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DEFINIÇÃO Um fármaco pode ser “inclinado para a mania” e “tratar de cima para baixo” para reduzir os sintomas de mania e/ou “estabilizar de cima para baixo” para impedir a recidiva e a recaída da mania. Também podem ser “inclinados para a depressão” e “tratar de baixo para cima” para reduzir os sintomas da depressão bipolar e/ou “estabilizar de baixo para cima” para impedir a recidiva e a recaída da depressão. Nem todos os fármacos que comprovadamente atuam no transtorno bipolar exercem todas as quatro ações terapêuticas. Diferentes agentes podem ser eficazes para fases distintas do transtorno bipolar. Conforme ilustrado, alguns agentes parecem ser “inclinados para a mania” e, portanto, capazes de “tratar de cima para baixo” e/ou “estabilizar de cima para baixo” – em outras palavras, reduzir e/ou prevenir os sintomas da mania. Diferentes fármacos podem ser eficazes para fases distintas do transtorno bipolar. Conforme ilustrado aqui, alguns agentes parecem estar “relacionados com a depressão” e, portanto, ser capazes de “tratar de baixo para cima” e/ou “estabilizar de baixo para cima” – em outras palavras, reduzir e/ou prevenir os sintomas da depressão bipolar. O tratamento farmacológico do transtorno bipolar possui várias classes envolvidas atuando em sintomas diferentes. TRANSTORNO BIPOLAR: episódios depressivos (sintomas de tristeza e baixa energia durando mais que 2 semanas), intercalando com episódios de mania que são sintomas de mania durando mais que 1 semana e ou episódios de hipomania (sintomas de euforia de baixa intensidade com duração maior que 4 dias). LÍTIO O Lítio é o principal e mais importante estabilizador do humor. MECANISMO DE AÇÃO: ainda não está estabelecido com certeza. Há 3 hipóteses: 1. Inibição da enzima Inositol monofosfatase. Ele é responsável pelo bloqueio do sistema de segundo mensageiro fosfatidil Inositol. 2. Modulação das proteínas G. 3. Mais importante. Inibição do glicogênio sintase quinase ou GSK-3 e da proteinoquinase C ou pq-C causando a regulação da expressão gênica de fatores de crescimento e de proteção neuronal. O lítio pode atuar ao afetar a transdução de sinais, talvez por meio da inibição de enzimas que são segundos mensageiros, como a inositol monofosfatase (à direita), da modulação das proteínas G (no meio) ou da interação em diversos locais em cascatas de transdução de sinais corrente abaixo (à esquerda). INDICAÇÃO: principalmente na prevenção e redução de risco de suicídio, é considerado como 2ª linha de tratamento adjuntivo da depressão unipolar TDM. Já na depressão bipolar, é 1ª linha para mania depressão tanto na fase aguda quanto na fase de manutenção. Portanto, qualquer que seja o modo de atuação do lítio, ele demonstra ser efetivo nos episódios maníacos e na manutenção das remissões, particularmente dos episódios maníacos e talvez, em menor grau, dos episódios depressivos. O lítio está bem estabelecido na prevenção do suicídio em pacientes com transtornos do humor. É também usado para tratar episódios depressivos no transtorno bipolar, como agente potencializador de antidepressivos na depressão unipolar. O DECLÍNIO DO USO DO LÍTIO SE DEVE A: EFEITOS COLATERAIS: sintomas gastrintestinais, como dispepsia, náuseas, vômitos e diarreia, bem como ganho de peso, queda dos cabelos, acne, tremor, sedação, prejuízo da cognição e falta de coordenação motora. São também observados efeitos adversos a longo prazo sobre a tireoide e o rim DIFICULDADE DE SEGUIMENTO: necessidade de exames laboratoriais→ função renal (creatinina e ureia) devido ao risco de acidose tubular; função tireoidiana (TSH e T4 livre) pelo risco de hipotireoidismo. Verificar a litemia sérica. Uma concentração de 0,8 a 1,2 é preditor de boa resposta de tratamento. O Lítio atua sobre o fatores de crescimento, principalmente o BDNF, aumentando-o e conferindo proteção de plasticidade cerebral. A inibição da GSK-3 pelo lítio poderia inibir a fosforilação de proteínas tau (τ) e, assim, retardar a formação de placas e emaranhados na doença de Alzheimer. A inibição do GSK 3 levando a inibição da fosforilação das proteínas tau relacionadas a doença de Alzheimer, permanece controverso, promove o aumento da ação de neurotrofinas e, por fim, neuroproteção e plasticidade cerebral. ANTICONVULSIVANTES COMO ESTABILIZADORES DO HUMOR Com base em teorias segundo as quais a mania pode “ativar” outros episódios de mania, foi traçado um paralelo lógico com os distúrbios convulsivos. Isso porque as convulsões podem “ativar” mais convulsões. Por isso, são utilizados vários anticonvulsivantes no tratamento do transtorno bipolar – alguns com melhores evidências de eficácia do que outros ANTICONVULSIVANTES COM EFICÁCIA COMPROVADA NO TRANSTORNO BIPOLAR ÁCIDO VALPROICO / VALPROATO DE SÓDIO / VALPROATO Como ocorre com todos os anticonvulsivantes, o mecanismo exato de ação do ácido valproico permanece incerto. Há 3 hipóteses: 1. Inibição de canais de sódio sensíveis a voltagem VSSC. Se não houver ativação desses canais de sódio haverá menor liberação de glutamato e por isso menor excitação neuronal. 