEM – coletor de resíduos da Periferia .............48
Figura 09 - Caminhão reserva para coleta de resíduos ..............................................48
Figura 10 – Área de depósito de resíduos sólidos domiciliares urbanos ...................70
Figura 11 – Vista da área de depósito de resíduos domiciliares ................................71
Figura 12 – Vista da área do lixão registrando a presença de animais domésticos ...72
Figura 13 – Vista da área do lixão com máquina esteira em atividade ......................73
II
RELAÇÃO DE TABELAS
Tabela 01 – Distribuição do sistema de ensino da cidade de Ivaiporã
......................32
Tabela 02 – Distribuição das escolas de acordo com a dependência administrativa .32
Tabela 03 – Distribuição dos alunos que estudam no município de Ivaiporã ...........32
Tabela 04 – Distribuição por sexo de alunos que estudam no município ..................33
Tabela 05 – Distribuição em relação a formação acadêmica dos professores ...........33
Tabela 06 – Comparativo do perfil da educação de Ivaiporã com outros .................33
Tabela 07 – Número de profissionais da área da saúde que atuam em Ivaiporã .......34
Tabela 08 – Distribuição dos estabelecimentos que atuam na área da saúde.............35
Tabela 09 – Distribuição de profissionais e pessoal que atuam na área da limpeza ..43
Tabela 10 – Distribuição de profissionais que atuam na coleta e transporte..............44
Tabela 11 – Distribuição dos caminhões utilizados para a coleta de lixo .................45
Tabela 12 – Distribuição dos domicílios existentes na Zona Central ........................49
Tabela 13 – Distribuição dos domicílios ocupados atendidos pela coleta .................50
Tabela 14 – Distribuição dos habitantes residentes nos domicílios na Zona Central.50
Tabela 15 – Freqüência da coleta de lixo na ZonaCentral ........................................50
Tabela 16 – Quantidade em kg de resíduos coletados na Zona Central ....................51
Tabela 17 – Distribuição dos componentes dos resíduos coletados na Z. Central.....52
Tabela 18 – Distribuição dos domicílios existentes na Zona Norte ...........................53
Tabela 19 – Distribuição dos domicílios atendidos pela coleta na Zona Norte .........53
Tabela 20 – Distribuição dos habitantes residentes na Zona Norte ...........................54
Tabela 21 – Freqüência da coleta de lixo na Zona Norte ..........................................54
Tabela 22 – Quantidade em kg de lixo coletados na Zona Norte ..............................55
Tabela 23 – Distribuição dos domicílios existentes na Zona Sul ..............................56
Tabela 24 – Distribuição dos domicílios atendidos pela coleta na Zona Sul .............56
Tabela 25 – Distribuição dos habitantes residentes na Zona Sul ..............................57
Tabela 26 – Freqüência da coleta de lixo na Zona Sul ..............................................57
Tabela 27 – Quantidade em kg de lixo coletados na Zona Sul ..................................58
Tabela 28 – Distribuição dos domicílios existentes na Zona Leste ...........................59
Tabela 29 – Distribuição dos domicílios ocupados na Zona Leste
............................59
Tabela 30 – Distribuição dos habitantes residentes na Zona Leste ...........................60
Tabela 31 – Freqüência da coleta de lixo na Zona Leste ...........................................60
Tabela 32 – Quantidade em kg de lixo coletados na Zona Leste ...............................61
Tabela 33 – Distribuição dos domicílios existentes na Zona Oeste ...........................62
Tabela 34 – Distribuição dos domicílios atendidos pela coleta na Zona Oeste..........62
Tabela 35 – Distribuição da população residente na Zona Oeste ..............................63
Tabela 36 – Freqüência da coleta de lixo na Zona Oeste ..........................................63
Tabela 37 – Quantidade em kg de resíduos coletados na Zona Oeste .......................64
Tabela 38 – Distribuição dos domicílios existentes na Periferia ...............................65
Tabela 39 – Distribuição dos domicílios atendidos pela coleta na Periferia .............65
Tabela 40 – Distribuição dos habitantes residentes na Periferia.................................66
Tabela 41 – Freqüência da coleta de lixo realizada na Periferia ................................66
Tabela 42 – Quantidade em kg de resíduos coletados na Periferia ............................67
Tabela 43 – Distribuição dos componentes extraídos do lixo ...................................67
Tabela 44 – Distribuição dos domicílios existentes na Zona Central e Periferia ......68
Tabela 45 – Distribuição dos domicílios ocupados na Zona Central e Periferia .......68
Tabela 46 – Distribuição da população residente na Zona Central e Periferia ..........68
Tabela 47 – Freqüência na coleta de lixo na Zona Central e Periferia ......................68
Tabela 48 – Quantidade em kg de resíduos sólidos da Zona Central e Periferia .......69
Tabela 49 – Distribuição da composição geral dos resíduos
.....................................69
III
RELAÇÃO DE SIGLAS E/OU ABREVIATURAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
CEMPRE Compromisso Empresarial para Reciclagem
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa
Fx Faixa (posição da foto aérea no foto índice)
IAPAR Instituto Agronômico do Paraná
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas
IQA Índice de Qualidade da Água
NBR Norma Brasileira
OCDE Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
OMS Organização Mundial da Saúde
PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
SEAB Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento
IV
RELAÇÃO DE UNIDADES DE MEDIDA CITADAS
Grandeza Sistema Internacional – SI Outros Sistemas
Comprimento m.................................metro cm....................centímetro
 mm....................milímetro
 km...................quilômetro
Massa kg.........................quilograma g..............................grama
 t...........................tonelada
 ng....................nanograma
Tempo s.................................segundo h................................hora
 min .......................minuto
Temperatura k ..................................Kelvin oC...............graus Celsius
 OF............graus Farenheit
Área m2 ..................metro quadrado cm2.centímetro quadrado
 Km2.quilômetro quadrado
 ha...........................hectare
Volume m3 ......................metro cúbico cm3......centímetro cúbico
Massa específica kg/m3..............quilograma por g/cm3................grama por
 metro cúbico centímetro cúbico
Força N .................................newton kgf.......quilograma-força
Energia J...................................... joule cal ........................caloria
V
RELAÇÃO DE ANEXOS
Mapa do quadro urbano da cidade de Ivaiporã – escala 1:10.000........................01
Documento fornecido pela Vigilância Sanitária – laudo técnico ...............................02
Planta da área de depósito de lixo de Ivaipora........................................................03
INTRODUÇÃO
Qualquer ser vivo gera, através de sua atividade metabólica, algum tipo
de rejeito. Ou seja, absorve matéria, transforma-a em energia, incorpora uma parte
como biomassa e excreta o excedente ou o que não lhe é útil. Esse fenômeno, que
ocorre a todo momento no Planeta, é condição indispensável à vida. Nós, seres
humanos, geramos, ainda, outros tipos de rejeitos ou resíduos.
A Revolução Industrial possibilitou-nos colocar em prática alguns
“sonhos”. Os materiais e equipamentos passaram a ser produzidos rapidamente,
através do emprego das máquinas, de forma diferente dos processos artesanais.
Graças ao desenvolvimento da tecnologia de produção e diversificação de materiais,
intensificou-se o consumo e surgiram diversos tipos de lixo: domiciliares, industriais,
hospitalares, públicos etc.
 O aumento do número de habitantes no Planeta, associado à
concentração das populações nas cidades, vem agravando a capacidade natural da
Terra para absorver o lixo. Em qualquer nível da produção per capita de lixo, mais
pessoas significa mais lixo.
O problema da coleta e disposição do lixo domiciliar é mundial.
Entretanto, a situação se agrava muito em países onde não existe serviço de coleta e
disposição adequados, como é o caso do Brasil, “o brasileiro convive com a maioria
do lixo que produz. São 241.614 toneladas de lixo produzidas diariamente no país.
Ficam a céu aberto (lixão) 76% de todo esse lixo. Apenas 24% recebem tratamento
mais adequado” (IPT/CEMPRE, 1995).
