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Antigo regime Português

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Antigo Regime português
APRESENTAÇÃO
A Idade Moderna costuma ser trabalhada por intermédio de alguns temas clássicos, como o 
absolutismo, o mercantilismo e a sociedade de corte. Algumas abordagens sobre essas temáticas 
baseavam-se no estudo de um caso que, posteriormente, era generalizado como teoria para todas 
as demais experiências. Esse procedimento metodológico ocasionou uma homogeneização dos 
processos históricos, e, ao serem exploradas as fontes primárias, descobriu-se que elas diferiam 
muito entre si. Assim, é necessário atentar para as especificidades do Antigo Regime, 
lembrando, também, que este é um conceito formulado por seus "inimigos", os liberais e 
iluministas revolucionários do final do século XVIII, que queriam romper com esse status quo.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará o Antigo Regime no Império Português. Para 
tanto, serão apresentadas algumas características das sociedades do Antigo Regime e as 
particularidades do caso português. Você aprenderá as características do mercantilismo no 
Império Português e as relações estabelecidas entre a sede do Império e suas possessões 
ultramarinas. Por fim, compreenderá a hierarquização da sociedade do Antigo Regime 
português e de que forma ela se estruturava entre privilégios e serviços prestados à monarquia.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Analisar o contexto europeu em que ocorreu o Antigo Regime português.•
Descrever os aspectos econômicos que caracterizavam o Antigo Regime português.•
Definir a estrutura social portuguesa no Antigo Regime.•
DESAFIO
Os historiadores João Fragoso e Manolo Florentino, influenciados pela obra de António Manuel 
Hespanha, renovaram a historiografia sobre a economia colonial da América Portuguesa, 
compreendendo de que forma o "sistema de mercês" configurou a administração econômica e 
política da colônia na América. Leia o trecho a seguir, que explicita sua definição do "sistema de 
mercês", presente no livro Arcaísmo como projeto:
Essas características, segundo os autores, teriam reforçado o clientelismo, o corporativismo e o 
patrimonialismo que marcaram a colonização da América Portuguesa.
De que forma você, professor de História, utilizaria a definição e a história do "sistema de 
mercês" para ensinar as relações clientelísticas, corporativas e patrimonialistas da cultura 
política brasileira contemporânea?
INFOGRÁFICO
Costumeiramente, os livros didáticos nos ensinam que as sociedades de Antigo Regime se 
caracterizavam, politicamente, pelo Estado absolutista, em que o rei, em posição soberana, 
monopolizava as diferentes esferas de poder. Contudo, novas descobertas historiográficas, que 
se dedicaram às especificidades da centralização do poder e da formação do Estado, têm 
questionado essas interpretações, e isso vale para o caso português.
Conheça o pensamento de António Manuel Hespanha e entenda por que ele defende que não 
houve absolutismo em Portugal entre os séculos XV e XVI.
Veja, no Infográfico, os principais argumentos apresentados por Hespanha para contrapor a tese 
do absolutismo português no início da Idade Moderna.
CONTEÚDO DO LIVRO
Cronologicamente, Portugal foi o primeiro Estado Moderno a se constituir e guardou muitas 
marcas do período medieval, tais como a organização estamental da sociedade, o sistema de 
mercês, que mimetizava a relação de suserania e vassalagem, e as influências do catolicismo. 
Assim, o Antigo Regime português foi marcado por uma série de continuidades e rupturas em 
relação à organização cultural, econômica, política e social da Idade Média.
Quais as marcas da modernidade em Portugal? Qual o impacto do colonialismo nessa sociedade 
de Antigo Regime?
No capítulo Antigo Regime português, da obra História do Brasil Colônia, base teórica desta 
Unidade de Aprendizagem, você estudará as características do Antigo Regime na Europa e as 
especificidades dessa organização político-social em Portugal. Compreenderá de que forma se 
desenvolveram as práticas mercantilistas no Império Português e, por fim, analisará a estrutura 
social portuguesa do Antigo Regime.
Boa leitura.
HISTÓRIA DO 
BRASIL 
COLÔNIA
Caroline Silveira Bauer 
Antigo Regime português
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Analisar o contexto europeu em que ocorreu o Antigo Regime 
português.
  Descrever os aspectos econômicos que caracterizavam o Antigo 
Regime português.
  Definir a estrutura social portuguesa no Antigo Regime.
Introdução
“Antigo Regime” foi um termo cunhado no final do século XVIII para 
se referir ao status quo que era preciso ser transformado: a economia 
mercantilista, o Estado absolutista e a sociedade estamental, rigidamente 
hierarquizada. Essa configuração econômica, política e social se originou 
na passagem da Idade Média para a Idade Moderna, com diferentes 
características e ritmos nos diferentes países da Europa Ocidental. Cabe 
então questionar como se deu esse processo no território que hoje cha-
mamos de Portugal.
Neste capítulo, você vai estudar o contexto europeu de passagem do 
medievo para a modernidade, no qual será inserido o caso português. 
A partir daí, vai também analisar a organização econômica do Antigo 
Regime em Portugal e suas características. Por fim, verá como se estru-
turava a sociedade portuguesa durante a Idade Moderna.
1 A Europa durante a Idade Moderna
O conceito de “modernidade” possui muitas defi nições, sendo a referência 
à Idade Moderna uma de suas acepções. Em termos gerais, tal período foi 
inaugurado pelas transformações ocorridas na Europa durante os séculos XV 
e XVI, cujas consequências estendem-se até hoje. Examinemos, antes de mais 
nada, os principais aspectos dessas mudanças.
