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SISTEMA DE ENSINO A DISTÂNCIA CONECTADO BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL. VIII SEMESTRE ERIVÂNIA JESUS CARDOSO AÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO AMBIENTE DO CÁRCERE PENITENCIÁRIO EM TEMPOS DE PANDEMIA. SERRINHA - BA 2021 ERIVÂNIA JESUS CARDOSO AÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO AMBIENTE DO CÁRCERE PENITENCIÁRIO EM TEMPOS DE PANDEMIA. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao colegiado de Serviço Social, da UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ – UNOPAR - unidade de Serrinha para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Valquíria Aparecida Dias Caprioli SERRINHA - BA 2021 RESUMO O principal objetivo do Serviço Social no sistema prisional é atuar na promoção de medidas que busquem garantir a reintegração e a ressocialização social, sendo uma das primeiras profissões a adentrar o sistema penitenciário, efetivando assim o seu fazer profissional neste território, compreendendo que o assistente social atua como um mediador dos conflitos, trabalhando para efetivação dos direitos das minorias. Portanto, este trabalho de conclusão de curso busca compreender o papel do assistente social no sistema penitenciário dentro do contexto da pandemia. Tratou-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, utilizando-se da técnica bibliográfica. O Assistente Social no sistema prisional assegura os direitos ao apenado tendo como posicionamento a equidade e justiça social, construindo práticas humanas ao tratamento dos presos, viabilizando a concretização da defesa dos direitos humanos, sendo que a presença deste profissional na prisão, contribui no sentido de ressocializar o preso em seu convívio social, como também busca garantir e assegurar os direitos que ora são violados ou ocultos, dificultando assim a ressocialização dos indivíduos na sociedade. Palavras-chave: Assistente Social.Atuação.Sistema Prisional ABSTRACT Since the beginning of its entry into the prison system, Social Work has regulated itself in the promotion of measures that seek to guarantee reintegration and social resocialization, being one of the first professions to enter the prison system, thus carrying out its professional activity in this territory, understanding that the social worker acts as a mediator of conflicts, working to enforce minority rights. This paper aims to report on the role of the social worker in the prison system. It was an exploratory and descriptive research, using the bibliographic technique. The Social Worker in the prison system ensures the rights of the prisoner with equity and social justice as a position, building human practices for the treatment of prisoners, enabling the realization of the defense of human rights, and the presence of this professional in prison, contributes towards re-socializing the prisoner in his social life, but also seeks to guarantee and ensure the rights that are now violated or hidden, thus making it difficult for individuals to re-socialize in society. Keywords: Social Worker. Practice. Prison System SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................05 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................06 2.1. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP)........................06 2.2. A Lei de nº 7.210 de 11 de julho de 1984...............................................07 2.3. O sistema prisional brasileiro................................................................08 2.4. A super, e crescente, população encarcerada no Brasil.....................10 2.5. A atuação do Assistente Social no sistema prisional..........................14 2.6. O compromisso com o código de ética.................................................15 2.7. Dermandas do Assistente Social no sistema prisional........................16 2.8. O Assistente Social e as condições de trabalho..................................17 2.9. A vida nos presídios brasileiros.............................................................19 2.10. Presídios brasileiros em tempos de pandemia.....................................21 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................22 4. REFERÊNCIAS...............................................................................................25 5 1. INTRODUÇÃO O contexto imponderável como se caracteriza o de uma pandemia, exige das assistentes sociais competência teórico-política para compreender a situação de crise humanitária e sua relação com a sociabilidade capitalista e intervir nesta realidade, segundo os fundamentos do Serviço Social. A crise gerada pela pandemia da COVID-19, ainda no seu período inicial neste momento, abre uma nova etapa para análises da contraditória “eficácia” do neoliberalismo, quando um de seus pressupostos - o Estado mínimo -, vem abaixo, com a magnitude dessa crise sócio-sanitária-econômica, cujo enfrentamento tem se dado majoritária e inegavelmente pelo Estado, nos cinco continentes do planeta. A participação dos assistentes sociais nas equipes de trabalho que legitimam e executam ações no sistema prisional é imprescindível de modo a concretizar os direitos dos apenados. Toda essa demanda acarreta dificuldades para os profissionais comprometidos com a defesa dos direitos humanos no sistema penitenciário, inclusive para o profissional de Serviço Social que comumente está inserido dentro de um contexto meramente burocrático no âmbito do sistema penitenciário, presencia simultaneamente a restrição da sua intervenção e diversas situações de violações dos direitos dos apenados. O objetivo geral deste trabalho é justamente compreender de que maneira o assistente