A carência de saneamento ambiental, especialmente de disposição final
adequada de lixo, repercute diretamente sobre a qualidade da água. A gestão de
recursos hídricos está estreitamente relacionada com a gestão do saneamento, coleta e
disposição final dos resíduos urbanos (RIBEIRO, M. 1998).
O processo de urbanização acelerado de muitas cidades brasileiras
trouxe novas questões e desafios para aqueles que nelas vivem. As cidades nem
sempre estiveram preparadas para receber tanta gente, carros, ruídos e especialmente
todo o lixo produzido.
A falta de planejamento para o assentamento urbano adequado, somada
às más condições de moradia e a cultura dos habitantes, contribui para que o serviço
de coleta não funcione de forma eficaz.
O Ministério da Agricultura estima que cerca de 14 bilhões de
toneladas de alimentos são perdidos anualmente. O brasileiro desperdiça cerca deR$
4 bilhões anuais em frutas, verduras, legumes e outros, deixando ainda nos
restaurantes 20% da comida que pede. Por falta de informação, donas de casa
descartam 20% de certos alimentos, como cascas e folhas, com alto poder nutritivo.
As embalagens mal projetadas são responsáveis por 30% das indenizações de seguros
no transporte rodoviário (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 1998).
No Brasil, a média de produção diária de lixo per capita é de 600
gramas, mas essa média de produção tende a crescer nas grandes cidades e nas
camadas mais ricas da população (RIBEIRO, M., 1998)
 O estado de limpeza de uma comunidade reflete, sem dúvida, o grau de
civilização de seus habitantes e a eficiência e seriedade dos administradores locais.
A influência desse estado de limpeza na vida e no desenvolvimento das
cidades, entretanto, deve ser enfatizado para alertar as autoridades municipais sobre as
diversas implicações da limpeza pública na saúde da população e na economia da
região.
Nas cidades onde a população não participa do processo da limpeza
urbana, é comum observar-se a existência de monturos de lixo pelas ruas, dentro de
rios, em terrenos baldios etc.; lixo colocado em caixotes, caixas de papelão, latas
improvisadas e espalhadas pela calçada, aguardando a passagem do caminhão.
Este panorama gera, inevitavelmente, diversos malefícios do ponto de
vista sanitário, dos quais os principais são a proliferação de agentes transmissores de
doenças, tais como: moscas, ratos, mosquitos, baratas, formigas etc., e a produção, a
partir do lixo, de fumaças e líquidos que poluem o ar, a água e o solo.
Do ponto de vista econômico, podem-se mencionar, como decorrentes
de um sistema precário de limpeza pública a desvalorização dos terrenos e prédios
localizados nas proximidades das áreas com acúmulos de lixo.
Ocorrem ainda problemas tais como: gastos freqüentes com limpeza de
rios e galerias de águas pluviais; reflexos negativos no turismo da região; falta de
estímulo à fixação de novos habitantes e de novos empreendimentos comerciais e
industriais.
A solução para o problema exige o esforço conjunto dos cidadãos e da
municipalidade, cabendo a esta, entretanto, a maior parcela, já que dispõe de meios
para educar a população, infundir práticas sanitárias e impor ao público obrigações
que facilitem o trabalho oficial e ajudem a manter limpa a cidade.
Neste sentido, assume notável importância , a proposta técnica de
levantar a qualidade da coleta e disposição final dos resíduos sólidos domiciliares da
cidade de Ivaiporã – Estado do Paraná, com objetivos identificar a freqüência,
regularidade, geração per capita de lixo, identificar a composição dos resíduos
sólidos, analisar a frota e guarnição utilizada na coleta, analisar a área de disposição
final dos resíduos sólidos e propor ao poder público municipal alternativas técnicas
que possam resultar em melhores condições para a coleta, disposição final dos
resíduos domiciliares, bem como melhorias na qualidade de vida da população e
conservação do meio ambiente.
CAPÍTULO I - REFERENCIAL TEÓRICO
1.0 REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 ABORDAGEM ANTROPOLÓGICA E URBANISTICA
A sociedade é todo grupo de pessoas que vivem juntas, durante um
período suficientemente longo para se organizar e formar uma unidade social, com
limites bem definidos.
Na vida humana, a sociedade, mais que o indivíduo, tornou-se unidade
principal na luta pela existência. Os homens defrontam a natureza, não na qualidade
de unidades isoladas, mas na qualidade de membros de grupos cooperativos
organizados. A incorporação do indivíduo ao grupo e seu aprendizado em uma ou
outra das atividades especializadas necessárias ao bem estar do grupo, tornaram-se
assim a função mais importante da herança social humana, como conseqüência, toda
cultura humana precisa incluir uma série de técnicas para a vida em grupo (LINTON,
R. 1976).
Até onde nos permite conhecer a História, nos encontramos hoje em
uma situação sem precedentes: nossos espaços de reserva estão diminuindo e a Terra
parece estar tornando-se pequena para a crescente população.
No início da Era Cristã havia cerca de 200 milhões de pessoas no
mundo (IPT/CEMPRE, 1995). Já, em 1750, a população mundial girava em torno de
1 bilhão de habitantes, número que praticamente se manteve até o final do século
passado. Porém, uma série de fatores, entre os quais o avanço da medicina e da
tecnologia na agricultura, criaram, a partir de então, condições para um crescimento
extraordinário da população mundial (JAMES, B. 1991).
O aumento populacional, a industrialização e o crescimento econômico
trouxeram consigo não apenas aumentos na quantidade de lixo mas também mudanças
em suas características. Embora o papel, o papelão e o plástico continuem sendo os
principais componentes dos resíduos sólidos urbanos, outros tipos de lixo estão
crescendo em quantidade rapidamente. O alumínio e outras substâncias relativamente
novas estão a cada vez mais, substituindo materiais tradicionais como o vidro, o aço e
as fibras vegetais. Além disso, muitos dos modernos produtos para o consumidor,
incluem substâncias tóxicas que podem apresentar problemas de remoção: pilhas
contêm metais pesados, tais como chumbo, mercúrio e cádmio; produtos de limpeza
domésticos, solventes, tintas e inseticidas com freqüência incluem substâncias
químicas perigosas.
Atrelado a isto, vem o aumento da poluição do solo, das águas
(subterrâneas e de superfície) e do ar, levando a um contínuo e acelerado processo de
deterioração de nosso ambiente, com uma série de implicações na qualidade de vida
de seus habitantes e nos seus bens naturais. Uma parcela significativa desta
deterioração resulta do trato inadequado do lixo gerado.
O grau de urbanização também está crescendo. Em meados do século
XIX, apenas 1,7% da população mundial viviam nas cidades, percentual significativo,
porém, já em 1950, essa proporção era de 21% em 1980, 41,5%, SANTOS (1991).
As estatísticas demonstram também que o crescimento urbano tem sido mais
acelerado nos países em desenvolvimento, explicado não apenas pelo crescimento
vegetativo, mas principalmente pelo êxodo rural.
 No Brasil, a urbanização intensificou-se após os anos 50, como
resultado de um acirrado êxodo rural, que deu origem a inúmeras novas cidades ou o
crescimento das já existentes. Entre 1960 e 1970, ocorreu a inversão quanto ao lugar
de residência da população brasileira, da zona rural para a urbana, consolidada em
1980. Entre 1960 e 1980, houve um grande crescimento da população urbana, mais
de 50 milhões de novos habitantes, e na década posterior mais de 30 milhões foram
acrescidos. O índice de urbanização em 1991, era superior a 77%, e, estima-se que
após o ano 2000, teremos mais de 80% da população brasileira residindo nas cidades,
evidenciando a tendência de irreversibilidade da urbanização que se manifesta no
mundo (SANTOS, M., 1993).
A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – PNSB, 1989, realizada
pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, editada em 1991, mostrou
que o crescimento populacional, bem como o aumento do grau de urbanização não foi
acompanhado de medidas necessárias para dar ao lixo gerado por esta população um
destino adequado.