Do ponto de vista político, houve uma progressiva centralização do poder e, 
paralelamente, um fortalecimento da figura do rei, o que levou à organização 
do Estado moderno, ou das monarquias nacionais, caracterizadas por práticas 
políticas absolutistas. Contudo, essa transformação não ocorreu da mesma 
forma, nem no mesmo período, em todas nações europeias. Há historiadores, 
como António Manuel Hespanha, que negam o caráter absolutista da monarquia 
portuguesa, principalmente nos séculos XVI e XVII. Para ele, a monarquia 
portuguesa trazia consigo uma série de características herdadas do medievo: o 
corporativismo, o respeito a certos códigos jurídicos e a existência de múltiplos 
centros de poder, uma herança da escolástica e de práticas de autogoverno que 
eram originárias do cristianismo e sua disciplina social (amorosa, consentida 
e voluntária) (FRAGOSO, 2012, p. 120).
Essa lógica cristã que orientou a administração política do Império Português baseava-
-se numa complexa economia chamada sistema de mercês. Sua origem remonta 
às guerras de reconquista da Península Ibérica, quando o rei concedia terras e títulos 
aos aristocratas que lhes prestassem serviços. Criava-se, dessa forma, uma relação de 
devoção e subserviência ao monarca que, por sua vez, assumia relações clientelistas 
e corporativas com os aristocratas que realizassem atividades interessantes à coroa 
(HESPANHA, 2001).
Nas palavras de Hespanha:
[...] o poder real partilhava o espaço político com poderes de maior ou menor 
hierarquia; o direito legislativo da Coroa era limitado e enquadrado pela dou-
trina jurídica [...] e pelos usos e práticas jurídicos locais; os deveres políticos 
cediam perante os deveres morais (graça, piedade, misericórdia, gratidão) 
ou afetivos, decorrentes de laços de amizade, institucionalizados em redes 
de amigos e de clientes; os oficiais régios gozavam de uma proteção muito 
alargada dos seus direitos e atribuições, podendo fazê-los valer mesmo em 
confronto com rei e tendendo, por isso, a minar e expropriar o poder real 
(HESPANHA, 2001, p. 166).
Essa mudança interpretativa também tingiu a compreensão das relações 
entre a metrópolee a colônia. Para além da visão de uma relação de dependência 
e subordinação, Portugal e suas colônias passaram a ser compreendidas como 
Antigo Regime português2
uma monarquia pluricontinental, partes integrantes do Império Português. 
Imaginando o império como um corpo, a monarquia seria a cabeça e as ins-
tituições que auxiliavam na governança, órgãos indispensáveis a esse corpo 
(HESPANHA, 2001). Essa mudança de perspectiva do ponto de vista político 
também influenciou as compreensões sobre a economia, pois a maior fonte de 
riqueza para Portugal era proveniente da renda das conquistas ultramarinas, 
e não do comércio de produtos manufaturados.
O ouro proveniente da América portuguesa, somado ao comércio de afri-
canos escravizados, teria sido o responsável, nos séculos seguintes, pela 
opulência da monarquia lusitana, que, nesse aspecto, viria a se assemelhar às 
demais monarquias absolutas europeias, mas ainda com grandes diferenças, 
como na aliança entre o Estado e a Igreja:
Ao pensar em Portugal no Antigo Regime, talvez a primeira imagem que 
nos surja seja a de D. João V, cercado por belos palácios, igrejas e conventos 
ricamente adornados. O universo de fausto no qual viveu “o Magnânimo” de 
Portugal foi reflexo da entrada aparentemente infindável de ouro brasileiro. 
Ao mesmo tempo em que Portugal ganhava uma vida de corte que, grosso 
modo, podemos aproximar dos hábitos da corte francesa, eram também re-
forçados os laços entre o Estado e a Igreja. A ligação do monarca com o setor 
religioso legou a Portugal a imagem de atraso — especialmente no que diz 
respeito ao pensamento — quando comparado aos seus vizinhos europeus 
(CONTI, 2018, p. 405).
Quanto ao aspecto econômico, importantes modificações na passagem da 
Idade Média para a Idade Moderna estabeleceram a economia do Antigo Re-
gime português. O incremento das atividades comerciais, somado às mudanças 
nas relações de produção e de trabalho, configuraram as práticas econômicas 
mercantilistas. A busca por novos mercados incentivou a expansão comercial 
e marítima europeia.
Em relação à sociedade, o desenvolvimento do comércio foi acompanhado 
pelo surgimento e fortalecimento da burguesia, que passou a ganhar impor-
tância social, gerando conflitos com a nobreza, frente a seus privilégios, e aos 
camponeses, devido à exploração.
Já quanto à cultura e à religião, o Antigo Regime se caracterizou por uma 
paulatina transformação nas mentalidades, incutindo valores renascentistas 
e iluministas, que transformaram a ciência, a filosofia e a superstição. Não 
esqueçamos das transformações ocorridas na Europa em função dos contatos 
estabelecidos com outras culturas e outros povos, em função das rotas co-
merciais marítimas e terrestres. Nesses contatos, houve muitos intercâmbios 
3Antigo Regime português
de conhecimentos e ideias. Assim, o Renascimento e o Iluminismo não são 
movimentos unicamente europeus, pois foram enriquecidos pela interação 
dos europeus com outros povos.