social consegue atuar dentro do sistema penitenciário, principalmente em tempos de pandemia. Como é a relação entre detentos e assistentes sociais; quais as principais dificuldades e desafios para esse profissional dentro do sistema e como é a realidade da atuação do assistente social no nosso sistema prisional brasileiro diante de uma realidade de descrédito das autoridas e dos discursos de anticiência e antivacina. Deve-se observar que o compromisso dos assistentes sociais no campo da Execução Penal é garantir os direitos humanos dos internos por meio de uma prática voltada para emancipação humana e que superem este sistema como controle social e punitivo. Neste contexto, a atuação dos assistentes sociais na área sociojurídico é permeada por muitos conflitos e limitações. Este trabalho tratou-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, utilizando-se da técnica bibliográfica a partir dos seguintes elementos: o estudo deste artigo foi 6 utilizado um levantamento bibliográfico através de publicações científicas; A busca de estudo foi realizada a partir de um buscador “Google acadêmico” tendo como descritores: Serviço Social, Sistema Penitenciário, Atuação, além de revistas publicadas online. Foram utilizados ainda outros materiais de apoio como livros de referência na área Serviço Social, e, manuais que se referenciam ao tema proposto, que possibilitaram ampliar a fonte de pesquisa. Para a exploração do material e tratamento dos resultados, será realizada a leitura do estudo, procurando destacar as expressões-chave de cada discurso individual; e por fim, serão identificadas as ideias centrais relacionadas, possibilitando a formação de uma descrição sucinta. 2. DESENVOLVIMENTO. 2.1. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP). A Política Nacional deAtenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) é uma iniciativa conjunta dos ministérios da Justiça e da Saúde para organizar o acesso da população carcerária às ações e serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). O assistente social, profissional de caráter transformador, lida constantemente, no sistema penitenciário, com violações dos direitos humanos. É nesta perspectiva, que ele necessita estar compromissado com o projeto ético-político da profissão para que sua atuação não seja focalista e repressora. As condições físicas e de higiene em muitos presídios brasileiros é degradante. Há então, uma discrepância na finalidade deste sistema. Como transformar um indivíduo, respeitando sua dignidade, em ambiente insalubre? É neste contexto que a prática do assistente social, de acordo com Ferreira (2006), é imprescindível nesta área, pois, se em muitas ocasiões as pessoas em liberdade têm dificuldade em ter acesso à 7 determinadas políticas públicas e direitos sociais básicos, as pessoas presas se tornam totalmente dependentes do governo. Na Atenção Básica à Saúde no Sistema Penitenciário, o trabalho do assistente social, como profissional da área da saúde, vai desde atender situações individuais que necessitem de uma escuta qualificada à ações articuladas as redes intersetoriais de proteção social que buscam a produção da saúde do indivíduo. Desde modo, o presente trabalho busca apresentar a importância do profissional de Serviço Social na defesa do direito à saúde para as mulheres que se encontram em último estágio de cárcere. 2.2. A Lei de nº 7.210 de 11 de julho de 1984 A Lei de nº 7.210 de 11 de julho de 1984, dispõem em seu art.1º a respeito da finalidade da prisão, relatando que o mesmo efetiva uma decisão, para que os presos possam ser assegurados em sua inserção no meio social. (BRASIL,1994). Dessa forma, faz-se necessário o acompanhamento do início até o final da pena do acusado, prestando assistência e atenção para que o mesmo possa ser restabelecido no meio social. Nesse cenário, o assistente social atua prestando assistência a estas pessoas juntamente com o profissional de psicologia e direito. A mesma lei em seu artigo 10º aborda que é dever do estado prestar assistência de forma material, jurídica, educacional, social, religiosa e saúde ao preso, tendo como intuito a prevenção e orientação no que concerne a reintegração do mesmo à sociedade. Percebendo a importância do profissional de assistente social no sistema prisional, e como forma de esclarecer a população acerca das múltiplas vertentes do trabalho do profissional de serviço social na sociedade, este artigo tem como objetivo relatar sobre o papel do assistente social no sistema penitenciário. Conforme ABESS (1996) O profissional de serviço social atua no enfrentamento das expressões das questões sociais, sendo que esta é considerado um desvio de 8 reprodução e produção das relações sociais, articuladas a momentos históricos, produção das condições de vida, cultura e riqueza. Com o crescimento dos problemas sociais a um aumento da demanda carcerária, que começam a avolumar-se, gerando batalhões de excluídos, onde o Estado busca de formas alternativas a inclusão dos mesmos. Segundo Iamamoto (1988) a questão social representada pela desigualdade é sinônimo de resistência, pelo fato desses sujeitos conhecerem essa realidade estes não aceitam, gerando assim confrontos. Dessa forma, atuando de maneira humanizada o assistente social na sua prática profissional nas instituições penitenciárias, busca maneiras para que aja a ressocialização e integração dos mesmos no convívio social, minimizando os conflitos e reações diversas. Nesse contexto, a finalidade social da punição dos presos seria de regenerar, reabilitar os mesmos, no sentido de promover a inserção dos indivíduos, porém a maneira como conduzem e controlam o poder público geram contrastes com a realidade dos presídios, pois estes são marcados por superlotações, ficando o apenado a mercê de seus direitos sem nenhuma alternativa de reintegração na sociedade, sociedade esta que os exclui completamente ,fazendo com que os seus direitos não sejam aplicados na prática. (ALVES et al,2017). 