Sabe-se que a degradação ambiental e a queda da qualidade de vida nas
cidades decai à proporção que a urbanização se intensifica. OLIVEIRA (1991), afirma
que “é na zona urbana, onde vivem mais de 80% dos brasileiros desassistidos
socialmente, que a degradação ambiental tem comprometido de forma quase
irreversível a qualidade de vida”.
Os problemas ambientais são cada vez maiores e de forma
concentrada, e, parecem “emergir como resultados dos processos de produção da
própria cidade. Esses resultados, enquanto problemas, revelam também, as
carências que foram sendo produzidas”, (SEABRA, 1991).
Ao construir cidades, os homens inserem enorme quantidade de novos
materiais, equipamentose seres vivos no ambiente natural originando um novo
ambiente. A intensidade das alterações empreendidas no ambiente precedente será
razão direta da qualidade e quantidade de elementos nele introduzidos. Entre as
alterações no ambiente natural introduzidas pelo homem, no espaço construído, as
mais comuns são: retirada da cobertura vegetal, concentração de escoamento
superficial, introdução de novas formas de relevo, concentração de edificação,
acúmulo de lixo, lançamento de partículas e gases na atmosfera, e produção de
energia artificial, modificando profundamente os elementos naturais, como o clima,
ar, vegetação, relevo e água, refletindo na qualidade de vida (MENDONÇA, 1994).
As sociedades que pretendem melhorar a sua qualidade de vida, devem
voltar a atenção para a necessidade de reduzir a sua produção de lixo, destinando de
forma ecologicamente correta as sobras restantes.
1.2 ABORDAGEM TÉCNICA:
Conceito de lixo e resíduo (FERREIRA, Aurélio, 1986).
Lixo
1) Aquilo que se varre da casa, do jardim, da rua e se joga fora;
entulho.
2) Tudo o que não presta e se joga fora.
3) Sujidade, sujeira, imundície.
4) Coisa ou coisas inúteis, velhas, sem valor.
Resíduo
1) Aquilo que resta de qualquer substância; resto.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas, através da NBR -
10004, São Paulo, 1987, define lixo/resíduo, como: “restos das atividades humanas,
considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis.
Normalmente, apresentam-se sob estado sólido, semi-sólido ou semilíquido (com
conteúdo líquido insuficiente para que este líquido possa fluir livremente)”, ou
ainda: “os resíduos podem ser classificados também de acordo com a sua natureza
física (seco e molhado), sua composição química (matéria orgânica e matéria
inorgânica) e pelos riscos potenciais ao meio ambiente (perigoso, não inerte e
inerte)”.
Em relação aos resíduos de riscos potenciais ao meio ambiente,
(resíduo perigoso, não inerte e inerte) a ABNT, faz a seguinte divisão: resíduo
perigoso ou classe I; resíduo não inerte ou classe II e resíduo inerte ou classe III.
Resíduo perigoso ou classe I:
 É aquele que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou
infecto-contagiosa, pode: apresentar risco à saúde pública, provocando ou
contribuindo, de forma significativa, para um aumento de mortalidade ou incidência
de doenças; apresentar riscos ao meio ambiente, quando manuseado ou destinado de
forma inadequada e ser inflamável, corrosivo, reativo, tóxico ou patogênico.
Resíduo não-inerte ou classe II:
 É aquele que tem propriedades tais como combustibilidade,
biodegradabilidade ou solubilidade em água.
Resíduo inerte ou classe III:
É aquele cujos constituintes dissolvidos ficam em concentrações
abaixo dos padrões de potabilidade (exceto quanto a aspectos, cor, turbidez e sabor),
quando submetido a um teste padrão de solubilização em água destilada.
1.2.1 Classificação do lixo de acordo com a sua origem:
O lixo também poderá ser classificado, de acordo com a sua origem,
isto é: lixo comercial, de varrição e feiras livres, serviços de saúde e hospitalares;
portos, aeroportos e terminais ferro e rodoviários, industriais, agrícolas, entulhos e os
resíduos sólidos domiciliares urbanos.
Lixo comercial:
É aquele originado dos diversos estabelecimentos comerciais, tais
como, supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes, etc.
O lixo destes estabelecimentos e serviços tem um forte componente de
papel, plásticos, embalagens diversas e resíduos de asseio dos funcionários, tais como,
papéis toalha, papel higiênico etc.
Lixo público:
São aqueles originados dos serviços de limpeza pública urbana,
incluindo todos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias, de
galerias, de esgotos, de córregos e de terrenos, restos de podas de árvores e de feiras
livres.
Lixo hospitalar:
Constituem os resíduos sépticos, ou seja, que contêm ou
potencialmente podem conter germes patogênicos. São produzidos em serviços de
saúde, tais como: hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, clínicas veterinárias,
postos de saúde etc. São agulhas, seringas, gazes, bandagens, algodões, órgãos e
tecidos removidos, meios de culturas e animais usados em testes, sangue coagulado,
luvas descartáveis, remédios com prazos de validade vencidos, instrumentos de resina
sintética, filmes fotográficos de raios X etc.
Resíduos assépticos destes locais, constituídos por papéis, restos da
preparação de alimentos, resíduos de limpezas gerais (pós, cinzas etc.), e outros
materiais que não entram em contato direto com pacientes ou com os resíduos
sépticos anteriormente descritos, são considerados como domiciliares.
 Lixo de portos, aeroportos, terminais rodo e ferroviários:
 Constituem os resíduos sépticos, ou seja, aqueles que contêm ou
potencialmente podem conter germes patogênicos, trazidos aos portos, terminais e
aeroportos. Basicamente, originam-se de material de higiene, asseio e restos de
alimentação que podem veicular doenças provenientes de outras cidades, estados ou
países.
Lixo industrial:
É aquele originado nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais
como, metalúrgica, química, petroquímica, papelaria, alimentícia etc.
O lixo industrial é bastante variado, podendo ser representado por
cinzas, lodo, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras,
borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas etc. Nesta categoria, inclui-se a grande
maioria do lixo considerado tóxico.
Segundo dados da Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE), são produzidas cerca de 50 milhões de
toneladas de resíduos perigosos anualmente e as nações desenvolvidas são
responsáveis por 90% da geração desse tipo de resíduo.
A Resolução do CONAMA n º 06 (federal – 15/06/88) exige que as
empresas mantenham um inventário dos resíduos gerados nos processos produtivos.
Estes devem ser submetidos as agências ambientais numa freqüência anual, segundo a
classificação (resíduos classe I, II e III), de acordo com a NBR 10004.
A NBR 10004 também disponibiliza uma lista de resíduos e
contaminantes perigosos. Em alguns casos, de acordo com a NBR 10005, podem ser
necessários testes de lixiviação para determinar e classificar os resíduos.
Lixo agrícola:
São os resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária, como
embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração etc.
Em várias regiões do mundo, estes resíduos já constituem uma
preocupação crescente, destacando-se as enormes quantidades de esterco animal
geradas nas fazendas de pecuária intensiva. Também as embalagens de agroquímicos
diversos, em geral altamente tóxicos, têm sido alvo de legislação específica, definindo
os cuidados na sua disposição final e, por vezes, co-responsabilizando a própria
indústria fabricante destes produtos.
Lixo entulho:
São os resíduos da construção civil: demolições e restos de obras, solos
de escavações etc. O entulho é geralmente um material inerte, passível de
reaproveitamento.
Lixo domiciliar:
 É aquele originado da vida diária das residências, constituído por
restos de alimentos (tais como, cascas de frutas, verduras etc.), produtos deteriorados,
jornais e revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis
e uma grande diversidade de outros itens. Contém, ainda, alguns resíduos que podem
ser potencialmente tóxicos.
Qualquer material descartado que possa por em risco a saúde do
homem ou o meio ambiente, devido à sua natureza química ou biológica, é
considerado perigoso.
No lixo municipal é grande a variedade de produtos com substâncias
que conferem características de inflamabilidade, corrosividade, óxido-redução ou
toxidade.
Pilhas, lâmpadas fluorescentes e frascos de aerossóis estão presentes
no lixo municipal em quantidades significativamente maiores em relação a outros
resíduos potencialmenteperigosos, principalmente, em cidades de médios e grandes
portes.