Mas, afinal, de que forma Portugal se insere nesse contexto? Aprofunda-
remos a formação do Estado nacional português e suas características nas 
Unidades de Aprendizagem seguintes, cabendo, neste capítulo, apenas uma 
introdução sobre o tema.
A lógica do Antigo Regime português, que será transferido posteriormente 
como forma de administração do restante do Império ultramarino — as 
colônias portuguesas africanas, americanas e asiáticas eram concebidas 
como partes do Império Português —, era a seguinte, de acordo com Navarro 
(2019, p. 235):
Trata-se de um sistema corporativo, em que cada membro do corpo social 
tem sua função. Nesse contexto, a monarquia ocuparia o lugar da cabeça, 
tendo funções mais dominantes, mas não sendo capaz de concentrar todo 
o poder ou de por fim aos os demais membros ou polos de poder. A função 
da monarquia seria a de trazer harmonia ao corpo social, respeitando suas 
inclinações naturais e exercendo a justiça. Assim sendo, há uma aproxi-
mação evidente do poder com o direito [...]. Juntamente com o poder real 
da monarquia, havia uma variedade de poderes locais que também eram 
exercidos. A mesma lógica vale para o direito do período, em que também 
havia mais de uma fonte de normatividade. Além do direito comum, o 
direito local e costumeiro era sempre privilegiado, visando a resolução de 
problemas de forma casuística.
Como afirmado anteriormente, e corroborado por Maria Fernanda Bicalho 
(2005), do ponto de vista político, o Antigo Regime português se caracterizaria 
por uma série de instituições e práticas norteadas por um ideário de conquistas, 
pelo sistema de mercês e por poderes municipais descentralizados. Ainda de 
acordo com a autora, o que vigia então na Península Ibérica era:
[...] uma visão corporativa da sociedade, difundida pelo paradigma ju-
risdicionalista dos séculos XVI e XVII, apontando para uma concepção 
limitada do poder régio, segundo a qual o monarca representava simbo-
licamente o corpo social e político, mantendo seu equilíbrio e harmonia, 
zelando pela religião, preservando a paz e a ordem, garantindo, sobretudo, 
a justiça. O atributo mais importante da realeza, a justiça, correspondia 
ao princípio de “dar a cada um o que é seu”, repartindo prêmio e castigo, 
respeitando direitos e privilégios, cumprindo contratos estabelecidos 
(BICALHO, 2005, p. 22). 
Antigo Regime português4
Essa abordagem, que se coaduna com as investigações mais recentes sobre 
o Antigo Regime em Portugal, nos ajudam a desconstruir certas representações 
sobre o Estado absolutista e generalizações que são feitas a partir de algumas 
experiências para toda a realidade europeia da modernidade.
2 A economia portuguesa
Nos últimos anos, houve signifi cativas mudanças na forma de compreender 
a economia de Portugal durante o Antigo Regime, principalmente no que diz 
respeito às práticas coloniais. Para tanto, foi necessário que os autores passassem a 
encarar Portugal e suas colônias como partes constitutivas de um mesmo espaço, o 
Império Luso ou Português, organizado segundo uma monarquia pluricontinental. 
Assim, foi possível extrapolar a compreensão da América Portuguesa como uma 
colônia que exportava matérias-primas e importava produtos manufaturados, na 
lógica do pacto colonial mercantilista, e problematizar a noção de capitalismo 
comercial e de Estado absolutista para Portugal (FRAGOSO, 2012).
Vejamos algumas teses, vinculadas a uma historiografia marxista ortodoxa, 
para a economia portuguesa durante a modernidade. Nessa concepção, Portugal 
se encontraria em um estágio econômico chamado de capitalismo comercial 
ou mercantilismo, que seriam os conjuntos de práticas econômicas adotadas 
pelas monarquias absolutistas durante a Idade Moderna, em que o comércio 
e a possessão de metais preciosos (metalismo) eram considerados as fontes 
de geração de riquezas para os Estados europeus.
De acordo com Magalhães (1964, p. 66):
[...] foram os descobrimentos marítimos de portugueses e espanhóis que, provocando 
uma transformação profunda nas condições dos países ibéricos, fizeram surgir dos 
espíritos a ideia da supremacia da riqueza monetária, sobretudo a partir do século 
XVI. A constituição do vasto império português, absorvido em 1580 no ainda mais 
vasto império espanhol de Filipe II, e o espetáculo de grandeza e opulência nunca 
vistas que este último ofereceu à Europa, em conjunção com o considerável afluxo 
de metais preciosos provindos do continente americano, foram os fatores determi-
nantes da convicção de que a riqueza das nações estava diretamente relacionada 
com as suas reservas de metais preciosos, o seu estoque monetário.
O Estado interviria na economia mediante a cobrança de impostos, de prá-
ticas protecionistas, do controle da balança comercial e do estabelecimento de 
monopólios. Além disso, o mercantilismo seria indissociável do colonialismo. 
5Antigo Regime português
João Fragoso (2012) afirma que Caio Prado Júnior, Celso Furtado e Fernando 
Novais são representantes dessaabordagem, defendendo “que a sociedade da 
América lusa dos séculos XVII e XVIII fora construída com o propósito de 
fomentar a transição do feudalismo para o capitalismo na Europa, ou ainda 
com o intuito de viabilizar a revolução industrial inglesa do século XIX” 
(FRAGOSO, 2012, p. 107).