2.3. O Sistema Prisional Brasileiro A década de 80 trouxe com ela mudanças importantes na luta pela democratização do Estado, havendo a participação da população nas resoluções e prioridades das políticas públicas, a constituição de 1988 causou transformações e redefiniu-se no perfil histórico da proteção social, passando a agrupar critérios e valores inovadores para a população brasileira. Incorporando novos parâmetros como direitos sociais, universalização, seguridade social, descentralização política administrativa, controles democráticos, equidade, e 9 mínimos sociais que norteiam na constituição federal novos padrões políticos sociais. (COUTO,1999). De acordo com Iamamoto(2008) o assistente social iniciou sua atuação no Brasil na década de 80,em resposta aos trabalhos prestados pelas mulheres religiosas que realizavam atividades assistencialistas a pessoas menos favorecidas, esta época corresponde um marco no trabalho do profissional de serviço social, pois assim elevou este profissional em nível intelectual ,profissional, acadêmico e político. O cenário político da década de 80 causou um avanço democrático como importante espaço de participação junta a tomada de decisões onde o cenário que permanecia presente era de agravamento sociopolítico e cultural. Nesse sentido, o Estado sai do modelo populista, onde prevalecia as políticas compensatórias, organizando-se de forma controladora punitiva sobre os marginalizados, ao invés de um estado de direito. Foucault (1989) comenta que a maneira que é utilizada a atividade prisional desde o início da pena não é de uma competência utilitária, mas a concretização de um poder, a submissão de uma autoridade e adequação a um sistema de produção. O estado passa a responder a esse modelo como controle social, prevalecendo o interesse econômico e satisfazendo sua necessidade de domínio e disciplina na população. Neste sentido, o estado passa a exercer uma política de interesses próprios em relação ao poder e controle, de maneira oposta a combater os problemas que geram as desigualdades sociais, passa a punir os pobres, gerando assim um poder coativo, analisando a dialética tornando-se bem mais fácil controlar os atos criminais do que interferir nas questões sociais (WACQUANT,1999). Salientamos que o aumento significativo da população carcerária acarreta em uma gama de problemas sociais, dificultando o atendimento individualizado ao aprisionado e a sua família, tornando as prisões conhecidas como depósitos de internos excluídos e marginalizados da sociedade, sociedade esta que reforçam seu caráter punitivo e repressor. Nesse contexto, a prática do assistente social fica voltada a ressocialização na defesa intransigente dos direitos humanos, começando a conflitar com os objetivos das penitenciárias. Ao avaliarmos o sistema penitenciário brasileiro, percebemos que cada 10 vez mais o Brasil vem destacando-se pelo elevado crescimento de população carcerária. Segundo estatísticas, o Brasil ocupa a quarta posição quanto a maior população prisional, ficando em terceira posição quanto a maior população em prisão domiciliar. (BRASIL,2014), estes índices revelam a relação existente entre o social no que concerne a produção da desigualdade, o crescimento da violência e as condições da precarização na contemporaneidade, vivenciadas pelas classes pobres e vulneráveis. Entretanto, em um cenário onde uma pandemia assola o globo e nosso país dá exemplo de como não administrar um evento tão catastrófico, atuar juntamente com encarcerados é um riscoenorme e os assistentes sociais precisam tomar todo cuidado. 2.4. Super, e crescente, população carcerária O crescimento da população encarcerada revelou a realidade da superlotação, que contribui para o não-desenvolvimento de uma condição de cumprimento da pena digna, dificultando, com isso, o resgate da autoestima. Sem dúvida, este é um fator que acaba por submeter o sujeito preso a penas cruéis, humilhantes e degradantes. Destaca-se, ainda, que no cotidiano prisional encontramos sistemas de funcionamento que estabelecem dificuldades relacionais na dinâmica institucional. A correlação de forças e a manipulação do poder ganham destaque neste contexto, pois não raras vezes os assistentes sociais estão subordinados a chefias que não acreditam no processo de trabalho da área humana. Muitas vezes, servidores embrutecidos com o cotidiano da prisão acabam desmotivados, não acreditando em propostas de trabalho interventivo nos Direitos Humanos. Neste cenário, o que se comprova são correlações de forças e poder que abalam tragicamente as estruturas de ação no Tratamento Penal, tanto quanto se abatem a dignidade das pessoas presas. 11 Esta questão torna-se volante na produção do cotidiano e nas relações conflituosas entre a segurança e corpo técnico, uma vez que não se estabelece um diálogo institucional mínimo sobre o que é possível em termos de tratamento penal, colocando-se nesse processo a disputa de saberes ou de verdades, como diria Foucault. Já o poder em seu exercício, passa por canais muito mais sutis, muito mais ambíguos dentro da prisão, porque cada um de nós (técnicos ou agentes penitenciários) é, no fundo, titular de certo poder, sendo que este poder não tem por função única reproduzir somente as relações de trabalho, mas oprimi-las sem a produção do diálogo. Segundo Foucault (1979), na prisão as redes da dominação e os circuitos da exploração se apóiam e interferem uns nos outros, mas não coincidem. 