As pilhas e as lâmpadas fluorescentes são classificadas como resíduos
perigosos por terem metais pesados que podem migrar e vir a integrar a cadeia
alimentar do homem.
O motivo dos frascos de aerossóis serem classificados como resíduos
perigosos não é devido às suas embalagens e sim aos restos de substâncias químicas
que essas contêm quando descartadas. Com o rompimento do frasco, essas
substâncias podem contaminar o meio ambiente, migrando para as águas superficiais
e/ou subterrâneas.
1.2.2 Características do lixo:
Para equacionar corretamente o serviço de limpeza pública, é
necessário conhecer as características do lixo, que são variáveis conforme a cidade.
Esta variabilidade é em função de fatores como por exemplo, a atividade dominante
(industrial, comercial, turística etc.), os hábitos e costumes da população
(principalmente quanto à alimentação) o clima e a renda.
Estas variações acontecem mesmo dentro de uma cidade de acordo
com o bairro considerado e também podem se modificar durante o decorrer do ano ou
de ano para ano, tornando necessários levantamentos periódicos para atualização de
dados.
As características do lixo podem ser divididas em físicas, químicas e
biológicas (SUCEAM, 1994).
Características físicas:
Composição gravimétrica, peso específico, teor de umidade,
compressividade e geração per capita.
Composição gravimétrica:
É o percentual de cada componente em relação ao peso total do lixo.
Peso específico:
 É a relação entre o peso do lixo e o volume ocupado, expresso em
Kg/m3. Sua determinação é fundamental para o dimensionamento de equipamentos e
instalações. O peso específico poderá variar de acordo com a compactação.
Teor de umidade:
 É uma característica decisiva, principalmente nos processos de
tratamento e disposição final, bem como para a avaliação do poder calorífico. Varia
muito em função das estações do ano e incidência de chuvas.
Compressividade:
 Indica a redução de volume que a massa de lixo pode sofrer, quando
submetida a determinada pressão. A compressividade situa-se entre 1:3 e 1:4 para
uma pressão equivalente a 4Kg/cm2. Estes dados são utilizados para o
dimensionamento dos equipamentos compactadores.
Geração per capita:
 Relaciona a quantidade de lixo gerado diariamente e o número de
habitantes de determinada região. No Brasil, segundo a Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Urbano do Estado do Paraná, 1994, a faixa média de variação é de
0,5 a 0,8 kg/habitante/dia.
Características químicas:
Definição de tratamentos, grau de degradação da matéria orgânica e
teor calorífico.
Dados para definição de tratamentos:
Teores de cinzas totais e solúvel, pH, matéria orgânica, carbono,
nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo e gorduras.
Grau de degradação da matéria orgânica:
Relação carbono/nitrogênio ou C/N, indica o grau de degradação da
matéria orgânica e é um dos parâmetros básicos para a compostagem.
Poder calorífico:
Indica a capacidade potencial de um material desprender quantidade de
calor quando submetido à queima.
Características biológicas:
É o estudo da população microbiana e dos agentes patogênicos
presentes no lixo urbano.
1.3 ABORDAGEM SANITÁRIA E EPIDEMIOLÓGICA
A saúde é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o
estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas pela ausência de
doença.
Ao se analisar este conceito amplo de saúde pode-se concluir, apenas
observando dados como: taxa de mortalidade infantil, casos de esquistossomose,
epidemias de cólera, etc., que o Brasil é um país em grave estado de saúde.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saneamento como o
controle de todos os fatores físicos do homem, que exercem ou podem exercer efeito
deletério sobre seu bem estar físico, mental e social. Portanto, é evidente que pela sua
própria definição o saneamento é indissociável do conceito de saúde.
A maior parte das doenças transmitidas para o homem é causada por
microorganismos, de pequenas dimensões que não podem ser observados a olho nu e
que têm no meio ambiente uma fase de seu ciclo de transmissão.
Os principais grupos de microorganismos que podem provocar doenças
no homem são os vírus, bactérias, protozoários e os helmintos.
Além das doenças de origem biológica, o lixo pode ser também um
potencial para a transmissão de inúmeras substâncias químicas, capazes de provocar
problemas graves para a saúde do homem.
Várias doenças podem ser transmitidas quando não há coleta e
disposição adequada do lixo. Os mecanismos de transmissão são complexos e ainda
não totalmente compreendidos. Como fator indireto, o lixo tem grande importância
na transmissão de doenças através de vetores que nele encontram alimento, abrigo e
condições adequadas para proliferação.
Os principais vetores relacionadas com o lixo e transmissores de
doenças são: ratos, moscas, mosquitos, baratas, suínos e aves (BARROS, et. allii,
1995).
Ratos: podem transmitir doenças através da mordida, urina, fezes e da
pulga que vive em seu corpo, causando a peste bubônica, tifo murino e leptospirose.
Moscas: transmitem doenças por via mecânica (através das asas, patas
e corpo) e através das fezes e saliva, causando febre tifóide, salmonelose, cólera,
amebíase, disenteria e giardíase.
Mosquitos: transmitem doenças através da picada da fêmea, causando
a malária, leishmaniose, febre amarela, dengue e filariose.
Baratas: transmitem doenças por via mecânica (através das asas, patas
e corpo) e também pelas fezes, causando febre tifóide, cólera e giardíase.
Suínos: transmitem doenças pela ingestão de carne contaminada,
causando cisticercose, toxoplasmose, triquinelose e teníase.
Aves: transmitem doenças através das fezes e também podem fazer o
transporte de bactérias e fungos colhidas no lixo, causando a toxoplasmose e
criptococose.
Deve-se mencionar ainda que alterações na saúde podem ocorrer
através de acidentes de trabalho ocorridos com o pessoal que manuseia o lixo, muitas
das vezes sem meios de proteção adequados e a queima e disposição inadequada do
lixo no solo, poluindo o ar, solo e as águas subterrâneas e superficiais.
O brasileiro convive com a maioria do lixo que produz. São 241.614
toneladas de lixo produzidas diariamente no país. Ficam a céu aberto (lixão) 76% de
todo esse lixo. Apenas 24% recebem tratamento mais adequado. (IPT/CEMPRE,
1995).
Os maiores problemas causados pela disposição inadequada do lixo,
estão ligadas a diversos aspectos, como os sanitários, ambientais e operacionais
(IPT/CEMPRE, 1995).
Os aspectos sanitários geralmente encontrados são: fogo, fumaça, odor
e vetores de doenças divididos em macrovetores (cães, gatos, ratos, urubus, pombos
etc.) e os microvetores (mosca, mosquitos, bactérias, fungos etc.)
Os aspectos ambientais geralmente são marcados pela poluição do ar,
poluição das águas superficiais e subterrâneas, poluição do solo e a poluição estética
da paisagem.
Para os aspectos operacionais, destacam-se os problemas com as vias
de acesso que tornam-se intransitáveis em dias de chuvas, ausência de controle da
área (falta de cercas, falta de guardas e presença de catadores), ausência de controle
dos resíduos (inspeção e balança) e ausência de critérios para a disposição do lixo no
solo (frente de trabalho e método de manejo do lixo).
Os “lixões” são formas condenadas de disposição final de resíduos
sólidos (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ – Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Urbano, 1994).
O aterro sanitário, dentro das normas legais, é uma alternativa aceitável
para a disposição final de resíduos sólidos no solo, qual utiliza-se de técnicas da
engenharia para confinar o lixo na menor área possível e utiliza metodologia que
preserva o meio ambiente e protege a saúde pública.
1.4 ABORDAGEM LEGAL
O direito do homem a um meio ambiente sadio é um direito
indiscutível, reconhecidopela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, onde: “todos os seres humanos têm o direito fundamental a um
ambiente adequado à sua saúde e bem estar”.