Para essa vertente historiográfica, a América estaria em uma posição de 
subordinação em relação a Portugal com a três finalidades (FRAGOSO, 2012):
  produzir mercadorias a baixo custo, o que permitiria revendê-las a 
lucros fabulosos para o capital mercantil europeu; 
  gerar um mercado americano ávido por produtos manufaturados, de 
modo a fomentar a produção industrial europeia; 
  atrair mão-de-obra africana e com isto ampliar o comércio de homens 
e mulheres no Atlântico Sul, atividade controlada pelos negreiros 
europeus.
Ainda de acordo com Fragoso (2012, p. 107):
O resultado destas vontades do capitalismo comercial europeu seria a cons-
tituição, na América lusa da passagem do século XVI para o XVII, grosso 
modo, de um grande canavial gerenciado por senhores de engenhos, porém 
dirigidos por um “capital não residente” (ou seja, vinculado à metrópole). 
Assim, a economia colonial não tinha dinâmica própria, e seu destino de-
pendia dos humores do mercado europeu. Outra consequência seria a ine-
xistência de um mercado interno ou ainda de produções mercantis in loco 
voltadas para o abastecimento da América. Estas atividades não podiam 
existir, pois colocariam em perigo o sentido da colonização. Quando tais 
lavouras de abastecimento ou currais surgiam, isto se dava em razão dos 
interesses das atividades exportadoras. E, consequentemente, as produções 
mercantis ligadas ao consumo interno estavam também subordinadas à 
lógica das flutuações do sistema econômico maior ao qual pertencia aquele 
imenso canavial.
Contudo, a partir do desenvolvimento nas décadas de 1970, 1980 e 1990 
de pesquisas com a utilização de fontes primárias do período da América 
Portuguesa, descobriu-se outra realidade, que contrastava com o esquematismo 
e a generalização característicos dessa abordagem ortodoxa. Essas novas 
interpretações questionaram as análises desenvolvidas sobre a relação entre 
a metrópole e a colônia, sobre o tráfico e a escravidão e sobre o mercado 
interno, problematizando a suposta “dependência” da América Portuguesa em 
Antigo Regime português6
relação à Portugal e sua função como mera exportadora de matérias-primas 
(FRAGOSO, 2012). Além disso, esses autores chamaram a atenção para o 
possível anacronismo em compreender a economia do período colonial com 
pressupostos do século XIX, quando o Brasil já era um império.
Assim, torna-se importante compreender de que forma o mercantilismo 
se materializou nas práticas econômicas do Império Português. Dessa forma, 
podemos elencar a legislação de proibição de exportação de metais preciosos, a 
publicação de doutrinas coibindo o luxo e a importação de produtos caros (em 
ambos os casos, explicita-se o controle da balança comercial), o fomento de 
manufaturas nacionais e a criação de companhias para o comércio ultramarino 
(MAGALHÃES, 1964, p. 77).
Além disso, é fundamental destacar que a economia de Portugal durante 
o Antigo Regime era totalmente vinculada ao império ultramarino, seja no 
comércio marítimo ou no incremento do mercado interno dele consequente. 
Segundo Monteiro (2010, p. 254), “em 1506 e em 1518–1519, as receitas do 
ouro da Mina, das especiarias asiáticas, do pau-brasil e das ilhas do Atlântico, 
entre outras, representavam cerca de dois terços das receitas régias, superando 
em muito as rendas fornecidas pelo próprio reino”.
No vídeo disponível no link a seguir, o professor Ricardo Ramos Rugai aprofunda as 
relações entre o mercantilismo e o colonialismo portugueses.
https://qrgo.page.link/EbPTB
Ainda assim, isso não significa que, na prática, o Império Português tenha 
conseguido seguir os preceitos da política econômica mercantilista. Em termos 
dos problemas relativos aos monopólios, por exemplo, Ronaldo Vainfas (2000) 
comenta que a exclusividade mercantil nunca foi rigorosamente aplicada. 
Medidas como a de D. Sebastião, em 1571, determinando que apenas navios 
portugueses poderiam comerciar com o Brasil não funcionaram na prática, 
tendo em vista a frequência com que os navios holandeses aportavam no 
Nordeste, região que distribuía boa parte do açúcar luso-brasileiro na Europa. 
“Durante a União Ibérica, estabeleceu-se um sistema de frota única, prove-
niente de Portugal, mantido após a Restauração em 1640. Muitos mercadores 
7Antigo Regime português
se queixaram pela perda de negócios, mas essa estratégia foi mantida até a 
abertura dos portos no Brasil em 1808” (VAINFAS, 2000, p. 392).
Acredita-se que somente durante o reinado de D. José I (1750–1777), com 
a administração do Marquês de Pombal, é que Portugal teria realizado um 
esforço para o desenvolvimento da metrópole com base no modelo mercan-
tilista, promovido pela reestruturação da economia do império ultramarino, 
principalmente com o fortalecimento das companhias comerciais portuguesas. 
O monarca antecessor, D. João V (1706-1750), havia implementado diversos 
mecanismos para garantir o monopólio português em relação às minas de 
ouro e diamantes, durante o auge do ciclo de ouro. Porém, ainda segundo 
Vainfas (2000, p. 393):
[...] foram vários, sempre, os obstáculos à adoção de uma política rigorosamente 
mercantilista em Portugal, antes de tudo pelo arcaísmo de sua estrutura social e 
institucional, agrária e patrimonialista. Exemplifica-o o fracasso das companhias 
de comércio pombalinas, que restringiam o monopólio a um estreito círculo de 
acionistas. Isso contrariava o estilo monopolista português que concedia, no 
comércio colonial, a “liberdade total” aos portos lusitanos, mas funcionava à 
base de arrematação de estancos e direitos fiscais por contratadores particulares, 
mecanismo no qual intervinham clientelas e relações pessoais.