2. Potencialização do GABA aumentando sua liberação, diminuindo sua recaptação ou retardando sua inativação metabólica. 3. Regulação da transdução de sinais, aparentemente o mesmo mecanismo do lítio, inibindo GSK-3 e pq-C e ativando outrs sinais de neuroproteção como a ERK. Ele também é 1ª linha para tratamento de depressão e mania na fase de manutenção e aguda, possui resposta muito rápida para a mania, por isso, considerar na emergência. EFEITOS COLATERAIS: queda de cabelo, ganho de peso e sedação. Determinados efeitos colaterais podem estar relacionados mais com a cronicidade da exposição do que com a dose e, portanto, não podem ser evitados com a redução desta. Isso envolve sinais de efeitos hepáticos e pancreáticos, toxicidade fetal, como defeitos do tubo neural, preocupações acerca do ganho de peso, complicações metabólicas e algum risco de amenorreia e ovários policísticos em mulheres com potencial de concepção. Nessas mulheres, o tratamento com ácido valproico pode estar associado a uma síndrome de distúrbios menstruais, ovários policísticos, hiperandrogenismo, obesidade e resistência à insulina. *Fazer exames laboratoriais por possível alteração da função hepática. É possível avaliar na concentração do sangue, a valprotemia que não tem relação com a resposta clínica, é pedido para ver se está em níveis tóxicos CARBAMAZEPINA MECANISMO DE AÇÃO: bloqueio de canal de cálcio VSSC na subunidade alfa α no interior do canal, fechando-o para a passagem de sódio. É 2ª linha de tratamento para transtorno bipolar tanto para mania quanto para depressão. EFEITOS COLATERAIS: possíveis alterações hematológicas, hepáticas, sedação, indução do CYP3A4→ diminui a meia vida das substâncias que utilizam esse citocromo. LAMOTRIGINA Aprovada como estabilizador do humor para prevenção de recidiva tanto da mania quanto da depressão. 1ª linha de depressão aguda e manutenção, não recomendada para mania. Mecanismo de ação: relacionado a canais de sódio (bloqueio), mas não se sabe pq não serve para mania. EFEITOS COLATERAIS: rara reação dermatológica→ síndrome de Stevens Johnson (NET - necrólise epidérmica tóxica), potencialmente fatal. Começar com dose baixa e aumentar gradualmente. ANTICONVULSIVANTES COM EFICÁCIA INCERTA OU DUVIDOSA NO TRANSTORNO BIPOLAR OXCARBAZEPINA Profármaco metabolizado e convertido em um derivado 10-hidroxi ou mono-hidroxi→ licarbazepina MECANISMO DE AÇÃO: também age na subunidade alfa dos canais de sódio, mas com menos sedação e menosinteração com CYP3A4, mas nunca foi comprovado que a oxcarbazepina atue como estabilizador do humor. TOPIRAMATO Não é indicado para mania nem para depressão. O motivo pelo qual o topiramato pode não ter a eficácia consistente do valproato ou da carbamazepina na fase maníaca, nem da lamotrigina nas fases depressiva e de manutenção do transtorno bipolar, é que ele apresenta um mecanismo de ação diferente em comparação com todos esses fármacos. O sítio de ligação exato do topiramato não é conhecido, mas parece que ele potencializa a função do GABA e reduz a função do glutamato ao interferir em ambos os canais de sódio e de cálcio, porém de maneira diferente e em um sítio distinto dos anticonvulsivantes anteriormente discutidos. Só é utilizado para tratamento adjuntivo em casos de ganho de peso, pois ele diminui apetite e na presença de comorbidades como a dependência e substâncias psicoativas. GABAPENTINA E PREGABALINA Tais anticonvulsivantes parecem exercer pouca ou nenhuma ação como estabilizadores do humor. Contudo, são tratamentos consistentes para várias condições dolorosas, desde dor neuropática até fibromialgia, bem como em vários transtornos de ansiedade. São análogas do GABA, mas não fazem a mesma função e nem se conectam em receptores gabaergicos. São classificadas como ligantes α2δ, pois ambas se ligam seletivamente e com alta afinidade ao sítio α2δ dos canais de cálcio sensíveis à voltagem (VSCC), causando bloqueio e diminuição de liberação de glutamato, nas vias da dor e da ansiedade e impede a ocorrência de convulsões, mas não parece afetar o mecanismo envolvido no transtorno bipolar, já que os ensaios clínicos desses agentes no transtorno bipolar não revelaram estabilização do humor convincente. ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS Eficaz na manutenção do transtorno bipolar. Na mania, o agonismo parcial tanto de D2 quanto de 5HT1A, regulando de baixo para cima e de cima para baixo, reduzem a ativação glutamatergica e de neurônios piramidais. Depressão antagonismo de 5HT2A e ação sobre noradrenalina e dopamina. BENZODIAZEPÍNICOS Ajudam a amenizar sintomas residuais como agitação e insônia. Atentar com a dependência e interação medicamentosa. MODAFINILA Promotores de vigília, considerado nível 4 no tratamento adjuntivo da depressão.
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