O artigo XXV da Declaração Universal dos Direitos do Homem já
reconhecida, em 1946, que “toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de
assegurar a si e à sua família a saúde e o bem-estar, inclusive alimentação,
vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis”. Para
os países em desenvolvimento, os direitos humanos por excelência são os direitos
econômicos e sociais que devem pairar acima dos demais: é o direito à vida no sentido
mais amplo, que abrange os direitos indispensáveis a uma existência condigna.
As necessidades crescentes da população e o desrespeito com a
dinâmica dos componentes da natureza, principalmente após os anos 40, com o
processo de urbanização e industrialização no Brasil, contribuíram para a degradação
do ambiente urbano de várias formas, tendo repercutido na queda da qualidade de
vida do homem. Embora seja garantido na Constituição Brasileira que: “todos tem
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as seguintes e futuras gerações ...” (artigo
225 da Constituição da República Federativa do Brasil), torna-se cada vez mais
seletivo o acesso da população à moradia e aos serviços públicos, a violência cresce
rapidamente e, acentua-se a degradação do ambiente, comprometendo a saúde da
população.
O conceito legal de meio ambiente nos é dado pela Lei n º 6.938, de agosto de
1981, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências, conforme o artigo 3º,
I, da mesma Lei, onde define o meio ambiente como “o conjunto de condições, leis,
influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas”.
Por mais que tentemos uma definição de “meio ambiente”, teremos
sempre a impressão de que ela não está completa, devido à sua complexidade e seu
desenvolvimento.
A Lei orgânica é um instrumento legal, a nível municipal, que trata das
diversas políticas do município, onde estão inseridas, entre outras, as políticas de
saúde e meio ambiente.
Outro instrumento legal que trata das questões ambientais a nível
municipal é o Plano Diretor, está previsto na Constituição Federal, num contexto de
planejamento mais amplo, que inclui o Plano Plurianual, as Diretrizes Orçamentárias
e os Orçamentos Anuais, para todos prevendo-se a participação da sociedade.
O Plano Diretor é o “instrumento básico de desenvolvimento e de
expansão urbana” (não o único), da política de desenvolvimento urbano. Esta “tem
por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
garantir o bem-estar de seus habitantes” (artigo 182 da Constituição Federal de
1998).
O Plano Diretor pode ser concebido com atenção maior para os
aspectos territoriais e ambientais, ou ainda como plano de desenvolvimento integrado,
contendo também o desenvolvimento social.
“Uma cidade saudável é aquela que coloca em prática, de modo
continuado, a melhoria de seu meio ambiente físico e social, utilizando os recursos
de sua comunidade, com o objetivo de permitir aos seus cidadãos uma aptidão
mútua em todas as atividades humanas, que levem em conta a sua plena
realização” (MOISÉS, H.N., 1999).
CAPÍTULO II – REFERENCIAL METODOLÓGICO
2.1 IDENTIFICAÇÃO E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA
A delimitação da pesquisa está restrita ao quadro urbano da cidade de
Ivaiporã (fig. 01), município localizado na região central do Estado do Paraná, com
40.750 habitantes, sendo 12.817 habitantes residentes na zona rural, e 27.933
habitantes residentes na zona urbana, possuindo ainda um total de 11.121 domicílios,
distribuídos em 3.719 na zona rural e 7.402 domicílios no quadro urbano,
(PREFEITURA MUNICIPAL DE IVAIPORÃ – Departamento de Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente, 2000) ocupados por 68,55% da população de todo o
município, que também enfrenta os problemas em relação aos resíduos sólidos
domiciliares e sua disposição final, da mesma forma que os demais municípios do
Estado e do País.
Figura 01 – vista parcial do quadro urbano da cidade de Ivaiporã.
2.2 MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA
Para o desenvolvimento deste trabalho, dividimos a metodologia em
duas parte, sendo: pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo.
2.2.1 Pesquisa bibliográfica:
A pesquisa foi iniciada com uma revisão bibliográfica sobre as
questões ambientais, envolvendo uma abordagem antropológica, técnica,
sanitária/epidemiológica e legal referentes ao lixo.
2.2.2 Pesquisa de campo:
Para o desenvolvimento da pesquisa de campo, em busca dos
indicadores de qualidade, procuramos utilizar diversos materiais e métodos, de acordo
com as especificações de cada item.
Para a avaliação de desempenho da qualidade da coleta dos resíduos
sólidos domiciliares urbanos, foram utilizados os indicadores: população atendida,
regularidade, freqüência, geração per capita e componentes do lixo (IPT/CEMPRE,
1995).
População atendida/população total: o ideal é atender 100% da
população;
Regularidade: medida como percentagem das coletas efetuadas no
período sobre o total de coletas planejadas;
Freqüência: no Brasil, adota-se uma freqüência mínima de duas vezes
por semana.
Identificação das regiões habitacionais:
Para a identificação dos limites das unidades habitacionais (zona
central e periferia), foram utilizadas fotos aéreas (em anexo) para demarcações e
vistorias “in loco” com a participação de técnicos do Departamento Municipal de
Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente e também do Departamento Municipal de
Obras (2000).
Identificação: fotos aéreas (PARANACIDADE, 1996), projeto 601.
Escalas: 1:8000 em câmara RC-10 e distância focal 151,67 mm.
Época do vôo: 11/96.
Autorização: Estado Maior das Forças Armadas, n º 140/96.
Fotos aéreas utilizadas: (Fx = faixa – posição da foto aérea no foto
índice).
Fx. 03-005, Fx. 04-009, Fx. 04-013, Fx. 04-017, Fx. 04-020, Fx. 05-
008,
Fx. 05.012, Fx. 05-014, Fx. 06.007, Fx. 06-010, Fx. 06-014, Fx. 07-005.
Identificação da quantidade de domicílios existentes:
Foram realizadas no mês de janeiro de 2000, visitas “in loco”, pelos
agentes de saúde do município, para contagem e atualização do número de domicílios
existentes no quadro urbano.
Identificação dos domicílios servidos pela coleta de lixo:
Foram realizadas no mês de janeiro de 2000, visitas “in loco”, pelos
servidores da Prefeitura Municipal, para contagem individual e atualização do número
de domicílios urbanos servidos pela coleta de lixo.
Identificação do número de habitantes por unidades habitacionais:
Dados fornecidos pelo Departamento de Desenvolvimento Urbano e
Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Ivaiporã, janeiro, 2000.
Identificação da freqüência e regularidade de coleta do lixo:
Dados fornecidos pelo Departamento de Desenvolvimento Urbano e
Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Ivaiporã, 2000.
Para definir o índice de freqüência de coleta , utilizamos os dias
trabalhados no mês dividido pelos dias úteis do mês (considerando a média de 24 dias
úteis/mês).
Identificação do peso dos resíduos sólidos domiciliares:
Realização de pesagens diárias da coleta de lixo, durante o período de
01 a 30 do mês de março, 2000, nas áreas da Zona Central e Periferia (Zona Norte,
Zona Sul, Zona Leste e Zona Oeste).
Geração per capita de lixo:
Geração per capita de lixo (Kg/habitante/dia), obtida através de
processos de amostragem considerando as pesagens realizadas no mês de março, 2000
(peso do lixo coletado dividido pelo número de habitantes da área estudada).
Identificação da composição do lixo
Para a identificação da composição do lixo coletado na Zona Central e
Periferia dacidade de Ivaiporã, foram realizadas no período de 01 à 10 de março de
2000, 10 (dez) amostragens de 100 kg cada, num total de 1.000 kg para a Zona
Central e 1.000 kg para a Periferia, de onde foram retirados os tipos diferentes de
componentes do lixo e pesados separadamente.
Análise da área de disposição do lixo
Para a análise de avaliação da área existente de disposição do lixo
produzido na cidade de Ivaiporã, foram utilizados critérios técnicos, baseados no
Manual de Gerenciamento Integrado: Lixo Municipal (IPT/CEMPRE, 1995), qual
recomenda a verificação das características locais (tamanho da área, localização,
adequação ambiental, dados básicos (inventário físico), e das características
operacionais e de controle (condições de acesso, operação, recursos disponíveis) e a
classificação da disposição, além de um laudo técnico sanitário expedido pelo
Departamento Municipal de Vigilância Sanitária de Ivaiporã (maio, 2000)
Resultados e discussões:
Análise dos resultados da pesquisa e discussão baseada nos
dados
coletados.