3 A sociedade portuguesa
Durante a Idade Moderna, confi gurou-se em Portugal uma forma de organi-
zação social chamada por alguns autores de corporativa. Em outras palavras, 
criava-se uma cadeia de obrigações recíprocas entre o rei e seus súditos, que 
lhe prestavam serviços e, em troca deles, exigiam “mercês”, como explicado 
anteriormente, o que gerava engrandecimento e atribuição de status, honra e 
posição mais elevada na hierarquia social ao súdito, que retribuía ao monarca 
com agradecimento e profundo reconhecimento (BICALHO, 2005). Eis aí 
uma das marcas do feudalismo ainda existentes na modernidade: uma relação 
baseada na submissão e na lealdade, como a vassalagem medieval, além da 
obediência:
Na verdade, aquela disciplina social católica, na época moderna, conferia 
certa uniformidade à monarquia pluricontinental. E aqui não custa insistir 
na ideia de obediência, pois ela era capaz de exercer o papel dos mecanismos 
de controle visíveis de um Estado absolutista. Aquela disciplina possibilita-
va que a subordinação às autoridades e, especialmente a Sua Majestade, se 
confundisse com o amor a Deus (FRAGOSO, 2012, p. 121).
Antigo Regime português8
Falaremos da mobilidade social mais adiante, mas cabe já destacar que 
uma das poucas possibilidades de mobilidade socialmente reconhecidas no 
Antigo Regime era a graça régia, as benesses recebidas do monarca em razão 
do desempenho de uma função. O enriquecimento, por exemplo, não era visto 
com bons olhos, e não era forma legitimada socialmente de ascensão social, 
em razão das crenças católicas predominantes, que condenavam o lucro e a 
usura (HESPANHA, 2006).
Além dessas características da sociedade portuguesa, é importante destacar 
que tanto a monarquia quanto a aristocracia eram dependentes economica-
mente das possessões portuguesas e riquezas ultramarinas. De acordo com 
Fragoso (2012, p. 118), o rei e a nobreza “viviam de recursos oriundos não 
tanto dos camponeses europeus (agricultura e cobrança de impostos), como 
em outras partesdo Velho Mundo, mas do ultramar”. Ou seja, viviam sobre-
tudo da produção dos indígenas e depois dos escravos africanos levados às 
plantações americanas. A monarquia e a nobreza tinham, então, “na periferia 
a sua centralidade e o seu sustento, e isto era feito pelo comércio, tendo por 
base produtiva a partir do século XVII principalmente a escravidão africana 
na América.” Em outras palavras, o desenvolvimento de Portugal se deveu 
ao tráfico, a fonte principal de seu sustento.
De acordo com Raminelli (2013), a sociedade portuguesa estava ca-
racterizada por estamentos, organizados da seguinte forma: o primeiro 
estrato social era formado por fidalgos e nobres, que haviam recebido esse 
título; um segundo estrato era composto por juízes, vereadores, oficiais de 
tropas pagas, milícias e ordenanças, licenciados e negociantes de grosso 
trato (como eram chamados os traficantes de escravizados). Essa nobreza 
podia ser hereditária, originando os fidalgos, ou então civil e/ou política, 
formada por indivíduos tornados nobres pelo soberano em função de mé-
ritos ou serviços prestados. A primeira era considerada a “alta nobreza” e 
a segunda, a “baixa nobreza”.
Como se relacionava essa nobreza com as hierarquias que se formavam nas colônias? 
Alguns autores propuseram o conceito de “nobreza da terra” para se referir àqueles que 
conquistavam títulos de nobreza, mas eram nascidos na América portuguesa. Esses 
autores também se dedicaram a estudar os conflitos existentes entre as nobrezas da 
colônia e da metrópole (MACHADO, 2017).
9Antigo Regime português
Nesse sentido, Portugal se assemelhava às demais monarquias da Europa, 
de acordo com a análise de Raminelli (2013, p. 89):
Desde a Restauração portuguesa, sobretudo no século XVIII, a Coroa pro-
moveu a atrofia da alta nobreza, ao mesmo tempo em que distribuía mercês e 
ampliava a baixa nobreza. Assim, a monarquia preservou por muito tempo os 
privilégios dos titulados e grandes e impossibilitou a introdução de plebeus 
no cume da pirâmide social. Para manter a estrutura hierárquica, a doutrina 
jurídica lusa criou o “estado do meio” ou a “nobreza política”, categoria 
equidistante entre a fidalguia e o povo mecânico. No reino português, a alta 
nobreza era fechada, como na Inglaterra, enquanto a baixa nobreza aumentava 
ao sabor das mercês e alianças tramadas pela monarquia.
Podemos afirmar que essa era uma semelhança de Portugal com os demais 
Estados modernos: a sociedade estamental e a vigência de privilégios, além 
da dificuldade de mobilidade social para as classes menos abastadas.