5 Há ainda entre a razão e a desrazão um jogo de espelhos, uma antinomia simples, o que não existe quando você escreve: Faz−se a história das experiências feitas com os cegos de nascença, os meninos−lobo ou a hipnose. Mas quem fará a história mais geral, mais vaga, mais determinante também, do exame... Porque nesta técnica sutil se encontram engajados todo um domínio de saber, todo um tipo de poder" (Foucault 1979, p.80) Parafraseando Foucault: “Não é possível que o poder se exerça sem saber, não é possível que o saber não engendre poder”. Assim, os efeitos da correlação de forças existentes no ambiente institucional contribuem para práticas muitas vezes perversas e abusivas, quando pensado sobre o viés da produção de violência simbólica que acompanha o cotidiano prisional. Ademais, a intenção de transformar tecnicamente o indivíduo, tirando-lhe o direito de ser visto em sua individualidade, contribue para a institucionalização de intervenções meramente burocráticas, onde o olhar do poder institucional se sobressai sobre o olhar e a escuta do humano nas suas particularidades, principalmente na sua individualidade. Sobre o fazer técnico, observamos que há muitas vezes uma tendência em incrementar os processos de criminalização6, acompanhado da tentativa de redefinir o lugar do profissional no espaço prisional. 12 As intervenções estão se tornando cada vez mais práticas isoladas que carregam forte conteúdo de valores pessoais e crenças que acabam dando certo limite para a extensão da ação. À primeira vista, as conseqüências do que foi exposto, produz o fazer técnico com ações indefinidas, tanto na produção da neutralidade técnica, quanto na articulação de redes de controle social. Neste contexto, o que resta para o tratamento penal é somente um efeito indefinido e acessório no controle da criminalidade, no processo de criminalização e nas conseqüências de ambos, tornando-se desacreditável, para os olhos dos profissionais, da instituição e principalmente para o sujeito preso. Se o Tratamento Penal na sua totalidade, não tem um futuro, ou seja, é desacreditável, como poderia o sujeito preso desacreditado neste sistema acreditar nele? Para enfrentar esta questão, nós, operadores do sistema de justiça criminal, precisamos romper com práticas instituídas, assim como reconhecer que necessitamos de programas de ação justos e eficazes. Isto corresponde a uma tarefa ética-política, que assumirá direções mais avançadas e críticas, dando autonomia e centralidade a todos os direitos fundamentais durante o processo de trabalho. No dia-a-dia de trabalho do Assistente Social existem as intervenções que possibilitam ao preso e sua família acessarem os recursos e serviços sociais. Nesta perspectiva, o profissional de serviço social deve estar atento quanto a situação vivenciada pelo sujeito e seus familiares. No âmbito da família devem ser observados os encaminhamentos à rede de serviços públicos, como benefícios do INSS, auxílioreclusão, auxílio-doença e aposentadoria. Ainda no campo do acesso a direitos, umas das intervenções mais realizadas pelo assistente social é o registro dos filhos de presos e reconhecimento de paternidade. No que se refere aos atendimentos das demandas cotidianas, deve o assistente social estar atento para as dificuldades enfrentadas pelas pessoas presas no que tange as condições de habitabilidade no cárcere, questões de saúde e de relacionamento entre 13 os internos, pois tudo repercute dentro do pronto-atendimento, uma das funções mais requisitadas aos assistentes sociais. Nesses atendimentos é possível identificar situações graves que devem ser encaminhadas e acompanhadas até a sua resolutividade. Quando estendidas às famílias, o profissional tende a dialogar com outros setores e segmentos da sociedade, desvelando a rede que dará acesso a bens e serviços dos usuários. Na atuação cotidiana, todas as situações de intervenção geram comprometimento na ação profissional e geralmente devem ser dividas com outros profissionais que atuam no sistema prisional ou em torno dele, formatando uma rede multidisciplinar para atender as demandas dos presos. Sempre é possível buscar o diálogo com outros operadores do sistema penal, profissionais que seguidamente contribuem para a extensão da ação. O lugar que nos cabe ocupar no sistema prisional não se efetiva somente na elaboração de laudos para o judiciário, que nada mais são do que ferramentas do judiciário, que aprisionam o fazer-técnico. É importante olharmos para a individualização e o acompanhamento da pena, sempre na tentativa de criar espaços de cumprimento de pena digno ao sujeito aprisionado. Para tanto, faz-se necessário que o assistente social disponha de uma escuta efetiva, de um olhar individualizado na passagem pela instituição, produzindo o recorte necessário para o atendimento das demandas do sujeito preso na busca do fortalecimento, dos deveres e dos direitos. Sabidamente que o cotidiano de trabalho nos atravessa perversamente quando não conseguimos dar conta da produção de acompanhamento da pena em detrimento ao número elevado de laudos judiciais e da superlotação. Não raras vezes, aparece o sujeito preso no atendimento em uma única passagem, tendo o assistente social que produzir algo sobre ele, que não o acompanhará. Tarefa difícil e que desmotiva muitos profissionais que atuam dentro de prisões superlotadas, mas que ao mesmo tempo têm a obrigação e o dever de responder aos preceitos da legislação. 