Propostas:
Elaboração de propostas ao término das análises, resultados e
discussões, visando a melhoria na qualidade ambiental para o meio ambiente e para a
melhoria da qualidade de vida da população urbana de Ivaiporã.
2.3 OBJETIVOS
2.3.1 Objetivos gerais:
 Verificar a qualidade da coleta e disposição final dos resíduos sólidos
domiciliares urbanos de Ivaiporã – Estado do Paraná, com o propósito de propor
alternativas técnicas para a coleta e disposição final dos resíduos sólidos, visando
melhorias para a qualidade de vida da população.
2.3.2 Objetivos específicos:
 - Identificação da qualidade da coleta dos resíduos sólidos domiciliares
urbanos de Ivaiporã;
- Identificação da qualidade da freqüência e regularidade da coleta dos
resíduos domiciliares;
- Identificação das áreas com qualidades baixas de coleta dos resíduos;
- Identificação da geração per capita de lixo;
- Identificação da composição dos resíduos sólidos domiciliares (lixo);
- Análise da frota e guarnição utilizada na coleta;
- Análise da área de disposição final dos resíduos, bem como
proposição de alternativas para amenizar os impactos causados na área de depósito;
- Identificação dos problemas causados pelos resíduos que implicam na
saúde da população e proposição de medidas para melhorias da qualidade de vida da
população e apresentação dos resultados e propostas ao executivo municipal.
2.4 ESTRUTURAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
A seqüência dos capítulos desta dissertação completa a metodologia de
pesquisa, a qual é descrita em conjunto com a estruturação do texto.
Capítulo I:
 Referencial teórico, abordagem antropológica, abordagem técnica,
abordagem sanitária/epidemiológica, e a abordagem legal sobre lixo.
Capítulo II:
 Materiais utilizados e métodos adotados para a realização da pesquisa.
Capítulo III:
 Caracterização do município objeto da presente pesquisa, destacando o
histórico, a população, os aspectos educacionais, o diagnóstico da saúde, os aspectos
físicos, aspectos ambientais e diagnóstico da limpeza pública.
Capítulo IV:
Neste capítulo são desenvolvidos e comentados os dados referentes à
pesquisa de campo, englobando a identificação das regiões habitacionais, quantidade
de domicílios servidos pela coleta, número de habitantes/unidade habitacional,
freqüência de e regularidade da coleta, geração per capita de lixo, composição do
lixo.
Capítulo V:
Análise da disposição final dos resíduos sólidos domiciliares urbanos.
Capítulo VI:
Resultados e discussões.
Na seqüência, após a conclusão, trata das propostas e recomendações
para implantação de melhorias na coleta dos resíduos sólidos domiciliares e a sua
disposição final.
CAPÍTULO III - CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
3.0 CARACTERÍSTICAS DO MUNICÍPIO DE IVAIPORÃ
3.1 HISTÓRICO:
Ivaiporã, município situado no Terceiro Planalto, em uma área de
transição limítrofe ao Centro Sul e Norte do Paraná, é de transição também o clima e
o solo. Sua colonização é resultante das correntes migratórias do Sul e Norte do País.
Nas localidades mais ao Sul, predominam as populações descendentes de italianos e
alemães, que para Ivaiporã vieram provindos, principalmente do Estado de Santa
Catarina em meados da década de quarenta e primeira metade da década de cinqüenta.
Essa população dirigiu-se para o centro do Paraná em função do surgimento do
minifúndio em seus estados de origem, pelo crescimento da população e também, pelo
empobrecimento ocasionado pela destruição florestal, pelo declínio da atividade de
exploração da madeira e pelo fim do ciclo da erva-mate naquelas regiões. Nas
comunidades mais ao norte do município, observamos uma população oriunda do
Estado de São Paulo, Minas Gerais e dos estados da região nordeste. Essas
populações vieram para esta região justamente com a expansão da cultura do café, que
foi a base da economia e progresso do município nos seus primeiros anos de
desbravamento.
A área onde hoje está situado o município de Ivaiporã, pertencia à
Sociedade Territorial Ubá Ltda. Anualmente pagava seus impostos ao Governo do
Estado do Paraná, entretanto, a partir de 1939 o Governo do Estado do Paraná, sob
regime de Intervenção Federal, tendo no comando o Interventor Manuel Ribas,
contestou a legitimidade do domínio à Sociedade Territorial Ubá Ltda., sobre as terras
do Imóvel Ubá. Desse ano em diante passou a dispor das mesmas como “terras
devolutas” e pertencentes ao Estado do Paraná.
Queimada foi a primeira denominação do local onde hoje é a sede do
município. Este nome foi oriundo da queimada de um vasto taquaral que existia no
local.
Em 1945, já existiam diversas famílias na área, quais resolveram
mudar a denominação para Cruzeiro, originário de um cruzeiro edificado pelo Sr.
Henrique Paulino, indicando o local para a formação do primeiro cemitério.
Em 1946, deu-se a demissão do Interventor Manuel Ribas e a posse do
novo Governador Dr. Brasil Pinheiro Machado, o qual continuou proibindo a
transcrição do competente registro de imóveis, de qualquer título, continuando as
terras como devolutas. Facilitando a entrada de “posseiros” rotulados de colonos.
Em 1948, o pioneiro Francisco Jacob Goedert, juntamente com
Ludovico Merico conseguiu junto ao então governador do Estado, autorização oficial
para providenciar a vinda de colonos do Estado de Santa Catarina. Com inúmeros
sacrifícios conseguiu a vinda de 200 famílias que foram assentadas na região.
A principal economia era proveniente da cultura do café. As pessoas
com boas intenções em relação às terras, com real interesse em trabalhar e tirar dali o
seu sustento, ocuparam-se da lavoura de café e puderam comprar suas áreas rurais.
Sapecado foi a terceira denominação, esse nome originou-se em
virtude de uma forte geada ter deixado a região totalmente sapecada, esse nome teve
grande aceitação, sendo a que melhor definiu o início da cidade.
A quarta denominação foi Ivainópolis, o rápido desenvolvimento do
Patrimônio Sapecado proporcionou sua elevação a Distrito Administrativo
pertencente ao município de Pitanga com a nova denominação de Ivainópolis,
conforme a Lei Estadual n º 613 em 27 de janeiro de 1951.
Em 1955, deu-se a criação do município de Manoel Ribas e conforme a
Lei Estadual n º 2429 de 13 de agosto de 1955, o distrito de Ivainópolis mudou sua
denominação para Ivaiporã e passou a pertencer como Distrito ao recém criado
município de Manoel Ribas.
Em 1959, Ivaiporã despontava como próspera cidade, seu progresso
ultrapassava as expectativas. Isso ocasionou um movimento pró emancipação
política.
A emancipação foi publicada em Diário Oficial criando o Município de
Ivaiporã, no dia 27 de julho de 1960, decreto governamental n º 4245.
Em 15 de novembro de 1959 aconteceu a primeira eleição municipal,
elegendo o Sr. Manoel Teodoro da Rocha – 1 º Prefeito Municipal de Ivaiporã.
O nome IVAIPORÃé um vocábulo oriundo do tupi - guarani que
significa: IVA = corredeira; I = água e PORÃ = corruptela de Poranga ... que
significa dizer bonito ou bonita;
Denominação dos habitantes = Ivaiporãenses.
Atualmente o Município de Ivaiporã conta com 12.817 habitantes
residentes na zona rural e 27.933 residentes na área urbana, totalizando 40.750
habitantes.
Atualmente, Ivaiporã configura-se como município-pólo de sua micro
região, de modo que, aproveitando de forma adequada as potencialidades, poderá
exercer automaticamente o título que ostenta.
O setor comercial está basicamente instalado na região central da
cidade, sendo que necessita de incentivos para a criação de ruas específicas de locais
de comércio, para atendimento de alguns bairros de expressão que começam a se
destacar, quer sejam pela sua população ou pelo seu poder aquisitivo.