Quais estratos sociais podiam adquirir títulos de nobreza política em função das 
mercês? De acordo com Hespanha (2006, p. 136), a nobreza obtida pela prestação de 
serviços ao monarca, “nas terras em que fosse costume reservar este lugar a nobres”, 
poderia ser adquirida:
  pela ciência (doutores, licenciados, mestres de artes, bacharéis;
  pela milícia armada (cavaleiros de ordens militares, oficiais militares);
  pela milícia inerme;
  pelo exercício de certos ofícios — governos de armas das províncias, presidentes 
dos tribunais de justiça da corte; conselheiros régios; chanceler-mor; juízes das 
chancelarias e audiências; corregedores; provedores; juízes régios; juízes ordinários, 
vereadores, almotacés e alguazis, procuradores dos concelhos, meirinhos e alcaides. 
Isso demonstra como a nobreza política foi crescendo exponencialmente, gerando maiores 
custos para a monarquia e, no futuro, problemas do ponto de vista do confronto de poderes.
A esse respeito, Hespanha (2006, p. 122) é taxativo quanto à mobilidade 
social da sociedade portuguesa:
Alguma mobilidade começava, desde logo, por ser impossível. Não se podia 
deixar de ser mulher, por exemplo. Demente era também um estado tendencial-
mente definitivo. Menor, deixava-se naturalmente de se ser, mas pela passagem 
Antigo Regime português10
objetiva e natural do tempo, a menos que interviesse algo de extraordinário, 
como a graça real da emancipação. Selvagens e rústicos podiam, relativamente, 
aperfeiçoar-se. Mas os progressos eram problemáticos e lentos, ligados a um êxito 
educativo mais longo e mais incerto do que o das crianças. Menos definitivo 
era o estado de mecânico ou de pobre. Mas, mesmo nestes casos, a mudança 
tinha que respeitar ritmos e passos que não dependiam senão em muito pouco 
da vontade própria. Não quero com isto dizer que a situação (econômica, so-
cial, cultural) das pessoas não mudasse, para melhor ou para pior. Quero antes 
sugerir que isto: a) quase não se via; b) pouco se esperava; c) e mal se desejava.
O que se tinha, então, era uma sociedade fundada nos privilégios de nasci-
mento ou na conquista de títulos de nobreza mediante o sistema de mercês e na 
preeminência do clero, para além da força da Igreja Católica, da Inquisição e da 
intolerância religiosa (VILLALTA, 2016). A Inquisição, nesse sentido, pode nos 
ensinar muito sobre a sociedade portuguesa do Antigo Regime. Conforme Schaub 
(2000, p. 125), a inquisição era “produtora de distinção social e garantidora de 
pureza de sangue de seus oficiais e confidentes” e, portanto, era 
[...] legitimada por famílias que desejavam adquirir uma dignidade social 
definitiva. [...] Em vez do Santo Ofício aparecer como o tribunal onde o con-
junto da sociedade acorre a prestar contas, [...] a inquisição era uma instituição 
imersa numa complexa dinâmica social e cultural, definida e configurada 
pelas pretensões daqueles que a integram em benefício próprio. 
Assim, a missão dos inquisidores era não somente disciplinar a sociedade, 
mas também marcar distâncias entre os grupos sociais e fortalecer as relações 
de dominação.
BICALHO, M. F. B. Conquista, mercês e poder local: a nobreza da terra na américa 
portuguesa e a cultura política do Antigo Regime. Almanack Braziliense, n. 2, p. 21–34, 
nov. 2005.
CONTI, P. F. S. A ilustração tardia em Portugal e os espaços de sociabilidade intelectual 
em Pernambuco. Revista Tempos Históricos, v. 22, n. 2, p. 402–432, 2018.
FRAGOSO, J. Modelos explicativos da chamada economia colonial e a ideia de Monar-
quia Pluricontinental: notas de um ensaio. História (São Paulo), v. 31, n. 2, p. 106–145, 
jul./dez. 2012.
11Antigo Regime português
HESPANHA, A. M. A constituição do Império português. Revisão de alguns enviesamen-
tos correntes. In: FRAGOSO, J.; BICALHO, M. F.; GOUVÊA, M. F. (Org.). O Antigo Regime nos 
trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI–XVIII). Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 2001. p. 163–188.
HESPANHA, A. M. A mobilidade social na sociedade de Antigo Regime. Tempo, Niterói, v. 
11, n. 21, p. 121–143, jun. 2006.
MACHADO, E. H. O ideal nobiliárquico e a busca por distinção social no antigo regime 
português: em busca de uma definição para o conceito de nobreza da terra. AEDOS, 
Porto Alegre, v. 9, n. 21, p. 435–455, dez. 2017.
MAGALHÃES, J. C. História do pensamento económico em Portugal. Boletim de Ciências 
Econômicas, Coimbra, v. VIII, p. 61– 203, 1964.
MONTEIRO, N. G. Idade Moderna (séculos XV-XVIII). In: RAMOS, R. (Coord.). História de 
Portugal. Lisboa: A esfera dos Livros, 2010.
NAVARRO, L. S. Notas sobre a organização institucional do império português: o Antigo 
Regime europeu e os conselhos camarários. Passagens: Revista Internacional de História 
Política e Cultura Jurídica, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, p. 223–237, maio/ago. 2019.
RAMINELLI, R. Nobreza e riqueza no Antigo Regime ibérico setecentista. Revista de 
História, São Paulo, n. 169, p. 83–110, jul./dez. 2013.
SCHAUB, J. F. Novas aproximações ao Antigo Regime português. Penélope: Revista de 
História e Ciências Sociais, n. 22, p. 119–140, 2000.