14 2.5. A atuação do Assistente Social no Sistema Penitenciário Os assistentes sociais pautam sua atuação na defesa acirrada dos direitos humanos, segundo consta o Código de ética profissional posicionado -se em benefício da equidade e justiça social, a recusa do autoritarismo e do arbítrio, tornando o ambiente prisional comcondições dignas de cumprimento da sentença onde o Estado cumprindo o seu papel deve promover a readaptação do preso ao convívio social. Não sendo considerado como um favor, nem um privilegio, e sim um dever do mesmo, já que essas pessoas estão sobre custodia do estado, devendo ser garantidos e resguardados os direitos dos destes indivíduos. A participação dos assistentes sociais, vem tornando-se de extrema importância dentro dos sistemas penitenciários, buscando desenvolver técnicas humanas no tratamento aos presos consolidando assim a defesa dos direitos, porém um grande desafio aos mesmo. Sendo assim, percebe-se que um dos desafios atuais do serviço social é transformar o projeto ético político um guia efetivo para o exercício da profissão, consolidando-se por meio de sua efetiva materialização, entretanto encontramos ainda barreias que dificultam sua consolidação, sendo que determinadas barreiras advêm dos próprios companheiros de profissão. Por sua vez, muitos destes reproduzem praticas conservadoras, através de posturas que responsabilizam os indivíduos por sua condição de apenado, intensificando as ações punitivas, demorando com os processos burocratizando os direitos daqueles indivíduos, assim sendo esta postura impede a melhoria e conserva a visão positivista. A lei de nº 7.210 em seu art.22 relata que a assistência social tem por intuito de proteger o preso e ajudá-los no sentido de inseri-los no meio social. No art.23 aborda sobre as atribuições das atividades profissionais do assistente social, comentando que este deve saber a respeito dos resultados de exames e diagnósticos dos presos, descrever por escrito ao diretor do presídio a respeito das dificuldades e os problemas que estes estejam enfrentando. Além disso, observar o resultado no que tange as permissões de saídas ,como também das saídas temporárias, promover espaços de entretenimento, orientar o 15 preso quando a finalização da pena ,fazendo com que a volta à liberdade seja mais fácil ao indivíduo, disponibilizar documentos, os diversos benefícios sociais, como também ajudar e orientar a família do preso, dos internos e vítima.(BRASIL,1984). O assistente social deve ficar atento em relação as demandas dos seus atendimentos cotidianos, as mesmas geram comprometimento na atuação, que em geral devem ser divididas com os profissionais que atuam na instituição, formando uma rede multidisciplinar para atender as necessidades dos apenados, buscando sempre o diálogo com os outros profissionais do sistema contribuindo para ampliação da ação. 2.6. O compromisso com o Código de Ética Profissional O Código de Ética Profissional objetiva valores norteadores da profissão, tais como: o reconhecimento da liberdade como valor ético central, bem como preza pelo compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos, a defesa intransigente dos direitos humanos. Desta forma, faz-se necessário que o assistente social, além de conhecer o Código de Ética Profissional, a Lei de Regulamentação da Profissão e a LEP que são referências ao exercício profissional, também possa conhecer os principais tratados de proteção aos direitos humanos acordado pela ONU. Busca aprofundar a respeito da defesa dos direitos humanos, a exemplo dos presos que se encontram sobre pena privativa de liberdade, haja vista que o compromisso do Serviço Social no Campo da Execução Penal deve ser o de garantir os direitos humanos dos internos, fortemente violados no espaço prisional. Vale salientar que o conhecimento das legislações que respaldam o trabalho dos assistentes sociais é muito importante para orientação da profissão neste campo, haja vista que o conhecimento permite ao profissional decifrar a realidade social na qual está inserido, buscando apresentar propostas de trabalho que ultrapassem a demanda institucional e que caminhem no sentido de ampliar seu campo de autonomia (PIMENTEL, 2008). 16 Diante deste exposto, o Serviço Social, como profissão que intervém no conjunto das relações sociais e nas expressões da questão social, faz-se necessário que os órgãos que pactuam a interdição da violação dos direitos humanos, possam incluir o profissional do Serviço Social nas discussões. A sua intervenção está voltada para o enfretamento da questão social, assim como para a garantia dos direitos dos apenados que se encontra nos sistemas prisionais, o que demonstra a importância deste profissional, tanto no sistema penitenciário. 2.7. Demandas atendidas pelos Assistentes Sociais no Sistema Prisional As demandas atendidas pela equipe de Serviço Social na Vara de Execuções Criminais (VEC) na Defensoria Pública, referem-se às negligências vivenciadas pelos presos no âmbito prisional, dentre estas negligências podemos destacar o acesso à saúde, visto que as unidades prisionais se encontram superlotadas, o que agrava diversas patologias. Além disso, não possuem uma equipe mínima para atendimento das demandas referentes à saúde dentro da unidade, o que faz com que o preso tenha que se deslocar até unidades de saúde próximas ao município, processo este não tão simples, devido à situação de reclusão. Diante deste cenário, a equipe de Serviço Social realiza um trabalho pautado na garantia e efetivação dos direitos da pessoa privada de liberdade. Durante as intervenções a articulação com a rede de serviços e com as políticas competentes pela viabilização do direito se torna essencial para que o sujeito em privação de liberdade tenha seus direitos resguardados e efetivados. A equipe de Serviço Social se depara também com outras demandas advindas do sistema penitenciário, embora ainda em números consideravelmente menores. Porém estes dados vêm demonstrar que a