A distribuição da renda salarial familiar mensal é em média de 3 (três)
salários mínimos para os habitantes da Periferia e a média de 5 (cinco) salários
mínimos para os habitantes da Zona Central do quadro urbano da cidade de Ivaiporã
(DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO URBANO, 2000).
A região central da cidade de Ivaiporã dispõe de praças, em bom
estado de conservação, inclusive com arborização e jardinagem (fig. 02).
Figura n º 02 – vista da arborização urbana no centro do quadro urbano de Ivaiporã,
2000.
 Fora da estrutura da cidade, mas dentro do perímetro urbano, existem
pequenas matas e bosques que podem tornar-se locais para lazer e recreação, inclusive
com córregos e riachos cortando essas áreas (PLANO DIRETOR DE
DESENVOLVIMENTO URBANO DE IVAIPORÃ, 1994, atualização, 2000).
3.2 ASPECTOS EDUCACIONAIS
O Núcleo Regional de Educação da Secretaria Estadual de Educação
do Estado do Paraná encontra-se instalado em Ivaiporã, atendendo a vários
municípios da região (NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO, 2000).
Tabela n º 01. Distribuição do sistema de ensino da cidade de Ivaiporã, 2000.
Grau de ensino Escolas Alunos Salas
 Quantidade % Quantidade % Quantidade %
Pré-Escola 08 13,1 402 3,7 20 
5,4
1º grau 44 72,2 7.484 68,7 291
78,5
2º grau 08 13,1 2.279 20,9 45
12,1
3º grau 01 1,6 726 6,7 15
40,0
Total 61 100,00 10.891 100,00 371
100,00
Fonte: Núcleo Regional de Educação de Ivaiporã, 2000.
Tabela n º 02. Distribuição das escolas, 2000.
Dependência Escolas Alunos Salas
Administrativa quantidade % quantidade % quantidade
%
Municipal 31 70,50 1.819 17,90 00
00,00
Estadual 10 22,70 7.223 71,10 95
70,40
Federal 00 00,00 0.000 00,00 00
00,00
Particulares 03 6,80 1.113 11,00 40
29,60
Total 44 100,00 10.155 100,00 135
100,00
Fonte: Núcleo Regional de Educação de Ivaiporã, 2000.
Tabela n º 03. Distribuição dos alunos que estudam na Zona Urbana e na Zona
Rural
do município de Ivaiporã, 2000.
Distribuição dos alunos quantidade 
%
Área Urbana 8.921 
81,90
Área Rural 1.970
18,10
Total 10.891
100,00
Fonte: Núcleo Regional de Educação de Ivaiporã, 2000.
Tabela n º 04. Distribuição por sexo de alunos que estudam no município, 2000.
Distribuição quantidade
%
Sexo masculino 5.250
48,20
Sexo feminino 5.641
51,80
Total 10.891
100,00
Fonte: Núcleo Regional de Educação de Ivaiporã, 2000.
Tabela n º 05. Distribuição em relação a formação acadêmica dos professores
que ministram aulas em Ivaiporã, 2000.
Formação quantidade 
%
Habilitados 548
89,00
Não habilitados 068
11,00
Total 616 
100,00
Fonte: Núcleo Regional de Ivaiporã, 2000.
Tabela n º 06. Comparativo do perfil da educação do município de Ivaiporã em
relação
ao Estado do Paraná, Brasil e Países com desenvolvimento, 2000.
Perfil da educação Ivaiporã Paraná Brasil Países com
desenvolvimento
 baixo médio
alto
N º alunos/professor 18 21 23 43 27
25
Índice de reprovação 17,90 16,00 18,99 16,00 10,00
10,00
Fonte: Núcleo Regional de Educação de Ivaiporã, 2000.
A União das Escolas Superiores do Vale do Ivaí é a única escola de 3 º
grau no município de Ivaiporã, que oferece 07 cursos superiores (administração,
ciências contábeis, processamento de dados, ciências biológicas, matemática, letras e
pedagogia), e atende alunos de aproximadamente 26 municípios da região.
 
3.3 DIAGNÓSTICO DA SAÚDE NO MUNICÍPIO DE IVAIPORÃ
As doenças de maiores riscos detectadas na população de Ivaiporã são
as de afecções no período perinatal para pessoas com menos de 01 ano de idade,
lesões e envenenamentos para as pessoas com idade entre 20 à 49 anos, aparelho
cardiocirculatório para pessoas de idade entre 50 à 64 anos e problemas no aparelho
circulatório para pessoas com mais de 65 anos de idade.
As principais causas de internações nos hospitais locais são em ordem
decrescentes: doenças do aparelho circulatório, parto normal, causas obstétricas
diretas, doenças do aparelho digestivo e infecções intestinais.
Os grupos etários mais afetados no município de Ivaiporã com relação
a sintomatologia respiratória, são os grupos de 01 a 04 anos e 50 anos e mais.
Tabela n º 07. Número de profissionais da área da saúde, inscritos nos conselhos
Regionais, por tipo de profissão que atuam em Ivaiporã, 2000.
Profissionais 
quantidade
Médico 34
Cirurgião dentista 27
Farmacêutico/bioquímico 26
Profissionais de enfermagem 61
Total 148
Fonte: Prefeitura Municipal de Ivaiporã – Departamento de Saúde, 2000.
Existe ainda a vigilância sanitária municipal que atua com 07
profissionais, sendo 01 enfermeira, 02 médicos veterinários, 01 engenheiro sanitarista,
01 assistente social e 32 agentes de saúde (VIGILÂNCIA MUNICIPAL, 2000).
Tabela n º 08. Distribuição dos estabelecimentos que atuam na área da saúde em
Ivaiporã, 2000.
Estabelecimentos 
quantidade
Hospital 04
Posto de saúde 02
Consultório médico 24
Consultório odontológico 26
Farmácia 18
Policlínica e clínica 12
Laboratório 03
Total 89
Fonte: Prefeitura Municipal de Ivaiporã – Departamento de Saúde, 2000.
No que diz respeito à prevenção, a Prefeitura Municipal de Ivaiporã,
desenvolve através do Departamento Municipal de Saúde, serviços com 32 agentes de
saúde e 15 agentes da campanha contra a dengue, quais realizam visitas nos
domicílios, para verificação “in loco” da situação da saúde dos moradores, condições
de habitação, profilaxia, estado de limpeza, etc., objetivando uma melhor qualidade de
vida aos moradores. (DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE SAÚDE, 2000).
Os resíduos gerados pelos serviços de saúde existentes no município
(hospitais, farmácias, dentistas, laboratórios, clínicas médicas, clínicas veterinárias
etc) são coletados separadamente do lixo domiciliar e destinados também
separadamente em fossas secas.
3.4 ASPECTOS FÍSICOS E AMBIENTAIS DO MUNICÍPIO
3.4.1 Fatores físicos
Ivaiporã tem a posição geográfica: Latitude 24º.15’Sul; Longitude 51º.
40’W-GR e Altitude: 692 metros, na sede do Município, com área territorial de 897
km2 (IBGE, Cadastro de Cidades e Vilas do Brasil, 1996), situa-se no centro do
Estado do Paraná (fig.03), confrontando-se ao Norte com o Município de Jardim
Alegre, ao Sul com o Município de Manoel Ribas, ao Leste comAriranha do Ivaí e
Grandes Rios, ao Oeste com o Município de Arapuã (IBGE/DEPARTAMENTO
MUNICIPAL DE ENGENHARIA, 2000 e ATLAS DO ESTADO DO PARANÁ,
1998).
Figura 03 – localização do Município de Ivaiporã no Estado do Paraná.
3.4.2 Enquadramento fisiográfico e geopolítico do Município de
Ivaiporã
 Baseando-se na posição das escarpas, vales dos rios, divisores de água
e caráter fisiográfico unitário da paisagem, MAACK (1981), divide o Estado do
Paraná em cinco regiões, ou sejam: Litoral, Serra do Mar, 1º Planalto, 2º Planalto e 3º
Planalto.