VAINFAS, R. Dicionário do Brasil colonial: 1500–1808. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
VILLALTA, L. C. O Brasil e a crise do Antigo Regime português (1788–1822). Rio de Janeiro: 
FGV, 2016.
Leituras recomendadas
BICALHO, M. F. B.; FERLINI, V. L. A. (Org.). Modos de governar: ideias e práticas políticas 
no ImpérioPortuguês - séculos XVI a XIX. São Paulo: Alameda, 2005. p. 91–105.
BOXER, C. R. O Império Marítimo Português (1415/1825). São Paulo: Companhia das 
Letras, 2002.
HESPANHA, A. M. Às vésperas do Leviathan: instituições e poder político — Portugal — 
séc. XVII. São Paulo: Almedina, 1994.
HESPANHA, A. M. Cultura jurídica europeia: síntese de um milênio. Coimbra: Almedina, 2012.
HESPANHA, A. M. (Org.). Poder e instituições na Europa do Antigo Regime: coletânea de 
textos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984.
PEREIRA, L. F. L. O império português: a centralidade do concelho e da cidade, espaço 
da cultura jurídica. In: FONSECA, R. M. (Org.). As formas do direito: ordem, razão e decisão 
(experiências jurídicas antes e depois da modernidade). Curitiba: Juruá, 2013. p. 577–632.
Antigo Regime português12
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sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
13Antigo Regime português
DICA DO PROFESSOR
A historiografia contemporânea tem estado mais atenta para recortes interseccionais, 
privilegiando abordagens que ressaltem as especificidades de certos fenômenos de acordo com a 
classe, a raça e o gênero. Nesse sentido, a história das mulheres e das relações de gênero tem 
demonstrado nuanças em temas consagrados na historiografia quando se deixa de considerar "o 
homem" como o sujeito universal.
Nesse sentido, qual o papel das mulheres na sociedade de Antigo Regime português? Que fontes 
podem ser utilizadas para a escrita dessa história?
Veja, na Dica do Professor, algumas possibilidades da abordagem da história das mulheres e das 
relações de gênero em relação à sociedade portuguesa de Antigo Regime.
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EXERCÍCIOS
1) O colonialismo se insere no quadro mais amplo das transformações ocorridas na 
Europa Ocidental durante o período que foi chamado de Idade Moderna. 
Compreender as relações estabelecidas entre os Estados Modernos europeus e suas 
colônias é fundamental para entender a modernidade. Assinale a alternativa que 
apresenta as mudanças ocorridas na Europa durante a Época Moderna:
A) Descentralização do poder político, práticas econômicas feudais, mentalidade 
individualista e racionalista.
B) Descentralização do poder político, práticas econômicas mercantilistas, mentalidade 
individualista e racionalista.
C) Centralização do poder político, práticas econômicas feudais, mentalidade individualista e 
racionalista.
D) Centralização do poder político, práticas econômicas mercantilistas, mentalidade 
individualista e racionalista.
E) Centralização do poder político, práticas econômicas mercantilistas, mentalidade 
coletivista e sagrada.
2) O semiólogo argentino Walter Mignolo é um dos principais representantes do 
pensamento decolonial latino-americano e membro fundador do Grupo 
Modernidade/Colonialidade, responsável por ressignificar as análises sobre o período 
colonial da América e a Modernidade europeia. Em uma de suas principais obras, 
Mignolo afirma:
“O que de fato me interessa é a emergência do circuito comercial do Atlântico, no 
século XVI, que considero fundamental na história do capitalismo e da 
modernidade/colonialidade. Tampouco me interessa discutir se houve ou não 
comércio antes da emergência do circuito comercial do Atlântico, antes do século 
XVI, e sim o impacto que esse momento teve na formação do mundo 
moderno/colonial no qual se está vivendo e de cujas transformações planetárias 
somos testemunhas”.
Sobre o texto de Mignolo, são feitas as seguintes afirmações:
I – O excerto corrobora a tese de que o colonialismo foi indispensável para o 
desenvolvimento dos Estados Modernos e da ideia de modernidade europeia.
II – O trecho revela que a economia desenvolvida no Atlântico não significou 
alterações significativas nas monarquias europeias, apenas nos novos territórios 
descobertos.
III – A expansão marítima teria significado não somente incrementos econômicos, 
mas transformações nos âmbitos culturais e sociais da América e da Europa, em uma 
influência recíproca.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas I e II.
D) Apenas I e III.
E) Apenas II e III.
A economia do Antigo Regime português está diretamente relacionada às práticas 
coloniais e mercantilistas desenvolvidas na relação metrópole-colônia entre Portugal 
e suas possessões na África, na América e na Ásia. Sobre a América Portuguesa, Caio 
Prado Júnior, em Formação do Brasil contemporâneo, assim se expressou sobre o 
“sentido da colonização” no Brasil:
“Se vamos à essência de nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos 
para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros [...] e em seguida café, para o 
comércio europeu [...]. Foi com tal objetivo, objetivo exterior, voltado para fora do 
País e sem atenção a considerações que não fossem do interesse daquele comércio, 
que se organizaram a sociedade e a economia brasileiras. Tudo se disporá naquele 
sentido: a estrutura, bem como as atividades do País”.
Em relação à historiografia sobre a economia do Antigo Regime português e ao 
trecho citado, são feitas as seguintes afirmações. Assinale V para as verdadeiras e F 
para as falsas.