atuação não se restringe somente na negligenciação do acesso à saúde. Segundo pesquisas realizadas, o Brasil conta com mais de 700 mil pessoas privadas de liberdade, situando-se desta forma no ranking de detentor da terceira maior 17 população do mundo, dado expressivo que nos leva a diversas outras reflexões acerca da punição, pobreza e vulnerabilidades vivenciadas pela população que compõe este sistema. Então, podemos afirmar que as mazelas que este sistema retrata e carrega consigo, frente a este contexto de desigualdades, vulnerabilidades é que se fundamenta a intervenção do Serviço Social, visto que a questão social e suas expressões são matéria prima para o processo de trabalho e para a intervenção do profissional; é frente a este sistema e todas as problemáticas expressas por ele que a equipe de Serviço Social atua diariamente. A atuação da equipe acontece de forma administrativa, ou seja, materializando a articulação em rede, buscando resguardar e efetivar os direitos do sujeito preso já previstos em respaldos legais, sem que haja a necessidade da judicialização da demanda. Toda a ação realizada pela equipe possui o objetivo de resguardar e efetivar os direitos do sujeito que se encontra privado de liberdade em cumprimento de sentença, além disto, através dos atendimentos semanais é possível o contato direto com os familiares que comparecem ao plantão de atendimento do VEC. Tais atendimentos ocorrem duas vezes na semana e conta com atendimento social e jurídico, sendo possível através deste atender as demandas expressas pelo sujeito privado de liberdade e também orientar a família quanto aos seus direitos. 2.8. Assisntente Social e Condições de Trabalho Diante disso, faz-se necessário o assistente social crie proposta de trabalho de acordo com o projeto ético político da profissão, buscando sempre a emancipação humana. Ainda mais em tempos de pandemia. Neste ângulo é importante que o assistente social tenha as condições de trabalho, uma vez que que o sistema prisional é um espaço das diversas manifestações da questão sociale a LEP versa que assistente social no sistema prisional é um direito humano. 18 Diante desta realidade, observa-se que o assistente social é um profissional comprometido com uma direção social especifica de seu Projeto Ético Político que está vinculado a um projeto de transformação da sociedade, buscando responder as demandas da questão social. Para isto é necessário que, o profissional elabore proposta de políticas sociais para atuar nesta garantia de direitos, levando para os órgãos de direitos humanos, pois sua ação está vinculada à execução e à aplicação da lei, visto que no sistema prisional essa necessidade se encontra ainda mais visível, devido às limitações da população usuária em acessar de maneira autônoma seus direitos de cidadania. Ser assistente social dentro de uma penitenciária é enfrentar conflitos, desde a natureza de sua função, até a falta de conhecimento por parte dos funcionários e da população do que ela realmente trata. É negada a importância da existência do trabalho realizado por este profissional como funcionário da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), e portanto necessário para o andamento do sistema penitenciário. O assistente social é o servidor responsável por cumprir parte das principais diretrizes da Secretaria, ou seja, fazer cumprir a Lei de Execução Penal (LEP), ressocializar e reinserir ao apenado após o cumprimento da pena. Esse é um dos pontos mais questionados a respeito do Sistema Prisional, diz-se que ele não funciona como agente ressocializador. O afastamento dos agentes ressocializadores da nova lei do Sistema Único de Segurança Pública, sancionado em junho pelo Presidente Temer é uma demonstração da falta de entendimento da função do Assistente Social e de como ela deve estar entrelaçada ao Sistema Prisional, já que possui um manejo específico para este caso. Ou seja, valorizar o sistema penitenciário e garantir que ele possa ser aperfeiçoado, passa por pensar o papel deste trabalhador. Dentro disso existe um preconceito, por vezes inconsciente advindo de sua formação histórica, já que a princípio o profissional era visto dentro da prisão como “aquela pessoa boazinha (geralmente mulheres) que era paga pelo estado para ter dó do preso”. 19 Os assistentes sociais da atualidade entendem a criminalidade como expressão, decorrência da questão social, assim como o são o desemprego, a miséria, a ignorância e a violência. Assim sendo, pode-se entender que a principal função do assistente social dentro da prisão é à garantia de direitos – apesar de todas as contradições implicadas aí. No cotidiano carcerário os assistentes sociais se deparam com as mais variadas questões relacionadas ao cenário acima mencionado, pois o indivíduo preso nada mais é do aquele que não “se enquadrou” no sistema econômico, “não respeitou os ditames sociais e as regras da sociedade normativa”, dentro de um sistema cujo conjunto legal existe para proteger os interesses do capital e do patrimônio e não os interesses e necessidades dos indivíduos. Os assistentes sociais como profissionais que têm condições de fazer a leitura crítica dos fenômenos sociais e entendem que esse “desrespeito” ou “dificuldade de reconhecimento e acatamento de regras” tem sua gênese na falta de trabalho, de educação, de representatividade, de visibilidade, de saúde e de todas as outras faltas. Essa compreensão é inevitável se queremos pensar formas de prevenção e redução de ambientes criminógenos. Também o aumento do número desses profissionais pode levar também a ampliação desses mesmos de forma a integrar programas também favoráveis aos trabalhadores do sistema. 