Ivaiporã está situada no 3º Planalto, limitando-se com o 2º Planalto pela
Escarpa Arenito Basáltica.
É pertencente a Bacia do rio Ivaí, afluente do rio Paraná.
O município de Ivaiporã, geopolíticamente está localizado no Vale do
Ivaí, região central do Estado do Paraná.
3.4.3 Geomorfologia e relevo
Ivaiporã está situada no 3º Planalto, região de basalto com relevos
ondulados e levemente ondulados.
Segundo o Atlas do Estado do Paraná (1987) o 3º Planalto é talhado em
rochas eruptivas básica, capeadas a noroeste por sedimentos mesozóicos (arenito
Caiuá). Apresenta-se como um grande plano inclinado para o oeste, limitado a leste
pela Serra da Esperança, onde atinge altitudes de 1.100 a 1.250 metros, descendo, a
oeste, a 300 metros no vale do rio Paraná. A feição dominante é a de uma série de
patamares, devida à sucessão dos derrames basálticos, à erosão diferencial e ao
desnível de blocos falhados. Os rios esculpiram, na região, vales ora mais abertos,
formando “lageados”, dando origem a cachoeiras, saltos e corredeiras, ora mais
fechados, formando “canyons”.
O 3º Planalto Paranaense pode ser subdividido em cinco regiões
geográficas naturais, tomando como base os rios Tibagi, Ivaí, Piquiri e Iguaçu.
O município de Ivaiporã pertence a bacia do rio Ivaí, que dentro da
subdivisão do 3º Planalto encontra-se no Planalto de Campo Mourão. Este Planalto é
caracterizado por mesetas e largos platôs moderados pela erosão, profundamente
entalhado a sudeste, formando mesetas com altitudes de 950 a 1.050 metros.
 Ivaiporã possui uma topografia acentuada, está assentada em um
espigão e a área central encontra-se no planalto mais alto. As áreas em declive estão
sujeitas ao processo de erosão por possuírem inclinação maior que 10%.
Devido à alta declividade, algumas áreas de nascentes e cabeceiras,
com afloramento do lençol freático, são susceptíveis ao processo erosivo,
deslizamentos e escorregamentos (movimento em massa), principalmente em
situações de encostas desmatadas ou sem cobertura vegetal.
O relevo do território do município de Ivaiporã, tem sua topografia
distribuída em 3% plana, 20% forte ondulada, 30% suave e 47% ondulada (SEAB,
2000).
3.4.4 Geologia
Geologicamente, segundo Atlas do Estado do Paraná (1987), Ivaiporã
localiza-se na área da Era Mesozóica de duzentos e trinta a sessenta e cinco milhões
de anos, toda a parte oeste do Paraná foi recoberta por grandes derrames vulcânicos de
lavas negras, denominadas basaltos, que constituem o Grupo São Bento,
compreendendo o 3º Planalto.
3.4.5 Hidrografia
Ivaiporã está situada na bacia Hidrográfica do rio Ivaí (fig. 04),
afluente da bacia do Paraná.
Figura 04 - bacia hidrográfica do Estado do Paraná.
 Regra geral, os rios paranaenses são predominantemente rios de
planalto e, como tal, apresentam reduzida capacidade de navegação. São rios que
apresentam cachoeiras, quedas e corredeiras. Os trechos navegáveis são de pequeno
curso e não apresentam significativa importância econômica. A navegabilidade, em
percursos mais longos, exige a construção de comportas e eclusas.
A bacia do Ivaí oferece, contudo, a grande vantagem do seu
considerável potencial hidroenergético.
A bacia hidrográfica do rio Ivaí possui uma área de 35.845 km2, sendo
que o percurso total do rio Ivaí é de 685 km. Ele é formado pela junção do rio dos
Patos, que nasce na serra da Boa Esperança, com o rio São João que tem início no 3º
Planalto, e somente após a junção é que se observa nos mapas a denominação de rio
Ivaí.
Os principais afluentes da bacia do Ivaí que estão situados no
município de Ivaiporã, são: rio Pindaúva, rio Laranjeiras e rio Jacutinga.
Segundo o Atlas de Recursos Hídricos do Estado do Paraná (1998), as
vazões mínimas das pequenas bacias da região de Ivaiporã estão em média, até dois
litros por segundo/km2.
A qualidade das águas é medida de acordo com índices/tabela de
reconhecimento (IQA = índice de qualidade da água):
IQA = 080 a 100 é de ótima qualidade;
 IQA = 052 a 079 é de boa qualidade;
IQA = 037 a 051 é de aceitável qualidade;
IQA = zero a 036 é de ruim qualidade.
A qualidade das águas superficiais de Ivaiporã estão moderadamente
comprometidas, estando o IQA entre 052 a 079, considerado índice de boa qualidade.
Quanto a unidade aqüífera e produção, segundo Atlas de Recursos
Hídricos do Estado do Paraná (1998), a área física do município de Ivaiporã está
situada em sua maior porção com cerca de 90% na unidade Serra Geral Norte e uma
porção de aproximadamente 10% na unidade Botucatu.
A hidroquímica das unidades aqüíferas do Estado do Paraná é
caracterizada por uma tipologia bicarbonata calço-sódica a sódica-çalcica. A
proeminência de tal caráter decorre do predomínio de um clima Cfa (com verão
quente, temperatura do mês mais quente, acima de 22ºC). Do ponto de vista da
mineração, caracterizam-se por serem águas amenas, com sólidos totais médios de
140 ppm (partículas por milhão), onde os valores mínimos são encontrados na
unidade caiuá e os máximos na unidade botucatu.
O atendimento com rede de esgoto para a população urbana de
Ivaiporã é pequena, o que compromete a qualidade da água dos afluentes que cruzam
o município e abastecem o rio Ivaí.
3.4.6 Solos
Segundo a carta de levantamento de reconhecimento dos solos do
Estado do Paraná - EMBRAPA (1981), Ivaiporã apresenta solo do tipo Latossolo
Roxo Distrófico, horizonte A moderado, textura argilosa, fase floresta tropical
perenifólia de relevo suave ondulado.
O levantamento de reconhecimento dos solos do Estado do Paraná –
Tomo I (EMBRAPA/IAPAR, 1984) descreve o Latossolo Roxo pertencente a classe
constituída por solos minerais, não hidromórficos, com horizonte B latossólico a partir
de rochas eruptivas básicas. São de coloração arroxeada, muito profundas, porosos,
muito friáveis, acentuadamente drenados, com argila de baixa capacidade de troca de
cátions (gibbsíticos, cauliníticos ou oxídicos) e elevados teores de sesquióxidos de
ferro, alumínio e óxidos de titânio e manganês.
Os solos enquadrados nesta classe possuem coloração uniforme ao
longo do perfil, especialmente nas áreas de clima mais quente, onde a mesma está
compreendida entre o vermelho-escuro-acinzentado e o bruno-avermelhado-escuro no
horizonte superficial e entre o bruno-avermelhado-escuro e vermelho-escuro nos
horizontes subsuperficiais.
A textura, tanto no horizonte A como no B, é muito argilosa,
ocasionando portanto, um baixo gradiente textural. O horizonte A apresenta estrutura
pequena e/ou média granular, fraca ou moderadamente desenvolvida.
Uma das características mais marcantes destes solos, é a abundância de
minerais pesados, muitos dos quais facilmente atraídos por um ímã comum.
Experimentos realizados em laboratórios por REZENDE (1976) e FASOLO (1978),
evidenciaram que solos derivados de rochas ígneas extrusivas, apresentam uma alta
correlação entre susceptibilidade magnética e cores vermelhas, ou seja, quanto mais
vermelho for o solo, maior seria sua susceptibilidade magnética. Como cores
avermelhadas nos solos são supostamente devidas à hematita, os autores acima
concluíram que, altas susceptibilidades magnéticas, podem estar correlacionadas a
elevados teores deste mineral no solo.
Em resumo, pode-se dizer que os solos desta classe, quando em
condições naturais, são muito resistentes à erosão, porém, após serem colocados sob
cultivo, sua

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