( ) Caio Prado Júnior seria representante de uma historiografia marxista ortodoxa, 
que estabelecia uma relação de dependência e subordinação da colônia perante a 
metrópole.
( ) Como contraponto à tese de Caio Prado Júnior, uma historiografia mais 
contemporânea tem demonstrado que a economia da América Portuguesa tinha 
mercado interno, relativamente autônomo à lógica colonial.
( ) Caio Prado Júnior apresenta as únicas funções que as colônias tinham para as 
metrópoles europeias: exportar matérias-primas e importar produtos 
manufaturados.
3) 
( ) O autor despreza a extração de metais preciosos como parte da economia colonial 
porque a prata e o ouro não despertavam o interesse das metrópoles europeias.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
A) V – V – F – F.
B) V – F – V – F.
C) V – F – F – V.
D) F – V – F – V.
E) F – V – V – F.
4) O Império Português foi um dos mais extensos da Idade Moderna. Além de Portugal, 
as possessões imperiais ultramarinas incluíam colônias na África, na América e na 
Ásia, comercializando especiarias, produtos agrários e seres humanos. A colonização, 
em suas dimensões econômicas e sociais, somente foi possível a partir de um 
complexo sistema conhecido como “sistema de mercês”. Sobre esse sistema, são 
apresentadas as seguintes características:
I – Concessão de benefícios pelo rei, como terras e títulos, em troca de benfeitorias ao 
Estado pelos indivíduos.
II – Forma de ascensão social aberta aos camponeses e aos indivíduos empobrecidos.
III – Contrato estabelecido entre o Estado e os súditos para garantir a liberdade 
econômica.
IV – Correlata à descentralização do poder, já que muitos cargos administrativos 
eram concedidos via mercês.
Quais apresentam características do “sistema de mercês”?
A) I e IV.
B) I e II.
C) II e III.
D) II e IV.
E) III e IV.
5) Se o Império Português se diferencia em relação às práticas econômicas e políticas 
dos demais Estados Modernos europeus, em relação à sociedade portuguesa do 
Antigo Regime ele apresenta muitas semelhanças. Assinale a alternativa que 
apresenta a principal semelhança entre a sociedade do Antigo Regime portuguesa e 
as demais monarquias europeias ocidentais:
A) A principal semelhança entre a sociedade do Antigo Regime portuguesa e as demais 
monarquias europeias ocidentais era a inexistência de hierarquia social, possibilitando a 
todos os indivíduosascenderem socialmente por meio do sistema de mercês.
B) A principal semelhança entre a sociedade do Antigo Regime portuguesa e as demais 
monarquias europeias ocidentais era a sociedade de classes, que refletia a divisão e a 
especialização das atividades produtivas e das relações de trabalho.
C) A principal semelhança entre a sociedade do Antigo Regime portuguesa e as demais 
monarquias europeias ocidentais era a hierarquização dos estamentos, que refletia uma 
compreensão hierárquica do sagrado, da ordem natural e, portanto, da ordem social.
D) A principal semelhança entre a sociedade do Antigo Regime portuguesa e as demais 
monarquias europeias ocidentais era a tolerância religiosa, que permitiu o convívio 
pacífico dos praticantes dos mais diferentes credos religiosos e práticas sobrenaturais.
E) A principal semelhança entre a sociedade do Antigo Regime portuguesa e as demais 
monarquias europeias ocidentais era a hierarquização dos gêneros, a partir da ênfase nas 
diferenças naturais e sociais entre homens e mulheres.
NA PRÁTICA
A literatura, durante o período colonial, nos ajudava a compreender uma série de características 
da sociedade da América Portuguesa e sua relação com a sede do Império, Portugal. Assim foi 
com os sonetos de Gregório de Matos, que explicitam a crise econômica, mas também moral e 
social, que ele, como um nobre, vislumbrava na Bahia. 
Na Prática, veja como uma atividade com um soneto de Gregório de Matos pode contribuir para 
a aprendizagem histórica e para o conhecimento da literatura e da música brasileiras.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
O ideal nobiliárquico e a busca por distinção social no Antigo Regime português: em busca 
de uma definição para o conceito de nobreza da terra
Leia, neste artigo, como se organizava a sociedade portuguesa no Antigo Regime, bem como as 
relações estabelecidas com a hierarquia social que se formava nos territórios coloniais.
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Governos do ultramar ibérico: algumas comparações entre o Estado do Brasil e o Vice-
Reino da Nova Espanha
Leia e aprenda mais sobre os antigos regimes espanhol e português por meio deste artigo, que 
faz uma análise comparativa da organização política da Espanha e de Portugal na Europa e em 
suas possessões coloniais.
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As metamorfoses do Império e os problemas da monarquia portuguesa na primeira 
metade do século XVIII
Veja, neste artigo, a importância de não considerar o Antigo Regime português como um bloco 
monolítico secular que não sofre alterações ao longo do tempo. O autor demonstra como a 
noção de Império vai mudando ao longo do tempo e, consequentemente, alterando a 
administração do Império Português.
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Os conceitos de povo e plebe no mundo luso-brasileiro setecentista
Veja que os conceitos mudam de significado ao longo do tempo, incorporando nas 
transformações semânticas as mudanças que ocorrem nos âmbitos econômicos e sociais. Que tal 
aprender um pouco mais sobre os conceitos de "povo" e "plebe" no Antigo Regime português? 
Leia mais neste artigo.
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