2.9. A Vida nos Presídios Brasileiros Os presídios possuem um sério problema de superlotação, se tornando mais graves em tempos de pandemia. Com a superlotação nos presídios, na precarização dos ambientes de lazer e de ocupação mental, sendo até mesmo em ambientes que pretendem ser “modelo”, podemos assim dizer, que é desta forma o sistema carcerário brasileiro.ados mostram que com cerca de 748.009 presos, o Brasil ocupa a terceira posição do ranking mundial, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e China. No Brasil há 710 mil presos em cadeias que comportam apenas 423 mil, ou seja 31% não foram julgados. O Supremo Tribunal Federal proferiu uma decisão no dia 20 27/08/2015, relacionada à Medida Cautelar na Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 347, tendo como relator o Ministro Marco Aurélio, que reconheceu o Estado de Coisa Inconstitucional no sistema carcerário brasileiro. O PSOL requereu que o sistema penitenciário brasileiro fosse declarado como um Estado de coisa Inconstitucional, de forma que a Suprema Corte passasse a interferir ferreamente na elaboração e execução em políticas públicas, discussões e deliberações referentes as verbas e aos gastos com o sistema carcerário e na aplicação de institutos penais processuais, tendo como objetivo o alívio aos problemas de superlotação dos presídios e as condições degradantes do encarecimento. ADPF 347: foi pontuado na peça inicial, que foi redigida pelos constitucionalistas Daniel Sarmento, a questão de as unidades prisionais brasileiras permanecerem em um Estado de Coisa Inconstitucional. Foi citado os problemas estruturais do cárcere brasileiro, sendo este a violação geral e sistêmica dos direitos fundamentais e a inércia reiterada das autoridades públicas em modificar este panorama. Foi sustentado oralmente pelo PSOL, que ratificou que em nenhum outro serviço público existe uma diferença tão grande entre o dever legal e constitucional para com o cidadão e a realidade do cárcere brasileiro. O cotidiano das unidades prisionais brasileiras representa a maior violação de Direitos Humanos na história do Brasil, sendo uma grave afronta aos Direitos e Garantias Individuais da Constituição Federal de 88. As penitenciárias por sofrerem com a superlotação e por estarem em tempos de pandemia não possuem condições para poder fornecer aos presos o básico. Colocando os mesmos em condições desumanas e precárias. O Brasil precisa rever seus conceitos e mesmo que se tratando de um preso, considerar que os mesmos são pessoas e que suas condições dentro das penitenciárias deveriam ao menos ser confortantes. 21 2.10. Como estão os presídios brasileiros em tempos de pandemia Com todos os problemas elencados acima, é difícil imaginar como o sistema carcerário Brasileiro irá lidar com uma crise ainda maior do que a que já se encontra. Ainda mais quando, como de um dia para o outro, inicia-se repentinamente uma das maiores crises mundiais causadas pela pandemia do novo corona vírus, atingindo todos os países, tendo ainda mais impacto no Brasil. A grande questão no início da pandemia era o que o Brasil faria para não entrar numa enorme crise financeira, mas pouco se falou a respeito do que aconteceria com os presidiários, com os agentes carcerários e todos aqueles que trabalham nesse setor. As condições insalubres em que se encontram os encarcerados e trabalhadores dos presídios no país é um fator agravante para contaminação, não só do COVID-19, mas para outras muitas doenças como Tuberculose e AIDS. Os presídios abrigam um grande número de pessoas com grave risco de contrair doenças, seja pelo próprio ambiente, quanto pelo uso de drogas injetáveis, pela contaminação através de outros presidiários que já tem a doença, ou pela idade. As pessoas em situação privativa de liberdade estão mais vulneráveis a surtos do COVID-19 por estarem aglomerados e até mesmo apertados entre si em condições desumanas, além de claro, os próprios agentes carcerários poderem levar a doença para dentro dos presídios. O que fazer então para diminuir e evitar o contagio da doença nesses lugares? A soltura, apesar de pareceruma medida drástica, em alguns casos é a solução mais humana e eficaz para todos aqueles, não só os encarcerados, que convivem nesses lugares. É claro que, não se pode haver soltura sem monitoramento destes que serão libertos, e devem haver limites. Por exemplo, dando liberdade monitorada aqueles que se encaixam em grupos de risco, como os já listados acima (usuários de drogas, os já contaminados por outras doenças e os idosos). Há também a questão da prisão preventiva, onde surge o argumento de que muitos que estão presos preventivamente podem ser liberados para que não corram o risco de se contaminar dentro do presidio sem “necessidade” de estarem passando por essa situação. Além de tudo o que já foi dito, existe um outro grande problema digno de nota: a visitação. Presos que recebiam visitas comumente, agora se encontram em situação 22 de solidão pelas mudanças nas regras de visitação e até mesmo a proibição dessa em alguns presídios. Essa questão pode vir a causar depressão e entre outros problemas de saúde mental em parte dos encarcerados. Para finalizar, temos que comentar também sobre como essapandemia afetou a vida de quem trabalha nos presídios, não importando o cargo. Há dois enormes riscos para essas pessoas: o de se contaminar com a doença e até levá-la para suas casas, ou de levar a doença para os presídios. É difícil fazer um controle disso já que além da situação precária dos presídios é impossível dispensar todos os que trabalham lá. A melhor solução seria afastar aqueles que são parte dos grupos de risco e oferecer todos os cuidados possíveis para aqueles que continuariam fazendo seus trabalhos, além de, obviamente tentar melhorar o ambiente de trabalho (em questão de higiene, saúde e espaço), tanto para o bem dos trabalhadores como para o bem dos encarcerados. 3. CONCLUSÃO Levando em consideração os pontos citados neste artigo, com todos esses problemas em que o sistema carcerário já vinha enfrentando há anos e agora enfrentando mais este momento crítico, muito dificilmente os problemas serão corrigidos tão cedo. As situações de prisão que auxiliariam neste momento de crise propostas pelo CNJ abordam grupos muitos restritos em situações especificas que apenas vão ter efeito em uma pequena parcela da enorme população carcerária, não sendo nenhum pouco suficiente para a resolução da crise, como grupos de vulnerabilidade, grupos de alto risco, detentos que se encontrarem em estabelecimentos precários, e os grupos que tiverem específica razão familiar. Desta forma, sem alterações drásticas no sistema prisional brasileiro, uma grande parte será alvo de contágio desta nova doença e não haverá muito a se fazer para impedir que isto ocorra, portanto entendemos que devidos há esses problemas de garantia de saúde que violam a Constituição Federal, deverá haver indenização aos afetados pois é dever do Estado manter nos presídios os padrões mínimos de 23 humanidade e ressarcir os danos causados pelas falta das condições mínimas do ambiente carcerário. O que se pode notar a partir da bibliografia estudada foi que a ação profissional é limitada, devido ao próprio sistema ao qual está inserido o que deixa refém da burocracia institucional na qual está imerso. Assim, Torres ( 2014, p.128) acrescenta que “ no sistema prisional o “ Serviço Social vem exercendo praticas que causem, muitas vezes conflitos éticos políticos”. Aliado a isso, estão a falta de recursos físico, materiais e humanos que deem suporte a integralidade de ações em prol dos direitos humanos. Neste contexto, observa-se que à prática profissional, apesar dos limites institucionais impostos e a burocracia ao qual estão submetidos, aos assistentes sociais buscam compreender esta demanda e a realidade ao qual estão inseridos, visando à garantia dos direitos dos apenados que se encontram em detenção, mesmo com essas limitações. Haja vista que os profissionais que atuam nesta área, a exemplo do profissional do Serviço Social, têm a Lei de Regulamentação Profissional que assegura sua prática profissional diante desta realidade, bem como o mesmo dentro do sistema prisional, possuem suas atribuições definidas na LEP. Assim, Torres (2001, p.89) acrescenta que “a defesa dos direitos humanos no campo profissional remete à questão ética, pois esta é parte integrante do sujeito social, sendo também componente de sua atividade profissional”. Vale sublinhar, tomando como parâmetro o Código de Ética Profissional que em seu artigo 13º (b) prevê como dever do assistente social. O Assistente Social no sistema prisional assegura os direitos ao apenado tendo como posicionamento a equidade e justiça social, construindo práticas humanas ao tratamento dos presos, viabilizando a concretização da defesa dos direitos humanos. A presença do profissional de serviço social na prisão, contribui no sentido de ressocializar o preso em seu convívio social, como também busca garantir e assegurar os direitos que ora são violados ou ocultos, dificultando assim a ressocialização dos indivíduos na sociedade. 24 Portanto, a atuação do assistente social nos presídios precisa de maior atenção por parte dos governantes e de maiores condições para que sua missão seja, de fato, alcançada. Mesmo em tempos de pandemia, os assistentes sociais continuam a atuar em defesa dos direitos dos mais fragiliados. 4. REFERÊNCIAS 25 BAHIA, Secretaria da justiça e direitos humanos. Departamento de assuntos penais. Manual do assistente de presídio. Salvador, 1994. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. 299 p. BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos da metodologia científica. 3ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. BRASIL. Doenças relacionadas ao trabalho; manual de procedimentos para os serviços de saúde. Ministério da Saúde. Brasília, 2001. BARROS, Vanessa Andrade de. O trabalho na contemporaneidade: delimitações em um mundo de exclusão. In.: NETO, F.K.,OLIVEIRA, R.T., SILVA, R.O. (org).Subjetividade(s) e sociedade: contribuições da Psicologia. Belo Horizonte: CRP, 2009. BARUS-MICHEL,J. ENRIQUEZ, E. LÉVY, A. (Orgs.) Vocabulaire de Psychosociologie Positions et réferences. Paris: Eres, 2004. BODE de MORAES, Pedro Rodolfo. Punição encarceramento e construção de identidade profissional entre agentes penitenciários. 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Revista Serviço Social e Sociedade. 2013, Ano 33, num. 113, 131151. ISSN 0101-6628 NETTO, J. P. A construção do projeto ético-político do Serviço Social frente à crise contemporânea. Capacitação em Serviço Social e Política Social, Brasília: UnB, módulo 1, p. 92-110, 1999 26 SIMÕES,C. Curso de direito do Serviço Social. São Paulo: Cortez, 2007. ERIVÂNIA JESUS CARDOSO ERIVÂNIA JESUS CARDOSO RESUMO ABSTRACT 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................06 1. INTRODUÇÃO 2.2. A Lei de nº 7.210 de 11 de julho de 1984 2.3. O Sistema Prisional Brasileiro 2.4. Super, e crescente, população carcerária 2.5. A atuação do Assistente Social no Sistema Penitenciário 2.6. O compromisso com o Código de Ética Profissional 2.7. Demandas atendidas pelos Assistentes Sociais no Sistema Prisional 2.8. Assisntente Social e Condições de Trabalho 2.9. A Vida nos Presídios Brasileiros 2.10. Como estão os presídios brasileiros em tempos de pandemia 3. CONCLUSÃO 4. REFERÊNCIAS
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